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11 NULIDADES

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
NULIDADES
ATUALIZADO EM 09/04/2017
NULIDADES PROCEDIMENTO[endnoteRef:1] [1: Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas, referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.] 
1. Conceito
Consiste na declaração de invalidade do ato processual frente à norma processual.
A nossa doutrina diverge quanto ao enquadramento terminológico do instituto, subsistindo as seguintes posições:
1. Paulo Rangel: é a sanção imposta ao ato viciado nos permitindo utilizar a expressão “sanção de nulidade”.
2. Nucci: é o vício que contamina determinado ato processual em face do descumprimento das normas constitucionais ou infraconstitucionais.
3. Mirabete: a terminologia assume duas percepções, podendo significar o vício individualmente considerado e a sanção judicialmente imposta.
A noção de sanção está ligada ao plano da eficácia (ato seria válido). Já para os que entendem que é defeito, a nulidade afeta o plano da validade.
Todas as nulidades ocorrem dentro do processo. Muitas delas podem ser convalidadas, prosseguindo o feito a partir da convalidação. A incompetência absoluta de juízo, v.g., não permite convalidação. A nulidade pode existir no ato em si (originária) ou projetar-se como consequência deste (derivada).
CONCLUSÃO: Nulidade é a sanção judicialmente imposta em face da imperfeição do ato praticado (atipicidade), o que revela o descumprimento das regras constitucionais ou infraconstitucionais, gerando defeitos essenciais ou acidentais, em verdadeira gradação do sistema.
2. Sistemas de aferição das nulidades
Segundo Paulo Sérgio Leite Fernandes e Geórgia Bajer Fernandes, no Brasil e no direito comparado podem assumir os seguintes perfis:
a) Sistemas rígidos: são aqueles onde a individualização da nulidade pressupõe disciplina legal expressa.Só é nulidade o que a lei diz que é – legalidade estrita. ex. Sistema Francês (art. 1030 do CPC Francês), Sistema Italiano.
b) Sistemas genéricos: ointérprete tem certa margem de manobra, adequando a interpretação à análise quanto à existência ou não de prejuízo e impondo a sanção em hipóteses onde a lei é omissa.
ADVERTÊNCIA: Paulo Rangel, adequando a interpretação para a realidade brasileira especificamente, propõe a seguinte divisão: 
· Sistema da certeza legal: a nulidade pressupõe previsão legal.
· Sistema da instrumentalidade das formas: o juiz tem certa margem de manobra interpretativa: podendo suprir as omissões da lei.
· BRASIL: Sistema misto: adotado no Brasil, já que o artigo 564 CPP explicitou um amplo rol de nulidades, mas não conseguiu exaurir a matéria, de forma que o juiz poderá conformar o sistema na análise do caso concreto, declarando nulidade amparada na ocorrência do prejuízo.
1) Sistema Formalista: haverá a predominância do meio sobre o fim. Toda vez que o ato não for praticado da forma determinada em lei, estará irremediavelmente viciado, não importando se alcançou ou não seu objetivo.
2) Sistema Privatista: a reclamação da nulidade fica ao arbítrio da parte, conforme seu interesse e o prejuízo que lhe tenha sido causado. Há situações em que o CPP adota este entendimento.
3) Sistema Legalista: nulos são apenas os atos que assim considerar a lei, expressamente.
4) Sistema Judicial/Instrumental:o juiz é quem decide pela decretação ou não da nulidade, considerando se o ato foi essencial ou se há prejuízo à parte. A validade ou invalidade do ato fica condicionada ao cumprimento da finalidade prevista pela norma. O fim do ato deve prevalecer sobre a forma como ele é praticado.
5) Sistema Misto (Brasil): se for essencial ao ato, se decreta a nulidade. Se for acidental, não se lhe decreta. As partes podem transigir, participando, assim como o juiz. É válido o que prescreve a lei em termos de “meios”, mas se atingir sua finalidade, a nulidade do ato é sanada. É o que dispõem os arts. 57l e 572 do CPP. Resultou no sistema da prevalência do impedimento da declaração da nulidade, dando prevalência à validade dos atos, ainda que não modelares ou típicos, impedindo as partes de arguirem determinadas nulidades e ao juiz de decretá-las, conforme o caso concreto.
Obs: Norberto Avena afirma que o Brasil adota o sistema instrumental (instrumentalidade das formas). Cita os arts. 563 e 566 do CPP.
3. Tipicidade x atipicidade do ato
3.1. Tipicidade processual
Tipicidade é a qualidade consistente na prática do ato em conformidade com a norma constitucional e infraconstitucional.
3.2. Atipicidade
Consiste na inobservância das regras legais e/ou constitucionais, ocasionando um ato defeituoso. ADVERTÊNCIA: Calmon – a nulidade pressupõe a correspondente declaração judicial.
CONCLUSÃO gráfica:
ATIPICIDADE + INEFICÁCIA JUDICIALMENTE DECLARADA = NULIDADE DO ATO
4. Classificação das nulidades
Atenção: a matéria é substancialmente diferente do Processo Civil.
a) Doutrina Clássica (Mirabete) 
a) Ato inexistente: é aquele desprovido dos seus elementos constitutivos, caracterizando-se como um verdadeiro não ato. Conclusão: percebe-se que ele não produz efeitos. Exemplo: sentença proferida por aquele que não é juiz.
b) Ato nulo: é aquele que não produz efeitos até a sua convalidação e se isso não for possível (absoluta), nunca os produzirá. Conclusões: a nulidade relativa é aquela submetida a uma condição suspensiva, afinal uma vez sanado o vício os efeitos jurídicos, normalmente, serão implementados. Na nulidade absoluta o vício é inconvalidável e o ato nunca produzirá efeitos jurídicos.
c) Ato anulável: é aquele que produz efeitos de imediato até a eventual declaração de nulidade. 
b) Doutrina moderna (Paulo Rangel)
Enfatiza-se, atualmente, a necessidade de declaração judicial de invalidade do ato para que seus efeitos sejam estancados.
a) Ato inexistente: é aquele desprovido dos seus elementos estruturantes e que, por consequência, não surtirá efeitos jurídicos. Parte da doutrina entende que até os atos inexistentes exigiriam a declaração judicial do vício para fazer cessar algum efeito prático eventualmente existente – BRASILEIRO.
Não se convalida jamais, nem com o trânsito em julgado.
Ex.
- recurso de advogado sem procuração – STJ
- Juiz profere nova decisão após a sentença de mérito – a segunda é inexistente– STJ.
- decisão judicial proferida por desembargador em processo em que seu filho é o Promotor– STJ.
b) Ato irregular: é o ato defeituoso que ainda não sofreu a sanção de nulidade (Paulo Rangel). É o ato nulo que ainda não foi declarado como tal. Observação: para Noberto Avena, a irregularidade seria um vício sem gravidade substancial, de forma que a nulidade não será declarada e o ato continuará a surtir efeitos jurídicos.
Ex. 
- SÚMULA Nº 366: Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.
- falta de outorga do recibo de entrega do preso ao condutor do flagrante, notadamente quando todas as garantias constitucionais forem preservadas – STJ
- deferimento de compromisso a pessoa impedida de prestá-lo – STJ
- ausência, no laudo de exame cadavérico, da qualificação dos peritos - STJ
c) Atos anuláveis
· Nulidade absoluta: é aquela onde o prejuízo provocado pelo ato é presumido por lei e o interesse público estaria em risco por ofensa ao devido processo legal, sendo que a declaração do vício pode ocorrer de ofício pelo Poder Judiciário. 
Observação¹: Para Hélio Tornaghi, na nulidade absoluta o mais adequado é afirmamos que o prejuízo é evidente, saltando aos olhos diante da situação concreta (o problema é de cognição). 
Observação²: para o STJ, a presunção de prejuízo é relativa, de modo que é admitida prova em sentido contrário para demonstrar que o prejuízo não ocorreu (STJ HC 227. 263). Percebe-se que mesmo na nulidade absoluta o prejuízo deve ser
demonstrado, sob pena de o vício não ser declarado (STF RHC 110.623). STF e STJ.
OBS 3. Arguição a qualquer momento, salvo no caso de coisa julgada, onde só poderá ser suscitada em benefício do réu, no caso de sentença condenatória ou absolutória imprópria.
Obs 4: Tribunais Superiores exigem o prequestionamento, mas podem conceder HC de ofício.
Obs 5: há nulidade absoluta quando há violação da CF (ex. juiz natural), de Tratado internacional de DH (ex. duplo grau de jurisdição), de forma prescrita em lei que protege interesse de natureza pública e os incisos do art. 564 que não podem ser convalidados (art. 573).
· Nulidade relativa: é aquela onde o interesse das partes tem ascendência, estando subsumida ao sistema de preclusão. O entendimento PREPONDERANTE autoriza a declaração ex officio das nulidades relativas na esfera penal com certa intransigência na preservação do devido processo legal. Observação: art. 571, CPP, indica um momento oportuno para arguição das nulidades relativas que foram elencadas de maneira não exaustiva no art. 572, CPP.
Obs. Arguição oportuna, sob pena de preclusão e consequente convalidação.
Obs. Há nulidade absoluta quando há violação de forma prescrita em lei que visa à proteção de interesse das partes. Ex. ausência de intimação das partes da expedição de carta precatória. 
ATENÇÃO: SÚMULA 273: Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.
Ainda que o réu tenha constituído advogado antes do oferecimento da denúncia - na data da prisão em flagrante - e o patrono tenha atuado, por determinação do Juiz, durante toda a instrução criminal, é nula a ação penal que tenha condenado o réu sem a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu pessoalmente a qualquer ato do processo, inexistindo prova inequívoca de que tomou conhecimento da denúncia. STJ. 6ª Turma. REsp 1.580.435-GO, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 17/3/2016 (Info 580).
Ex. quando não observado o procedimento de defesa preliminar.
Art. 571.  As nulidades deverão ser argüidas:
I - as da instrução criminal dos processos da competência do júri, nos prazos a que se refere o art. 406;
II - as da instrução criminal dos processos de competência do juiz singular e dos processos especiais, salvo os dos Capítulos V e Vll do Título II do Livro II, nos prazos a que se refere o art. 500;
III - as do processo sumário, no prazo a que se refere o art. 537, ou, se verificadas depois desse prazo, logo depois de aberta a audiência e apregoadas as partes;
IV - as do processo regulado no Capítulo VII do Título II do Livro II, logo depois de aberta a audiência;
V - as ocorridas posteriormente à pronúncia, logo depois de anunciado o julgamento e apregoadas as partes (art. 447);
VI - as de instrução criminal dos processos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, nos prazos a que se refere o art. 500;
VII - se verificadas após a decisão da primeira instância, nas razões de recurso ou logo depois de anunciado o julgamento do recurso e apregoadas as partes;
VIII - as do julgamento em plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.
Art. 572.  As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
I - se não forem argüidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III - se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos.
Os atos jurídicos, numa visão geral, classificam-se nos planos de existência, validade e eficácia. A partir dessa classificação, temos:
a) atos inexistentes[footnoteRef:1]: aos quais falta, de forma absoluta, algum dos elementos exigidos pela lei. O suporte fático não tem os elementos essenciais à formação do ato jurídico perfeito - o ato não sofre jurisdicização. Ex.: sentença prolatada por pessoa que não é juiz de direito. Tais atos são absolutamente ineficazes. Ada entende que, mesmo no caso de inexistência, não poderá ser violada a garantia da coisa julgada, em prejuízo do réu. Isto porque o rigor técnico da ciência processual há de ceder perante princípios maiores do favor rei e do favor libertatis. [1: A inexistência, como soa lógico, liga-se aos pressupostos de existência do ato, ao passo que a nulidade, associa-se aos pressupostos de validade. Ato inexistentes não produzem efeito algum; não podem ser convalidados. “Quer se trate de atos inexistente, de ato absoluta ou relativamente nulo, todos eles deverão ser anulados por decisão expressa.” (Pacelli, Curso..., p. 628).] 
b) irregularidades: o desacordo com o modelo legal é mínimo, não chegando a descaracterizar o ato. A mera irregularidade não afeta a validade do ato processual. Desatende a exigências formais sem qualquer relevância. Da redação do art. 564, IV, do CPP se conclui que a omissão de formalidades não essenciais ao ato não acarreta consequências quanto à sua validade.
c) atos nulos: a falta de adequação ao tipo legal pode levar ao reconhecimento de sua inaptidão para produzir efeitos no mundo jurídico. O suporte fático é deficiente ou incompleto. São atos existentes, mas não válidos. Ao contrário do que ocorre no direito privado, a sanção de nulidade depende de uma decisão judicial que a reconheça, retirando a eficácia do ato. 
Dessa forma, mesmo vícios gravíssimos podem não afetar a validade do ato se não for reconhecida a nulidade e houver o trânsito em julgado da sentença final; é o que se dá, por exemplo, com a decisão absolutória sem motivação passada em julgado; não prevendo o ordenamento qualquer forma de revisão pro societate, jamais será possível reconhecer-se a nulidade.
Ademais, no campo processual, a declaração de invalidade diz respeito à inaptidão do ato de produzir certos efeitos jurídicos, sendo até mesmo possível a subsistência de alguns deles depois de reconhecida a nulidade; é o que ocorre com a sentença viciada que vem a ser anulada através de recurso exclusivo da defesa; em virtude da proibição da reformatio in pejus, a jurisprudência dominante tem entendido que, mesmo nula, tal sentença continua a possuir efeito de fixar o máximo de pena que poderá ser aplicado ao réu recorrente– efeito prodrômico.
Os atos nulos podem configurar nulidade absoluta ou relativa.
Diante de nulidade absoluta, a gravidade do ato viciado é flagrante, e manifesto o prejuízo que sua permanência acarreta para a efetividade do contraditório ou para a justiça da decisão. O vício atinge o próprio interesse público de correta aplicação do direito; por isso, percebida a irregularidade, o próprio juiz, de ofício, deve decretar a invalidade. A formalidade violada não está simplesmente estabelecida em lei, havendo ofensa direta o Texto Constitucional, mais precisamente aos princípios constitucionais do devido processo legal. O ato processual inconstitucional, quando não juridicamente inexistente, será sempre absolutamente nulo, devendo ser decretada de ofício. 
Ocorrendo nulidade relativa, o legislador deixa à parte prejudicada a faculdade de pedir ou não a invalidação do ato irregularmente praticado, subordinando também o reconhecimento do vício à efetiva demonstração do prejuízo sofrido. Os atos relativamente nulos têm eficácia e admitem sanação, sendo sua arguição sujeita ao cumprimento de determinados prazos. Viola exigência estabelecida pelo ordenamento legal (infraconstitucional), estabelecida no interesse predominantemente das partes.
	IRREGULARIDADE
	NULIDADE RELATIVA
	NULIDADE ABSOLUTA
	INEXISTÊNCIA
	O vício provém da violação a uma regra legal.
	O vício provém da violação a uma regra legal, mas referem-se a elementos acidentais do ato.
	O vício provém de uma violação direta ao Texto Constitucional (referem-se a elementos essenciais do ato).
	O vício processual é tão grave, a ponto de afetar um requisito imprescindível para a existência do ato.
	A formalidade desatendida tem índole infraconstitucional.
	A formalidade desatendida tem índole
infraconstitucional.
	Decorre sempre de uma ofensa a princípio constitucional do processo penal, seja ele expresso ou implícito, como p. ex: contraditório, ampla defesa etc.
Obs: no caso da ampla defesa, há uma exceção na hipótese de deficiência de defesa.
Súmula 523-STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
	O ato, de tão defeituoso, não chega sequer a existir.
Trata-se, portanto, de um não-ato, de um arremedo de ato, de uma aparência de ato.
Eis, então, uma distinção entre atos nulos e atos inexistentes. Estes, exatamente porque inexistentes, não produzem efeito algum, ao contrário dos atos nulos, que não só produzem efeitos até serem anulados, como também implicam consequências jurídicas mesmo após o reconhecimento de sua nulidade.
	A formalidade não tem qualquer finalidade, nem visa garantir direito das partes, e, por esta razão, é irrelevante para o processo.
	A formalidade visa a garantir um interesse predominantemente das partes.
	O prejuízo sempre existe (é presumido), pois a norma violada é de ordem pública.
STJ e STF dizem que aqui também se deve provar o prejuízo.
	Não existe o ato; portanto, desnecessário saber se dele decorreu prejuízo. Com ou sem o prejuízo, o ato continuará não existindo, devendo ser desconsiderado tudo o que seguiu a ele.
	O prejuízo é impossível, já que a formalidade era irrelevante.
	O interesse violado é predominante da parte, devendo esta comprovar o efetivo prejuízo.
	O interesse violado é de ordem pública, sendo o prejuízo presumido.
STJ e STF dizem que aqui também se deve provar o prejuízo.
Pacelli discorda da expressão prejuízo “presumido” pois o que há, na verdade, é uma verdadeira afirmação ou pressuposição da existência do prejuízo. Não se cuida, assim, de inversão do ônus da prova, mas de previsão abstrata da lei, a salvo de qualquer indagação probatória.
	Eventualmente, a aparência do ato pode gerar algum prejuízo, até que se perceba que na realidade nada existe.
	Não invalida o ato, sendo irrelevante o seu reconhecimento.
	A nulidade relativa somente será reconhecida se a parte interessada comprovar o efetivo prejuízo.
	A declaração de nulidade absoluta não depende de demonstração de prejuízo eis que se trata de matéria de ordem pública e este é presumido.
	É irrelevante ter ocorrido prejuízo ou não, pois tão logo se constate o vício, será desconsiderado tudo o que a ele se seguiu.
	O vício é irrelevante e, portanto, deve ser desconsiderado.
	O vício deverá ser arguido pela parte interessada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão.
Assim, não são reconhecíveis de ofício.
Obs: entendimento preponderante autoriza a declaração ex officio das nulidades relativas na esfera penal com certa intransigência na preservação do devido processo legal.
Quem deu causa não pode invocá-la.
	O vício jamais preclui, podendo ser conhecido em qualquer fase do processo, de ofício pelo juiz, mesmo que não haja arguição da parte.
Podem ser invocadas a qualquer tempo (sua arguição não preclui), mesmo após a sentença, através de revisão criminal ou habeas corpus, se em favor do réu.
Exceção: 160-STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Nesses casos, mesmo a incompetência absoluta não pode ser reconhecida.
	A inexistência é um vício que jamais preclui, podendo ser reconhecida de ofício a qualquer momento.
	Por ser irrelevante, a irregularidade não é declarada ou, se o for, não produz consequências processuais.
	Necessita de um provimento judicial que a reconheça.
Assim, enquanto o órgão jurisdicional não disser que o ato é nulo, ele valerá.
A relevância disso é que, após o trânsito em julgado, nenhuma nulidade poderá ser reconhecida em prejuízo do réu, pois não existe revisão criminal pro societate.
	A nulidade absoluta precisa de um provimento judicial que a reconheça, logo, a consequência será a mesma apontada no quadro ao lado, rereferente à nulidade relativa.
A relevância disso é que, após o trânsito em julgado, nenhuma nulidade poderá ser reconhecida em prejuízo do réu, pois não existe revisão criminal pro societate
	A inexistência não necessita ser declarada judicialmente, bastando que se desconsidere a aparência do ato e se pratique outro em seu lugar.
Pacelli discorda, afirmando que também a inexistência precisa ser declarada.
	Exemplos:
	Exemplos: 
Ausência de intimação do Réu para oitiva de testemunhas quando tem advogado constituído;
Falta de intimação de expedição da carta precatória;
	Exemplos:
Incompetência em razão da matéria ou da pessoa;
Realização de interrogatório sem defensor;
	
Exemplos: 
- Sentença assinada por quem não é juiz ou por juiz impedido;
- Denúncia oferecida por estagiário ou promotor ad hoc;
- Certidão de trânsito em julgado, no caso de omissão de remessa obrigatória, quando prevista (423-STF).
- Sentença extintiva de punibilidade com base em certidão de óbito falsa.
Preceitos Constitucionais com Relevância Processual.
Contraditório, ampla defesa, juiz natural, motivação, publicidade etc., constituem direitos subjetivos das partes, sendo, antes de mais nada, características de um processo justo e legal, conduzido em observância ao devido processo, não só em benefício das partes, mas como garantia do correto exercício da função jurisdicional. 
O ato processual inconstitucional - i.e., praticado em infringência à norma ou ao princípio constitucional de garantia - , quando não juridicamente inexistente, será sempre absolutamente nulo, devendo a nulidade ser decretada de ofício, independentemente de provocação da parte interessada. Não há espaço, neste campo, para atos irregulares sem sanção, nem para nulidades relativas.
OBS: Hodiernamente tanto o STJ como o STF têm exigido a comprovação do prejuízo mesmo para os casos de nulidade absoluta, veja: 
HABEAS CORPUS. NARCOTRÁFICO. INOBSERVÂNCIA DO ART. 57 DA LEI 11.343/06. NULIDADE DEPENDENTE DA DEMONSTRAÇÃO OBJETIVA DO PREJUÍZO. PROCESSO QUE OBEDECEU RIGOROSAMENTE OS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 563 DO CPP E DA SÚMULA 523/STF. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO PAS DE NULLITÉ SANS GRIEF. PARECER PELA DENEGAÇÃO DO WRIT. ORDEM DENEGADA. 1. No âmbito do Processo Penal, não se deve declarar nulidade quando não resultar prejuízo comprovado para a parte que a alega (arts. 563 e 565 do CPP e Súmula 523/STF). Dessa forma, a inobservância do art. 57 da Lei 11.343/06, à luz de uma interpretação sistemática do capítulo das nulidades do CPP, não traduz nulidade absoluta. 2. O Supremo Tribunal Federal acolhe o entendimento de que o princípio geral norteador das nulidades em Processo Penal - pas de nullitésansgrief - é igualmente aplicável em casos de nulidade absoluta (HC 85.155/SP, Rel. Min. ELLEN GRACIE, DJU 15.04.05 e AI-AgR. 559.632/MG, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, DJU 03.02.06). 3. Os automatismos devem ser evitados em sede de Processo Penal. O que a Constituição reputa indispensável é que se garanta a todo cidadão processado criminalmente a oportunidade efetiva de se contrapor à acusação que lhe é feita. 4. Registre-se que, no caso concreto, foram respeitados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, com citação regular, interrogatório na presença do Advogado, defesa prévia e alegações finais regularmente oferecidas e intimação da sentença condenatória, além de inexistir sequer insinuação sobre qual seria o prejuízo sofrido, razão pela qual é vazia a alegação de nulidade. 5. Ordem denegada, em consonância com o parecer do MPF. (HC 136649/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 18/03/2010, DJe 03/05/2010)
É possível que os Ministros do STJ e STF, em ações penais originárias destes Tribunais, deleguem a realização de atos de instrução aos chamados juízes instrutores, não havendo nulidade nesta prática. Os juízes instrutores atuam como “longa manus” do magistrado
relator e, nessa condição, procedem sob sua supervisão. Trata-se, portanto, de delegação limitada a atos de instrução, com poder decisório restrito ao alcance desses objetivos. A atuação dos juízes instrutores encontra respaldo no art. 3º da Lei 8.038/90. STF. 1ª Turma. HC 131164/TO, rel. Min. Edson Fachin, julgado em 24/5/2016 (Info 827).
Há coisa julgada:
1) Sentença de juiz proferida durante as suas férias. A doutrina classificava como ato inexistente, mas o STF disse que é sentença válida.
2) Sentença absolutória com trânsito em julgado, mesmo que proferida por juiz incompetente (exemplo de caso em que uma nulidade absoluta convalida e produz efeitos).
3) Sentença absolutória em que a defesa do réu foi feita por estagiário “advogado”. A doutrina defende se tratar de ato inexistente, pela ausência de defesa, mas os tribunais dizem que é nulidade absoluta. Se é nulidade absoluta, a sentença absolutória faz coisa julgada, mesmo nula.
4) Sentença absolutória sem fundamentação (seria ato inexistente, mas a jurisprudência diz que é ato nulo).
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É nulo o acórdão que se limita a ratificar a sentença e a adotar o parecer ministerial, sem sequer transcrevê-los, deixando de afastar as teses defensivas ou de apresentar fundamento próprio. Isso porque, nessa hipótese, está caracterizada a nulidade absoluta do acórdão por falta de fundamentação. A jurisprudência admite a chamada fundamentação per relationem, mas desde que o julgado faça referência concreta às peças que pretende encampar, transcrevendo delas partes que julgar interessantes para legitimar o raciocínio lógico que embasa a conclusão a que se quer chegar. STJ. 6ª Turma. HC 214.049-SP, Rel. originário Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/2/2015 (Info 557). 
5. Princípios 
· Princípio do prejuízo (pas de nullitésansgrief)
Esse princípio foi normatizado no art. 563, CPP. Por ele, não haverá declaração de nulidade sem que tenha havido prejuízo por parte do ato impugnado. Para a doutrina, na nulidade absoluta, o prejuízo é evidente ou presumido por lei. Para os Tribunais Superiores, entretanto, a presunção do prejuízo é relativa, admitindo prova em sentido contrário, inclusive nas nulidades absolutas.
Art. 563.  Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa.
Na nulidade relativa, o prejuízo deve ser devidamente demonstrado como pressuposto para que o vício seja declarado.
O prejuízo que autoriza o reconhecimento da nulidade do ato processual imperfeito pode ser visto sob um duplo aspecto:
a) de um lado, o dano à garantia do contraditório, assegurada pela CF;
b) de outro, o comprometimento da correção da sentença - dano à própria prestação jurisdicional, que deve resultar de um processo desenvolvido com obediência às regras do devido processo legal.
Consagram a aplicação deste princípio em nosso sistema os seguintes dispositivos: 
Art. 566. Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa.
Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, III, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão sanadas:
II - se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
Súmula 563-STF: No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
· Princípio da instrumentalidade das formas
Por este princípio, se o ato viciado atingir a sua finalidade é sinal de que a nulidade não deve ser declarada.
Enquadramento: este princípio é aplicado às nulidades relativas e, de regra, estará afastado das nulidades absolutas. Advertência: Este princípio ganhou destaque com o advento dos Juizados Especiais. Todavia, havendo disciplina legal, ele poderá ser aplicado até mesmo nas nulidades absolutas como acontece com a citação viciada, que atingindo a sua finalidade ilide a declaração do vício (art. 570, CPP).
Art. 570.  A falta ou a nulidade da citação, da intimação ou notificação estará sanada, desde que o interessado compareça, antes de o ato consumar-se, embora declare que o faz para o único fim de argüi-la. O juiz ordenará, todavia, a suspensão ou o  adiamento do ato, quando reconhecer que a irregularidade poderá prejudicar direito da parte.
Não se declara “nulidade de ato processual que não houver influído na verdade substancial ou na decisão da causa” (art. 566 do CPP). Sem influência no deslinde da causa, não se proclama a decisão invalidativa. O legislador manifesta seu repúdio ao excesso formal. 
O processo, por não ter finalidade em si próprio, deve ser o meio para apuração da verdade e aplicação do direito substancial.
· Princípio da eficácia dos atos processuais
Segundo Calmon de Passos, os atos nulos continuam a produzir efeitos enquanto não houver a declaração de invalidade do ato.
· Princípio da restrição processual à decretação de ineficácia
A invalidade do ato dependerá do instrumento processual adequado (ex. revisão criminal de sentença condenatória. Já da absolutória não há instrumento adequado) e se o momento ainda for oportuno (inexistência de preclusão).
· Princípio da causalidade ou consequencialidade ou contaminação ou da extensão ou efeito expansivo
 Os atos anteriores, que não tem nenhuma pertinência lógica com o vício, serão aproveitados porque não ocorreu contaminação. 
Uma vez declarada a nulidade do ato, os demais que dele decorrem também estarão contaminados, devendo-se delimitar na declaração a extensão do vício, sob pena de cabimento de embargos de declaração. Conclusão: percebe-se que é indiferente se a nulidade é absoluta ou relativa, já que a extensão do vício está intimamente ligada ao vínculo entre o ato nulo e os atos decorrentes (art. 573, §§1º e 2º, CPP).
Obs. Não é mera análise cronológica (tudo que vem depois é anulado), e sim lógica.
Para o STJ, a declaração de nulidade da citação importa na invalidação dos atos subsequentes do processo (HC 50.875).
Previsto no CPP, no § 1º do art. 573:	
Art. 573 (...) § 1º - A nulidade de um ato, uma vez declarada, causará a dos atos que dele diretamente dependam ou sejam consequência.
Fala-se, então, em nulidade originária (aquela do próprio ato) e nulidade derivada (aquela que recai sobre os atos dependentes daquele ato nulo)
Art. 573 (...) § 2º O juiz que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende.
Normalmente, a nulidade dos atos da fase postulatória do processo se propaga sempre para os demais atos, daí ser chamada denulidade do processo, enquanto que a invalidade dos atos de instrução, via de regra, não contamina os outros atos de aquisição da prova validamente realizados - nulidade do procedimento - porque em relação à instrução não existe, em geral, nexo de dependência entre os vários atos de aquisição da prova.
Exemplo de nulidade por dependência: Pacelli informa que exemplo dessa contaminação ocorreria nas hipóteses de provas obtidas a partir de outras cuja ilicitude seja reconhecida, tal como se dá na aplicação da “teoria dos frutos da árvore envenenada” (fruitsofthepoisonoustree).
Exemplo de nulidade por consequência: é o caso da decisão de segundo grau concedendo habeas corpus impetrado contra o recebimento de denúncia por ausência de justa causa.Todos os atos processuais posteriores ao recebimento da peça acusatória seriam reputados igualmente nulos, como consequência da rejeição da denúncia.
· Princípio da conservação dos atos processuais
Os atos que não decorrem do ato nulo devem ser preservados num verdadeiro sistema de aproveitamento. A lógica da conservação nos apresenta o “princípio do confinamento da nulidade”. O embasamento normativo está no art. 281, CPC. #NCPC Ex. sentença parcialmente nula. Obs. Essa regra não se aplica ao plenário do júri. Se houver nulidade em uma das provas produzidas (ex. documento não juntado até 3 dias antes), o júri deve ser desfeito.
· Princípio do interesse
Nenhuma nulidade pode ser arguida por inobservância de formalidade
que só interesse a parte contrária. Esse princípio deve ser contemporizado com as nulidades absolutas para que exista coerência sistêmica, afinal as nulidades absolutas, de regra, podem ser declaradas de ofício. Se não tiver interesse, não pode suscitar a nulidade, se ela só interessa a outra parte.
Ex. ausência do Promotor no interrogatório – nulidade relativa – só interessa à acusação. A defesa não pode arguir essa nulidade.
Essa disposição só se aplica em relação às nulidades relativas, porquanto somente nestas o reconhecimento da invalidade depende de arguição do interessado; nas absolutas, o vício atinge o próprio interesse público, razão pela qual deve ser reconhecido pelo juiz, independentemente de provocação. Assim, se a irregularidade resulta da preterição de formalidade instituída para garantia de uma determinada parte, somente esta poderá invocar a nulidade, não sendo possível a outra fazê-lo por simples capricho.
OBS: O MP, na ação pública, sempre terá como objetivo a obtenção de um título executivo válido, razão pela qual não se pode negar seu interesse na obediência de todas as formalidades legais, inclusive as que asseguram a participação da defesa, até porque eventuais vícios poderiam ser alegados mesmo após o trânsito em julgado, por meio de habeas corpus ou de revisão criminal. Por esta razão, mesmo as eventuais irregularidades que impliquem ofensa ao direito da defesa devem ter seu reconhecimento postulado pelo Promotor - ainda que se trate de nulidade relativa sanada pela falta de alegação do interessado.
· Princípio da boa-fé
Por ele, a parte que deu causa à nulidade não poderá invocá-la, pois ninguém pode se valer da sua própria torpeza (art. 565, CPP).
Não se aplica às nulidades absolutas.
Tal princípio se encontra no art. 565 do CPP: 
Art. 565. Nenhuma das partes poderá arguir nulidade a que haja dado causa, ou para que tenha concorrido, ou referente a formalidade cuja observância só à parte contrária interesse.
Vê-se que a lei não reconhece o interesse de quem tenha dado causa à irregularidade, pouco importando tenha havido dolo ou culpa da parte - basta apenas o fato objetivo.
1.5.5. Princípio da Convalidação
Em certas situações previstas em lei, sanada a irregularidade ou reparado o prejuízo, será possível que o ato viciado venha a produzir os efeitos que dele eram esperados. Nesses casos, em lugar da invalidação, pode ocorrer a convalidação do ato praticado em desconformidade com o modelo legal. A convalidação se opera, basicamente, através da preclusão e da prolação da sentença.
O art. 572 do CPP admite que certas irregularidades estarão sanadas se não arguidas em tempo oportuno, ou se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos. O art. 571, por sua vez, estabelece os momentos em que as nulidades devem ser alegadas. A forma mais comum de saneamento ocorre, assim, pela preclusão da faculdade de arguir a irregularidade, que somente diz respeito à nulidades relativas - somente aqui o reconhecimento da invalidade depende de provocação do interessado.
A prolação da sentença também constitui causa de convalidação de determinadas irregularidades formais do procedimento. É o que se infere da redação do art. 282, § 2º do CPC (#NCPC), que se aplica subsidiariamente no Processo Penal. Disso resulta que não se declara nulidade que aproveite ao vencedor na causa - com a prolação da sentença, ela estará automaticamente sanada. Obs.: a decisão de mérito em favor da parte prejudicada afasta a conveniência de se proclamar a nulidade. Obs. Teoria da causa madura – Tribunal ao invés de suscitar a nulidade em favor do réu, já o absolve.
Ainda, a coisa julgada é motivo de convalidação de irregularidades não alegadas ou não apreciadas durante o iter procedimental, uma vez que a imutabilidade da sentença contra a qual não caibam mais recursos alcança também o seu antecedente, que são os atos processuais praticados no processo de conhecimento. Para a defesa, no entanto, o ordenamento prevê remédios para o conhecimento das nulidades, mesmo após a formação da coisa julgada: art. 626, caput, in fine, (“Julgando procedente a revisão, o Tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo.”) e art. 648, VI, (“A coação considerar-se-á ilegal: ... VI - quando o processo for manifestamente nulo;”), ambos do CPP.
1.5.5.1. Regras especiais de convalidação do ato irregular.
Há no CPP hipóteses particulares em que é possível corrigir-se a falha do ato processual defeituoso ou omitido, em razão do que a nulidade também não será decretada. 
a) art. 568 do CPP, relacionado à representação da parte: “A nulidade por ilegitimidade do representante da parte poderá ser a todo tempo sanada, mediante ratificação dos atos processuais.” 
Não se trata de “ilegitimidade ad causam”, hipótese em que os atos praticados serão visceralmente nulos, porque comprometida a própria validade da relação processual. A ilegitimidade de parte não se convalida, somente a ilegitimidade de representação. O dispositivo, que se dirige diretamente à hipótese de irregularidade na representação judicial (capacidade postulatória) ou naquela decorrente de incapacidade (representante do menor e do incapaz), vem sendo aplicado também nas ações públicas condicionadas à representação, quando esta, a autorização para a instauração da ação, é apresentada por quem não poderia legalmente fazê-lo.
b) o art. 569 do CPP permite o suprimento, a todo tempo, antes da sentença final, de omissões não essenciais da denúncia, queixa ou representação. Em se tratando de elementos essenciais, não há que se falar em “omissão”, pois teremos a própria inexistência ou invalidade do ato por falta de formalidade essencial.
c) ainda, o art. 570 do CPP estabelece que o comparecimento do interessado sana a falta ou nulidade da citação. Embora não atendidos os preceitos que regulamentam essa forma de comunicação processual, a cientificação acabou sendo realizada, atingindo-se a finalidade do ato. Todavia, deverá o juiz analisar se, inobstante atingida essa finalidade, o defeito do ato não causou prejuízo ao exercício da plena defesa, porque, constatado esse, deverá mandar repetir o ato.
d) é possível aproveitar os atos praticados por juízo incompetente?
O CPP estabelece:
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente.
Isso porque somente são anulados os atos decisórios. E mais, segundo o art. 109 do CPP, ouvido o MP, se for aceita a declinatória, o processo é encaminhado ao juízo competente que poderá ratificar os atos anteriores.
Art. 109 - Se em qualquer fase do processo o juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte, prosseguindo-se na forma do artigo anterior.
Art. 108 - A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa.
§ 1º - Se, ouvido o Ministério Público, for aceita a declinatória, o feito será remetido ao juízo competente, onde, ratificados os atos anteriores, o processo prosseguirá.
§ 2º - Recusada a incompetência, o juiz continuará no feito, fazendo tomar por termo a declinatória, se formulada verbalmente.
- Nulidade. Incompetência do Juízo. Real extensão do art. 567 do CPP.
Nestor Távora, RosmarAntonni , Mirabette, Scarance e Guilherme de Souza Nucci entendem que o aproveitamento dos atos instrutórios somente é possível nos casos de incompetência relativa, já que, nos casos de incompetência absoluta (ratione personae e ratione materiae), tanto os atos instrutórios quando os atos decisórios deverão ser refeitos, sendo o processo anulado desde o seu início. 
A 2ª Turma do STF já entendeu pela possibilidade de ratificação de atos decisórios em caso de incompetência absoluta. Era justamente uma discussão em torno do recebimento da denúncia:
Atos Decisórios: Ratificação e Órgão Incompetente - 2
Assentou-se que o STF, hodiernamente, vem admitindo a ratificação dos atos decisórios
praticados por órgão jurisdicional absolutamente incompetente. Ademais, enfatizou-se que o STJ, no julgamento do primeiro habeas, não determinara a anulação dos atos decisórios praticados antes da livre distribuição da ação penal, mas apenas ordenara que o feito fosse livremente distribuído, fazendo, inclusive, expressa menção de caber ao relator decidir a respeito da ratificação ou não dos atos decisórios já procedidos. Nesse diapasão, mencionou-se que, no acórdão impugnado, o mesmo STJ consignara haver o TRF da 3ª Região cumprido, tão-somente, anterior decisão sua. No que tange ao argumento de que o colegiado deveria convalidar o ato de recebimento da denúncia, aduziu-se que o Órgão Especial do TRF da 3ª Região recebera a inicial acusatória, sendo que somente a ratificação dessa peça se dera monocraticamente. Concluiu-se, por fim, que, a prevalecer a tese da impetração, a denúncia seria, novamente, submetida ao mesmo colegiado, o qual se pronunciara pelo recebimento da denúncia. Precedentes citados: RE 464894 AgR/PI (DJE de 15.8.2008) e HC 88262/SP (DJU de 30.3.2007). HC 94372/SP, rel. Min. Joaquim Barbosa, 9.12.2008. (HC-94372)
No mesmo sentido STJ:
PROCESSO PENAL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. RETIFICAÇÃO DE ATOS PELO JUÍZO COMPETENTE. POSSIBILIDADE. 1. Constatada a incompetência absoluta, os autos devem ser remetidos ao Juízo competente, que pode ratificar ou não os atos já praticados, inclusive os decisórios, nos termos do artigo 567 do CPP, e 113, § 2º, do CPC. 2. Agravo a que se nega provimento. (AgRg na APn .675/GO, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/09/2012, DJe 01/02/2013)
#NCPC
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de contestação.
(...)
§ 3º Caso a alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo competente.
§ 4º Salvo decisão judicial em sentido contrário, conservar-se-ão os efeitos de decisão proferida pelo juízo incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente.
- Recebimento de Inicial Acusatória por Juízo Incompetente. Possibilidade de Ratificação no Juízo Competente.
Nestor Távora e RosmarAntonni registram que tem prevalecido na doutrina o entendimento de que pode haver ratificação perante o juízo competente, mesmo que o ato de recebimento tenha sido realizado por órgão absolutamente incompetente.
1.5.6.	Princípio da Não-preclusão e do Pronunciamento de Ofício das Nulidades Absolutas
As nulidades absolutas não precluem e podem ser reconhecidas independentemente de arguição pela outra parte. Exceção a essa regra encontra-se na Súmula 160-STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício.
Nesse caso, seja nulidade relativa, seja nulidade absoluta, não pode ser reconhecida de ofício, se prejudicar o réu, mas tão-somente por meio de expressa arguição da acusação. 
Embora possa parecer contraditória, em razão do interesse público que justifica as nulidades absolutas, a posição está correta. Deve-se, quanto possível, impedir que a atividade judicante funcione como acréscimo ou corretivo da má atuação do órgão estatal responsável pela acusação. Assim, permitir-se o reconhecimento da nulidade quando não alegada pela acusação poderia gerar uma situação de desigualdade entre os litigantes, em prejuízo da instrumentalidade do processo. Ademais, haveria violação da ampla defesa, na medida em que não permitiria a participação do acusado no debate acerca da nulidade, tendo em vista a omissão do recurso da acusação em relação à matéria.
6. Reconhecimento das nulidades
· 1ª instância: 
a) As partes podem arguir a nulidade nas peças que integram a estrutura processual (inicial, resposta escrita, memoriais); em preliminar de eventual recurso (RESE e apelação) ou, eventualmente, em petição autônoma endereçada ao próprio juiz da causa
b) Reconhecimento de ofício – nada impede que o magistrado declare nulidades absolutas ou relativas de ofício na condução da causa (art. 251, 423, CPP);
· 2ª instância (Tribunal):
a) O Tribunal terá por base a matéria apresentada no recurso interposto (não é como no primeiro grau em que tudo pode ser alegado de ofício) e a referência interpretativa é a Súmula 160 STF que nos permite extrair as seguintes conclusões: 
· No recurso de ofício o Tribunal é livre para declarar nulidade contra ou a favor dos interesses da defesa.
· No julgamento de recurso acusatório, o Tribunal só poderá conhecer nulidades desfavoráveis à defesa que estejam consignadas no recurso.
· No julgamento de recurso de acusação ou da defesa, o Tribunal está autorizado a reconhecer nulidades favoráveis ao réu, mesmo que não consignadas no recurso, pautando-se no princípio da reformatio in melius.
Súmula 160: É NULA A DECISÃO DO TRIBUNAL QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, NULIDADE NÃO ARGÜIDA NO RECURSO DA ACUSAÇÃO, RESSALVADOS OS CASOS DE RECURSO DE OFÍCIO. 
1.6.	Momentos e Meios para a Decretação da Nulidade.
Em caráter preventivo, incumbe ao juiz da causa, como “diretor” do processo, zelar pela rigorosa observância das fórmulas legais, de modo que durante o iter procedimental eventuais vícios sejam desde logo extirpados, sendo por ele determinado, conforme o caso, a realização dos atos omitidos, a renovação daqueles praticados em desconformidade com o modelo legal e, quando admitido pela lei, a convalidação dos irregulares. O juiz, portanto, pode tomar tais providências em qualquer momento do processo, tendo em vista uma melhor qualidade da prestação jurisdicional.
Caso os vícios preexistentes não tenham sido reconhecidos na sentença, ou na hipótese de ser a irregularidade da própria decisão, ao tribunal competente, no exame de eventual recurso, caberá decretar a invalidade, mediante arguição em preliminar, pelo interessado, ou de ofício - em se tratando de nulidade absoluta ou recurso necessário.
O tribunal, em face de vício que possa conduzir a uma nulidade absoluta, deverá distinguir se a invalidação favorecerá o réu, caso em que deverá decretá-la e determinar a renovação do ato (ou do feito), ou, se favorecerá à acusação - não tendo sido arguida em recurso -, prejudicando a defesa, hipótese em que o tribunal deverá confirmar a decisão absolutória.
	Quanto aos meios para arguir a nulidade temos, basicamente, três: a) Habeas Corpus; b) Revisão Criminal; c) Mandado de Segurança.
#JURISPRUDÊNCIA:
Importante!!! Não gera nulidade do processo o fato de, em audiência de instrução, o magistrado, após o registro da ausência do representante do MP (que, mesmo intimado, não compareceu), complementar a inquirição das testemunhas realizada pela defesa, sem que o defensor tenha se insurgido no momento oportuno nem demonstrado efetivo prejuízo. STJ. 6ª Turma. REsp 1.348.978-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 577). O juiz continua tendo a possibilidade de formular perguntas às testemunhas, a fim de complementar a inquirição, na medida em que o próprio CPP lhe incumbe do dever de se aproximar o máximo possível da realidade dos fatos (princípio da verdade real e do impulso oficial), o que afasta o argumento de violação ao sistema acusatório. Na hipótese em análise, a oitiva das testemunhas pelo magistrado, de fato, obedeceu à exigência de complementaridade, nos termos do que determina o art. 212 do CPP, pois somente ocorreu após ter sido registrada a ausência do Parquet e dada a palavra à defesa para a realização de seus questionamentos. Vale ressaltar, ainda, que a jurisprudência do STJ se posiciona no sentido de que eventual inobservância ao disposto no art. 212 do CPP gera nulidade meramente relativa, sendo necessário, para reconhecimento, a alegação no momento oportuno e a comprovação do efetivo prejuízo. Assim, ainda que tivesse havido prejuízo, como não foi arguido pela defesa na audiência, restou caracterizada a preclusão. O simples fato de o advogado do investigado ter sido interceptado não é causa, por si só, para gerar
a anulação de todo o processo e da condenação que foi imposta ao réu. Se o Tribunal constatar que houve indevida interceptação do advogado do investigado e que, portanto, foram violadas as prerrogativas da defesa, essa situação poderá gerar três consequências processuais: 1ª) Cassação ou invalidação do ato judicial que determinou a interceptação; 2ª) Invalidação dos atos processuais subsequentes ao ato atentatório e com ele relacionados; 3ª) Afastamento do magistrado caso se demonstre que, ao assim agir, atuava de forma parcial. Se o próprio juiz, ao perceber que o advogado do investigado foi indevidamente "grampeado", anula as gravações envolvendo o profissional e, na sentença, não utiliza nenhuma dessas conversas nem qualquer prova derivada delas, não há motivo para se anular a condenação imposta. STF. 2ª Turma. HC 129706/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/6/2016 (Info 832).
*STF: Não há que se falar em nulidade do julgamento da apelação interposta pelo Ministério Público se a defesa, regularmente intimada para a apresentação de contrarrazões, permanece inerte. Em outras palavras, a ausência de contrarrazões à apelação do Ministério Público não é causa de nulidade por cerceamento de defesa se o defensor constituído pelo réu foi devidamente intimado para apresentá-las, mas não o fez. STF. 1ª Turma. RHC 133121/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/o acórdão Min. Edson Fachin julgado em 30/8/2016 (Info 837).
*#DEFENSORIA: Obrigatoriedade de intimação pessoal do Defensor Público e do defensor dativo: 
• Em regra, é obrigatória a intimação pessoal do defensor dativo, inclusive a respeito do dia em que será julgado o recurso (art. 370, § 4º do CPP). Se for feita a sua intimação apenas pela imprensa oficial, isso é causa de nulidade. 
• Exceção: não haverá nulidade se o próprio defensor dativo pediu para ser intimado dos atos processuais pelo diário oficial. 
Exemplo: o réu foi acusado de um crime. Na localidade, não havia Defensoria Pública, razão pela qual o juiz nomeou um defensor dativo para fazer a assistência jurídica do acusado. O réu foi condenado em 1ª instância. Irresignada, a defesa interpôs recurso de apelação. Na petição do recurso, o defensor dativo afirmou que preferia ser intimado pela imprensa oficial, declinando da prerrogativa de ser pessoalmente cientificado dos atos processuais. Por meio do Diário da Justiça, o defensor dativo foi intimado da data de julgamento da apelação. No julgamento do recurso, o TJ manteve a sentença condenatória. A partir daí, a Defensoria Pública foi estruturada no Estado e o Defensor Público que assumiu a assistência jurídica de João impetrou habeas corpus sustentando que houve nulidade do julgamento da apelação, já que o defensor dativo não foi pessoalmente intimado. O STJ negou o pedido afirmando que a intimação do defensor dativo apenas pela impressa oficial não implica reconhecimento de nulidade caso este tenha optado expressamente por esta modalidade de comunicação dos atos processuais, declinando da prerrogativa de ser intimado pessoalmente. STJ. 5ª Turma. HC 311.676-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 16/4/2015 (Info 560).
*Não são nulas as provas obtidas por meio de requisição do Ministério Público de informações bancárias de titularidade de prefeitura municipal para fins de apurar supostos crimes praticados por agentes públicos contra a Administração Pública. É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de titularidade da Prefeitura Municipal, com o fim de proteger o patrimônio público, não se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário. STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 20/10/2015 (Info 572).
*João respondeu a ação penal e foi condenado em 1ª instância. Seu advogado constituído na época era Dr. Pedro que interpôs recurso de apelação. Algumas semanas depois, João outorga procuração para outro advogado (Dr. Carlos) conferindo-lhe poderes para representá-lo neste processo criminal. Vale ressaltar que nesta segunda procuração não há qualquer menção ao mandato que havia sido dado a Dr. Pedro. Dr. Carlos peticiona, então, ao Tribunal de Justiça (onde tramita a apelação) juntando a procuração e informando que deseja ser intimado de todos os atos judiciais. Ocorre que a petição do Dr. Carlos foi ignorada e, quando marcaram o dia do julgamento da apelação, o advogado intimado foi o Dr. Pedro. No julgamento da apelação, que não foi acompanhado nem pelo Dr. Carlos nem pelo Dr. Pedro, o TJ manteve a sentença condenatória. Houve nulidade no presente caso? SIM. Houve nulidade do julgamento da apelação considerando que o novo advogado constituído do réu não foi intimado. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a não intimação de advogado constituído configura cerceamento de defesa e, portanto, nulidade dos atos processuais. Mesmo sem ter havido revogação expressa do mandato outorgado ao primeiro advogado, ficou clara a intenção do réu de alterar seu causídico. Podemos dizer que houve revogação tácita. 
Para o STF, a constituição de novo mandatário para atuar em processo judicial, sem ressalva ou reserva de poderes, enseja a revogação tácita do mandato anteriormente concedido. STF. 2ª Turma. RHC 127258/PE, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 19/5/2015 (Info 786). 
*A Defensoria Pública, ao tomar ciência de que o processo será julgado em data determinada ou nas sessões subsequentes, não pode alegar cerceamento de defesa ou nulidade de julgamento quando a audiência não realizada no dia previamente marcado, ocorrer no dia seguinte à nova intimação. Ex: no dia 17/06/2014, o Defensor Público se fez presente para realizar a sustentação oral, no entanto, não houve tempo para julgamento do recurso e este foi adiado sem que fosse informada nova data. No dia 15/09/2014, o Defensor Público foi intimado pessoalmente de uma lista de 90 processos que seriam julgados no dia seguinte, entre eles a apelação que havia sido adiada. No dia 16/09/2014, o recurso foi julgado sem que o Defensor Público tenha comparecido para fazer a sustentação oral. Entendeu-se que não houve qualquer nulidade, já que a Defensoria Pública foi intimada quanto à nova inclusão dos autos para julgamento em sessão do dia seguinte e mesmo assim não requereu adiamento ou qualquer outra providência. STF. 1ª Turma. HC 126081/RS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 25/8/2015 (Info 796).
*A LC 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública) prevê, como uma das prerrogativas dos Defensores Públicos, que eles devem receber intimação pessoal (arts. 44, I, 89, I e 128, I). Se uma decisão ou sentença é proferida pelo juiz na própria audiência, estando o Defensor Público presente, pode-se dizer que ele foi intimado pessoalmente naquele ato ou será necessário ainda o envio dos autos à Defensoria para que a intimação se torne perfeita? Para que a intimação pessoal do Defensor Público se concretize, será necessária ainda a remessa dos autos à Defensoria Pública. Segundo decidiu o STF, a intimação da Defensoria Pública, a despeito da presença do defensor na audiência de leitura da sentença condenatória, se aperfeiçoa com sua intimação pessoal, mediante a remessa dos autos. STF. 2ª Turma. HC 125270/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 23/6/2015 (Info 791). 
*Neste julgado, podemos destacar quatro importantes conclusões: I – O prefeito detém prerrogativa de foro, constitucionalmente estabelecida. Desse modo, os procedimentos de natureza criminal contra ele instaurados devem tramitar perante o Tribunal de Justiça (art. 29, X, da CF/88). Isso significa dizer que as investigações criminais contra o Prefeito devem ser feitas com o controle (supervisão) jurisdicional da autoridade competente (no caso, o TJ). II – Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-se em supostas declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de qualquer autoridade pública (autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a conferir-lhes fé pública
e mínima confiabilidade. III – A denúncia contra Prefeito por crime ocorrido em licitação municipal deve indicar, ao menos minimamente, que o acusado tenha tido participação ou conhecimento dos fatos supostamente ilícitos. O Prefeito não pode ser incluído entre os acusados unicamente em razão da função pública que ocupa, sob pena de violação à responsabilidade penal subjetiva, na qual não se admite a responsabilidade presumida. IV – Se o réu é denunciado por crime previsto no art. 1º do DL 201/67 em concurso com outro delito cujo rito segue o CPP, ex: art. 312 do CP, art. 90 da Lei nº 8.666/93, o magistrado ou Tribunal, antes de receber a denúncia, deverá dar oportunidade para que o denunciado ofereça defesa prévia. Não pode a defesa prévia ser concedida apenas para a imputação referente ao art. 1º do DL 201/67. A defesa prévia antes do recebimento da denúncia é prevista no art. 2º, I, do DL 201/67, que é considerado procedimento especial e, portanto, prevalece sobre o comum. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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