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4 DIREITOS FUNDAMENTAIS

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4 
2 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ..................................................................................... 6 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 ............................................................................................................... 6 
2.2 JELLINEK – TEORIA DOS STATUS. MUTIFUNCIONALIDADE DOS DF .................................................... 6 
2.3 CLASSIFICAÇÃO UNITÁRIA .............................................................................................................. 7 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DUALISTA .............................................................................................................. 7 
2.5 CLASSIFICAÇÃO TRIALISTA .............................................................................................................. 7 
3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................. 8 
3.1 UNIVERSALIDADE ........................................................................................................................... 8 
3.2 HISTORICIDADE ............................................................................................................................. 12 
3.3 INALIENABILIDADE/IMPRESCRITIBILIDADE/IRRENUNCIABILIDADE .................................................. 13 
3.4 RELATIVIDADE E IMUTABILIDADE .................................................................................................. 13 
4 EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS .............................................................................................. 13 
4.1 TEORIA DA INEFICÁCIA HORIZONTAL ............................................................................................. 14 
4.2 TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL INDIRETA ................................................................................. 14 
4.3 TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL DIRETA .................................................................................... 14 
4.4 TEORIA INTEGRADORA .................................................................................................................. 15 
5 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE .................................................................................................... 15 
5.1 RAZOABILIDADE ............................................................................................................................ 16 
5.2 CONSAGRAÇÃO IMPLÍCITA DA PROPORCIONALIDADE .................................................................... 16 
5.3 MÁXIMAS PARCIAIS (ESTRUTURAS DE REGRAS). ............................................................................ 16 
6 CONTEÚDO ESSENCIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................... 17 
6.1 TEORIA ABSOLUTA ........................................................................................................................ 18 
6.2 TEORIA RELATIVA .......................................................................................................................... 18 
7 RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................................................................... 19 
8 LIMITES DOS LIMITES ............................................................................................................................ 20 
8.1 REQUISITOS QUE OS LIMITES DOS LIMITES DEVEM OBEDECER ....................................................... 21 
9 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA ......................................................................................................... 22 
10 DIREITOS INDIVIDUAIS ...................................................................................................................... 27 
10.1 DIREITO À VIDA ............................................................................................................................. 27 
10.2 DIREITO À INTEGRIDADE ............................................................................................................... 31 
10.3 DIREITO À IGUALDADE .................................................................................................................. 32 
10.3.1 Principio amplo da igualdade ................................................................................................. 33 
10.3.2 Princípio da igualdade jurídica/formal .................................................................................... 33 
3 
10.3.3 Princípio da igualdade fática/material .................................................................................... 35 
10.4 DIREITO À PRIVACIDADE ............................................................................................................... 39 
10.4.1 Vida privada, intimidade, honra, imagem (art. 5º, X). ............................................................. 39 
10.5 DIREITOS DE LIBERDADE ................................................................................................................ 53 
10.5.1 Manifestação de pensamento ................................................................................................ 62 
10.5.2 Liberdade de consciência, de crença e de culto ....................................................................... 71 
10.6 DIREITO DE PROPRIEDADE ............................................................................................................. 76 
11 QUESTÕES RELACIONADAS AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS ........................................... 79 
12 DIREITOS SOCIAIS ............................................................................................................................. 80 
12.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................ 81 
12.2 EFETIVIDADE ................................................................................................................................. 86 
12.3 INTERVENÇÃO JUDICIAL ................................................................................................................ 89 
12.4 RESERVA DO POSSÍVEL .................................................................................................................. 89 
12.5 MÍNIMO EXISTENCIAL ................................................................................................................... 90 
12.6 VEDAÇÃO DE RETROCESSO SOCIAL (EFEITO CLIQUET, PROIBIÇÃO DE CONTRA REVOLUÇÃO SOCIAL, 
PROIBIÇÃO DE EVOLUÇÃO REACIONÁRIA.................................................................................................. 91 
13 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ...................................................................................... 92 
14 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA .................................................................................................................. 92 
 
 
4 
ATUALIZADO EM 17/07/20191 
DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Direitos fundamentais e direitos humanos têm como ponto em comum o fato de protegerem e 
promoverem a dignidade, a liberdade e igualdade. Enquanto os direitos fundamentais são consagrados no plano 
interno (Constituição), os direitos humanos são consagrados no plano internacional (tratados e convenções 
internacionais). 
 
O §1º, ao mencionar que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação 
imediata”, não se refere apenas aos direitos e garantias individuais, e sim a todos os direitos e garantias 
fundamentais. Contudo, ainda há alguns direitos e garantias fundamentais que precisam ser regulamentados 
(direito de greve, proteção do consumidor). O Ingo Sarlet interpreta oart. 5º, §1º, CF como um princípio – é 
uma norma que exige que os direitos e garantias fundamentais tenham uma aplicação imediata na maior 
medida possível. 
 
Para Marcelo Novelino, a norma contida nesse dispositivo deve ser interpretada como uma regra geral 
que possui exceções expressamente previstas no texto constitucional (art. 7º, I, IV; art. 37, VII). 
 
Com relação ao §2º, a Flávia Piovesan e o Antônio Augusto Cançado Trindade sustentam que os tratados 
internacionais de direitos humanos teriam status constitucional, independentemente da forma de incorporação. 
Para eles, não precisaria da regra do §3º. Independeria da forma de incorporação. 
 
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais – GÊNERO - em que a República Federativa do Brasil 
seja parte. 
 
Da mesma forma que os direitos individuais não se restringem ao artigo 5º, os direitos fundamentais 
não se limitam ao título 2. O §2ª é autêntica norma geral inclusiva – oportunidade para o reconhecimento de 
outros direitos fundamentais, ainda que não expressos na CF. podem estar implícitos. E aqueles que estão nas 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
5 
leis ordinárias? Jorge Miranda entende que sim. Ingo que não. Ingo diz o que ocorre é que muitas vezes são os 
implícitos que passam a ter espaço da lei infra. 
 
Expressos: no título II, na CF espalhados e em tratados internacionais. 
 
Implícitos: decorrentes do regime ou de princípios e direitos subentendidos nas normas de 
direitos fundamentais positivadas. 
 
O §2º é meramente declaratório, pois os direitos implícitos já estão subentendidos. Não se trata de nova 
criação. 
 
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às 
emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma 
deste parágrafo) 
 
#OBS: FUNDAMENTALIDADE FORMAL E MATERIAL DOS DF 
 
Formal: seriam fundamentais aqueles presentes no texto constitucional. A fundamentalidade formal encontra-
se ligada ao direito constitucional positivo, no sentido de um regime jurídico definido a partir da própria 
Constituição, seja de forma expressa, seja de forma implícita = supremacia hierárquica das normas 
Constitucionais + limites formais (procedimento agravado) e materiais (clausulas pétreas) da reforma 
Constitucional + diretamente aplicáveis e vinculam de forma imediata as entidades publicas e, mediante as 
necessárias ressalvas e ajustes, também os atores privados. 
 
Material: implica análise do conteúdo dos direitos, isto é, da circunstância de conterem, ou não, decisões 
fundamentais sobre a estrutura do Estado e da sociedade, de modo especial, porém, no que diz com a posição 
nestes ocupada pela pessoa humana. É, portanto, evidente que uma conceituação meramente formal, no 
sentido de serem direitos fundamentais aqueles que como tais foram reconhecidos na Constituição, revela sua 
insuficiência também para o caso brasileiro, uma vez que a Constituição Federal, como já referido e previsto no 
art. 5.°, § 2.°, admite expressamente a existência de outros direitos fundamentais que não os integrantes do 
catalogo (Titulo II da CE), com ou sem assento na Constituição, além da circunstância de que tal conceituação 
estritamente formal nada revela sobre o conteúdo (isto e, a matéria propriamente dita) dos direitos 
fundamentais. 
 
6 
Conceito final é possível definir direitos fundamentais como todas as posições jurídicas concernentes às 
pessoas (naturais ou jurídicas, consideradas na perspectiva individual ou transindividual) que, do ponto de vista 
do direito constitucional positivo, foram, expressa ou implicitamente integradas a Constituição e retiradas da 
esfera de disponibilidade dos poderes constituídos, bem como todas as posições jurídicas que, por seu conteúdo 
e significado, possam lhes ser equiparadas, tendo, ou não, assento na Constituição formal. 
 
#OBS: todos os direitos consagrados no título II são fundamentais? SIM. STF – incluindo-se os direitos dos 
trabalhadores. Todos eles são presumidamente materialmente fundamentais. 
 
2 CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DA CF/88 
 
Direitos e garantias - Na Constituição Federal os direitos e garantias fundamentais estão insertas no 
Título II, e são divididos em direitos e garantias individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo II), 
direitos nacionais (capítulo III), direitos políticos (capítulo IV) e partidos políticos (capítulo V). Ressalve-se que a 
maior parte dos direitos coletivos está inserida no capítulo dos direitos sociais. 
 
2.2 JELLINEK – TEORIA DOS STATUS. MUTIFUNCIONALIDADE DOS DF 
 
a) Status passivo: é aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Estado. É um 
estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é meramente detentor de deveres. 
 
b) Status ativo: o indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal. Ex. 
direitos políticos. Voto. 
 
c) Status negativo: é aquele em que o indivíduo goza de um espaço de liberdade diante das possíveis 
ingerências. 
 
d) Status positivo: é aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas prestações 
positivas. 
 
7 
2.3 CLASSIFICAÇÃO UNITÁRIA 
 
A profunda semelhança entre os direitos fundamentais impede que sejam considerados ou classificados 
em categorias estruturalmente diversas (Jairo Schafer). Não é a concepção predominante no Brasil. 
 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DUALISTA 
 
Os direitos fundamentais são divididos em direitos de defesa que conferem ao indivíduo um status 
negativo com o intuito de protegê-lo contra ingerências do Estado; e direitos prestacionais são aqueles que 
conferem um status positivo (capacidade de exigir prestações materiais e jurídicas do Estado). Ingo Sarlet adota 
essa classificação. 
 
2.5 CLASSIFICAÇÃO TRIALISTA 
 
a) Direitos de defesa: são os direitos liberais clássicos, presentes nas primeiras constituições escritas. Tem 
objetivo de proteger o indivíduo contra o arbítrio do Estado. Liberdades individuais. São basicamente os 
direitos e garantias individuais. Conferem ao indivíduo status negativo ao indivíduo. Exigem, 
principalmente, uma abstenção por parte do Estado. 
 
b) Direitos a prestações: exigem do Estado prestações materiais e jurídicas, ou seja, esses direitos são 
direitos que conferem ao indivíduo um status positivo. Na CF/88 representam basicamente os direitos 
sociais. Nem todo direito social é prestacional. Ex. liberdade de associação sindical/direito de greve são 
direitos sociais, mas não exigem do Estado prestação alguma; exigem, na verdade, uma abstenção. 
Assistência judiciária gratuita, por outro lado, não é um direito social, mas é prestacional. Nem todo 
direito social é prestacional e vice-versa. 
 
c) Direitos de participação: permitem a participação do indivíduo na vida política do Estado. Direitos de 
nacionalidade e direitos políticos. Confere ao indivíduo o status ativo, posição que pode influenciar na 
formação política do Estado.#OUSESABER: A dimensão objetiva2 contrapõe-se à dimensão subjetiva dos direitos fundamentais. A dimensão 
subjetiva é a perspectiva clássica em que há um sujeito, titular de direitos, que demanda a do Estado a tutela 
de seu interesse. Logo, nota-se uma relação bilateral de demanda, em que um sujeito exige do outro uma 
 
2
 O referido tema foi alvo de questão na primeira fase da DPE/PR – 2017. 
8 
contrapartida. A dimensão objetiva, por sua vez, desprende-se desse caráter pessoal/individual. A dimensão 
objetiva cria deveres aprioristicos de proteção dos direitos fundamentais pelo Estado. Há um caráter 
preventivo. O Estado passa a ter deveres independentemente de um titular que esteja demandando a 
proteção. Essa atuação preventiva desdobra-se, basicamente, em três vertentes (são as Eficácias da dim. 
objetiva): a) Eficácia Irradiante; b) Eficácia Vinculante; c) Eficácia Processual. A eficácia irradiante é o dever do 
Estado de criar normas para a defesa dos direitos fundamentais. A eficácia vinculante é o papel dos direitos 
fundamentais como regras demarcadoras e determinantes da atuação do Estado em suas diferentes funções 
(Executiva, Legislativa e Judicial), pautando a prestação dos serviços públicos. A eficácia processual é a utilização 
dos direitos fundamentais como canais de debates e decisões políticas da sociedade, ou seja, a possibilidade de 
os direitos sejam não apenas conteúdo, mas meio possibilitador de debates sociais relevantes. 
 
Nesse contexto, como uma das faces da Eficácia Vinculante da Dimensão Objetiva, desdobram-se os chamados 
deveres estatais de proteção dos direitos fundamentais, que, segundo a doutrina e jurisprudência alemãs, são 
um dever específico que o Estado possui de proteção dos direitos fundamentais dos particulares EM FACE DA 
AÇÃO DE OUTROS PARTICULARES. Nessa toada, percebe-se que o Estado não só deve promover e abster-se de 
violar direitos fundamentais (medidas sob sua responsabilidade inicial), mas também deve PROTEGER UM 
PARTICULAR DA AÇÃO DE OUTROS PARTICULARES. Isso impõe o dever de de criar leis com esse fim, criar 
políticas públicas, exercer fiscalização etc. A exigência de licenças de instalação e operação para o início de 
empreendimentos é um exemplo desse dever de proteção em matéria ambiental, mas essa espécie de 
ramificação da Dimensão Objetiva existe para os mais diversos campos dos direitos fundamentais. 
 
#OUSESABER: No âmbito das políticas públicas, o que é reserva de consistência? 
A reserva de consistência, segundo Nagibe de Melo Jorge, significa que a intervenção da jurisdição 
constitucional depende da reunião de argumentos e elementos suficientes para demonstrar o acerto do 
resultado que se pretende alcançar. Assim sendo, para que seja possível a intervenção jurisdicional sobre dada 
política pública, exige-se, p. ex., que o juiz apresente argumentos substanciais de que determinada política 
pública é incompatível com a Constituição. A reserva de consistência é assim mais um elemento de controle da 
intervenção do Judiciário sobre as políticas públicas. 
 
3 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
3.1 UNIVERSALIDADE 
 
A vinculação desses direitos, a liberdade e a dignidade da pessoa humana conduz a sua universalidade, 
entendida no sentido de existência de um núcleo mínimo de proteção à dignidade, que deve estar presente em 
9 
qualquer sociedade, independentemente de suas características sociais. Não importa a sociedade, cultura, 
etnia. Essa característica é muito polêmica e costuma ser criticada por parte da doutrina. Alguns dizem ser uma 
tentativa de imposição da cultura ocidental, pois nós somos os responsáveis por apontar quais direitos seriam 
fundamentais. Há um conflito, portanto, entre a universalidade e multiculturalismo. Até que ponto devem ser 
respeitadas as características culturais de um grupo? Qual é o limite de intervenção? Caso da Colômbia – 
Constituição tem dispositivo que protege as manifestações indígenas. Um índio entrou na Justiça pedindo 
proteção ao castigo corporal que foi determinado pela Tribo. A Suprema Corte colombiana entendeu que nesse 
caso deveria prevalecer a norma indígena, poia fazia parte da tradição cultural, mesmo que, em tese, arranhasse 
um direito fundamental. 
 
#ATENÇÃO #IMPORTANTE 
É inconstitucional lei estadual que regulamenta a atividade da “vaquejada”. Segundo decidiu o STF, os animais 
envolvidos nesta prática sofrem tratamento cruel, razão pela qual esta atividade contraria o art. 225, § 1º, VII, 
da CF/88. A crueldade provocada pela “vaquejada” faz com que, mesmo sendo esta uma atividade cultural, não 
possa ser permitida. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, 
incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto no inciso 
VII do § 1º do art. 225 da CF/88, que veda práticas que submetam os animais à crueldade. STF. Plenário. ADI 
4983/CE, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 06/10/2016 (Info 842). 
 
*#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO3: 
Decisão que vale apenas para a Lei do CE 
Apesar dos argumentos utilizados pelos Ministros terem sido muito incisivos, em sentido estritamente técnico, a 
decisão acima explicada (ADI 4983/CE) só vale para a lei do Estado do Ceará. 
 
Assim, todas as demais leis que eventualmente tratam sobre o tema, para serem declaradas inconstitucionais, 
precisam ser formalmente questionadas no STF. 
 
De igual modo, se for realizada uma vaquejada em outro Estado da Federação, não se pode propor uma 
reclamação alegando que a decisão do STF está sendo descumprida. Foi o que aconteceu na RCL 25869. 
 
Em Teresina (PI) estava sendo programada a realização de uma vaquejada. Isso foi questionado na Justiça por 
entidades de proteção aos animais. Contudo, o juiz de 1ª instância negou o pedido e manteve a vaquejada. 
 
As entidades de proteção ingressaram, então, com reclamação no STF contra esta decisão do magistrado. 
 
3
 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. É inconstitucional a prática da vaquejadaa. Buscador Dizer o Direito, Manaus. 
Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/c80bcf42c220b8f5c41f85344242f1b0>. Acesso em: 
16/02/2018 
10 
 
As associações alegaram que, ao negar a liminar nos autos de ação civil pública, o juízo de primeiro grau teria 
violado a decisão do STF na ADI 4983. 
 
O Ministro Teori Zavascki negou seguimento à reclamação afirmando que o STF efetivamente decidiu foi a 
inconstitucionalidade da lei cearense, não sendo cabível, até o presente momento, extrair conclusão no sentido 
da proibição da prática da vaquejada em todo o território nacional. 
STF. Decisão monocrática. Rcl 25869, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 07/12/2016. 
 
Lei nº 13.364/2016 
Pouco mais de um mês após esta decisão do STF acima explicada (ADI 4983/CE) o Congresso Nacional editou a 
Lei nº 13.364/2016, que prevê o seguinte: 
 
Art. 1º Esta Lei eleva o Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, à condição 
de manifestações da cultura nacional e de patrimônio cultural imaterial. 
Art. 2º O Rodeio, a Vaquejada, bem como as respectivas expressões artístico-culturais, passam a ser 
considerados manifestações da cultura nacional. 
 
Trata-se de uma "reação" do Poder Legislativo à decisão do STF. 
 
O Congresso Nacional poderia editar esta Lei, em tese, contrariando o que decidiu o STF na ADI 4983? Sim, 
porque, como já dito, a decisão do STF restringiu-se a uma lei do Ceará, que permitia a realização 
da vaquejada naquele Estado. O efeito vinculante do acórdão se limita a isso. Assim, esta lei do Ceará é 
inconstitucional e ninguém pode contrariar isso. A decisão do STF não impede, contudo, que o Congresso 
Nacional ou mesmo outros Estados editem leis permitindo a vaquejada. Formalmente,tais leis não violarão a 
decisão do STF. 
 
Apesar disso, é muito provável (praticamente certo) que esta Lei nº 13.346/2016 e todas as demais que, direta 
ou indiretamente, permitirem a vaquejada sejam também declaradas inconstitucionais. Para isso, no entanto, é 
necessária a propositura de uma ADI para cada lei, não se podendo aproveitar automaticamente a decisão de 
uma para outros diplomas. 
 
EC 96/2017 
A Lei nº 13.364/2016, acima mencionada, sozinha, não teria força jurídica suficiente para superar a decisão do 
STF. Isso porque, na visão do Supremo, a prática da vaquejada não era proibida por ausência de lei. Ao 
contrário, a Corte entendeu que, mesmo havendo lei regulamentando a atividade, a vaquejada era 
inconstitucional por violar o art. 225, § 1º, VII, da CF/88. 
11 
 
Assim, essa Lei nº 13.364/2016 não ajudava muito os partidários da vaquejada e era certo que o STF iria manter 
a proibição. 
 
Ciente disso, o Congresso Nacional decidiu alterar a própria Constituição, nela inserindo a previsão expressa de 
que são permitidas práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais. 
 
Veja a íntegra do § 7º que foi inserido pela EC 96/2017 no art. 225 da CF/88: 
 
Art. 225. (...) 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas 
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta 
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, 
devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. 
 
Foi uma tentativa de superação legislativa da jurisprudência (reversão jurisprudencial), uma manifestação de 
ativismo congressual. Para maiores informações sobre o tema, veja este post. 
 
Efeito Backlash 
A EC 96/2017 é um exemplo do que a doutrina constitucionalista denomina de “efeito backlash”. 
 
Em palavras muito simples, efeito backlash consiste em uma reação conservadora de parcela da sociedade ou 
das forças políticas (em geral, do parlamento) diante de uma decisão liberal do Poder Judiciário em um tema 
polêmico. 
 
George Marmelstein resume a lógica do efeito backlash ao ativismo judicial: 
 
“(1) Em uma matéria que divide a opinião pública, o Judiciário profere uma decisão liberal, assumindo uma 
posição de vanguarda na defesa dos direitos fundamentais. (2) Como a consciência social ainda não está bem 
consolidada, a decisão judicial é bombardeada com discursos conservadores inflamados, recheados de falácias 
com forte apelo emocional. (3) A crítica massiva e politicamente orquestrada à decisão judicial acarreta uma 
mudança na opinião pública, capaz de influenciar as escolhas eleitorais de grande parcela da população. (4) Com 
isso, os candidatos que aderem ao discurso conservador costumam conquistar maior espaço político, sendo, 
muitas vezes, campeões de votos. (5) Ao vencer as eleições e assumir o controle do poder político, o grupo 
conservador consegue aprovar leis e outras medidas que correspondam à sua visão de mundo. (6) Como o 
poder político também influencia a composição do Judiciário, já que os membros dos órgãos de cúpula são 
indicados politicamente, abre-se um espaço para mudança de entendimento dentro do próprio poder judicial. 
12 
(7) Ao fim e ao cabo, pode haver um retrocesso jurídico capaz de criar uma situação normativa ainda pior do 
que a que havia antes da decisão judicial, prejudicando os grupos que, supostamente, seriam beneficiados com 
aquela decisão.” (Disponível em: https://direitosfundamentais.net/2015/09/05/efeito-backlash-da-jurisdicao-
constitucional-reacoes-politicas-a-atuacao-judicial/). 
 
A EC 96/2017 é inconstitucional? 
Este será um belíssimo e imprevisível debate. 
 
No caso de reversão jurisprudencial (reação legislativa) proposta por meio de emenda constitucional, a 
invalidação somente ocorrerá nas restritas hipóteses de violação aos limites previstos no art. 60, e seus §§, da 
CF/88. Em suma, se o Congresso editar uma emenda constitucional buscando alterar a interpretação dada pelo 
STF para determinado tema, essa emenda somente poderá ser declarada inconstitucional se ofender uma 
cláusula pétrea ou o processo legislativo para edição de emendas. 
 
Segundo o art. 60, § 4º, da CF/88, não é permitida a edição de emenda constitucional que acabe ou enfraqueça: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
 
Essas são as chamadas “cláusulas pétreas”, ou seja, o núcleo intangível da Constituição Federal. 
 
 A grande dúvida será a seguinte: a proibição de que os animais sofram tratamento cruel, prevista no art. 225, 
§ 1º, VII, da CF/88, pode ser considerada como uma garantia individual (art. 60, § 4º, IV)? 
Penso que sim. Conforme já explicado, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito 
fundamental de terceira geração, não podendo ser abolido nem restringido, ainda que por emenda 
constitucional. 
 
Resta saber, no entanto, como o STF entenderá o tema após o backlash, considerando que a primeira decisão 
foi extremamente apertada. 
 
3.2 HISTORICIDADE 
 
Os direitos fundamentais são considerados históricos por terem surgido em épocas distintas e por se 
modificarem com o passar do tempo, ou seja, de acordo com essa característica os direitos fundamentais não 
13 
seria direitos naturais (inerentes ao homem). Se são históricos, não são eternos ou imutáveis, podendo inclusive 
serem extintos. Norberto Bobbio diz que os direitos fundamentais são direitos conquistados pela sociedade. 
 
3.3 INALIENABILIDADE/IMPRESCRITIBILIDADE/IRRENUNCIABILIDADE 
 
Por não possuírem um conteúdo patrimonial, os direitos fundamentais são considerados intransferíveis, 
inegociáveis e indisponíveis. Os três casos que não se admite é a renúncia, a prescrição ou a negociação da 
titularidade do direito. (total e perpétua), embora se admita em relação ao seu exercício. (parcial e temporária). 
 
3.4 RELATIVIDADE E IMUTABILIDADE 
 
Os direitos fundamentais não são considerados absolutos por encontrarem limites em outros direito 
também protegidos pela CF. Norberto Bobbio indica alguns direitos como absolutos: direito a não ser 
escravizado e direito a não ser torturado. Dworkin também considera como absoluto o direito a não ser 
torturado. 
 
4 EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS4 
 
a) Eficácia vertical 
 
Quando os direitos fundamentais surgiram eles tinham apenas a eficácia vertical, pois o indivíduo está 
subordinado ao Estado e por esses direitos protegerem os indivíduos contra os arbítrios do Estado, fala-se dessa 
eficácia vertical. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre particulares e o Estado. É a 
eficácia clássica. 
 
b) Horizontal/eficácia externa/eficácia privada/eficácia em relação a terceiros – DIRETA OU 
INDIRETA OU INTEGRADORA. 
 
Com o desenvolvimento dos direitos fundamentais, percebeu-se que a opressão e a violência conta o 
indivíduo vem também de entidades privadas. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais às relações entre 
particulares. 
 
c) Eficácia diagonal 
 
4
 A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A eficácia imediata dos direitos fundamentais encontra limites 
no núcleo irredutível da autonomia pessoal, situação em que se configura a eficácia moderada na relação entre os poderes 
privados e os indivíduos. 
14 
 
Bem recente. Consiste na aplicação dos direitos fundamentais à relação entre particulares, nas quais 
existe um desequilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista. 
 
4.1 TEORIA DA INEFICÁCIA HORIZONTAL 
 
É a teoria menos adotada hoje em dia, mas é adota em alguns países, como nos EUA (lembraque é 
assim na parte de provas de processo penal?). De acordo com essa concepção, os direitos fundamentais se 
aplicam apenas às relações entre particulares e o Estado. Seus fundamentos básicos são: liberalismo (a ideia de 
que o Estado não deve intervir nessas relações), a autonomia privada e, no caso dos EUA, o texto constitucional 
(feita há mais de 200 anos, quando não se cogitava falar em eficácia horizontal). Isso é a tese, mas em alguns 
casos os norte-americanos aplicam a Doutrina da “StateAction”, que tenta contornar essa proibição. Ela usa um 
artifício: equiparação de certos atos privados a atos estatais, com a finalidade de permitir que os direitos 
fundamentais possam ser aplicados a certas situações ocorridas nas relações entre particulares. Caso de 
Company Town – a empresa proibiu que as testemunhas de Jeová fizessem manifestações religiosas dentro da 
empresa, que era praticamente a cidade. As pessoas moravam lá. 
 
4.2 TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL INDIRETA 
 
Alemães – GuntherDurig. Os direitos fundamentais devem ser relativizados nas relações contratuais a 
favor da autonomia privada. Para essa concepção, os direitos fundamentais não ingressam no cenário privado 
como direitos subjetivos, sendo necessária para isso, a intermediação do legislador. Para que ele possa invocar 
esse direito contra o indivíduo é necessário que o legislador regulamente de que maneira os direitos 
fundamentais serão aplicados. Eles não podem ser aplicados da mesma forma que são aplicados em face do 
Estado. O pressuposto é a existência de um direito geral de liberdade, que só poderia ser restringido nas 
relações de particulares se existisse uma lei regulamentando. Para os adeptos, uma aplicação direta causaria a 
desfiguração do direito privado e ameaçaria a autonomia privada. 
 
4.3 TEORIA DA EFICÁCIA HORIZONTAL DIRETA 
 
Portugal, Espanha, Itália e Brasil. Essa teoria admite a aplicação direta dos direitos fundamentais às 
relações entre particulares, embora entenda que essa não deva ocorrer com a mesma intensidade da aplicação 
em relação ao Estado, por ser necessário levar em consideração a autonomia privada. Quando mais equilibrada 
15 
a relação, maior o peso a ser atribuído à autonomia privada. Quanto maior o desequilíbrio, maior será a 
intervenção dos direitos fundamentais. RE 158.215 – direito à ampla defesa no âmbito de uma cooperativa. RE 
161243 – Air France. 
 
4.4 TEORIA INTEGRADORA 
 
Roberto Alexy, Bockenforde. A irradiação dos direitos fundamentais deve ocorrer primordialmente 
através da intermediação legislativa. Todavia, havendo ausência de lei, os direitos fundamentais poderiam ser 
aplicados diretamente. 
 
5 PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE5 
 
A rigor, a proporcionalidade não é um princípio, por não ser ponderada frente a algo diverso. Trata-se 
de uma meta norma que estabelece um procedimento formal para a aplicação de outras normas. 
 
Alexy chama de máxima da proporcionalidade. Humberto Ávila fala em postulado da proporcionalidade. 
Mas tanto máxima como postulado se referem ao fato de serem metanormas. 
 
Proporcionalidade e razoabilidade são diferentes, apesar de muitas vezes serem utilizados como 
sinônimos pelo STF. 
 
Já vimos que se dividem em três máximas parciais com estruturas de regras: adequação, necessidade e 
proporcionalidade em sentido estrito. Para que uma medida estatal passe pelo crivo da proporcionalidade é 
necessário que observe essas três máximas parciais. Já vimos isso. 
 
Geralmente esse princípio é utilizado com a ideia de proibição do excesso, ou seja, para evitar cargas 
coativas excessivas na esfera jurídica dos particulares. Ou seja: nesse sentido ele é utilizado para evitar um 
excesso por parte do Estado. 
 
A doutrina alemã, contudo, o utiliza com um sentido inverso a esse: como proibição de proteção 
deficiente. Exige dos órgãos estatais o dever de tutelar de forma adequada, suficiente e proporcional, 
determinados direitos fundamentais consagrados na constituição (mas nada impede que seja utilizado com 
relação a outras partes da CF sem ser direitos fundamentais). Combate omissões parciais (insuficiência na 
proteção) e totais (ausência de proteção) do Estado. 
 
5
 A FCC, na prova da DPE-BA, em 2016, ao cobrar a temática do princípio da proporcionalidade, considerou como seu 
subprincípio o da “proibição de proteção insuficiente”, expressão que deveria ser escolhida pelo candidato. 
16 
Quando a CF diz que o direito à vida é inviolável, para que esse direito seja protegido de forma 
adequada, necessária e proporcional, é necessário que o aborto seja criminalizado? É o que fica no ar. O Estado 
precisa proteger esse direito de forma eficiente, e tem que ver como fazer isso. Esse exemplo é polêmico. 
 
Homicídio punido por multa protege o direito à vida de forma eficiente? Esse exemplo á mais fácil de 
compreender. 
 
Com isso finalizamos o estudo do princípio da proporcionalidade. 
 
5.1 RAZOABILIDADE 
 
No Brasil, a maior parte da doutrina e a jurisprudência do STF tratam os dois “princípios” como 
equivalentes, a exemplo do Luís Roberto Barroso. Virgílio Afonso da Silva faz a diferença “o proporcional e o 
razoável”. Humberto Ávila também. A razoabilidade (direito anglo-saxão) evita condutas arbitrárias, excessivas. 
Proporcionalidade tem origem no direito alemão. 
 
5.2 CONSAGRAÇÃO IMPLÍCITA DA PROPORCIONALIDADE 
 
Esses princípios, segundo o STF, são deduzidos da cláusula do devido processo legal, em seu caráter 
substantivo. Art. 5º, LIV e LV. Esse é o entendimento do direito anglo-saxão. 
 
Na Alemanha, o princípio da proporcionalidade é abstraído do princípio do Estado de Direito6. 
 
Extraído do sistema de direitos fundamentais. Esse sistema não permite atos arbitrários. 
 
5.3 MÁXIMAS PARCIAIS (ESTRUTURAS DE REGRAS). 
 
Se elas não forem obedecidas leva à ilegalidade do ato. Não há ponderação. São mandamentos 
definitivos – por isso dizem que não é princípio. OBS.: O princípio da proporcionalidade é um procedimento 
formal a ser utilizado na avaliação de medidas estatais. 
 
Adequação: exige que as medidas estatais adotadas para fomentar os fins almejados. É uma 
 
6
 O tema, inclusive, já foi cobrado em prova. 
17 
atividade de meio e fim. Para que uma medida seja adequada ela deve se apta a atingir aquele fim. Ex.: ADI 
4103 questiona a lei seca. 
 
Necessidade. É chamada de exigibilidade ou menor ingerência possível. Havendo dois meios, 
deve-se optar por aquele que seja o menos oneroso possível. Ex. ao estabelecer alcoolemia zero, a lei está 
sendo excessivamente onerosa, embora seja adequada. 
 
Proporcionalidade em sentido estrito: o grau de realização do princípio constitucional 
fomentado deve ser suficiente para justificar a intervenção no princípio constitucional restringido. Corresponde 
a ponderação e se refere às possibilidades jurídicas existentes. Avaliar se a medida adotada pelo Estado 
promove um princípio constitucional que justifique a restrição causada por ela a outro princípio constitucional. 
 
#EXEMPLO: ADI 4103 – Lei Seca: não questiona a adequação, e sim a necessidade (o limite ao grau de 
alcoolemia é excessivamente oneroso) e a proporcionalidade (os princípios promovidos pela Lei Seca são o do 
interesse público, a redução de acidentes de trânsito, o direito à vida e à integridade física. Restringe, por sua 
vez, a liberdade individual). 
 
Em todos os três níveis, deve ser observada a margem de ação do legislador que é decorrente do 
princípio formal da competência decisória do legislador democraticamente legitimado. Quando houver dúvida 
razoável sobre o critério de adequação, necessidade ou proporcionalidade, o magistrado deve ter uma 
deferência com o legislador, deixando a sua opção sobressair, pois ele quem tem legitimidade para fazer essas 
escolhas. 
 
6 CONTEÚDOESSENCIAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
O objetivo de se definir o conteúdo essencial de um direito fundamental é evitar que a regulação legal 
de seu exercício desnaturalize ou altere o direito tal como consagrado na CF. O principal destinatário dessa 
teoria é o Poder Legislativo, mas não é o único. 
 
É preciso ter cuidado para que uma regulamentação não desvirtue ou desnaturalize o conteúdo 
essencial de um direito fundamental. Deve-se proteger um núcleo essencial do direito, que não pode ser 
restringido. 
 
Embora essa garantia seja dirigida principalmente ao legislador, também serve como pauta 
interpretativa para o Poder Judiciário. Assim como o legislador, ao regulamentar um direito fundamental na o 
pode descaracterizá-lo, o juiz também não pode esvaziar os direitos fundamentais na sua interpretação. 
18 
 
Mas como se define concretamente qual o conteúdo essencial do direito fundamental? Há duas teorias. 
 
Formas de determinação do conteúdo essencial do direito fundamental. 
 
6.1 TEORIA ABSOLUTA 
 
De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direito 
fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse conteúdo 
essencial é absoluto! Não pode ser relativizado. 
 
É através da interpretação de cada direito que se define sobre o que o legislador pode tratar e restringir 
e o que ele não pode. 
 
Se o direito total é mais amplo que o núcleo duro, significa que há uma parte do conteúdo total que 
pode sofrer restrições. É a chamada periferia do direito, que é disponível à regulamentação legislativa, ainda 
que de modo não discricionário. Exemplo: voto de Carlos Ayres Brito na ADPF 130 (recepção da lei de imprensa). 
Em seu voto, o min. disse que o núcleo duro diz respeito ao conteúdo das informações a serem veiculadas, etc. 
Mas, algumas matérias reflexas o legislador pode regular, como o direito de resposta em ofensa a imprensas, 
proteção do telespectador, regulamentação de propagandas, etc. Isso compõe a periferia do direito de 
liberdade de informação, que podem ser regulamentadas. 
 
6.2 TEORIA RELATIVA 
 
A segunda teoria é a relativa (é incompatível com a classificação de JAS, de eficácia limitada, contida e 
plena). Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais mediante o 
recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. É preciso antes 
analisar a medida à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal for proporcional, não atingiu o 
conteúdo essencial. Por outro lado, concluiu-se que foi desproporcional, é porque atingiu o conteúdo essencial 
naquele caso. Então aqui o conteúdo essencial depende da análise do caso concreto, da análise das 
circunstâncias fáticas (adequação e necessidade) e jurídicas (proporcionalidade em sentido estrito). Depende, 
então, dos outros direitos e princípios que colidem com o direito em análise. 
 
19 
7 RESTRIÇÕES AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
Quem utiliza essa expressão restrição é mais o pessoal que adota a teoria relativa, que é a única 
compatível com a teoria dos princípios do Robert Alexy. Os adeptos da teoria absoluta falam mais em limites 
dos direitos fundamentais. 
 
Existem duas teorias de fixação dos limites (ou restrições). 
 
A primeira teoria é a teoria interna. Por ela, o direito e o seus limites imanentes formam apenas um 
objeto. Os limites são fixados a priori, através da interpretação, em um processo interno ao próprio direito, sem 
a influência de outras normas constitucionais. Esses direitos vão ter sempre a estrutura de regras (tudo ou nada: 
ou aquilo faz parte do direito ou não faz parte). Ex.: ADI 3510, voto de Ayres de Brito: a lei de biossegurança não 
viola o direito à vida do feto, porque a CF não consagra o direito à vida do feto. A CF só consagra o direito à vida 
dos nativos e por isso a lei não é inconstitucional. Ele interpreta normas constitucionais. Não menciona direito à 
vida de outras pessoas que serão salvas, não fala de ponderação, de razoabilidade... Pode porque a CF não 
consagra direito à vida dos fetos! Ponto final! Estabelece limites rígidos aos direitos. 
 
A segunda teoria é a externa e utiliza a expressão “restrição” no lugar de limites. Por ela, existem dois 
objetos: o direito em si e suas restrições, as quais estão situadas fora do direito. O conteúdo permitido de um 
direito vai depender da análise de outros direitos envolvidos no caso concreto. A princípio tudo é possível, e 
analisando as colisões verifica-se na prática se determinada conduta é ou não permitida. Então aqui a fixação 
dos limites de um direito é feita em duas etapas. 1ª: identificação do conteúdo inicialmente protegido, 
determinado da forma mais ampla possível (direito prima facie). 2ª: definição dos limites externos decorrentes 
da necessidade de conciliar o direito com outros direitos (direito definitivo) 
 
#ATENÇÃO: O resultado será o mesmo nas duas. O que importa é saber qual justifica melhor o resultado obtido. 
O professor entende que é a externa. Ex.: voto de Celso de Melo na ADI 3510. A restrição do direito à vida (na 
dimensão objetiva) nesse caso é possível porque promove o direito à vida e à saúde de outras pessoas de forma 
forte o suficiente para justificar a constitucionalidade da lei. 
 
*#APROFUNDANDO #UMPOUCODEDOUTRINA: 
 
As teorias absolutas e relativas referem-se à determinação do conteúdo essencial do direito fundamental, do 
suporte fático desses direitos. Em contrapartida, as teorias interna e externa tratam das formas de restrições a 
esses direitos, que não se confundem com a classificação anterior, ainda que seja pressuposto para sua melhor 
compreensão: 
20 
 
“Assim, para a adequada discussão sobre a restringibilidade dos direitos e seus respectivos limites, incontornável 
a análise, ainda que sumária, da contraposição entre as assim designadas “teoria interna” e “teoria externa” dos 
limites dos direitos fundamentais, visto que a opção por uma destas teorias acaba por repercutir no próprio 
modo de compreender a maior ou menor amplitude do âmbito de proteção dos direitos fundamentais.” (Sarlet, 
Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição, 2017, p. 382) 
 
Ingo Sarlet citando Virgílio Afonso da Silva trata das referidas classificações como diferentes variáveis: “(...) a 
razão de fato parece estar com Virgílio Afonso da Silva, ao afirmar que “o conteúdo essencial dos direitos 
fundamentais é definido a partir da relação entre diversas variáveis – e de todos os problemas que as cercam, 
como o suporte fático dos direitos fundamentais (amplo ou restrito) e a relação entre os direitos e suas restrições 
(teorias externa ou interna)”. (Sarlet, Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição, 2017, p. 401) 
 
Marcelo Novelino ao tratar das referidas classificações também afirma que são perspectivas distintas e que não 
se confundem: “A problemática envolvendo as restrições (ou limites) a direitos fundamentais está diretamente 
relacionada à amplitude do suporte fático. A sistematização dessas restrições envolve diversos aspectos, entre 
eles, a própria concepção teórica sobre as restrições e os objetivos que lhes são conferidos. A análise das 
limitações ou restrições ao conteúdo dos direitos fundamentais será feita a partir de duas perspectivas 
distintas”. (Novelino, Marcelo. Curso de Direito Constitucional, 11ª edição, 2016, p. 286). 
 
8 LIMITES DOS LIMITES 
 
Essa teoria foi desenvolvida pelo alemão Betterman, em 1954. É bastante utilizada na Europa, mas aqui 
no Brasil não é tão conhecida. 
 
Os direitos fundamentais foram consagrados com o objeto de limitar a atuação Estatal. Então os direitos 
fundamentais atuam como limites para a atuação dos poderes estatais, inclusive do Legislativo. 
 
O legislador, por sua vez, pode elaborar leis que limitam os direitos fundamentais.Isso gera um certo 
paradoxo. São os limites dos limites. 
 
Sendo assim, pode ser dito que as limitações estabelecidas pelos direitos fundamentais também podem 
sofrer limitações por parte do Estado. Todavia, a atividade limitadora do Estado deve ser também uma atividade 
limitada. 
 
Esses limites impostos aos direitos fundamentais, contudo, precisam obedecer a determinados 
requisitos. 
21 
 
8.1 REQUISITOS QUE OS LIMITES DOS LIMITES DEVEM OBEDECER 
 
Primeiro: princípio da reserva legal (art. 5º, II). A limitação só pode ser feita por lei (lei ordinária, 
delegada, lei complementar, medida provisória. Art. 62). 
 
Segundo: princípio da não retroatividade (art. 5º, XXXVI). Serve também como limite às leis que 
restringem direitos fundamentais. 
 
Terceiro: princípio da proporcionalidade. 
 
Quarto: princípio da generalidade e abstração. Não pode ser uma restrição individual e concreta, em 
razão do princípio da isonomia. 
 
Quinto: princípio da salvaguarda do conteúdo essencial (para a teoria absoluta, pois para a relativa o 
princípio da proporcionalidade já protegeria o conteúdo essencial). 
 
Limitações devem ser claras e precisas 
 
#APLICAÇÃODATEORIA #CASOPRÁTICO 
O BNDES celebrou um contrato de financiamento com um grande grupo empresarial de carnes bovinas. A 
Comissão de Controle Externo da Câmara dos Deputados solicitou ao TCU que realizasse auditoria neste 
contrato. O TCU instaurou o procedimento e determinou ao BNDES que enviasse os documentos relacionados 
com a operação. O BNDES impetrou mandado de segurança no STF contra o TCU pedindo para não ser obrigado 
a fornecer as informações solicitadas, sob o fundamento de que isso violaria o sigilo bancário e empresarial da 
empresa que recebeu o financiamento. O STF concordou com as razões invocadas no MS? 
 
NÃO. O STF denegou (indeferiu) o mandado de segurança impetrado e determinou que o BNDES enviasse as 
informações. O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de recursos públicos 
não é coberto pelo sigilo bancário. O acesso a tais dados é imprescindível à atuação do TCU na fiscalização das 
atividades do BNDES. O STF possui precedentes no sentido de que o TCU não detém legitimidade para requisitar 
diretamente informações que importem quebra de sigilo bancário (REGRA – O TCU NÃO TEM LEGITIMIDADE DE 
QUEBRA!). No entanto, a Corte reputou que a situação acima relatada seria diferente dos demais precedentes 
do Tribunal, já que se trata de informações do próprio BNDES em um procedimento de controle legislativo 
financeiro de entidades federais por iniciativa do Parlamento. STF. 1ª Turma. MS 33340/DF, Rel. Min. Luiz Fux, 
julgado em 26/5/2015 (Info 787). 
22 
 
Teoria da restrição das restrições: Durante os debates do julgado acima, o Min. Luiz Fux mencionou a chamada 
teoria da “restrição das restrições”. Uma das características dos direitos fundamentais é que eles são relativos, 
ou seja, podem sofrer limitações. Em outras palavras, os direitos fundamentais têm limites, eles podem sofrer 
restrições. 
 
Contudo, as restrições impostas aos direitos fundamentais devem ser feitas com critérios e de forma 
excepcional para não esvaziar o seu núcleo essencial. 
 
Desse modo, só podem ser impostas restrições aos direitos fundamentais se forem observados certos requisitos 
formais e materiais: 
 
1) Requisito formal: “os direitos fundamentais só podem ser restringidos em caráter geral por meio de normas 
elaboradas por órgãos dotados de atribuição legiferante conferido pela constituição. A restrição deve estar 
expressa ou implicitamente autorizada.” (NOVELINO, Marcelo, p. 335). DEVE SER FEITA POR LEI! 
 
2) Requisitos materiais: Para que a restrição seja válida, deverão ser observados os seguintes princípios: 
 
- Princípio da não retroatividade; 
 
- Princípio da proporcionalidade: adequação + necessidade + proporcionalidade em sentido estrito. 
 
- Princípio da generalidade e abstração; 
 
- Princípio da proteção do núcleo essencial. 
 
9 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
 
Vamos analisá-la em conjunto com direitos fundamentais, isso é, veremos a relação existe entre a 
dignidade e os DF. 
 
A CF, art. 1º, III, coloca a dignidade da pessoa humana como fundamentos da república federativa do 
Brasil. É tratada por muitos autores como o valor constitucional Supremo. É o núcleo axiológico do nosso 
ordenamento. Foi a partir do fim da Segunda Guerra que a dignidade passou a ser expressamente consagrada 
nas Constituições. 
 
23 
A dignidade da pessoa humana é um direito? Um direito fundamental? O entendimento que predomina 
é o de que a dignidade não é um direito, pois não é algo concedido pelo ordenamento. Ela é considerada uma 
“qualidade intrínseca do ser humano”. 
 
Alguns autores consideram a dignidade como “algo absoluto”, o que não deve ser confundido com 
“direito absoluto”. A autora francesa Beatrice Maurer sintetiza o tema: “a pessoa não tem mais ou menos 
dignidade em relação a outra pessoa. Não se trata, destarte, de uma questão de valor, de hierarquia, de uma 
dignidade maior ou menor. É por isso que a dignidade do homem é um absoluto”. 
 
Mas se não é ela um direito fundamental, qual a relação entre a dignidade e os direitos fundamentais? 
Os direitos fundamentais existem justamente com o objetivo de proteger a dignidade e de promover as 
condições de uma vida digna para o ser humano. A dignidade é como se fosse um núcleo em torno do qual 
gravitam os direitos fundamentais. 
 
Nem todos os direitos fundamentais derivam da dignidade com a mesma intensidade. Há aqueles com 
derivação direta, que podemos chamar de derivação de 1º grau, como ocorre com a liberdade. Não existe 
respeito à dignidade se não houver respeito À liberdade. Mesma coisa com a igualdade. Está diretamente ligada 
à dignidade da pessoa humana. 
 
Há derivações mais indiretas, de 2º grau, como o direito às férias dos trabalhadores. Não é uma relação 
tão íntima como com a igualdade e a liberdade. 
 
A dignidade é o núcleo em torno do qual gravitam os direitos fundamentais. Ela confere a esses direitos 
um caráter unitário e sistemático. Eles formam um sistema porque existe um ponto em comum entre eles, que 
é a dignidade, do qual eles partem. 
 
Alguns autores se referem à dignidade como o alfa e o ômega do direito, que são a primeira e última 
letra, dando a entender que ela é a origem dos direitos fundamentais e, ao mesmo tempo, o fim deles é a 
proteção e a promoção dessa dignidade. Ela é origem e fim dos direitos fundamentais. 
 
Outros falam em proto-princípio. Significa que ela seria um princípio originário do qual derivam os 
demais. 
 
Quais são os deveres decorrentes da consagração da dignidade como fundamentos da república 
federativa do Brasil? Quais as consequências jurídicas disso? 
 
24 
A consagração da dignidade da pessoa humana impõe aos poderes públicos e aos particulares três 
espécies de dever. 
 
O primeiro dever é o dever de respeito à dignidade da pessoa humana. É imposto tanto aos particulares 
como aos poderes públicos. Quando se fala em dever de respeito, esse dever confere aos indivíduos um caráter 
negativo, pois sua dignidade não pode sofrer ingerência de terceiros. Exige uma abstenção tanto dos 
particulares como dos poderes públicos. 
 
Não é fácil definir a dignidade. É mais fácil saber, na prática, quando ela foi violada. Na Europa eles 
utilizam a expressão conhecida como “fórmula do objeto”, que tem origem na filosofia Kantiana. Por que 
fórmula do objeto? O ser humano deve ser tratado sempre como um fim em si mesmo e nunca como um meio 
para se atingir determinados fins. 
 
Há outra expressão que costuma acompanhar a formula do objeto no tribunal constitucional alemão, 
que é a “expressão de desprezo”. Quando o tratamento como objeto for fruto de uma expressão de desprezo 
por aquele ser humano, certamente o dever de respeito à dignidade não estará sendoobservado. 
 
O tribunal alemão coloca essa expressão porque em determinadas situações, mesmo o ser humano 
sendo utilizado como meio, não configuraria como violação à dignidade. Ex.: voluntários como cobaias para 
participar das experiências para vacinas de HIV. 
 
Um caso famoso é o arremesso de anão. Aconteceu em Paris. Os estabelecimentos foram fechados 
porque os anões eram tratados como objeto em razão de expressão de desprezo, ainda que com o seu 
consentimento, e violava o dever de respeito à dignidade. Os anões recorreram dizendo que o que viola a 
dignidade é ficar desempregado ou ficar recebendo ajuda do governo. Será que uma autoridade pública pode 
impedir uma atividade que a pessoa participa voluntariamente, como ocorreu? 
 
O professor entende que esse tipo de atividade cria um estereotipo, que atinge todos os anões, inclusive 
os que não participam, por exemplo – dimensão material dos direitos fundamentais. 
 
Segundo dever. Além do dever de respeito, a dignidade impõe também um dever de proteção, 
principalmente aos poderes públicos. Principalmente, não exclusivamente. O Estado deve adotar medidas 
voltadas à proteção da dignidade da pessoa humana. Criminalizar condutas, por exemplo. Os próprios direitos 
individuais protegem a dignidade. 
 
A dignidade deve ser utilizada também como vetor interpretativo dos direitos fundamentais. 
 
25 
No caso do art. 5º, numa interpretação literal do caput seriam só estrangeiros residentes, e não em 
trânsito. Mas no HC 94404 o STF interpretou que a intepretação literal não deve prevalecer. Os estrangeiros não 
residentes também podem invocar esse art. 5º com base na dignidade. Se a dignidade é uma qualidade 
intrínseca de todo ser humano e se os direitos fundamentais existem para proteger essa dignidade, não se pode 
negar esses direitos a uma pessoa só porque não reside em determinado país. 
 
A interpretação feita pelo STF é o sentido de que os destinatários dos direitos fundamentais são os 
brasileiros (p física ou jurídica) e os estrangeiros, residentes ou não no país. 
 
O CESPE já considerou que a possibilidade de estender direitos fundamentais aos estrangeiros não 
residentes deve-se ao princípio da primazia dos direitos humanos que rege as relações internacionais do Brasil 
(art. 4º, II). 
 
E as pessoas jurídicas de direito público? As de direito privada podem, é certo. A controvérsia poderia 
ser com relação a pessoas jurídicas de direito público, já que esses direitos foram criados para proteger os 
indivíduos do Estado. O STF entende que sim. As pessoas jurídicas de direito público podem invocar algumas das 
garantias, aquelas de caráter procedimental, como o devido processo legal, por exemplo. AC 2395. 
 
Terceiro dever. Além do dever de respeito e do dever de proteção, há ainda o dever de promoção de 
condições mínimas para uma vida humana. Dever imposto, sobretudo ao Estado e diretamente ligado ao 
chamado mínimo existencial, que veremos no tema dos direitos sociais. Mínimo existencial é um conjunto de 
bens e utilidades indispensáveis a uma vida digna. 
 
#OBS: Um tratado de direitos humanos—quando contemplar expressamente a possibilidade de denuncia—, não 
poderá—de acordo com importante doutrina—ser denunciado pelo Presidente da Republica sem previa 
autorização pelo Congresso e sem que se faca um controle rigoroso no que diz com a piora em termos de 
proteção dos direitos humanos.152 Todavia, se tal entendimento também será o majoritário no STF ainda 
pende de decisão por parte de nossa Suprema Corte,153 ao passo que na doutrina encontram--se defensores da 
tese de que uma vez aprovado na forma do art. 5.°, § 3.°, da CF, um tratado não mais poderá ser denunciado, 
nem mesmo mediante aprovação previa pelo Congresso Nacional. 
 
#OUSESABER #APROFUNDAMENTO: Como se sabe, a dignidade da pessoa humana é um dos princípios 
fundamentais do estado brasileiro, estando prevista no Art. 1°, III da CF/88. O fato de a dignidade da pessoa 
humana ser um princípio fundamental do Estado indica ser a defesa do ser humano uma decisão política 
fundamental do estado brasileiro. Isso se deve muito à afirmação dos direitos humanos, mormente, na segunda 
metade do século XX. Não obstante isso, o fundamento filosófico da dignidade remonta já a era renascentista 
26 
no final do século XV, principalmente, na obra de um autor chamado de Giovanni Pico. No entanto somente 
com o Iluminismo, em especial, na obra de Immanuel Kant é que a dignidade da pessoa humana vai ganhar um 
caráter de ainda mais força e definição, moldando-se em termos semelhantes ao dos que existem nos dias 
atuais. Kant vai definir o ser humano, por ser dotado de autonomia, como um ser marcado por sua dignidade, o 
que o distingue dos demais seres e coisas do universo. Assim a dignidade faz com que o ser humano seja sempre 
visto como um fim e nunca como um meio. Interessante frisar que isso se revela na própria nomenclatura, visto 
que se utiliza o termo "dignidade da pessoa humana" e não apenas "dignidade humana" para se ressaltar a 
impossibilidade do sacrifício individual em prol do coletivo. A dignidade fundamento do Estado é a de cada ser 
humano isoladamente considerado, ou seja, o Estado não pode sacrificar indivíduos ou minorias em prol das 
maiorias. Esse é o fundamento filosófico básico da dignidade da pessoa humana. Dentro do ordenamento 
jurídico brasileiro atual, a Dignidade da pessoa humana funciona como uma fonte ética de orientação dos 
direitos fundamentais e, consequentemente, como vetor normativo para a aplicação desses direitos, além da já 
citada função de princípio jurídico, orientando as condutas estatais. Dado o seu caráter ético e principiológico 
diz-se que a dignidade da pessoa humana possui uma multifuncionalidade, nos termos do ensinado por Ingo 
Sarlet. 
 
#OUSESABER: Historicamente, a compreensão da dignidade, no mundo ocidental, foi construída de forma 
antropocêntrica, mormente, embasada no pensamento Kantiano, que fixa no ser humano a noção de valor. Pela 
concepção kantiana, o ser humano é dotado de dignidade, devendo sempre ser tratado como fim e nunca como 
meio. Essa concepção humanista, por outro lado, possui uma face obscura e pouco explorada de subvalorização 
dos demais aspectos ambientais. A compreensão da realidade focada no pleno atendimento e satisfação dos 
interesses humanos vem sendo a causadora de sérios efeitos colaterais para o meio ambiente, 
consequentemente, para o próprio ser humano. Nesse contexto, principalmente, com a obra de Nussbaum, 
passa-se a sustentar uma necessidade de uma concepção ecocêntrica da realidade e que o ser humano seja 
visto como um ser integrado nesse sistema ecológico. Nesse contexto, fala-se na necessidade de se pensar nos 
maus tratos e danos aos animais não apenas em razão de uma compaixão humana, mas em razão de uma 
dignidade intrínseca aos próprios animais não humanos. A tal mudança de perspectiva e defesa do 
reconhecimento de uma dignidade animal não humana, tem-se chamado ÉTICA ANIMAL! 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF 
É lícito ao Poder Judiciário impor à Administração Pública obrigação de fazer, consistente na promoção de 
medidas ou na execução de obras emergenciais em estabelecimentos prisionais para dar efetividade ao 
postulado da dignidade da pessoa humana e assegurar aos detentos o respeito à sua integridade física e moral, 
nos termos do que preceitua o art. 5º, XLIX, da CF, não sendo oponível à decisão o argumento da reserva do 
possível nem o princípio da separação dos poderes. STF. Plenário. RE 592581/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 
julgado em 13/8/2015 (Info 794). 
27 
 
O Estado de Coisas Inconstitucional7 ocorre quando verifica-se a existência de um quadro de violação 
generalizada e sistêmica de direitos fundamentais, causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente 
das autoridades públicas em modificar a conjuntura, de modo que apenas transformações estruturaisda 
atuação do Poder Público e a atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação 
inconstitucional. O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas 
Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas de 
liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e desumanas. Vale ressaltar que a 
responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto 
da União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal. A ausência de medidas legislativas, administrativas e 
orçamentárias eficazes representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos, 
além da perpetuação e do agravamento da situação. Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da 
inércia, coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados. Na ADPF havia 
outros pedidos, mas estes foram indeferidos, pelo menos na análise da medida cautelar. STF. Plenário. ADPF 
347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015 (Info 798). 
 
Diante disso, o STF, em ADPF, concedeu parcialmente medida cautelar determinando que: 
 
1) juízes e Tribunais de todo o país implementem, no prazo máximo de 90 dias, a audiência de custódia; 
IMPOSIÇÃO AO PJ! 
 
2) a União libere, sem qualquer tipo de limitação, o saldo acumulado do Fundo Penitenciário Nacional para 
utilização na finalidade para a qual foi criado, proibindo a realização de novos contingenciamentos. IMPOSIÇÃO 
AO PE! 
 
10 DIREITOS INDIVIDUAIS 
 
10.1 DIREITO À VIDA 
 
A) Âmbito de proteção: 
 
O bem jurídico protegido é a vida humana em seu sentido biológico. 
 
Titularidade: 
 
7
 Tema cobrado na primeira fase da DPE/PR/2017. 
28 
 
Não são titulares do direito à vida as pessoas jurídicas. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF 
STF - Não haveria titularidade de um direito à vida antes do nascimento com vida! O art. 5.°, caput, diz respeito 
exclusivamente a um indivíduo já personalizado. Por outro lado, é possível extrair da decisão referida, que a 
proteção jurídico-constitucional da vida intrauterina, portanto, da vida antes do nascimento, se dá por conta da 
extensão do âmbito subjetivo (pessoal) de proteção da dignidade da pessoa humana (dimensão objetiva), no 
sentido que embora não se possa falar de uma pessoa, na condição de sujeito de direitos fundamentais, existe 
uma proteção que atinge todo o processo vital. Já os embriões derivados de uma fertilização artificial 
(extrauterina), dos quais tratam os dispositivos questionados da Lei de Biossegurança, não se inserem no âmbito 
da proteção legal que incrimina o aborto, visto que tal proteção abrange apenas um organismo ou entidade pré-
natal sempre no interior do corpo feminino. 
 
B) Dupla Proteção: 
 
I) Acepção negativa – consiste no direito a permanecer vivo. Nem o Estado nem os particulares 
podem intervir nesse direito. Confere ao indivíduo um status negativo; uma posição jurídica em que o indivíduo 
impede a ingerência do Estado e particulares. É a acepção mais evidente. Ex. art. 5º, XLVII, “a”. Podendo o 
indivíduo lutar e defender a sua vida, por isso, não é razoável sacrificar a sua vida para proteger a de outrem, 
podendo-se retirar a vida de outrem para manter a sua própria. Exemplos: excludentes de ilicitude. 
 
Desligar os aparelhos depois da morte cerebral não é eutanásia. 
 
XLVII - não haverá penas: de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
 
II) Acepção positiva – consiste no direito a exigir do Estado prestações para proteção da vida e para 
possibilitar as condições mínimas de uma existência digna. Ex. Lei Maria da Penha – prestação jurídica positiva. 
Protege o direito à vida da mulher. Ex. STF não admite a extradição do estrangeiro quando o país requerente 
prevê a pena de morte para o indivíduo. O direito à vida é interpretado aqui em conjunto com a dignidade da 
pessoa humana, no sentido do Estado promover as condições mínimas de existência do indivíduo. 
 
Geralmente os direitos são de status negativo ou positivo. O que os classifica é a prevalência. Ex. direitos 
sociais, em que prevalece a acepção positiva. 
 
C) Dimensões: 
29 
 
I) Subjetiva: a proteção do direito deve ser pensada não apenas sobre a perspectiva do indivíduo 
que é o seu titular. Abrange um complexo de pretensões objetivas positivas e negativas. Perspectiva individual, 
titular do direito. Ex. ADI 3510 – direito à vida do embrião. 
 
II) Objetiva: mas também sobre o ponto de vista da comunidade. Protegido como bem jurídico à 
sociedade. Aqui o direito da vida é tratado como valor. Há consequências dessa dimensão: atuação do Estado no 
sentido de elaborar normas de proteção, não só direta. Ex.: ADI 3510 – direito à vida como bem jurídico 
valorado positivamente pela comunidade. Pesquisa com células-tronco atingiria o direito à vida em sua 
dimensão também objetiva. A partir daí se analisa se essa ingerência é legítima ou não. 
 
Os direitos fundamentais têm sempre uma dimensão subjetiva8 e objetiva. 
 
#OBS #IMPORTANTE 
Inviolabilidade x irrenunciabilidade: a inviolabilidade protege o direito contra violações por parte o Estado e de 
terceiros. A irrenunciabilidade protege o direito contra violações de o seu próprio titular – em razão da 
dimensão objetiva. Ex. eutanásia, testemunha de Jeová. 
 
D) Restrições (limites): 
 
São intervenções constitucionalmente justificadas no âmbito de proteção de um direito. A medida 
estatal que restringe o direito à vida deve ser adequada, necessária e proporcional em sentido estrito (limites 
dos limites). Nesse último aspecto tem de haver outro direito fundamental em conflito com o direito à vida. 
 
I) Pena de morte nos casos de guerra. A própria CF estabelece a restrição. Decreto Lei 10001/79 
(pena de fuzilamento). De um mesmo dispositivo extraímos duas normas, uma geral e outra específica, que atua 
como exceção da geral. Não confundir texto (enunciado normativo) com norma (regra ou princípio que foi 
produto da interpretação). Não pode ser elaborada EC visando à aplicação de pena de morte. 
 
Abate de aeronave no espaço aéreo nacional – fica claro que não há ofensa ao direito à vida, se a 
aeronave for militar, porque é evidente que poderá atacar o país colocando em risco outras vidas. O problema 
surge com as aeronaves civis. 
 
 
8
 *A FCC, na DPE-BA, em 2016, considerou correta a seguinte alternativa: “a dimensão subjetiva dos direitos fundamentais 
está atrelada, na sua origem, à função clássica de tais direitos, assegurando ao seu titular o direito de resistir à intervenção 
estatal em sua esfera de liberdade individual”. 
30 
II) Aborto necessário (art. 128, I - Aqui o legislador penal, através da técnica da ponderação 
privilegiou o direito à vida da gestante em detrimento da vida do feto, para quem admite que o feto tem direito 
à vida) e sentimental (art. 128, II – alguns entendem que não foi recepcionado pela CF. É absurdo pensar assim). 
 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54) 
Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, 
de seu representante legal. 
 
III) ADPF 54. Fetos anencéfalos. A antecipação terapêutica do parto não é mais considerada crime. 
O STF entendeu que a interpretação que tipificasse essa antecipação como crime de aborto seria 
inconstitucional. Em termos jurídicos, não haveria uma vida humana a ser protegida, por não haver 
possibilidade de vida extrauterina. Outros ministros, mais acertadamente, fizeram uma ponderação entre os 
princípios da vidado feto com outros (liberdade, saúde da mulher). 
 
IV) Lei 11.105/05. ADI 3510 disse que era constitucional. Pesquisa com células-tronco. Promoção do 
direito à saúde e à vida. Nesse caso, o STF considerou que a lei de biossegurança, ao permitir o manuseio de 
células-tronco embrionárias que seriam descartadas, promove valores que justificam a limitação ao direito à 
vida tanto no aspecto subjetivo quanto objetivo. 
 
V) Da eutanásia ativa consiste na ação deliberada de matar, por exemplo, ministrando algum 
medicamento, ou mediante a supressão de um tratamento já iniciado, tomando, em qualquer caso, 
providências diretas para encurtar a vida do paciente. No caso da eutanásia ativa é preciso, ainda, distinguir 
entre as modalidades. 
 
Direta, consistente na utilização de meios eficazes para produzir a morte de doente terminal, e 
 
Indireta, também designada de ortotanásia, mediante a qual se utiliza de tratamento com o 
intuito de aliviar a dor e o sofrimento do paciente, sabendo-se que com isso se abrevia a sua vida. 
 
Eutanásia passiva consiste na omissão de algum tratamento que poderia assegurar a continuidade da 
vida, caso ministrado. 
 
Se na esfera da eutanásia passiva ou mesmo—a depender das circunstâncias—da eutanásia ativa 
indireta (ortotanásia) já se tem—especialmente no plano do direito comparado e internacional dos direitos 
31 
humanos-admitido a legitimidade jurídica de sua prática, desde que voluntária, isto é, quando puder ser 
reconduzida à vontade do paciente, nas hipóteses da eutanásia ativa direta a situação se revela mais complexa, 
ainda que presente um pedido (livro e informado) da pessoa no sentido de que terceiros lhe provoquem a 
morte, situação também designada de homicídio a pedido da vítima. 
 
10.2 DIREITO À INTEGRIDADE 
 
O direito à integridade projeta-se à integridade física (o ordenamento determina a proibição de lesões) 
e moral (provocação de dor interna e sofrimento). Ambos os aspectos dão ensejo à prática do crime de tortura. 
Na CF/88, há vários dispositivos que protegem a integridade do preso, porque se trata de situação na qual o 
indivíduo está muito fragilizado. 
 
A Constituição veda qualquer tipo de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas pra fins 
de transplante, pesquisa e tratamento (art. 199, §4º). O absoluto respeito ao corpo humano, além de bem 
jurídico tutelado de forma individual, é um imperativo de ordem estatal. Trata-se de bem fora de comércio por 
expressa previsão constitucional. Contudo, a doação de sangue ou de órgãos em vida ou post mortem, para fins 
de transplante ou tratamento é válida. 
 
*#DIREITODIRETONOBLOG: DANO EXISTENCIAL: Segundo a doutrina, assim como o dano moral, o dano 
existencial também constitui espécie de dano imaterial, acarretando à vítima, parcial ou totalmente, a 
impossibilidade de conviver em sociedade por meio de relações afetivas, culturais, recreativas, espirituais, 
dentre outras. 
 
- Trata-se de um ano que acarreta uma perda na qualidade de vida do indivíduo. 
 
- Pode ser dividido da seguinte maneira: 
 
a) dano à vida de relação: relaciona-se a uma alteração de caráter não pecuniário na vida do indivíduo ou das 
pessoas próximas a ela. Aqui, o indivíduo já perde algo que estava incorporado ao seu patrimônio imaterial. Ex: 
a parte não consegue mais praticar esporte ou viajar com a família. 
 
b) dano ao projeto de vida: aqui, há uma frustração no projeto de vida, nas expectativas que a vítima tinha 
acerca de seu futuro, que deixaram de se concretizar em razão do injusto comportamento de outro. É algo que 
ainda não estava incorporado ao seu patrimônio, mas que a vítima deixa de conseguir. Ex: a parte deixa de 
cursar ensino superior porque não tem tempo, em razão de trabalho excessivo. 
 
32 
- O campo de maior incidência atualmente é nas relações de trabalho. Ocorre principalmente em razão do 
descumprimento reiterado das normas trabalhistas por parte do empregador. Ex: empregador que assedia 
sexualmente empregada ou exige que a mesma cumpra jornada superior aos limites legais. 
 
- O TST tem exigido comprovação concreta da perda da qualidade de vida do empregado para a condenação em 
danos existenciais. Segundo aquele Tribunal, embora mesma situação possa gerar as duas formas de lesão, seus 
pressupostos e demonstração probatória são independentes. Assim, por exemplo, mesmo que o trabalhador 
comprove a existência de jornadas de trabalho em horários superiores ao legalmente previsto, e que isso enseje 
a ocorrência de dano moral, não haverá que se falar em dano existencial se o empregado não demonstrar que 
isso tenha comprometido suas relações sociais ou seu projeto de vida, fato constitutivo do direito. (RR 23-
56.2012) 
 
10.3 DIREITO À IGUALDADE 
 
Existem, na verdade, vários direitos de igualdade, e as denominações e os sentidos desses direitos 
costumam variar bastante de autor para autor. No caso da igualdade não é tão interessante fazer aquele estudo 
do âmbito da proteção e das restrições. A igualdade é mais um princípio regulador das diferenças, do que um 
princípio material propriamente dito, com conteúdo próprio. Só tem como saber se violou se comparar duas 
situações. É um princípio relacional, por isso estudaremos de forma diversa, pois ele regula a relação entre 
grupos ou pessoas. 
 
A primeira questão é a denominação utilizada. Geralmente são usadas em dois sentidos diversos: 
 
Igualdade jurídica (ou formal, civil, perante a lei). 
 
Igualdade fática (ou material, substancial, real, perante os bens da vida). 
 
Aqui na igualdade também vale aquela ideia da dupla dimensão: 
 
Objetiva (proteção sob o ponto de vista da comunidade, no sentido de impedir determinados 
tipos de privilégios, mesmo que não afete o direito subjetivo de ninguém). 
 
Subjetiva (direito individual de ser tratado de forma isonômica a outras). Isso já foi cobrado 
até em concursos. 
 
33 
Vamos fazer uma distinção também entre dois tipos de igualdade mencionados pelo STF: 
 
Igualdade perante a lei. Aqui igualdade perante a lei não é aquele sinônimo de igualdade 
formal ou jurídica. Igualdade perante a lei consiste na observância do princípio da igualdade na aplicação da lei. 
Ou seja, essa igualdade perante a lei é dirigida aos poderes responsáveis pela aplicação das leis (ao Executivo e 
ao Judiciário). A lei deve ser aplicada de forma isonômica a todos. Esse sentido não afeta o Legislativo e vigorou 
até a década de 50, enquanto prevaleceu a concepção europeia de que o Legislador não ficava vinculado aos 
dispositivos dos direitos fundamentais e, consequentemente, nem à igualdade. 
 
Igualdade na lei. A partir da década de 50 ganha força a ideia de igualdade na lei, que consiste 
na observância do princípio da igualdade tanto na aplicação como na elaboração das leis. É uma igualdade em 
sentido mais amplo, vinculando também o Legislador na hora de elaborar a lei. 
 
A CF fala em igualdade perante a lei. Contudo, a interpretação não deve ser literal. Deve ser 
interpretada como igualdade na lei, abrangendo também o Legislador. Hoje o princípio da igualdade perante a 
lei é interpretado de forma a abranger também o poder legislativo, não tendo mais razão a diferença entre as 
duas expressões, salvo no caso de se referir à época vivida na Europa. STF: AI 360461-AGR. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza... 
 
10.3.1 Principio amplo da igualdade 
 
Paradoxo da igualdade. Quando o Estado confere um tratamento diferente às pessoas para promover 
determinado grupo (igualdade fática) ele interfere no princípio da igualdade jurídica. O Estado, quando age para 
reduzir desigualdades, acaba por interferir na igualdade formal. 
 
10.3.2 Princípio da igualdade jurídica/formal 
 
A igualdade formal consiste no tratamento isonômico conferido a todos os seres de uma mesma 
categoria essencial. 
 
A ideia de igualdade vinculada

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