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DIREITO CIVIL BENS JURÍDICOS 2 SUMÁRIO BENS JURÍDICOS 1. BENS X COISAS .......................................................................................................................................3 2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MOBILIDADE (ARTS. 79 A 84) ........................................................................3 a) Imóveis ............................................................................................................................................. 3 b) Móveis .............................................................................................................................................. 4 3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DEPENDÊNCIA ..............................................................................................5 3.1 BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (ART. 92, CC) ........................................................................ 5 a) Bem principal .................................................................................................................................... 5 b) Bem acessório. .................................................................................................................................. 5 BEM DE FAMÍLIA 1. HISTÓRICO .............................................................................................................................................7 2. CLASSIFICAÇÃO ......................................................................................................................................7 2.1 VOLUNTÁRIO ....................................................................................................................................... 7 2.2 LEGAL ................................................................................................................................................. 12 2.2.1 Conceito ...................................................................................................................................... 13 2.2.2 Aplicabilidade .............................................................................................................................. 13 2.2.3 Exceções à impenhorabilidade do bem de família legal (art. 3º) ............ Erro! Indicador não definido. 3. ABRANGÊNCIA PROTETIVA DA LEI Nº 8.009/90 ..................................................................................... 15 4. EXCEÇÕES À PENHORABILIDADE LEGAL DO BEM DE FAMÍLIA ................................................................. 15 5. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ......................................................................................... 19 6. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ..................................................................................................................... 19 3 ATUALIZADO EM 01/03/20191 BENS JURÍDICOS 1. BENS X COISAS Inicialmente, convém esclarecer que não se pode confundir coisa com bem. Caio Mário dizia que a expressão bem seria gênero (tudo que nos agrada), enquanto coisa seria espécie (bens materiais ou corpóreos). Essa diferenciação não foi adotada pelo CC/2002. Silvio Rodrigues, por sua vez, dizia que coisa é gênero (tudo que não é humano), enquanto bens é espécie (coisas com interesse econômico e/ou jurídico). Essa diferenciação foi adotada pelo CC/2002. A parte geral utiliza apenas a expressão bens. Os bens podem ser corpóreos (materiais, tangíveis), ou incorpóreos (imateriais, tais como direitos autorais). Patrimônio: soma de bens corpóreos e incorpóreos de um sujeito apreciável economicamente. 2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MOBILIDADE (ARTS. 79 A 84)2 a) Imóveis: são aqueles que não podem ser removidos ou transportados. Transporte e remoção implicam destruição ou deterioração. Existem quatro modalidades de bens imóveis: a.1) Bens imóveis por natureza: a imobilidade decorre de sua essência. Ex.: árvore natural. a.2) Bens imóveis por acessão física industrial: a imobilidade decorre da atuação humana, concreta e efetiva. Ex.: construções e plantações. a.3) Bens imóveis por acessão física intelectual (Tartuce): são os bens móveis incorporados ao bem imóvel pela vontade do proprietário. Ex.: trator na fazenda, TV agregada à rede LFG. 1 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. 2 Na prova oral da DPE/ES (2017) foi perguntado acerca da classificação dos bens no Direito Civil. 4 OBS.: há quem entenda que essa categoria não persista mais (Enunciado 11 da I Jornada de Direito Civil). Em sentido contrário, entendendo que a categoria persiste, citamos Maria Helena Diniz, Stolze, entre outros, os quais entendem que foi tratada como pertenças. Enunciado 11: Não persiste no novo sistema legislativo a categoria dos bens imóveis por acessão intelectual, não obstante a expressão "tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente", constante da parte final do art. 79 do Código Civil. a.4) Bens imóveis por determinação legal (art. 80, CC): os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta.3 Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. b) Móveis: são aqueles que podem ser removidos ou transportados. Existem três modalidades: b.1) Bens móveis por natureza: a mobilidade decorre de sua essência, sendo possível a remoção por força alheia ou por força própria (semoventes). b.2) Bens móveis por antecipação: eram imóveis mas foram mobilizados por uma atuação humana concreta e efetiva. Ex.: plantação colhida e prédio demolido. b.3) bens móveis por determinação legal (art. 83, CC): as energias que tenham valor econômico; os direitos reais sobre objetos móveis (ex.: penhor) e as ações correspondentes; os direitos pessoais de caráter patrimonial (ex.: direitos autorais) e respectivas ações Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. OBS.: navios e aeronaves admitem hipoteca e possuem registro especial, e desta feita, para alguns, se trata de bens imóveis. Contudo, veja que as peculiaridades registradas têm natureza acessória, o que impede que mudem a natureza do principal. São, portanto, bens móveis especiais. Frise-se, inclusive, que os direitos reais sobre eles são bens móveis, nos termos do art. 83, CC. 3 A seguinte assertiva foi considerada incorreta: O direito à sucessão aberta e o direito à herança constituem bens móveis por determinação legal, isso ocorre mesmo se a herança for composta apenas de bens imóveis. (MPMG – 2017). 5 3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À DEPENDÊNCIA 3.1 BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS (ART. 92, CC) a) Bem principal: é um bem autônomo (independente) no plano concreto ou abstrato. b) Bem acessório: é um bem cuja existência supõe a do bem principal. O art. 92, CC, consagra o princípio da gravitação jurídica cujo teor preconiza que “o acessório segue o principal”.Frise que esse princípio não se aplica apenas aos bens, mas também aos contratos, etc. b.1) Modalidades de bens acessórios: (1) Frutos: são bens que saem do principal sem diminuir sua quantidade. → Naturais: que decorrem da essência. Ex.: frutas. → Industriais: que decorrem da atividade humana. Ex.: cimento → Civis: que são rendimentos. Ex.: juros, aluguel, etc. (2) Produtos: são bens que saem do principal diminuindo esse. Ex.: pepita de ouro de uma mina. (3) Pertenças: não constituem partes integrantes, servem de modo duradouro ao uso, serviço ou embelezamento de outro bem. Como não são partes integrantes são independentes. Podem ser bens móveis incorporados a bens imóveis ou incorporados a bens móveis, ambos pela vontade do homem (ascessão intelectual). Em regra, a pertença não segue o bem principal, salvo se resultar da lei, manifestação da vontade ou circunstâncias do caso. OBS.: Circunstâncias do caso – se a pertença for essencial ao bem principal seguirá esse. Ex.: piano no conservatório musical. (4) Partes integrantes: são bens acessórios que estão unidos ao bem principal formando com o último um todo indivisível. Não tem autonomia (diferente das pertenças), ou seja, só tem funcionalidade com o principal. Ex.: lâmpada no lustre. 6 (5) Benfeitorias: são acréscimos e melhoramentos introduzidos no bem principal, sendo certo que podem ser de três tipos: → Necessárias: conservação e manutenção do bem. → Úteis: facilitam o uso. Ex.: corrimão da escada. → Voluptuárias: mero deleite ou recreio. Ex.: sauna, piscina. OBS.: piscina em escola de natação é benfeitoria necessária e não voluptuária. OBS.: a melhor diferenciação entre pertença e benfeitoria voluptuária é a de que a primeira é uma incorporação realizada pelo proprietário, enquanto a segunda é uma incorporação realizada por quem não é proprietário. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. A leitura do dispositivo deve ser feita como intervenção do proprietário direta ou indireta. Se o proprietário intervém diretamente, é pertença, se indiretamente (ex.: locou o bem), é benfeitoria. Ex.: Toca CD é parte integrante do veículo quando já vem de fábrica. Porém, quando você compra e manda colocar, é pertença. Quando você empresta o carro e o comodatário coloca o Toca CD é benfeitoria. O art. 99 do Código Civil classifica os bens públicos de acordo com a sua destinação (ou afetação): *#OLHAOGANCHO4 #AJUDAMARCINHO: a) Bens de uso comum do povo b) Bens de uso especial c) Bens dominicais São aqueles destinados à utilização geral pelos indivíduos, podendo ser utilizados por todos em igualdade de condições, independentemente de consentimento individualizado por parte do Poder Público (uso coletivo). Exs: ruas, praças, rios, praias etc. São aqueles utilizados pela Administração para a prestação dos serviços administrativos e dos serviços públicos em geral, ou seja, utilizados pela Administração para a satisfação de seus objetivos. Exs: prédio onde funciona um órgão público. São aqueles que não estão sendo utilizados para nenhuma destinação pública (estão desafetados), abrangendo o denominado domínio privado do Estado. Exs: terras devolutas, terrenos de marinha, prédios públicos desativados, móveis inservíveis, 4 Atenção alunos cicleiros: informações mais aprofundadas sobre esse assunto devem ser estudadas na FUC 11 de Direito Administrativo, ok? 7 dívida ativa etc. BEM DE FAMÍLIA 1. HISTÓRICO O referencial histórico mais importante desse instituto é uma Lei Texana (Homestead Act) de 1939 que, em meio a uma grave crise, consagrou a impenhorabilidade da pequena propriedade, como forma de incentivar a economia. O Código Civil de 1916 consagrou o bem de família em seu art. 70, seguindo-se a importante Lei n.º 8.009/1990 e, mais recentemente, o Código de 2002, em seus arts. 1711 e seguintes. Em nosso atual sistema coexistem duas espécies de bem de família: bem de família voluntário (art. 1.711 e segs., CC) e bem de família legal (Lei n.º 8.009/90). O fundamento primário do bem de família, voluntário ou legal, na perspectiva da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, é o direito constitucional à moradia, à luz, inclusive, da teoria do estatuto jurídico do patrimônio mínimo de Luiz Edson Fachin (falou Fachin, falou patrimônio mínimo). 2. CLASSIFICAÇÃO 2.1 VOLUNTÁRIO5 Disciplinado no art. 1711, CC, é aquele instituído por ato de vontade, mediante registro imobiliário. Gera dois efeitos principais: a impenhorabilidade por dívidas futuras (art. 1715, CC) e a inalienabilidade do referido imóvel (art. 1716, CC). OBS.: essa impenhorabilidade por dívidas futuras não é absoluta, na medida em que, por exemplo, dívidas condominiais podem levar à penhora do imóvel; na mesma linha, a inalienabilidade também pode eventualmente ser afastada, caso exista justificativa para tanto. Inovação: o CC/2002, nos arts. 1.711 e 1.712 trouxe duas grandes novidades para o bem de família voluntário: a) O valor do bem de família não poderá ultrapassar o teto de 1/3 do patrimônio líquido dos seus instituidores. 5 A seguinte assertiva foi considerada incorreta: O contrato de compra e venda será anulável no caso de a venda recair sobre bem de família instituído de forma convencional ou voluntária. (MPRS – 2017). 8 b) Admitiu-se, ainda, a possibilidade de se agregar renda ou valor mobiliário para a instituição desta forma voluntária de bem de família. Vale lembrar que essa renda ou valor se torna impenhorável junto com o bem de família, bem como deve se limitar ao valor de 1/3 também. Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. OBS.: a hipótese prevista no art. 1.712 não se confunde com a posição já consolidada pelo próprio STJ no sentido da impenhorabilidade da renda proveniente da locação do único imóvel residencial (REsp 439.920/SP - o fato de não utilizar o imóvel como residência não o descaracteriza automaticamente). Vide arts. 1.7206 (administração do bem de família voluntário), 1.721 e 1.722 (extinção do bem de família voluntário, todos do CC). É aquele instituído por ato de vontade do casal, da entidade familiar ou de um terceiro, mediante registro no cartório de imóveis. Não precisa de outorga (art. 167, I, nº 1, da LRP - Art. 167. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos: I - o registro: 1) da instituição de bem de família). Socialmente, não tem muita importância, pois é raro. Exige o registro no cartório de imóveis. 6 Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência. Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administraçãopassará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor. Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família. Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal. Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela. 9 São efeitos da instituição do bem de família voluntário: a impenhorabilidade do bem por dívidas futuras (art. 1715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Parágrafo único. No caso de execução pelas dívidas referidas neste artigo, o saldo existente será aplicado em outro prédio, como bem de família, ou em títulos da dívida pública, para sustento familiar, salvo se motivos relevantes aconselharem outra solução, a critério do juiz.) e a inalienabilidade relativa do bem (art. 1717. O prédio e os valores mobiliários, constituídos como bem da família, não podem ter destino diverso do previsto no art. 1.712 ou serem alienados sem o consentimento dos interessados e seus representantes legais, ouvido o Ministério Público). Ambos os efeitos, todavia, são relativos, admitindo flexibilização. Pode vender em casos excepcionais e com autorização do juiz. O CC, em seu artigo 1711, limitou o valor máximo do bem de família voluntário ao teto de 1/3 do patrimônio líquido dos instituidores ao tempo de sua instituição. Se for instituído fora desse padrão será ineficaz e não nulo. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. OBS.: os instituidores devem declarar, sob as penas da lei, que aquele bem respeita o limite legal, sob pena, não apenas de invalidade do ato, mas de eventual e possível responsabilização criminal. Tem duração limitada à vida dos instituidores ou até a maioridade dos filhos. *#ATENÇÃO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O art. 1712 do CC consagrou algo inovador: a possibilidade de se vincular rendimentos (valores mobiliários) à instituição do bem de família voluntário, desde que a referida renda seja aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Os valores mobiliários não podem exceder ao valor do prédio instituído como bem de família. Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Todavia, situação diversa é admita pelo STJ (REsp 439.920/SP, AgRg no REsp 975.858/SP), admissível até para o bem de família legal, no sentido de se considerar impenhorável a renda de aluguel proveniente do único bem de família locado. BEM DE FAMÍLIA – IMÓVEL LOCADO – IMPENHORABILIDADE – INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA LEI Nº 8.009/90. O fato de o único imóvel residencial vir a ser alugado não o desnatura como bem de família, quando 10 comprovado que a renda auferida destina-se à subsistência da família. Recurso especial provido. (STJ - REsp: 439920 SP 2002/0061555-0, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 10/11/2003, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 09.12.2003 p. 280LEXJTACSP vol. 206 p. 752) *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Bem adquirido com produto de crime é penhorável mesmo que tenha havido extinção da punibilidade pelo cumprimento do sursis processual. Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime, ainda que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão condicional do processo. STJ. 4ª Turma. REsp 1091236-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 15/12/2015 (Info 575). *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A exceção à impenhorabilidade prevista no art. 3º, II, da Lei nº 8.009/90 abrange o imóvel objeto do contrato de promessa de compra e venda inadimplido. O art. 3º, II, da Lei nº 8.009/90 prevê que o bem de família poderá ser penhorado para a cobrança de “crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato”. A exceção prevista neste inciso II do art. 3º deve ser estendida também aos casos em que o proprietário firma contrato de promessa de compra e venda do imóvel e, após receber parte do preço ajustado, se recusa a adimplir com as obrigações avençadas ou a restituir o numerário recebido, e não possui outro bem passível de assegurar o juízo da execução. STJ. 3ª Turma. AgRg no AREsp 806.099/SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 08/03/2016. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A impenhorabilidade do bem de família é oponível às execuções de sentenças cíveis decorrentes de atos ilícitos, salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido na esfera penal. Cabe a penhora do bem de família para pagamento de dívidas de pensão decorrente de vínculo familiar ou de ato ilícito (art. 3º, III, da Lei nº 8.009/90). Por outro lado, não é cabível a penhora de bem de família para o pagamento de indenização por ato ilícito, salvo se decorrente de ilícito previamente reconhecido como crime na esfera penal. Isso porque aí se enquadrará no inciso VI do art. 3º. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1619189/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/10/2016. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Os imóveis residenciais de alto padrão ou de luxo não estão excluídos, em razão do seu valor econômico, da proteção conferida pela Lei nº 8.0009/90 aos bens de família. O simples fato de o imóvel ser de luxo ou de elevado valor, por si só, não afasta a proteção prevista na Lei nº 8.009/90. Assim, prevalece a proteção legal ao bem de família, independentemente de seu padrão. O intérprete não pode fazer uma releitura da lei, a fim de excluir o imóvel da proteção do bem de família pelo simples fato de ela ser de elevado valor. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 1199556/PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 11 05/06/2018. STJ. 3ª Turma. REsp 1.482.724/SP, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 14/11/2017. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1669123/RS, Rel. Min. Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF 5ª Região), julgado em 15/03/2018. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1.505.028/SP, Rel. Min. Raul Aráujo, julgado em 19/09/2017. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: A preclusão consumativa atinge a alegação de impenhorabilidade do bem de família quando houver decisão anterior acerca do tema. A impenhorabilidade de bem de família pode ser arguida em qualquer tempo ou fase do processo, desde que não tenha havido pronunciamento judicial anterior. STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1373654/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 06/03/2018. Opera-se a preclusão consumativa quanto à discussão acerca da penhorabilidade ou impenhorabilidade do bem de família quando houver decisão definitiva anterior acerca do tema, mesmo em se tratando de matéria de ordem pública. STJ. 3ª Turma. AgInt nos EDcl no AREsp 1039028/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/11/2017. A impenhorabilidade de bem de família pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição. No entanto,uma vez decidido o tema, não pode ser reeditado, pois acobertado pela preclusão. STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1518503/PE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/09/2017. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Afasta-se a proteção conferida pela Lei nº 8.009/90 ao bem de família, quando caracterizado abuso do direito de propriedade, violação da boa-fé objetiva e fraude à execução. A regra de impenhorabilidade do bem de família trazida pela Lei nº 8.009/90 deve ser examinada à luz do princípio da boa-fé objetiva, que, além de incidir em todas as relações jurídicas, constitui diretriz interpretativa para as normas do sistema jurídico pátrio. Assim, se ficou caracterizada fraude à execução na alienação do único imóvel dos executados, em evidente abuso de direito e má-fé, afasta-se a norma protetiva do bem de família, que não pode conviver, tolerar e premiar a atuação dos devedores em desconformidade com a boa-fé objetiva. STJ. 3ª Turma. REsp 1575243/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/03/2018. *#OUSESABER #SELIGANASÚMULA: O que se entende por bem de família indireto? Trata-se de expressão utilizada para referir-se à previsão da súmula 486 do STJ: “É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família”. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: Os direitos do devedor fiduciante sobre imóvel objeto de contrato de alienação fiduciária em garantia possuem a proteção da impenhorabilidade do bem de família legal. Ex: João fez um contrato de alienação fiduciária para aquisição de uma casa; ele está morando no imóvel enquanto paga as prestações; enquanto não terminar de pagar, a casa pertence ao banco; apesar disso, ou seja, a despeito de possuir apenas a posse, os direitos de João sobre o imóvel não podem ser penhorados porque incide a proteção do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.677.079-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/09/2018 (Info 635). 12 O artigo 1720 cuida da administração do bem de família voluntário e os artigos 1721 e 1722 tratam da extinção. (recomenda-se a leitura): Art. 1.720. Salvo disposição em contrário do ato de instituição, a administração do bem de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência. Parágrafo único. Com o falecimento de ambos os cônjuges, a administração passará ao filho mais velho, se for maior, e, do contrário, a seu tutor. Art. 1.721. A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família. Parágrafo único. Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal. Art. 1.722. Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela. 2.2 LEGAL A Lei nº 8.009/90 consagra a mais importante modalidade de bem família. O denominado bem de família legal, na perspectiva constitucional de proteção ao patrimônio mínimo, independente de valor (REsp 11.78469-SP), assim como dispensa individualização em escritura e registro cartorário. Vale dizer, consagrou-se uma impenhorabilidade do bem de família derivada automaticamente da lei. Ademais, diferentemente do bem de família voluntário, não se fala aqui em inalienabilidade. OBS.: a proteção conferida pela lei nº 8.009/90 ampara-se no direito constitucional à moradia e em nível doutrinário, na brilhante tese de Luiz Edson Fachin intitulada “O estatuto jurídico do patrimônio mínimo”, segundo a qual, à luz do princípio da dignidade da pessoa humana, as normas civis devem resguardar a cada pessoa um mínimo de patrimônio para que tenha vida digna (falou Fachin, falou patrimônio mínimo). OBS.: a abrangência do bem de família legal que consagra uma impenhorabilidade independentemente de registro cartorário, na prática, torna as normas do bem de família voluntário quase obsoletas. Eventualmente, poderá haver interesse na instituição do bem de família voluntário como se lê no parágrafo único, do art. 5º, da Lei nº 8.009/90. Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. 13 Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 1711 do Código Civil. Ou seja, se a pessoa quiser proteger o bem de maior valor, será necessária a instituição do bem de família voluntário, pois a proteção automática legal do art. 5º, da Lei nº 8.009/90 abrange o imóvel de menor valor. A Súmula 205, do Superior Tribunal de Justiça, na perspectiva do princípio da função social, admite a aplicação da Lei nº 8.009/90 para penhoras realizadas antes da sua vigência. 2.2.1 Conceito O bem de família voluntário não alcançou maior sucesso entre nós (Sílvio Rodrigues). Álvaro Villaça – Bem de Família – advertia que isso era devido ao Estado transferir ao particular a importante missão de proteger o imóvel em que reside. Nesse contexto, em 1990, fora editada a Lei nº 8.009 que consagraria o denominado bem de família legal. Essa modalidade de bem de família independe de ato volitivo de instituição, bem como de registro cartorário. A proteção da impenhorabilidade se opera automaticamente, por aplicação direita da norma legal. Não há o efeito da inalienabilidade e afigura-se irrelevante o valor do bem. (AgRg no AResp 264.431/SE). 2.2.2 Aplicabilidade Nos termos do parágrafo único do art. 5º, na hipótese de o casal ou a entidade familiar ser possuidor de vários imóveis utilizados como residências, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se o outro tiver sido instituído como bem de família voluntário. Vale acrescentar, no que tange à interpretação do parágrafo único do artigo 1º, que o STJ admite, para evitar abuso de direito, em situações justificadas, o desmembramento do imóvel para efeito de penhora, desde que não haja prejuízo para a área residencial (REsp. 968.907/RS). Art. 1º O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei. Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a casa, desde que quitados. 14 Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente. Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. OBS.: o Enunciado nº 205 da Súmula do STJ aponta no sentido de que a Lei nº 8.009/90 pode ser aplicada inclusive para penhoras realizadas antes da sua vigência. STJ Súmula nº 205 - 01/04/1998 - A Lei nº 8.009-90 aplica-se à penhora realizada antes de sua vigência. A proteção da Lei n.º 8.009 é ampla, compreendendo bem móveis quitados e favorecendo até mesmo o locatário (parágrafo único do art. 1º e art. 2º). Já houve decisões no Brasil protegendo televisão, ar condicionado, computador, e até mesmo, tecladomusical. (REsp 218.882/SP). OBS.: a garagem da unidade habitacional pode ser penhorada? DEPENDE. A súmula 449 do STJ (A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora) admite a penhora da garagem, desde que tenha número de matrícula próprio, ou seja, diverso da do imóvel. Matrícula, registro e averbação. Matricula não muda. Registro muda com cada transação. OBS.: conta de poupança vinculada a financiamento para aquisição de imóvel – alcançada pela impenhorabilidade. OBS.: Se o executado possui um único imóvel residencial, mas quem mora nele é um parente (ex.: filho), mesmo assim esse imóvel será considerado como bem de família, sendo impenhorável. Em outras palavras, constitui bem de família, insuscetível de penhora, o único imóvel residencial do devedor em que resida seu familiar, ainda que o proprietário nele não habite. STJ. 2ª Seção. EREsp 1.216.187/SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 14/05/2014 (Info 543). *#OUSESABER: Em regra, o imóvel comercial não se enquadra na hipótese de impenhorabilidade da Lei nº 8.009/90, no entanto há uma exceção expressamente mencionada pelo STJ em julgado recentíssimo: É impenhorável o único imóvel comercial do devedor quando o aluguel daquele está destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar. Inicialmente, registre-se que o STJ pacificou a orientação de que não descaracteriza automaticamente o instituto do bem de família, previsto na Lei nº 8.009/1990, a constatação de que o grupo familiar não reside no único imóvel de sua propriedade (AgRg no REsp 404.742-RS, Segunda Turma, DJe 19/12/2008; e AgRg no REsp 1.018.814-SP, Segunda Turma, DJe 28/11/2008). A Segunda Turma também possui entendimento de que o aluguel do único imóvel do casal não o 15 desconfigura como bem de família (REsp 855.543-DF, Segunda Turma, DJ 3/10/2006). Ainda sobre o tema, há entendimento acerca da impossibilidade de penhora de dinheiro aplicado em poupança, por se verificar sua vinculação ao financiamento para aquisição de imóvel residencial (REsp 707.623-RS, Segunda Turma, DJe 24/9/2009). REsp 1.616.475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016, DJe 11/10/2016. Segundo a redação literal da súmula 486-STJ, "é impenhorável o único imóvel RESIDENCIAL do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família.". A 2ª Turma do STJ, contudo, ampliou esta proteção e decidiu que também é impenhorável o único imóvel COMERCIAL do devedor que esteja alugado quando o valor do aluguel é destinado unicamente ao pagamento de locação residencial por sua entidade familiar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.616.475-PE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591). 3. ABRANGÊNCIA PROTETIVA DA LEI Nº 8.009/90 Os arts. 1º e 2º disciplinam a abrangência da impenhorabilidade legal do bem de família, que atinge não só o imóvel residencial em si, mas também construções, bens acessórios e até móveis quitados. Obs.: o próprio STJ tem flexibilizado a proteção do bem de família legal para autorizar, em determinados casos, o seu desmembramento para efeito de penhora (REsp 510643-DF e REsp 515122-RS). Obs.: o legislador, em seu art. 2º, aponta bens que estão fora da proteção legal, cabendo à jurisprudência, à luz do caso concreto, apontar quais estariam inseridos no âmbito protetivo da norma. Já houve decisão na jurisprudência protegendo televisão, antena parabólica e até mesmo o teclado musical (REsp 218.882-SP). Vale acrescentar que o STJ, por meio da Súmula 449, protege até mesmo a vaga de garagem, desde que vinculada à mesma matrícula do imóvel. Art. 2º Excluem-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, obras de arte e adornos suntuosos. Parágrafo único. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade do locatário, observado o disposto neste artigo. 4. EXCEÇÕES À IMPENHORABILIDADE LEGAL DO BEM DE FAMÍLIA Para Pablo também são aplicáveis ao bem de família voluntário. Livro diz que não são aplicáveis. Para o bem de família voluntário só haveria restrição por tributos relativos ao próprio prédio e taxas condominiais. 16 Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido: I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias (*REVOGADO PELA LC 150/15); II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; III - pelo credor de pensão alimentícia; * III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos responderão pela dívida; IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar; V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar; VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens. VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991) VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação; VIII - para cobrança de crédito constituído pela Procuradoria-Geral Federal em decorrência de benefício previdenciário ou assistencial recebido indevidamente por dolo, fraude ou coação, inclusive por terceiro que sabia ou deveria saber da origem ilícita dos recursos #ATENÇÃO: Inciso I: *REVOGADO PELA LC 150/15 Inciso II: financiamento para adquirir o imóvel. Inciso IV: processo movido para cobrança de imposto, taxas e contribuições em razão do imóvel. Ex.: IPTU. OBS.: o próprio STF já firmou entendimento no sentido de que a cobrança da taxa condominial também pode levar à penhora do imóvel (RE 439.003/SP). Por outro lado, o STJ tem entendido, conforme o recente julgado no AgRg no REsp 137.4805/SP, que contribuições criadas por associação de moradores não se equiparam a despesas de condomínio, para efeito de penhora. Inciso V: se o devedor voluntariamente constitui a hipoteca para garantir dívida contraída em benefício do casal ou entidade familiar, não poderá, a luz do princípio da confiança e da regra 17 proibitiva do venire, pretender posteriormente voltar atrás, alegando a proteção do bem de família. Tem que provar que a família foi beneficiada (AgRg no Ag 115.2734/SP, AgRg no AREsp 72.620/DF, REsp 988.915/SP). No entanto, o próprio STJ, invocando a irrenunciabilidade da proteção legal, admite que o devedor possa voltar atrás invocando a proteção ao bem de família, caso haja apenas INDICADO O BEM À PENHORA (AgRg no REsp 813.546/DF, REsp 875.687/RS). Inciso VII: a despeito de toda crítica doutrinária, o STJ já firmou entendimento, inclusive reconhecendo repercussão geral, no sentido de que é constitucional e possível a penhora do bem de família do fiador na locação geral. Ainda que o fiador renuncie ao benefício de ordem, sua obrigação é subsidiária. Se a pessoa tem um imóvel familiar, ele é impenhorável, enquanto o do fiador não. Absurdo. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O art. 3º da Lei nº 8.009/90 traz as hipóteses em que o bem de família legal pode ser penhorado. O inciso V afirma que o imóvel poderá ser penhorado, mesmo sendo bem de família, se ele foi dado como hipoteca (garantia real) de uma dívida em favor da entidade familiar e esta, posteriormente,não foi paga. Neste caso, o bem de família poderá ser alienado e seu produto utilizado para satisfazer o credor. Vale ressaltar que não é necessário que a hipoteca esteja registrada no cartório de Registro de Imóveis. Assim, a ausência de registro da hipoteca em cartório de registro de imóveis não afasta a exceção à regra de impenhorabilidade prevista no art. 3º, V, da Lei nº 8.009/90. Em outras palavras, o fato de a hipoteca não ter sido registrada não pode ser utilizado como argumento pelo devedor para evitar a penhora do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.455.554-RN, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 14/6/2016 (Info 585). *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STJ: O bem de família é IMPENHORÁVEL quando for dado em garantia real de dívida por um dos sócios da pessoa jurídica, cabendo ao credor o ônus da prova de que o proveito se reverteu à entidade familiar O bem de família é PENHORÁVEL quando os únicos sócios da empresa devedora são os titulares do imóvel hipotecado, sendo ônus dos proprietários a demonstração de que não se beneficiaram dos valores auferidos. Assim é possível a penhora de bem de família dado em garantia hipotecária pelo casal quando os cônjuges forem os únicos sócios da pessoa jurídica devedora. STJ. 2ª Seção. EAREsp 848498-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/04/2018 (Info 627). *#SELIGANASÚMULA: Súmula 549 do STJ: É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. STJ. 2ª Seção. Aprovada em 14/10/2015, DJe 19/10/2015. 18 OBS.: é firme o entendimento de que a proteção do bem de família também favorece a quem vive sozinho. (Súmula 364 STJ, REsp 450.989/RJ). O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. *#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: É possível a penhora de bem de família de condômino, na proporção de sua fração ideal, se inexistente patrimônio próprio do condomínio para responder por dívida oriunda de danos a terceiros. STJ. 4ª Turma. REsp 1.473.484-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/06/2018 (Info 631). #IMPORTANTE OBS.: Ao estudarmos a problemática jurisprudencial do inciso V, do art. 3º, é válido lembrar a importância da regra proibitiva do venire contra factum proprium, doutrinariamente conhecida como teoria dos atos próprios. A regra do venire, com base nos princípios da boa fé e da confiança, pretende impedir o comportamento contraditório, servindo de alicerce, inclusive, para as noções de supressio e surrectio. Vale ressaltar que a regra do venire é um desdobramento ou função reativa da boa fé objetiva (função parcelar). Exemplificando, se o contrato prevê que o pagamento deve ser feito todo dia 15 em São Paulo, e, ao longo do tempo o devedor efetua o pagamento todo dia 20 em Campinas, a situação se consolida, de modo que o devedor adquire o direito de pagar na nova cidade (surrectio), não podendo mais o credor reclamar (supressio). OBS.: O STJ já firmou entendimento no sentido de que a proteção legal do bem de família favorece, inclusive, o devedor que viva só (Súmula 364, STJ – solteiras, separadas e viúvas). Qual fundamento? As normas do bem de família protegem, em segundo plano, a família, e, em primeiro plano, o direito constitucional à moradia e ao patrimônio mínimo. Confira-se o RESP 450.989-RJ. *#IMPORTANTE: A impenhorabilidade do bem de família no qual reside o sócio devedor não é afastada pelo fato de o imóvel pertencer à sociedade empresária. STJ. 4ª Turma. EDcl no AREsp 511.486-SC, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 3/3/2016 (Info 579). O bem de família é um instituto que visa a assegurar o direito fundamental à moradia (art. 6º, caput, da CF/88), sendo um corolário da dignidade da pessoa humana, razão pela qual é preciso que seja dada uma interpretação ampliativa à proteção legal. O benefício conferido pela Lei nº 8.009/90 se trata de norma cogente, que contém princípio de ordem pública, e sua incidência somente é afastada se caracterizada alguma hipótese descrita no art. 3º do mesmo diploma. *#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Não é penhorável o bem de família do fiador no caso de contratos de locação comercial. Em outras palavras, não é possível a penhora de bem de família do fiador em contexto de locação comercial. STF. 1ª Turma. RE 605709/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Rosa Weber, julgado em 12/6/2018 (Info 906). 19 5. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO DIPLOMA DISPOSITIVOS Código Civil Art. 79 ao art. 103 e art. 1.711 ao art. 1.722 Lei 8.009/90 Integralmente 6. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA Anotações de aula Complementação no Manual de Direito Civil – Flávio Tartuce Material do TRF4 Cadernos Sistematizados Jurisprudência do site Dizer o Direito.
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