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Gestão de Serviços Extrajudiciais Professor Mestre Luiz Gustavo Liberato Tizzo Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Dudatt Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; TIZZO, Luiz Gustavo Liberato. Gestão de Serviços Extrajudiciais. Luiz Gustavo Liberato Tizzo. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 74 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. UNIDADE I Noções Fundamentais AUTOR Professor Mestre Luis Gustavo Liberato Tizzo ● Mestre em Direito pela UniCesumar. ● Especialista em Direito Constitucional pelo Instituto de Direito Constitucional e Cidadania - IDCC. ● Especialista em Docência do Ensino Superior pela Faculdade São Braz. ● Especialista em História dos Movimentos Sociais e das Revoluções Sociais pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. ● Atualização jurídica em Proteção Internacional dos Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa – FDUL. ● Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR. ● Professor do curso de Direito da Faculdade de Apucarana – FAP. ● Professor do curso de Direito da Unifatecie. ● Professor do curso de Direito da Universidade Norte do Paraná - UNOPAR. ● Professor de Pós-Graduação em Direito da Faculdade SMG, Rhema e Unopar. ● Coordenador da Escola Superior da Advocacia de Arapongas, Paraná. ● Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil, Subseção de Arapongas. ● Pesquisador em Direitos Humanos, Internacional, Constitucional e ● Processo Civil. ● Advogado. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/2210465457037662 Experiência de uma década na docência, tendo formado milhares de alunos que hoje atuam nas mais diversas áreas jurídicas, bem como experiência em pesquisa por meio de publicações, participação e organização de congressos no Brasil e no exterior. Advogado atuante na esfera cível, constitucional e internacional. Seja muito bem-vindo(a)! 4UNIDADE I Noções Fundamentais APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Ao estar aqui você certamente ultrapassou a primeira barreira exigida para o sen- sacional processo de aprendizado: o comodismo. Ao longo das nossas aulas, e ao longo do material que você tem em mãos, trabalharemos o conteúdo proposto no que diz respeito à gestão dos serviços jurídicos extrajudiciais. Como parte integrante do nosso estudo, refletiremos questões teóricas e questões práticas, sempre com o objetivo de lhe auxiliar a vislumbrar a aplicação de cada assunto apresentado. Junto a você nessa caminhada estarei eu, à disposição pelos meios digitais e físicos existentes. Fique à vontade para fazer uso dos canais de comunicação disponíveis, inclusive pelas redes sociais. Desejo a você um excelente estudo, muito aprendizado, muita reflexão e muito crescimento! Sempre em frente!! Sucesso!! Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço!! Prof. Tizzo UNIDADE I Noções Fundamentais SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Noções Fundamentais UNIDADE II ................................................................................................... 24 Os 4 P’s da Gestão de Serviços UNIDADE III .................................................................................................. 36 Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor UNIDADE IV .................................................................................................. 57 Gerindo Serviços com Qualidade 6 Plano de Estudo: • Conceito de Serviços; • Identi icação dos Serviços Jurídicos; • Identificação dos Serviços Extrajudiciais; • Atuação no Serviço Extrajurídico; • Código de Ética da OAB e Serviços Extrajudiciais; • Importância e Atividades do Gestor de Serviços. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar serviços; • Identificar quais são os serviços jurídicos e quais os extrajudiciais; • Compreender a atuação no serviço extrajudicial e a importância do gestor; • Analisar a relação do Código de Ética da OAB e os serviços extrajudiciais. UNIDADE I Noções Fundamentais Professor Mestre Luiz Gustavo Liberato Tizzo 7UNIDADE I Noções Fundamentais INTRODUÇÃO Olá! Que bom que você passou das primeiras páginas e agora está prestes a – efetivamente – iniciar seus estudos! O assessoramento eficiente às atividades de cartórios e de outros trabalhos jurídi- cos tem ganhado cada vez mais destaque nos últimos anos. Isso acontece principalmente porque a agilidade e excelência na logística dos processos têm sido cada vez mais requi- sitadas. É nesse cenário que o profissional de Gestão de Serviços Jurídicos ganha oportu- nidades no mercado de trabalho. O profissional formado no curso tecnólogo em Serviços Jurídicos e Notariais é res- ponsável por desempenhar funções auxiliares da área jurídica e de serviços cartoriais. Isso significa que ele pode atuar em escritórios de advocacia, tribunais, consultorias jurídicas, cartórios, órgãos policiais, entre outros. Também é possível trabalhar nas áreas jurídicas, contábeis, fiscais e de recursos humanos em empresas públicas e privadas e outras organizações que tenham áreas como essas em sua composição. Para dar início ao nosso passeio, imerso em conteúdo e aprendizado, vamos dis- correr sobre o conceito de serviços, focando – posteriormente – na definição de serviços jurídicos e extrajudiciais, expondo sobre a atuação do gestor bem como sobre a importância da sua função. Sendo assim, vamos em frente! 8UNIDADE I Noções Fundamentais 1. DOS SERVIÇOS Existem várias maneiras de conceituar serviço, e provavelmente, o ponto de partida natural seja fazer uso da definição de contrato de prestação de serviço à luz do Código Civil. Poderíamos afirmar que o instituto em questão formaliza um negócio jurídico firmado entre as partes, em que o prestador se obriga a realizar algum tipo de atividade em troca de uma contraprestação (ou seja, uma remuneração) do chamado tomador (cliente). Mas tendo em vista a especificidade do assunto a ser tratado na disciplina em questão, pode-se considerar que serviço é o conjunto de atividades realizadas para cor- responder às expectativas e necessidades de outra pessoa, a qual costuma-se denominar cliente. Assim sendo, o serviço é definido como sendo um bem não material e, como tal, os fornecedores/prestadores de serviços possuem “o saber” como principal bem e valor a ser manipulado. No âmbito das abordagens contemporâneas se verifica um amplo leque de interpretações à respeito das características dos serviços e da forma de classificá-los, refletindo focos de análise distintos. De um lado, há uma perspectiva centrada nas características de oferta, ou seja, nas características do processo de produção e do produto gerado; e de outro se nota uma vertente mais preocupada com as características de consumo, relacionadas às funções desempenhadas pelos serviços e o público a que se destinam. 9UNIDADE I Noções Fundamentais De acordo com Meireles (2006), a análise focada na oferta define três caracte- rísticas que distinguem os serviços das demaisatividades econômicas, sendo elas fluxo, variedade e uso intensivo de recursos humanos. 1. A característica de fluxo reflete fundamentalmente as propriedades de si- multaneidade e de continuidade do processo de prestação do serviço. O processo só é disparado quando há a solicitação do usuário, de modo que o serviço acontece sob a forma de fluxo, um fluxo de trabalho contínuo no tempo e no espaço. Essa simultaneidade resulta, por seu turno, em duas propriedades, que são a inestocabilidade e a incomensurabilidade. Não é possível armazenar um serviço, porque ele é consumido tão logo é produzido, daí a sua intangibilidade. Sendo inesgotável e intangível, o seu resultado é de difícil mensuração. Não se mensura um serviço nos moldes de um bem ou produto qualquer, como dúzias, quilos ou metros. 2. A segunda característica dos serviços, a variedade, se refere à diversidade de técnicas produtivas e às diferenças no tamanho e na margem de lucro das empresas prestadoras de serviço. 3. Por último, a terceira característica, o uso intensivo de recursos humanos, reflete o fato de que, apesar da crescente incorporação do progresso técnico, através de máquinas e equipamentos, os recursos humanos representam o fator produtivo predomi- nante no processo de prestação de serviço, principalmente porque serviço é uma atividade profundamente interativa e, portanto, a natureza relacional da atividade depende essencial- mente de recursos humanos para realizar a interface com os consumidores/usuários. Figura 1 - SERVIÇOS Fonte: o autor. Ao estudar o assunto, é inevitável identificar a aproximação conceitual dos serviços prestados com a previsão contida no Código de Defesa do Consumidor, mas isso não faz 10UNIDADE I Noções Fundamentais minar a previsão contratual específica encontrada no Código Civil (art. 593 ao 609). Diante disso, se justifica uma breve ponderação sobre a maneira como o Código Civil dispõe sobre serviços. Conforme já mencionado, a prestação de serviço é modalidade de contrato regu- lamentado em capítulo próprio, no Código Civil. Objetivamente serão aplicadas as regras previstas pelo Código Civil quando a relação de prestação de serviço não se configurar numa relação em emprego (esta é regida pela CLT) e tampouco por legislação especial (como é o caso do CDC). A legislação trabalhista só deve cuidar das relações contratuais que apresentam, em especial, o elemento subordinação entre as partes, além dos demais elementos indi- cados no artigo 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Neste viés, a relação do funcionário que presta serviços a terceiros com seu empregador pode ser regida pela CLT, mas o que está sendo analisado nesse momento é justamente a relação desse funcionário com o terceiro, e não com seu empregador. O que definirá a incidência ou afastamento do Código de Defesa do Consumidor na relação estabelecida é a presença – concomitante – da figura do consumidor e do fornece- dor (o que será abordado em unidade própria, mais adiante). Em suma, se na prestação de serviços houver a presença, ao mesmo tempo, de consumidor e fornecedor, o serviço será de natureza consumerista; do contrário (e não sendo uma relação de emprego), o serviço será regido pelo Código Civil. Por fim, é relevante indicar que – independentemente da natureza da relação jurí- dica do serviço – este possui elementos, sendo eles: Figura 2 - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Fonte: o autor. 11UNIDADE I Noções Fundamentais ● Capacidade e/ou Legitimidade: exigida de todas as partes envolvidas na pres- tação; ● Onerosidade: há previsão de prestação e de contraprestação, o que não signifi- ca ser – necessariamente – financeira; ● Consentimento: concordância de ambos os lados, sendo que em relação ao prestador de serviços há a incidência do dever de ofício definindo ou ao menos influenciando na ideia do “consentimento”; ● Objeto: lícito, possível, determinado ou determinável, corpóreo ou incorpóreo. ● Temporário: não é permanente em relação ao ato solicitado, mas enquanto durar a função exercida pelo prestador, sua disponibilidade será perene. Figura 3 - ELEMENTOS DO SERVIÇO Fonte: o autor. 12UNIDADE I Noções Fundamentais 2. DOS SERVIÇOS JURÍDICOS E DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS Falar de serviços jurídicos é, inevitavelmente, falar sobre jurisdição e vários elemen- tos que a compõe. De maneira sucinta, e ao mesmo tempo clara, jurisdição é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e, com isso, resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei. E qual a relação entre os serviços jurídicos e a jurisdição? A resposta é simples, podemos denominar de serviços jurídicos todas as atividades realizadas que, de alguma maneira, fazem parte das esferas jurisdicionais ou que possam ter efeitos jurisdicionais. Vamos entender melhor essa ideia segundo o art. 2° da Constituição Federal: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Deste dispositivo se extrai a premissa de que o Brasil adota o modelo tripartite de separação dos poderes, identificação três unções principais, cada uma com seu âmbito de incidência. A função ou poder Judiciário representa o que denominamos jurisdição, pois está voltada à pacificação social por meio do ato de dizer o direito (aplicar a regra jurídica) diante de cada caso concreto. E para viabilizar o julgamento diante do caso concreto são necessários inúmeros serviços que compõem a atividade jurisdicional (desde a propositura da ação até o seu encerramento); todos estes serviços podem ser identificados como serviços jurídicos. Mas não é só isso. 13UNIDADE I Noções Fundamentais Ao aplicarmos a ideia trazida pela informação anterior, vincula serviço jurídico à ativa participação do Poder Judiciário, o que não é uma necessidade propriamente dita. Existem vários serviços paralelos que evitam a ida ao Judiciário ou apresentam funções complementares, para além da existência de um processo, e devem – igualmente – ser considerado serviço jurídico. São características do serviço jurídico: a) Intangibilidade: o serviço do profissional do direito é predominantemente in- telectual, algo que o cliente não tem acesso, não é algo que possa medir ou tocar, ou seja, é intangível. Dessa maneira, deve-se procurar ao máximo esclarecer quais medidas serão tomadas na defesa dos seus interesses, qual esfera e qual o alcance da atuação. b) Inseparabilidade: não existe a possibilidade de se separar o profissional con- tratado e o serviço oferecido, porque não existem duas pessoas iguais ou que trabalhem da mesma maneira. c) Perecibilidade: o serviço jurídico não pode ser estocado, ele é intelectual e pode mudar dependendo da situação e da época. O direito é dinâmico, a cada momento ocorre uma alteração de legislação ou mesmo de interpretação sobre determinada matéria. d) Heterogeneidade: é totalmente impossível dois profissionais apresentarem ou oferecerem o mesmo tipo de serviço diante de uma atividade com padronização genérica (por exemplo, na atividade advocatícia é impossível que dois advogados trabalhem de ma- neira igual, mas no serviço cartorário costuma haver modelos a serem seguidos por todos os funcionários). Discorrido sobre serviços jurídicos, é necessário esclarecer que não se pode con- fundir serviços jurídicos com serviços judiciais. Por certo que todos os serviços judiciais são jurídicos, mas o contrário não é verdadeiro, haja vista existir serviços judiciais e extrajudi- ciais. Figura 4 - SERVIÇOS JURÍDICOS Fonte: o autor. 14UNIDADE I Noções Fundamentais Portanto, denomina-se serviço jurídico todo e qualquer serviço que tenha natureza jurídica, seja ele judicial ou extrajudicial. Sobre o serviço judicial ou extrajudicial a distinção é bastante prática: chamaremos de serviço judicial aquele prestadoem ambiente forense, ou seja, nos Fóruns e seus respec- tivos cartórios. Porém, quando o serviço for realizado fora do Poder Judiciário propriamente dito, ele será extrajudicial, por estar em ambiente externo. Há dois tipos de cartório: os judiciais e os extrajudiciais. Os primeiros também rece- bem o nome de varas. Elas são órgãos do Poder Judiciário presididos por juízes, os quais respondem pela guarda e execução de processos judiciais. Os cartórios extrajudiciais são vinculados a um tabelião ou oficial de registro. Eles recebem delegação do poder público para registrar atos extrajudiciais e fornecer certidões. Figura 5 - SERVIÇOS JURÍDICOS Fonte: o autor. 15UNIDADE I Noções Fundamentais 3. DA ATUAÇÃO NO SERVIÇO EXTRAJUDICIAL E DA IMPORTÂNCIA DO GESTOR O profissional formado no curso tecnólogo em Serviços Jurídicos é responsável por desempenhar funções auxiliares da área jurídica e de serviços de cartório. Isso significa que ele pode atuar em escritórios de advocacia, tribunais, consultorias jurídicas, cartórios, órgãos policiais, entre outros. Faz parte da sua incumbência atuar como Gestor de Serviços Jurídicos e Notariais, executando serviços de suporte e apoio técnico-administrativo a escritórios de advocacia, de auditoria jurídica, recursos humanos e departamentos administrativos, bem como auxiliar no cumprimento das determinações legais atribuídas a cartórios judiciais e extrajudiciais, realizando procedimentos e registros cabíveis, além de ser responsável pelo gerenciamento e arquivo de processos e documentos técnicos. Também é possível trabalhar nas áreas jurídicas, contábeis, fiscais e de recursos humanos em empresas públicas e privadas e outras organizações que tenham áreas como essas em sua composição. Redigir, analisar e arquivar documentos, autenticar cópias, pesquisar jurisprudên- cias, desenvolver pesquisas jurídicas e elaborar relatórios são algumas das atividades de- sempenhadas por quem faz o curso de Serviços Jurídicos e Notariais. Ou seja, o tecnólogo exerce atividades de apoio em ações que necessitam de conhecimento jurídico. Ele está apto a planejar e desenvolver trabalhos de suporte, recolhimento de infor- mações nos tribunais e atualização das bases de dados. 16UNIDADE I Noções Fundamentais Em linhas gerais, as funções exercidas por técnicos em Serviços Jurídicos são: a) Dar apoio técnico-administrativo aos profissionais graduados; b) Gerenciar e arquivar processos e documentos técnicos; c) Atender ao público, com a intenção de entender a necessidade de cada pessoa; d) Alimentar a base de dados. Tais áreas de atuação evidenciam a importância da função em análise, pois o pro- fissional em questão será peça fundamental para o bom funcionamento do órgão em que ele exerce sua atividade, responsável pelo bom funcionamento e pela gestão qualitativa do local. Para tanto, algumas características são ideais para se destacar na profissão. Saber se expressar de forma escrita para elaborar documentos e relatórios com linguagem e terminologia apropriadas, ter boa comunicação interpessoal para lidar com o atendimento ao público, adquirir conhecimento atualizado sobre legislação, entre outras, compõem o perfil de um excelente profissional da área. 17UNIDADE I Noções Fundamentais 4. DOS SERVIÇOS EXTRAJUDICIAIS E DA RELAÇÃO COM O CÓDIGO DE ÉTICA DA OAB Inicialmente é importante esclarecer que a Ordem dos Advogados do Brasil não acolheu a formação em Tecnólogo em Serviços Jurídicos entre as possibilidades relaciona- das com a categoria, limitando-se a regulamentar a profissão de advogado e, no máximo, dos estagiários que desejarem se inscrever em seu quadro. Como o curso possui também a alcunha “Gestão de Serviços Jurídicos e Notariais”, havendo matérias estudadas advindas da seara administrativa, de caráter gerencial, quis então – o Conselho Federal de Administração – abarcar esta nova profissão. Por isso, o registro profissional na área pode ser feito no Conselho Regional de Administração (CRA). É muito importante que o gestor de serviços jurídicos entenda que sua atuação não pode adentrar na esfera de atuação advocatícia, sob pena de incidir em exercício ilegal da profissão. Em que pese o reconhecimento nacional da profissão ser recente, é notório que tal atividade exista há anos em outros países, majoritariamente com a nomenclatura de “paralegal”. Como a atividade profissional não é encampada pela OAB, não há que se falar sobre a aplicação do Código de Ética oriundo da Ordem do Advogados. Todavia, diante da natureza do serviço prestado é inevitável a aglutinação dessas duas codificações deontoló- gicas (Código de Ética da OAB e Código de Ética da Administração). 18UNIDADE I Noções Fundamentais Apesar de ser regulamentações distintas, existem grandes semelhanças na maneira como se exige o comportamento do profissional, sendo que destacamos algumas abaixo. O art. 2° do Código de Ética da OAB apresenta um rol de comportamentos exigidos, os quais indicamos: I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III – velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que pos- sível, a instauração de litígios; VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; IX – pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade. De maneira correlata, o art. 2° do Código de Ética dos Profissionais da Administra- ção aduz que: Art. 2º São deveres do profissional de Administração: I - exercer a profissão com zelo e honestidade; II – defender os direitos e interesses do cliente; III - guardar sigilo sobre o que saiba em razão do exercício profissional lícito de seu ofício, IV - manter independência técnica na orientação de serviços, sem abdicar de sua dignidade e prerrogativas, seja como profissional liberal ou empregado; V - empenhar-se, continuamente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profis- sional; VI - zelar por sua reputação pessoal e profissional, bem como pelo prestígio e dignidade da profissão; VII – esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessi- dade de preservação do meio ambiente. Em relação às impossibilidades profissionais, podemos indicar restrições advindas dos dois códigos em comento, previsões essas que continuam sendo complementares. De acordo com o Código de Ética da OAB o profissional deve se abster de: 19UNIDADE I Noções Fundamentais a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvi- doso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestida- de e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituí- do, sem o assentimento deste. Já no Código do Profissional da Administração as infrações são evidenciadas no art. 3°: Art. 3º Constitui infração disciplinar: I. tratar outros profissionais ou profissões sem urbanidade, de modo a ofen- der sua dignidade, ou discriminá-los de qualquer forma; II. manter sociedade profissional que explore atividade nos campos da Admi- nistração, sem registro no CRA; III. assinar documentos elaborados por terceiros sem a sua orientação ou supervisão; IV. afastar-se, sem justificativa, de suas atividades profissionais sem comuni- car previamente ao seu cliente ou empregador; V. violar, sem justa causa, sigilo profissional;VI. pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado por colega, bem como praticar atos de concorrência desleal; VII. obstar ou dificultar a fiscalização do Conselho Regional de Administração; VIII. prejudicar, por meio de declaração, ação ou omissão, colegas de pro- fissão, entidades representativas da categoria, bem como seus membros e dirigentes; IX. induzir ou promover a convicções filosóficas, morais, ideológicas, religio- sas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exer- cício de suas funções profissionais, ou como representante do CRA ou da profissão; X. permitir a utilização de seu nome ou de seu registro profissional por orga- nização onde não ocupe cargo ou não exerça atividade profissional típica de profissional de Administração; XI. facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não ha- bilitados ou impedidos; XII. recusar-se ou omitir-se quanto ao dever de prestar contas de bens e nu- merários que lhe foram confiados em razão do exercício profissional; XIII. deixar de cumprir, as normas emanadas do Conselho Federal de Admi- nistração, e de atender às suas requisições administrativas, intimações ou notificações, no prazo determinado; XIV. praticar, no exercício da atividade profissional, ato que seja caracteriza- do como assédio moral ou sexual; XV. praticar, no exercício da atividade profissional, ato contrário à lei ou des- tinado a fraudá-la, ou contribuir para a realização de ato definido como ilícito penal; XVI. usar de artifícios enganosos ou fraudulentos para obter vantagem inde- vida; XVII. prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano a pessoas ou organizações; XVIII. incidir, no exercício da atividade, em erros reiterados que denotem inépcia profissional; XIX. exercer a profissão quando impedido por decisão do Sistema CFA/ CRAs, transitada em julgado; Ao praticar uma infração ética, o profissional estará sujeito às penalidades previstas pelo Código de Ética da categoria profissional. O Código de Ética do Conselho de Admi- nistração prevê, em seu art. 11, que a violação aos preceitos e regras previstas importam 20UNIDADE I Noções Fundamentais na aplicação de penas, as quais serão aplicadas após procedimento administrativo, sendo garantido ao acusado a ampla defesa e o contraditório. São penalidades possíveis de se sofrer: advertência escrita, censura pública, sus- pensão e o cancelamento do registro profissional, sendo que as duas últimas sanções, por serem mais graves, estão sujeitas a reexame pelo Conselho Federal, não produzindo efeitos até que a análise pelo Conselho máximo seja concluída. Figura 6 - PENALIDADES CFA Fonte: o autor. 21UNIDADE I Noções Fundamentais CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final da nossa primeira unidade didática, e nela você pôde aprender conceitos fundamentais da disciplina que estamos trabalhando. Vimos que serviço é o conjunto de atividades realizadas para corresponder às expectativas e necessidades de outra pessoa, sendo que os serviços jurídicos são todos os serviços prestados que possuam natureza jurídica, que tenham algum vínculo com o parâmetro da jurisdição, podendo ser judicial ou extrajudicial, dependendo se a ocorrência se der no âmbito forense ou não. Os serviços, de maneira geral, possuem elementos, sendo eles a Capacidade e/ou Legitimidade, a Onerosidade, o Consentimento, o Objeto, e a Temporariedade. Quando se analisam especificamente os serviços jurídicos, eles possuem elementos próprios, quais sejam, a Intangibilidade, a Inseparabilidade, a Perecibilidade e a Heterogeneidade. O profissional da área estudada é responsável por desempenhar funções auxiliares da área jurídica e de serviços de cartório. Faz parte da sua incumbência atuar como Gestor de Serviços Jurídicos e Notariais, executando serviços de suporte e apoio técnico-adminis- trativo a escritórios de advocacia, de auditoria jurídica, recursos humanos e departamentos administrativos, bem como auxiliar no cumprimento das determinações legais atribuídas a cartórios judiciais e extrajudiciais, realizando procedimentos e registros cabíveis, além de ser responsável pelo gerenciamento e arquivo de processos e documentos técnicos. Por fim, estudamos o comportamento ético do profissional, o qual exerce uma função intermediária entre a prevista na seara da Administração e na seara da Advocacia, mas se submetendo ao Código de Ética da Administração, entidade da qual será vinculado. 22UNIDADE I Noções Fundamentais SAIBA MAIS Que tal aprofundarmos nossos estudos em torno da ética profissional? Para tanto deixo aqui uma recomendação de leitura de um texto contido no seguinte endereço eletrônico: Fonte: https://editalconcursosbrasil.com.br/blog/negocios_etica-profissional/ REFLITA Você já parou para pensar sobre a importância da ética profissional em nossa carreira? Reflita sobre o assunto, e, para lhe auxiliar, deixo uma indicação de leitura: Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/carreira/o-que-e-etica-profissional-e-por-que-ela-e- -importante-para-a-sua-carreira 23UNIDADE I Noções Fundamentais MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Filadélfia (1993) Sinopse: Andrew Beckett (Tom Hanks) é um promissor advogado que trabalha para um tradicional escritório da Filadélfia. Após descobrirem que ele é portador do vírus da AIDS, Andrew é de- mitido da empresa. Ele contrata os serviços de Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro que é homofóbico. Durante o julgamento, este homem é forçado a encarar seus próprios medos e preconceitos. LIVRO Título: Gestão de Serviços Jurídicos Autor: Elton Bonfada et al. Editora: Sagah Sinopse: O setor de serviços jurídicos tem evoluído muito nos últi- mos anos em função dos constantes avanços da tecnologia. Hoje, documentos de toda ordem são criados e arquivados em meios digitais e, cada vez menos, ocupam espaços físicos. Neste livro, você vai estudar a relação entre cliente e serviço, além de medidas de qualidade na prestação de serviços, de maneira a atender as necessidades do cliente. Você vai conhecer, também, conceitos de logística e gestão da cadeia de suprimentos, gestão de pes- soas, gestão documental e técnicas modernas de trabalho com os arquivos digitais. Esta obra traz conhecimentos essenciais para profissionais que pretendem atuar na área de serviços jurídicos. 24 Plano de Estudo: • Contextualizar os 4 P’s; • Perfil; • Processos; • Procedimentos; • Pessoas; • Administração de equipe e serviços. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar os 4 P’s da gestão de serviços; • Compreender a administração da equipe e dos serviços. UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços Professor Mestre Luiz Gustavo Liberato Tizzo 25UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços INTRODUÇÃO Bem-vindo(a) à segunda unidade do nosso material didático! Nesta unidade estudaremos assuntos de fundamental importância para a com- preensão do serviço prestado. Iniciaremos nosso estudo tratando dos quatro pilares fundamentais da gestão de serviços: o perfil, os processos, os procedimentos e as pessoas. Assim, você compreenderá do que se trata cada conceito básico e como ele se estrutura para a conquista do objetivo pretendido, dentro de um serviço de qualidade. Por fim, conversaremos sobre a administração não só dos serviços prestados, mas também da equipe envolvida, partindo do reconhecimento do capital humano como principal fonte de resultado e trabalhando alguns parâmetros de liderança. Sem mais delongas, vamos aos estudos! 26UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 1. DA CONTEXTUALIZAÇÃO DOS 4 Ps DA GESTÃO DE SERVIÇOS Para desenvolver a presente unidade é importante partir de um conceito já traba- lhado na unidade anterior: o conceito de serviço. Serviço é qualquer atividade ou benefício que uma parte, no nosso caso, que uma pessoa possaoferecer a outra. Essa atividade pode ser essencialmente intangível, intelec- tual, ou ainda existente no mundo físico. É por isso que se diz que o serviço pode ou não estar ligado a um produto físico. Para que a gestão de serviços seja pautada pela coerência, eficácia e bons resul- tados, é possível identificar quatro princípios básicos, conhecidos como os 4 Ps da gestão de serviços, indicados na representação a seguir: Figura 1 - Os 4 Ps da gestão de serviços Fonte: o autor. 27UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 2. DO PERFIL Falar de perfil é analisar tanto o perfil do fornecedor (o que presta serviços) quanto o perfil do consumidor (cliente). É importante levar em consideração o tipo de cliente com o qual se lida, a fim de oferecer um atendimento personalizado, para que ele se sinta bem atendido e tenha uma boa experiência durante o processo de aquisição do serviço. Neste aspecto, reforço que serviços de natureza jurídica acontecem de maneira mais obrigatória (perante o cliente) do que voluntária. Assim, a pessoa que procura um escritório ou um cartório não o faz – geralmente – por alguma razão que lhe produz alegria. Assim, é papel de todos os que trabalham na área tornar a experiência do indivíduo mais leve e agradável, pois é comum que a situação que lhe levou àquele lugar já lhe produza suficiente sofrimento. O local em que o serviço será prestado é – igualmente – de grande valia, pois já que estamos tratando de algo intangível, algum dos elementos do serviço deve encantar o cliente, e por que não o primeiro contato? Ora, se o indivíduo deseja fazer uma escritura, o que fazer para que ele pense naquele tabelionato em detrimento do outro, ou dos outros? Se ele deseja se consultar em algum escritório, como melhorar essa experiência a fim de ser lembrado sempre positivamente? A pergunta certa a se fazer é: “Qual o perfil do público que queremos conquistar?”. É necessário traçar o perfil do público-alvo do serviço que se deseja prestar para que, assim, sejam realizados treinamentos com os funcionários baseadas nessas infor- mações. Vale ressaltar que é fundamental também que todos os envolvidos no processo da gestão de serviços conheçam bem o local trabalhado, sua história, origem, opções de serviços, formas de pagamentos, missão, valores e visão. 28UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 3. DOS PROCESSOS Por processos, se entende tudo o que envolve a compra de um produto ou a pres-tação de serviço, desde o momento em que o cliente conhece o local de aquisição até a finalização da contratação. Compreende todos os passos que envolvem, desde o cliente conhecer seu serviço até efetivamente o uso dele, são procedimentos internos a serem seguidos. Os processos internos de uma gestão de serviços devem ser mapeados e planeja- dos para que o serviço chegue de forma clara e estruturada até o cliente. Um exemplo de cuidado com os processos é a realização de treinamentos com seus funcionários, para que a primeira experiência deles realizando tarefas não seja diante de um cliente real, evitando, assim, reclamações desnecessárias. Outro fator importante para garantir o bom andamento dos processos é investir em ferramentas de gestão de tarefas. Tal investimento é importante para que todos os envol- vidos percebam a relevância de suas atividades, tanto na entrega de produtos quanto na prestação de serviços. Vale também destacar aqui que é importante estruturar processos que tenham lógica e sejam aplicáveis para todas as pessoas. Isso assegura que, em caso de mudanças no quadro de colaboradores, o andamento dos processos não será afetado de maneira negativa. 29UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 4. DOS PROCEDIMENTOS Procedimento representa um conjunto de condutas, comportamentos e maneiras de agir. Aplicando esse conceito no contexto da gestão de serviços, o procedimento pode ser entendido como um compilado de normas e formas que dirão como os clientes deverão ser atendidos. Enquanto o “Processo” considera o todo, o “Procedimento” representa cada atividade realizada dentro do processo analisado. Os procedimentos fazem parte do tratamento em que os clientes recebem dos funcionários. Quando falamos de atendimento devemos acompanhá-lo do início ao fim, inclusive acompanhando o feedback de cada cliente. Devemos tratar cada cliente separa- damente, isso fará seu serviço ser aprimorado. É importante deixar claro para os envolvidos na gestão de serviço quais são os pro- cedimentos e em quais situações eles deverão ser aplicados. Além disso, os procedimentos voltados para o atendimento aos clientes deverão ser específicos para os atendimentos presenciais e para os atendimentos online ou até mesmo via telefone. Os colaboradores devem ser muito bem preparados para tratar os clientes da me- lhor maneira possível, até mesmo em situações problemáticas e delicadas. Portanto, para garantir que os procedimentos sejam aplicados de maneira eficaz é necessário investir em treinamentos e na capacitação dos colaboradores. É importante também investir em maquinário, em tecnologia, para que não haja impedimentos. Computadores, telefones, internet, ar condicionado, poltronas e tudo mais que esteja atrelado aos procedimentos precisa estar em boas condições de uso para todas as pessoas envolvidas na cadeia de prestação do serviço (colaboradores e clientes). 30UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 5. DAS PESSOAS As pessoas são a imagem mais concreta que seu consumidor tem dos seus servi- ços. Os funcionários são os cartões de visita de uma empresa, de um cartório ou de um escritório. São eles que mantêm contato com os clientes e colocam em prática os serviços envolvidos em um processo de venda. Para que qualquer serviço possa chegar ao cliente são necessárias pessoas para operarem os processos e procedimentos. Foque em treinamentos de seus funcionários e procure uma gestão voltada para pessoas. Assim como foi dito anteriormente, a capacitação dos colaboradores é importante para prepará-los para oferecer um atendimento cada vez melhor. Mas é preciso ir além. Este “P” engloba também a comunicação interna, planos de carreira, benefícios e demais fatores que contribuirão com a motivação e comprometimento destes profissionais. 31UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços 6. DA ADMINISTRAÇÃO DA EQUIPE E DOS SERVIÇOS Tratar desse tópico é falar sobre o fluxo de informação no local de trabalho e da maneira como ele, válida e eficazmente, é repassado aos funcionários, bem como a todos que participam das etapas envolvidas no fornecimento do serviço. O fluxo de informação tem dois caminhos para se observar, ou se dará por meio das lideranças ou então pelos canais de comunicação. Por certo que um caminho não exclui o outro, pelo contrário, podem se complemen- tar (o que será verificado em um local de produção eficaz), pois um bom líder conseguirá implementar canais de informação úteis e funcionais, a ponto – inclusive – de aliar sua carga de trabalho. Um líder deve ser capaz de direcionar as informações, ter uma visão global ao re- passá-las, fazendo com que sirva de motivação para todos os demais membros da equipe. É importante que o líder compreenda sua função como representante da direção da empresa, do cartório ou do escritório, devendo se portar como um exemplo a ser seguido. As empresas com melhor desempenho costumam ser as que desenvolvem siste- máticas para que a comunicação interna ocorra e flua pelos canais de comunicação e pelas lideranças, sempre de forma cortês, educada e profissional. Fundamental será que o líder olhe adiante, alinhado com os objetivos da empresa, planejando instrumentos estratégicos atrelados à missão, visão e valores do empregador. O objetivo do alinhamento estratégico é suprir as necessidades das pessoas de se sentir 32UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços informado, sabendo o que faz e as razões pelo que faz e, acimade tudo, qual o resultado esperado. A organização será o ponto crucial de tal êxito, mapear e identificar a atuação de cada indivíduo, o alcance e a responsabilidade que lhe é depositada reduzirá ruídos, facilitará eventual substituição e permitirá uma gestão mais limpa e clara, focado em pontos mais relevantes. 33UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade aprendemos alguns pontos que são fundamentais para uma boa e eficaz gestão, não só para os serviços e atividades jurídicas, mas para toda e qualquer atividade que se pretende realizar e colocar no ambiente de consumo. A gestão de serviços pode ser compreendida e estruturada a partir de quatro pi- lares, quatro fundamentos básicos, ou até mesmo quatro dogmas. São eles: o perfil, os processos, os procedimentos e as pessoas. O perfil analisa o público alvo; o processo se desdobra sobre a compreensão do serviço a ser realizado, tudo o que compõe a cadeia de produção; o procedimento diz respeito a cada parte que acontecerá durante a prestação do serviço; e, por fim, as pessoas dizem respeito aos colaboradores, aos funcionários do local que presta o serviço em questão. Uma gestão competente reconhece, valoriza e cuida desses quatro aspectos, compreendendo que seu êxito é consequência também do respeito a esse conhecimento técnico. Por fim, foi demonstrada a importância de uma liderança comprometida com a missão, visão e valores do empregador, e – além disso – comprometida em bem se comu- nicar com todos os demais colaboradores, sendo este um ponto essencial para uma boa organização da equipe, bem como para alcançar os resultados esperados. 34UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços SAIBA MAIS No âmbito da administração é comum falar sobre os 4 Ps do Marketing, sendo menos conhecido o assunto abordado nesta unidade. Contudo sabemos que o conhecimento é sempre uma somatória e, diante disso, sugiro as seguintes leituras sobre os 4 Ps do Marketing e sobre Planos de Marketing: ● https://neilpatel.com/br/blog/4-ps-do-marketing/ ● https://www.dinamicaej.com.br/servicos/plano-de-marketing/?gclid=Cj0KCQjw- t4X8BRCPARIsABmcnOq_3T-MstT8ejzvZCyLpje9E7qapAg_iJwEE8yvEj-AKKR6Gl- D3AfcaAncnEALw_wcB REFLITA Reflita sobre a importância da ética no marketing, para tanto, deixo uma indicação de leitura: Fonte:https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552003000400004 35UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Hurricane: O Furacão Ano: 1999 Sinopse: Em junho de 1966, Rubin “Hurricane” Carter (Denzel Washington) era um forte candidato ao título mundial de boxe. Entretanto, os sonhos de Carter vão por água abaixo quando três pessoas são assassinadas num bar em Nova Jersey. Indo para casa em seu carro e passando perto do local do crime, Carter é er- roneamente preso como um dos assassinos e condenado à prisão perpétua. Anos mais tarde, Carter publica um memorial, chamado “The 16th round”, em que conta todo o caso. O livro inspira um adolescente do Brooklyn e três ativistas canadenses a juntarem forças com Carter para lutar por sua inocência. LIVRO Título: Gestão de Serviços: Lucratividade por meio de operações de satisfação dos clientes Autor: Henrique L. Corrêa e Mauro Caon Editora: Atlas. Sinopse: A obra propõe ferramentas para tratar particularidades e características das empresas de serviços, como, por exemplo, aquelas de hospitalidade, alimentação, saúde, entretenimento, co- municação, transporte, informática, comércio, educação, consulto- ria. O livro fala sobre atividades operacionais que geram a parcela “experiência” vivida pelo cliente e a parcela “física” do pacote de valor entregue ao cliente. 36 Plano de Estudo: • Conceitos de consumidor e de fornecedor; • Conceito de bens e serviços; • Direitos e deveres básicos do consumidor; • Responsabilidades dos fornecedores; • Mecanismos de reparação de danos. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar consumidor, fornecedor, bens e serviços; • Compreender os direitos e deveres do consumidor; • Estudar a responsabilidade dos fornecedores; • Analisar os mecanismos de reparação de danos. UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Professor Mestre Luiz Gustavo Liberato Tizzo 37UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor INTRODUÇÃO Olá!! E aqui estamos na terceira unidade do material!! Nesta unidade trataremos de alguns aspectos relacionados à relação de consumo, algo extremamente importante atualmente, principalmente se considerado o serviço pres- tado. A necessidade de se proteger o consumidor decorre de um fato social, por meio de uma justificativa sociológica em sua essência (desequilíbrio das relações de consumo), e uma justificativa jurídica (uma determinação advinda da Constituição Federal – art. 48, Atos das Disposições Constitucionais Transitórias). Alguns ponderam que em 1890, nos Estados Unidos, houve a primeira legislação específica a versar sobre os chamados “direitos dos consumidores”, sendo que no Brasil as primeiras legislações a respeito surgiram na década de 1970. Na verdade, é possível tornar tal informação mais precisa. No Brasil, por meio do Código Comercial de 1850, houve pioneira previsão – no arts. 629 e 632 – o qual estabeleceu direitos e obrigações dos passageiros de embarcações quando ocorresse a interrupção da viagem depois de começada por demora de conserto de navio. Nesse caso, o passageiro poderia tomar passagem em outra embarcação, pagando o preço correspondente à viagem feita. Se o passageiro quisesse esperar pelo conserto, o capitão não seria obrigado a fornecer seu sustento, exceto se o passageiro não encontrar outro navio em que comodamente se possa transportar, ou o preço da nova passagem exceder o da primeira, na proporção da viagem andada. Após isso existiram movimentos nas décadas de 30 e 50, que, embora relacionados à falta e ao alto preço dos produtos, já traziam noções básicas de proteção aos consumido- res. Mas efetivamente a década de 70 representa um marco da proteção do consumidor no Brasil diante da criação, em São Paulo, do primeiro órgão público de proteção ao consumi- dor que recebeu o nome de Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, mais conhecido como PROCON. Também nessa década houve a promulgação e implementação de normas direcionadas aos segmentos de alimentos (Decreto-lei 986/69), saúde (Decreto-lei 211/70) e habitação (Lei 6649/79 – locação e 6676/79 – loteamento). 38UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Fomentadores da defesa ao consumidor buscaram na Europa, principalmente França e Itália, trazendo a ideia para o Brasil, incluindo na Constituição a previsão da defesa específica desta categoria de jurisdicionados (art. 5o, XXXII, CF). Após previsão constitucional, o Código de Defesa do Consumidor foi promulgado em 1990, identificado como Lei 8.078. E assim estruturaremos a unidade em cinco capítulos, cinco momentos para desenvolver o conteúdo proposto. Inicialmente será abordado o conceito de consumidor e fornecedor, após o conceito de bens e serviços para então falarmos sobre os direitos básicos dos consumidores e enfim chegarmos na responsabilidade dos fornecedores e os mecanismos de reparação. Sendo assim, vamos em frente!! 39UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor 1. DO CONCEITO DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR O Código de Defesa do Consumidor apresenta normas de ordem pública e de interesse social, nos termos do art. 1° da referida codificação. Por meio dessas regras, o Estado busca controlar as relações de consumo ao estabelecer normas cogentes, ou seja, há impossibilidade de afastar a incidência da determinação legal. Conforme já mencionado, somente haverá a aplicação do Código de Defesa do Consumidor se houver uma relação de consumo. A relação de consumo pode ser concei- tuada como uma relaçãojurídica que tem como sujeitos o consumidor e o fornecedor, e tem como objeto um produto ou um serviço. Figura 1 - SUJEITOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO Fonte: o autor. 40UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor A definição de consumidor é trazida pelo art. 2° do Código de Defesa do Consumidor, o qual dispõe que “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”, e esta é a designação atribuída ao chamado “consumidor padrão”. Paralelamente ao consumidor padrão, tem-se os consumidores equiparados, os quais se encontram delimitados pelos arts. 17, 29 e pelo parágrafo único do art. 2º, note-se: Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. [...] Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. [...] Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consu- midores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Conforme mencionado, o art. 2° do CDC aponta a ideia de consumidor a ser ve- rificado na constatação de uma relação consumerista, mas precisamos lembrar que tal dispositivo não é o único ao versar sobre a figura do consumidor no Código em questão. Diante da incompletude advinda do art. 2°, basicamente duas teorias se con- solidaram para a identificação do consumidor: teoria finalista e teoria maximalista. Para a teoria finalista, é considerado consumidor quem adquire no mercado de consumo o produto ou serviço; aquele em razão de quem é interrompida a cadeia de pro- dução e circulação de certos bens e serviços, para usufruir ele mesmo, ou terceiro a quem os ceda, das respectivas funções, de modo não profissional (destinatário final econômico). Já a teoria maximalista, diferentemente da finalista, amplia o conceito de consumi- dor. Entende que a ratio legis trouxe ao ordenamento, com a Lei n.º 8.078/90, normas de regência de tudo quanto se refere a consumo, normas gerais, envolvendo todos os entes participantes do mercado econômico. Pela simples verificação de ambas as teorias se nota que seus posicionamentos se situam em polos opostos, regulamentando a experiência social de maneira extremista, o que foge à lógica básica da aplicação da norma jurídica atrelada à existência social, à realidade social. Ora, não é razoável que qualquer transação se enquadre como uma relação de consumo, o que esvaziaria boa parte dos contratos previstos pelo Código Civil; mas, de igual modo, não é pertinente que o CDC seja aplicado de maneira tão específica e exclusi- 41UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor va, o que faria, por exemplo, com que a compra de notebook ou livros, por um advogado, não seja tutelado pelo CDC, pois de alguma maneira o auxiliam em seu labor. Justamente diante da percepção do extremo, identificado pelas teorias mencio- nadas, é que o Superior Tribunal de Justiça vem, reiteradamente, fazendo uso de uma vertente intermediária, denominada de Teoria Finalista Mitigada quando decorrer inegável vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica de uma das partes, mesmo que seja pessoa jurídica, abrindo, assim, espaço para a adoção da teoria maximalista. Assim, o STJ vem demonstrando seu posicionamento protetivo considerando, por exemplo, consumidores uma empresa hoteleira em relação ao fornecedor de gás (REsp 476428) e uma empresa de confecções em relação à concessionária de energia elétrica (REsp 661145), tendo em vista a necessidade de se equilibrar as relações entre fornecedo- res e consumidores-empresários. Deve-se ter em mente que o Código de Defesa do Consumidor fez uso da teoria finalista para a identificação do consumidor padrão, todavia tal aplicabilidade vem sendo relativizada diante da análise da vulnerabilidade sobre a pessoa do consumidor. Assim como ocorre no conceito de consumidor, o Código de Defesa do Consumidor também conceitua fornecedor, e o faz no caput do art. 3°, asseverando que: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem ativi- dade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importa- ção, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços Desse modo, será considerado fornecedor todos aqueles que fazem parte da ca- deia de produção, criação, venda, distribuição e da prestação de serviços. A marca característica de um fornecedor é a habitualidade de suas atividades, sen- do aquele que coloca no mercado de consumo os seus produtos ou serviços, objetivando o lucro ou não. Em geral, o ganho de dinheiro é a verdadeira finalidade. Figura 2 - CONSUMIDOR PADRÃO Fonte: o autor. 42UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Por fim, é fundamental compreender que para a existência de uma relação de con- sumo, bem como para a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, são necessárias a presença do consumidor e do fornecedor, concomitantemente. Figura 3 - FORNECEDOR Fonte: o autor. 43UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor 2. DO CONCEITO DE BENS E SERVIÇOS Inicialmente há que se falar sobre o conceito de bens a luz do direito civil. Bens são valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito. Os bens materiais são aqueles existentes no mundo físico, com constatação material; já os bens imateriais são os bens não palpáveis, intangíveis. Outra classificação importante sobre bens diz respeito aos bens patrimoniais e não-patrimoniais. Bens jurídicos de natureza patrimonial representam todos aqueles que possam ser incorporados ao patrimônio do indivíduo. Bens jurídicos não-patrimoniais são os que não compõem o patrimônio da pessoa e que não podem ser mensurados pecunia- riamente, como a vida e a honra. Os bens podem, ainda, ser classificados em: móveis e imóveis, corpóreos e in- corpóreos, fungíveis e infungíveis, consumíveis e inconsumíveis, divisíveis e indivisíveis, Figura 4 - BENS Fonte: o autor. 44UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor singulares e coletivos, comercializáveis ou fora do comércio, principais e acessórios, e públicos ou particulares. O Código de Deesa do Consumidor não trata especificamente sobre bens, mas dedica atenção aos produtos e aos serviços, sendo este o objeto da nossa análise neste momento. Mais uma vez o código faz uso de sua redação para conceituar tais institutos, o que se nota pela leitura dos parágrafos do art. 3°. O parágrafo 1° define produto ao dispor que “Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial”. Por sua vez, o parágrafo 2° define serviço: “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, me-diante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Figura 5 - PRODUTO E SERVIÇO Fonte: o autor. Em relação ao serviço público, ou seja, aquele realizado pelo Poder Público, este só é regido pelo CDC quando for remunerado, de forma direta e voluntária, pelo consumidor. Já os serviços públicos próprios ou uti universi, remunerados por impostos ou taxas, cujo pagamento é obrigatório, independente, portanto, da vontade do contribuinte, submete-se aos ditames do direito administrativo e do direito tributário. Por exemplo, a relação do consumidor com o fornecedor de água (no caso do Paraná, com a Sanepar, é uma relação de consumo, por envolver uma tarifa; mas a relação do consumidor com o Município diante do pagamento do IPTU é uma relação tributária, que não tem qualquer incidência do Código de Defesa do Consumidor). Relevante notar que o Código atrela a identificação do produto ao que chamade “bem”, ou seja, os bens representam os produtos na relação de consumo. Já os serviços são pontuados como atividade. 45UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor É possível encontrar algumas características diferenciadoras entre produtos e serviços, entre elas destacam-se: intangibilidade, perecibilidade, inseparabilidade, variabi- lidade e posse. Figura 6 - PRODUTO x SERVIÇO Fonte: o autor. Por Intangibilidade tem-se a análise de constatação no mundo físico. Um produto, geralmente, pode ser tocado, sentido, observado, e a sua qualidade pode ser averiguada por meio desses sentidos. O serviço, por sua vez, é mais abstrato, intangível, não pode ser sentido, observado, e a sua qualidade é averiguada pelo resultado de sua prestação. Sobre a Perecibilidade, a análise diz respeito à possibilidade de armazenamento. Os produtos, em regra, podem ser armazenados, tomando espaço em estoque e com ne-cessidade de giro, podendo esgotar e até perder o prazo de validade. Com o serviço, isso normalmente não acontece, porque o seu valor é gerado no ato do consumo. A Inseparabilidade diz respeito ao que foi entregue em relação ao fornecedor e ao consumidor. Um serviço é produzido e consumido simultaneamente, sendo que a conse- quência da inseparabilidade é a presença do cliente, mas não precisa, necessariamente, ser a presença física. Já o produto é produzido, entregue e consumido em etapas diferentes. A distinção em relação à Variabilidade está relacionada ao padrão ou qualidade dos serviços, o qual pode variar de um prestador para outro ou mesmo de uma ocasião para outra. Nem sempre os serviços prestados a um cliente são iguais aos serviços prestados a outro ou ao mesmo cliente em momentos diferentes. Com os produtos há linearidade maior nesse aspecto. Por fim, tem-se a Posse. Um produto, ao ser adquirido, é transferido para o cliente, ele passa do estabelecimento para o comprador, e o comprador, por sua vez, passa a ter posse do produto. Com um serviço não se tem tal percepção. 46UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor 3. DOS DIREITOS E DEVERES BÁSICOS DO CONSUMIDOR Os direitos dos consumidores estão consagrados no art. 6° do Código de Defesa do Consumidor, o qual aduz que: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e ser- viços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, quali- dade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, indivi- duais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à preven- ção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos neces- sitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 47UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regu- lamento (BRASIL, 1990). O inciso I do art. 6º do CDC afirma que o consumidor tem, por direito básico, a proteção da vida, da saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. Tal previsão se trata, claramente, da integridade do consumidor: é de extrema necessidade que, além de o fornecedor atentar para a qualidade e fim ao qual se destina seu produto, também deve fazer com que seja preservada a segurança do consumidor e de sua saúde, certificando-se, para isso, de que seu produto ou serviço não seja nocivo, perigoso ou destrutivo a ele. O inciso II do art. 6º do CDC faz menção ao direito que o consumidor possui à educação e divulgação do consumo adequado (seguro e sustentável) dos produtos e ser- viços, estando sempre assegurado à liberdade de escolha e à igualdade nas contratações. Trata-se do direito à educação para consumo. Ainda tratando-se da importância do conhecimento nas relações de consumo, o in- ciso III do art. 6º do CDC prevê o direito à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. É tema do inciso IV do CDC o direito à proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços. Considera-se propaganda enganosa aquela que, sendo inteira ou parcialmente falsa, pode induzir o consumidor ao erro na hora da compra por conter informações errôneas ou omitidas acerca de compo- sição, quantidade, função, ou quaisquer outros dados do produto. A propaganda passa, portanto, a ser responsabilidade também do fornecedor, eis que tudo aquilo que aparece nela deve ser por ele assegurado, passando, assim, a fazer parte do contrato nas relações de consumo. É, também, direito do consumidor, a modificação das cláusulas contratuais que es- tabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosa (CDC, art. 6º, V). Trata-se da aplicação da teoria da impressão no âmbito consumerista. 48UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Ao fazer uso dos bens e serviços, os consumidores podem acabar sofrendo prejuízos (danos em decorrência desse produto ou serviço). O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6º, inciso VI, abriga o direito à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. Desta maneira, é necessário que haja indenização àquele que for prejudicado (o consumidor). O inciso VII, Art. 6º, do CDC, garante aos consumidores o acesso aos órgãos ju- diciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados. Para que seja realizada a defesa do consumidor, existem órgãos públicos, com procuradores nomeados que atuam especificamente nesta área. A assistên- cia jurídica, administrativa e a promoção da execução da defesa do consumidor – tanto na prevenção de danos quanto na reparação – é, hoje em dia, realizada pelas defensorias públicas dos Estados e da União. O consumidor, como já é sabido, é parte fragilizada na relação de consumo (ideia de hipossuficiência e vulnerabilidade), portanto deve ter o acesso à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive sendo possibilitado a este a inversão do ônus da prova no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências (CDC, Art. 6º,VIII). Essa facilitação da defesa do consumidor é uma garantia estabelecida a partir do reconhecimento de sua hipossufi- ciência jurídica, sendo necessária para que busque se estabelecer igualdade nas relações de consumo. Sendo que o Estado é, também, um fornecedor, aqueles que consomem os bens e serviços fornecidos são, por consequência disso, consumidores. Portanto, o inciso X do art. 6º do CDC dispõe que é direito básico do consumidor a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Além de existir a adequação do serviço e do bem público, e a sua disposição ao público, é necessária também, sua eficácia representada assim pelo bom cumprimento de sua função. 49UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Após falar dos direitos, é importante dedicar um tempo para refletir acerca dos deveres dos consumidores, dentre os quais podemos destacar os expostos em seguida. Em primeiro lugar tem-se a Consciência Crítica, ou seja, o dever de questionar o preço e a qualidade de produtos e serviços. Em segundo lugar fala-se sobre a Preocu- pação Social, que significa estar ciente das consequências de nosso consumo sobre os outros cidadãos. Em terceiro lugar aponta-se a Reclamação, que mais do que um direito, é um dever de consciência. Após, podemos mencionar a Solidariedade, no sentido de os consumidores se organizarem em conjunto, para a promoção e proteção dos interesses dos consumidores. Em quinto lugar indica-se a Pesquisa, como um dever pessoal de pesquisar sempre antes de comprar. Em sexto, deve-se ter em mente a Consciência do Meio Ambiente, preocupando-se sempre em preservar, conservar e proteger nossos recursos naturais. Em sétimo lugar, pontua-se a possibilidade/dever de Boicote aos comerciantes desonestos e inescrupulosos. E, finalmente, como último e talvez principal dever, temos a Honestidade, ou seja, a postura de falar sempre a verdade ao reclamar junto aos órgãos de Defesa do Consumidor, como um desdobramento do princípio da boa-fé, amplamente utilizado em todos os ramos do direito. Figura 7 - DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR Fonte: o autor. 50UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor 4. DA RESPONSABILIDADE DOS FORNECEDORES Inicialmente, para falar da responsabilidade, é necessário diferenciar defeito e vício pois, apesar de serem palavras utilizadas no dia a dia como sinônimos para o direito do consumidor, há significativa distinção. Segundo a Lei nº 8.078, o defeito ocorre, nos termos do §1º do art. 12 e §1º do art. 14, quando o produto ou o serviço não oferece a segurança que dele se espera. Já o vício do produto ou do serviço, nos dizeres do caput do art. 18 e art. 20 diz respeito à qualidade do que fora entregue. É importante identificar se o problema ocorrido deriva de vício ou de defeito pois a previsão no código é específica para cada caso. Além dessa primeira ponderação, é relevante também indicar que a responsabilida- de padrão do fornecedor, prevista pelo CDC, é a responsabilidade objetiva, ou seja, aquela verificada sem a necessidade de demonstração de culpa lato sensu (dolo ou culpa), diante do risco da atividade. É por isso que nos artigos principais que tutelam tal assunto é comum observar a expressão: “independentemente da existência de culpa”. O Código de Defesa do Consumidor prevê, a partir do art. 12, a responsabilidade pelo que se denomina fato do produto e do serviço. No artigo indicado tem-se a seguinte redação: Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela re- paração dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresen- tação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (BRASIL, 1990). 51UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor Interessante notar que, em relação ao defeito do produto, o Código faz distinção da responsabilidade do fornecedor, dividindo-o entre fornecedor fabricante, produtor, construtor, e o fornecedor comerciante. O comerciante terá – em regra – responsabilidade subsidiária, a luz do art. 13, I. Em relação ao vício do produto, a redação do art. 18 é bastante clara: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respon- dem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indi- cações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas (BRASIL, 1990). Neste caso, o vício deve ser sanado em até 30 dias (prazo este que pode ser reduzido ou ampliado a critério das partes) e, caso não haja solução nesse prazo, aí sim o consumidor poderá exigir, a sua escolha, a substituição do produto, a restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do valor. Em relação ao fornecimento de serviços viciados a previsão se encontra no art. 20: O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou men- sagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço (BRASIL, 1990). Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequa- dos, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Em relação ao dever de reparar, este compreendido como direito básico do consu- midor – conforme já pontuado, é vedada a estipulação contratual de cláusula que impossi- bilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar. Por fim, há que se falar sobre o prazo que o consumidor possui para reclamar seus direitos diante de um produto ou serviço comprometido pelo defeito ou pelo vício, conforme art. 26 e seguintes do CDC. O primeiro prazo previsto é de 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis. Em seguida tem-se o prazo de 90 dias quando se tratar de fornecimento de produtos ou serviços duráveis. E o último prazo previsto é o prazo da reparação civil, o qual será de cinco anos, contados a partir do conhecimento do dano ou de sua autoria. 52UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor 5. DOS MECANISMOS DE REPARAÇÃO DE DANOS Falar sobre reparabilidade é partir do vetor constitucional, o qual – no art. 5º, V, pre- vê o direito a indenização por dano material, moral e a imagem (BRASIL, 1990). A previsão constitucional reverbera em todos os demais regramentos atingindo, por óbvio, o Código de Defesa do Consumidor. O dano material representa prejuízo concretamente mensurável e vislumbrado a partir do patrimônio do indivíduo. O dano material é composto pelo dano emergente e pelo lucro cessante (podendo ocorrer ambos ou somente um); o dano emergente é composto pelo que efetivamente se perdeu, e o lucro cessante por aquilo que razoavelmente se deixou de ganhar. Assim sendo, se um rapaz trabalha com sua motocicleta realizando entregas por conta e sofre um acidente, seu dano material será composto pelo dano emergente (valor do conserto da moto) e lucro cessante (o que presumidamente deixou de ganhar nos dias em que não pode trabalhar em razão da necessidade da moto). O dano moral é representado, de maneira bastante objetiva,pela violação a um – ou alguns – direto(s) da personalidade. Os direitos da personalidade têm por finalidade a proteção dos direitos indispensáveis à dignidade e à integridade da pessoa; são os direitos reconhecidos à pessoa humana tomada em si mesma e em suas projeções na sociedade. Em razão de serem inatos à pessoa, possuem caráter vitalício e imprescritível. 53UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor E os danos estéticos (que constitucionalmente são chamados de dano à imagem) representam as alterações morfológicas que o indivíduo pode sofrer. Por exemplo, uma cicatriz decorrente de um acidente de consumo representa um dano estético. Todas essas modalidades de danos são indenizáveis no âmbito jurídico e – conse- quentemente – no âmbito consumerista. O art. 6º, VII, do CDC (1990), estatui que é direito básico do consumidor “o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados”. Diante disso, o consumidor que se sentir lesado poderá fazer uso dos meios ad- ministrativos e/ou judiciais para buscar o que entende ser devido, podendo buscar auxílio junto ao Procon, ao Ministério Público vinculado à proteção do consumidor, à Defensoria Pública, às Delegacias especializadas, ou até mesmo contratar um advogado para fazer uso da medida cabível. 54UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante nossas aulas, e por meio das páginas deste material, conversamos sobre alguns aspectos do direito do consumidor. Nesse momento falamos sobre consumidor e ornecedor, apresentando seus conceitos, bem como as correntes que influenciam no reconhecimento de uma relação de consumo. Aprendemos que consumidor é aquele que adquire produto ou serviço como des- tinatário final e que o ornecedor é a pessoa que disponibiliza – no mercado de consumo – produtos e serviços. Em seguida abordamos os conceitos de bens, produtos e serviços, como elementos indispensáveis para a constatação da relação analisada, bem como para a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. Por fim, tratamos dos direitos e deveres dos consumidores, bem como a responsabilidade dos fornecedores a partir da teoria da responsabilidade objetiva, identificando os mecanismos de reparação dos danos, bem como dos caminhos administrativos e judiciais à disposição da população. 55UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor SAIBA MAIS Convido você a aprofundar seus conhecimentos sobre o conceito de produto e serviço, lendo: http://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/ObrasJuridicas/cdc11.pd- f?d=636680533763406696 REFLITA Vamos refletir mais um pouco sobre a responsabilidade objetiva, prevista no Código de Defesa do Consumidor. https://migalhas.uol.com.br/coluna/abc-do-cdc/308826/a-responsabilidade-civil-objeti- va-no-cdc---parte-ii 56UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: Terra Fria Ano: 2005 Sinopse: Após um casamento fracassado, Josey Aimes (Charlize Theron) retorna à sua cidade natal, em Minnesota, em busca de emprego. Mãe solteira e com dois filhos para sustentar, ela é con- tratada pela principal fonte de empregos da região: as minas de ferro, que sustentam a cidade há gerações. O trabalho é duro, mas o salário é bom, o que compensa o esforço. Aos poucos as amizades conquistadas no trabalho passam a fazer parte do dia a dia de Josey, aproximando famílias e vizinhos. Incen- tivada por Glory (Frances McDormand), uma das poucas mulheres da cidade que trabalha nas minas, Josey passa a trabalhar no grupo daqueles que penam para arrancar o minério das pedreiras. Ela está preparada para o trabalho duro e, às vezes, perigoso, mas o que não esperava era sofrer com o assédio dos seus colegas de trabalho. Como ao reclamar do tratamento recebido é ignorada, ela decide levar à justiça o caso. LIVRO Título: Manual de direito do consumidor à luz da jurisprudência do STJ Autor: Felipe Braga Netto Editora: JusPODIVM Sinopse: Convém dizer que todas as questões relevantes e recentes de concursos públicos foram incluídas nesta edição. É sobretudo gratificante perceber como elas tratam de temas e de debates que estão – sempre estiveram – presentes no livro. A intenção permanece a mesma: oferecer um instrumento – seguro e ágil – de atualização e de compreensão do direito do consumidor no Brasil. Sempre me esforcei para manter este livro fiel ao seu propósito: ser um livro útil. Sobretudo acompanhando, de perto, cada mudança na jurisprudência do STJ, cada novo entendimen- to, harmonizando as alterações com o sistema de princípios que iluminam as relações de consumo no Brasil. A recepção deste despretensioso livro – pelas leitoras e pelos leitores de todo o Brasil – foi tão grande, e tão bonita, que o fizeram chegar, agora, à décima quinta edição (algo que, sinceramente, nunca imaginei). Só me resta agradecer e reiterar o compromisso de sempre com sua constante atualização. 57 Plano de Estudo: • Estratégias para garantir produtos de qualidade e serviços diferenciados; • Inteligência artificial, machine learning e automação; • Organização de fluxo de trabalho: Gestão de fluxo de prazos processuais e adminis- trativos, Gestão de práticas para solução de conflitos extrajudiciais e Gestão de equipe administrativa em setores de atividades jurídicas e extrajurídicas. Objetivos de Aprendizagem: • Apresentar estratégias para garantir produtos de qualidade e serviços diferenciados; • Estudar sobre inteligência artificial, machine learning e automação; • Analisar a organização de fluxo de trabalho, a gestão de fluxo de prazos proces- suais e administrativos, gestão de práticas para solução de conflitos extrajudiciais e a gestão de equipe administrativa em setores de atividades jurídicas e extrajurídicas. UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade Professor Mestre Luiz Gustavo Liberato Tizzo 58UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade INTRODUÇÃO Olá! Bem-vindo(a) à última unidade do material didático! Em breve você terá venci- do mais uma disciplina rumo a sua formação. Nesta unidade refletiremos sobre a gestão e os processos envolvidos nessa condu- ção das atividades de prestação dos serviços e produtos jurídicos. Para o desenvolvimento do conteúdo proposto dividimos a unidade em três blocos. No primeiro, serão apresentadas estratégias para garantir produtos de qualidade e serviços diferenciados. No segundo bloco estudaremos sobre inteligência artificial, machine learning e automação, bem como a maneira como esses recursos podem ser utilizados para facilitar nossas atividades. No ltimo tópico, analisaremos a organização de fluxo de trabalho, a gestão de fluxo de prazos processuais e administrativos, gestão de práticas para solução de conflitos extrajudiciais e a gestão de equipe administrativa em setores de atividades jurídicas e ex- trajurídicas, com dicas e sugestões para elevar o resultado da sua atividade e da equipe de trabalho. Então vamos em frente para, enfim, concluir o nosso estudo! 59UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade 1. DAS ESTRATÉGIAS PARA GARANTIR PRODUTOS DE QUALIDADE E SERVIÇOS DIFERENCIADOS Nota-se certa dificuldade em enxergar a natureza empresarial dos locais que prestam serviços jurídicos, e – infelizmente – a resistência em aceitar o benefício dessa associação resulta em empecilhos para fazer crescer o negócio praticado. Uma gestão de qualidade em torno de um escritório ou de um cartório parte da compreensão de que se está gerindo um negócio, uma “empresa”. O planejamento é essencial para garantir êxito em tudo aquilo que se dispõe a fazer. Não basta ter um bom produto ou um bom serviço, é preciso oferecer aos clientes qualidade, é necessário elaborarestratégias para as empresas de serviço, pois assim as organizações poderão atender satisfatoriamente seus clientes. O primeiro ponto, e certamente um dos principais para garantir êxito profissional é o atendimento ao cliente, ao consumidor. Para tanto, listamos algumas dicas válidas para garantir um atendimento de qualidade: ● Ser empático: praticar a empatia, coloque-se no lugar do seu cliente sempre que tiver algo a solucionar. Nesta dica estão incluídos, naturalmente, a educa- ção e a simpatia. ● Ser visionário: com isso você pode se antecipar o problema, tendo consciência do que pode dar errado e já ter uma solução é uma forma rápida de apresentar a saída quando algo der errado. Esteja preparado para o caos. 60UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade ● Pedir feedback: ouvir a opinião de quem usa seu produto ou serviço e levar isso em consideração para promover os ajustes necessários. ● Conheça seu cliente: e, assim, se comunique de maneira adequada. Cada pessoa tem um nível de conhecimento e cultura, e o atendimento deve conside- rar isso para fazer o adequado acolhimento do consumidor. Após tecer comentários sobre o atendimento, vamos tratar de seis estratégias para melhorar a qualidade em serviços. A primeira é o Planejamento. Com o planejamento, a gestão ficará mais assertiva e ágil. Para realizá-lo adequadamente, deve-se planejar tudo, desde as atividades da equipe, até operações futuras. Outra dica que se encaixa muito bem no planejamento, que reflete diretamente na equipe externa e na empresa como um todo, é a questão da saúde das finanças, a qual pode ser realizada por meio de uma planilha de fluxo de caixa. Com ela, é possível analisar as despesas da sua empresa e definir planos de ação durante o ano em diversos cenários. A segunda estratégia é a Gestão da equipe. Para garantir a qualidade dos serviços e manter tudo dentro do planejado, busque ferramentas que facilitem a comunicação com a equipe, e que trate com clareza as atribuições de cada componente, devendo haver monitoramento em tempo real. A terceira estratégia é o Relatório Técnico, que funcionará como uma vitrine. É por meio dele que o seu cliente verá todo o trabalho executado. Por isso, quanto mais profissional e completo estiver, mais confiabilidade haverá. Figura 1 - ATENDIMENTO DE QUALIDADE Fonte: o autor. 61UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade A quarta estratégia é o Gerenciamento de dados, pois se por um lado a qualidade na prestação de serviços depende do planejamento, por outro o planejamento depende dos dados. É um ciclo que se completa. Você só saberá o que planejar se tiver dados. Para fazer um bom gerenciamento das informações, explore ao máximo o que a tecnologia tem a oferecer, pois ela é uma ferramenta poderosa para a geração e acompanhamento de dados e dos resultados. A quinta estratégia é Ser ágil e eficiente. Procure sempre se aperfeiçoar nos processos para solucionar o problema do cliente no menor tempo possível e com maior exatidão, gerando, assim, uma maior de satisfação do cliente. Por fim, a última estratégia é: Menos burocracia, mais automatização. Para que a sua atividade seja uma referência na qualidade em serviços, você precisa de padronização. Para garantir serviços padronizados, busque criar processos fáceis e ágeis, aderentes a sua realidade. Não adianta também criar procedimentos complexos e burocráticos, pois a chance de eles serem deixados de lado durante o dia a dia é grande. Para garantir isso, use a automatização a favor da sua empresa. Se você tem formulários totalmente manuais e o técnico tem que descrever todas as respostas, a padronização fica prejudicada. Figura 2 - QUALIDADE DOS SERVIÇOS Fonte: o autor. 62UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade 2. DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, MACHINE LEARNING E AUTOMAÇÃO O mundo está em constante transformação e novas tecnologias surgem o tempo todo, facilitando as rotinas de trabalho. No mundo tecnológico há três tendências que podem colaborar positivamente: a Automação (RPA), a Inteligência Artificial, e a Machine Learning. A automação diz respeito à facilitação dos processos repetitivos, chamada de RPA, que é a sigla para Robotic Process Automation. Com isso, os procedimentos repetitivos não mais demandarão decisões humanas para a sua realização, acontecendo automaticamente. Essa automação é feita por meio de um software em uma máquina capaz de rea- lizar análises de grandes volumes de dados automaticamente. Deve-se lembrar que, para poderem ser realizadas por RPA, as tarefas precisam ser repetitivas e em grande volume. Caso contrário, pode não haver vantagem para seu uso. Outra aplicação interessante está relacionada ao processamento financeiro. A chegada de rendimentos e pagamento de contas pode ser registrada por meio de RPA, de forma a estabelecer qual o orçamento total e parcial de acordo com os pagamentos que já estão registrados ao longo do período analisado. A Inteligência Artificial diz respeito à capacidade de máquinas conseguirem realizar operações que envolvam raciocínio semelhante ao dos humanos. Ou seja, é quando os dispositivos possuem capacidade para aprender, decidir e perceber de forma inteligente. Por meio de análises, os algoritmos estabelecidos conseguem encontrar novos padrões que não eram esperados anteriormente e, com isso, o sistema pode se recombi- 63UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade nar para essas novas situações. Ou seja, para cada situação específica, um sistema com Inteligência Artificial pode dar resultados dierentes. Um exemplo claro, e que está presente no dia a dia de qualquer pessoa, são as recomendações de produtos em sites de e-commerce. Por meio dos inputs oferecidos pelos dados de navegação, o sistema consegue analisar qual o padrão específico daquela pessoa, seus possíveis gostos, indicando outros itens semelhantes poderão interessar a ela. Outro exemplo está relacionado a softwares de gestão empresarial que indicam as melhores soluções para determinados casos. Isso é possível por meio da Inteligência Artificial embutida no sistema. Por fim, a Machine Learning (Aprendizado de Máquina) é um ramo, uma subdi- visão, da Inteligência Artificial. Ela se utiliza desses recursos para aprender por meio de algoritmos e análise de banco de dados de forma autônoma. Desta forma não é necessário recombinar a programação do software manualmen- te, o que é feito de forma automática baseado no conjunto de dados processados e nas respostas confirmadas anteriormente. O sistema analisa dados complexos e aprende com as mudanças de padrões por meio de Inteligência Artificial. Um exemplo é o uso da Machine Learning no Facebook: por meio de reconhecimento facial, ele identifica padrões em uma foto e indica qual o usuário deseja marcar, até mesmo em fotos de baixa resolução. Outro exemplo ocorre em relação ao aplicativo Waze. Ele indica qual a melhor rota ao usuário a fim de chegar o mais rápido possível em seu destino. Porém, por meio dos comentários realizados pelos próprios usuários, o aplicativo redefine as rotas mais rápidas, reencaminhando os motoristas para o caminho desejado. De maneira objetiva, a Inteligência Artificial, RPA e o Machine Learning se complementam. Todos trabalhando em conjunto permitem que os processos operacionais da sua empresa sejam feitos mais rapidamente, com menos riscos de erros humanos e necessi-dade de revisão. Enquanto o RPA permite a realização de processos repetitivos, o Machine Learning, embasado em Inteligência Artificial, admite que novos inputs gerem resultados diferentes e seguros, oferecendo soluções inteligentes e rápidas, sem necessidade de mudanças nos parâmetros programáveis. Portanto, o uso de softwares que integrem esses três conceitos pode ajudar as suas rotinas de orma a garantir melhores soluções, com maior eficiência. E que trará resultadosignificativo a curto e a longo prazo. 64UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade 3. DA ORGANIZAÇÃO DE FLUXO DE TRABALHO: GESTÃO DE FLUXO DE PRA- ZOS PROCESSUAIS E ADMINISTRATIVOS, GESTÃO DE PRÁTICAS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS EXTRAJUDICIAIS E GESTÃO DE EQUIPE ADMINISTRATIVA EM SE- TORES DE ATIVIDADES JURÍDICAS E EXTRAJUDICIAIS Fluxo de trabalho é um sistema organizado de atividades padrões cujo objetivo é transformar processos em materiais, serviços ou informações. Ou seja, o fluxo de trabalho conterá todos os caminhos que serão responsáveis por integrar as áreas relacionadas à prestação do serviço. Desenvolver um fluxo de trabalho eficiente, que potencialize os resultados e mini- mize os custos, é um dos desafios de muitos gestores. A definição pode parecer um pouco técnica, mas na prática ter tudo estruturado e definido é undamental para conquistar ganho de performance e desenvolvimento. Para viabilizar tal atividade, reveja os processos atuais. Se já possui alguns pas- sos definidos, esse é o momento de repensá-los. Para isso, se reúna com os membros da equipe, escute-os e depois pondere o que é relevante. Após, de ina um objetivo. Saber onde se deseja chegar é importante para es- colher os caminhos que te levarão até este lugar. Reúna os objetivos para que, durante a transição, esse norte não se perca. Para iniciar essa organização do fluxo de trabalho, seguem duas dicas: 65UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade Além disso, a utilização de tabelas de prazos facilitará o cuidado com algo que é tão crucial em torno do ambiente jurídico. Sugere-se a realização de planilha judicial separada da planilha administrativa, identificando com clareza o responsável pela alimentação das tabelas e pelo controle do cumprimento dos prazos, bem como indicando quem deverá cumprir tais prazos. Se houver a possibilidade do uso da automação, é o momento de incluir avisos sonoros, disparos de e-mails, mensagens, sempre que um prazo não cumprido estiver próximo do seu vencimento. A gestão de conflitos se apresenta como uma interessante possibilidade de atuação. A prática acontece, majoritariamente, de forma extrajudicial, com apenas a participação das partes envolvidas e do profissional habilitado, que atuará como o grande gestor do assunto, no papel de fazer os envolvidos chegarem a um acordo. O papel do mediador é facilitar o diálogo, aproximar as partes e viabilizar esse con- tato para que os impasses sejam resolvidos. Essa atuação tem, acima de tudo, a proposta de antecipar um acordo para que não seja necessária a resolução na esfera jurídica. Assim, as partes envolvidas conseguem uma solução ágil e objetiva. Para tanto, é importante, em um primeiro momento, que o profissional perceba se há possibilidade de resolver o conflito extrajudicialmente ou não. Há casos em que sequer é viável a tentativa, como é comum em uma situação de rompimento de relacionamento diante de violência doméstica. Mas é fato que boa parte das demandas judiciais existentes poderiam ser resolvidas extrajudicialmente. No mesmo sentido, se fosse desenvolvida uma consciência de consensualidade, certamente o Judiciário estaria menos abarrotado e a celeridade poderia ser melhor observada e concretizada. Figura 3 - ORGANIZAÇÃO DO FLUXO DE TRABALHO Fonte: o autor. 66UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade Em seguida, o profissional deve perceber se o meio de chegar à desejada resolução do conflito se dará por mediação ou por conciliação. A mediação é uma orma alternativa de solução de conflitos em que um mediador (terceiro imparcial) estimulará os envolvidos a colocaram fim a um litígio existente ou po- tencial. É a atividade técnica exercida por terceiro que, escolhido ou aceito pelas partes interessadas, as escuta, orienta e estimula, sem apresentar soluções, com o propósito de lhes permitir a prevenção ou solução de conflitos de modo consensual. A realização da mediação e seus resultados não podem ser impostos pelo media- dor, razão que retira dela uma das características da jurisdição, a imperatividade. A conciliação representa, em última análise, a vontade dos próprios indivíduos no litígio para sua solução. Aqui o conciliador (terceiro imparcial) participa ativamente na construção do acordo e na colocação de um ponto final para o conflito, podendo apresentar soluções e sugestões. Em algumas situações, poderá ser usado uma equipe multidisciplinar como forma de conscientizar os envolvidos acerca dos benefícios da solução do conflito por um acordo, um ajuste de vontades a partir da concessão mútua. Finalmente tem-se o desafio de gerir uma equipe, o que, conforme o tamanho desta, será mais difícil. Definitivamente fazer as pessoas trabalharem em equipe é um grande desafio, e uma ótima maneira de começar a superar esse desafio é deixar clara a função de cada um na equipe. A mencionada clareza é importante porque, muitas vezes, as pessoas desconhecem qual é a rotina de trabalho e qual é o seu papel dentro dessa rotina do trabalho da equipe. Ao organizar uma equipe de trabalho, deixe bem claro o que o empregador espera do funcionário. Isso vai além de visão, missão e valores da empresa. Além dessas diretrizes estratégicas, mostre também o que vocês esperam de resultados dentro das atividades que cada integrante irá executar na equipe e no contexto geral do negócio. Não tem como organizar uma equipe de trabalho sem incluir novos colaboradores na equipe. Mas depois do processo de recrutamento e seleção de pessoas, você não de- veria contratar um funcionário sem ao menos saber se o entrosamento dará certo com a equipe de trabalho. Desse modo, teste o candidato com a sua equipe antes da contratação. Outra orientação é manter a linearidade das determinações. É muito importante entender que, após direcionar seus funcionários em uma tarefa, deixe que eles cumpram aquela tarefa até o fim. Sem esse cuidado, não há como coordenar uma equipe de trabalho 67UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade de forma eficiente. Mudar constantemente a direção a ser percorrida somente atrapalhará o desempenho da sua equipe. É possível que a atividade prestada pelo escritório (ou outro ambiente empresarial) seja no âmbito administrativo e judicial. Como cada área tem um conjunto de atos e proce- dimentos a serem observados, é viável montar grupos de trabalho distintos. Além desses passos, seguem outras dicas para melhorar a gestão das pessoas envolvidas (da equipe): Figura 4 - GESTÃO DA EQUIPE Fonte: o autor. 68UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade aprendemos ainda mais sobre qualidade dos serviços, gestão de conflitos e de pessoas. Conforme vimos, o planejamento é essencial para garantir êxito em tudo aquilo que se dispõe a fazer. Não basta ter um bom produto ou um bom serviço, é preciso oferecer aos clientes qualidade, é necessário elaborar estratégias para as empresas de serviço, pois assim as organizações poderão atender satisfatoriamente seus clientes. Tal qualidade se relacionada com um atendimento excepcional, o qual será assim considerado ao oferecer ao cliente empatia, em ser visionário, pedir e ouvir os feedbacks, e tendo como foco sempre o consumidor, conhecendo-o. Vimos também a possibilidade de otimizar os processos, procedimentos e resulta- dos por meio de mecanismos de automação, da utilização de recursos tecnológicos como forma de aperfeiçoamento na realização e oferta do produto e do serviço. Por fim, foi trabalhado o tema exclusivo da gestão e da organização, pois desen- volver um fluxo de trabalho eficiente, que potencialize os resultados e minimize os custos, é um dos desafios dos gestores que se pretendeu – ao longo do material – tornar mais simples de solucionar. Para tanto foram apresentadas várias dicas e sugestões com o objetivo de viabilizar um resultado melhor, em quantidadee em qualidade. 69UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade SAIBA MAIS Interessante toda essa discussão sobre inteligência artificial, não é mesmo? Deixo aqui um link para continuar seus estudos sobre “machine learning”: https://conteudo.movidesk.com/o-que-e-machine-learning/ REFLITA Seremos dominados pelas máquinas? Reflita a respeito. ● https://hypescience.com/seremos-dominados-pelas-maquinas/ ● https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/05/como-inteligencia-ar- tificial-vai-sair-do-controle-e-dominar-o-mundo.html 70UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO Título: O Informante Ano: 1999 Sinopse: Em 1994, ex-executivo da indústria do tabaco deu en- trevista bombástica ao programa jornalístico “60 Minutos”, da rede americana CBS. Dizia que os mandachuvas da empresa em que trabalhou não apenas sabiam da capacidade viciadora da nicotina como também aplicavam aditivos químicos ao cigarro, para acen- tuar esta característica. Na hora H, porém, a CBS recuou e não transmitiu a entrevista, alegando que as consequências jurídicas poderiam ser fatais. Baseando-se nesta história real, O Informante narra a trajetória do ex-vice-presidente da Brown & Williamson Jeffrey Wigand (Russell Crowe) e do produtor Lowell Bergman (Al Pacino), que o conven- ceu a falar em público. LIVRO Título: Qualidade total em serviços Autor: Alexandre Luzzi Las Casas Editora: Atlas. Sinopse: A obra propõe ferramentas para tratar particularidades e características do Marketing com quem sabe. De Alexandre Luzzi Las Casas, Qualidade Total em Serviços ― Conceitos, Exercícios, Casos Práticos ajudar empresas a obterem um nível adequado de qualidade na prestação de serviços, com conceitos atualizados e ferramentas modernas. Esta 7ª edição conta com reformulação na estrutura e inserção de recursos didáticos, como as seções Links, Saiba mais e Fique atento, além de resumos ao final de cada capítulo. Além disso, os casos também foram atualizados, trazen- do à tona exemplos de grandes empresas como Disney, Itaú e Imaginarium. Com linguagem clara e objetiva, este livro apresenta temas como: conceitos de qualidade e tipos de serviços; melhorias e ferramentas de análise; marketing interno e marketing de servi- ços; treinamento; comunicação; mecanismos de aprimoramento e controle; e implantação do processo de qualidade total. Conheça mais livros do autor aqui. 71 REFERÊNCIAS Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 10 out. 2020. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 10 out. 2020. Recurso Especial 476428 SC 2002. Disponível em: https://stj.jusbrasil.com.br/ jurisprudencia/103241/recurso-especial-resp-476428-sc-2002-0145624-5. Acesso em: 10 out. 2020. BONFADA, E. et al. Gestão de serviços jurídicos. Porto Alegre: SAGAH, 2018. BRASIL. Código Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/ L10406compilada.htm. Acesso em: 10 out. 2020. BRASIL. Código Comercial do Império do Brasil. Disponível em: https://www2. camara.leg.br/legin/fed/leimp/1824-1899/lei-556-25-junho-1850-501245-publicacaoorigi- nal-1-pl.html#:~:text=C%C3%B3digo%20Comercial%20do%20Imp%C3%A9rio%20do%20 Brasil.&text=Art.&text=Todas%20as%20pessoas%20que%2C%20na,forem%20expressa- mente%20prohibidas%20neste%20Codigo. Acesso em: 10 out. 2020. COELHO, M. V. F. Comentários ao Novo Código de Ética dos Advogados. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO. Código de Ética e Disciplina dos Profissionais de Administração. 2018. Disponível em: https://cfa.org.br/wp-content/ uploads/2018/11/resolucao_537_2018_665.pdf. Acesso em: 10 out. 2020. CORRÊA, H. L.; CAON, M. Gestão de serviços: lucratividade por meio de opera- ções e de satisfação dos clientes. São Paulo: Atlas, 2012. 72 FRANÇA, P. O controle da administração pública. 4. ed. 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Por fim, desejo que você continue firme na jornada do conhecimento, crescendo dia após dia, degrau por degrau, até conquistar o lugar desejado, e que essa trilha seja cumprida – sempre – com decência, ética e honestidade. Muito sucesso! Beijo para quem é de beijo e abraço para quem é de abraço! Prof. Tizzo UNIDADE I Noções Fundamentais UNIDADE II Os 4 P’s da Gestão de Serviços UNIDADE III Os Serviços e o Código de Defesa do Consumidor UNIDADE IV Gerindo Serviços com Qualidade