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PRÁTICA DE PROCESSO PENAL – PROF. GUSTAVO – 4º ANO – 1º SEM / 2008 Aula de 14.02.2008 INQUÉRITO POLICIAL Quando ocorre um crime, surge ao Estado o direito de punir - jus puniendi. Todavia esse direito não é ilimitado. Ele tem que respeitar os princípios e as garantias fundamentais da pessoa. Exemplo disso é que o Estado para punir tem que o fazer por meio do devido processo penal. Esse direito é exercido em duas etapas: 1. Investigação preliminar – É o inquérito policial realizado na delegacia de polícia e presidido pelo delegado de polícia, podendo ser acompanhado pelo Ministério Público. Há exceções, como, por exemplo, no caso das CPI ou dos processos administrativos. (CPP, art 4º). Características do Inquérito Policial Investigativo – não há direito ao contraditório. Inquisitivo Escrito – até mesmo os depoimentos testemunhais têm ser transcritos para o processo. Sigiloso – Como regra, o investigado não sabe que está sendo investigado. O inquérito policial se inicia com a “notícia do crime” (CPP, art 5º). O Boletim de Ocorrência é o registro expresso da notícia do crime. Abertura - O inquérito policial pode ser aberto: De ofício , isto é, por iniciativa do próprio delegado. Por requisição do juiz ou do MP, todavia o delegado não está obrigado a atender a essa requisição. Por requerimento do próprio ofendido ou de seu representante legal. O auto de prisão em flagrante (CPP. 302) também possibilita a abertura. Término – O inquérito policial termina com o relatório, que contém tudo que aconteceu no inquérito. O relatório deve ser encerrado dentro dos seguintes prazos legais: Em 10 dias no caso de réu preso Em 30 dias (que pode ser prorrogado pelo juiz) no caso de réu solto. Arquivamento – O delegado não pode arquivar o inquérito policial. Quem pode fazê- lo é o Ministério Público, que solicita ao juiz o arquivamento. Valor probatório – O valor probatório do inquérito policial é relativo, pois algumas provas devem ser repetidas perante o juiz. Inclusive as declarações colhidas no inquérito devem ser confirmadas ao Juiz. Possíveis laudos técnicos elaborados durante o inquérito estes sim valem também na fase da justiça. 2. Fase processual Exercício: Requerimento do ofendido para abertura de inquérito policial Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia do .... Distrito Policial .... Concessionária Renovias S.A., empresa concessionária de serviços públicos, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob o número CNPJ ........ , com sede na cidade de Mogi Mirim, na rua Padre Roque, nº 78, representada pelo seu representante legal, senhor João José da Silva, brasileiro, casado, empresário, residente e domiciliado em São Paulo, na Avenida São João, nº 148, apartamento 413, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve, vem à ilustre presença de Vossa Senhoria para requerer a instalação de inquérito policial, com base no art 5º, II, última parte, do Código de Processo Penal, de Renata Barreiro, portadora do RG 123.456-7 e do CPF 001.002.005-18, residente e domiciliada na cidade de Mogi Mirim, na rua Aparecido Furtado, nº 6543, pelos seguintes motivos. 1. No dia 28 de fevereiro de 2007, por volta das 20 horas, a indiciada era responsável pela arrecadação do guichê 3, sendo que sua função, como funcionária da empresa vítima, era receber as tarifas devidas dos motoristas que trafegam pela rodovia e passam pela praça de pedágio, devendo entregar os valores arrecadados ao arrecadador, durante o seu turno de trabalho. 2. Acontece que, ao final de seu turno de trabalhos e, portanto também o final das arrecadações mencionadas a conferência entre o número de veículos que passaram pelo guichê mencionado e o valor total arrecadado constatou-se a falta de R$ 2.000,00 (dois mil reais), conforme mostram os documentos anexos. 3. Tal conduta se enquadra perfeitamente no tipo penal descrito no art 312 do Código Penal, qual seja o peculato. 4. Assim sendo, requer a Vossa Senhoria a instauração do competente inquérito policial com a finalidade de apurar o comportamento da funcionária Renata, que se enquadra no disposto nos artigos 312 e 327, ambos do Código Penal. 5. Arrolam-se, como testemunhas dos fatos apresentados, os senhores: I. Abel Sá, policial, residente e domiciliado em Mogi Guaçu, na rua Padre Roque, nº 28. II. Benedito Custódio Stroff, policial, residente e domiciliado na rua Arapongas, nº 13, em Sumaré (SP). Nestes termos, Pede deferimento Local e data ................................. 2 ________________________________ Advogado, OAB .... 21.02.2008 Prisão em Flagrante Art 301 a 310, do CPP. ⇒ Quem pode prender em flagrante? Qualquer pessoa do povo poderá prender em flagrante e as autoridades policiais e seus agentes deverão quem quer que seja encontrado em flagrante delito. (art 301, do CPP). ⇒ Espécies de flagrante em delito: Flagrante próprio – Art 302, I e II, do CPP: Considera-se em flagrante delito quem está cometendo a infração penal (302, I) ou quem acaba de cometê-la (302,II).. Flagrante impróprio – Art 302, III – Considera-se em flagrante delito quem é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, e, situação que faça presumir ser o autor da infração. Quase flagrante ou presumido – Art 302, IV: Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. ⇒ Sujeitos do flagrante (art 304, CPP): Condutor – aquele que conduz o infrator. Testemunhas – pessoas que acompanharem o condutor (nem sempre existem).. Vítima – vítima (que no caso de homicídio não pode falar) Conduzido - o acusado, a quem se imputa a acusação. Observações: 1. .Nas infrações cuja pena é igual ou inferior a 2 anos, não haverá prisão em flagrante, fazendo-se somente o TCO (Termo circunstanciado da ocorrência). 2. A prisão de qualquer pessoa será comunicada imediatamente ao juiz competente e à família ou à pessoa por ele indicada. (art 306, caput). 3. No prazo de 24 horas será entre ao preso a “nota de culpa”. (Art 306, § 2º). 4. Também no prazo de 24 horas será encaminhado ao juiz competente o respectivo auto de prisão (Art 306, § 1º). 5. A comunicação ao juiz visa combater irregularidades formais e não de mérito. 6. Comunica-se, também, a defensoria pública, onde existir (ou à OAB). 7. A regra geral é não prender. A prisão é exceção e só pode ocorrer com mandado judicial. A prisão em flagrante é exceção da exceção. 8. O auto de prisão em flagrante é uma peça formal. A importância maior do auto de prisão em flagrante é o formalismo. Tanto assim, que qualquer falha nele permitem o relaxamento da prisão. Não se deve falar em 3 nulidade da peça. As irregularidades propiciam o relaxamento da prisão. No relaxamento (pedido) não se discute o mérito da situação, mas o formalismo da peça. Os subsídios para o pedido de relaxamento da prisão em flagrante estão na própria CF, em seu art 5º, LXV. Exercício: Elaboração de peça pedindo o relaxamento de prisão em flagrante. Caso: João é segurança de uma fábrica de computadores. No dia 19 de fevereiro, foi preso em flagrante por ter supostamente praticado delito de furto qualificado pelo abuso de confiança. Consta do auto de prisão em flagrante que outros dois funcionários da empresa foram encontrados por policiais militares descarregando em um galpão inúmeros computadores que haviam sido subtraídos da empresa em que trabalhavam, sendo que, no momento da abordagem, afirmaram que João também teria participado da conduta delituosa. Os policiais imediatamente telefonaram para João pedindo para que o mesmo comparecesse ao local dos fatos coma finalidade de se apurar algumas informações. Neste instante João abandona o seu posto de trabalho e atendendo ao chamado policial vai até o galpão, aonde vem a ser preso em flagrante pela prática de crime de furto qualificado, sob o argumento de que teria ele participado também daquela subtração. Como advogado, apresente a peça cabível para defender os interesses de seu cliente João. ______________________________________________________________________ 4 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ..... Vara criminal da Comarca de ..... Auto de prisão em flagrante nº ... Vara penal. JOÃO, (qualificação completa), por seu advogado infra-assinado, vem à presença de Vossa Excelência, respeitosamente requerer o relaxamento de sua prisão em flagrante, para o que junta o Pedido de Relaxamento de Prisão em Flagrante, devidamente justificado abaixo: 1. O pedido está embasado na Constituição Federal, em seu art 5º, inciso LXV. 2. Em 19 de fevereiro último, o requerente foi preso em flagrante por ter supostamente praticado delito de furto qualificado. 3. Sua prisão decorreu do fato de dois colegas seus de trabalho terem sido apanhados descarregando inúmeros computadores subtraídos da empresa na qual trabalham. No momento da prisão, eles acusaram o requerente de ter participado da ação delituosa. 4. Como, na ocasião, o requerente se encontrava trabalhando como segurança da empresa, recebeu telefonema dos policiais pedindo- lhe que comparecesse ao local para prestar algumas informações. 5. João, atendendo ao pedido, compareceu ao local, momento em que foi preso em flagrante sob acusação de ter participado do delito. 6. Acontece que o procedimento não encontra respaldo no art 302 do Código de Processo Penal, que caracteriza o delito de que João fora acusado, tornando-se, portanto, um procedimento irregular. 7. Jurisprudência 8. Doutrina 9. Tendo em vista o relatado, conclui-se que as formalidades necessárias para possibilitar a prisão em flagrante não estão presentes no caso em questão. 10. Por isso, requer a Vossa Excelência o relaxamento da prisão de João, bem como a expedição do competente alvará de soltura. 5 Nestes termos, Pede deferimento Local e data, ___________________________ Advogado - OAB 28.02.2008 Liberdade Provisória A liberdade provisória visa colocar em liberdade quem foi preso em flagrante, por meio de forma perfeita. Afinal, a prisão é exceção, enquanto a liberdade é a regra geral. É o que contém o art 5º, LXVII, da CF. A liberdade provisória está prevista nos art 310, parágrafo único e art 321 a art 319, todos do CPP. Existem dois tipos de liberta provisória: a. Com fiança. Quando a infração penal comportar pena ≤ 2 anos (art 323, do CPP). b. Sem fiança. Quando a infração penal comportar pena > 2 anos. (art 323, do CPP). Portanto, o fundamento para se classificar uma liberdade provisória quanto ao seu tipo é o tamanho da pena mínima prevista no tipo penal. Curiosamente, os crimes que implicam penas menores são os que admitem o pagamento de fiança, enquanto os mais graves que eles, portanto com penas maiores, não comportam pagamento de fiança. Mas, para a concessão de liberdade provisória são exigidos alguns (cinco) pressupostos. São eles: 1. Primariedade. Este pressuposto é comprovado pela folha de antecedentes do agente. Ele será considerado primário desde que não tenha contra ele sentença condenatória transitada em julgado. 2. Bons antecedentes. Não ter passagem policial ou processual, comprovado por atestado de antecedentes. Emprego lícito. Residência fixa. Comprovado por uma conta telefônica, de energia elétrica etc. 5. Não estarem presentes as condições que implicam em prisão preventiva. As situações em que pode ocorrer prisão preventiva estão expressas do art 312, do CPP. Forma de pagamento de fiança (quando houver): Ela pode ser paga em dinheiro, jóias, bens, tudo como permite o art 330, do CPP. Valor da fiança: O valor da fiança depende da pena máxima. O art 325, do CPP, detalha as condições desse valor. O art 350, do CPP, prevê a possibilidade de o juiz dispensar a fiança, em se tratando, comprovadamente, da incapacidade financeira do agente do crime. A liberdade provisória é ampla? Evidentemente, não. Existem algumas limitações, algumas restrições a ela, previstas nos artigos 327 e 328, impostas ao agente do crime: 6 a. Deverá comparecer perante a autoridade toda vez que a isso for intimado. b. Não mudar de residência sem prévia autorização da autoridade processante. c. Não se ausentar de sua residência por mais de 8 dias, sem comunicar à autoridade processante o lugar onde será encontrado. O não acatamento dessas restrições provoca a quebra da fiança. O art 340, do CPP, trata do reforço da fiança em três situações: a. Quando, por engano, a fiança tomada for insuficiente. b. Quando ocorrer a depreciação material ou perecimento da fiança prestada. c. Quando houve inovação do delito cometido. O parágrafo único do art 310 do CPP estabelece que não seja exigida fiança quando o juiz verificar que inexistem as hipóteses de prisão preventiva prevista nos artigos 311 e 312. Exercício prático: Caso: Paulo da Silva, empresário, foi preso em flagrante por homicídio, já que no dia 27/02 último disparou três tiros contra sua esposa Maria, sendo que estes disparos foram a causa de sua morte. Recolhido à cadeira pública da cidade de São João da Boa Vista, verificou-se que o mesmo é primário, possuidor de bons antecedentes. O flagrante foi formalmente perfeito. Como advogado apresente a peça cabível. Preliminares do estudo: não cabe pedido de relaxamento da prisão, porque o flagrante foi formalmente perfeito. Então, a peça deverá ser um Pedido de Concessão de Liberdade Provisória. Mas liberdade provisória com ou sem fiança? Qual a pena do crime (homicídio)? De 6 a 20 anos. Como a pena prevista para o tipo penal em questão é maior que 2 anos, a liberdade provisória será requerida sem prestação de fiança. Logo, pedido de liberdade provisória sem fiança. A peça: 7 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da .... Vara Criminal da Comarca de .... Referência: auto de prisão em flagrante nº ... PAULO DA SILVA (qualificação completa), por seu advogado infra-assinado (doc.1), vem à presença de Vossa Excelência, respeitosamente, para requerer sua liberdade provisória sem fiança, com base no art 5º, LXVI, da Constituição Federal e no art 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, pelos motivos a seguir descritos: 1. O requerente, em 27 de fevereiro último, disparou três tiros contra sua mulher Maria, causando-lhe a morte, tendo sido por isso preso em flagrante. 2. O mesmo encontra-se preso e recolhido à cadeia pública de São João da Boa Vista. 3. O senhor Paulo atende a todos os pressupostos para embasar a concessão da liberdade provisória ora requerida, como a seguir relaciona: a. Primariedade; (certidão de antecedentes criminais; - Doc ...) b. Bons antecedentes. (apresenta certidões – Doc...) c. Emprego lícito; (contrato social – Doc...) d. Residência fixa; (contas de telefone - Doc) 4. Cumpre-lhe, ainda, ressaltar que não estão presentes no caso dos autos as hipóteses para a decretação da prisão preventiva do requerente, conforme disposto no art 312, do Código de Processo Penal. 5. Neste sentido, entende a jurisprudência: “Dispõe o parágrafo único do art 310, do Código do Processo Penal, que se o juiz, ao verificar o auto de prisão em flagrante, não encontrar elementos que ensejam a decretação da prisão preventiva, deverá conceder a liberdade provisória, independentemente de fiança, pois se trata de um direito subjetivo do réu e não uma faculdade do juiz”. (RT 77/696) 6. Corroborando o julgado acima, o Professor Paulo Lúcio Nogueira, em seu livro Curso Completo de Processo Penal, editora Saraiva, São Paulo, página 217/218, afirma que: “ultimamente a subsistência do flagrantesó ocorre quando 8 presentes os requisitos da prisão preventiva, de acordo com a redação do parágrafo único, do art 310, do Código do Processo Penal, havendo uma tendência de, em regra, relaxar os flagrantes de réu primário, com bons antecedentes e emprego certo. Ainda que os crimes sejam inafiançáveis,”. 7. Desta forma, conclui-se que é direito um subjetivo do requerente a concessão do benefício. 8. Diante do exposto, requer a Vossa Excelência a liberdade provisória do requerente, sem o pagamento de fiança, uma vez que estão presentes todos os requisitos necessários para o deferimento do pedido, com base no art 5º, LXVII da Constituição Federal e do art 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Requer ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedição do competente alvará de soltura. Nestes termos, Pede deferimento Local e da Advogado OAB 06.03.2008 Trabalho em sala, valendo dois pontos a serem atribuídos na média. 1º caso. Marcos foi preso em flagrante pela prática do delito de estelionato, pois teria vendido uma caixa de cartuchos de fabricação da HP, porém, após a abertura verificou-se que o mesmo era falso. Preso em flagrante delito foi levado à presença da autoridade policial. Lá chegando, pleiteou que fosse chamado o seu advogado, porém tal pedido foi indeferido uma vez que o advogado morava na cidade vizinha e demoraria 15 minutos para chegar à Delegacia. Lavrado auto; encontra-se recolhido à cadeia publica desta Comarca. Como advogado, apresente a peça cabível, buscando a sua liberdade. Resolução: Análise da situação: 9 Peça cabível: Relaxamento da Prisão em Flagrante. A decisão da autoridade policial foi irregular, pois ele não deferiu o pedido para que o advogado do conduzido estivesse presente. Endereçamento: Ela deve ser dirigida ao Juiz de Direito da Comarca, autoridade superior ao Delegado de Polícia. Fundamento legal: CF, art 5º, LXIII e art 306, do CPP. Discussão: Os fatos, especialmente o indeferimento do pedido do senhor Marcos e em conseqüência, a ilegalidade da prisão. Pedido: que o juiz conceda o relaxamento da prisão de Marcos e expedição do respectivo alvará de soltura. A peça: 10 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ... Auto de Prisão em Flagrante nº ... Marcos (qualificação completa), por meio de seu advogado infra assinado, (dpc.) vem à presença de Vossa Excelência, respeitosamente, requerer o relaxamento de sua prisão em flagrante, com base no art 5º, LXIII, da Constituição Federal e no art 306, do Código de Processo Penal, pelos motivos a seguir relatados: 1. O requerente foi preso em flagrante por ter vendido mercadoria falsificada. 2. Em razão de sua prisão, foi conduzido à Delegacia de Polícia, quando pleiteou do Delegado que fosse chamado seu advogado, no que não foi atendido sob a alegação de que o mesmo morava em cidade vizinha e por isso demoraria quinze minutos para chegar à Delegacia. 3. Com a negação de atendimento ao seu pedido, foi lavrado o auto de prisão em flagrante, sendo o requerente recolhido à cadeia pública da Comarca, onde se acha preso até momento. 4. O art 5º da Constituição Federal, em seu inciso LXIII diz textualmente que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado”, direitos esses confirmados pelo art 306, do Código do Processo Penal. 5. A doutrina.... 6. Como lhe foram negados esses direitos pela autoridade policial, fica configurada a irregularidade de sua prisão em flagrante. Assim, face aos fatos relacionados, vem requer de Vossa Excelência, com base no art 5º, LXII da Constituição Federal e no art 306, do Código de Processo Penal, o relaxamento de sua prisão em flagrante, bem como a expedição do competente alvará de soltura. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data Advogado, OAB nº... 11 2º caso Cyro Severiano, professor respeitado na região, foi preso em flagrante por desferir dois socos no rosto de Paulo de Almeida, causando-lhe lesão corporal de natureza grave. Levado à presença da autoridade policial, esta lhe garantiu todos os direitos constitucionais, sendo que, em seu interrogatório, afirmou que tal fato ocorreu por ter sido ofendido por este. Após, foi recolhido à cadeia pública desta Comarca, recebendo a nota de culpa no prazo legal. Como advogado, apresente a peça cabível, buscando a sua liberdade. Resposta: Análise da situação: Peça cabível: Como a prisão em flagrante seguiu toda a tramitação prevista em lei para ela, não há que falar em relaxamento da prisão. Portanto, a peça deverá ser Liberdade Provisória, no caso, com fiança, em função da pena prevista para o crime de lesão corporal grave. Endereçamento: A peça será encaminhada ao Juiz de Direito da Comarca, autoridade que pode conceder o benefício solicitado. Fundamento legal: CF, art 5º, LXVI e CPP, art 322, parágrafo único, combinado com o art 323, e art 325. Discussão: O direito subjetivo do senhor Cyro Severiano ao benefício de Liberdade Provisória, com fiança. Pedido: Concessão da Liberdade Provisória, com fiança e expedição do respectivo alvará de soltura. A peça: 12 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ... Auto de Prisão em flagrante nº ... Cyro Severiano, (qualificação completa), por seu advogado infra assinado, vem à presença de Vossa Excelência, com acatamento, apresentar requerimento de Liberdade Provisória, com o pagamento de fiança, com base no artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal e no artigo 322, parágrafo único, combinado com o artigo 322, e no artigo 325, estes do Código do Processo Penal, pelos motivos a seguir apresentados: 1. O requerente foi preso em flagrante por ter agredido com dois socos no rosto, Paulo de Almeida, causando-lhe lesão corporal grave, que segundo declarou posteriormente, foi pelo fato de ter sido ofendido pelo mesmo. Em razão dessa agressão, foi preso em flagrante e conduzido à presença da autoridade policial da Comarca, que, depois de garantir-lhe todos os direitos constitucionais lavrou o respectivo auto de prisão e recolheu-o à cadeia pública da Comarca, tendo inclusive emitido a nota de culpa no prazo legal. 2. Trata-se de pessoa que atende aos pressupostos necessários para a concessão de liberdade provisória, como sejam: a. Primariedade (conforme certidão de antecedentes criminais anexa – doc. nº ..). b. Apresenta bons antecedentes. (conforme as quatro declarações anexas – Doc nº .). c. Emprego lícito (é professor respeitado na região, conforme declaração anexa, doc nº..). d. Tem residência fixa (conforme contas telefônicas anexas – Doc. ) 3. Cumpre-lhe ressaltar, ainda, que não estão presentes no caso dos autos os requisitos para a decretação de sua prisão preventiva, conforme dispõe o artigo 312, do Código do Processo Penal. 4. Entende a jurisprudência.... 13 5. Os doutrinadores .... 6. Dessa forma, conclui-se que é um direito subjetivo seu a concessão do benefício que ora pleiteia. 7. Assim, diante do exposto, requer a Vossa Excelência a liberdade provisória com pagamento da fiança que lhe for arbitrada, conforme art 325 do Código de Processo Penal, pois estão presentes todos os requisitos necessários para o deferimento do pedido com base no art 5º da Constituição Federal, inciso LXVI e art 322, parágrafo único, combinado com o art 323, estes últimos do Código do Processo Penal. Requer, ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedição do competente alvará de soltura. Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado - OAB 14 15 13.03.2008 PROCEDIMENTOS Ordinário ORDINÁRIO JÚRI Notitia criminis IP Relatório Denúncia Citação Interrogatório Defesa prévia Testemunhas de acusação Testemunhas de defesa Art 499 Alegações finais Sentença Apelação. Notitiacriminis IP Relatório Denúncia citação Citação Interrogatório Defesa prévia Testemunhas de acusação Testemunhas de defesa Alegações finais Sentença (pronúncia, impronúncia, Desclassificação ou absolvição sumária).. Libelo Contrariedade do libelo Plenário Ordinário: Aplicabilidade - Procedimento ordinário é aplicável a todos os crimes passíveis de reclusão, exceto os que são regidos por leis especiais. Finalidade: buscar prova da autoria e da materialidade para municiar o MP. Relatório: Não há opinião do delegado. Ele se limite a expor os fatos apurados. Prazos: 10 dias para réu preso e 30 dias para réu solto. O que pode fazer o MP? 1. promover a denúncia. 2. Solicitar diligências que possam ter faltado. 3. Pedir o arquivamento que só pode ser autorizado pelo juiz. Denúncia: é a petição inicial da ação penal Citação: dar conhecimento ao réu de ação que existe contra ele e para que ele se defenda. Interrogatório: será feito com a presença do MP e do defensor. A primeira parte do interrogatório é feita pelo juiz, hhavendo a seguir perguntas das partes. Defesa prévia: basicamente para definir as testemunhas, requerer os tipos de provas e apontar irregularidades constatadas. 16 Testemunhas de acusação: em número máximo de oito. Testemunhas de defesa: Também, no máximo oito. As testemunhas podem ser ouvidas todas no mesmo dia. Mas não se pode inverter a ordem da oitiva, sob pena de nulidade processual. Art 499: Abre vistas. Ex: depoimento de pessoas não arroladas, mas citadas por testemunha. Alegações finais: primeiro a acusação, depois a defesa. Neste momento do processo, será analisado tudo que aconteceu no processo e se termina pedindo condução ou absolvição. Depois, o processo segue concluso para a sentença do juiz, da qual cabe apelação. Júri Nas alegações finais: se defesa ou se ataca a fim de que se decida se o caso vai ou não a júri. Daí, a sentença, cuja maior probabilidade é de pronúncia (havendo indícios de autoria e materialidade). Mas também pode ocorrer a impronúncia pelo que o processo é arquivado. Se a sentença for de desclassificação, devolve-se o processo para o procedimento ordinário. Ainda, a sentença pode ser pela absolvição sumária, quando houver excludente de culpabilidade. Até aqui vigora o princípio “in dubio pro societatis”. Libelo – quando o MP procurar demonstrar que é caso de júri. Depois do libelo volta a vale o princípei in dubio pro reo. Contrariedade do libelo: defesa, que apresenta as testemunhas. Plenário: Pode haver recusa de três jurados cada partes, sem motivação, ou mais, devidamente justificada. A sentença intermedária pode ser defendida pelo recurso RESE, previsto no art 581, do CPP. PROCEDIMENTOS DA LEI 9099/95 JECRIM para infrações de pequeno potencial ofensivo, ou seja, para os crimes cuja pena máxima seja ≤ 2 anos, pena de multa ou infrações penais. Fase policial: Delegado elabora o TCO – termo circunstanciado do ocorrência, encaminhando-o ao juizado (TCO, com autor do fato e vítima) para intimação das partes. Na prática, as partes saem da delegacia já intimados. Pode haver necessidade de diligência, como, por exemplo, exame pericial. Fase judicial: Audiência preliminar, com a participação do juiz, MP, autor do fato, vítima e advogados. Finalidade da audiência: composição de danos (art 72, da Lei 9099/95). Se houver composição das partes ou transação penal, encerra-se a questão. Para a composição exige-se do réu preencher as as seguintes condições: Primariedade 17 Não ter usado esse expediente nos últimos cinco anos O fato comportar composição. Se não acontecer a composição nem for aceita a transação, inicia-se o processo, com os seguintes passos: Denúncia ou queixa oral em audiência preliminar. Suspensão condicional do processo (art 89 da Lei em questão): • Se o ilícito tem pena mínima menor < 1 ano, pode-se suspender o processo de 2 a 4 anos. Se o juiz receber a denúncia, passa-se à audiência de instrução, debates e julgamento (IDJ), que transcorrerá assim: Testemunhas de acusação. Testemunhas de defesa. Interrogatório. Debates orais (20 minutos cada parte). Sentença. 27.03.2008 QUEIXA CRIME 1. Queixa-crime é a “petição inicial” da Ação Penal Privada. 2. A titularidade da queixa-crime é do ofendido ou de seu representante legal (que nas peças da ação será referido como querelante, enquanto o ofensor será o querelado). 3. Requisitos da queixa-crime (Art. 41, do CPP): Exposição detalhada do fato criminoso. Qualificação do acusado (querelado). Classificação do crime. Rol de testemunhas, se necessário. Obs: citação e condenação (não estão no art 41, do CPP). 4. Instruir a queixa-crime com os documentos necessários (O IP não é obrigatório). 5. Procuração com poderes especiais. 6. Prazo para propositura: 6 meses (salvo legislação especial). 7. Recebimento da queixa-crime: cabe recurso, com o objetivo de trancar a ação penal. 8. Rejeição da queixa-crime: Cabe RESE (art. 581, I, do CPP – RESE) A ação penal no tempo: forma de facilitar o tipo de peça a ser utilizada: 18 1. 1º período: Da data do fato até o relatório do IMP (fim do IP), cabem: Pedido de instauração do IP Liberdade provisória se o IP foi instaurado. Relaxamento da prisão em flagrante. Habeas Corpus 2. 2º período: No período entre a possível ação penal e a respectiva sentença, cabem: Queixa-crime Defesa prévia Alegações finais Habeas corpus 3. 3º período: Pós-sentença e pos trânsito em julgado: cabem: 4. 4} período: Pós-trânsito em julgado. TRABALHO DE PRÁTICA JURÍDICA CRIMINAL 1º Caso: Cyro São Severino, professor universitário em São João da Boa Vista, após aplicar uma prova de Processo Penal para seus alunos, descobriu que Allan teria se utilizado de meios ilícitos (cola) para conseguir responder as questões propostas. Não se conformando com tal comportamento do aluno, o professor o procura e, ao localizá-lo no intervalo e na presença de todos seus colegas. Diz que o mesmo é pilantra, sem vergonha, desleal, safado e que sempre desconfiou de sua personalidade, sendo que o mesmo nunca o enganou com a imagem de bom moço. Ressaltou, ainda, para os demais que presenciavam a cena, que era todos saberem, que aquele aluno chamado era traíra e que deveriam tomar cuidado com ele. Sem saber o motivo o aluno fica muito constrangido e ofendido, já que teria sido humilhado na presença de todos seus colegas de sala. Questão: Como advogado de Allan, redija a peça mais adequada para fazer valerem os direitos de seu cliente. Responda antes, os seguintes questionamentos: 1. Peça Profissional adequada: queixa-crime. 2. Competência: o ofendido, que na peça será o querelante. 3. Tipo penal: Injúria com cláusula especial de aumento de pena (Art 140 c/c art 141, III, ambos do CP). 4. Pedido: recebimento da peça, citação e condenação do querelado (ofensor). Peça: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de _______________ 19 Allan, (qualificação completa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência por meio de seu advogado infra-assinado, seu bastante procurador com poderes especiais, propor a seguinte QUEIXA-CRIME em face de Cyro São Severino (qualificação completa) pelos motivos a seguir relacionados: 1. Conforme demonstram as cinco declarações anexas, no dia _____, às ___ horas, nos corredores do prédio da Faculdade ____________, em São João da Boa Vista, Estado de São Paulo, o querelante foi ofendido verbalmente pelo querelado, que fez uso de palavras de grande potencial ofensivo, proferidas na presença de todos seus colegas de classe, por ter supostamente o querelado se valido de meios ilícitos (cola) para responder as questões da prova de Direito Penal aplicada pelo querelado. 2. Para demonstrar a intensidade da ofensa, lista a seguir as palavras proferidas pelo querelado na ocasião: pilantra, sem vergonha,desleal, safado, traíra, sendo que tal ofensa foi presenciada pelos colegas de classe do querelante, durante o intervalo das aulas. 3. Como se não bastasse o potencial ofensivo das palavras proferidas, o querelado ainda fez questão de prevenir os colegas de sala sobre a deplorável e duvidosa conduta do querelante, mais uma vez ofendendo-lhe a moral. 4. A conduta do querelado enquadra-se muito bem no tipo penal descrito pelo tipo penal definido pelo artigo 140, combinado com o artigo 142, inciso III, ambos do Código Penal: injúria, com cláusula especial de aumento de pena, por ter sido a agressão realizada em presença de diversas pessoas. 5. Em casos análogos, nossos tribunais vêm decidindo que: Mencionar duas jurisprudências 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citação do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, nos termos do artigo 519 e 20 seguintes, bem como do artigo 394 e seguintes, ambos do Código de Processo Penal e, ao final, condená-lo pelo crime de injúria descrito no artigo 140, combinado com o artigo 141, inciso III, ambos do Código de Processo Penal. 7. Arrolam-se como testemunhas as descritas abaixo: a. b. c. d. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data _______________________ Advogado OAB 21 2º Caso: Maria, alta funcionária da empresa ATR, no centro de São Paulo, Capital, recebe normalmente cantadas de seu superior hieráquico. João. Temendo por seu emprego, Maria nunca efetuou nenhuma reclamação. Em 20,1,07, contudo, João, prevalencendo-se de sua condição na empresa. Chama Maria à sua sala. Quando ela ingressa na sala, João tranca a porta, exigindo favores sexuais. Visivelmente alterado, João grita com Maria, dizendo que se ela não concordasse com o ato sexual, ele iria demiiti-la. Outros funcionários, escutando os gritos de Maria, vão imediatamente em seu socorro. Abrindo a sala de João com a chave mestra, encontrando Maria aos prantos. João, nesse momento, sai rapidamente da sala. No dia seguinte, pede desculpas a Maria, dizendo haver bebido demais na véspera e que tudo não teria passado de um mal entendido. Maria, revoltada, diz que vai procurar os seus direitos. Questão: Como advogado de Maria, redija a peça mais adequada para fazer valerem os direitos de sua cliente. Responder os questionamentos abaixo: Peça profissional adequada: queixa-crime Tipo Penal: CP, art 216-A – Assédio sexual Pedido: Recebimento da queixa-crime e condenação do querelado. Observações: Enquadra-se na Lei 9099/95-Juizado Especiais Cíveis e Criminais. (art 61). PEÇA 22 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal do Juizado Especial Criminal, da Comarca de São Paulo, Capital (SP). Maria, (qualificação completa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado infra-assinado, seu bastante procurador com poderes especiais, propor a seguinte QUEIXA-CRIME em face de João (qualificação completa) pelos motivos a seguir expostos, e com base no artigo 216-A, do Código Penal. 1. Maria era alta funcionária da empresa ATR, localizada na região central de São Paulo, Capital, sendo constantemente cantada pelo querelado, seu superior hierárquico. Como ela temesse por seu emprego, não reclamava das atitudes de seu chefe, tolerando o constante assédio sexual de que era vítima, sem jamais ter cedido às investidas do chefe. 2. Entretanto, no dia 20 de janeiro de 2007, o querelado excedeu os limites das atitudes de assédio até então suportadas por Maria. Chamando-a à sua sala, trancou a porta à chave, gritando para a querelante que, se ela não concordasse em manter com ele o ato sexual, ele a demitiria. Nesta ocasião, Maria pôs-se a gritar, atraindo a atenção dos colegas de trabalho, que acudiram em seu socorro, abrindo a sala com a chave mestra. Depararam com Maria aos prantos, enquanto o querelado saía correndo da sala. 3. Das ocorrências do dia 20 mencionado, a atitude do querelado não ficara restrita aos dois, porque todos os colegas tomaram conhecimento do comportamento do chefe. Ainda mais que no outro dia ele disse a Maria que na véspera havia bebido demais e tudo não passara de mal entendido. 4. A conduta do querelado enquadra-se muito bem no tipo penal descrito pelo artigo 216-A, do Código Penal, que define como assédio sexual “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou da ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. 23 5. A jurisprudência tem apontado a grande dificuldade de fazer prova em casos de assédio sexual, uma vez que, comumente, o agente da prática age em surdina, entre quatro paredes. Por isso, muitos casos não prosperam nos tribunais. Mas algumas considerações mais específicas nessa linha começam a criar condições para facilitar a consideração de cada situação. Nesse sentido, “... em regra, o assédio configura-se por uma conduta reiterada do assediante, que não pode encontrar espaço para suas investidas indecorosas, sob pena de descaracterização do ato ilícito”. (TRT, 3ª R, 4ª Turma. 0067-2005-070-03-00-6 Recurso Ordinário - Rel. Juiz Luiz Otávio Linhares Renault – DJMG – 26.11.2005). Algumas decisões, mesmo antes da Lei nº 10244, de 15 de maio de 2001, consideram que “o indício pode gerar a certeza; assim, diante do sistema da livre convicção do juiz, abraçado pelo Código Penal, a prova indiciária ou circunstancial tem o mesmo valor que as demais” (TJSP-AP 153.674-3- 1 “a”, rel. Andrade Cavalcanti – j. 10.07.95). Outro pronunciamento dos tribunais caminha no mesmo sentido: “... o assédio sexual grosseiro, rude e desrespeitoso, concretizado em palavras ou gestos agressivos, já fere a civilidade mínima que o homem deve à mulher, principalmente em ambientes sociais de dinâmica cotidiana e obrigatória, como no trabalho” (TRT – Des. Maurício José Godinho Delgado). 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citação do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, nos termos do artigo 394 e seguintes, do Código de Processo Penal e do artigo 61, da Lei nº 9.099, de 26.09.1995 e, ao final, condená-lo pelo crime de assédio sexual descrito no artigo 216-A, do mesmo Código. 7. Arrolam-se, como testemunhas, as descritas abaixo: a. b. c. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data _______________________ Advogado OAB 03.04.2008 24 CASO – 117º EXAME DA ORDEM “No dia 1º de janeiro de 2002, por volta das 12 horas, na confluência das ruas Maria Pulo e Genebra, Maria da Luz teve seu relógio subtraído por João da Paz, que se utilizou de violência e grave ameaça, exercido com uma faca. Descoberta a autoria e formalizado o inquérito policial com prova robusta da materialidade e autoria, os autos permanecem com o Ministério Público há mais de trinta dias, sem qualquer manifestação. Questão: Como advogado de Maria da Luz, atue em prol da constituinte. Estudando a questão, responda os seguintes questionamentos antes de elabora a peça cabível no caso: 1. Peça profissional adequada. Trata-se, no caso, de crime de roubo tipificado no artigo 157 do Código. Pelo capítulo que trata do assunto no Código, cabe, no caso, ação penal pública incondicionada, tendo o Ministério Público que apresentar a denúncia em 15 dias, conforme prevê o art 46 do Código de Processo Penal. Mas o promotor já está com os autos há mais de trinta dias sem ter tomado qualquer providencia. Pelo artigo 100 do Código Penal, em seu § 3º, que “a ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação publicam se o Ministério Públiconão oferece a denúncia no prazo legal”. Portanto cabe neste caso, a ação penal privada subsidiária à ação pública. Ela será exercida por meio de sua petição inicial, a queixa- crime. 2. Competência. O juízo de uma das varas da Comarca. 3. Tipo penal: Roubo, tipificado no artigo 157, § 2º, I, do Código Penal. 4. Pedido: A condenação do agente do roubo. PEÇA 25 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____ Inquérito policial nº ___ Maria da Luz, (qualificação completa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado infra assinado, para propor , nos termos do artigo 41, do Código do Processo Penal e do artigo 100, § 3º, do Código Penal a seguinte Queixa-crime Em face de João da Paz (qualificação completa) pelos motivos a seguir expostos. 1. Do inquérito policial referido resulta robusta prova de materialidade e autoria de crime de roubo previsto no artigo 157, § 2º, I que comporta Ação Penal Pública Incondicionada. Formalizado o inquérito, os autos foram remetidos ao Poder Judiciário e encontram-se com o Ministério Público há mais de 30 dias, sem qualquer manifestação do mesmo quanto à denúncia, a despeito do prazo de quinze dias fixado pelo artigo 46 do Código de Processo Penal para essa providência. Diante de sua inércia autoriza o artigo 100, §3º, do Código Penal a ação penal de iniciativa privada de forma subsidiária à ação penal pública, nos casos de ação pública, como é o do caso presente. 2. Em 1º de janeiro de 2002, por volta das 12 horas, na esquina das ruas Maria Paula e Genebra, a querelante teve seu relógio subtraído pelo querelado, que se valeu de violência e grave ameaça, usando de uma faca. O inquérito policial constatou provas robustas de materialidade e autoria do crime, encaminhando os autos ao Judiciário. 3. A conduta do querelado enquadra-se perfeitamente no artigo 157, § 2º, I, do Código Penal, que tipifica o crime de roubo, com cláusula especial de aumento de pena. 4. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente queixa-crime, subsidiária de ação penal pública incondicionada cabível, nos termos do artigo 100, § 3º, do Código Penal, combinado com o artigo 46, do Código de Processo Penal, com a competente citação do querelado, para que, querendo ele, defenda-se nos autos, com base no 26 artigo 394 e seguintes do Código de Processo Penal e, ao final, condená-lo pelo crime de roubo tipificado no artigo 157, § 2º, I, do Código Penal. 5. Arrolam-se as testemunhas abaixo, já ouvidas na fase do inquérito policial, ou seja: a. _________________, qualificada às folhas ____ do inquérito policial; b. _________________, qualificada às folhas ____ do inquérito policial. c. _________________, qualificada às folhas ____ do inquérito policial. Nestes termos, Pede deferimento Local e data ____________________________________________ Advogado OAB nº _____ 27 10.04.2008 Caso 1 Armando Soares, brasileiro, casado, funcionário público federal, residente na rua Aquiles Bastos, 43, em Montes Claros (MG), local onde tem sede o órgão público em que trabalha, foi agredido em sua honra por Mário da Silva, brasileiro, solteiro, funcionário público federal, residente na rua Viriato Gomes, 69, em Montes Claros (MG), No dia 11.05.2005, durante em reunião da repartição pública onde ambos trabalham, na presença de Maria da Conceição, Nestor Alvarenga e Renato Antunes, Mário teceu os seguintes comentários: o Armando é corrupto, vocês sabiam? Eu tenho documentos que comprovam. É bom que todos saibam que ele é corrupto, bandido, laranja, testa de ferro que não é dono nem do patrimônio que tem, pois não tem caixa para tal. Não é possível que um corrupto como ele seja diretor de Órgão Público Federal. Constituído como advogado de Armando Soares, elabora a petição apta a iniciar a ação penal. (2ª etapa – Prova prático – profissional) Considerações iniciais: O caso fala em petição inicial. Portanto deve ser denúncia ou queixa. O caso é da alçada da Justiça Federal, por se tratar de funcionário público federal. Deve ser um dos três casos de crime contra a honra dos artigos 138/140, do CP. O caso fala em fato que constitui crime: peculato – logo se refere à calúnia (art 138). Mas também há imputação de qualidade negativas à Armando, o que configura crime de injúria previsto no art 140. Portanto, temos caso de injúria e de calúnia, esta com cláusula de aumento de pena prevista no art 141, II, III. PEÇA Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Justiça Federal do Estado de Minas Gerais. 28 Mário Soares, brasileiro, casado, funcionário público federal, residente na rua Aquiles Bastos, 43, em Montes Claros (MG), portador da Cédula de Identidade RG nº ........ e inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes sob o CPF nº ............ . vem à presença de Vossa Excelência, respeitosamente, por meio de seu advogado infra-assinado, para propor, com base no art 41 do Código de Processo Penal e conforme autoriza a Súmula nº 714, do Supremo Tribunal Federal, a seguinte Queixa Crime Em face de Mário da Silva, brasileiro, solteiro, funcionário público federal, portador da Cédula de Identidade RG nº........... , inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes sob o CPF nº........., residente na rua Viriato Gomes, 69, em Montes Claros (MG), pelos motivos a seguir descritos: 1. Em 11,05,2005, durante reunião na repartição pública onde ambos trabalham e em presença de Maria da Conceição, Nestor Alvarenga e Renato Antunes, o querelado fez vários comentários sobre o querelante, tachando-o de corrupto, bandido, laranja, testa de ferro e que não é o verdadeiro dono do patrimônio que tem, por não ter caixa para tanto. Disse mais ser inadmissível que ele seja diretor de um órgão público federal. 2. Desses comentários concluem-se o enquadramento de parte deles no art 138 do Código Penal, ou seja, constitui rime de calúnia, quando diz que ele não é dono de seu patrimônio por falta de recursos para tanto, o que coloca o querelante como tendo supostamente cometido o crime de peculato tipificado no art 312 do Código Penal – Peculato. 3. O restante dos comentários feitos pelo querelado se refere a qualidades negativas ao querelante, enquadrando-se, portanto, tais comentários no art 140 do Código Penal, ou seja, constituem tais comentários crime de injúria. 4. Como se não bastassem atitudes do querelado acima mencionados, os comentários foram proferidos em presença dos colegas de trabalho de ambos, mencionados no item 1, com o intuito claro de ofender a honra do querelante, 29 5. Depreende-se facilmente de tudo o que foi relatado, que as atitudes do querelado se enquadram perfeitamente nos artigos 138 e 140 do Código Penal, combinados com o artigo 141, incisos II e III – injúria e calúnia -, do mesmo código, por ter sido tais crimes cometidos contra “funcionário público em razão de suas funções” e na “presença de várias pessoas”. 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citação do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, tudo com base nos artigos 519 e seguintes e 394 e seguintes, ambos do Código de Processo Penal, para, ao final, condená-lo pelos crimes de calúnia e injúria descritos nos artigos 138 e 140, combinados com o com o artigo 141, II, III, todos do Código Penal. 7. Arrolam-se, como testemunhas, as descritas a seguir: a. Maria da Conceição (qualificação completa) b. Nestor Alvarenga (qualificação completa). c. Renato Antunes (qualificação completa). Nestes termos, Pede deferimento. Montes Claros, (data) ______________________ Advogado OAB nº ... Caso 2 Antonio Sérgio, brasileiro, casado, economista, residente na rua das Acácias, nº 847,Bairro Pampulha, Belo Horizonte, é administrador da empresa Euro-Dolar S/A, instituição 30 financeira sediada na rua Barão de Cocais, nº 26, Betim, Minas Gerais, foi autuado em flagrante como incurso nas sanções do art 4º, da Lei nº 7492/86. o respectivo auto de prisão está corrente lavrado, com observância de todas as formalidades legais. Antonio é primário, de bons antecedentes, casado, pai de 2 filhos menores. Considerando que você foi constituído, tendo inclusive acompanhado a autuação na delegacia competente, elabore a petição visando obter a liberdade de seu constituinte, com o devido e completo encaminhamento e os dispositivos legais aplicáveis à espécie. Observações do professor: Art 4º - Gerir fraudulentamente instituição financeira. Pena: reclusão de 3 a 12 anos e multa. Parágrafo único – Se a gestão é temerária: Pena: reclusão de 2 a 8 anos e multa Comentários preliminares A liberdade, no geral, pode ser pleiteado de 3 maneiras: Relaxamento da prisão, Liberdade Provisória e Habeas Corpus. Relaxamento da prisão não cabe porque o auto de prisão em flagrante estava correto. Habeas Corpus só caberia se o pedido de liberdade provisória houvesse sido negado. Resta, pois pedir a Pedido de Liberdade Provisória, que é a peça que se vai elaborar. Juiz competente: o do local do crime. PEÇA Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de Betim (MG) 31 Referência: Auto de Prisão em Flagrante nº ___ Antonio Sérgio, brasileiro, casado, economista, residente e domiciliado na rua das Acácias, nº 847, Bairro Pampulha, Belo Horizonte, portador da cédula de identidade RG nº _________ , inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes, sob CPF nº ______, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seu advogado abaixo assinado para, com base no art 310, parágrafo único, do Código do Processo Penal, pedir a LIBERDADE PROVISÓRIA sem fiança, com base no art 323, inciso I, do Código de Processo Penal, pelos motivos a seguir descritos: 1. O requerente foi autuado em flagrante como incurso nas sanções do art 4º da Lei nº 7492/98, ou seja, acusado de gerir fraudulentamente a instituição financeira Euro – Dólar S/A, sediada na rua Barão de Cocais, 26, em Betim (MG). 2. I respectivo auto de prisão em flagrante está corretamente lavrado, quanto às formalidades legais. 3. O requerente atende os pressupostos necessários à concessão do benefício solicitado, quais sejam: a. Primariedade (certidão de antecedentes criminais, Doc 1); b. Bons antecedentes (Declarações, Doc 2/6); c. Emprego lícito (cópia d CTPS – Doc 7); d. Residência fixa (contas telefônicas - Doc 8/9). 4. Cumpre-lhe ressaltar, ainda, que não estão presentes no caso os requisitos para a decretação da prisão preventiva do requerente, conforme disposto no art 312 do Código de Processo Penal. 5. (Jurisprudência) 6. (doutrina) 32 7. Assim, conclui-se que a concessão da liberdade provisória solicitada constitui direito subjetivo do requerente. 8. Diante do exposto, requer a Vossa Excelência a sua liberdade provisória, sem pagamento de fiança com base no art 323, I, do Código do Processo Penal, uma vez que estão presentes todos os requisitos necessários para o deferimento do pedido, com base no art 5º, LXVI, da Constituição Federal e art 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Requer, ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedição do competente alvará de soltura. Nestes termos, Pede deferimento Betim, ____________ ___________________________ Advogado OAB 17.04.2008 Procedimento Ordinário (CPP, artigos 394/405 e 498/502) Esse procedimento começa e termina no juiz singular. 33 O procedimento ordinário sucede ao Inquérito Policial e se desenvolve em fases sucessivas: 1ª fase: Oferecimento da denúncia / queixa em 5 dias (indiciado preso) ou em 15 dias (indiciado solto). Feita pelo Ministério Público (ou advogado do ofendido). 2ª fase: Recebimento da denúncia / queixa (rejeição da peça). (pelo juiz) Como se dará a aceitação? No processo civil, o juiz determinaria a citação do réu para a contestação. Como no direito penal não há contestação, o réu é citado para o seu interrogatório. 3ª fase: citação do réu – quando já se marca dia, local e hora para a citação. 4ª fase: Interrogatório: (art 185, do CPP). O interrogatório se inicia sempre perguntando o juiz se o réu tem defensor. O réu pode, então, mencionar o nome de seu advogado que equivale à procuração (procuração apud acta). Pergunta a seguir se o réu já se entrevistou com o seu defensor. Se a resposta for negativa, disponibilizará tempo para essa entrevista. Depois ocorre a qualificação, geralmente feita pelo escrivão. A seguir, o interrogatório propriamente dito, disciplinado no art 186, do CPP. 5ª fase: Alegações escritas (Defesa Prévia) – prazo de 3 dias do interrogatório. Art 395, CPP. A orientação de ordem prática é que a defesa não exponha nesta fase as teses que pretende usar, deixando isso para as alegações finais. O importante nesta fase é o arrolamento das testemunhas, sob pena de preclusão desse direito. 6ª fase: Audiência para oitiva das testemunhas de acusação. 7ª fase: Audiência para oitiva das testemunhas de defesa. Cada parte do processo penal tem direito a que sejam ouvidas até 8 testemunhas. O juiz não pode, de oficio, deixar de ouvir qualquer das testemunhas arrolado, sem o consentimento da partem sob risco de nulidade do processo. 8ª fase: Novas Diligências. (CPP, art 499) em 24 horas. Nesta fase, podem ser ouvidas testemunhas que “apareceram” no processo depois do momento próprio para cada partes arrolar testemunhas, ou seja, depois da denúncia, para o Ministério Público, ou depois da fase da Defesa Prévia, para a defesa. 9ª parte: Alegações finais: (art 501, CPP) – prazo de 3 dias, que correrão em cartório. Esta fase é obrigatória para validade do processo. Para a defesa e para a acusação as alegações finais representam parte importantíssima. Nela são tratados os problemas de nulidade relativa (em preliminar). 34 Como a prova documental pode ser produzida a qualquer tempo, não é aconselhável à defesa fazê-lo nesta fase, porque isso tiraria dela a primazia de falar por último no processo. 10ª parte: Sentença – sentença de mérito (ou definitiva) que encerra o processo e a lide e é recorrível. 15.05.2008 Revisão Procedimento ordinário (CPP, artigos 394/405 e 498/502) Esse procedimento começa e termina no juiz singular. Ele se aplica nos casos dos crimes punidos com de reclusão, salvo quando houver procedimento especial, como o caso do júri ou dos crimes cuja pena máxima seja inferior ou igual a dois anos (Lei 9099/95) São as seguintes as fases do procedimento ordinário: 1. Notitia criminis, que gera o Inquérito Policial 2. Relatório, que encerra o IP, sendo remetido ao Judiciário. 3. Denúncia – feita pelo MP. 4. Recebimento da Denúncia. 5. Citação e intimação para interrogatório. 6. Interrogatório 7. Defesa prévia (a defesa faz o arrolamento de testemunhas). 8. Testemunhas de acusação 9. Testemunhas de defesa 10. CPP, art 499. 11. Alegações finais, art 500, do CPP (prazo de 3 dias para MP e 3 para defesa). 12. Sentença 13. Apelação Obs: com a oitiva das testemunhas, termina a fase da instrução do processo. Procedimento do júri 1. Notitia criminis, que gera o Inquérito Policial. 2. Relatório, que encerra o IP, sendo remetido ao Judiciário. 3. Denúncia – feita pelo MP. 4. Recebimento da Denúncia. 5. Citação e intimação para interrogatório 6. Interrogatório 7. Defesa prévia Neste ponto, o processo pode prosseguir de duas maneiras: 1ª fase: primeira forma de seqüência do processo: 8. Testemunhas de acusação 35 9. Testemunhas de defesa 10. Alegações finais – prazo de 5 dias (art 406, do CPP). Ante o recebimento da denúncia, o juiz pode resolver pela: a) Pronúncia – quando o juiz vê indícios de autoria e de materialidade do crime. b) Impronuncia – quando faltar uma dessasduas condições. c) Desclassificação – O juiz não vê o crime enquadrado como foi, desclassificando e o reclassifica, remetendo-o ao juiz competente (que pode ser ele mesmo, conforme o caso, via cartório). d) Absolvição sumária – quando o juiz encontra uma excludente da criminalidade. 2ª fase – segunda maneira de seqüência do processo: 8 Pronuncia 9 Libelo acusatório 10 Contrariedade ao libelo-crime acusatório (peça equivalente à defesa prévia). 11 Julgamento em plenário Obs: Neste caso, o juiz não entra no mérito do caso, deixando-o para os jurados. Exercício – Elaborar uma peça. Caso: “JOÃO foi preso em flagrante e denunciado por ter supostamente praticado o delito de roubo, descrito no art 157, do Código Penal. Consta dos autos que o réu teria se valido de uma trombada leve para desviar a atenção da vítima, Maria, subtraindo sua pulseira, avaliada em R$ 1.000,00. O réu confessou a subtração e as testemunhas confirmaram que o réu teria esbarrado na vítima e retirado de seu pulso o objeto, saindo correndo na seqüência. Encerrado a instrução do processo, o MP pleiteou a condenação nos termos da denúncia. Como advogado do réu apresente a peça cabível”. Estudo preliminar: A expressão “encerrado a instrução do processo” sugere a fase das alegações finais. Quando ao mérito, a defesa pode solicitar, em sua peça, o seguinte: a) Absolvição do réu. b) Desclassificação do crime (classificando o caso em crime de menor pena). c) Benefícios ao réu, como: 1) Fixação da pena mínima 2) Substituição da pena (art 44, do CP) 3) Regime menos gravoso. In casu, a absolvição é impossível, porque o réu confessou o delito e há testemunhas confirmando o mesmo e a autoria. Fica a opção pela desclassificação do crime para furto ou pedir regime menos gravoso. Existem elementos para pedir o enquadramento em furto simples, o que é melhor que o regime menos gravoso. Então, vamos à peça – alegações finais, com a decisão de pedir a desclassificação do delito para furto, pedindo também o benefício da substituição da pena, conforme permite o art 44, do CP. 36 Roteiro para a peça: 1) Endereçamento 2) Nº do processo 3) Nome da parte 4) Nome da peça 5) Fundamentação legal 6) Fatos 7) Fundamentos jurídicos (jurisprudência). 8) Conclusão 9) Pedido. PEÇA 37 Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal do Comarca de _______, Estado de _________. Ref: Processo nº _____ JOÃO, já qualificado nos autos da ação penal que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem à elevada presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 500 do Código de Processo Penal, apresentar as ALEGAÇÕES FINAIS Pelos motivos relacionados a seguir: 1. Consta dos autos que o réu teria subtraído da vítima uma pulseira do valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) e, por isso, vem sendo acusado do crime de roubo, descrito no artigo 157, do Código Penal. 2. Acontece que para a ocorrência do delito que vem sendo apurado nos autos, necessário se faz que o agente se utilize grave ameaça ou de violência à pessoa da vítima, o que não ocorreu no caso em questão, visto que a trombada não é caracterizada como violência no crime de roubo. 3. Cabe, ainda, ressaltar que a confissão do réu se limitou à subtração, porém não existe nenhuma prova capaz de ensejar a utilização de violência na conduta do ag ente, o que conduz a situação ao delito de furto, descrito no artigo 155, do Código Penal. 4. Nesse sentido manifesta-se a jurisprudência “que a violência foi só contra a coisa e a vítima foi atingida sem intenção sem intenção, apenas por repercussão, há só furto” (RT, 608/352); “se só atrapalha a vítima, sem violência, é furto” (RT 574/376), “a melhor interpretação, à luz do CP, é considerar a trombada, quando ela só serviu para desviar a atenção da vítima, como furto” (RT 83/414). 5. Assim sendo, conclui-se que o réu não praticou o delito de roubo, mas sim o crime de furto, descrito no artigo 155, do Código Penal. 38 6. Em face de tudo que se expôs, requer a desclassificação da conduta do réu de crime de roubo para crime de furto, uma vez que ele não utilizou violência ou de grave ameaça na conduta delituosa. 7. Em sendo desclassificado o delito apontado o réu requer, também, a fixação da pena mínima legal (uma vez que ocorreu a confissão e os demais elementos não conduzem a outra punição, senão a mínima) e, após, sua substituição por uma restritiva de direito, tudo nos termos do artigo 44, do Código Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data, Advogado OAB ____ 29.05.2008 CASO: João da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10:00 horas, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho, Antonio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministério Público como incurso nas sanções do art 121, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque teria agido com animus necandi. Segundo o apurado na instrução criminal, uma semana antes dos fatos, o acusado, planejando matar Antonio, pediu emprestada a um colega de trabalho uma arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastecê-la completamente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revólver. No dia seguinte, conforme esperava, João encontrou Antonio em um ponto de ônibus e, sacando da arma, acionou o gatilho diversas vezes, não atingindo a vítima, em face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo pericial da arma apreendida, a confissão do acusado e as declarações da vítima e do filho do acusado. Por ser primário, o Juiz de primeiro grau concedeu ao acusado o direito de defender-se solto. As alegações finais da acusação foram oferecidas pelo representante do Ministério Público, requerendo a condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. Questão: Como advogado de João da Silva, elabore a peça profissional pertinente. Estudo da questão: O art 17, do CP, trata do crime impossível quando existe “ineficácia absoluta do meio ou impropriedade do objeto”. Nesta fase o juiz pode adotar quatro tipos de decisão, que orientam as alegações finais da defesa, previstas nos artigos 408 a 411, do Código Penal,: • Absolvição sumária. • Desclassificação do crime • Impronúncia do réu. 39 • Pronúncia do réu. Tese: a tese a ser adotada é a de crime impossível pela absoluta ineficácia do meio. Assim, não cabe pedir a absolvição sumária, pois isto pressuporia a existência de crime, o que contrariaria a tese. Muito menos cabe a desclassificação do crime para outro. Então vai pedir a impronúncia do réu, ou seja, a improcedência da denúncia feita pelo MP. A peça será, portanto, Alegações Finais com pedido de impronúncia do réu. PEÇA Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrégia Vara do Júri da Comarca de ____________ Ref. Processo nº _____ João da Silva, já qualificado nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência apresentar as Alegações Finais com base no art 406, do Código de Processo Penal, pelos motivos abaixo: 1. Conforme consta dos autos, o réu vem sendo acusado da prática de tentativa de homicídio por ter disparado na suposta vítima. 2. Acontece que a arma utilizada pelo réu para a suposta infração penal estava desmuniciada, descarregada que fora pelo seu filho, na noite anterior à conduta apurada nos autos, uma vez que o seu filho retirara todas as balas do tambor do revólver. 3. Assim sendo, pela ineficácia absoluta do meio utilizado pelo réu (revólver demuniciado), o mesmo era absolutamente ineficaz para a consumação do delito de homicídio, fazendo com que estejamosdiante de crime impossível, conforme descrito no artigo 17, do Código Penal, in verbis: “não se pune tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 4. Nos ensina o doutrinador Celso Delmanto, em sua obra Código Penal Comentado “este artigo 17 trata do crime impossível, também chamado quase crime ou tentativa impossível. Inidônea ou inadequada. Diz o 40 dispositivo ser impossível a tentativa nas duas hipóteses que aponta: 1- ineficácia absoluta do meio; ou 2- impropriedade absoluta do objeto, que torna impossível a consumação do crime. (pág. 28, 5ª edição, ano 2000, edita Renovar). 5. No mesmo sentido segue a jurisprudência abaixo: “A tentativa de homicídio com revólver descarregado. ou cujas cápsulas já estavam deflagradas, crime impossível (RT, 57/239). 6. Sepultando o assunto, “o meio é absolutamente incapaz quando totalmente inadequado ou idôneo para alcançar o resultado criminoso. Exemplo: o revólver sem munição é absolutamente inidôneo para matar alguém a tiro” (Obra cit. pág 28). 7. Diante do exposto requer a Vossa Excelência a impronúncia do réu, conforme dispõe o art 409, do Código de Processo Penal, porque já sobejamente demonstrada a absoluta ineficácia do meio utilizado para a prática do delito que vem sendo apurado nos autos, levando-nos ao reconhecimento da atipicidade da conduta do réu. Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado OAB_________ 41 PRÁTICA DE PROCESSO PENAL – 5ºano – Professor Marcelo PRÁTICA DE PENAL – Professor Marcelo. 02.02.2009 Critérios para avaliação do examinador da OAB: 1. Adequação da peça ao problema apresentado. (Consiste na determinação da peça apropriada à questão). 2. Raciocínio jurídico. (deve transparecer na peça do candidato que ele tem, de fato, raciocínio jurídico). 3. Fundamentação e sua consistência. 4. Capacidade de interpretação e exposição. 5. Correção gramatical. 6. Técnica profissional (estética da peça). Roteiro para interpretação de um problema 1. Momento (da situação problema). Nesse sentido, existem três fases a considerar. 1ª fase: É a fase do inquérito policial, que vai até a apresentação da denúncia ou da petição inicial. Esta fase é presidida pelo Delegado de Polícia. 2ª fase: É a fase judicial. Começa com a denúncia (pelo MP) ou pela petição inicial (pelo advogado da parte, no caso de ação privada incondicionada) e termina com o trânsito em julgado da sentença. Esta fase é presidida pelo juiz singular ou pelo desembargador do Tribunal. 3ª fase: É a fase da execução da sentença, quando condenatória. Fase presidida pelo juiz da execução. Assim, conforme a situação do processo em relação a essas fases, haverá endereçamento e peça adequada a cada uma. A conjunção das três fases recebe o nome de persecução penal. 2. Tese é a determinação da linha de defesa do cliente. Como exemplo, tem-se a “falta de justa causa para o processo”. 3. Peça – 4. Endereçamento – Depende do momento do processo. 5. Pedido – o pedido é sempre relacionado com a tese. Exercício em classe: Caso: O cidadão “A”, em São Paulo, Capital, comprou do comerciante “B” um sofá no valor de R$ 3.000,00. A compra foi efetuada no dia 10 de março de 2008, sendo que o comprador pediu ao comerciante que apenas apresentasse o cheque no dia 30 do mesmo mês. O pedido foi aceito e ficou consignado no verso da cártula. Porém o acordo não foi cumprido e o referido cheque voltou sem fundos, tanto na primeira vez em que foi apresentado quanto na posterior. Por causa desses fatos, o cidadão “A” foi denunciado e processado, pelo art 171, § 42 2º, inciso VI, do Código Penal e restou condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão, com “sursis”. O réu recusou a suspensão do processo, prevista no art 89, da Lei 9099/95, no momento procedimental oportuno. A respeitável sentença foi prolatada hoje. Questão: produzir a peça adequada à espécie, em favor de “A”, perante o órgão Judiciário competente. Resolução: 1. O processo acha-se na fase judicial, exatamente na da sentença condenatória. 2. A tese a ser defendida é a da “falta de justa causa” para o ajuizamento da ação. Trata- se de cheque pré-datado, o que conforme Súmula 246, do STF, não configura cheque. Além do mais o procedimento de “A” não foi doloso, pois havia um acordo com o vendedor quanto à apresentação do cheque. E o crime previsto no art 171, do CP tem que ser doloso, pois o artigo não prevê crime culposo para o caso. A conduta de “A” não se enquadra no artigo mencionado. INEXISTE TIPICIDADE. Portanto, não há crime. 3. A peça deve ser apelação. 4. Será endereçada ao juiz da causa quanto à intenção do réu de recorrer e justificada ao Tribunal. 5. Como não há crime, será pedida a absolvição do réu. 09.02.2009 PRINCIPAIS PEÇAS Vamos fazer este estudo segundo o roteiro estabelecido acima. I - MOMENTO DO PROCESSO A – Antes da Ação Penal Peças para a defesa: 1. Relaxamento da prisão em flagrante – prevista no art 5º, LXV, da CF e art 307/310,CPP. Esta peça deverá ser endereçada ao juiz. Ela só poderá ser utilizada ocorrendo qualquer irregularidade no auto de prisão. Importante considerar que não de diz anulação do auto de prisão em flagrante. Diz-se relaxamento do auto de prisão em flagrante. 2. Liberdade provisória – previsão: art LXVI da CR e art 321/350, do CPP. Quando o auto de prisão em flagrante estiver correto pode ser pedida a liberdade provisória ao juiz em caso de crime que implique em reclusão ou ao delegado de polícia quando o crime implicar em detenção. 3. Pedido de instauração de incidente de insanidade mental - previsão legal: art 149 do CPP. Endereçamento: ao delegado de polícia. 4. Pedido de restituição de coisas apreendidas – previsão legal: art 118/120, do CPP. Peça a ser endereçada ao delegado de polícia. 43 5. Requerimento ao Delegado – previsão legal: art 5º, XXXIV, “a”, da CF e art 14, do CPP. É o direito de petição da pessoa. Peças para a acusação 1. Requerimento de Instauração de Inquérito Policial – previsão legal: art 5º, § 5º, do CPP. Peça endereçada ao delegado de polícia. 2. Representação (da vítima) – previsão legal: art 5º, § 4º, do CPP. Peça endereçada ao delegado de polícia. 3. Queixa-crime – previsão legal: art 30, do CPP e art 29, do CPP, no caso de ação privada subsidiária da pública, Esta peça será endereçada ao juiz. 4. Pedido de Restituição de Coisas Apreendidas – previsão legal: art 118/120, do CPP. Endereçada ao delegado de polícia. 5. Requerimentos ao Delegado. previsão legal: art 5º, XXXIV, “a”, da CF e art 14, do CPP. É o direito de petição da pessoa. 6. Pedido e Explicações em Juízo – previsão legal: art 144 do CP. Peça endereçada ao juiz de direito. 7. Pedido de Sequestro de bens – Previsão legal: art 125, do CPP. Tem por objetivo solicitar ao juiz que coloque em indisponibilidade um bem imóvel, para garantia futura. Endereçada, portanto, ao juiz. B – Durante a Ação Penal Para mais fácil acompanhamento da sequência do assunto, é conveniente vermos antes a dinâmica do procedimento ordinário atual em comparação com a dinâmica anterior às recentes modificações. Assim: ANTES HOJE Oferecimento da denúncia – O MP apresenta o rol de testemunhas (8) Oferecimento da denúncia (testemunhas – 8) Recebimento da denúncia, quando o juiz ao deferir o recebimento manda citar o réu para o interrogatório Recebimento da denúncia Citação Citação Interrogatório Apresentação da defesa em 10 dias, de forma expressa (CPP, art 396-A), quando podem ser apresentadas as preliminares Defesa prévia em 3 dias – é o momento de oferecer as testemunhas, sob o risco de preclusão (8) O juiz verifica se é caso de absolvição sumária. Se for, encerra-se o processo. Se não for marca audiência. A absolvição pode ocorrer mas seguintes situações(art 397): • Havendo causa de exclusão da ilicitude • Havendo causa de exclusão da culpabilidade, exceto a inimputabilidade, quando haverá 44 sentença absolutória imprópria. • Fato atípico • A punibilidade está extinta; Audiência para oitiva das testemunhas de acusação Audiência de instrução, debates e julgamento. O juiz ouve as testemunhas de acusação e de defesa, ocorre o interrogatório do réu, debates orais (20 min. para cada parte com prorrogação de 10min). Ou memorial Sentença.* Audiência para oitiva das testemunhas de defesa. Providências previstas no art 499 Alegações finais – 3 dias para cada parte. Sentença * O juiz pode acolher pedido para que o debate seja substituído por memoriais. Peças para a defesa 1. Defesa do art 396-A, do CPP – Peça endereçada ao juiz e relativa a modificação havida no CPP. Nessa peça poderrá ser pedida ao juiz a absolvição sumária do acusado. 2. Memoriais – Previsão legal: CPP, art 403, § 3º. Peça que deve ser endereça ao juiz no prazo de 5 dias. 3. Pedido de Restituição de Coisas Apreendidas. previsão legal: art 118/120, do CPP. Endereçada ao juiz 4. Pedido de Instalação de incidente de insanidade mental. previsão legal: art 149 do CPP. Endereçamento: ao juiz. 5. Pedido de Desaforamento – Previsão legal: art 427, CPP. Este pedido deverá ser endereçado ao Tribunal de Justiça. 6. Defesa Preliminar – Previsão legal: art 514, CPP e Lei 11.343/06 – Lei dos Entorpecentes. Peça endereçada ao juiz. Peça para a acusação 1. Pedido de Habilitação como Assistente de Acusação – Previsão legal: CPP, art 268. Peça a ser endereçada ao juiz. Esse assistente funciona com vistas a garantir possível futura indenização à vítima. 2. Pedido de sequesto – Previsão legal: art 125/134 do CPP. Peça endereçada também ao juiz. 3. Pedido de Restituição de Coisas Apreendidas – Previsão legal art 118/120, CPP. Endereçada ao juiz. 4. Pedido de Instalação de incidente de insanidade mental. previsão legal: art 149 do CPP. Endereçamento: ao juiz. 5. Pedido de Instauração de Incidente de Falsidade – Previsão: art 145/148. Endereçada ao juiz. 6. Pedido de Desaforamento – Previsão: CPP, art 424 – Peça endereça ao Tribunal de Justiça. 45 Observação: Todas as peças desta fase serão endereçadas ao juiz, exceto os pedidos de desaforamento, que serão endereçados ao Tribunal de Justiça. C – Decisões Recorríveis antes do Trânsito em Julgado da Sentença. 1. Apelação. Previsão: art 593, do CPP. 2. Recurso de Sentido Estrito – RESE. Previsão: ar 581, CPP 3. Embargos de Declaração – Previsão: 382 e 619, do CPP. 4. Embargos Infringentes e de Nulidade. Previsão: parágrafo único do art 609, CPP. 5. Carta Testemunhável. Previsão: CPP, art 639. 6. Correição Parcial ou Reclamação. Previsão: Regimento Interno do Tribunal e Lei de Organização Interno do Estado. 7. R. O. C (Recurso Ordinário Constitucional). Previsão: CF, art 102,II e 103, II. 8. Recurso Especial – Previsão: CF, art 105, III, 9. Recurso Extraordinário – Previsão: CF, art 102, III. 10. Agravo de Instrumento. Previsão: art 28, da Lei 8038/90. 11. Agravo Regimental. Previsão: Regimento Interno do Tribunal. Observação: das peças listadas neste item, com exceção dos Embargos Infringentes e de Nulidade, que é peça exclusiva da defesa, as demais servem tanto à defesa como à acusação. D – Decisões Recorríveis Depois do Trânsito em Julgado da Sentença e na Fase de Execução da Pena. 1. Agravo em Execução – Previsão: Lei das Execuções Penas – LEP, art 197. 2. Ação de Revisão Criminal – Previsão: CPP, art 621. 3. Pedidos Avulsos – Previsão: LEP. 4. R. O. C. – Por exemplo, recurso contra indeferimento de Habeas Corpus. Observação: Com exceção da Ação de Revisão Criminal, que é uma peça exclusiva da defesa, as demais podem ser da defesa e da acusação. E – Qualquer Momento 1. HC – Habeas Corpus – Previsão: art 5º, LXVIII, da CF e art 647, do CPP. 2. MS – Mandado de Segurança – Previsão: art 5º, LXIX, CF. II - TESE 1ª) Falta de Justa Causa para a Ação Penal O uso desta tese pode ser alegada quando ocorrer: • Fato atípico . A atipicidade do fato pode ocorrer quando faltar um dos elementos do fato típico. Assim, quando não houver conduta, não houver resultado, não houver nexo causal ou quando não houver tipicidade. Faltando um desses quatro elementos o fato será atípico e, portanto, não constitui crime. 46 • Excludentes de antijuridicidade – Ocorrendo uma das causas que exclui a antijuridicidade do fato, ele deixa de ser antijurídico e, como tal, será atípico. São quatro causas que excluem a condição de antijuridicidade, previstas no art 23 do CP 1. Agir em estado de necessidade. 2. Agir em legítima defesa. 3. Agir em estrito cumprimento do dever legal. 4. Agir no exercício regular de direito. • Excludente de culpabilidade . Em não sendo possível haver culpa do autor, não há porque haver ação penal. Então, se estiver presente uma das causas excludentes de culpabilidade, não pode haver a ação penal. São as seguintes essas causas: I - Inimputabilidade II - Inexistência de potencial de conhecimento da ilicitude III - Inexigibilidade de conduta diversa. Todavia, para usar-se a tese em questão, a inimputabilidade não pode ser considerada, pois ainda que seja inimputável o autor, o crime ocorre. Apenas ele estará sujeito não a uma pena, mas a uma medida de segurança. Portanto para alicerçar a tese em questão só valem as duas últimas causas excludentes de culpabilidade mencionadas. • Falta de provas. Embora o autor não pode ser inocentado, não há provas suficientes para condená-lo. 2ª) Falta de Justa Causa na Imposição de Pena ou Punição Excessiva. Para esta tese, não se discute a condenação ou absolvição do réu, mas a pena a que ele esteja sujeito. 3ª) Extinção da Punibilidade. Previsão legal: CP, art 107, que lista as causas de extinção da punibilidade. Há, também, a possibilidade de suspensão condicional da pena, prevista no art 77 e seguintes, do CP, pelo período de 2 a 4 anos, nos casos de execução de pena privativa de liberdade não superior a 2 anos. Durante o período de suspensão – período de prova (sursis), o condenado fica sujeito a uma série de obrigações. Cumprindo todas elas, ao final do período de prova o processo será encerrado, não ensejando qualquer consequência para o seu autor. Todavia, se ele não cumprir alguma coisa, o benefício será suspenso e ele terá que iniciar o cumprimento de sua pena. No período de prova não corre prazo prescricional. 4ª) Nulidade. É matéria processual, ou seja, relativa ao andamento do processo. A nulidade pode ser absoluta ou relativa. A nulidade absoluta poderá ser alegada em qualquer momento do processo, enquanto a nulidade relativa deverá ser alegada na primeira oportunidade sob risco de preclusão. Na alegação de nulidade deve-se alegar violação de um dos princípios constitucionais. 5ª) Arbitrariedade ou Abuso de Poder. Situação própria para emprego do Habeas Corpus. No HC não se cuida de fazer prova, pois esse instrumento já pressupõe que tudo já esteja provado. 16.02.2009 47 III – ENDEREÇAMENTO O endereçamento da peça dependerá de cada caso. Será melhor visto quando se entrar na confecção das peças. IV – PEDIDO a) O pedido de cada peça será uma conclusão lógica da tese e da peça respectiva. Assim, se a tese for de Falta de Justa Causa para a Ação Penal, logicamente o pedido será pela absolvição do réu. O assunto se fundamenta no art 386, do CPP. Cada item do artigo traz os casos em que o pedido poderá se assentar. O pedido deverá trazer especificado o seu motivo. Assim a justificativa poderá ser: 386, I – Estar provada a inexistência do fato. 386, II – Não haver prova da existência do fato. 386, III – Não constituir o fato infração penal. 386, IV – Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal. 386, V – Não
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