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8 PODER EXECUTIVO

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DIREITO CONSTITUCIONAL 
PODER EXECUTIVO 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 3 
1.1 PODER EXECUTIVO ......................................................................................................................... 3 
1.2 PRESIDENCIALISMO........................................................................................................................ 4 
1.2.1 Características ........................................................................................................................ 5 
2 SUBSTITUIÇÃO X SUCESSÃO ................................................................................................................... 8 
3 AUSÊNCIA DO PAÍS ............................................................................................................................... 10 
4 PROCESSO E JULGAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ................................................................... 11 
4.1 PRESIDENTE DA REPÚBLICA ........................................................................................................... 13 
5 CÂMARA DOS DEPUTADOS – FASE DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE ........................................................ 16 
6 SENADO FEDERAL ................................................................................................................................. 17 
7 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ......................................................................................... 28 
8 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ..................................................................................................................... 28 
 
 
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ATUALIZADO EM 21/12/20181 
PODER EXECUTIVO 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O multipartidarismo tem gerado um problema, que foi denominado por Sérgio Abranches de 
Presidencialismo de coalizão, no qual são necessárias alianças entre o Poder Executivo e os partidos políticos a 
fim de formar uma maioria capaz de dar suporte ao governo. 
 
O papel do executivo é o de fazer cumprir a lei, tal como escrito pela Legislatura e interpretado pelo 
sistema judicial. 
 
Quem primeiro distinguiu as funções do Estado foi Aristóteles. No livro “A Política”, descreveu as 
funções de fazer normas gerais e abstratas, a função de aplicar estas normas gerais e abstratas ao caso concreto 
e a de dirimir conflitos. 
 
Na revolução Francesa e no liberalismo que se seguiu o poder executivo ficava alijado do poder de 
legislar, mas foi gradativamente admitido a isto. Hoje existem no Brasil a lei delegada e a medida provisória. 
Assim: 
 
1.1 PODER EXECUTIVO 
 
1) Atribuição típica (= primária): o PE precipuamente aplica a lei ao caso concreto, administrando a 
coisa julgada pública (atribuição típica). 
 
2) Atribuições atípicas (= secundárias): desenvolve outras duas atividades de forma atípica. 
 
2.1) O Poder Executivo legisla. Ex: medida provisória (art. 62). 
 
Questão TRF3: Qual a diferença entre medida provisória e lei delegada? 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
4 
 
- Medida provisória: exercícios de função atípica por parte do Poder Executivo; 
 
- Lei delegada: não é exercício de função atípica. É uma exceção ao princípio da 
indelegabilidade. Há mera delegação de poder por parte do legislativo. 
 
2.2) O Poder Executivo julga contencioso administrativo. Ex: processo administrativo tributário, 
PAD, processo licitatório. 
 
A diferença desse julgado para o julgamento do Poder Judiciário é a característica da 
definitividade (princípio da inafastabilidade ou indeclinabilidade do Poder Judiciário – art. 5º 
XXXV). 
 
#RECORDARÉVIVER: 
SISTEMAS DE GOVERNO 
SISTEMA DE ASSEMBLEIA PARLAMENTARISMO PRESIDENCIALISMO 
Comissão de governo dentro do 
parlamento. 
O primeiro ministro depende da 
confiança do legislativo. 
O presidente não depende de 
confiança do legislativo. 
Relações íntimas. Relações interdependentes. Relações mais distantes. 
 
Separam-se as funções de Chefe de 
Estado (monarca ou presidente) e 
de Chefe de Governo (Primeiro 
Ministro), o último é o verdadeiro 
chefe do Executivo. 
O presidente exerce as funções de 
Chefe de Estado e de Governo. 
O chefe do executivo é escolhido 
pelo projeto de governo aprovado 
no Parlamento. 
O presidente é eleito para mandato 
popular. 
Baseado na confiança, o primeiro-
ministro pode ser derrubado. 
 O Parlamento pode ser dissolvido 
quando não derrube o primeiro 
ministro. 
 
1.2 PRESIDENCIALISMO 
 
5 
Histórico: tal como o parlamentarismo, o presidencialismo não surgiu de nenhuma criação teórica. 
Contudo, ao contrário do parlamentarismo, sua formação não se deu de forma lenta e gradual. Este sistema é 
uma criação americana pós-independência. 
 
Ideais valorizados: liberdade, igualdade dos indivíduos e soberania popular. 
 
Grande preocupação com a limitação do poder: procurando evitar a concentração de prerrogativas nas 
mãos de um só homem ou um só órgão para que não se tornasse possível o surgimento de um governo tirânico, 
contra o povo. 
 
1.2.1 Características 
 
O presidente da república é chefe de Estado e chefe de governo. 
 
A chefia do Executivo é unipessoal. Esta segunda característica está implícita na primeira. Significa que 
cabe unicamente ao presidente da república a fixação de suas diretrizes políticas. Ele tem competência e 
liberdade plenas para nomear e exonerar seus ministros, subordinados seus, que lhe auxiliarão no exercício da 
presidência. O vice-presidente, eleito conjuntamente com o presidente não tem nenhuma atribuição específica 
delineada pela Constituição. 
 
#ATENÇÃO #OBS: DALMO DE ABREU DALLARI, p. 204: referindo-se aos ministros: “mas esse corpo de auxiliares 
não é previsto na Constituição e não compartilha da responsabilidade do presidente pelas decisões”; isto é o que 
ocorre, em geral, nos Estados (países) que adotam o sistema presidencialista. No caso brasileiro, é diferente: os 
ministros são previstos pela Constituição (arts. 87 e 88) e eles são responsáveis por seus atos perante o 
Congresso Nacional (arts. 50 e 52 da CF/88). 
 
O presidente da república é eleito por um prazo determinado. Eleições: caráter democrático. Se as 
eleições não ocorressem periodicamente, o que teríamos estabelecido seria uma nova forma de governo, a 
monarquia eletiva. É para se evitar isso que se estabeleceu o mandato com prazo fixo. Nos EUA, a Constituição 
não proibia a reeleição. Criou-se a praxe de se admitir a reeleição do presidente uma só vez. Até que Franklin 
Delano Roosevelt foi eleito por 03 mandatos consecutivos, em virtude da eclosão da Segunda Guerra Mundial. 
Para se evitar que este acontecimento se repetisse novamente, a Constituição americana foi emendada 
(emenda 22) para proibir a possibilidade de reeleição por mais de uma vez de um mesmo governante. A maioria 
dos países proíbe a reeleição. Entre nós ela é admitida desde 04/06/97, com a edição da EC n°16; 
 
6 
O presidente da república tem poder de veto. Nos EUA o presidente não tem capacidade legislativa. 
Para evitar a ditadura do legislativo instituiu-se o poder de veto (na nossa Constituição, está previsto no art. 66, 
§ 1°). Este instituto permite que o presidenterejeite um projeto de lei que (1) entenda inconstitucional ou (2) 
contrário ao interesse público. No Brasil, além de poder de veto o presidente tem capacidade legislativa. Por 
delegação do Congresso, o presidente pode editar leis delegadas (art. 68) e em situações de urgência e 
relevância ele pode editar medidas provisórias (art. 62). Outra prerrogativa do presidente, nesta matéria, é que 
ele tem a possibilidade de enviar projetos de lei ao legislativo (art. 60, II e 61) 
 
No Brasil, o Presidente e o Vice são eleitos conjuntamente. 
 
* A eleição de Presidente e Vice se dá no primeiro domingo do mês de outubro. Eles são eleitos pelo 
sistema eleitoral majoritário, pelo qual, valoriza-se o candidato registrado por partido político. O candidato que 
tiver o maior numero de votos registrados será eleito. Pergunta-se: em quais eleições adotamos no sistema 
eleitoral majoritário no Brasil? Ex: Presidente, Governador e Prefeitos de Municípios com mais de 200.000 
eleitores. 
 
Existem 02 espécies de sistemas majoritários: 
 
1) Absoluto (=com 2º turno de votação): a CF exige, para que o candidato seja eleito, que ele atinja, 
no mínimo, a maioria absoluta dos votos válidos. Se, no 1º turno, nenhum dos candidatos atingir 
essa maioria, teremos, necessariamente, 2º turno de votação. São eleitos pelo sistema majoritário 
absoluto: Presidente, Governador, Prefeito de Municípios com mais de 200.000 eleitores. 
 
2) Simples: a CF se contenta com qualquer maioria. Será eleito o candidato mais votado, 
independentemente do percentual de votos. São eleitos pelo sistema majoritário simples: Prefeito 
de Municípios com menos de 200.000 eleitores e Senador. 
 
No art. 106, Código Eleitoral, os votos brancos na contagem; contudo, pelo art. 77, CF, eles não são 
computados nos votos válidos. Como compatibilizar as duas regras? O art. 106, CE não foi recepcionado pela CF. 
Portanto, os votos brancos e os votos nulos não são computados nos votos válidos. 
 
O Presidente e o Vice tomam posse em 01/01 do ano subsequente às eleições, em sessão conjunta no 
CN, oportunidade em que prestam compromisso de manter e defender a CF. Art. 78, CF. Este compromisso é 
meramente formal? Não. Se ele for desrespeitado, ele incorrerá em crime de responsabilidade previsto no art. 
85, CF. 
 
7 
Qual é o prazo máximo para o Presidente e o Vice tomarem posse? Até 10 dias do dia 01/01, ou seja, até 
11/01. Assim, até o dia 11, um dos dois tem que tomar posse, sob pena dos cargos serem declarados vagos. 
Quem declara esses cargos vagos se nenhum dos dois tomar posse? O CN, salvo motivo de força maior. Assim, 
caso nenhum dos dois tiverem tomado posse até dia 11 por motivo de força maior, os cargos não serão 
declarados vagos. 
 
* #OLHAOSUPERGANCHO: Você sabe o que se entende por presidencialismo de coalização? 
 
O regime presidencialista brasileiro confere aos parlamentares um poder que vai além da elaboração e votação 
de lei e outros atos normativos. Os parlamentares possuem intensa participação nas decisões de governo, 
inclusive por meio da indicação de cargos no Poder Executivo. Essa dinâmica é própria do sistema 
presidencialista brasileiro, que exige uma coalizão para viabilizar a governabilidade. Trata-se do chamado 
“presidencialismo de coalizão”. 
 
Não se pode esquecer, contudo, que a Constituição Federal atribui ao Congresso Nacional competência para 
fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os da Administração Indireta (art. 49, X, da CF/88). 
Vale lembrar, inclusive, que o Congresso Nacional possui poderes próprios de autoridade judicial quando 
instituídas comissões parlamentares de inquérito para apuração de fatos determinados (art. 58, § 3º). 
 
Ademais, para evitar conflitos de interesses, os Deputados e Senadores são proibidos de: a) firmar ou manter 
contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; e b) 
aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad nutum", 
nas entidades constantes da alínea anterior. 
 
Isso demonstra que os parlamentares devem manter independência em relação ao Poder Executivo para o 
exercício de suas atribuições. Nesse contexto, se um parlamentar recebe vantagens indevidas em troca de 
sustentação política a um diretor da Petrobrás, isso significa evidente omissão em sua função de fiscalizar a 
lisura dos atos do Poder Executivo. 
 
O exercício ilegítimo da atividade parlamentar, mesmo num governo de coalizão, é apto a caracterizar o crime 
de corrupção passiva. Esse tipo penal tutela a moralidade administrativa e tem por finalidade coibir e reprimir a 
mercancia da função pública, cujo exercício deve ser pautado exclusivamente pelo interesse público. O STF 
afastou o argumento da defesa de que se estaria “criminalizando a atividade político-partidária”. Não é nada 
disso. A atividade política continua sendo permitida, sendo lícito que partidos políticos apoiem determinada 
pessoa para os cargos de destaque do governo (exs: ministérios, diretorias etc.). O que se está punindo, neste 
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caso, são atos que transbordaram os limites do exercício legítimo do mandato, ou seja, puniu-se um Deputado 
que recebia propina para dar sustentação política a um Diretor de estatal. 
 
Obs: Informação retirada no Informativo Comentado 904 do STF pelo Dizer o Direito2. 
 
2 SUBSTITUIÇÃO X SUCESSÃO 
 
A substituição ocorre quando há um impedimento temporário. Ex. uma viagem. 
 
Qual a ordem? Por isso, todos eles devem ser brasileiros natos: 
 
1) Vice; 
 
2) Presidente da Câmara dos Deputados; 
 
3) Presidente do Senado Federal; 
 
4) Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
 
A sucessão ocorre no caso de vacância definitiva do cargo. Só quem pode suceder o Presidente é o Vice. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: SUBSTITUIÇÃO PRESIDENCIAL. Réu em processo criminal não pode 
assumir, como substituto, o cargo de Presidente da República. Os substitutos eventuais do Presidente da 
República a que se refere o art. 80 da CF/88, caso ostentem a posição de réus criminais perante o STF, ficarão 
impossibilitados de exercer o ofício de Presidente da República. No entanto, mesmo sendo réus, podem 
continuar na chefia do Poder por eles titularizados. Ex: o Presidente do Senado Renan Calheiros tornou-se réu 
em um processo criminal; logo, ele não poderá assumir a Presidência da República na forma do art. 80 da CF/88; 
porém, ele pode continuar normalmente como Presidente do Senado, não precisando ser afastado deste cargo. 
STF. Plenário. ADPF 402 MC-REF/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/12/2016 (Info 850). 
 
Se houver vacância do cargo pelo Vice, o Presidente da Câmara ficará provisoriamente no cargo até ser 
feita uma nova eleição, para que os eleitos cumpram o término do mandato dos antecessores. 
 
2
 Determinado Deputado Federal integrava a cúpula de um partido de sustentação do governo federal. Como importante 
figura partidária, ele exercia pressão política junto à Presidência da República a fim de que Paulo Roberto Costa fosse 
mantido como Diretor de Abastecimento da Petrobrás. Como “contraprestação” por esse apoio, o Deputado recebia 
dinheiro do referido Diretor, quantia essa oriunda de contratos ilegais celebrados pela Petrobrás. O STF entendeu que esta 
conduta se enquadra no crime de corrupção passiva (art. 317 do CP). Obs: foi a primeira condenação do STF envolvendo a 
chamada “operação Lava Jato”. STF. 2ª Turma. AP 996/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/5/2018 (Info 904). 
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Se a vacância ocorrer nos dois primeiros anos do mandato, a nova eleição será realizada em até 90 dias. 
Se a vacância ocorrer nos dois últimos anos de mandato, são convocadas novas eleições indiretas no período de30 dias. As eleições serão indiretas, e o novo Presidente e Vice serão escolhidos pelo Congresso Nacional. Não 
fere a cláusula pétrea do voto direto, pois é uma norma originária. 
 
Os governadores de Territórios também não são eleitos diretamente, são escolhidos pelo Presidente da 
República. 
 
#OBS: aquele que assume o mandato nos 02 últimos anos no lugar do Presidente exerce um mandato-tampão, 
apenas para terminá-lo. 
 
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de 
aberta a última vaga. 
 
§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos 
será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 
 
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. 
 
#OBS: o artigo 81, §1º não é de observância obrigatória, conforme ADI 4198-MC. Ou seja, no âmbito estadual 
pode ser criada regra diferente. 
 
#ATENÇÃO 
Ofende a CF norma estadual que estabeleça, na hipótese de vacância dos cargos de Governador e Vice, no 
último ano do período governamental, a convocação sucessiva do presidente da assembleia legislativa e do 
presidente do TJ, para o exercício do cargo de Governador. STF – afronta os parâmetros da CF que exigem a 
eleição. 
 
Linha sucessória do Presidente: sucessão é o gênero. Ela se divide em duas espécies: 
 
1) Sucessão em sentido restrito: ocorre nos casos de vacância, que é definitiva. Exemplo de vacância: 
morte, renúncia, condenação pela prática de crime de responsabilidade. 
 
2) Substituição: é temporária. Ocorre nos casos de impedimento. Exemplo de impedimento: férias, 
licença para tratamento médico, viagens, etc. 
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Só o Vice assume definitivamente o Presidente, nos casos de vacância. 
 
Pergunta-se: por que o Presidente da CD vem antes do Presidente no SF na linha sucessória? 
 
O Presidente da CD vem antes na linha sucessória porque na CD estão os representantes do povo, ou 
seja, há maior legitimidade, representatividade. 
 
Pergunta-se: se o Presidente da CD tiver menos de 35 anos, em caso de substituição, ele poderia 
assumir a Presidência da República? Duas posições: 
 
1ª posição: não, pois a CF deu importância ao princípio da idade mínima de 35 anos. 
 
2ª posição: sim, uma vez que, as condições de elegibilidade para o cargo de deputado federal foram 
preenchidos, de forma que exercerá todos os ônus e bônus do cargo. 
 
#OUSESABER: Constituição Estadual pode disciplinar a ordem de vocação das autoridades municipais em caso 
de vacância ou impedimento de Prefeito ou Vice Prefeito? Privilegiando a autonomia dos entes municipais, o 
STF também entendeu como sendo inconstitucional a disciplina, pela Constituição Estadual, da ordem de 
vocação das autoridades municipais em caso de vacância ou impedimento do Prefeito e do Vice-Prefeito. Segue 
o julgado para uma melhor compreensão: SUCESSÃO E SUBSTITUIÇÃO DO PREFEITO E DO VICE-PREFEITO: "Não 
cabe, ao Estado-membro, sob pena de frontal transgressão à autonomia constitucional do Município, 
disciplinar, ainda que no âmbito da própria Carta Política estadual, a ordem de vocação das autoridades 
municipais, quando configuradas situações de vacância ou de impedimento cuja ocorrência justifique a sucessão 
ou a substituição nos cargos ele Prefeito e/ou ele Vice-Prefeito cio Município. A matéria pertinente à sucessão e 
à substituição cio Prefeito e do Vice-Prefeito inclui-se, por efeito de sua natureza mesma, no domínio normativo 
ela Lei Orgânica promulgada pelo próprio Município. Não se reveste de validade jurídico-constitucional, por 
ofensiva aos postulados da autonomia do Município (CF, arts. 29 e 30) e da separação de Poderes (CF, art. 22 ele 
o art. 95, parágrafo único, 1), a norma, que, embora inscrita na Constituição do Estado-membro, atribui, 
indevidamente, ao Juiz de Direito da comarca, que é autoridade estadual, a condição de substituto eventual do 
Prefeito Municipal" (STF, ADln 687/PA, Rei. Min. Celso de Mello, Clipping do DJ de 1 0-2-2006). 
 
3 AUSÊNCIA DO PAÍS 
 
Sempre que o Presidente ou Vice-Presidente quiserem se autorizar do país por mais de 15 dias é 
obrigado a pedir autorização ao Congresso Nacional. 
 
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Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, 
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. 
 
Trata-se de norma de observância obrigatória pelos Estados e municípios e que deve ser reproduzida 
nas Constituições Estaduais e leis orgânicas municipais em razão do princípio da simetria (ADI 3647 e ADI 738). 
 
#ATENÇÃO: O STF não faz referência a essa regra aplicada às leis orgânicas municipais (pois Lei orgânica não 
pode ser objeto de ADI). 
 
Essa norma que fala da ausência de 15 dias está relacionada à separação de poderes, por isso ela é de 
observância obrigatória. STF diz que as normas referentes à separação de poderes são de observância 
obrigatória. Na ADI 738 havia a exigência de autorização para qualquer saída do Governador. 
 
#OUSESABER: Pode a Constituição Estadual exigir autorização da Assembleia Legislativa para que o Governador 
do Estado ou Vice possam se ausentar do país? Depende! 
 
 Se o prazo de ausência for superior a 15 dias, PODE! 
 
 Já se o prazo for inferior/igual a 15 dias, NÃO PODE! Isso já foi cobrado em prova objetiva, pois já foi objeto 
de analisa pelo STF (ADI 775/RS e ADI 2453/PR). 
 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A CE/AP trouxe regra dizendo que se o Prefeito ou o Vice-Prefeito for 
viajar ao exterior, “por qualquer tempo”, ele deverá pedir uma licença prévia da Câmara Municipal para a 
viagem. O STF considerou inconstitucional a expressão “por qualquer tempo”. Essa regra de “por qualquer 
tempo” está em desacordo com o princípio da simetria. Isso porque a CF/88 somente exige autorização do 
Congresso Nacional se a ausência do Presidente da República for superior a 15 dias (art. 49, III). De igual modo a 
Constituição do Estado do Amapá também só exige autorização da Assembleia Legislativa se a ausência do 
Governador (ou do Vice for superior a 15 dias (art. 118, § 1º). Logo a exigência de autorização da Câmara 
Municipal para que o Prefeito possa se ausentar por períodos menores que 15 dias quebra a simetria existente 
em relação ao Governador. STF. Plenário.ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/10/2018 
(Info 921). 
 
4 PROCESSO E JULGAMENTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
#DICACICLOS #ATENÇÃO #FIQUEDEOLHO: A imunidade formal do Presidente da República também se aplica 
aos codenunciados? 
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Conforme o art. 51, I, da Constituição Federal, o Presidente da República e os Ministros de Estado têm 
imunidade formal. Isso quer dizer que cabe à privativamente à Câmara dos Deputados “autorizar, por dois 
terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado”. Imaginemos que o Presidente cometa um crime em concurso de agentes com pessoas não 
indicadas no art. 51, I, da CF e que a Câmara decida não autorizar a instauração do processo, esta imunidade 
estende-se também aos codenunciados? Não, tal imunidade formal tem por finalidade tutelar o exercício 
regular dos cargos de Presidente da República e de Ministro de Estado, devendo ser interpretada de maneira 
restrita, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontram investidos em tais funções. 
Assim, salvo prejuízo para a instrução, deve-se proceder ao desmembramento dos inquéritos e ações penais 
originárias no tocante a co-investigados ou a corréus não detentores de foro por prerrogativa de função. 
 
#IMPORTANTE #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A imunidade formal prevista no art. 51, I, e no art. 86, 
caput, da CF/88 não se estende para os codenunciados que não se encontrem investidos noscargos de 
Presidente da República, Vice Presidente da República e Ministro de Estado. A finalidade dessa imunidade é 
proteger o exercício regular desses cargos, razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se 
encontrem ocupando tais funções. STF. Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. 
Min. Edson Fachin, julgados em 14 e 19/12/2017 (Info 888). 
 
Antes disso, vale lembrar regras básicas sobre a responsabilidade dos representantes do Poder 
Executivo. 
 
#TABELASALVANDOVIDAS #VOCÊVAILEMBRARNAPROVA #AJUDAMARCINHO: 
 
CRIMES COMUNS CRIMES DE RESPONSABILIDADE 
São aqueles tipificados na lei penal (Código Penal e 
legislação extravagante). Ex: peculato, corrupção 
passiva, etc. 
São infrações político-administrativas praticadas por 
pessoas que ocupam determinados cargos públicos. 
Caso o agente seja condenado por crime de 
responsabilidade, ele não receberá sanções penais 
(prisão ou multa), mas sim sanções político-
administrativas (perda do cargo e inabilitação para o 
exercício de função pública). 
Os crimes de responsabilidade estão previstos: 
 
- Presidente: art. 85 da CF/88 e Lei nº 1.079/50; 
- Governador: Lei nº 1.079/50; 
- Prefeito: Decreto-Lei n º 201/67. 
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Quem julga: 
 
- Presidente: STF (após autorização de 2/3 da Câmara 
dos Deputados); 
- Governador: STJ (não precisa de prévia autorização 
da Assembleia Legislativa); 
- Prefeito: TJ/TRF/TER (não precisa de prévia 
autorização da Câmara Municipal). 
Quem julga: 
 
- Presidente: Senado (após autorização de 2/3 da 
Câmara dos Deputados); 
- Governador: Tribunal Especial (composto por 5 
membros da Assembleia Legislativa e 5 
Desembargadores sob a presidência do Presidente do 
TJ; 
- Prefeito: Câmara Municipal 
 
4.1 PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
O Presidente da República responde a dois tipos de crimes que tem regras específicas: crimes de 
responsabilidade e crimes comuns. 
 
O entendimento majoritário é o de que o impeachment qualifica-se como resultante de crime de 
responsabilidade. 
 
a) Crimes de responsabilidade 
 
Infrações político-administrativas que poderão resultar no impeachment. 
 
São infrações político-administrativas (STF), que só podem ser praticadas por pessoas investidas em 
determinadas funções. Não são penais nem civis. 
 
Tem duas penalidades: perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública por oito anos. O 
rol do art. 85 (traz alguns crimes de responsabilidade), CF é exemplificativo, devendo estar regulamentado 
especificamente na lei. Além destes, a lei pode prever outras hipóteses de crime de responsabilidade. 
 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição 
Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais 
das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
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V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e 
julgamento. 
 
OBS: Lei nº 1.079/50 – Esse processo e julgamento só podem ser estabelecidos por lei federal, Súmula 722 STF. 
 
O entendimento do STF é de que os crimes de responsabilidade, bem como seu processamento e 
julgamento, só podem ser tratadas em lei federal. 
 
#SELIGANASÚMULA: Súmula 722 STF: São da competência legislativa da união a definição dos crimes de 
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. 
 
A lei prevista no parágrafo único é a Lei 1079/50, que foi recepcionada em parte pela nova CF/88. 
Entretanto, a lei não regula todos os 07 incisos do artigo 85. EXEMPLO: “livre exercício do ministério público”. O 
MP não é poder, mas, pelo artigo, tem sua autonomia garantida da mesma forma como se garante a autonomia 
dos Poderes Legislativo e Judiciário. 
 
Os crimes previstos no artigo 85 são regulamentos por Lei Federal (lei 1.079/50), portanto, nenhum 
outro ente, a não ser a União pode tipificar as referidas condutas, conforme já decidido pelo STF. 
 
Procedimento: 
 
Qualquer cidadão é parte legítima para oferecer a acusação contra o presidente da república à câmara 
dos deputados, pela prática do crime de responsabilidade. 
 
#ATENÇÃO 
Segundo a jurisprudência do STF, a competência do Presidente da CD para o recebimento ou não da denúncia 
no processo de impeachment contra o Presidente não se restringe a uma admissão meramente burocrática, 
cabendo-lhe a faculdade de rejeitá-la, de plano, acaso entenda-a patentemente inepta ou despida de justa 
causa, sujeitando a decisão ao controle do Plenário, por meio de recurso. 
 
Autorização da CD – 2/3. Art. 51, I. 
 
O julgamento da câmara é eminentemente político - conveniência e oportunidade. 
15 
 
Até dezembro de 2015, o entendimento doutrinário era o de que se a câmara admitir a acusação, o 
senado não poderia emitir novo juízo de admissão. Deve promover o julgamento. Na Câmara, deveria ser 
assegurado ao Presidente o direito de defesa, pois quando há autorização, o Presidente é suspenso das suas 
funções por 180 dias, bastando que o processo seja instaurado. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF #ATENÇÃO: Todavia, por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal 
(STF) julgou parcialmente procedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 378, que 
discute a validade de dispositivos da Lei 1.079/1950 que regulamentam o processo de impeachment de 
presidente da República. Com o julgamento, firmou-se o entendimento de que a Câmara dos Deputados apenas 
dá a autorização para a abertura do processo de impeachment, cabendo ao Senado fazer juízo inicial de 
instalação ou não do procedimento, quando a votação se dará por maioria simples; a votação para escolha da 
comissão especial na Câmara deve ser aberta, sendo ilegítimas as candidaturas avulsas de deputados para sua 
composição; e o afastamento de presidente da República ocorre apenas se o Senado abrir o processo. 
 
Ao votar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n.° 378, o ministro Barroso, do 
Supremo Tribunal Federal (STF), declarou que a competência do Senado abrange “a realização de um juízo 
inicial de instauração ou não do processo, isto é, de recebimento ou não da denúncia autorizada pela Câmara”, 
o que se basearia em três ordens de argumentos: 1) ser essa a única interpretação possível à luz da Constituição 
de 1988; 2) corresponder à interpretação adotada pelo STF em 1992, quando do impeachment do presidente 
Collor; e 3) tratar-se de entendimento que, mesmo proferido sem força vinculante, foi incorporado à ordem 
jurídica. 
 
A partir do que o STF decidiu acima, podemos identificar as seguintes etapas principais do rito do 
processo de impeachment3. 
 
#IMPORTANTE #ATENÇÃO: Imagine que foi formulada denúncia contra o Presidente da República por infrações 
penais comuns. O STF deverá encaminhar esta denúncia para a Câmara dos Deputados, para que esta possa 
exercer o seu juízo político. 
 
É possível que, antes desse envio, o STF analise questões jurídicas a respeito desta denúncia, como a validade 
dos elementos informativos (“provas”) que a embasaram? 
 
NÃO. Não há possibilidade de o STF conhecer e julgar qualquer questão ou matéria defensiva suscitada pelo 
Presidente antes que a matéria seja examinada pela Câmara dos Deputados. O juízo político de 
 
3
 Tema cobrado na primeira fase do MPMG (2016). 
16 
admissibilidade exercido pela Câmara dos Deputados precede a análise jurídica pelo STF para conhecer e julgar 
qualquer questão ou matéria defensiva suscitada pelo denunciado. A discussãosobre o valor probatório dos 
elementos de convicção (“provas”), ou mesmo a respeito da validade desses elementos que eventualmente 
embasarem a denúncia, constitui matéria relacionada com a chamada “justa causa”, uma das condições da ação 
penal, cuja constatação ou não se dará por ocasião do juízo de admissibilidade, a ser levado a efeito pelo 
Plenário do STF após eventual autorização da Câmara dos Deputados. STF. Plenário. Inq 4483 QO/DF, Rel. Min. 
Edson Fachin, julgado em 20 e 21/9/2017 (Info 878). 
 
O STF decidiu, ainda, que a possibilidade de rescisão ou de revisão, total ou parcial, do acordo de colaboração 
premiada de Joesley em decorrência do descumprimento dos deveres que ele havia assumido não tem a força 
de fazer com que as provas obtidas a partir deste acordo sejam consideradas imprestáveis. Isso porque a 
rescisão ou revisão tem efeitos somente entre as partes, não atingindo a esfera jurídica de terceiros. 
 
5 CÂMARA DOS DEPUTADOS – FASE DE JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE 
 
 O Presidente da Câmara admite ou não o prosseguimento da denúncia. 
 
 Não há direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia pelo Presidente da Câmara, 
ou seja, não é necessário ouvir antes o Presidente da República que estiver sendo denunciado. 
 
 Do despacho do Presidente que indeferir o recebimento da denúncia, caberá recurso ao 
Plenário (art. 218, § 3º, do RICD). 
 
 Caso seja admitido o prosseguimento da denúncia, deverá ser constituída comissão especial 
formada por Deputados Federais para análise do pedido e elaboração de parecer. 
 
 A eleição dos membros da comissão deverá ser aberta e não pode haver candidatura alternativa 
(avulsa). A comissão é escolhida a partir de uma chapa única com nomes indicados pelos líderes 
partidários. A votação aberta será apenas para que o Plenário da Casa aprove ou não a chapa única que 
foi apresentada. 
 
 O Presidente denunciado deverá ter direito à defesa no rito da Câmara dos Deputados. Assim, 
depois que houver o recebimento da denúncia, o Presidente da República será notificado para 
manifestar-se, querendo, no prazo de dez sessões. 
 
 Vale ressaltar, no entanto, que não deve haver grande dilação probatória na Câmara dos 
Deputados (o rito é abreviado). A comissão até pode pedir a realização de diligências, mas estas devem 
17 
ser unicamente para esclarecer alguns pontos da denúncia, não podendo ser feitas para provar a 
procedência ou improcedência da acusação. Isso porque o papel da Câmara não é reunir provas sobre o 
mérito da acusação, mas apenas o de autorizar ou não o prosseguimento. Quem irá realizar ampla 
dilação probatória é o Senado. 
 
 O Plenário da Câmara deverá decidir se autoriza a abertura do processo de impeachment por 
2/3 dos votos. 
 
 O processo é, então, remetido ao Senado. 
 
6 SENADO FEDERAL 
 
 Chegando o processo no Senado, deverá ser instaurada uma comissão especial de Senadores 
para analisar o pedido de impeachment e preparar um parecer (arts. 44 a 46, da Lei nº 1.079/50, 
aplicados por analogia). 
 
 Esse parecer será votado pelo Plenário do Senado, que irá decidir se deve receber ou não a 
denúncia que foi autorizada pela Câmara. 
 
 Assim, o Senado, independentemente da decisão da Câmara, não é obrigado a instaurar o 
processo de impeachment, ou seja, pode rejeitar a denúncia. 
 
 Se rejeitar a denúncia, haverá o arquivamento do processo. 
 
 Se receber, iniciará a fase de processamento, com a produção de provas e, ao final, o Senado 
votará pela absolvição ou condenação do Presidente. 
 
 A decisão do Senado que decide se instaura ou não o processo se dá pelo voto da maioria 
simples, presente a maioria absoluta de seus membros. Aplica-se aqui, por analogia, o art. 47 da Lei nº 
1.079/50. Assim, devem estar presentes no mínimo 42 Senadores no dia da sessão (maioria absoluta de 
81) e, destes, bastaria o voto de 22 Senadores. 
 
 Se o Senado aceitar a denúncia, inicia-se a instrução probatória e o Presidente da República 
deverá ser afastado do cargo temporariamente (art. 86, § 1º, II, da CF/88). Se, após 180 dias do 
afastamento do Presidente, o julgamento ainda não tiver sido concluído, cessará o seu afastamento e 
ele reassumirá, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. 
 
18 
 A defesa tem direito de se manifestar após a acusação: no curso do procedimento de 
impeachment, o Presidente terá a prerrogativa de se manifestar, de um modo geral, após a acusação. 
 
 O interrogatório deve ser o ato final da instrução probatória: o interrogatório do Presidente, 
instrumento de autodefesa que materializa as garantias do contraditório e da ampla defesa, deve ser o 
último ato de instrução do processo de impeachment. 
 
 Ao final do processo, os Senadores deverão votar se o Presidente deve ser condenado ou 
absolvido. Para que seja condenado, é necessário o voto de 2/3 dos Senadores. 
 
 Se for condenada, a Presidente receberá duas sanções: a) perda do cargo; b) inabilitação para o 
exercício de funções públicas por 08 anos. Além disso, poderá ser eventualmente denunciado 
criminalmente pelo Ministério Público. 
 
 Caso seja condenado, quem assume é o Vice-Presidente, que irá completar o mandato (não é 
necessária a convocação de novas eleições). 
 
*#ATENÇÃO #DIZERODIREITO4: 
O que significa impeachment? 
Impeachment é uma palavra de origem inglesa que significa "impedimento" ou "impugnação". 
Juridicamente falando, o vocábulo impeachment tem dois significados: 
 
1º) Consiste no nome dado ao processo instaurado para apurar se o Presidente da República, o Governador, o 
Prefeito e outras autoridades praticaram crime de responsabilidade. Ex: foi aberto o processo de impeachment 
da Presidente Dilma Roussef. 
 
2º) É como se chama uma das sanções (punições) aplicadas ao governante que foi condenado por crime de 
responsabilidade. O Presidente da República que é condenado por crime de responsabilidade recebe duas 
sanções: 
a) A perda do cargo (denominada de impeachment). Ex: os Senadores aprovaram o impeachment do ex-
Presidente Fernando Collor. 
b) A inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos. 
 
O que significa "inabilitação para o exercício de funções públicas"? 
 
4
 https://www.dizerodireito.com.br/2016/08/analise-juridica-da-decisao-do-senado.html 
19 
Significa o impedimento para exercer quaisquer funções públicas, o que abrange a proibição de exercer cargos 
públicos efetivos, cargos comissionados, empregos públicos, funções de confiança e, obviamente, cargos 
decorrentes de mandatos eletivos. 
 
A chamada "inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos" é o mesmo que suspensão dos 
direitos políticos? 
NÃO. A pessoa que recebeu a sanção de "inabilitação para o exercício de funções públicas" fica com sua 
capacidade eleitoral passiva suspensa, ou seja, ela não poderá concorrer às eleições, já que não poderia ocupar 
o cargo, se vencesse o pleito. Porém, pode continuar votando (capacidade eleitoral ativa). Desse modo, 
podemos dizer que esta pessoa está apenas com seus direitos políticos passivos suspensos, mas não seus 
direitos políticos ativos. 
 
O que fez o Senado Federal no julgamento da ex-Presidente Dilma? 
O Senado, no dia 31/08/2016, julgou o processo de impeachment da ex-Presidente Dilma. 
Segundo o rito que estava previsto e havia sido aprovado, os Senadores iriam votar apenas uma vez, decidindo 
se a ex-Presidente era culpada ou não do crime de responsabilidade. Caso ela fosse julgada culpada, receberia 
as duas punições estipuladas pela Constituição: a) perda do cargo e b) inabilitação para o exercício de funções 
públicas por oito anos. 
Ocorre que, no início da sessão de hoje, o Partido dos Trabalhadores, representado pelo Senador Humberto 
Costa (PT-PE), formulou requerimento ao Presidente do STF (que presidia o processo de impeachment) pedindoque o julgamento de Dilma fosse dividido em duas etapas: 
1) Uma primeira votação, na qual os Senadores decidiriam se Dilma deveria ou não perder o cargo. 
2) Em seguida, caso ela perdesse o cargo, como de fato ocorreu, os Senadores votariam se ela deveria ficar 
inabilitada para o exercício das funções públicas por oito anos. 
 
O pedido para a divisão dos julgamentos foi baseado na tese de que a perda do cargo e a inabilitação 
constituem-se em penas autônomas. Assim, seriam necessárias duas votações, uma para o julgamento da 
primeira sanção e outra para a segunda. 
 
O Presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que conduzia os trabalhos, aceitou o requerimento e foram 
realizadas duas votações: 
 
1) Na primeira, Dilma foi condenada a perder o cargo de Presidente da República. Desse modo, os Senadores 
votaram no sentido de aplicar a primeira sanção. Foram 61 votos SIM e 20 votos NÃO. 
 
2) Na segunda, os Senadores decidiram que Dilma não deveria ficar inabilitada para o exercício de funções 
públicas por oito anos. Em outras palavras, os Senadores votaram no sentido de não aplicar a segunda sanção. 
20 
Foram 42 votos SIM (pela aplicação da sanção), 36 votos NÃO e 3 abstenções. Para que ela recebesse esta 
punição eram necessários 2/3 dos Senadores, ou seja, no mínimo, 54 votos SIM. 
 
O procedimento adotado pelo Senado foi juridicamente correto? A Constituição Federal de 1988 admite que 
um Presidente da República seja condenado por crime de responsabilidade e receba como punição a perda do 
cargo, mas fique livre da segunda sanção (inabilitação para o exercício de funções públicas por oito anos)? 
Penso que não. 
 
O tema é tratado pela CF/88 em seu art. 52, parágrafo único, nos seguintes termos: 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como 
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma 
natureza conexos com aqueles; 
(...) 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal 
Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à 
perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais 
sanções judiciais cabíveis. 
 
Desse modo, o parágrafo único acima transcrito é muito claro ao dizer que, no caso de crime de 
responsabilidade praticado pelo Presidente da República, a condenação imposta será "à perda do cargo, com 
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública". 
 
A expressão "perda do cargo, com inabilitação" transmite a ideia de cumulação (e não de alternatividade ou 
escolha). 
 
Se a intenção do constituinte fosse permitir a dispensa da segunda sanção (inabilitação), ele teria utilizado a 
seguinte locução: "perda do cargo, com ou sem inabilitação". Foi a expressão utilizada pela CF/88, por exemplo, 
no art. 5º, LXVI. Veja: "LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade 
provisória, com ou sem fiança;" 
 
O que diz a doutrina sobre o tema? 
A doutrina, em sua imensa maioria, afirma que as sanções são cumulativas, ou seja, deverá haver a perda do 
cargo E a inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública. Nesse sentido: 
"A Constituição prevê em seu art. 52, parágrafo único, as duas sanções autônomas e cumulativas a serem 
aplicadas na hipótese de condenação por crime de responsabilidade: perda do cargo e inabilitação, por 
21 
oito anos, para o exercício de função pública." (MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 32ª ed., São 
Paulo: Atlas, 2016, p. 768). 
 
Aliás, desconheço autor de Direito Constitucional que defenda a possibilidade de o Senado fazer duas votações: 
uma para decidir a perda do cargo e outra para julgar se o condenado deverá receber ou não a pena de 
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública. 
 
Li na imprensa que se teria afirmado que Gilmar Mendes e Michel Temer defenderiam a possibilidade de ser 
aplicada a pena da perda do cargo sem inabilitação. Não é isso, contudo, que consta nos livros destes autores. 
Veja trechos: 
 
"No caso do Presidente da República, os crimes de responsabilidade caracterizam-se como infrações político-
administrativas que dão ensejo à perda do cargo e à inabilitação para o exercício de função pública pelo prazo 
de oito anos (CF, art. 52, parágrafo único)." (MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, 
Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 4ª ed., São Paulo: Saraiva, 2009, p. 969) 
 
"O art. 52, parágrafo único, fixa duas penas: a) perda do cargo; e b) inabilitação, por oito anos, para o exercício 
de função pública. 
A inabilitação para o exercício de função pública não decorre da perda do cargo, como à primeira leitura pode 
parecer. Decorre da própria responsabilização. Não é pena acessória. É, ao lado da perda do cargo, pena 
principal. O objetivo foi o de impedir o prosseguimento no exercício das funções (perda do cargo) e o 
impedimento do exercício - já agora não das funções daquele cargo de que foi afastado, mas de qualquer função 
pública, por um prazo determinado. 
Essa a consequência para quem descumpriu deveres constitucionalmente fixados. 
Assim, porque responsabilizado, o Presidente não só perde o cargo como deve afastar-se da vida pública, 
durante oito anos, para 'corrigir-se', e só então pode a ela retornar." (TEMER, Michel. Elementos de Direito 
Constitucional. 22ª ed., São Paulo: Malheiros, 2008, p. 169). 
 
Precedente antigo do STF no "caso Collor" 
O ex-Presidente Fernando Collor renunciou ao cargo durante o processo de impeachment, antes que ele fosse 
concluído. Mesmo assim o Senado decidiu continuar o julgamento, tendo aplicado a pena de inabilitação para 
funções públicas por oito anos. 
Diante disso, o ex-Presidente impetrou mandado de segurança no STF que manteve a decisão do Senado 
afirmando que ela foi correta uma vez que "a renúncia ao cargo, apresentada na sessão de julgamento, quando 
já iniciado este, não paralisa o processo de impeachment" (STF. Plenário. MS 21689, Rel. Min. Carlos Velloso, 
julgado em 16/12/1993). 
 
22 
O que gostaria de chamar a atenção, no entanto, é que o Ministro Relator Carlos Velloso, em seu voto, afirma 
expressamente que a pena da perda do cargo deverá ser aplicada cumulativamente com a pena de inabilitação. 
Veja: 
"A preposição com, utilizada no parág. único do art. 52, acima transcrito, ao contrário do conectivo e, do § 3º, 
do art. 33, da CF/1891, não autoriza a interpretação no sentido de que se tem, apenas, enumeração das penas 
que poderiam ser aplicadas. Implica, sim, a interpretação no sentido de que ambas as penas deverão ser 
aplicadas. É que a preposição com opõe-se à preposição sem (v. Caldas Aulete, 'Dicionário Contemporâneo da 
Língua Portuguesa', 5ª ed., 1964, II/856, V/3688). 
No sistema da Constituição de 1891, art. 33, § 3º, mais as normas infraconstitucionais indicadas - Lei nº 30, art. 
2º, Lei nº 27, artigos 23 e 24 - era possível o raciocínio no sentido de que apenas a aplicação da pena de perda 
do cargo podia ocorrer, certo que esta poderia ser agravada com a pena de inabilitação. 
No sistema atual, entretanto, isto não é mais possível: ambas as penas deverão ser aplicadas em razão da 
condenação. Que condenação? A condenação em qualquer dos crimes de responsabilidade que deram causa à 
instauração do processo de impeachment." (trechos do voto do Ministro Relator Carlos Velloso no MS 21689, 
julgado em 16/12/1993). 
 
Esta observação do Ministro Relator constou, inclusive, na ementa do acórdão: 
(...) No sistema do direito anterior a Lei 1.079, de 1950, isto é, no sistema das Leis n.s 27 e 30, de 1892, era 
possível a aplicação tão somente da pena de perda do cargo, podendoesta ser agravada com a pena de 
inabilitação para exercer qualquer outro cargo (Constituição Federal de 1891, art. 33, par. 3.; Lei n. 30, de 1892, 
art. 2.), emprestando-se a pena de inabilitação o caráter de pena acessória (Lei n. 27, de 1892, artigos 23 e 24). 
No sistema atual, da Lei 1.079, de 1950, não é possível a aplicação da pena de perda do cargo, apenas, nem a 
pena de inabilitação assume caráter de acessoriedade (C.F., 1934, art. 58, par. 7.; C.F., 1946, art. 62, par. 3. C.F., 
1967, art. 44, parag. único; EC n. 1/69, art. 42, parag.único; C.F., 1988, art. 52, parag. único. Lei n. 1.079, de 
1950, artigos 2., 31, 33 e 34). (...) 
STF. Plenário. MS 21689, Rel. Min. Carlos Velloso, julgado em 16/12/1993. 
 
Importante esclarecer que o fato de o STF no MS 21689 ter dito que as penas são autônomas não significa que 
elas devam ser votadas de forma separada e diferente. O STF afirmou que elas eram autônomas simplesmente 
para sustentar que o fato de o ex-Presidente ter renunciado não significa que a inabilitação não devesse mais 
ser votada. No caso do Collor, como ele renunciou, ficou, por vontade própria, sem o cargo. Logo, não havia 
mais pena de perda do cargo a ser analisada pelo Senado. Logo, a votação sobre a pena da perda do cargo ficou 
prejudicada ("perdeu o objeto"). A tese de Collor, portanto, era a de que a inabilitação seria uma pena acessória 
à sanção da perda do cargo. Desse modo, como não se votou a perda do cargo (porque já não era mais ocupada 
por ele), não se deveria votar também a inabilitação (considerando que o "acessório segue o principal", ou seja, 
a a votação sobre a inabilitação também deveria ser julgada prejudicada). Foi unicamente por essa razão que o 
STF, no MS 21689 afirmou que as penas são autônomas porque a renúncia, que gera o prejuízo da pena de 
23 
perda do cargo não significa que a pena de inabilitação também fique prejudicada e não precise mais ser 
votada. No entanto, no voto do Min. Carlos Velloso ficou muito claro que a sanção de perda do cargo e a pena 
de inabilitação são autônomas, mas são também cumulativas, ou seja, ambas devem ser aplicadas. Não se 
tratam de penas alternativas. 
 
Dessa forma, pode-se dizer que existe um precedente do STF em sentido contrário ao procedimento adotado 
pelo Senado Federal no dia de hoje de votar as penas de forma separada, isto porque o fato de elas serem 
autônomas não significa que são alternativas. 
 
Vale ressaltar que, em 1993, quando foi decidido o MS 21689, o Min. Celso de Mello já compunha a Corte e 
ficou vencido porque aceitava que a renúncia de Collor deveria por fim ao processo. Apesar de ter ficado 
vencido neste ponto, ele votou no sentido de que a pena de inabilitação para o exercício de função pública era 
uma decorrência da perda do cargo, ou seja, ambas estariam umbilicalmente ligadas, não podendo ser 
separadas. Logo, se o Ministro mantiver seu entendimento, ele votará no sentido de que o procedimento 
adotado pelo Senado foi incorreto. Confira trecho do seu voto naquele julgamento: 
"Na interpretação do art. 52, parágrafo único, da Carta Política - cuja aplicabilidade só se justifica estando ainda 
o Presidente da República no desempenho de seu mandato -, não vislumbro a existência de sanções político-
jurídicas de caráter autônomo. Entendo que, ao contrário, há uma única sanção constitucionalmente 
estabelecida: a de desqualificação funcional, que compreende, na abrangência do seu conteúdo, a destituição 
do cargo com inabilitação temporária. A unidade constitucional da sanção prevista torna-a indecomponível, 
incindível, impedindo, dessa forma, que se dispense tratamento jurídico autônomo às projeções punitivas que 
diamanam da condenação senatorial. 
De qualquer maneira, e ainda que se vislumbrasse no preceito em causa uma dualidade de sanções, tenho para 
mim que, entre elas, haveria clara relação de dependência ou de acessoriedade: de um lado, a sanção 
destitutória, que se reveste de caráter principal e condicionante, e, de outro, a pena de inabilitação temporária, 
que constitui mera decorrência secundária da decretação da perda do mandato." (trechos do voto do Min. 
Celso de Mello no MS 21689, julgado em 16/12/1993). 
 
No atual cenário, ou seja, considerando-se que a decisão do Senado que afastou a pena de inabilitação seja 
mantida, mesmo assim a ex-Presidente Dilma poderia ser considerada inelegível com base na "Lei da Ficha 
Limpa"? Ela fica impedida de concorrer nas eleições de 2018, por exemplo, com base nesta LC? 
NÃO. A chamada Lei da Ficha Limpa é a LC 135/2010, que alterou a LC 64/90, que trata sobre as inelegibilidades. 
No art. 1º da LC 64/90 são listadas situações que geram inelegibilidade. Se analisarmos as hipóteses ali 
presentes, nenhuma delas se enquadra no caso da ex-Presidente. 
O motivo de a situação da ex-Presidente não estar prevista na LC 64/90 está no fato de que o legislador 
entendeu que isso seria dispensável, já que, na visão até então pacífica de todos, a inabilitação para o exercício 
das funções públicas era uma pena obrigatoriamente imposta caso o pedido de impeachment fosse julgado 
24 
procedente, com base no art. 52, parágrafo único, da CF/88. Assim, para o legislador, seria redundante repetir 
um comando que já constava diretamente do texto constitucional. 
Tanto isso é verdade que o legislador teve o cuidado de prever que, se o Presidente renunciasse ao mandato no 
curso do processo de impeachment, como fez Collor, por exemplo, ele deveria ficar inelegível por oito anos (art. 
1º, I, "k", da LC 64/90). Dessa forma, o legislador se preocupou apenas com aquilo que não estava previsto 
expressamente na CF/88, ou seja, a hipótese do Presidente renunciar durante o curso do mandato. Sendo ele 
condenado no processo de impeachment, a inelegibilidade já seria uma decorrência obrigatória do art. 52, 
parágrafo único, da CF/88. 
Aliás, seria um contrassenso que a renúncia no curso do processo de impeachment ocasionasse a inelegibilidade 
para oito anos, mas condenação neste mesmo processo (situação mais grave) não ocasionaria a inelegibilidade. 
 
 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: No que tange ao crime de responsabilidade do PREFEITO (Decreto-Lei 
201/67), vale lembrar de dois julgados importantes: 
 
O crime do art. 1º, I, do Decreto-Lei 201/1967 é próprio, somente podendo ser praticado por prefeito, admitida, 
porém, a participação, nos termos do art. 29 do CP. Exemplo: Deputado Federal apresentou emenda 
parlamentar ao orçamento da União autorizando o repasse de recursos para o Município “X”, verba destinada à 
aquisição de uma ambulância. O recurso foi transferido, foi realizada a licitação, mas o certame foi direcionado 
em favor de determinada empresa que superfaturou o preço. Ficou demonstrado que o Prefeito, o Deputado e 
os donos da empresa vencedora estavam em conluio para a prática dessa conduta. Desse modo, todos eles irão 
responder pelo delito do art. 1º, I, do DL 201/67. STF. 2ª Turma. Inq 3634/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado 
em 2/6/2015 (Info 788). 
 
O art. 1º, XIV, do DL 201/67 prevê que o Prefeito pratica crime quando nega execução a lei federal, estadual ou 
municipal, ou deixa de cumprir ordem judicial, sem dar o motivo da recusa ou da impossibilidade, por escrito, à 
autoridade competente. Vale ressaltar, no entanto, que, segundo entende o STF, para a configuração do delito 
em tela é indispensável que o MP comprove a inequívoca ciência do Prefeito a respeito da ordem judicial. Ex: 
em Joinville (SC), o juiz expediu ordem judicial determinando que o Município se abstivesse de praticar 
determinado ato administrativo. A ordem judicial foi endereçada à Procuradoria do Município. Mesmo após a 
intimação ser efetivada, o ato administrativo questionado foi praticado. Diante disso, o Ministério Público 
ofereceu denúncia contra o Prefeito, imputando-lhe a prática do crime previsto no art. 1º, XIV, do DL 201/67. O 
STF absolveu o réu.Segundo entenderam os Ministros, não foram produzidas provas de que o réu tenha tido 
conhecimento da ordem judicial ou que tenha concorrido para seu descumprimento. Para configuração do 
delito em tela, é indispensável que o MP comprove a inequívoca ciência do Prefeito a respeito da ordem judicial, 
não sendo suficiente que a determinação judicial tenha sido comunicada a terceiros. Para que o Prefeito 
25 
pudesse ser responsabilizado criminalmente, seria indispensável a sua intimação pessoal. STF. 1ª Turma. AP 
555/SC, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 6/10/2015 (Info 802). 
 
#MUDANÇA DE ENTENDIMENTO #IMPORTANTE #STF: No que tange ao à responsabilidade penal do 
GOVERNADOR, vale destacar o seguinte julgado: 
 
Não há necessidade de prévia autorização da Assembleia Legislativa para que o STJ receba denúncia ou queixa e 
instaure ação penal contra Governador de Estado, por crime comum. Em outras palavras, não há necessidade de 
prévia autorização da ALE para que o Governador do Estado seja processado por crime comum. Se a 
Constituição Estadual exigir autorização da ALE para que o Governador seja processado criminalmente, essa 
previsão é considerada inconstitucional. Assim, é vedado às unidades federativas instituir normas que 
condicionem a instauração de ação penal contra Governador por crime comum à previa autorização da Casa 
Legislativa. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará automaticamente 
suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO. O afastamento do cargo não se dá de forma 
automática. O STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá decidir, de forma fundamentada, se há 
necessidade de o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. Vale ressaltar que, além do afastamento 
do cargo, o STJ poderá aplicar qualquer uma das medidas cautelares penais (exs: prisão preventiva, proibição de 
ausentar-se da comarca, fiança, monitoração eletrônica etc.). STF. Plenário. ADI 5540/MG, Rel. Min. Edson 
Fachin, julgado em 3/5/2017 (Info 863). STF. Plenário. ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI, Rel. Min. Celso 
de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgados em 4/5/2017 (Info 863). 
 
#SELIGA #IMPORTANTE: O STF invocou cinco argumentos principais: a) Ausência de previsão expressa e 
inexistência de simetria; b) Princípio republicano (art. 1º); c) Princípio da separação dos poderes (art. 2º) d) 
Competência privativa da União (art. 22, I); e e) Princípio da igualdade (art. 5º). 
 
Considerando a mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal, faz-se necessário analisar 
cada um dos principais argumentos que foram abordados. 
 
A) Ausência de previsão expressa e inexistência de simetria: A CF/88 não prevê a necessidade de 
autorização prévia da Assembleia Legislativa para o processamento e julgamento de Governador por 
crimes comuns perante o STJ. Dessa forma, não existe fundamento normativo-constitucional 
expresso que faculte aos Estados-membros fazerem essa exigência em suas Constituições estaduais. 
Vale ressaltar também que a regra da CF/88 (art. 86) que exige autorização da Câmara dos 
Deputados para que o Presidente da República seja processado criminalmente não pode ser 
utilizada pelos Estados sob o argumento da simetria. Para o STF, não há, neste caso, simetria a ser 
observada pelos Estados-membros. A exigência de prévia autorização foi expressamente prevista 
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apenas para Presidente da República, Vice-presidente e Ministros de Estado. Essa é uma 
decorrência das características e competências que moldam e constituem o cargo de Presidente da 
República, mas que não aplicam no caso de Governador. Sendo essa previsão uma 
excepcionalidade, não pode ser transladada como se fosse regra ou como se estivesse cumprindo a 
suposta exigência de simetria para Governador; 
 
B) Princípio republicano: A exigência de autorização prévia da Assembleia Legislativa ocasiona o 
congelamento de qualquer tentativa de apuração judicial de eventuais crimes praticados por 
Governadores. Dessa forma, essa previsão afronta a responsabilidade exigida dos gestores públicos, 
o que viola o princípio republicano do Estado; 
 
C) Separação dos Poderes: A exigência viola, ainda, a separação dos Poderes, pois estabelece uma 
condição não prevista pela CF/88 para o exercício da jurisdição pelo Poder Judiciário. Assim, o STJ 
fica impedido de exercer suas competências e funções até que haja autorização prévia do Poder 
Legislativo estadual. Esse tipo de restrição é sempre excepcional e deve estar expresso na CF/88. 
 
D) Competência privativa da União: Ao prever a necessidade de autorização prévia da Assembleia 
Legislativa como condição para que o STJ receba a denúncia ou queixa, o Estado-membro acaba 
legislando sobre direito processual penal, matéria que é de competência privativa da União, nos 
termos do art. 22, I, da CF/88. Desse modo, essa regra da prévia autorização viola a competência 
privativa da União. 
 
E) Princípio da igualdade: Por fim, a previsão da autorização prévia afronta o princípio da igualdade 
(art. 5º). Estabelecer essa condição de procedibilidade faz com que o Governador seja alçado à 
condição de superior em relação às outras pessoas apenas por ocupar este cargo. Vale ressaltar, 
ainda, que a EC 35/2001 alterou a redação do art. 53, § 1º, da CF/88 e aboliu a exigência de 
autorização prévia das casas legislativas para o processamento e julgamento de Deputados Federais, 
Senadores e Deputados Estaduais. O mesmo entendimento de valorização da igualdade e 
“accountability” dos representantes do povo deve ser aplicado aos Governadores, sem as exigências 
prévias que consubstanciam privilégios e restrições não autorizados pela CF/88. 
 
O STF sempre entendeu assim? NÃO. Houve uma mudança na jurisprudência. O STF entendia válida a 
norma prevista em Constituição estadual que exigia autorização prévia da Assembleia Legislativa. Nesse sentido: 
STF. Plenário. ADI 4791/PR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 12/2/2015 (Info 774). O Min. Edson Fachin 
afirmou que era necessário superar o antigo entendimento do STF “diante dos reiterados e vergonhosos casos 
de negligência deliberados pelas assembleias legislativas estaduais que têm sistematicamente se negado a 
deferir o processamento de governadores”. A orientação anterior, que privilegiava a autonomia dos Estados-
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membros e o princípio federativo, entrou em linha de tensão com o princípio republicano, que prevê a 
responsabilização política dos governantes. Verificou-se que, ao longo do tempo, as Assembleias Legislativas 
bloquearam a possiblidade de instauração de processos contra os Governadores. 
 
#OLHAOGANCHO: Houve, portanto, na presente situação, uma mutação constitucional. Há três situações que 
legitimam a mutação constitucional e a superação de jurisprudência consolidada: 
 
a) mudança na percepção do direito; 
 
b) modificações na realidade fática; e 
 
c) consequência prática negativa de determinada linha de entendimento. 
 
Para o STF, as três hipóteses estão presentes no caso concreto. 
 
O art. 86, § 1º, I, da CF/88 prevê que se o STF receber a denúncia ou queixa-crime contra o Presidente 
da República, ele ficará automaticamente suspenso de suas funções. Essa regra também se aplica para os 
Governadores de Estado. Se o STJ receber a denúncia ou queixa-crime contra o Governador, ele ficará 
automaticamente suspenso de suas funções no Poder Executivo estadual? NÃO. O afastamento do cargo não se 
dá de forma automática. O simples recebimento de uma denúncia é um ato de baixa densidade decisória e não 
pode importar em afastamento automático do Governador. Esse afastamento somente pode ocorrer se o STJ 
entender que há elementos a justificá-lo. O Governador pode ser afastado, mas não como decorrência 
automática do recebimento da denúncia. Assim, o STJ, no ato de recebimento da denúncia ou queixa, irá 
decidir, de forma fundamentada, se há necessidadede o Governador do Estado ser ou não afastado do cargo. 
Vale ressaltar que, além do afastamento do cargo (art. 319, VI, do CPP), o STJ poderá aplicar qualquer uma das 
medidas cautelares penais. Exs: prisão preventiva (art. 311 do CPP), proibição de ausentar-se da comarca (art. 
319, IV), fiança (art. 319, VIII), monitoração eletrônica (art. 319, IX) etc. Essas medidas cautelares poderão ser 
decretadas no momento do recebimento da denúncia/queixa ou durante o curso do processo e precisam ser 
sempre fundamentadas. 
 
#CUIDADO #ATENÇÃO 
E quanto aos crimes de responsabilidade? O STF entende que o Estado-membro não pode dispor sobre crime 
de responsabilidade, ainda que seja na Constituição estadual. Isso porque a competência para legislar sobre 
crime de responsabilidade é privativa da União. Definir o que é crime de responsabilidade e prever as regras de 
processo e julgamento dessas infrações significa legislar sobre Direito Penal e Processual Penal, matérias que 
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são de competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, e art. 85, parágrafo único, da CF. O Supremo 
possui, inclusive, um enunciado destacando essa conclusão. 
 
#SELIGANASÚMULA: Súmula vinculante 46-STF: São da competência legislativa da União a definição dos crimes 
de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. 
 
*#OUSESABER: Segundo o STF, o chefe do Poder Executivo é quem detêm a competência privativa de iniciativa 
de lei sobre nepotismo da Administração Pública. Certo ou errado? Nos termos do entendimento da nossa 
Suprema Corte, NÃO é privativa do chefe do Poder Executivo a competência para a iniciativa legislativa de lei 
sobre nepotismo na Administração Pública, vejamos o RE 570392: 2. Não é privativa do Chefe do Poder 
Executivo a competência para a iniciativa legislativa de lei sobre nepotismo na Administração Pública: leis com 
esse conteúdo normativo dão concretude aos princípios da moralidade e da impessoalidade do art. 37, caput, 
da Constituição da República, que, ademais, têm aplicabilidade imediata, ou seja, independente de lei. 
Precedentes. Súmula Vinculante n. 13. Ainda sobre o tema, vale citar o discurso da Prof. Fernanda Marinela: Em 
nova análise sobre o tema, a Suprema Corte reconhece a legitimidade ativa partilhada entre o Poder Legislativo 
e o Chefe do Executivo na propositura de leis que tratam de nepotismo, afastando assim a reserva de iniciativa 
legislativa do Chefe do Poder Executivo para o tema. Reafirma que não se exige lei formal para que os princípios 
do art. 37, caput, sejam observados e admite que não há “vício de iniciativa legislativa em norma editada no 
intuito de dar evidência à força normativa daqueles princípios e estabelecer os casos em que, 
inquestionavelmente, configuram comportamentos imorais ou não isonômicos” (Direito Administrativo, 11 ed., 
pág. 80) Vale ser ressaltado que não há necessidade de lei formal para a vedação ao nepotismo, considerando 
que tal proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF/88 (RE 579.951/RN) Desta 
forma, vê-se que o item está errado. 
 
7 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO 
 
DIPLOMA DISPOSITIVOS 
Constituição Federal Art. 76 a 91 
Lei nº 1.079/50; Integralmente 
Decreto-Lei n º 201/67 Integralmente 
 
8 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA 
 
- Direito constitucional esquematizado® - Pedro Lenza. – 19. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 
2015); 
- Anotações de aula; 
- Informativos do site Dizer o Direito.

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