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12 SÚMULA VINCULANTE E RECLAMAÇÃO

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Prévia do material em texto

DIREITO CONSTITUCIONAL 
SÚMULA VINCULANTE E RECLAMAÇÃO 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
 
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................................................... 3 
2 NATUREZA ............................................................................................................................................ 4 
3 OBJETO (“OBJETIVO” – NA LINGUAGEM DA CF) ...................................................................................... 4 
4 REQUISITOS PARA EDIÇÃO ..................................................................................................................... 5 
5 EFEITOS ................................................................................................................................................. 6 
6 RECLAMAÇÃO ....................................................................................................................................... 7 
6.1 NATUREZA ..................................................................................................................................... 8 
6.2 OBJETO .......................................................................................................................................... 8 
6.3 LEGITIMIDADE ATIVA .................................................................................................................... 11 
6.4 RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL ................................................................................................... 12 
6.4.1 O procedimento da reclamação constitucional ....................................................................... 18 
6.4.2 Sujeitos ................................................................................................................................. 20 
6.4.3 Objeto ................................................................................................................................... 21 
6.4.4 Pressupostos ......................................................................................................................... 21 
6.4.5 Competência ......................................................................................................................... 21 
6.4.6 Hipóteses de cabimento ......................................................................................................... 22 
6.4.7 Hipóteses que não se admite reclamação: #NCPC #NOVIDADE ................................................ 24 
6.4.8 Estrutura procedimental ........................................................................................................ 25 
6.4.9 Recursos e outros meios de impugnação na Reclamação ........................................................ 26 
7 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO ......................................................................................... 29 
8 BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ............................................................................. Erro! Indicador não definido. 
 
 
3 
ATUALIZADO EM 15/06/20191 
SÚMULA VINCULANTE – ART. 103-A 
 
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços 
dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua 
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua 
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) (Vide Lei nº 11.417, de 2006). 
 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das 
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete 
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
 
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula 
poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.(Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, 
caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou 
cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, 
conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
 
Dois fatores motivaram a criação das súmulas vinculantes, um fator jurídico (insegurança jurídica das 
decisões) e um fator econômico (custo dos processos que inevitavelmente seriam reformados). Ele foi inspirado 
no direito americano, onde há o “Binding effect”. Nos EUA só há o controle difuso, mas ele vincula, em razão do 
sistema de stare decisis (precedentes). 
 
 
1
 As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de 
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, 
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do 
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas 
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos 
eventos anteriormente citados. 
4 
No Brasil não havia esse efeito vinculante, por isso foi criada a previsão do Senado suspender a 
execução da lei considerada inconstitucional em controle difuso, mas que não funcionou como era para ser. 
 
Por isso foi criada a súmula vinculante, garantindo a vinculação de posicionamentos consolidados no 
STF. 
 
2 NATUREZA 
 
Não há consenso: 
 
Natureza legislativa – Lênio – permite a produção de normas gerais e abstratas; 
 
Jurisdicional – Jorge Miranda – necessita de provocação (ele se refere aos assentos. No Brasil a 
súmula vinculante pode ser produzida de ofício), exige o julgamento de diversos casos anteriores; 
 
Tertium Genius (terceiro gênero) – Mauro Cappelletti – estaria entre o abstrato dos atos 
normativos e o concreto do atos jurisdicionais. 
 
#OBS: alguns Ministros em seus votos costumam dizer que ela tem uma natureza constitucional específica. Um 
instituto próprio, específico. 
 
3 OBJETO (“OBJETIVO” – NA LINGUAGEM DA CF) 
 
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das 
quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete 
grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 
 
O objeto é validade, interpretação e eficácia das normas. 
 
Objetivo: 
 
Controvérsia 
 
A controvérsia não pode ser doutrinária. Ela tem que envolver órgãos do Judiciário ou Judiciário e 
Administração Pública. 
5 
 
Grave insegurança jurídica e multiplicação de processos. 
 
Não precisa haver a multiplicação. Basta haver a potencialidade. 
 
4 REQUISITOS PARA EDIÇÃO 
 
A) Reiteradas decisões sobre matéria constitucional. 
 
Tem que haver uma uniformidade de decisões. Essa reiteração não pode ser conflitante. 
 
Esse requisito nem sempre vem sendo observado pelo STF. Ex. Súmulas 11 (algemas) e 18 (dissolução de 
sociedade conjugal não afasta a incompatibilidade eleitoral). 
 
Essa matéria constitucional não é em sentido estrito e sim amplo, ou seja, qualquer assunto 
contemplado notexto constitucional. 
 
B) Iniciativa 
 
De ofício. 
 
Provocação: legitimados (art. 3º da Lei nº 11.417) – são os mesmos da ADI/ADC/ADPF + Defensor 
Público Geral da União + Tribunais + Municípios. 
 
#OBS: Os Municípios só podem provocar o STF incidentalmente no curso de processos que sejam parte. 
 
#OBS: Essa legitimidade é para editar, revisar ou cancelar súmula. 
 
Por esse instrumento próprio não cabe ADPF de súmula vinculante, já que a ADPF tem caráter 
subsidiário. 
 
#OBS: a simples provocação não suspende processos. E mesmo com a criação de súmula não cabe reclamação 
de decisões anteriores a sua edição. 
 
6 
Nos termos do art. 3º, §2º, da Lei nº 11.417/2006, no procedimento de edição, revisão ou cancelamento 
de enunciado da súmula vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de 
terceiros (amicus curiae) na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
 
C) Quórum – 2/3 = 8 Ministros 
 
Há possibilidade de conferir o caráter vinculante a súmulas já existentes, desde que obedecido o 
quórum. 
 
D) Publicação 
 
#OUSESABER 
Quais requisitos são necessários para que haja revisão ou cancelamento de súmula vinculante? Segundo o 
próprio STF, para que haja revisão ou cancelamento de súmula vinculante é necessário: 1 – Evidente superação 
da jurisprudência do próprio STF na análise do tema; ou2 – Alteração legislativa sobre o tema; ou 3 – 
Modificação substancial no contexto político, social ou econômico. Por fim, destaca-se que eventual divergência 
ou mero descontentamento sobre o conteúdo de súmula vinculante não dá ensejo ao seu pedido de revisão ou 
cancelamento. (Planério do STF. PSV 13/DF, em 24/09/15). 
 
5 EFEITOS 
 
A) Vinculante 
 
Só atinge poderes públicos: 
 
Poder Judiciário, salvo STF (pode revisar ou cancelar a súmula); 
 
#OBS: os órgãos fracionários do STF não podem decidir de forma diversa. 
 
Administração Pública de todas as esferas (direta e indireta); 
 
#OBS: Poder Legislativo não fica vinculado, pois pode legislar de forma diferente. Ele pode por essa via 
legislativa provocar o STF para rever a tese, já que terá que se pronunciar sobre a constitucionalidade da lei, se 
provocado. É um legitimado indireto para revisão ou cancelamento da súmula. 
 
B) Ex nunc 
7 
 
Essa é a regra, mas pode haver, como ocorre no controle concentrado e difuso, a modulação dos 
efeitos. Art. 4º da Lei nº 11.417/06. 
 
De acordo com a Corte, a regra a ser aplicada é a do Art. 103-A, caput, que estabelece que a súmula 
vinculante aprovada, ou a que venha a ser modificada ou cancelada, terá efeito vinculante a partir de sua 
publicação na Imprensa Oficial. 
 
Isso significa que, se determinado Tribunal de segundo grau estiver analisando um recurso, ou o juízo 
monocrático decidindo determinada questão em relação a fato praticado em momento anterior à edição da 
súmula vinculante, deverá, necessariamente, aplicar o entendimento firmado na referida súmula, mesmo que se 
trate de matéria penal e de interpretação menos benéfica. 
 
Quórum para modulação – 2/3. 
 
A modulação pode ser temporal ou ao campo de abrangência. 
 
#OBS: O STF reconheceu um efeito impeditivo de recursos inerente às súmulas vinculantes, de modo a permitir 
que os Tribunais neguem admissibilidade a RE e Agravos de Instrumento que tratem de temas previstos nas 
súmulas. 
 
#OBS: Havendo a inobservância de uma súmula do STF, o instrumento a ser utilizado é a reclamação. 
 
6 RECLAMAÇÃO 
 
A reclamação é fruto de construção jurisprudencial, com base na Teoria dos Poderes Implícitos. Com a 
CF/88 ela passou a ser prevista, tanto para o STF (Art. 102, I, “l”) quanto para o STJ (Art. 105, I, “f”). 
 
É uma ação de competência originária dos tribunais. Na Constituição Federal, está prevista na 
competência do STF e do STJ. Na legislação infraconstitucional, possui previsão para ser interposta junto ao TST, 
TSE e STM. 
 
Até o ano de 2003, o Supremo entendia que não cabia reclamação perante os Tribunais de Justiça, sob o 
fundamento de que não havia lei disciplinando o assunto. Este posicionamento foi revisto para admiti-la, desde 
que exista previsão na Constituição Estadual (em homenagem, portanto, ao princípio da simetria). 
 
8 
Regulamentação: Lei n.º 8.038, com procedimento semelhante ao do rito do mandado de segurança. 
Cabe liminar; a prova deve ser pré-constituída e o Ministério Público intervém obrigatoriamente. 
 
Em 2003, houve também alteração do regimento interno do STF, de modo a permitir que um relator 
julgue monocraticamente a reclamação, se fundada em súmula ou jurisprudência dominante do STF. 
 
Importante atentar que, com o advento das alterações promovidas pela EC n.º 45/2004, mais 
especificamente no §3º, do art. 103-A (que trata da súmula vinculante), o texto constitucional passou a prever 
uma hipótese de reclamação em face de ato administrativo (§ 3º, art. 103-A). Do ato administrativo ou decisão 
judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo. 
 
6.1 NATUREZA 
 
Trata-se de uma ação propriamente dita (amplamente majoritário). É o entendimento proposto por 
Ponte de Miranda. Há uma lide entre partes, uma querendo preservar a competência e autoridade do STF e a 
outra violando. 
 
A reclamação constitucional se constitui em ação autônoma de impugnação, dando origem a processo 
novo com objetivo de impugnar determinada decisão judicial. 
 
#OBS: Alguns sustentavam que seria uma medida administrativa, semelhante à correição parcial. Esse 
entendimento está superado. Prevalece a orientação de que se trata de ume medida de natureza jurisdicional, 
já que ela pode alterar decisões e por produzir coisa julgada. 
 
6.2 OBJETO 
 
Tem dupla função de ordem política jurídica. 
 
A) Preservar a competência. 
 
Exemplos: Geralmente envolvem conflitos federativos entre Estado e União. Questionamentos sobre 
denúncias de autoridades com prerrogativa de foro. ACP (pode analisa a inconstitucionalidade desde que 
incidentalmente) como sucedâneo de ação direta de inconstitucionalidade. 
 
9 
B) Garantir a autoridade da decisão. 
 
Súmula 734 STF – não cabe reclamação quando já transitado em julgado o ato judicial. 
 
Súmula 368 STF – não cabe embargos infringentes na reclamação. 
 
#OBS: Se a decisão é vinculante para o Poder Judiciário, quando o juiz de primeiro grau dá uma decisão 
contrária àquilo que foi decidido no RE em que é reconhecida a repercussão geral, cabe reclamação? STF disse 
que não, pois acabaria inviabilizando o trabalho do Tribunal. A reclamação acabaria substituindo as vias 
recursais. Iria de encontro à finalidade da criação da Repercussão Geral. Por isso, não cabe reclamação per 
saltum no caso de decisões que contrariem o entendimento adotado pelo STF em sede de repercussão geral. 
Quem deve corrigir essa decisão é o Tribunal de segundo grau. Se o Tribunal não analisar aí sim caberá 
reclamação para o STF. 
 
#OLHAOGANCHO #IMPORTANTE #PROCURADORIAS #AGU 
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é constitucional. Várias 
decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art. 71, § 1º. Contra essas 
decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF, que era obrigado a recebê-las, 
considerando que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o que o STF deliberou em sede de ADI, 
ADC ou ADPF, cabe reclamação. Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 
8.666/93 é constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à sistemática 
da repercussão geral. O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da tese fixada na 
ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo o tema, deverá fazê-lo 
alegando violaçãoao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16). Qual a desvantagem disso para o Poder Público: 
 
• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF: cabe reclamação mesmo que a 
decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige o esgotamento de instâncias. 
 
• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob a sistemática da 
repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do 
CPC/2015). 
 
Conclusão: Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação 
discutindo esse tema. É inviável reclamação com fundamento em afronta ao julgado da ADC 16. STF. 1ª Turma. 
Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/10/2017 (Info 882). STF. 1ª Turma. Rcl 28623 
AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12/12/2017 (Info 888). 
10 
Administração – esgotamento da via administrativa. 
 
Em se tratando da omissão ou ato da Administração Pública, o uso da reclamação sé será admitido após 
esgotamento das vias administrativas. 
 
Cumpre mencionar a possibilidade de reclamação em sede de decisão proferida em controle difuso, por 
outros sujeitos que não sejam partes no processo onde ocorreu a declaração de constitucionalidade ou 
inconstitucionalidade. Diante do fenômeno da abstrativização do controle difuso, o STF vem em alguns casos 
concedendo efeito erga omnes a estas decisões, de forma que os fundamentos da decisão passam a ter força 
transcendente aos fundamentos determinantes (HC 829959 – crimes hediondos e progressão de regime - e RE 
197.917/SP, em que o STF deu interpretação definitiva à cláusula de proporcionalidade inscrita no inciso IV do 
art. 29 da CF, que cuida do número de vereadores em cada município). 
 
Em tais casos, quando a decisão tiver tal efeito conferido pelo Pleno, será cabível o manejo da ação 
constitucional reclamatória, com o propósito de preservar a competência do STF como guardião da 
constituição. Verificamos esse entendimento na Reclamação 4335/AC, que enfrentou a transcendência dos 
motivos determinantes no HC 82.959 (possibilidade de progressão de regime nos crimes hediondos). Gilmar 
Mendes julgou procedente a Reclamação para cassar as decisões impugnadas, evidenciando que a decisão 
proferida no habeas corpus havia sido de eficácia geral. 
 
#MUDANÇADEENTENDIMENTO #STF #AJUDAMARCINHO2: 
Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, essa decisão, assim como 
acontece no controle abstrato, também produz eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. 
Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo, ainda que em controle incidental, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, 
ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. 
Houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF 
declara uma lei inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga 
omnes e o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade 
daquilo que foi decidido. 
STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 29/11/2017 (Info 886). 
 
Em suma, qual é a eficácia da decisão do STF que declara, incidentalmente, a inconstitucionalidade de 
uma lei? 
 
 
2
 Informações retiradas do site Dizer o Direito. 
11 
CONCEPÇÃO TRADICIONAL CONCEPÇÃO MODERNA (ATUAL) 
Eficácia inter partes. Eficácia erga omnes. 
Efeitos não vinculantes. Efeitos vinculantes. 
 
Pode-se dizer que o STF passou a adotar a teoria da abstrativização do controle difuso? 
 
Em minha opinião pessoal, sim. Isso por conta das menções feitas ao art. 52, X, da CF/88 e ao art. 535, § 
5º do CPC. Vale ressaltar, no entanto, que o STF não utilizou esta nomenclatura, razão pela qual se deve evitar 
afirmar isso expressamente nas provas. 
 
Em uma explicação bem simples, a teoria da abstrativização do controle difuso preconiza que, se o 
Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo, ainda que 
em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do controle concentrado, ou seja, eficácia erga 
omnes e vinculante. 
 
Para essa corrente, o art. 52, X, da CF/88 sofreu uma mutação constitucional e, portanto, deve ser 
reinterpretado. Dessa forma, o papel do Senado, atualmente, é apenas o de dar publicidade à decisão do STF. 
Em outras palavras, a decisão do STF, mesmo em controle difuso, já é dotada de efeitos erga omnes e o Senado 
apenas confere publicidade a isso. 
 
Pode-se dizer que o STF passou a adotar a teoria da transcendência dos motivos determinantes? 
 
NÃO. Segundo a teoria da transcendência dos motivos determinantes, além do dispositivo, os motivos 
determinantes (ratio decidendi) da decisão também seriam vinculantes. 
 
Com a decisão acima explicada, o STF chega mais próximo à teoria da transcendência dos motivos 
determinantes, mas não se pode afirmar categoricamente que esta passou a ser adotada pelo Tribunal. Penso 
que não seja uma posição segura para se adotar em provas, considerando que não houve afirmação expressa 
nesse sentido. 
 
6.3 LEGITIMIDADE ATIVA 
 
Qualquer pessoa atingida pelo ato contrário à orientação fixada pelo STF. 
 
12 
6.4 RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
Não pode ser confundida com a reclamação-correição parcial. 
 
Na vigência do CPC/73, a reclamação só era admitida perante o STF e o STJ, por determinação direta da 
Constituição (arts. 102, I, l, e 105, I, f); perante o TSE, em virtude de construção baseada no poder normativo 
daquela corte, previsto em lei complementar autorizada pela Carta Magna (art. 121 da Lei n.° 4737, de 15 de 
julho de 1965 – Código Eleitoral); e perante o STM, porque constante da lei reguladora da competência desse 
tribunal (Lei 8.457, de 4 de setembro de 1992, - Lei Orgânica da Justiça Militar), igualmente prevista no Texto 
Maior. 
 
Ocorre que, o NCPC regulamentou essa matéria, aumentando as hipóteses de cabimento, bem como 
estendendo a competência para todo e qualquer Tribunal (seja ele superior ou de segundo grau), revogando, 
por fim, os arts. 13 a 18, 26 a 29 e 38 da Lei no 8.038, de 28 de maio de 1990 (art. 1.072, IV, NCPC). 
 
Nesse sentido, vejamos as hipóteses de cabimento trazidas no NCPC: 
 
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: 
I - preservar a competência do tribunal; 
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; 
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em 
controle concentrado de constitucionalidade (incluindo os precedentes obrigatórios); 
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de incidente de assunção de competência; 
§ 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal (e não apenas STF/STJ/TJ), e seu julgamento 
compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda garantir. 
§ 2o A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do tribunal. 
RECLAMAÇÃO É UMA AÇÃO COM PROVA PRECONSTITUÍDA (semelhante ao MS). 
§ 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo principal, sempre que 
possível. REGRA DE PREVENÇÃO. 
§ 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese jurídica (distinção) e sua não 
aplicação aos casos que a ela correspondam (casos de omissão). 
 
Em patamar regimental, acha-se no RISTF, em seus arts. 156 a 162; no RISTJ, em seus arts. 187 a 192; no 
RITSE, em seu art. 15, parágrafo único, V, com a redação que lhe deu a Resolução TSE 19.305 (DJde 31.5.95); e 
no RISTM, em seus arts. 105 a 107. 
13 
 
Não se pode admitir, em nosso sistema jurídico, a criação de providências desse caráter por simples 
norma regimental, como ocorre em muitos tribunais, se a lei reguladora de sua competência, prevista na 
Constituição, não a instituiu. Isso vale especialmente para Cortes Estaduais (ainda que haja menção na 
constituição do Estado respectivo à medida), dada a exclusividade da competência da União para legislar sobre 
Direito Processual. Essa foi sempre a linha da jurisprudência do Supremo, reiterada agora, após a Carta de 1988. 
 
Diante da desobediência a decisão promanada de tribunal (ou mesmo órgão judicial de primeiro grau) 
que não detenha a reclamação, o prejudicado, por mera petição nos autos, denuncia o problema e pede as 
providências cabíveis. 
 
Definir a natureza jurídica da reclamação é questão controvertida. Orozimbo NONATO, tinha-a na conta 
de remédio incomum; Moniz de ARAGÃO entendia que ela era simples incidente processual. Definiu-a 
vagamente como medida de Direito Processual Constitucional José Frederico MARQUES. O mesmo autor, 
porém, teve oportunidade de defini-la como recurso. Entendeu-a como medida processual de caráter 
excepcional o saudoso Min. Djaci FALCÃO, que também a teve por ação de segurança ou recurso anômalo. 
Assim outros – como Amaral SANTOS e Alcides de Mendonça LIMA – a imaginaram como recurso ou sucedâneo 
recursal. José de Aguiar DIAS, simplesmente tratou-a por remédio. Há até quem não diga o que ela é, mas 
apenas o que não é, como Ovídio Batista da SILVA, que sustenta não ser recurso a reclamação constitucional, 
mas sem dizer, então, qual a sua natureza. 
 
Necessário frisar que a responsabilidade pela dicção de muitas dessas opiniões decorre da época e da 
conjuntura em que foram proferidas, dadas as variações jurídico-normativas que balizaram, ao longo do tempo, 
o instituto. Isso para não falar das circunstâncias sociais, políticas e econômicas que variaram bastante em cada 
uma dessas fases. 
 
Só em épocas mais recentes, especialmente depois do advento da vigente Constituição, pôde-se 
verificar na jurisprudência – com exceções pontuais – uma tendência em admitir a reclamação como meio 
processual contencioso: recurso ou ação, esta derradeira hipótese fortalecendo-se nos últimos anos. 
 
Diversamente do que já se sustentou, não parece possível admitir seja a reclamação simples medida 
administrativa. Explica-se: 
 
 Não tem natureza correicional; 
 
14 
 A constituição previu a medida como de competência originária de tribunais superiores e tal 
previsão seria desnecessária se tivesse natureza administrativa, eis que qualquer tribuna tem 
competência para organizar sua própria administração via regimentos internos; 
 
 Se fosse medida administrativa, poderia ser tomada ex officio, eis que administrar é aplicar a lei de 
ofício; 
 
 Não atinge somente órgãos do Judiciário; 
 
 A decisão em reclamação produz coisa julgada, e que somente é desconstituível por ação rescisória 
— por conseguinte, trata-se de decisão cognitiva de mérito —, o que não se daria fosse o resultado 
de mera providência administrativa, hipótese em que seria anulável como os atos jurídicos em 
geral; 
 
 Aceita-se o emprego, contra as decisões proferidas em reclamação, de recursos processuais, como 
o agravo e os embargos de declaração, e não de recursos administrativos; 
 
 É possível a concessão de liminares cautelares em reclamações, o que seria sumamente esquisito, 
se entendida a reclamação como procedimento administrativo, porquanto, ao menos em termos 
de Direito Positivo, afigura-se estar acima de dúvida que a tutela cautelar é jurisdicional; 
 
 Exige-se, para a propositura de reclamação, capacidade postulatória, isto é, representação técnica 
da parte por advogado devidamente constituído nos autos, requisito que não se faz necessário nos 
requerimentos administrativos. 
 
Também não é procedimento de jurisdição voluntária, eis que nele há lide, não se trata de 
administração de negócios privados. Enfim, não se subsume às características da jurisdição voluntária. 
 
Então, esclarecido que o processo da reclamação não é, de modo algum, processo de jurisdição 
voluntária, nem mero procedimento – ainda que, em certos casos, possa ter alguma coloração objetiva – a 
conclusão é que ele integra a jurisdição contenciosa. Assim, sendo providência, ou, como querem alguns, 
remédio processual jurisdicional contencioso, só pode ser recurso, incidente processual ou ação. 
 
Essas são as hipóteses que, nos anos mais recentes, têm atraído mais fortemente as opiniões 
doutrinárias e jurisprudenciais. O Supremo Tribunal – conclui-se da ponderada reflexão sobre sua jurisprudência 
– não se tem definido de modo muito preciso a respeito, ainda que, nos últimos tempos penda, cada vez mais, 
para a última possibilidade. O STJ, este mais francamente, assim tem-se mostrado em seus acórdãos. 
15 
 
Apesar de doutas opiniões nesse sentido, a reclamação não parece ser um recurso. E várias são as 
razões. Inicialmente, fazendo uso do critério topográfico, vê-se que o texto da Constituição é claro em pô-la na 
competência originária desses tribunais. E os tribunais, em sua competência originária, fora da ordem 
administrativa, apenas julgam ações e incidentes processuais. Não recursos. 
 
Mas também é preciso ver que o recurso pressupõe alguns requisitos, o primeiro dos quais o interesse 
de recorrer, corporificado na sucumbência. Recorre quem perdeu. Justamente ao contrário, reclama quem 
ganhou – e vê que a decisão que o beneficiava não está sendo cumprida. Ou quem não ganhou mas também 
não perdeu, apenas vê que a causa, que deveria estar sendo processada no Supremo ou num dos tribunais 
superiores a que a reclamação é deferida, o está sendo diante de outro juízo ou tribunal. 
 
O recurso, por isso mesmo, só pode haver se há decisão da qual se recorra. Na reclamação, isso não 
acontece necessariamente. Quando a questão é preservar a competência indevidamente avançada por outro 
órgão jurisdicional, não é necessário, de modo algum, que o invasor profira uma decisão, para que se possa dela 
reclamar. 
 
A reclamação, por outra parte, pode ser até contra um ato administrativo, oriundo de fora do Judiciário. 
Como, então, imaginá-la um recurso? 
 
Finalmente, não se conhece recurso despido de prazo para seu exercício. Já a reclamação não está 
sujeita a prazo preclusivo algum. 
 
Seria a reclamação um incidente processual? Essa é a conclusão de MONIZ DE ARAGÃO. Ele alega que a 
reclamação é incidente processual porque, não a podendo considerar medida administrativa ou recurso, e 
achando que não seria uma ação, por não visar a compor um conflito de interesses – afirmação que deixou, 
porém, sem demonstração – entendeu que se enquadraria nos lineamentos de um incidente de competência, 
destinado a preservá-la, mediante provocação do Ministério Público. 
 
O incidente processual é algo que, embora não ocorra sempre, está previsto como possivelmente 
ocorrente no curso do processo, rectius, do procedimento de uma dada ação. É um desvio na trajetória 
procedimental normal, mas esse contorno ao caminho do rito já está previsto no mapa, sua saída devidamente 
sinalizada na estrada processual, que diz o ponto ou o trecho em que é possível que ele aconteça, para que 
depois se volte ao trajeto normal. 
 
O incidente processual, pois, faz parte do processo, melhor dizendo, do procedimento de uma dada 
ação, ao menos como uma possibilidade interna a ele. É característico dos incidentes processuais que, após sua 
16 
decisão, a ação ou se extingue ou prossegue. Jamais a ação pode seguir um curso, e o incidente outro, porque 
ele é parte dela, quando ocorre. 
 
A ação incidente, não. Ela tem vida própria. Ainda que no procedimento de algumas ações possa haver a 
fixação de certos marcos a respeito da possível interposiçãode uma ação incidental, o procedimento das ações, 
incidentemente às quais é possível promover outras, não controla, por suas normas, pelo menos não 
completamente, o desenvolvimento destas. 
 
A pá de cal definitiva, contudo, à tese de tratar-se a reclamatória de um incidente processual vem 
quando se verifica que ela, assim como as cautelares, embora sempre acessória, nem sempre é incidente. Se 
estas, as cautelares, além de incidentes, podem ser preparatórias, as reclamações, além de incidentes – 
hipótese de reclamação ao STF, STJ, TSE ou STM, incidente sobre ação que esteja sendo julgada em outro juízo 
ou tribunal, embrenhando-se este indevidamente na competência de uma dessas cortes maiores – podem ser 
subsequentes ou posteriores a uma ação já decidida, até definitivamente, pelo tribunal ao qual se dirija a 
reclamação. 
 
Prevalece, portanto, o entendimento de que é a reclamação constitucional ação. O primeiro argumento 
em favor dessa tese é o de que, não sendo incidente processual, como se viu, contém-se — fora da ordem 
administrativa — na competência originária das cortes às quais a Constituição ou a lei a atribuem. 
 
O segundo está na impossibilidade de caracterizá-la como qualquer outra coisa, consoante se 
demonstrou. O terceiro reside na circunstância de que a reclamação se enquadra, perfeitamente, em todos os 
requisitos necessários a conceituá-la como ação: 
 
 Por meio dela se provoca a jurisdição – na espécie, das cortes a que a Constituição ou lei nesta 
prevista, a atribuem; 
 
 Através dela se faz um pedido de tutela jurisdicional – o de uma decisão que preserve a 
competência da corte, a qual esteja sendo usurpada por outro tribunal ou juízo inferior, ou que 
imponha o cumprimento de decisão daquela, que não esteja sendo devidamente obedecida; 
 
 Contém uma lide – o conflito entre quem deseja manter a competência da corte, de um lado, 
resistido por quem persiste em invadi-la, do outro; ou entre o que pretende seja o decisum daquela 
seja integralmente cumprido, duma banda, enfrentando a resistência, da outra, por parte do que 
teima em não obedecê-lo. 
 
Possui, então, a reclamação, os três elementos da ação: 
17 
 
 Partes – o reclamante, isto é, quem quer preservar a competência ou a autoridade da decisão da 
corte; e o reclamado, ou seja, quem está invadindo a referida esfera de competência, ou 
desobedecendo decisão promanada dela; 
 
 Pedido – a decisão que resguarde a competência da corte ou imponha o cumprimento do seu 
julgado; e 
 
 Causa de pedir — a invasão de competência ou a desobediência à decisão da corte. 
 
Sujeita-se a reclamação, também, a um juízo de admissibilidade, onde são aferidos os pressupostos 
processuais (como, por exemplo, a capacidade postulatória de quem a propõe, como visto no exame da 
jurisprudência, ou a aptidão da inicial respectiva) e as condições da ação (e. g., o interesse de agir, a 
legitimidade da parte, consoante também ficou demonstrado na análise jurisprudencial). 
 
Ultrapassada essa aferição, o tribunal examina o mérito da reclamação, tanto é assim que a decisão que 
nela profere – isso também fica claro da avaliação da jurisprudência – produz coisa julgada material, portanto só 
desconstituível por rescisória. 
 
Ressalve-se, entretanto, o posicionamento do STF, que entende que a reclamação, quanto à sua 
natureza jurídica, não se enquadra nem como um recurso, nem como uma ação e nem de um incidente 
processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no artigo 5º, inciso XXXIV da 
Constituição Federal, conforme podemos ver do precedente jurisprudencial abaixo colacionado: 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 108, INCISO VII, ALÍNEA I DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO 
DO CEARÁ E ART. 21, INCISO VI, LETRA J DO REGIMENTO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL. PREVISÃO, NO 
ÂMBITO ESTADUAL, DO INSTITUTO DA RECLAMAÇÃO. INSTITUTO DE NATUREZA PROCESSUAL 
CONSTITUCIONAL, SITUADO NO ÂMBITO DO DIREITO DE PETIÇÃO PREVISTO NO ARTIGO 5º, INCISO XXXIV, 
ALÍNEA A DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO ART. 22, INCISO I DA CARTA. 
1. A natureza jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um incidente processual. 
Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição previsto no artigo 5º, inciso XXXIV da Constituição 
Federal. Em consequência, a sua adoção pelo Estado-membro, pela via legislativa local, não implica em 
invasão da competência privativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I da CF). 
2. A reclamação constitui instrumento que, aplicado no âmbito dos Estados-membros, tem como objetivo 
evitar, no caso de ofensa à autoridade de um julgado, o caminho tortuoso e demorado dos recursos previstos 
na legislação processual, inegavelmente inconvenientes quando já tem a parte uma decisão definitiva. Visa, 
18 
também, à preservação da competência dos Tribunais de Justiça estaduais, diante de eventual usurpação por 
parte de Juízo ou outro Tribunal local. 
3. A adoção desse instrumento pelos Estados-membros, além de estar em sintonia com o princípio da simetria, 
está em consonância com o princípio da efetividade das decisões judiciais. 
4. Ação direta de inconstitucionalidade improcedente (STF, Plenário, ADIn 2.212/CE, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 
02.10.2003, DJ 14.11.2003, p. 11). 
 
6.4.1 O procedimento da reclamação constitucional 
 
É a reclamação, fundamentalmente, uma ação de conhecimento, pois a espécie de tutela que se busca 
nela é cognitiva, isto é, uma sentença (rectius, um acórdão, já que se trata de ação da competência originária de 
tribunais). 
 
Entretanto, a reclamação permite tutela cautelar (na liminar), e sua decisão (final) sai sob forma de 
ordem. Assim sendo, a reclamação seria tida, pelos adeptos da classificação quinária das ações (das sentenças), 
como ação mandamental. 
 
Navarro, contudo, adere à classificação ternária das sentenças, razão pela qual afirma, também, tratar-
se de uma ação cognitiva, porque a matéria da reclamação será submetida à cognição exauriente, tanto que a 
decisão de mérito poderá fazer coisa julgada formal e material. Entretanto, não é uma ação de cognição no 
sentido puro do termo, pois contém em seu bojo a possibilidade de concessão de uma liminar cautelar. Então, 
comporta a possibilidade de resguardar o direito sobre o qual irá se dar o pronunciamento final, isto é, possui 
um momento cautelar, ou seja, de tutela juris protetiva. 
 
Além disso, como a decisão, se pela procedência, sai sob a forma de ordem (mandado), há nela, pois, 
execução direta, e, portanto, também a tutela juris satisfativa. 
 
Como está prevista na Constituição; tem esse caráter – conceda-se, ao menos para facilitar a redação — 
mandamental; é, além de tudo, uma ação autogarantida, pois contém a possibilidade de liminar; e possui 
procedimento especialíssimo e expedito, que não abre ensejo à instrução probatória, ao contrário exige prova 
documental (portanto, pré-constituída), muitíssimo similar, por sinal, ao do mandado de segurança, contém a 
reclamação todos os requisitos dos chamados writs constitucionais, ou instrumentos constitucionais especiais. 
 
Aliás, não são infrequentes, como se pode verificar da jurisprudência, a transformação de mandados de 
segurança e habeas corpus em reclamações. Nem é estranha à doutrina a ideia de assemelhá-la a certos writs 
do direito comparado. 
19 
 
Ora. A reclamação traduz também um instrumento jurídico-processual destinado à preservação das 
liberdades públicas. Com ele, além do rito também especialíssimo, a Constituição proclama sua repulsa à 
usurpação da competência dos tribunais maiores do Poder Judiciário e insiste em que as decisões judiciais sejam 
rigorosamente cumpridas. 
 
Por tudo isso, entende-se poder inserir a reclamação dentro da chamada jurisdição constitucional, 
embora nem sempre ela se refira a um casoem que se esteja discutindo matéria constitucional, e sequer nem 
sempre se trate de providência a cargo do Supremo Tribunal Federal, já que a própria Constituição a atribui 
também ao STJ, e autoriza, como se viu, que outras leis a cometam a outros tribunais, como faz a LOJM com o 
STM e o Código Eleitoral, por construção normativa nele permitida, ao TSE. 
 
Como se depreende facilmente da leitura das normas constitucionais, legais e regimentais respectivas, a 
estrutura processual da reclamação é praticamente idêntica em todos os tribunais que têm legítima 
competência para processá-la e julgá-la. 
 
Quanto ao Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça, apesar das mínimas diferenças 
entre os respectivos regimentos internos, no que concerne à matéria, destaque-se que as disposições 
constitucionais atinentes a ambos (o art. 102, I, l, da Carta Magna, quanto ao STF, e seu art. 105, I, f, tocante ao 
STJ) são absolutamente idênticas. 
 
O NCPC regulamentou o seu procedimento, tendo trazido as seguintes disposições: 
 
#NCPC #NOVIDADE 
Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: 
I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no 
prazo de 10 (dez) dias; 
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; TUTELA 
PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. 
III - determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para 
apresentar a sua contestação. IMPOSIÇÃO DO CONTRADITÓRIO (novidade!). 
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante. 
Art. 991. Na reclamação que não houver formulado, o Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) 
dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato 
impugnado. 
 
20 
#OBS: É cabível a intervenção de amicus curiae em reclamação. STF. Plenário. Rcl 11949/RJ, Rel. Min. Cármen 
Lúcia, julgado em 15/3/2017 (Info 857). 
 
6.4.2 Sujeitos 
 
O sujeito imparcial dessa relação é o tribunal a quem seu conhecimento compete. Os sujeitos parciais 
(partes), são: (i) o reclamante, que a pleiteia (sujeito ativo); (ii) e o reclamado, contra quem ou em face de quem 
se pleiteia a reclamação (sujeito passivo). 
 
Perante o Tribunal, o reclamante será o Ministério Público ou a parte interessada. O Ministério Público, 
quando não a propuser, deverá atuar como fiscal da lei. O reclamado será a autoridade – comumente, juízo ou 
tribunal inferior àquele ao qual a reclamação é dirigida – que está, alegadamente, desobedecendo a decisão a 
respeito da qual se reclama, ou invadindo a competência da corte. 
 
Tais são os sujeitos necessários da reclamação. Todavia, o NCPC prevê a possibilidade da intervenção – 
não necessária, e, portanto, voluntária – de outro sujeito na relação processual da reclamação: é o interessado 
(qualquer), mencionado no art. 990, que poderá nela ingressar para impugnar o pedido do reclamante. 
 
Art. 990. Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante. 
 
Trata-se de modalidade específica de intervenção de terceiro, voluntária, como foi dito, e principal. O 
interveniente não ingressa no feito ad adjuvandum, mas principaliter. Torna-se, em outras palavras, parte, no 
caso, passiva, porquanto a lei só lhe permite postar-se contra o reclamante, consequentemente, ao lado do 
reclamado, assumindo, então, papel homólogo ao de litisconsorte deste, mas na condição de assistente 
litisconsorcial. 
 
Embora a legislação seja omissa, e pouco se haja encontrado na jurisprudência a respeito, é imaginável a 
possibilidade de litisconsórcio (além desse configurado pelo mecanismo da assistência litisconsorcial), seja 
passivo ou ativo. 
 
Da mesma forma, nada se enxerga que impeça, em princípio, a assistência simples na reclamação, desde 
que, evidentemente, caracterizados seus pressupostos. Outras formas de intervenção de terceiro, previstas na 
legislação processual teriam menor importância, até pela dificuldade em se configurarem suas hipóteses de 
cabimento. De todo modo, não se pode afastá-las aprioristicamente, ao menos em tese. 
 
21 
#ATENÇÃO #NCPC: Salienta-se que a reclamação, com base em precedente, não pode interposta por qualquer 
pessoa, mas somente aqueles legitimados da ADI/ADC/ADPF (STF, Rcl 4335). Contudo, a reclamação, com base 
em coisa julgada, cabe a reclamação por qualquer pessoa. 
 
6.4.3 Objeto 
 
O objeto da relação processual na reclamação é a tutela jurisdicional que nela se pede, e que 
obrigatoriamente só pode ser referente à preservação da competência ou da autoridade de julgado do tribunal 
a quem cabe a apreciação da ação reclamatória. 
 
6.4.4 Pressupostos 
 
Os pressupostos processuais da reclamação não são diversos daqueles exigidos para as relações 
processuais em geral. 
 
6.4.5 Competência 
 
A competência para processar e julgar a reclamação, diante do direito positivo atual (#NCPC), é de todo 
e qualquer Tribunal, seja ele superior, seja ele de segundo grau. 
 
Referida competência é absoluta, por derivar da Constituição, e por ter caráter funcional (hierárquico). 
Consequentemente, é imodificável e improrrogável pela vontade das partes. 
 
Para saber qual tribunal é competente para uma determinada reclamação, é bastante perquirir, se esta 
se destina a preservar competência, que corte a está tendo invadida; se visa a garantir a autoridade de uma 
decisão, que corte a proferiu. Mais nada. Não há aqui privilégios de foro, não interessa quem seja o reclamante, 
nem se atenta para a sede da autoridade que possivelmente esteja usurpando a competência ou 
desobedecendo à decisão. 
 
Art. 988. [...] § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal (e não apenas STF/STJ), e seu 
julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se pretenda 
garantir. 
 
22 
6.4.6 Hipóteses de cabimento3 
 
As disposições normativas sempre foram bastante amplas: cabe para preservar a competência e garantir 
a autoridade das decisões das cortes às quais é cometida. Tenta-se, assim, comumente e com pouco êxito, 
estabelecer parâmetros de cabimento. 
 
No tocante à reclamação para preservação de competência, parece haver consenso em que, ao menos 
para a reclamação destinada a resguardar competência, há de haver uma relação processual fluente em algum 
juízo ou tribunal, e este ou é incompetente para processá-la, sendo competente a corte a quem compete a 
reclamatória, ou, independentemente de sê-lo, praticou algum ato, omissão ou mesmo demora que fira a 
atribuição da competência desta. 
 
Já na reclamação que objetiva impor a autoridade de julgado, essa realmente pressupõe um processo 
prévio – onde o decisum que se busca garantir foi proferido. Não é necessário, contudo, haver um ato 
comissivo, caracterizador da desobediência. Esta é até mais frequentemente corporificada na omissão ou no 
retardamento. 
 
Há quem entenda que a reclamação é sempre subsidiária: só sendo cabível se não couber recurso ou 
ação própria. Se era assim no passado – e até por força da malfadada identificação com a correição parcial ou o 
uso recursal desta, quando não coubesse qualquer outro recurso –, hoje já não mais o é. 
 
No entanto, o NCPC ampliou as hipóteses de cabimento, incluindo: 
 
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: 
I - preservar a competência do tribunal; 
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; 
III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em 
controle concentrado de constitucionalidade (incluindo os precedentes obrigatórios); 
IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas 
repetitivas ou de incidente de assunção de competência; 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:3
 CAIU NA PGM-CAMPINAS-FCC/2016: Só cabe reclamação em face de decisão judicial ou ato administrativo que contrariar 
os verbetes, NÃO CONTRA LEI MUNICIPAL. 
23 
Não é cabível a propositura de reclamação preventiva. A reclamação não tem caráter preventivo, de modo que 
não serve para impedir a eventual prática de decisão judicial ou ato administrativo. O ajuizamento da 
reclamação pressupõe a existência de um ato que efetivamente já tenha usurpado a competência do Tribunal, 
violado a autoridade de alguma de suas decisões que possua efeito vinculante ou incidido em alguma das outras 
hipóteses de cabimento deste instituto. (Info 845) 
 
O art. 988, § 5º, II, do CPC/2015 prevê que é possível reclamação dirigida ao Supremo Tribunal Federal contra 
decisão judicial que tenha descumprido tese fixada pelo STF em recurso extraordinário julgado sob o rito da 
repercussão geral. O CPC exige, no entanto, que, antes de a parte apresentar a reclamação, ela tenha esgotado 
todos os recursos cabíveis nas "instâncias ordinárias". O STF afirmou que essa hipótese de cabimento prevista 
no art. 988, § 5º, II, do CPC deve ser interpretada restritivamente, sob pena de o STF assumir, pela via da 
reclamação, a competência de pelo menos três tribunais superiores (STJ, TST e TSE) para o julgamento de 
recursos contra decisões de tribunais de 2º grau de jurisdição. Assim, segundo entendeu o STF, quando o CPC 
exige que se esgotem as instâncias ordinárias, significa que a parte só poderá apresentar reclamação ao STF 
depois de ter apresentado todos os recursos cabíveis não apenas nos Tribunais de 2º grau, mas também nos 
Tribunais Superiores (STJ, TST e TSE). Se ainda tiver algum recurso pendente no STJ ou no TSE, por exemplo, não 
caberá reclamação ao STF. Em suma, nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em 
recurso extraordinário com repercussão geral, somente é cabível reclamação ao STF quando esgotados todos os 
recursos cabíveis nas instâncias antecedentes. STF. 2ª Turma. Rcl 24686 ED-AgR/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 28/10/2016 (Info 845). 
 
* O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de expressão, em razão da 
persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive por via judicial. No julgamento da ADPF 130, 
o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo 
de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. A liberdade de expressão desfruta de uma 
posição preferencial no Estado democrático brasileiro, por ser uma pré-condição para o exercício esclarecido 
dos demais direitos e liberdades. A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer hipótese, o 
que se admite apenas em situações extremas. Assim, em regra, a colisão da liberdade de expressão com os 
direitos da personalidade deve ser resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. 
Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista determinada matéria 
jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. 
Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893) 
 
#SELIGANESSEJULGADO #IMPORTANTE #PROCURADORIAS #VAICAIRNASUAPROVA 
Em 2010, no julgamento da ADC 16, o STF decidiu que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é constitucional. Várias 
decisões da Justiça do Trabalho continuaram entendendo de forma diferente do art. 71, § 1º. Contra essas 
decisões, o Poder Público ajuizava diretamente reclamações no STF, que era obrigado a recebê-las considerando 
24 
que de uma decisão, até mesmo de 1ª instância, que viola o que o STF deliberou em sede de ADI, ADC ou ADPF, 
cabe reclamação. Em 2017, o STF reafirmou o entendimento de que o art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93 é 
constitucional e deve ser aplicado. Isso foi no julgamento do RE 760931/DF, submetido à sistemática da 
repercussão geral. O STF afirmou que a sua decisão no RE 760931/DF “substituiu” a eficácia da tese fixada na 
ADC 16. Isso significa que agora o Poder Público, se quiser ajuizar reclamação discutindo o tema, deverá fazê-lo 
alegando violação ao RE 760931/DF (e não mais à ADC 16). Qual a desvantagem disso para o Poder Público: 
• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em ADI, ADC, ADPF: cabe reclamação mesmo que a 
decisão “rebelde” seja de 1ª instância. Não se exige o esgotamento de instâncias. 
• Em caso de descumprimento de decisão do STF proferida em recurso extraordinário sob a sistemática da 
repercussão geral: cabe reclamação, mas exige-se o esgotamento das instâncias ordinárias (art. 988, § 5º, II, do 
CPC/2015). 
 
Assim, agora, a Fazenda Pública terá que esgotar as instâncias ordinárias para ajuizar reclamação discutindo 
esse tema. STF. 1ª Turma. Rcl 27789 AgR/BA, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/10/2017 (Info 882) 
 
*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF #IMPORTANTE Deve ser aplicado o art. 798 do CPP (contagem dos 
prazos de forma contínua) em caso de recurso contra decisão que julgou reclamação em matéria penal. A 
contagem de prazos no contexto de reclamações cujo ato impugnado tiver sido produzido em processo ou 
procedimento de natureza Penal submete-se ao art. 798 do CPP, ou seja, os prazos são contados de forma 
contínua (e não em dias úteis). STF. Plenário. Rcl 23045 ED-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/5/2019 
(Info 939). 
 
6.4.7 Hipóteses que não se admite reclamação: #NCPC #NOVIDADE 
 
Além das hipóteses de cabimento, o NCPC elenca, expressamente, um rol de hipóteses em que não se 
admite reclamação: 
 
§ 5 É inadmissível a reclamação: 
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; Súmula 734/ STF. 
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral 
reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando 
não esgotadas as instâncias ordinárias. 
§ 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida pelo órgão 
reclamado não prejudica a reclamação. 
 
25 
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF: Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada 
pelo STF, o ato alvo de controle deve ser posterior ao paradigma. Ex: em 2016, o Juiz proferiu decisão negando 
a homologação do acordo de colaboração premiada celebrado com o Delegado de Polícia sob o argumento de 
que a autoridade policial não poderia firmar esse pacto. Em 2018, o STF proferiu decisão afirmando que o 
Delegado de Polícia pode formalizar acordos de colaboração premiada na fase de inquérito policial. Não cabe 
reclamação contra esta decisão do Juiz de 2016 sob o argumento de que ela teria violado o acórdão do STF de 
2018. Isso porque só há que se falar em reclamação se o ato impugnado por meio desta ação é posterior à 
decisão paradigma. STF. 2ª Turma. Rcl 32655 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 23/4/2019 (Info 938). 
 
6.4.8 Estrutura procedimental 
 
O procedimento da reclamação é singelo, e bastante similar ao do mandado de segurança. Desenvolve-
se em quatro etapas básicas: 
 
 Uma fase postulatória, representada pela petição da reclamação, instruída com prova 
documental, dirigida ao Presidente do tribunal, a qual será autuada e distribuída — sempre 
que possível, ao relator da causa principal; 
 
 Uma fase ordinatória, em que o relator, despachando a inicial, requisita informações à autoridade 
imputada usurpadora ou desobediente, no prazo de 10 (dez) dias — exceto no TSM, onde o prazo é 
de 48h (quarenta e oito horas), ex vi do § 1.º do art. 586 do CPPM — e pode determinar (aí o 
momento cautelar da reclamatória), a providência liminar adequada; 
 
#LEMBRAR #ATENÇÃO 
Segundo o art. 988, § 2o, do NCPC, a reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao 
presidente do tribunal. 
RECLAMAÇÃO É UMAAÇÃO COM PROVA PRECONSTITUÍDA (semelhante ao MS). 
 
 Uma fase “pré-final”, consistente na ouvida do Ministério Público, não tendo sido ele o autor 
da reclamação, pelo prazo de lei; 
 
 A fase decisória, com o julgamento da reclamação pelo tribunal, o qual, se a decisão for pela 
procedência, ordena o que for adequado à preservação de sua competência ou à imposição do 
cumprimento do seu julgado. 
 
26 
Art. 992. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou 
determinará medida adequada à solução da controvérsia. 
 
Art. 993. O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão 
posteriormente. 
 
Não existe, pois, fase especificamente instrutória, nem se admite qualquer outra prova que não aquela 
que, pré-constituída, acompanhe a inicial (ou as informações e a impugnação), em forma documental. 
 
Por óbvio, o procedimento pode não seguir todas essas fases, se houver causa extintiva, que pode dar-
se desde o indeferimento liminar da inicial por inépcia, ou por outro motivo hábil, de modo geral atinente ao 
chamado juízo de admissibilidade – falta de algum pressuposto processual ou condição da ação. 
 
6.4.9 Recursos e outros meios de impugnação na Reclamação 
 
São aplicáveis à reclamação, no Supremo Tribunal, tão-somente o agravo regimental (rectius, interno), 
das decisões unipessoais dos relatores, e os embargos de declaração. 
 
Em termos de recursos internos, não há falar em embargos infringentes nem de divergência. Os 
primeiros, tanto em face da Súmula 368 do STF, como porque não estão arrolados, pelo RISTF (art. 330) entre as 
matérias, julgadas pelo Pleno, que ensejam essa espécie recursal. Os últimos, pelo simples fato de ser o 
julgamento da reclamação realizado pelo Pleno. 
 
No Superior Tribunal de Justiça, também se sujeitam, as decisões em reclamação, a agravos internos e 
embargos de declaração. Fora isso, só o recurso extraordinário para o Supremo, nos casos do art. 102, III, da 
Constituição (a hipótese, entanto, parece remota). 
 
Também quanto a recursos internos, não há ali nem embargos infringentes (a teor do art. 260 do RISTJ, 
estes só cabem de decisões não-unânimes em apelações e ações rescisórias) nem de divergência (porque, 
conforme o art. 266 do mesmo RI, só se aplicam a decisões de Turmas – a reclamação, no STJ, só é julgada pela 
Corte Especial ou por Seção – e ainda assim em recurso especial). 
 
A decisão da reclamação pode ser impugnada por meios não recursais: se apreciou o mérito e transitou 
em julgado, pode, por exemplo, ser alvo de ação rescisória, como já visto e reconhecido pela jurisprudência. 
 
27 
Imagina-se que, em outras hipóteses, caracterizados os pressupostos específicos, como pode ocorrer 
com outros atos judiciais de caráter decisório, quiçá desafie mandado de segurança, embora não se haja 
encontrado caso específico. 
 
Finalmente, a pergunta: Cabe reclamação de decisão em reclamação? Uma vez mais, a pesquisa 
jurisprudencial não ajuda muito. Todavia, impõe-se responder afirmativamente ao questionamento, pelo menos 
diante de uma possibilidade: se a decisão, v.g., do STJ, julgando a reclamação, invade competência do Supremo. 
 
Quanto à reclamação de reclamação decidida dentro do próprio tribunal, há decisões, tanto do STF 
como do STJ, que não admitem reclamação contra ato da própria corte. 
 
Mas, e se a reclamação é porque a decisão da reclamação anterior não foi cumprida? Aí cabe dizer que a 
segunda reclamação não será contra a decisão proferida na primeira, mas sim contra ato de quem tenha 
descumprido, sendo, pois, admissível em tese (mas aí não será uma verdadeira reclamação de reclamação...). Só 
que, aí, estar-se-á abrindo a possibilidade para sucessivas desobediências que gerariam sucessivas reclamações, 
todas podendo resultar inócuas. 
 
À vista dessa última hipótese, a conclusão que parece mais escorreita é: não se deve admitir reclamação 
pelo descumprimento da decisão em reclamação. 
 
Diante da renitência em descumprir ordem judicial já reforçada por decisum anterior, o que há a fazer é 
pleitear a imposição de medidas coativas, desde as penais (e.g., crimes de desobediência e prevaricação), 
passando, se for o caso, pelas sanções aplicáveis às infrações político-administrativas (crimes de 
responsabilidade) e, paralelamente a isso, caso caiba, pedido de intervenção fundado no desacato a ordem 
judicial. 
 
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF 
O STF desproveu agravo regimental interposto contra decisão que negara seguimento a reclamação em que 
Deputado Federal pretendia a suspensão do processo da ação civil pública contra ele ajuizada pela suposta 
prática de atos de improbidade administrativa, em razão de o juízo de 1ª instância ter reconhecido sua 
competência para a causa. Alegava desrespeito à autoridade da decisão do Supremo no julgamento da Rcl 
2381/MG (j. em 7.10.2003) e da Rcl 2657/PR (j. em 21.6.2004). Esclareceu-se que a orientação da Corte acerca 
da matéria era no sentido de que, até o julgamento final da ADI 2797/DF (DJU de 19.12.2006), a atual redação 
do art. 84 do CPP integraria o ordenamento jurídico e permaneceria em vigor, ante o indeferimento da cautelar 
na referida ADI (Rcl 2381 AgR/MG), mas que, a partir do julgamento da Rcl 2810 AgR/MG (DJU de 18.3.2005), o 
Plenário, por maioria, ao rever o tema, assentara que o indeferimento de liminar em ação direta de 
inconstitucionalidade, qualquer que fosse seu fundamento, não daria margem ao ajuizamento de reclamação. 
28 
 
Outro precedente citado: Rcl 3466/SP (DJU de 1º.8.2005). Rcl 3.458 AgR/MG, rel. Min. Cezar Peluso, 29.10.2007 
(Informativo STF 486). 
 
Lei 11.417, de 19.12.2006. Regulamenta o art. 103-A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de 
janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo 
Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. 
[...] 
Art. 7º. Da decisão judicial ou do ato administrativo que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe 
vigência ou aplicá-lo indevidamente caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo dos recursos 
ou outros meios admissíveis de impugnação. 
§ 1º. Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento 
das vias administrativas. 
§ 2º. Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato administrativo ou cassará a 
decisão judicial impugnada, determinando que outra seja proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme 
o caso. 
Art. 9º. A Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 64-A e 64-B: 
 
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão competente para decidir 
o recurso explicitará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.” 
 
Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação fundada em violação de enunciado da súmula 
vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que 
deverão adequar as futuras decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização 
pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.” 
 
Súmula n. 734 do STF: Não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que 
se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal. 
 
 Não cabe recurso ou reclamação ao STF para rever decisão do tribunal de origem que aplica a 
sistemática da repercussão geral, a menos que haja negativa motivada do juiz em se retratar para 
adotar a decisão da Suprema Corte. Informativo Mensal STF n. 27. 
 
 Nos casos em que se busca garantir a aplicação de decisão tomada em recurso extraordinário 
com repercussão geral, somente é cabível Reclamação ao Supremo Tribunal Federal (STF) 
quando esgotadostodos os recursos cabíveis nas instâncias antecedentes. Esse foi o 
29 
entendimento firmado no julgamento de agravo regimental na Reclamação (RCL) 24686, de 
relatoria do ministro Teori Zavascki, em sessão da Segunda Turma do STF. 
 
 Não cabe reclamação para corrigir eventual equívoco na aplicação do regime da repercussão geral. 
Informativo Mensal STF n. 08. 
 
 O Ministério Público Estadual possui legitimidade ativa autônoma para propor reclamação perante 
o STF. O Ministério Público do Trabalho não dispõe dessa legitimidade autônoma. Informativo 
Mensal STF n. 06. 
 
 Não é cabível o ajuizamento da reclamação prevista no art. 105, I, f, da CF com o objetivo de 
impugnar procedimento adotado no Tribunal de origem que, por entender que a matéria abordada 
em recurso especial ali interposto não seria idêntica a outra já decidida sob a sistemática dos 
recursos repetitivos, tenha determinado a remessa ao STJ dos autos de agravo interposto com base 
no art. 544 do CPC (sem correspondência no CPC/15). Informativo STJ n. 517. 
 
 Não cabe reclamação ao STJ contra decisão que, com fulcro no art. 1.040, inciso I, do NCPC, aplica 
entendimento firmado em recurso especial submetido ao procedimento dos recursos 
representativos de controvérsia. Informativo STJ n. 513. 
 
7 DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO 
 
DIPLOMA DISPOSITIVOS 
Constituição Federal Art. 103-A 
Lei nº 11.417/06 Integralmente 
Código de Processo Civil Art. 988 a 993

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