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DIREITO PROCESSUAL PENAL
COMPETÊNCIA
ATUALIZADO EM 16/04/2017
COMPETÊNCIA[endnoteRef:1][footnoteRef:1] [1: Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.] [1: Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016).] 
Competência é a medida da jurisdição, espaço dentro do qual o poder jurisdicional pode ser exercido. jurisdição todo juiz possui, mas competência não. Assim, por exemplo, o STF tem competência sobre todo território nacional, enquanto um juiz de direito tem competência apenas na comarca em que exerce as suas funções. 
Para melhor compreensão da matéria competência no processo penal, fundamental é o estudo dos princípios do juiz natural e do juiz imparcial, o que já foi feito no capítulo de princípios do processo penal, para onde remetemos novamente o leitor. 
No processo penal, a competência poderá ser absoluta ou relativa. A competência absoluta é aquela que não permite prorrogação, por envolver interesse público, podendo ser arguida a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, inclusive de ofício, sob pena de nulidade absoluta de todos os atos praticados no feito (decisórios ou instrutórios), segundo posicionamento doutrinário mais abalizado. 
Há três hipóteses de competência absoluta: 
I. Competência em razão da matéria (ratione materiae): é aquela que leva em conta a natureza da infração a ser julgada;
lI. Competência por prerrogativa de função (ratione personae): é aquela que leva em conta o cargo público ocupado por determinada pessoa que cometeu a infração penal, o que implica em um foro por prerrogativa de função;
*#DIZERODIREITO
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. Arquivamento da investigação com relação à autoridade com foro privativo e remessa dos autos para a 1ª instância para continuidade quanto aos demais Se o STF entende que não há indícios contra a autoridade com foro privativo e se ainda existem outros investigados, a Corte deverá remeter os autos ao juízo de 1ª instância para que continue a apuração da eventual responsabilidade penal dos terceiros no suposto fato criminoso. STF. 1ª Turma. Inq 3158 AgR/RO, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 7/2/2017 (Info 853).
*#DIZERODIREITO
A simples menção ao nome de autoridades detentoras de prerrogativa de foro, seja em depoimentos prestados por testemunhas ou investigados, seja em diálogos telefônicos interceptados, assim como a existência de informações, até então, fluidas e dispersas a seu respeito, são insuficientes para o deslocamento da competência para o Tribunal hierarquicamente superior. STF. 2ª Turma. Rcl 25497 AgR/RN, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/2/2017(Info 854).
	*#OUSESABER: Se um prefeito de um município do interior pratica um crime doloso contra a vida será julgado pelo tribunal do júri? 
	R: A resposta, dessa vez, é NÃO! Cuidado com a pegadinha! Aqui não se trata de aplicação da súmula vinculante 45! Não se aplica a SV 45, pois a competência para o Julgamento do Prefeito é do Tribunal de Justiça do Estado por determinação da própria CF/88 (art. 29, X). Assim sendo, não se trata de aplicação da SV 45, pois a competência para julgar os prefeitos não é estabelecida pela Constituição Estadual, mas pela própria CF.
*No caso em que, após iniciada a ação penal perante determinado juízo, ocorra modificação da competência em razão da investidura do réu em cargo que atraia foro por prerrogativa de função, serão válidos os atos processuais – inclusive o recebimento da denúncia – realizados antes da causa superveniente de modificação da competência, sendo desnecessária, no âmbito do novo juízo, qualquer ratificação desses atos, que, caso ocorra, não precisará seguir as regras que deveriam ser observadas para a prática, em ação originária, de atos equivalentes aos atos ratificados. Ex: o réu foi denunciado pelo Promotor, tendo a denúncia sido recebida pelo juízo de 1ª instância. O processo prosseguia normalmente, quando o acusado foi eleito Prefeito. Diante disso, foi declinada a competência para que o TJ julgasse a causa. No Tribunal, o processo teve prosseguimento e o réu foi condenado. Nesse caso, quando o processo chegou ao TJ, não se fazia necessária a ratificação da denúncia e dos atos praticados pelo juízo. Isso porque não se tratam de atos nulos, mas sim válidos à época em que praticados, cabendo ao Tribunal apenas prosseguir no julgamento do feito a partir daquele instante. STJ. 6ª Turma. HC 238.129-TO, Rel. originária Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 16/9/2014 (Info 556). STJ. 5ª Turma. HC 202.701-AM, Rel. Ministro Jorge Mussi, julgado em 14/5/2013 (Info 522).
*Súmula vinculante 45-STF: A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual. STF. Plenário. Aprovada em 08/04/2015 - Info 780. 
*Determinado réu foi denunciado pela prática de crime contra a Lei de Licitações. Como ele era Deputado Federal, seu processo estava tramitando no STF. Após toda a instrução, o Ministério Público apresentou alegações finais, no final de 2014, pedindo a absolvição por atipicidade da conduta. O STF designou a sessão para julgar o réu. Ocorre que essa sessão somente foi marcada para abril de 2015 e o problema é que o referido réu não conseguiu se reeleger Deputado Federal e deixou o cargo em 31/12/2014. Desse modo, no dia marcado para a sessão de julgamento, o acusado já não era mais Deputado Federal. Como o réu deixou de ser Deputado Federal, a solução tecnicamente “mais correta” a ser tomada pelo STF seria reconhecer que não era mais competente para a ação penal e declinar o processo para ser julgado por um juiz de direito de 1ª instância. A Corte adotou, no entanto, uma postura mais “moderna” ou de “vanguarda” para o caso: o STF reconheceu que não era mais competente para julgar a ação penal, mas considerou que a situação era de flagrante atipicidade (tanto que o PGR pediu a absolvição) e, por isso, entendeu que deveria ser concedido habeas corpus, de ofício, em favor do réu, extinguindo o processo penal. STF. 1ª Turma. AP 568/SP, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 14/4/2015 - Info 781. 
III. Competência funcional: é aquela que leva em conta a distribuição dos atos processuais praticados. Ela envolve três critérios: 
1. Fase do processo: quando dois juízes atuam em fases distintas do feito, a exemplo do juiz que instrui e sentencia a causa criminal e daquele responsável pela fase de execução penal, consoante o art. 65 da Lei de Execução Penal; 
2. Objeto do juízo: quando há distribuição de tarefas dentro de um mesmo processo, a exemplo do que ocorre no Tribunal do Júri, em que o juiz-presidente é responsável pela resolução das questões de direito, pela prolação da sentença e pela dosimetria da pena, ao passo que compete aos jurados a votação dos quesitos; 
É possível que a interceptação telefônica seja decretada por um juiz que atue em Vara de Central de Inquéritos Criminais mesmo que ele não seja o competente para conhecer da futura ação penal que será proposta. Não há, neste caso, nulidade na prova colhida, nem violação ao art. 1º da Lei nº 9.296/96, considerando que este dispositivo não fixa regra de competência, mas sim reserva de jurisdição para quebra do sigilo das comunicações. Em outras palavras, ele não trata sobre qual juízo é competente, mas apenas quer dizer que a interceptação deve ser decretada pelo magistrado (Poder Judiciário). Admite-se a divisão de tarefas entre juízes que atuam na fase de inquérito e na fase da ação penal. Assim, um juiz pode atuarna fase pré-processual decretando medidas que dependam da intervenção do Poder Judiciário, como a interceptação telefônica, mesmo que ele não seja o competente para julgar a ação penal que será proposta posteriormente. STF. 2ª Turma. HC 126536/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/3/2016 (Info 816).
3. Grau de jurisdição: também conhecido como competência funcional vertical, resulta no duplo grau de jurisdição, com o oferecimento de recursos, ou na competência originária dos Tribunais, em casos de foro por prerrogativa de função. 
Já a competência relativa permite prorrogação, caso não seja arguida a tempo a incompetência do foro, afinal de contas ela interessa sobretudo às partes. O desrespeito às normas de competência relativa, segundo posicionamento doutrinário prevalente, leva apenas à nulidade relativa dos atos decisórios (não são anulados os atos instrutórios, conforme melhor interpretação conferida ao art. 567 do CPP). No Processo Penal, é hipótese de competência relativa a competência territorial (ratíonelocí). Ressalte-se, porém, que, no Processo penal, a competência territorial pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, motivo pelo qual a Súmula n° 33 do STJ, que apregoa que "A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício", só tem aplicabilidade no Processo Civil. Contudo, de acordo com entendimento da doutrina, "o magistrado só poderá declarar-se de ofício incompetente até o momento processual que as partes dispunham para suscitar a mesma, qual seja, o prazo de apresentação da defesa preliminar, que é de dez dias (art. 396, CPP)" (TÁVORA; ALENCAR, 2009, p. 219).
Competência Territorial[footnoteRef:2] [2: *A banca FCC, na prova da DPE-BA, em 2016, considerou correta a seguinte alternativa sobre os critérios de expressos definição de competência no CPP: “A prerrogativa de função e o domicílio ou residência do réu.”] 
Como regra geral para definição da competência territorial, adota-se o local em que ocorreu a consumação do delito ou, no caso de tentativa, o local em que foi praticado o último ato de execução (art. 70, caput, do CPP). Essa regra consagra, no âmbito do processo penal, a teoria do resultado (local do resultado). 
Se, porém, for incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção, consoante o art. 70, § 3°, do CPP, o que significa a adoção excepcional da teoria da ubiquidade ou mista ou eclética (local da ação ou omissão ou local do resultado). 
A competência também será definida pela prevenção no caso de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, nos termos do art. 71 do CPP, resultando também na aplicação excepcional da teoria da ubiquidade.
Na hipótese de crime à distância - que é aquele em que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em outro -, há de se aplicar também, por exceção, a teoria da ubiquidade, que encontra guarida no ordenamento jurídico brasileiro no art. 6° do Código Penal, segundo o qual "Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado" (como se vê, para o Direito Penal, quanto ao lugar do crime, vale, como regra geral, a teoria da ubiquidade, ao passo que, como já visto, no Processo Penal, na definição do juízo territorialmente competente, a regra geral é a teoria do resultado). 
Desse modo, nos casos em que se permite a aplicação da lei penal brasileira, embora para crimes cometidos no estrangeiro (extraterritorialidade da lei penal brasileira, de acordo com o art. 7° do Código Penal), em apertada síntese, pode-se afirmar que será competente o juízo do local que tocar por último o território nacional, pouco importando se é o local da ação ou omissão ou do resultado, daí porque se fala na aplicação da teoria da ubiquidade. 
É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios do Brasil uma carta-bomba dirigida ao Presidente da República que se encontra na Argentina, provocando a sua morte (art. 7°, inciso 1, alínea "a", do Código Penal). Nessa hipótese, incidindo-se a lei penal brasileira, aplica-se, para fins de definição do foro competente, a regra prevista no art. 70, § ia, CPP: se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. No exemplo fornecido, competente será o foro do local do Brasil em que o agente enviou a carta-bomba pelos correios. 
Ainda com relação ao crime à distância, o art. 70, § 2°, CPP, determina que quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. Para ilustrar essa situação, basta inverter o exemplo acima fornecido.
Embora semelhantes com os crimes à distância, os crimes plurilocais com estes não se confundem, inclusive para fins de definição do foro competente. São crimes plurilocais aqueles nos quais a ação ou omissão se dá em um lugar e o resultado em outro, desde que ambos os locais se encontrem dentro do mesmo território nacional (crimes à distância envolvem sempre países distintos, sendo que a ação ou omissão ocorre em um país e o resultado em outro). É o exemplo de um indivíduo que envia pelos correios de Belo Horizonte/MG uma carta-bomba dirigida à residência da vítima em Salvador/BA, provocando a sua morte. Para tais crimes, há de ser aplicada, em regra, a teoria do resultado prevista no art. 70, caput, do CPP. No exemplo fornecido, o foro competente seria de Salvador/BA. Registre-se, porém, que há entendimento jurisprudencial no sentido de que, no caso de homicídio, deve prevalecer o juízo da ação ou omissão (teoriada atividade), como forma de privilegiar a verdade real, facilitando-se a colheita de prova, bem como para garantir uma efetiva resposta à sociedade do local em que o crime foi executado, eis que naturalmente mais interessada na sua punição. No exemplo mencionado, o foro competente seria alterado, passando a ser o de Belo Horizonte/MG. É esse o posicionamento do STJ (Informativo n° 489) e do STF (Informativo n° 715).
*#OUSESABER: O que se entende por princípio do esboço do resultado? Nos casos de crimes Plurilocais, infrações penais em que a ação e o resultado ocorrem em lugares diversos, porém ambos dentro do território nacional, o art.70 estipula que a competência deve ser regida pelo lugar em que se produziu o resultado. Todavia, de acordo com o princípio do esboço do resultado, nesses casos de crimes plurilocais, a competência em razão do lugar deve ser determinada não pelo local em que ocorreu o resultado, mas sim pelo local em que a conduta foi praticada, pois facilitaria a produção de prova e o efeito intimidatória da pena seria potencializado. Tanto STJ e STF já aceitaram a aplicação do princípio aludido, mormente em situações envolvendo o delito de homicídio, em que a conduta é praticada em um local, mas a vítima acaba morrendo em outra cidade, para onde foi deslocada, a fim de receber o tratamento médico necessário. 
#RESUMO:
Quando não se tem conhecimento sobre o local da consumação do crime, vale a regra supletiva do foro do domicílio ou residência do réu. Se o réu tiver mais de um domicílio ou residência, a competência será firmadapela prevenção (art. 72, § 1°, do CPP). E se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato (art. 72, § 2°, do CPP).
No caso de ação penal exclusivamente privada (o que exclui, portanto, a hipótese de crime submetido a ação penal privada subsidiária da pública, mas inclui a ação penal privada personalíssima), mesmo que conhecido o local da infração, o querelante pode optar pelo foro do domicílio ou residência do réu.
*Importante!!! João, famoso estelionatário que mora em Belo Horizonte (MG), ligou para a casa de Maria, uma senhora que reside em Campo Grande (MS). Na conversa, João afirmou que trabalhava no Governo e que Maria tinha direito de receber de volta R$ 10 mil de impostos pagos a mais. Para isso, no entanto, ela precisaria apenas depositar previamente R$ 1 mil a título de honorários advocatícios em uma conta bancária cujo número ele forneceu. Maria, toda contente, depositou o valor na conta bancária, pertencente a João, que no dia seguinte, foi até a sua agência, em Belo Horizonte (MG) e sacou a quantia. João praticou o crime de estelionato (art. 171 do CP). Quem será competente para processar e julgar o crime: a vara criminal de Campo Grande (lugar onde ocorreu o prejuízo) ou a vara criminal de Belo Horizonte (localidade em que o estelionatário recebeu o proveito do crime)? Belo Horizonte (local em que houve a obtenção da vantagem indevida). Compete ao juízo do foro onde se encontra localizada a agência bancária por meio da qual o suposto estelionatário recebeu o proveito do crime processar a persecução penal instaurada para apurar crime de estelionato no qual a vítima teria sido induzida a depositar determinada quantia na conta pessoal do agente do delito. A competência não é do local onde existia a agência da vítima. No caso do estelionato, o crime se consuma no momento da obtenção da vantagem indevida, ou seja, no instante em que o valor é depositado ("cai") na conta corrente do autor do delito, passando, portanto, à sua disponibilidade. STJ. 3ª Seção. CC 139.800-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/6/2015 (Info 565). A COMPETÊNCIA É DO FORO ONDE SE OBTEVE A VANTAGEM INDEVIDA!
*Em 2004, três Auditores-Fiscais do Trabalho foram assassinados na zona rural do Município de Unaí (MG) em virtude do trabalho de fiscalização que vinham realizando no local. Na época dos fatos, não havia vara federal em Unaí, motivo pelo qual a denúncia do MPF foi recebida pelo juízo da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte (MG). Alguns anos depois, foi criada a Vara Federal de Unaí (MG) e, em razão disso, o juízo da 9ª Vara Federal de Belo Horizonte declinou a competência para julgar o processo para a recém criada Vara Federal. Tanto o STF como o STJ discordaram da decisão declinatória e reafirmaram o entendimento de que a criação superveniente de vara federal na localidade de ocorrência de crime doloso contra a vida não enseja a incompetência do juízo em que já se tenha iniciado a ação penal. Incide, no caso, o princípio da “perpetuatio jurisdictionis” que, apesar de só estar previsto no CPC (art. 87 do CPC 1973 / art. 43 do CPC 2015), é aplicável também ao processo penal por força do art. 3º do CPP. Assim, o juízo da Vara de Belo Horizonte, que recebeu a denúncia (iniciando a ação penal), continua sendo competente para julgar o processo mesmo tendo sido criada nova vara. 
STF. 1ª Turma. HC 117871/MG e HC 117832/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Rosa Weber, julgados em 28/4/2015 - Info 783. 
Competência Funcional
	Ela se estabelece tendo por parâmetro a distribuição de tarefas entre órgãos dentro da mesma persecução penal. Não se confunde a competência funcional com a prerrogativa por foro de função. Quais são os três subitens da competência funcional? Competência pelas fases do processo, competência pelo objeto do juízo, competência pelos graus de jurisdição.
Competência funcional pelas fases do processo
	O legislador pode preestabelecer órgãos distintos para fases específicas do processo. É o que ocorre com a determinação de um juiz do conhecimento e outro para execução penal (organizar o desempenho funcional dos juízes). É um vetor de eficiência da Administração Pública.
Competência funcional pelo objeto do juízo
	O legislador pode estabelecer que o que foi trazido pela demanda seja parcelado em juízes distintos. Do objeto levado a juízo temos uma repartição de tarefas. Da demanda apreciada no processo poderemos conferir parcelas a figuras distintas, é o que ocorre no Júri, onde os jurados possuem competência funcional para analisar a imputação fática, votando os quesitos, ao passo que ao juiz presidente compete aplicar a lei, confeccionando a sentença de forma vinculada aos quesitos.
Competência funcional pelos graus de jurisdição
	Este critério nos permite escalonar a estrutura do Judiciário na organização do sistema recursal e, eventualmente, das ações originárias perante Tribunais, como ocorre com o habeas corpus, mandado de segurança e revisão criminal.
Competência Absoluta vs Competência Relativa
	Critério de competência absoluta é aquele fixado em favor do interesse público. Um critério de competência absoluta tem fixação constitucional. O descumprimento ocasiona nulidade absoluta. O juiz irá reconhecer de ofício. O vício não preclui e pode ser reconhecido a qualquer tempo.
	Como critério de competência relativa o que vai prevalecer é o interesse das partes. A previsão da competência relativa é infraconstitucional. O vício ocasiona nulidade relativa. Segundo Ada Pellegrini, os atos decisórios praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos. Todavia, os atos instrutórios (atos de prova) podem ser aproveitados perante o juiz competente (art. 567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela incompetência absoluta, nenhum ato será aproveitado perante o juiz competente. Quando se tratar de incompetência relativa o juiz pode reconhecer de ofício enquanto não houver preclusão. O magistrado pode declarar de ofício até a fase do artigo 397 do CPP, a fase do julgamento antecipado do mérito da causa. A Súmula 33 do STJ reconhecendo a impossibilidade do reconhecimento de oficio de nulidade relativa, não se aplica, segundo a posição prevalente ao processo penal. O vicio pelo descumprimento é passível de preclusão.
Prorrogação da Competência
	Percebe-se que o magistrado incompetente pode se transformar em competente, desde que o vício não seja arguido oportunamente. Este fenômeno é conhecido como prorrogação da competência.
	Todas as competências são de natureza absoluta, apenas o critério de competência territorial é relativa. Logo, apenas ela admite prorrogação.
Conexão e Continência
	São institutos que vão permitir reunir no mesmo processo crimes ou criminosos que poderiam ser julgados separadamente. Com isso, ee tudo é reunido, vai haver economia de atos processuais, menor dispêndio de trabalho humano e, teoricamente, mais eficiência. Além disso, a probabilidade de decisões contraditórias é eliminada. Evita politicamente decisões contraditórias que fragilizariam a respeitabilidade do Judiciário e busca dar economicidade a administração da justiça.
	São institutos de deslocamento da competência que permitem reunir no mesmo processo crimes e/ou criminosos que poderiam ser julgados separadamente.
	Finalidades:
a) Economia de atos e consequente razoável duração do processo;
b) Evitar decisões contraditórias
Conexão (art. 76, CPP)[footnoteRef:3] [3: A seguinte alternativa foi considerada correta (TJPR – 2017): Caso desclassifique infração que tenha dado causa à conexão, o juiz continuará competente para julgar os delitos remanescentes e os corréus, haja vista a regra da perpetuatio jurisdicionis.] 
Conexão nada mais é do que a interligação entre dois ou mais crimes e que, por esse fato, devem ser julgados no mesmo processo. É a interligação entre dois ou mais delitos e que por isso devem ser julgados.
Classificação:
i. Conexãointersubjetiva: é aquela onde dois ou mais crimes são praticados por duas ou mais pessoas. Temos três tipos de conexão intersubjetiva:
a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade – os crimes ocorreram nas mesmas circunstâncias de tempo e espaço. O fator de interligação são as circunstâncias idênticas e não a combinação entre os criminosos. Nela, a conexão se estabelece porque os crimes ocorreram nas mesmas circunstâncias de tempo e espaço, sendo que os infratores não estavam previamente acordados.
b) Conexão intersubjetiva concursal: neste caso, o vínculo se estabelece porque os infratores estavam previamente acordados.
c) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: os crimes se conectam pelo fato dos infratores agirem uns contra os outros. Exemplo: lesões corporais recíprocas. ATENÇÃO: o crime de rixa NÃO é um bom exemplo, pois ele caracteriza crime único (plurisubjetivo/de concurso necessário) e na conexão precisamos de ao menos dois delitos.
ii. Conexão teleológica (lógica ou finalista): é a conexão do lucro, do aproveitamento. Nela, um crime é praticado para levar vantagem, para criar impunidade ou para ocultar outro delito Exemplo: homicídio e ocultação de cadáver.
iii. Conexão instrumental ou probatória: nela, a prova da existência de um crime é fundamental para demonstrar que outro delito ocorreu. Na conexão probatória há um vínculo. Exemplo: conexão entre o crime de receptação e o delito antecedente, como o roubo ou contrabando do objeto (é necessário provar a origem ilícita do bem).
Continência
É o instituto que nos permite reunir em um processo único dois ou mais criminosos que praticaram um só delito ou dois ou mais delitos que se originam de uma só conduta. 
Classificação:
i. Continência por cumulação subjetiva: nela, teremos um só crime praticado por duas ou mais pessoas (art. 77, I, CPP).
ii. Continência por cumulação objetiva: nela, teremos uma só conduta que deságua na prática de duas ou mais infrações. Percebe-se que em havendo concurso formal de crimes (art. 70, 73 e 74, CP), todos os resultados lesivos são reunidos em um só processo por força da continência (art. 77, II, CPP).
Foro prevalente
É o juiz ou tribunal que chama para si a responsabilidade de julgar todos os crimes e/ou infratores nas hipóteses de conexão ou continência. 
Regras definidoras:
a) Justiça Especial > Justiça Comum: Percebe-se que a justiça especial prevalece sobre a justiça comum, de forma que se um delito da justiça especializada é conexo com outro da justiça comum, reuniremos tudo na justiça especial. Observação: essa regra NÃO se aplica a justiça militar, pois ela não se mistura (art. 79, I, CPP). Segundo o STJ, na Súmula 122, a justiça federal em que pese ser comum prevalece sobre a estadual.
b) Júri > Órgãos da jurisdição comum: Percebe-se que o Júri é o órgão prevalente, julgando os crimes dolosos contra a vida e todas as infrações comuns eventualmente conexas. Nesta regra, podem ser atraídas ao Júri até mesmo as infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitando-se, contudo, os institutos benéficos dos Juizados Especiais Criminais (art. 60, parágrafo único, Lei nº 9.099/95). Se um crime doloso contra a vida é conexo com um crime federal, as infrações serão reunidas perante o Júri Federal. O Júri não se mistura com a justiça especial, exigindo-se a separação de processos.
c) Jurisdição de maior hierarquia > Jurisdição de menor hierarquia: Por esta regra, percebe-se que se o cidadão comum pratica crime com uma autoridade, ambos serão julgados em processo único no tribunal competente para julgar a autoridade. Segundo o STF, na súmula 704, não há ofensa a garantias constitucionais quando o cidadão comum é julgado no tribunal por praticar crime com autoridade que usufrui do foro por prerrogativa de função.
*Em regra, havendo a aposentadoria do Desembargador, ele deixa de ter foro por prerrogativa de função no STJ e passa a ser julgado em 1ª instância. Se houver, no entanto, outros réus com foro privativo no STJ, é possível que este Tribunal reconheça que existe conexão entre os fatos e que será útil ao deslinde da causa que os réus continuem a ser julgados conjuntamente. Neste caso, não haverá desmembramento e o réu sem foro privativo será julgado também no Tribunal com os demais. Este procedimento não viola a CF/88, conforme definido na Súmula 704-STF. STF. 1ª Turma. HC 131164/TO, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2016 (Info 827).
*Na chamada "operação Lava Jato", o STF decidiu desmembrar um dos feitos, ficando no Supremo a investigação relacionada com o Deputado Federal "EC" e sendo remetido de volta para a Vara Federal de Curitiba o processo que apura a conduta dos demais réus (supostos comparsas do parlamentar). Depois do desmembramento, durante a oitiva de um réu colaborador na 1ª instância, este revelou novos fatos criminosos que teriam sido praticados por "EC". Essa oitiva foi correta e não houve usurpação de competência do STF. Só se poderia dizer que houve violação da competência do STF se o juiz federal tivesse realizado medidas investigatórias dirigidas ao Deputado Federal, não podendo ser considerada medida de investigação o simples fato de ele ter ouvido réu colaborador e este ter mencionado a participação de "EC" durante a audiência. É comum que, em casos de desmembramento, ocorra a produção de provas que se relacionem tanto com os indivíduos investigados na 1ª instância, como o dos demais réus com foro privativo. A existência dessa coincidência não caracteriza usurpação de competência. Em suma, a simples menção do nome do reclamante em depoimento de réu colaborador, durante a instrução em 1ª instância, não caracterizaria ato de investigação, ainda mais quando houve prévio desmembramento, como no caso. STF. Plenário. Rcl 21419 AgR/PR, Rel. Min.Teori Zavascki, julgado em 7/10/2015 (Info 802). 
COMPETÊNCIA – MATERIAL COMPLEMENTAR
CR:  Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da Uniãoou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções (SALVO NO CASO DE PRERROGATIVA DE FORO) e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A – as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves[footnoteRef:4], ressalvada a competência da Justiça Militar; [4: A banca CESPE considerou correta, na prova do TJDFT/2016, a seguinte alternativa: “Indivíduo que pratique crime a bordo de aeronave estrangeira em espaço aéreo brasileiro, será processado e julgado pela justiça da comarca em cujo território ocorrer o pouso ou pela comarca de onde houver partido a aeronave.”] 
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
COMPETÊNCIA FEDERAL: O fato de o delito ter sido cometido por brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da justiça federal. STF. 1ª Turma. HC 105461/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/3/2016 (Info 819)[footnoteRef:5] [5: Ver todo o julgado: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/04/info-819-stf1.pdf] 
*O art. 109, IX, da CF/88 afirma que compete à Justiça Federal julgar os crimes praticados a bordo de navios ou aeronaves, com exceção daqueles que forem da Justiça Militar. Navio é embarcaçãode grande porte. Para que o crime seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio seja uma “embarcação de grande porte”. Assim, se o delito for cometido a bordo de um pequeno barco, lancha, veleiro etc., a competência será da Justiça Estadual. Aeronave voando ou parada: a competência será da Justiça Federal mesmo que o crime seja cometido a bordo de uma aeronave pousada. Não é necessário que a aeronave esteja em movimento para a competência ser da Justiça Federal. Navio em situação de deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento: para que o crime cometido a bordo de navio seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio esteja em deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento (ex: está parado provisoriamente no porto, mas já seguirá rumo a outro país). Se o navio estiver atracado e não se encontrar em potencial situação de deslocamento, a competência será da Justiça Estadual. STJ. 3ª Seção. CC 118.503-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/4/2015 (Info 560). 
	JUSTIÇA FEDERAL
	DEMAIS “JUSTIÇAS”
	715/STF - Conflito de competência e crimes conexos
A 2ª Turma denegou habeas corpus e reconheceu a competência da justiça federal para processar e julgar crimes de estupro e atentado violento ao pudor conexos com crimes de pedofilia e pornografia infantil de caráter transnacional.
	511/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO PENAL 
É da competência da Justiça estadual o julgamento de contravenções penais, mesmo que conexas com delitos de competência da Justiça Federal.
*#OUSESABER: Em regra, a competência para o processo e julgamento das contravenções penais é da Justiça Estadual. No entanto, se o contraventor for detentor de foro por prerrogativa de função (e se essa prerrogativa impor julgamento perante Tribunal federal ou nacional), a competência sairá do âmbito da Justiça Estadual e passará a ser de Tribunal federal ou nacional. (Cunha, Rogério Sanches, Manual de Direito Penal - Parte Geral, pág. 152).
	694/STF - Competência: policiamento ostensivo e delito praticado por civil contra militar
Compete à justiça federal comum processar e julgar civil, em tempo de paz, por delitos alegadamente cometidos por estes em ambiente estranho ao da Administração castrense e praticados contra militar das Forças Armadas na função de policiamento ostensivo,que traduz típica atividade de segurança pública.
OBS: o tema ainda é polêmico, havendo decisões em sentido contrário.
	527/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DE CRIME DE VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS.
Não comprovada a procedência estrangeira de DVDs em laudo pericial, a confissão do acusado de que teria adquirido os produtos no exterior não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal para processar e julgar o crime de violação de direitoautoral previsto no art. 184, § 2º, do CP. Preliminarmente, embora o STF tenha se manifestado pela existência de repercussão geral acerca da definição de competência para processamento de crime de reprodução ilegal de CDs e DVDs em face da eventual transnacionalidade do delito (RE 702.560-PR), a matéria ainda não foi dirimida. Nesse contexto, conforme decisões exaradas neste Tribunal, caracterizada a transnacionalidade do crime de violação de direito autoral, deve ser firmada a competência da Justiça Federal para conhecer da matéria, nos termos do art. 109, V, da CF. Contudo, caso o laudo pericial não constate a procedência estrangeira dos produtos adquiridos, a mera afirmação do acusado não é suficiente para o deslocamento da competência da Justiça Estadual para a Justiça Federal. Ademais, limitando-se a ofensa aos interesses particulares dos titulares de direitos autorais, não há que falar em competência da Justiça Federal por inexistir lesão ou ameaça a bens, serviços ou interesses da União. Precedentes citados: CC 125.286-PR, Terceira Seção, Dje 1/2/2013, e CC 125.281-PR, Terceira Seção, DJe 6/12/2012. CC 127.584-PR, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 12/6/2013. 3ª Seção.
	532/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. DEFINIÇÃO DA COMPETÊNCIA PARA APURAÇÃO DA PRÁTICA DO CRIME PREVISTO NO ART. 241 DO ECA.
Não tendo sido identificado o responsável e o local em que ocorrido o ato de publicação de imagens pedófilo-pornográficas em site de relacionamento de abrangência internacional, competirá ao juízo federal que primeiro tomar conhecimento do fato apurar o suposto crime de publicação de pornografia envolvendo criança ou adolescente (art. 241 do ECA). Por se tratar de site de relacionamento de abrangência internacional – que possibilita o acesso dos dados constantes de suas páginas, em qualquer local do mundo, por qualquer pessoa dele integrante – deve ser reconhecida, no que diz respeito ao crime em análise, a transnacionalidade necessária à determinação da competência da Justiça Federal.
*Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material pornográfico envolvendo criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B do ECA), quando praticados por meio da rede mundial de computadores (internet). STF. Plenário. RE 628624/MG, Rel. Orig. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28 e 29/10/2015 (repercussão geral) (Info 805). A competência territorial é da Seção Judiciária do local onde o réu publicou as fotos, não importando o Estado onde se localize o servidor do site: STJ. CC 29.886/SP, julgado em 12/12/2007.
	520/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ACUSADO DE CAPTAR E ARMAZENAR, EM COMPUTADORES DE ESCOLAS MUNICIPAIS, VÍDEOS PORNOGRÁFICOS, ORIUNDOS DA INTERNET, ENVOLVENDO CRIANÇAS E ADOLESCENTES.
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar acusado da prática de conduta criminosa consistente na captação e armazenamento, em computadores de escolas municipais, de vídeos pornográficos oriundos da internet, envolvendo crianças e adolescentes.
	518/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR ESTELIONATO PRATICADO MEDIANTE FRAUDE PARA A CONCESSÃO DE APOSENTADORIA.
No caso de ação penal destinada à apuração de estelionato praticado mediante fraude para a concessão de aposentadoria, é competente o juízo do lugar em que situada a agência onde inicialmente recebido o benefício, ainda que este, posteriormente, tenha passado a ser recebido em agência localizada em município sujeito a jurisdição diversa. Segundo o art. 70 do CPP, a competência será, em regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, o que, em casos como este, ocorre no momento em que recebida a indevida vantagem patrimonial. Assim, embora tenha havido a posterior transferência do local de recebimento do benefício, a competência já restara fixada no lugar em que consumada a infração. CC 125.023-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 13/3/2013. 3ª Seção.
	Compete à Justiça Estadual – e não à Justiça Federal – o julgamento de ação penal em que se apure a possível prática de sonegação de ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica privada, ainda que esta mantenha vínculo com entidade da administração indireta federal. resulta prejuízo apenas para o ente tributante, pessoa jurídica diversa da União – no caso de ISSQN, Municípios ou DF. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	A Justiça Federal é a competente para processar e julgar os crimes de roubo praticados contra carteiro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) no exercício de sua função, com fulcro no disposto do art. 109, IV, da CF. Segundo ponderou o Min. Relator, não obstante os objetos subtraídos pertencerem a particulares, no momento do cometimento da infração, eles se encontravam sob a guarda e responsabilidade da ECT. Logo, o delito de roubo teria atingido, de forma direta, bens, serviços e interesses da empresa pública federal. Destacou-se que, tanto no crime de furto quanto no de roubo, o sujeito passivo não é apenas o proprietário da coisa móvel, mas também o possuidor e, eventualmente, até mesmo o mero detentor. (STJ, 2011)STJ Súmula 42: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento.
	Compete à Justiça Federal processar e julgar as ações penais relativas a desvio de verbas originárias do Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente de se tratar de valores repassados aos Estados ou Municípios por meio da modalidade de transferência “fundo a fundo” ou mediante realização de convênio. Isso porque há interesse da União na regularidade do repasse e na correta aplicação desses recursos, que, conforme o art. 33, § 4º, da Lei 8.080/1990, estão sujeitos à fiscalização federal, por meio do Ministério da Saúde e de seu sistema de auditoria. Cabe ressaltar, a propósito, que o fato de os Estados e Municípios terem autonomia para gerenciar a verba destinada ao SUS não elide a necessidade de prestação de contas ao TCU, tampouco exclui o interesse da União na regularidade do repasse e na correta aplicação desses recursos. Súmula 208 do STJ. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	Crime de concussão praticado por médico em hospital credenciado ao SUS. Justiça Estadual.
	STJ Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
	Compete à justiça estadual o julgamento de ação penal em que se apure crime de esbulho possessório efetuado em terra de propriedade do Incrana hipótese em que a conduta delitiva não tenha representado ameaça à titularidade do imóvel e em que os únicos prejudicados tenham sido aqueles que tiveram suas residências invadidas. Nessa situação, inexiste lesão a bens, serviços ou interesses da União, o que exclui a competência da justiça federal, não incidindo o disposto no art. 109, IV, da CF. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	STJ Súmula 122 – Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.
ATENÇÃO: penso que esta súmula está em vias de superação. O STJ tem decidido que haveria separação de processos.
	Crime cometido contra consulado estrangeiro. Justiça Estadual.
#MUDANÇADEENTENDIMENTO
#ENTENDIMENTOSUPERADO.
*#ATUALIZAÇÃO: No RE 831.996, em 2015, o STF entendeu que, como o Brasil se compromete, por tratado, a proteger as repartições consulares, a responsabilidade é da União. O funcionamento da repartição consular decorre diretamente das relações diplomáticas que a União mantém com os Estados estrangeiros. Se há ofensa aos bens da União, a competência é da JF.
	STJ Súmula 165 – Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista.
	Crime de dano cometido contra bens tombados. Se o bem foi tombado por um Estado-membro, competência da Justiça Estadual.
	Crime de dano cometido contra bens tombados. Se o bem foi tombado pela União, competência da Justiça Federal.
	STJ Súmula 209 - Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
	STJ Súmula 208 - Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
	STJ Súmula 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
	STJ Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
	A competência para processar e julgar crimes praticados contra a honra de promotor de justiça do Distrito Federal no exercício de suas funções é da Justiça comum do DF, visto que, embora organizado e mantido pela União, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios não é órgão federal. Isso porque o MPDFT faz parte da estrutura orgânica do DF, entidade política equiparada aos estados-membros (art. 32, § 1º, da CF). (STJ, 3ª Seção, 2012)
	Compete à Justiça Federal processar e julgar a conduta daquele que, por meio de pessoa jurídica instituída para a prestação de serviço de factoring, realize, sem autorização legal, a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, sob a promessa de que estes receberiam, em contrapartida, rendimentos superiores aos aplicados no mercado. Isso porque a referida conduta se subsume, em princípio, ao tipo do art. 16 da Lei 7.492/1986 (Lei dos Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), consistente em fazer “operar, sem a devida autorização, ou com autorização obtida mediante declaração falsa, instituição financeira, inclusive de distribuição de valores mobiliários ou de câmbio”. Ademais, nessa hipótese, apesar de o delito haver sido praticado por meio de pessoa jurídica criada para a realização de atividade de factoring, deve-se considerar ter esta operado como verdadeira instituição financeira, justificando-se, assim, a fixação da competência na Justiça Federal. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	Após o cancelamento da súmula 91, o STJ firmou o entendimento, em vários acórdãos, de que, quando não há evidente lesão a bens, serviços ou interesse da União, autarquias ou empresas públicas (art. 109 da CF), compete à Justiça estadual, de regra, processar e julgar crime contra a fauna, visto que a proteção ao meio ambiente constitui matéria de competência comum à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal (art. 23, VI e VII, da CF). (STJ, 2011)
	Crimes relacionados à apreensão em cativeiro de animais da fauna exótica: Justiça Federal, por que cabe ao IBAMA autorizar o ingresso e a posse desses animais no Brasil (STJ).
Crime de extração ilegal de recursos minerais.
Crime ambiental relacionado com organismos geneticamente modificados.
	A questão resume-se em saber se há conexão entre os delitos de moeda falsa e receptação para justificar a competência da Justiça Federal para processá-los e julgá-los. A Seção entendeu ser competente a Justiça comum estadual para julgar o feito referente ao crime de receptação (art. 180, caput, do CP) e a Justiça Federal, ao crime de moeda falsa (art. 289, § 1º, do CP), pois não estão presentes quaisquer causas de modificação de competência inseridas nos arts. 76 e 77 do CPP, o que, por consequência, afasta a aplicação da Súm. n. 122-STJ. (STF, 2011)
	Compete à Justiça Federal o julgamento de crime consistente na apresentação de Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo (CRLV) falso à Polícia Rodoviária Federal. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	Na espécie, o réu foi surpreendido trazendo consigo, dentro de uma mochila, um tablete de maconha e certa quantidade de dinheiro aparentemente falso. Sustentou-se que, embora os fatos tenham sido descobertos na mesma circunstância temporal e praticados pela mesma pessoa, os delitos em comento não guardam qualquer vínculo probatório ou objetivo entre si – a teor do disposto no art. 76, II e III, do CPP. Logo, deve o processo ser desmembrado para que cada juízo processe e julgue o crime de sua respectiva competência. (STJ, 3ª Seção, 2012)
	STJ Súmula 200 - O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.
	STJ Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
	STJ Súmula 62: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada. [SUPERADO]
*Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Estadual) processar e julgar o crime caracterizado pela omissão de anotação de vínculo empregatício na CTPS (art. 297, § 4º, do CP). No delito tipificado no art. 297, § 4º, do CP, o sujeito passivo é o Estado (Previdência Social), uma vez que a ausência de anotação de informações relativas ao vínculo empregatício na CTPS afeta diretamente a arrecadação das contribuiçõesprevidenciárias (espécie de tributo), já que estas são calculadas com base no valor do salário pago ao empregado. Assim, quando o patrão omite os dados de que trata o § 4º, ele está lesando, em primeiro lugar, a arrecadação da Previdência Social, administrada pelo INSS, que é uma autarquia federal. O empregado é prejudicado de forma apenas indireta, reflexa. STJ. 3ª Seção. CC 135.200-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 22/10/2014 (Info 554). 
	STJ Súmula 140 - Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
	Compete à Justiça Federal – e não à Justiça Estadual – processar e julgar ação penal referente aos crimes de calúnia e difamação praticados no contexto de disputa pela posição de cacique em comunidade indígena. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar acusado da prática de conduta criminosa consistente na captação e armazenamento, em computadores de escolas municipais, de vídeos pornográficos oriundos da internet, envolvendo crianças e adolescentes. Nesse contexto, de acordo com o entendimento do STJ e do STF, para que ocorra a fixação da competência da Justiça Federal, não basta que o Brasil seja signatário de tratado ouconvenção internacional que preveja o combate a atividades criminosas dessa natureza, sendo necessário, ainda, que esteja evidenciada a transnacionalidade do delito. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	Competência da justiça federal para processar e julgar crimes de estupro e atentado violento ao pudor conexos com crimes de pedofilia e pornografia infantil de caráter transnacional. (STF, 2ª Turma, 2013)
	A Seção entendeu que compete à Justiça estadual processar e julgar os crimes de injúria praticados por meio da rede mundial de computadores, ainda que em páginas eletrônicas internacionais, tais como as redes sociais Orkut e Twitter. Asseverou-se que o simples fato de o suposto delito ter sido cometido pela internet não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. (STJ, 3ª Seção, 2012)
	No crime de publicação de pornografia e não tendo sido identificado o responsável e o local em que ocorrido o ato de publicação de imagens pedófilo-pornográficas em site de relacionamento de abrangência internacional, competirá ao juízo federal que primeiro tomar conhecimento do fato apurar o supostvolvendo criança ou adolescente (art. 241 do ECA). (STJ, 3ª Seção, 2013)
	STF Súmula 498 - Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes contra a economia popular.
	
	Trata-se de conflito negativo entre o juízo federal (suscitante) e o juízo estadual da vara criminal (suscitado) em autos de inquérito instaurado para apurar a prática de crime de homicídio culposo ocorrido durante operação de carregamento de veículos para navio de bandeira italiana. A Seção conheceu do conflito e declarou competente para o processo e julgamento do feito o juízo estadual. Ressaltou-se que, para a determinação de competência da Justiça Federal, não basta que o eventual delito tenha sido cometido no interior de embarcação de grande porte. Torna-se necessário que ela se encontre em situação de deslocamento internacional ou em situação de potencial deslocamento. (STJ, 2011)
	
	STJ Súmula 38: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.
	
	Não comprovada a procedência estrangeira de DVDs em laudo pericial, a confissão do acusado de que teria adquirido os produtos no exterior não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal para processar e julgar o crime de violação de direito autoral previsto no art. 184, § 2º, do CP. (STJ, 3ª Seção, 2013)
	*Determinado Estado-membro conseguiu um financiamento do BNDES para a realização de um empreendimento. Ocorre que houve fraude à licitação e superfaturamento da obra. O fato de o BNDES (que é uma empresa pública federal) ter emprestado o dinheiro atrai a competência para a Justiça Federal? NÃO. O fato de licitação estadual envolver recursos repassados ao Estado-Membro pelo BNDES por meio de empréstimo bancário (mútuo feneratício) não atrai a competência da Justiça Federal para processar e julgar crimes relacionados a suposto superfaturamento na licitação. Mesmo havendo superfaturamento na licitação estadual, o prejuízo recairá sobre o erário estadual (e não o federal), uma vez que, não obstante a fraude, o contrato de mútuo feneratício entre o Estado-Membro e o BNDES permanecerá válido, fazendo com que a empresa pública federal receba de volta, em qualquer circunstância, o valor emprestado ao ente federativo. Logo, a competência é da Justiça Estadual. STJ. 5ª Turma. RHC 42.595-MT, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 16/12/2014 (Info 555). 
	*Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Eleitoral) processar e julgar o crime caracterizado pela destruição de título eleitoral de terceiro, quando não houver qualquer vinculação com pleitos eleitorais e o intuito for, tão somente, impedir a identificação pessoal. A simples existência, no Código Eleitoral, de descrição formal de conduta típica não se traduz, incontinenti, em crime eleitoral, sendo necessário, também, que se configure o conteúdo material de tal crime. Sob o aspecto material, deve a conduta atentar contra a liberdade de exercício dos direitos políticos, vulnerando a regularidade do processo eleitoral e a legitimidade da vontade popular. Ou seja, a par da existência do tipo penal eleitoral específico, faz-se necessária, para sua configuração, a existência de violação do bem jurídico que a norma visa tutelar, intrinsecamente ligado aos valores referentes à liberdade do exercício do voto, à regularidade do processo eleitoral e à preservação do modelo democrático. A destruição de título eleitoral da vítima, despida de qualquer vinculação com pleitos eleitorais e com o intuito, tão somente, de impedir a identificação pessoal, não atrai a competência da Justiça Eleitoral. STJ. 3ª Seção. CC 127.101-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/2/2015 (Info 555). 
	Importante: se o MP entendesse que havia indícios de que o depoente praticou falso testemunho, a competência para apurar este delito (art. 342 do CP) seria da Justiça Federal, nos termos da Súmula 165-STJ ("Compete a justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista"). STJ. 3ª Seção. CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 9/11/2016 (Info 593).
	Não compete à Justiça Federal julgar queixa-crime proposta por particular contra outro particular pelo simples fato de as declarações do querelado terem sido prestadas na Procuradoria do Trabalho. A competência será da Justiça Estadual. Caso concreto: o querelante entendeu que as declarações prestadas pelo querelado no MPT ofenderam a sua honra e que o depoente praticou calúnia e difamação. STJ. 3ª Seção. CC 148.350-PI, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 9/11/2016 (Info 593).
#SELIGANASÚMULA:
SÚMULA 244: Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos.
SÚMULA 107: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.
SÚMULA 48: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
*Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não importando a qualificação do órgão expedidor. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015.
*Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgaro crime de tráfico internacional. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 13/05/2015, DJe 18/05/2015
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:
*Compete à Justiça Estadual apurar suposto crime de estelionato, em que foi obtida vantagem ilícita em prejuízo de vítimas particulares mantidas em erro mediante a criação de falso Tribunal Internacional de Justiça e Conciliação para solução de controvérsias. STJ. 3ª Seção. CC 146.726-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 14/12/2016 (Info 597).
*COMPETÊNCIA PARA JULGAR CRIMES AMBIENTAIS ENVOLVENDO ANIMAIS SILVESTRES, EM EXTINÇÃO, EXÓTICOS OU PROTEGIDOS POR COMPROMISSOS INTERNACIONAIS Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. STF. Plenário. RE 835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2017 (repercussão geral) (Info 853)
*Compete à justiça federal processar e julgar o crime de redução à condição análoga à de escravo (art. 149 do CP). O tipo previsto no art. 149 do CP caracteriza-se como crime contra a organização do trabalho e, portanto, atrai a competência da justiça federal (art. 109, VI, da CF/88). STF. Plenário. RE 459510/MT, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 26/11/2015 (Info 809)
*#DPU: Foi jogado um artefato incendiário contra o prédio da Justiça Militar da União em Porto Alegre/RS, tendo sido atingido apenas o muro do edifício, sem lesionar ninguém. A Polícia Federal instaurou um inquérito policial para apurar o fato e, como a autoria ainda estava incerta, mostrou-se necessário pedir a quebra de sigilo telefônico de um dos investigados. Quem é competente para autorizar essa quebra, a Justiça Militar ou a Justiça Federal comum? 
Justiça Federal comum. Compete à Justiça Federal (e não à Justiça Militar) decidir pedido de quebra de sigilo telefônico requerido no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a suposta prática de crime relacionado ao uso de artefato incendiário contra o edifício-sede da Justiça Militar da União, quando o delito ainda não possua autoria estabelecida e não tenha sido cometido contra servidor do Ministério Público Militar ou da Justiça Militar. STJ. 3ª Seção. CC 137.378-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/3/2015 (Info 559). 
*#INFO #DPU Compete à Justiça Militar julgar a conduta de ex-militar acusado do crime de “apropriação de coisa havida acidentalmente” (art. 249 do CPM) pelo fato de ele, mesmo depois de desincorporado das fileiras, ter continuado sacando o soldo que era depositado por engano em sua conta. STF. 2ª Turma. HC 136539/AM, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
*#OUSESABER #DEOLHONAPEGADINHA #SELIGA: Suponha que determinado militar, estando em serviço, em comemoração ao seu aniversário, no alojamento do quartel, onde estavam inúmeros outros militares, resolve efetuar disparos para o alto com pistola da corporação e em local sujeito à Administração Militar, o julgado do crime de dísparo em local habitado é de competência da Justiça Militar? A competência da Justiça militar, conforme disposto no art. 124 da Constituição Federal é para “processar e julgar os crimes militares definidos em lei”. Desta forma, não basta a condição de militar do sujeito ativo ou mesmo que o crime seja cometido em detrimento das instituições militares para que seja competente a Justiça Militar. É necessária a previsão da conduta como crime militar no Código Penal Militar. No caso em questão, como o crime de disparo de arma de fogo em local habitado, previsto no artigo 15 da Lei 10.826/03, encontra-se previsto em legislação especial, sem correspondente no Código Penal Militar, não pode ser considerado crime militar, tendo em vista o disposto no art. 9º co Código Penal Militar. Assim, não compete à Justiça Militar o processamento de tal delito. (STJ CC 90.131)
#INFO #DPU
 
*INFORMATIVO 595 DO STJ. COMPETÊNCIA. Fraudes praticadas na administração de operadora de plano de saúde que não seja seguradora. Compete à justiça estadual o processamento e julgamento de ação penal que apura supostas fraudes praticadas por administrador na gestão de operadora de plano de saúde não caracterizada como seguradora. A Lei nº 9.656/98 autoriza que os planos de saúde possam ser constituídos por diferentes formas jurídicas. Existem planos de saúde que são cooperativas, outros que são sociedades empresárias, entidades de autogestão etc. A Lei nº 10.185/2001 permite que sociedades seguradoras possam atuar como "plano de saúde". Dessa forma, existem alguns planos de saúde que são "entidades seguradoras". Outros planos, no entanto, são cooperativas, entidades de autogestão etc. Se a operadora de plano de saúde for uma "seguradora", aí sim ela será considerada como instituição financeira. Caso contrário, ela não se enquadrará no art. 1º, caput ou parágrafo único, da Lei nº 7.492/86. STJ. 3ª Seção. CC 148.110-MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 23/11/2016 (Info 595).
*Importante!!! Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar ação penal na qual se apurem infrações penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante a apresentação de documento falso em agência do Banco do Brasil (BB) localizada nas dependências de agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal. STJ. 3ª Seção. CC 129.804-PB, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/10/2015 (Info 572). 
- Ora, se cabe à instituição financeira contratante dos serviços (no caso, o BB) a responsabilidade pelos serviços bancários disponibilizados pela ECT a seus clientes e usuários, eventual lesão decorrente da abertura de conta corrente por meio da utilização de documento falso atingiria o patrimônio e os serviços da instituição financeira contratante, e não os da ECT. 
- Tanto é assim que, caso a empreitada delituosa tivesse tido êxito, os prejuízos decorrentes da abertura de conta corrente na agência do Banco Postal seriam suportados pela instituição financeira contratante. Desse modo, não há lesão apta a justificar a competência da Justiça Federal para julgar a ação penal.
- Importante que você não confunda o julgado acima com um precedente de Direito do Consumidor no qual o STJ reconheceu a responsabilidade civil dos Correios por danos sofridos por consumidor dentro do Banco Postal. Veja: A ECT é responsável pelos danos sofridos por consumidor que foi assaltado no interior de agência dos Correios na qual é fornecido o serviço de banco postal. STJ. 4ª Turma. REsp 1.183.121-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/2/2015 (Info 559).
- Crime ocorrido em casa lotérica (permissionária da CEF): Justiça ESTADUAL. “(...) 1. No caso, não obstante os valores que teriam sido indevidamente apropriados, oriundos de operações financeiras realizadas em casa lotérica, devessem ser repassados para a Caixa Econômica Federal, não há prejuízo para a empresa pública, na medida em que as lotéricas atuam na prestação de serviços delegados pela Caixa mediante regime de permissão, isto é, por conta e risco da empresa permissionária. 2. Assim, fica afastada a competência da Justiça Federal para o processamento e julgamento da causa, porquanto não caracterizada a hipótese prevista no art. 109, inciso IV, da Carta Magna. (...) (STJ. 6ª Turma. RHC 59.502/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 25/08/2015).
Compete à Justiça Estadual (e não à Justiça Federal) processar e julgar tentativa de estelionato (art. 171, caput, c/c o art. 14, II, do CP) consistente em tentar receber, mediante fraude, em agência do Banco do Brasil, valores relativos a precatório federal creditado em favor de particular. STJ. 3ª Seção. CC 133.187-DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 14/10/2015 (Info 571). Embora na hipótese se tenha buscado resgatar precatório federal, o crime praticado não provocounem provocaria dano a bens, serviços ou interesse da União, de suas autarquias, fundações ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF/88). Isso porque eventual prejuízo causado pelo delito seria suportado pelo particular titular do crédito e pelo Banco do Brasil.
O fato de os agentes, utilizando-se de formulários falsos da Receita Federal, terem se passado por Auditores desse órgão com intuito de obter vantagem financeira ilícita de particulares não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. Isso porque, em que pese tratar-se de uso de documento público, observa-se que a falsidade foi empregada, tão somente, em detrimento de particular. Assim sendo, se se pudesse cogitar de eventual prejuízo sofrido pela União, ele seria apenas reflexo, na medida em que o prejuízo direto está nitidamente limitado à esfera individual da vítima, uma vez que as condutas em análise não trazem prejuízo direto e efetivo a bens, serviços ou interesses da União, de suas entidades autárquicas ou empresas públicas (art. 109, IV, da CF). STJ. 3ª Seção. CC 141.593-RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/8/2015 (Info 568).
*Uma quadrilha roubou um banco privado e, quando os ladrões saíam da instituição, cruzaram com uma viatura da Polícia Rodoviária Federal que passava casualmente pelo local. Os policiais perceberam que os homens estavam armados e, por isso, ordenaram que eles parassem. Houve troca de tiros. O MP denunciou os réus por latrocínio. De quem é a competência para julgar o delito? Justiça FEDERAL. Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de latrocínio no qual tenha havido troca de tiros com policiais rodoviários federais que, embora não estivessem em serviço de patrulhamento ostensivo, agiam para reprimir assalto a instituição bancária privada. O crime foi praticado contra policiais rodoviários federais que, diante da ocorrência de um flagrante, tinham o dever de agir. Assim, o delito foi cometido contra servidores públicos federais no exercício da função (Súmula 147 do STJ). STJ. 5ª Turma. HC 309.914-RS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/4/2015 (Info 559). 
*#OUSESABER: A fixação da competência da Justiça Federal para processar e julgar o delito de tráfico depende da demonstração da TRANSNACIONALIDADE do delito. Não é necessário que o agente tenha efetivamente cruzado as fronteiras nacionais, mas que seja demonstrada essa intenção. 
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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