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3 TGE Pressupostos Constituicionais do Direito Empresarial

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TEORIA DA EMPRESA E DIREITO SOCIETÁRIO
1) – PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO EMPRESARIAL
- a CF/1988 ao dispor sobre a exploração de atividades econômicas, ou seja sobre a produção e circulação de bens e serviços atribuiu à iniciativa privada, aos particulares, o papel primordial, reservando ao Estado apenas uma função supletiva (Art. 170/CF).
- a exploração direta da atividade pelo Estado só é possível em hipóteses excepcionais, quando, por exemplo, for necessária à segurança nacional ou represente um relevante interesse coletivo (Art. 173/CF)
- são PRESSUPOSTOS CONSTITUCIONAIS DO REGIME JURÍDICO-EMPRESARIAL:
. normas constitucionais que adotam princípios do liberalismo econômico, já que é dado à iniciativa privada o papel principal na produção e circulação de bens e serviços necessários à vida da pessoa em sociedade
. ao nível da legislação ordinária procura-se garantir a livre-iniciativa e a livre-competição por meio da repressão ao abuso do poder econômico ou da concorrência desleal
2) – PROTEÇÃO DA ORDEM ECONÔMICA E DA CONCORRÊNCIA
A - CONTRA A ORDEM ECONÔMICA:
. a repressão aos crimes contra a ordem econômica está prevista constitucionalmente, consoante o Art. 173, § 4º da CF
. as infrações contra a ordem econômica, por sua vez, estão definidas na Lei 12.529/2011 (LIOE), sendo certo que seu Art. 36 estabelece o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita; enquanto o § 3º deste mesmo artigo elenca diversas hipóteses em que a infração pode ocorrer
. configuram infrações contra a ordem econômica as práticas empresariais elencadas no Art. 36, § 3º da LIOE, se caracterizado:
- o exercício do poder econômico por meio de condutas que visem a limitar, falsear, prejudicar a livre-concorrência ou livre-iniciativa
- dominar o mercado relevante de bens ou serviços 
- aumentar arbitrariamente os lucros
. em suma, as condutas elencadas no Art. 36, § 3º, da LIOE somente se caracterizam infração contra a ordem econômica se presentes os pressuposto do caput deste artigo 
. a caracterização de infração à ordem econômica dá ensejo à repressão de natureza administrativa, para qual tem atribuição o CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA (CADE), que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça
- o CADE tem um Tribunal Administrativo de Defesa Econômica, que julga as infrações, após investigações feita por sua Superintendência Geral
- o CADE poderá aplicar as seguintes sanções administrativas: 
. multa 
. publicação pela imprensa do extrato da decisão condenatória
. inscrição no Cadastro Nacional de Defesa do Consumidor
. recomendação de licenciamento obrigatório de patente titularizada pelo infrator
. negativa de parcelamento de tributos ou cancelamento deste benefício fiscal
. determinação de atos societários como cisão ou transferência de controle compulsórios
- as decisões administrativas do CADE são títulos executivos extrajudiciais e comportam execução específica quando impõe obrigação de fazer ou não fazer, podendo o juiz para isso decretar a intervenção da empresa
- o CADE também atua preventivamente, pois algumas operações societárias (fusão ou aquisição de empresa) não são eficazes enquanto não forem aprovadas por esta autarquia federal
. o objetivo desta atuação preventiva do CADE é evitar a concretização de atos que poderiam limitar ou reduzir a concorrência (Art. 88 da LIOE)
B – CONCORRÊNCIA DESLEAL:
. a repressão à concorrência desleal e feita em dois níveis: 
- na esfera penal, a lei tipifica como crime de concorrência desleal os comportamentos elencados no Art. 195 da Lei nº 9.279/1996 (Lei da Propriedade Industrial – LPI):
. publicar falsa afirmação em detrimento de concorrente, com o objetivo de obter vantagem
. empregar meio fraudulento para desviar, em seu proveito ou de terceiro, a clientela de certo comerciante
. dar ou prometer dinheiro a empregado de concorrente para que este proporcione vantagem, faltando a dever do empregado
- na esfera civil, a repressão pode ter fundamento contratual ou extracontratual
. o concorrente desleal deve indenizar o empresário prejudicado, por ter descumprido a obrigação decorrente de contrato entre eles
. na omissão do contrato, o alienante de estabelecimento empresarial não pode restabelecer-se na mesma praça, concorrendo com o adquirente, no prazo de cinco (05) anos seguintes ao negócio, sob pena de ser obrigado a cessar a sua atividade e indenizar este último (Art. 1.147)
. a repressão civil com fundamento extracontratual comporta algumas dificuldades, isto porque a distinção entre a concorrência regular e a concorrência desleal é bastante imprecisa e depende de uma apreciação especial e subjetiva das relações costumeiras entre empresários, não havendo, pois, critério geral e objetivo para a caracterização da concorrência desleal e criminosa 
3) – PROIBIÇÃO DE EXERCER A ATIVIDADE EMPRESARIAL
- em determinadas hipóteses, o direito veda o exercício da atividade empresarial a determinadas pessoas, sendo certo, ainda, que esta vedação trata de hipótese distinta da incapacidade jurídica
- os proibidos de exercer empresa são plenamente capazes para a prática dos atos e negócios jurídicos.
- o Art. 5º, inciso XIII, da CF estabelece que o exercício de profissão estará sujeito ao atendimento de determinados requisitos em lei ordinária, que fundamenta a validade das proibições ao exercício de empresa.
- são proibidos de praticas os atos de empresa:
. o empresário falido que teve sua quebra decretada judicialmente só poderá retornar a exercer atividade empresarial após a reabilitação também decretada judicialmente
- se houver condenação por crime falimentar, o falido deverá ter, além de declarada a extinção das suas obrigações, obter a sua reabilitação penal.
. é proibido, também, o exercício da empresa também àqueles que foram condenados por crime cuja pena vede o acesso à atividade empresarial (Art. 35, II, da Lei 8.934/1994 Lei de Registro de Empresa – LRE)
- a Junta Comercial não poderá registrar atos constitutivos de empresa, individual ou societária, em que conste o nome de pessoa condenada por crime que vede a prática de atos empresariais
. o leiloeiro também está proibido de praticas atos comerciais (Art. 36, § 1º, do Decreto 21.981/1932)
. os servidores públicos, segundos seus respectivos estatutos
. as pessoas jurídicas não brasileiras nos serviços de transporte aéreo doméstico (Art. 216 do Código Brasileiro Aeronáutico)
- aqueles que estão impedidos de praticar atos empresariais, respondem por todos os atos que praticar, vinculando-se obrigacionalmente (Art. 973)
. a incapacidade para o exercício da empresa é estabelecida para a proteção do próprio incapaz, afastando-o dos riscos inerentes à atividade empresarial
. a proibição de ser empresário está relacionada com a tutela do interesse público, ou mesmo das pessoas que se relacionam com o empresário
4) – MICROEMPRESA / EMPRESA DE PEQUENO PORTE / MEI
- o Art. 179 da CF estabelece que o Poder Público dispensará tratamento diferenciado às mincroempresas e às empresas de pequeno porte, no sentido de simplificar o atendimento às obrigações administrativas, tributárias, previdenciária ou creditícias
- para regulamentar o preceito constitucional, editou-se a Lei Complementar nº 123/2006, que estabelece o Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte
- a lei define Microempresa e Empresa de Pequeno Porte em função do valor de sua receita bruta , que é sinônimo da soma de todos os ingressos derivados do exercício da atividade empresarial
- os empresários individuais, as EIRELIS ou as sociedades empresárias ou simples que atenderem aos limites legais deverão acrescer ao seu nome empresarial as expressões “Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou as abreviaturas “ME” ou “EPP”
- o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte criou o “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições”, cuja sigla é Simples Nacional
. o pagamento dos tributos (IR; IPI; ICMS,ISS contribuições previdenciárias) são feitos em um único recolhimento mensal, proporcional ao seu faturamento
. estão dispensadas de manter escrituração mercantil
. devem emitir Nota Fiscal
. arquivar os seus documentos constitutivos (Art. 27)
. as empresas que não são optantes pelo SIMPLES devem manter a escrituração no Livro-Caixa (Art. 26, § 2º)
- em 2008, o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte foi alterado para se criar a figura do MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL – MEI que refere-se ao empresário individual que atinge receita bruta anual até o limite estabelecido em lei (Art. 18-A)
. tem simplificação dos procedimentos de inscrição no Registro do Comércio e cadastro fiscais
 . está dispensado da escrita fiscal
. tem direito de recolher os tributos abrangidos pelo SIMPLES por meio do pagamento de valores fixos mensais
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