Buscar

VIOLENCIASEXUAL-200427-153347-1589379881

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SUMÁRIO
1. Definição ....................................................................... 3
2. Normas gerais de atendimento ............................ 3
3. Boletim de ocorrência (bo)...................................... 5
4. Protocolo de atendimento ...................................... 5
5. Anticoncepção de emergência ............................. 9
6. Profilaxia de doenças sexualmente 
 transmissíveis não virais ...........................................12
7. Imunoprofilaxia contra hepatite b ......................14
8. Profilaxia contra infecção pelo hiv .....................15
9. Profilaxia para tétano .............................................19
10. Seguimento laboratorial .....................................20
11. Gravidez decorrente de violência sexual .....21
Referências bibliográficas .........................................27
3VIOLÊNCIA SEXUAL
1. DEFINIÇÃO
A violência sexual é uma das ma-
nifestações de violência de gênero 
mais cruéis que existe. Ela possui ra-
ízes históricas dentro das sociedades 
e perdura até os dias atuais, produ-
zindo consequências traumáticas e 
indeletáveis. Essa pode ser entendi-
da como todo ato baseado no gênero, 
que cause morte, dano ou sofrimento 
físico, sexual ou psicológico. Na maio-
ria das vezes, a mulher é a principal 
vítima da violência sexual, no entanto, 
não raro homens, crianças, adultos, 
adolescentes, idosos, pessoas com 
deficiência mental ou física, e popula-
ção LGBT sofrem essa violência. 
Estima-se que a prevalência global de 
estupro é de 2 a 5% com incidência 
de 12 milhões de vítimas a cada ano. 
No Brasil, dados indicam uma média 
diária de 21,9 mulheres procurando 
atendimento em serviços de saúde 
por violência sexual. A maior preva-
lência desse tipo de violência ocorre 
com adolescentes de 10 a 14 anos 
(66%) predominantemente do sexo 
feminino (91%). 
2. NORMAS GERAIS DE 
ATENDIMENTO
O atendimento inicial à vítima de 
violência sexual nas unidades de 
saúde e hospitais deve incluir en-
trevista, registro da história, exa-
me clínico e ginecológico, exames 
complementares e acompanha-
mento psicológico. O acolhimento 
também deve ser realizado, tendo 
em vista que é o elemento mais im-
portante para que haja qualidade e 
humanização no atendimento. En-
tende-se acolher como um conjunto 
de medidas, posturas e atitudes dos 
profissionais de saúde que garantam 
credibilidade e consideração à situa-
ção de violência. A humanização dos 
serviços demanda um ambiente aco-
lhedor e de respeito à diversidade, 
livres de quaisquer julgamentos mo-
rais. Isso presume receber e escutar 
às vítimas, com respeito e solidarieda-
de, buscando-se formas de compre-
ender suas demandas e expectativas. 
Durante o acolhimento, deve-se in-
formar à vítima, sempre que possível, 
sobre tudo o que será realizado em 
cada etapa do atendimento e a impor-
tância de cada medida. Sua autono-
mia deve ser respeitada, acatando-se 
a eventual recusa de algum proce-
dimento. Deve-se também oferecer 
atendimento psicológico e medidas 
de fortalecimento a fim de ajudar no 
enfrentamento dos conflitos e proble-
mas intrínsecos à situação vivida. 
É importante que o serviço de saúde 
realize exame físico completo, exame 
ginecológico, coleta de amostras para 
o diagnóstico de infecções genitais e 
coleta de material para a identifica-
ção do provável autor(a) da agressão. 
Outro ponto importante é o preen-
chimento da Ficha de Notificação e 
4VIOLÊNCIA SEXUAL
Investigação de Violência Domés-
tica, Sexual e/ou outras Violências, 
uma vez que a violência sexual é con-
siderada um agravo de notificação 
compulsória. Os dados coletados por 
meio dessa ficha são processados no 
Sistema de Informação de Agravos 
de Notificações (SINAN).
A Ficha de Notificação e Investiga-
ção de Violência Doméstica, Sexual e/
ou outras Violências é composta por 
um conjunto de variáveis e categorias 
que retratam, minimamente, o perfil 
das violências perpetradas contra as 
mulheres e os adolescentes, a carac-
terização das pessoas que sofreram 
violências e dos (as) prováveis auto-
res (as) de agressão. 
SE LIGA! Você pode encontrar o modelo 
da ficha de notificação e os outros do-
cumentos utilizados no antendimento à 
vitima de violência sexual na Biblioteca 
Virtual do Ministério da Saúde. O link é: 
http://bvs.saude.gov.br/ 
Esta ficha deve ser utilizada para a 
notificação compulsória de qualquer 
caso suspeito ou confirmado de vio-
lência doméstica, sexual e/ou outras 
violências contra mulheres, indepen-
dentemente da faixa etária, de acordo 
com Lei 10.778/2003, o Decreto-Lei 
nº 5.099/2004 e a Portaria MS/GM nº 
2.406/2004. Quando se tratar de no-
tificação de violência contra crianças 
e adolescentes um ficha deve ser en-
caminhada para o Conselho Tutelar. 
Em casos de gravidez, suspeita ou 
confirmada, deve-se considerar a de-
manda da mulher ou da adolescente, 
identificando se manifesta desejo ou 
não de interromper a gravidez. Cabe 
aos profissionais de saúde fornecer 
as informações necessárias sobre os 
direitos da mulher e da adolescente e 
apresentar as alternativas à interrup-
ção da gravidez, como a assistência 
pré-natal e entrega da criança para 
adoção. 
Após o atendimento médico, se a mu-
lher tiver condições, poderá ir à dele-
gacia para lavrar o Boletim de Ocor-
rência Policial, prestar depoimento, ou 
submeter-se a exame pelos peritos do 
Instituto Médico Legal (IML). Se, por 
alguma razão, não for mais possível a 
realização dos exames periciais dire-
tamente pelo IML, os peritos podem 
fazer o laudo de forma indireta, com 
base no prontuário médico. Assim, os 
dados sobre a violência sofrida e suas 
circunstâncias, bem como os achados 
do exame físico e as medidas instituí-
das, devem ser cuidadosamente des-
critos e registrados em prontuário. 
SE LIGA! Em crianças e adolescentes 
menores de 18 anos de idade, a suspei-
ta ou confirmação de abuso sexual deve, 
obrigatoriamente, ser comunicada ao 
Conselho Tutelar ou à Vara da Infância 
e da Juventude. Na falta destes, comu-
nicar à Vara de Justiça existente no local 
ou à Delegacia. Se tratando de Idosos, a 
comunicação deve ser feita ao Conselho 
do Idoso ou ao Ministério Público/Auto-
ridade Policial.
5VIOLÊNCIA SEXUAL
HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA
Registrar em Prontuário:
1) local, dia hora aproximada da violência sexual
2) tipo (s) de violência sexual sofrido (s)
3) forma (s) de constrangimento utilizada (s)
5) órgão que realizou o encaminhamento
PROVIDÊNCIAS INSTITUÍDAS
Verificar eventuais medidas prévias:
1) atendimento de emergência em outro serviço 
de saúde e medidas realizadas
2) realização de Boletim de Ocorrência Policial
3) realização do exame pericial de Corpo de Delito 
e Conjunção Carnal
4) comunicação ao Conselho Tutelar caso a vítima 
seja crianças ou adolescentes
5) outras medidas legais cabíveis
Tabela 1. Principais pontos de registro em prontuário 
médico
3. BOLETIM DE 
OCORRÊNCIA (BO)
O Boletim de Ocorrência Policial re-
gistra a violência para o conhecimento 
da autoridade policial, que determina 
a instauração do inquérito e da inves-
tigação. O laudo do Instituto Médico 
Legal (IML) é documento elaborado 
para fazer prova criminal. A apresen-
tação desses documentos não é ne-
cessária para o atendimento nos ser-
viços de saúde, porém o profissional 
de saúde deve orientar a vítima sobre 
seu direito de registro de boletim de 
ocorrência. 
Se a vítima de violência sexual desejar, 
deve-se sugerir o encaminhamento 
aos órgãos competentes, Delegacia 
de Polícia ou Delegacia de Proteção à 
Mulher, responsáveis pela requisição 
de perícia pelo IML. Nesses casos, é 
importante orienta-la quanto ao direi-
to e importância de guardar cópia do 
boletim de ocorrência. 
4. PROTOCOLO DE 
ATENDIMENTO
Acolhimento e escuta qualificada
O acolhimento e a escuta qualificada 
são elementos importantes para uma 
atenção humanizada às pessoas em 
situação de violência sexual. O aco-
lhimento engloba o tratamento digno 
e respeitoso, a escuta, o reconheci-
mento ea aceitação das diferenças, 
o respeito ao direito de decidir de mu-
lheres e homens, assim como o aces-
so a resolutividade da assistência. 
A capacidade de escuta, sem pré-jul-
gamentos e imposição de valores, a 
aptidão para lidar com conflitos, a va-
lorização das queixas e a identificação 
das necessidades são pontos básicos 
do acolhimento que poderão incenti-
var as vítimas a falarem de seus sen-
timentos e necessidades. Cabe ao 
profissional de saúde desenvolver es-
cuta ativa e relação de empatia a par-
tir das demandas das pessoas, assim 
como a possibilidade de se colocar no 
lugar do outro. Garantir a privacidade 
no atendimento e a confidencialidade 
das informações também são pontos 
importantes. 
6VIOLÊNCIA SEXUAL
Exame Físico
O exame físico deve ser precedido de 
explicação, a vítima, sobre a necessi-
dade de sua realização, sobre os lo-
cais do corpo a serem tocados, escla-
recendo os procedimentos que serão 
realizados e os materiais que serão 
coletados. Havendo recusa, a decisão 
e autonomia da pessoa devem ser 
respeitadas. O exame deverá ser rea-
lizado pelo médico com a presença de 
outro profissional de saúde também 
habilitado para o atendimento integral 
às pessoas em situação de violência 
sexual. 
De acordo identificadas, as lesões 
deverão ser descritas quanto a sua 
localização, tamanho, número e for-
ma, preferencialmente no sentido 
craniocaudal, inclusive as lesões ge-
nitais e extragenitais, assinalando-as 
na Ficha de Atendimento específica 
ou fotografando-as, se possível, com 
o consentimento da vítima. Veja no 
quadro abaixo as lesões corporais 
mais frequentemente observadas em 
casos de violência sexual. 
REGIÃO POSSÍVEL LESÃO
Craniana 
Face
Olhos
Orelhas
Boca
Couro cabeludo
Equimose, escoriação, edema traumático e ferida contusa
Fratura (mala, mentoniana e nasal), marcas de mor-
dida, escoriação, equimose facial e edema traumático
Equimose periorbitária (olho roxo) e da escleróti-
ca (hemorragia em esclera) e edema traumático
Equimose, escoriação e edema traumático
Equimose labial, equimose intraoral, escoriação, 
marca de mordida, fratura e trauma dentário
Cervical
Externa
Marca de mordida, equimose por sucção, equimose e 
escoriação
Interna
Trauma laríngeo, alteração na voz (rouquidão, disfonia) e difi-
culdade de deglutição
Torácica e abdominal
Equimose, por sucção, escoriação, marca de mordida e corpos 
estranhos presentes na pele: terra, graveto, etc.
Mamária
Marcas de mordida ou sucção, equimose, escoriação e lacera-
ção nos mamilos
Membros superiores
Equimose (especialmente nos antebraços e mãos); lesões de 
defesa, escoriação, edema traumático e fraturas
Mãos Equimose, escoriação, edema traumático e fratura
Membros inferiores
Equimose (especialmente nas faces mediais das coxas); lesões 
de defesa, escoriação, marca de mordida e edema traumático
Genital Equimose, escoriação, edema traumático e rotura himenal
Anal Equimose, escoriação, edema traumático, laceração e dilatação
* A existências dessas lesões não caracteriza por si a violência sexual, uma vez que podem ser resultante de prática 
sexual consentida
Tabela 2.
7VIOLÊNCIA SEXUAL
A coleta de material biológico (ves-
tígios) é extremamente importante 
para a identificação do agressor por 
meio de exames de DNA. A pessoa 
em situação de violência, seu familiar 
ou responsável legal deverá consentir 
e assinar um termo de consentimen-
to informado antes da coleta. A cole-
ta deve ser realizada o mais rapida-
mente possível a partir do momento 
da agressão sexual. A possibilidade 
de se coletar vestígios biológicos em 
quantidade e qualidade suficientes 
diminui com o passar do tempo, re-
duzindo significativamente após 72h 
da agressão. 
O médico responsável pela coleta 
deve estar ciente da possibilidade de 
haver vestígios do agressão não so-
mente nas regiões genital e anal, mas 
também em outros locais do corpo da 
vítima, como regiões mamárias e pei-
toral, por exemplo. Objetos e roupas 
também podem ser sítios de vestígios 
biológicos. 
Durante a coleta, deve-se assegu-
rar que o material coletado não seja 
contaminado com outros materiais 
biológicos presentes no ambiente 
ou pelo DNA da pessoa que coletou 
a amostra. Deverão ser utilizados lu-
vas descartáveis, máscaras e outros 
materiais e instrumentos esteriliza-
dos como, por exemplo, swab, pinça 
e tesoura. 
Coleta de Vestígios
• Secreção Vaginal: A coleta da se-
creção vaginal para a pesquisa de 
espermatozoide e exame de DNA 
deve ser feita com a vítima em po-
sição ginecológica. Deve-se priori-
zar a coleta de secreções e não da 
parede mucosa. Recomenda-se a 
utilização de espéculo, preferen-
cialmente descartável, sem a pre-
sença de materiais lubrificantes. A 
coleta deverá ser realizada utilizan-
do-se, pelo menos, quatro swabs 
esterilizados. Se possível, os swa-
bs deverão ser passados simulta-
neamente, de dois em dois, lado 
a lado, a fim de que as amostras 
tenham maior similaridade entresi. 
Os swabs deverão ser numerados 
pela ordem de coleta, sendo que 
o 1º e 2º deverão ser destinados 
para exame de DNA e o 3º e 4º de-
verão ser destinados para teste de 
triagem para a detecção de sêmen 
e pesquisa de espermatozoides. 
• Secreção anal: A coleta de secre-
ção anal pode ser feita tanto em 
posição genopeitoral ou ginecoló-
gica. Deve-se atentar para a pos-
sibilidade de haver secreção não 
apenas na região anal, mas tam-
bém na região perianal e períneo. 
Para a coleta de material da cavi-
dade anal, introduzir um ou se pos-
sível, dois swabs umedecidos com 
soro fisiológico 0,9% por vez no 
canal anal, preferencialmente em 
8VIOLÊNCIA SEXUAL
movimentos rotatórios. Os swabs 
deverão ser numerados pela or-
dem de coleta, sendo que o 1º e 2º 
deverão ser destinados para exa-
me de DNA e o 3º e 4º deverão ser 
destinados para teste de triagem 
para a detecção de sêmen e pes-
quisa de espermatozoides. 
• Sêmen, secreções e/ou fluidos 
depositados na pele ou em outra 
regiões do corpo: Em casos de 
suspeita de deposição de sêmen, 
secreções ou fluidos biológicos 
(saliva, sêmen ou sangue) em outra 
áreas do corpo da vítima como, por 
exemplo, face, lábios, tórax, abdo-
me, coxa, períneo ou regiões com 
mordida (s) esses locais também 
deverão ser submetidos à coleta. 
Nessas situações, o procedimento 
será o mesmo anteriormente men-
cionado, com a utilização de swab 
previamente umedecido com soro 
fisiológico 0,9%. Os swabs deve-
rão ser passados levemente na re-
gião onde puder ser visualizado o 
material ou, se não houver a visu-
alização, onde houver o relato de 
deposição de material. Caso a co-
leta ocorra na cavidade oral, não é 
necessário umedecer previamente 
o swab. Deve ser priorizada a co-
leta da eventual secreção obser-
vada. O sêmen tende a se depo-
sitar entre os dentes e a gengiva. 
Para a coleta nesse caso, passa-
-se o swab seco entre os dentes 
inferiores.
• Vestígio Subungueal: Em casos 
de suspeita ou relato de luta cor-
poral entre a vítima e o agressor, 
deverá ser coletado material su-
bungueal dos dedos da vítima a 
fim de se buscar detectar mate-
rial biológico do agressor. A coleta 
deverá ser realizada utilizando-se, 
pelo menos, dois swabs esteriliza-
dos. Para facilitar o procedimento, 
umedecer levemente os swabs 
com água destilada e, em segui-
da, proceder a coleta, passando 
o swab na região subungueal de 
cada dedo. Deve-se utilizar um 
swab para cada mão, com respec-
tiva identificação de mão direita e 
esquerda. Em caso de utilização de 
mais de um swab por mão, nume-
rar os swabs por ordem de coleta.
• Cabelo e Pelo: Se durante o exame 
físico for constatada a presença de 
cabelo (s) e/ou pelo (s) com carac-
terísticas diferentes ao da vítima, o 
médico deverá coletá-lo com a uti-
lização de pinça esterilizada. 
• Vestes e objetos com possível 
presença de sêmen e/ou fluidos 
biológicos: Se for constatada ou 
houver relato de presença de sê-
men e/ou outros fluídos biológi-
cos com vestes e/ou objetos trazi-
dos pela vítima, estes deverão sercoletados. 
• Células de mucosa oral: O mate-
rial coletado da mucosa oral da ví-
tima servirá como padrão genético 
9VIOLÊNCIA SEXUAL
de comparação com o vestígio en-
contrado no seu corpo. A coleta 
deverá ser realizada utilizando-se, 
pelo menos, dois swabs esterili-
zados, de haste longa e flexível. O 
procedimento consiste em friccio-
nar o swab contra as paredes in-
ternas de cada bochecha em movi-
mentos giratórios nas superfícies. 
Recomenda-se que se friccione o 
mesmo swab dez vezes em cada 
uma das bochechas. 
Após a coleta, deve-se deixar os swa-
bs secarem à temperatura ambiente, 
menor ou igual a 25º C, protegidos da 
luz solar e de fontes de contaminação 
biológica. Na sequência devem ser 
acondicionados em porta-swabs ou 
em suas embalagens de origem, den-
tro de envelopes de papel ou de reci-
pientes secos apropriados, lacrados, 
identificados em etiquetas imperme-
áveis, contendo as devidas informa-
ções pertinentes ao caso como as ini-
ciais do nome da vítima, data e hora 
da coleta, tipo de amostra, responsá-
vel pela coleta e nomes dos integran-
tes da equipe de saúde que tiveram 
contato com o material coletado. 
O armazenamento dos swabs deve-
rá ser sob congelamento em embala-
gens plásticas apropriadas às condi-
ções de temperatura e umidade que 
impeçam extravasamentos. Casos 
não seja possível o congelamento 
imediato, o armazenamento deverá 
ser feito sob refrigeração (média de 4º 
C) por, no máximo, 48 horas e após 
esse período congelar. 
O armazenamento do material cole-
tado exige mecanismos de seguran-
ça, como controle rigoroso do acesso 
à sala de armazenamento, que de-
verá ser mantida trancada. Ainda é 
importante garantir que todos os ma-
teriais sejam embalados e que este-
jam seguros e à prova de adulteração. 
Apenas pessoal autorizado deve ser 
encarregado do material. Como não 
ainda existem normas legais para o 
prazo de descarte do material, reco-
menda-se seu armazenamento por 
tempo indeterminado até que o des-
carte possa ser feito mediante autori-
zação judicial. 
Qualquer manuseio do material a 
partir de sua coleta e detalhes de 
transferência entre instituições deve 
ser registrado. As autoridades locais 
deverão estabelecer protocolos para 
o registro dessas informações e flu-
xos de transferência de material. É 
importante documentar os itens co-
letados em lista pormenorizada nos 
prontuários ou registros médicos dos 
pacientes, bem como detalhes de 
quando, para quem e como o material 
foi transferido.
5. ANTICONCEPÇÃO DE 
EMERGÊNCIA
Considerando a aleatoriedade da vio-
lência em relação ao período do ciclo 
10VIOLÊNCIA SEXUAL
menstrual, bem como se a violência 
foi um caso isolado ou se ocorre de 
forma contínua, o risco de gravidez, 
decorrente desse agravo, varia de 0,5 
a 5%. O método anticonceptivo pode 
prevenir a gravidez forçada e indese-
jada utilizando compostos hormonais 
concentrados e por curto período de 
tempo.
A Anticoncepção de Emergência 
(AE) deve ser prescrita para todas as 
mulheres e adolescentes expostas à 
gravidez, através de contato certo ou 
duvidoso com sêmen, independen-
te do período do ciclo menstrual em 
que se encontrem. Também é preciso 
levar em consideração se já houve a 
primeira menstruação e se a pacien-
te se encontra antes da menopausa. 
A AE hormonal constitui o método 
de eleição devido ao seu baixo custo, 
boa tolerabilidade, eficácia elevada e 
ausência de contraindicação. 
A AE é desnecessária se a mulher 
ou adolescente estiver usando regu-
larmente método anticonceptivo de 
elevada eficácia antes da violência 
sexual (ex.: DIU). Também é desne-
cessária em casos de coito oral ou 
anal. A AE só se aplica se houve eja-
culação vaginal. 
Esquemas de Administração
O método de primeira escolha da AE 
hormonal consiste no uso exclusivo 
de um progestágeno, o levonorges-
trel, na dose total de 1,5 mg. Nas 
apresentações comerciais conten-
do dois comprimidos, cada um com 
0,75mg de levonorgestrel, recomen-
da-se o uso de dois comprimidos, via 
oral, em dose única. Nas apresenta-
ções de um comprimido de 1,5 mg de 
levonorgestrel, recomenda-se o uso 
de um comprimido, via oral, em dose 
única. É importante salientar que a 
AE deve ser realizada o quanto antes 
possível, dentro de um limite de cin-
co dias da violência sexual. 
Em situações excepcionais onde o le-
vonorgestrel se encontre indisponível, 
o método de Yuzpe constitui a se-
gunda escolha. Esse outro método de 
AE hormonal, consiste na utilização 
de anticonceptivos hormonais orais 
combinados (AHOC) de uso rotineiro 
em planejamento familiar, conhecidos 
como pílulas anticoncepcionais. O es-
quema compõe-se da administração 
de um estrogênio associado a um 
progestágeno sintético, utilizados 
até cinco dias após a violência. Exis-
tem no mercado AHOC com 0,05 mg 
de etinil-estradiol e 0,25 mg de le-
vonorgestrel por comprimido. Nesse 
caso, utilizam-se dois comprimidos, 
via oral, a cada 12 horas, em um to-
tal de quatro comprimidos. Nas apre-
sentações comerciais com 0,03 mg 
de etinil-estradiol e 0,15 mg de le-
vonorgestrel por comprimido, devem 
ser administrados quatro comprimi-
dos, via oral, a cada 12 horas, em um 
total de oito comprimidos. 
11VIOLÊNCIA SEXUAL
[Box Se liga!: A eficácia da AE é ele-
vada, com índice de efetividade mé-
dio de 75 a 80% e taxa de falha de 
cerca de 2%. Significa que a AE pode 
evitar, em média, três de cada quatro 
gestações que ocorreriam após a vio-
lência sexual. Porém, a eficácia de AE 
pode variar em função do número de 
horas entre a violência sexual e sua 
administração. As taxas de falha do 
levonorgestrel variam de 0,4% (0-24 
horas) até 2,7% (49-72 horas). Para 
o método de Yuzpe as taxas de falha 
variam de 2% (0-24 horas) até 4,7% 
(49-72 horas).]
MÉTODO DOSE VIA OBSERVAÇÃO
LEVONORGESTREL
Primeira escolha
0,75 mg de le-
vonorgestrel por 
comprimido
Oral
2 
comprimidos
Dose única
1,5 mg de levo-
norgestrel por 
comprimido
Oral 1 comprimido Dose única
MÉTODO DE YUZPE
Segunda escolha
AHOC com 0,05 
mg de etinil-estra-
diol e 0,25 mg de 
levonorgestrel por 
comprimido
Oral
2 comprimidos a cada 12 horas – to-
tal de 4 comprimidos
AHOC com 0,03Mg 
de etinil-estradiol 
e 0,15mg de le-
vonorgestrel por 
comprimido
Oral
4 comprimidos a cada 12 horas – to-
tal de 8 comprimidos
Tabela 3.
Medidas gerais
Os efeitos secundários mais frequen-
tes da AE são náuseas e vômitos, po-
dendo ser minimizados com o uso de 
antieméticos cerca de uma hora an-
tes da tomada da AE.
Em caso de vômitos nas primeiras 1 
a 2 horas após a administração da 
AE, recomenda-se que a dose seja 
repetida. Se vômitos ocorrerem no-
vamente, dentro do mesmo prazo, 
recomenda-se a administração da AE 
por via vaginal. Mulheres inconscien-
tes, onde a via oral não pode ser utili-
zada também recomenda-se a admi-
nistração da AE por via vaginal. 
O método de Yuzpe não deve ser em-
pregado quando se utiliza o ritonavir, 
presente na profilaxia da infecção 
pelo HIV, pela significativa redução 
dos níveis séricos de etinil-estradiol 
no sistema microssomal hepático. 
12VIOLÊNCIA SEXUAL
A única contraindicação absolta da 
AE é a gravidez confirmada. 
Em pacientes com antecedentes de 
AVE, tromboembolismo, enxaque-
ca severa ou diabetes com compli-
cações vasculares é recomendado 
realizar AE com levonorgestrel. Para 
esses pacientes é preciso tomar al-
gumas precauções caso considere a 
utilização do método de Yuzpe. 
A mulher em situação de violência se-
xual deve ser orientada a retornar ao 
serviço de saúde, assim que possível, 
se ocorrer atraso menstrual, que pode 
ser indicativo de gravidez. 
SE LIGA! Tratando-se de adolescente, 
o direito à confidencialidade e ao sigilo 
sobre a atividade sexual e sobre a pres-
crição de métodos anticonceptivos deve 
ser igualmente preservado, segundo os 
artigos 11, 102 e 103 do Código de Éti-
ca Médica, reiterados pela Lei nº 8.069, 
de 13 de julho de 1990, Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA).
6. PROFILAXIA DE 
DOENÇAS SEXUALMENTE 
TRANSMISSÍVEISNÃO 
VIRAIS
A prevalência de IST em situações de 
violência sexual é elevada. Por isso, a 
profilaxia de infecções sexualmente 
transmissíveis não virais em mulhe-
res que sofreram violência sexual está 
indicada nas situações de exposição 
com risco de transmissão dos agen-
tes, independentemente da presença 
ou gravidade das lesões físicas e 
idade da mulher. Doenças como go-
norreia, sífilis, infeção por clamídia, 
tricomoníase e cancro mole podem 
ser prevenidas com o uso de medica-
mentos de reconhecida eficácia. 
Não existe o estabelecimento de um 
tempo limite para a introdução da 
profilaxia das IST não virais em situ-
ações de violência sexual. Inclusive, 
essa prevenção pode ser postergada 
a critério do profissional de saúde e 
da mulher, em função das condições 
desta ou mesmo para evitar intole-
rância gástrica, significativa com o 
uso simultâneo de diversas medica-
ções. Essa medida não acarreta, ne-
cessariamente, danos ao tratamento. 
Para evitar o uso concomitante de di-
versas medicações, que poderia levar 
a intolerância gástrica e baixa adesão, 
deve-se optar preferencialmente pela 
via parenteral para administração de 
antibióticos, os quais devem ser utili-
zados no primeiro dia de atendimen-
to. Sendo assim, é preferível adotar o 
esquema: penicilina benzatina + cef-
triaxona + azitromicina.
Pelo baixo impacto da tricomoníase 
na saúde da mulher e por apresentar 
reações adversas e interações medi-
camentosas significativas, a adminis-
tração profilática de metronidazol é 
facultativa ou pode ser postergada. 
Caso seja utilizado, o metronidazol 
deve ser evitado durante o primeiro 
trimestre da gestação.
13VIOLÊNCIA SEXUAL
Esquema profilático para mulheres e adolescentes
MEDICAÇÃO APRESENTAÇÃO VIA DE 
ADMINISTRAÇÃO
POSOLOGIA
Penicilina G benzatina 1,2 milhão UI IM 2,4 milhões UI (1,2 milhão em cada 
nádega), dose única
Ceftriaxona 250 mg IM 250mg, em dose única
Azitromicina 500 mg VO 02 comprimidos, dose única
Tabela 4.
SE LIGA! A gravidez, em qualquer idade 
gestacional, não contraindica o esque-
ma profilático composto por penicilina 
benzatina, ceftriaxona e azitromicina.
Esquema profilático para crianças
Crianças apresentam maior vulnera-
bilidade às IST devido a imaturidade 
anatômica e fisiológica da mucosa va-
ginal, além de outros fatores. O diag-
nóstico de uma IST em crianças pode 
ser o primeiro sinal de abuso sexual. 
Nessa faixa-etária, em específico, as 
vítimas são, frequentemente, subme-
tidas a diferentes tipos de abuso se-
xual, entre os quais pode não haver 
penetração vaginal, anal ou oral. Tam-
bém deve ser aventada a hipótese de 
violência sexual crônica e prolongada, 
pois isso é muito comum em casos 
de violência sexual na infância. Nesse 
sentido, não está indicada a profila-
xia das IST não virais para casos onde 
não existe contato contaminante ou 
quando existe o contato contaminan-
te crônico com o agressor.
MEDICAÇÃO APRESENTAÇÃO
VIA DE 
ADMINISTRAÇÃO
POSOLOGIA
Penicilina G benzatina
Frasco-amp. 
com 150.000UI, 
300.000UI, 400.000UI
IM
50 mil UI/kg (dose máxima: 2,4 
milhões UI), dose única
Ceftriaxona
250mg (acompanha 
diluente de 2ml)
IM Aplicar 125mg (1ml)
Azitromicina
600mg/15ml ou 
900mg/22,5ml
VO
20mg/kg (dose máxima: 1g), dose 
única
Tabela 5.
Esquema alternativo
Em pessoas com história compro-
vada de hipersensibilidade aos me-
dicamentos de primeira escolha, em 
especial à penicilina, deve-se utilizar 
alternativa de profilaxia. 
14VIOLÊNCIA SEXUAL
MEDICAÇÃO ADULTOS CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Estearato de eritromicina 500mg, VO, 6/6hs por 15 dias 
(sífilis) ou 7 dias (clamídia)
50mg/kg/dia, VO, 6/6hs, por 15 dias (sífilis/
clamídia)
Ciprofloxacina 500mg, VO, dose única Contra-indicado
Tabela 6.
SE LIGA! A Ciprofloxacina está con-
traindicada durante a gestação.
Recomendações gerais
Nos casos de violência sexual em que 
ocorra exposição crônica e repetida 
com o agressor ou quando houver 
uso de preservativo (masculino ou fe-
minino) durante todo o crime sexual 
não se recomenda a profilaxia de IST 
não virais. Entretanto, é essencial in-
terromper o ciclo de violência, e o uso 
da profilaxia deve ser individualizado. 
Os médicos devem saber informar 
aos pacientes sobre os benefícios 
e os efeitos adversos associados à 
profilaxia. Podem ser associados an-
tieméticos, principalmente, se for feita 
a anticoncepção de emergência.
A coleta de amostras cérvico-vagi-
nais para o diagnóstico de infecções 
pode ser feita no momento do exame, 
porém não deve retardar o início da 
profilaxia para as IST não virais. 
7. IMUNOPROFILAXIA 
CONTRA HEPATITE B
A imunoprofilaxia contra a hepatite 
B está indicada em casos de violên-
cia sexual nos quais ocorra exposição 
ao sêmen, sangue outros fluidos cor-
porais do agressor. Em condições de 
desconhecimento ou dúvida sobre o 
status vacinal, a profilaxia deverá ser 
administrada. Cabe também ressaltar, 
que a decisão de iniciar a imunoprofi-
laxia contra a hepatite B não deve es-
tar condicionada à solicitação ou à re-
alização de exames complementares. 
Mulheres não imunizadas ou que des-
conhecem seu status vacinal devem 
receber a primeira dose da vacina e 
completar o esquema posteriormen-
te, considerando o intervalo de um e 
seis meses. Já mulheres com esque-
ma vacinal incompleto devem com-
pletar as doses recomendadas. 
Mulheres em situação de violência 
sexual também devem receber dose 
única de Imunoglobulina Huma-
na Anti-Hepatite B (IGHAHB). A 
IGHAHB está indicada para todas 
as mulheres em situação de violên-
cia sexual não imunizadas, com es-
quema vacinal incompleto ou que 
desconhecem seu status vacinal. A 
IGHAHB pode ser administrada em 
até, no máximo, 14 dias após a vio-
lência sexual, embora seja recomen-
dada a aplicação nas primeiras 48 
horas após a violência. 
15VIOLÊNCIA SEXUAL
IMUNOBIOLÓGICO VIA DE ADMINISTRAÇÃO POSOLOGIA
Vacina Anti-hepatite B
(Imunização ativa)
IM (deltóide) Varia de acordo fabricante (µg ou µl)
IGHAHB
(Imunização passiva)
IM (glúteo) 0,06 ml/Kg
Tabela 7. Imunoprofilaxia da Hepatite B
Recomendações gerais
• Em casos de violência sexual nos 
quais a mulher apresente expo-
sição repetida crônica ao mesmo 
agressor ou mulheres cujo agres-
sor seja sabiamente vacinado ou 
quando houver o uso de preser-
vativo (masculino ou feminino) 
durante o crime sexual não há re-
comendação de imunoprofilaxia 
contra hepatite B. 
• A gravidez, em qualquer idade 
gestacional, não contraindica a 
imunização para a hepatite B e 
nem a oferta de IGHAHB. 
• Como a imunização contra hepati-
te está incluída no calendário va-
cinal para menores de 20 anos, 
deverá ser considerada a adminis-
tração da vacina naqueles que não 
receberam. 
• Na suspeita de possibilidade de 
transmissão vertical da hepatite B 
ou C em gestantes que sofreram 
violência sexual é recomendado 
a vacinação imediata (1ª dose) da 
criança associada a IGHAHB ad-
ministradas em grupos muscula-
res separados. Ambas devem ser 
realizadas o mais precocemente 
possível nas primeiras 12 a 24 ho-
ras de vida. 
• Nos casos de transmissão vertical 
o aleitamento materno não está 
contraindicado apesar do HBsAg 
que pode ser encontrado no leite 
materno mesmo após recém-nas-
cidos terem recebido a primeira 
dose da vacina e imunoglobulina 
humana anti-hepatite B. Porém, 
devem ser ponderados os riscos e 
benefícios.
• Em exposições com paciente-fon-
te infectado pelo vírus da hepatite 
C e naquelas com fonte desconhe-
cida, está recomendado o acom-
panhamento da vítima por meio de 
testes laboratoriais. 
8. PROFILAXIA CONTRA 
INFECÇÃO PELO HIV
A prescrição da quimioprofilaxia pós-
-exposição sexual ao HIV nos casos 
de violência sexual não pode ser fei-
ta de rotina e aplicada, indiscrimina-
damente, a todas as situações. Exige 
avaliação cuidadosa quanto ao tempo 
tipo de violência, bem como o tempo 
16VIOLÊNCIA SEXUAL
decorrido até a chegada da pessoa 
agredida ao serviço de referência 
após o crime. 
• A quimioprofilaxia antirretroviral 
(ARV) estárecomendada em to-
dos os casos de penetração va-
ginal e/ou anal nas primeiras 72 
horas após a violência, inclusive 
se o status sorológico do agres-
sor for desconhecido.
Em situação de exposição envolven-
do sexo oral exclusivo, mesmo com 
ejaculação dentro da cavidade oral, a 
transmissão do HIV é rara, mas já foi 
descrita. Como não existem evidên-
cias definitivas para assegurar a in-
dicação profilática dos antirretrovirais 
nestes casos, a relação risco-benefí-
cio deve ser considerada e a decisão 
individualizada, levando em conside-
ração o desejo da vítima em realizar 
a profilaxia, a presença de lesões na 
cavidade oral e o conhecimento do 
status sorológico do agressor. 
A testagem para HIV do agressor 
não deve retardar o início da profila-
xia ARV, mas deve ser feita sempre 
que possível. Nas situações em que o 
agressor é desconhecido ou soropo-
sitivo para o HIV, está indicada a pro-
filaxia ARV até que a vítima seja rea-
valiada em serviço de referência. Caso 
o resultado do agressor seja negativo, 
a quimioprofilaxia ARV não deve ser 
realizada ou deve ser interrompida. 
Porém, resultados falso-negativos 
devem sempre ser avaliados dentro 
do contexto clínico e epidemiológico.
É importante garantir que, mesmo na 
ausência de um médico infectologista, 
não ocorra retardo do início da profila-
xia. Nestas circunstâncias, a profilaxia 
deverá ser iniciada como recomenda-
do nas situações de desconhecimen-
to do esquema antirretroviral do autor 
da agressão, com reavaliação poste-
rior do especialista para indicar a mu-
dança ou não dos antirretrovirais. Em 
geral, o esquema profilático deve ser 
mantido sem interrupção por quatro 
semanas consecutivas. 
Não está recomendada a profilaxia 
para o HIV no caso de violência sexual 
em que a mulher, a criança ou a ado-
lescente apresente exposição crônica 
e repetida ao mesmo agressor devido 
à possibilidade da contaminação já 
ter ocorrido no passado. Entretanto, 
é importante interromper o ciclo de 
violência. Nestes casos, independen-
temente da indicação da profilaxia, a 
investigação sorológica deverá ser 
feita por seis meses, considerando o 
último episódio conhecido de exposi-
ção anal, vaginal ou oral, e a decisão 
de profilaxia deve ser individualizada. 
Esquema profilático para 
indivíduos adultos
O esquema preferencial de profila-
xia pós-exposição (PEP) deve incluir 
combinações de três antirretrovi-
rais (ARV), sendo dois inibidores de 
17VIOLÊNCIA SEXUAL
nucleosídeos da transcriptase rever-
sa (ITRN), como tenofovir (TDF) e la-
mivudina (3TC), associados a outra 
classe de ARV. 
O esquema preferencial é compos-
to por tenofovir (TDF) + lamivudi-
na (3TC) + dolutegravir (DTG), pois 
possui menor número de efeitos ad-
versos e baixa interação medicamen-
tosa, o que propicia melhor adesão e 
manejo clínico. Além disso, apresenta 
alta barreira genética, aumentando 
a segurança para evitar resistência 
transmitida, principalmente quando a 
pessoa-fonte é multiexperiementada.
MEDICAMENTO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA
TDF + 3TC
Comprimido coformulado 
(TDF 300mg + 3TC 300mg)
1 comprimido VO 1x/dia
Na indisponibilidade da apre-
sentação coformulada:
Na indisponibilidade da apresentação 
coformulada:
Comprimido TDF 300mg + 
Comprimido 3TC 150 mg
 1 comprimido VO 1x/dia + 2 comprimidos 
VO 1x/dia
DTG Comprimido DTG 50mg 1 comprimido VO 1x/dia
Tabela 8. Fonte: BRASIL. PCDT: Profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. 
2018.
SE LIGA! A duração da PEP é de 28 
dias.
Apesar de sua maior tolerabilidade, 
o TDF está associado com a possi-
bilidade de toxicidade renal, espe-
cialmente em pessoas com doenças 
renais preexistentes ou com fatores 
de risco. Quando a taxa de filtração 
glomerular for menor que 60 ml/min 
ou em pessoas com história de lon-
ga duração de diabetes, hipertensão 
arterial descontrolada ou insuficiência 
renal, a indicação deve ser avaliada, 
considerando que a duração da expo-
sição ao medicamento será curta (28 
dias) e eventuais eventos adversos 
renais são normalmente reversíveis 
com a suspensão do medicamento. 
Caso opte-se por suspensão do TDF 
ou algum outro ARV existem esque-
mas profiláticos alternativos para 
PEP. Veja no quadro abaixo.
Impossibilidade de TDF: AZT + 3TC + DTG
Impossibilidade de DTG: TDF + 3TC + ATV/r
Impossibilidade de ATV/r: TDF + 3TC + DRV/e
A duração da PEP é de 28 dias.
AZT: Zidovudina
ATV/r: Atazanavir/ritonavir
DRV/r: Darunavir/ritonavir
TDF: Tenofovir
DTG: Dolutegravir
3TC: Lamivudina
Tabela 9. Fonte: BRASIL. PCDT: Profilaxia pós-exposi-
ção (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e Hepatites 
Virais. 2018.
18VIOLÊNCIA SEXUAL
O DTG pode ser indicado como parte 
da PEP para mulheres em idade fértil 
desde que antes do início do seu uso 
seja descartada a possibilidade de 
gravidez. Para mulheres gestantes, o 
esquema preferencial deve ser com-
posto com raltegravir (RAL) a partir 
da 14ª semana de gestação. 
MEDICAMENTO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA
TDF + 3TC
Comprimido coformulado 
(TDF 300mg + 3TC 300mg)
1 comprimido VO 1x/dia
Na indisponibilidade da apre-
sentação coformulada:
Na indisponibilidade da apresentação 
coformulada:
Comprimido TDF 300mg + 
Comprimido 3TC 150 mg
 1 comprimido VO 1x/dia + 2 comprimidos 
VO 1x/dia
RAL Comprimido RAL 400mg 1 comprimido VO 2x/dia
Tabela 10. ARV preferenciais para PEP em gestantes
Fonte: BRASIL. PCDT: Profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. 2018.
Esquema profilático para crianças 
e adolescentes
 O esquema de profilaxia para crian-
ças e adolescentes é orientado de 
acordo a faixa etária. Veja na tabela 
abaixo. 
Faixa etária Esquema 
preferencial
Medicações 
alternativas
0-14 dias AZT + 3TC + 
NVP
-
14 dias – 2 anos AZT + 3TC + 
LPV/r
Impossibilida-
de do uso de 
LPV/r: NVP
2 anos – 12 anos AZT + 3TC + 
RAL
Impossibilidade 
de uso de RAL: 
LPV/r
Acima de 12 
anos: seguir as 
recomendações 
para adultos
Tabela 11. Fonte: BRASIL. PCDT: Profilaxia pós-expo-
sição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e Hepatites 
Virais. 2018.
SE LIGA! Os adolescentes têm direito 
à PEP mesmo sem a presença dos pais 
ou responsáveis. Nesses casos, como 
previsto no ECA e pela Lei nº 8.069 de 
13 de julho de 1990, deve-se avaliar a 
capacidade de discernimento do ado-
lescente, com exceção das situações de 
violência. 
Recomendações gerais
• A adesão à profilaxia ARV é um 
dos fatores principais na redução 
do risco de transmissão da infec-
ção pelo HIV. Já a não adesão do 
esquema está diretamente rela-
cionada ao risco de falha da pro-
filaxia e de surgimento de cepas 
virais multirresistentes. Nesse 
sentido, torna-se fundamental o 
esclarecimento precoce ao pacien-
te dos possíveis efeitos adversos, 
bem como formas de minimizá-
-los. É extremamente importante 
19VIOLÊNCIA SEXUAL
considerar uma nova avaliação 
da vítima de violência sexual na 
primeira semana após o início da 
profilaxia a fim de rever a ocorrên-
cia de possíveis efeitos adversos e 
reforçar a necessidade da adesão 
para que a profilaxia seja tolerada 
até o final de quatro semanas. 
• Os principais efeitos adversos 
da profilaxia são, em geral, sinto-
mas inespecíficos e autolimitados, 
como efeitos gastrintestinais, cefa-
leias e fadiga. Na maioria das ve-
zes, não é necessária a interrupção 
da profilaxia devido a esses sin-
tomas, pois podem ser utilizados 
medicamentos sintomáticos, como 
antieméticos e antidiarreicos, para 
minimizá-los. 
• Na presença de intolerância me-
dicamentosa, a paciente deve ser 
reavaliada para adequação do es-
quema terapêutico. 
• Mulheres em situação de violência 
sexual que estejam amamentando 
deverão ser orientadas a suspen-
der o aleitamento durante a qui-
mioprofilaxia ARV, pela possibili-
dade de exposição da criança aos 
ARV (via leite materno) e também 
para evitar o risco de transmissão 
vertical. 
• Quando forem necessários ajus-
tes nas doses dos medicamentos, 
recomenda-se que sejam feitas 
pormédico experiente no manejo 
ARV. Medicamentos psicotrópi-
cos como hipnóticos, antidepres-
sivos e anticonvulsivantes, mui-
tas vezes indicados para vítima, 
possuem potencial interação com 
antirretrovirais. 
• Deve ser reforçada a necessidade 
do uso de preservativo (masculino 
ou feminino) em todas as relações 
sexuais devido a possibilidade de 
uma infecção.
9. PROFILAXIA PARA 
TÉTANO
A profilaxia para Tétano é feita com 
a administração de Soro Antitetânico 
(SAT), 5.000 unidades via intramus-
cular (IM). Aos alérgicos a SAT pode 
se indicar imunoglobulina humana 
antitetânica (IGHAT) em dose úni-
ca de 250 unidades. Veja na tabela 
abaixo os critérios de administração.
20VIOLÊNCIA SEXUAL
10. SEGUIMENTO 
LABORATORIAL
A coleta imediata de sangue e de 
amostra do conteúdo vaginal realiza-
das no momento de admissão da ví-
tima é necessária para estabelecer a 
eventual presença de IST, HIV ou he-
patite prévias à violência sexual. En-
tretanto, a coleta não deve retardar o 
início da profilaxia. 
Para o diagnóstico rápido da infecção 
pelo HIV são feitos testes rápidos va-
lidados pelo departamento IST/Aids 
que são distribuídos pelo Ministério da 
Saúde. Deve-se realizar a testagem 
inicialmente com um único teste rápi-
do. Caso o resultado seja negativo, o 
diagnóstico estará definido. Caso seja 
positivo, deverá ser realizado um se-
gundo teste rápido para a conclusão 
do diagnóstico. É importante destacar 
que a realização de um teste anti-
-HIV nos serviços de emergência 
deve ser feita após aconselhamen-
to e consentimento verbal da mu-
lher ou do responsável nos casos 
de crianças. 
O apoio laboratorial é fundamental 
para auxiliar no diagnóstico e na in-
vestigação das ISTs/HIV/Hepatites. 
No entanto, o diagnóstico final deve 
ser o resultado dos achados do exa-
me clínico e ginecológico, associa-
dos aos testes complementares. As 
HISTÓRIA DE 
VACINAÇÃO 
CONTRA TÉTANO
FERIMENTO 
LIMPO OU 
SUPERFICIAL - 
VACINA 
SAT ou IGHAT
OUTROS TIPOS 
DE FERIMENTO - 
VACINA
SAT ou IGHAT
Incerta ou 
< de 3 doses SIM NÃO SIM SIM
3 doses ou >; 
última dose há 
< de 5 anos
NÃO NÃO NÃO NÃO
3 doses ou >; 
última dose entre 
5 a 10 anos
NÃO NÃO SIM NÃO
3 doses ou >; 
última dose há > 
de 10 anos
SIM NÃO SIM NÃO
21VIOLÊNCIA SEXUAL
instituições de referência devem ofe-
recer suporte laboratorial para a exe-
cução dos exames recomendados e 
de outros que, a critério clínico, pos-
sam ser necessários. 
A realização de hemograma e dosa-
gem de transaminases é necessária 
somente para mulheres que iniciem a 
profilaxia com antirretrovirais, deven-
do ser solicitados no primeiro atendi-
mento e repetidos após duas sema-
nas de uso da profilaxia antirretroviral 
e a critério clínico. 
11. GRAVIDEZ 
DECORRENTE DE 
VIOLÊNCIA SEXUAL
A mulher em situação de gravidez 
decorrente de violência sexual, bem 
como a adolescente e seus represen-
tantes legais, devem ser esclarecidos 
sobre as alternativas legais quanto ao 
destino da gestação e sobre as pos-
sibilidades de atenção nos serviços. É 
direito desses mulheres e adolescen-
tes serem informadas da possibilida-
de de interrupção da gravidez. 
Da mesma forma e com mesma 
ênfase, devem ser esclarecidas do 
direito e da possibilidade de man-
terem a gestação até o seu térmi-
no, garantindo-se os cuidados pré-
-natais apropriados para situação. 
Nesse caso, também devem receber 
informações completas e precisas 
sobre as alternativas após o nasci-
mento, que incluem a escolha entre 
permanecer com a futura criança e 
inseri-la na família, ou proceder com 
mecanismos legais de doação. Nes-
sa última alternativa, os serviços de 
saúde devem providenciar as medi-
das necessárias junto às autoridades 
que compõe a rede de atendimento 
para garantir o processo regular de 
adoção. 
Em relação aos aspectos legais, de 
acordo com o Decreto-Lei 2.848, de 
7 de dezembro de 1940, artigo 128, 
inciso II do Código Penal brasileiro, o 
abortamento é permitido quando a 
gravidez resulta de estupro ou, por 
analogia, de outra forma de violên-
cia sexual. O código penal não exige 
qualquer documento para a prática do 
abortamento nesse caso, a não ser o 
consentimento da mulher. Assim, a 
mulher que sofre violência sexual não 
tem o dever legal de noticiar o fato à 
polícia. Deve-se orientá-la a tomar as 
providências policiais e judiciais cabí-
veis, mas caso ela não o faça, não lhe 
pode ser negado o abortamento. O 
Código Penal afirma que a palavra 
da mulher, que busca os serviços 
de saúde afirmando ter sofrido vio-
lência, deve ter credibilidade, ética 
e legalmente, devendo ser recebi-
da como presunção de veracidade. 
O objetivo do serviço de saúde é ga-
rantir o exercício do direito à saúde, 
portanto não cabe ao profissional de 
saúde duvidar da palavra da vítima, o 
que agrava mais ainda as consequ-
ências da violência sofrida. 
22VIOLÊNCIA SEXUAL
Caso revele-se, após o abortamento, 
que a gravidez não foi resultado de 
violência sexual somente a gestante 
responderá criminalmente pelo crime 
de aborto se todas as cautelas proce-
dimentais foram cumpridas pelo ser-
viço de saúde. 
Outro aspecto importante é a garantia 
dada ao médico, pelo Código de Ética 
Médica, de objeção de consciência e 
o direito de recusa em realizar o abor-
tamento em casos de gravidez resul-
tante de violência sexual. No entanto, 
é dever do médico informar à mulher 
sobre seus direitos e, no caso de ob-
jeção de consciência, deve garantir 
a atenção ao abortamento por outro 
profissional da instituição ou de outro 
serviço. Não se pode negar o pronto 
atendimento à mulher em qualquer 
caso de abortamento, afastando-
-se, assim, situações de negligên-
cia, omissão ou postergação de 
conduta que viole a lei, o código de 
ética profissional, e os direitos hu-
manos das mulheres. 
Cabe ressaltar que não há direito de 
objeção de consciência em caso de: 
• risco de morte para a mulher.
• qualquer situação de abortamen-
to juridicamente permitido, na qual 
existe a ausência de outro profis-
sional que o faça.
• quando a mulher puder sofrer da-
nos ou agravos à saúde em razão 
da omissão do profissional.
• no atendimento de complicações 
derivadas do abortamento inse-
guro, por se tratar de casos de 
urgência.
Procedimentos de justificação e 
autorização para a interrupção de 
gestação
Alguns procedimentos devem ser 
adotados pelos serviços de saú-
de para a realização do abortamen-
to em situações de violência sexual. 
Cinco diferentes termos devem ser 
documentados:
1) TEMO DE CONSENTIMENTO LI-
VRE E ESCLARECIDO (TCLE): é um 
documento imprescindível. Nesse 
deve constar a declaração da mulher 
e/ou de seu representante legal pela 
escolha da interrupção da gestação, 
ciente da possibilidade de manter a 
gestação até seu término e das alter-
nativas existentes nesse caso, além 
do conhecimento dos desconfortos e 
riscos possíveis decorrente dos pro-
cedimentos médicos adotados para o 
abortamento.
2) TERMO DE RESPONSABILIDADE: 
é assinado pela mulher e/ou seu re-
presentante legal, onde declaram que 
as informações prestadas para a equi-
pe de saúde correspondem à legítima 
expressão da verdade. Deve constar 
que os declarantes estão cientes das 
consequências dos crimes de Falsi-
dade Ideológica e de Aborto previs-
tos no Código Penal.
23VIOLÊNCIA SEXUAL
3) TERMO DE RELATO DE CIR-
CUNSTANCIADO: a mulher e/ou seu 
representante legal devem descrever 
as circunstâncias da violência sexual 
sofrida que resultaram em gravidez. 
Deve constar a data, o horário aproxi-
mado, o local, e a descrição detalhada 
do ocorrido. 
4) PARECER TÉCNICO: é assinado 
por médico, atestando a compatibili-
dade da idade gestacional com a data 
da violência sexual alegada, afastan-
do-se a hipótese da gravidez decor-
rente de outra circunstância diferente 
da violência sexual. 
5) TERMO DE APROVAÇÃO DE 
PROCEDIMENTO DE INTERRUP-
ÇÃO DE GRAVIDEZ: é firmado pela 
equipe multiprofissional e pelo diretor 
ou responsável pela instituição.
Recomendações gerais
• Todos os termos,devidamente as-
sinados, devem ser anexados ao 
prontuário hospitalar e cópia de 
cada um deve ser entregue para 
mulher e/ou representante legal. 
Os casos que não receberam apro-
vação devem ter motivos justifica-
dos e cuidadosamente registrados 
em prontuário hospitalar. 
• Caso a equipe de saúde entenda 
que o usuário não possui condições 
de decidir sozinho sobre alguma 
intervenção em razão de sua com-
plexidade, deve, primeiramente, 
realizar as intervenções urgentes 
que se façam necessárias, e, em 
seguida, abordar o adolescente de 
forma clara quanto a necessidade 
de que um responsável o assista e 
o auxilie no acompanhamento. 
• A ausência dos pais ou responsá-
veis não deve impedir o atendi-
mento pela equipe de saúde em 
nenhuma consulta. Todos os es-
clarecimentos e riscos sobre abor-
to legal devem ser fornecidos à 
adolescente. É indispensável co-
municar, esclarecer e acordar com 
a adolescente sobre o momen-
to e os procedimentos que serão 
realizados. 
• Quando houver indicação de um 
procedimento invasivo, como no 
caso do aborto, torna-se necessá-
ria a presença de um dos pais ou 
responsável, excluindo-se as situ-
ações de urgência, quando há ris-
co de vida iminente, e em casos de 
violência sexual. 
• Havendo desejo de continuidade 
da gravidez pela adolescente e 
discordância dos pais ou respon-
sáveis que desejam o aborto, o 
serviço deve respeitar o direito de 
escolha da adolescente e não rea-
lizar nenhum encaminhamento ou 
procedimento que se oponha a sua 
vontade. Nesses casos deve ser 
oferecido acompanhamento psi-
cossocial à família e à adolescente. 
24VIOLÊNCIA SEXUAL
• Em casos onde haja posiciona-
mentos conflitantes, onde a ado-
lescente deseja a interrupção da 
gravidez e a família não deseja, e 
estes não estejam envolvidos na 
violência sexual, deve ser buscada 
a via judicial, através do Conselho 
Tutelar ou Promotoria de Justiça da 
Infância e da Juventude, que deve-
rão, através do devido processo le-
gal, solucionar o impasse. 
• Para menores de 18 anos grávidas 
com direito ao aborto legal, devem 
ser acolhidas e esclarecidas sobre 
seu direito à escolha da opção do 
abortamento, sendo necessária a 
autorização de responsáveis ou 
tutores para a solicitação do pro-
cedimento. Para menores de 14 
anos, necessitam adicionalmente 
de uma comunicação ao Conse-
lho Tutelar e acompanhamento do 
processo, com sua solicitação de 
agilização. 
• Em situações em que há recusa da 
adolescente em informar o caso a 
sua família e receio que a comuni-
cação ao responsável legal impli-
que em afastamento da usuária ou 
dano à sua saúde, aceita-se a in-
dicação, pela adolescente, de uma 
pessoa maior e capaz para o acom-
panhamento e auxílio da equipe de 
saúde na condução do caso.
Procedimentos de interrupção da 
gravidez
Sob a perspectiva da saúde, aborta-
mento é a interrupção da gravidez até 
a 20ª ou 22ª semana de gestação e 
com produto da concepção pesando 
menos que 500 g. Para realizar esse 
procedimento deve-se levar em con-
sideração o cumprimento de algumas 
medidas e cuidados simples para que 
o abortamento seja oferecido de for-
ma segura e acessível para a mulher 
nos serviços de saúde. 
Determinar a idade gestacional é im-
portante para a escolha do método 
do abortamento e para estabelecer a 
concordância entre a idade gestacio-
nal e o período da violência. Além dis-
so, o exame clínico e a ultrassonogra-
fia (USG) são necessários para afastar 
a ocorrência de gravidez ectópica ou 
de gestação molar. Sempre que pos-
sível, o exame ultrassonográfico deve 
ser realizado em local ou horário dife-
rente daquele utilizado para o atendi-
mento pré-natal, evitando constran-
gimento e sofrimento para a mulher. 
Durante o exame, deve-se evitar co-
mentários desnecessários sobre as 
condições fetais. Antecedentes de 
doenças pré-existentes, reações alér-
gicas, medicamentos em uso e trans-
tornos de coagulação também deve 
ser investigados. 
• Para a interrupção da gravidez 
de até 12 semanas de idade ges-
tacional o método de escolha e a 
25VIOLÊNCIA SEXUAL
aspiração a vácuo intrauterina, 
recomendado pela OMS. Esse pro-
cedimento é muito seguro, rápido 
e eficiente. As complicações são 
excepcionais e, raramente, de gra-
vidade relevante. A Aspiração Elé-
trica a Vácuo (AEV) utiliza bomba 
de vácuo de fonte elétrica, o que 
exige equipamento nem sempre 
disponível. Alternativamente, pode 
ser realizada a Aspiração Manu-
al Intrauterina (Amiu) com uso de 
cânulas flexíveis de Karman com 
diâmetros entre 4 e 12 mm aco-
pladas a seringa com vácuo de 
60cc, promovendo raspagem e 
aspiração simultânea da cavidade 
uterina. Além disso, o abortamen-
to medicamentoso com uso de 
misoprostol (via vaginal preferen-
cialmente) também é uma opção 
válida. 
Para a interrupção da gravidez de 
após 12 semanas de idade gesta-
cional o abortamento medicamen-
toso constitui o método de eleição. 
Para gestações com mais de 12 e 
menos de 22 semanas de idade ges-
tacional recomenda-se a utilização do 
misoprostol para a dilatação cervical 
e a expulsão ovular. A mulher deve 
permanecer, obrigatoriamente, in-
ternada até a conclusão da interrup-
ção, completando-se o esvaziamento 
uterino com curetagem nos casos de 
abortamento incompleto. 
Para casos de gestações com mais 
de 22 semanas de idade gestacio-
nal não há indicação para interrupção 
da gravidez. A mulher deve ser infor-
mada da impossibilidade de atender a 
solicitação do abortamento e aconse-
lhada ao acompanhamento pré-natal 
especializado, facilitando-se acesso 
aos procedimentos de adoção, se as-
sim desejar.
26VIOLÊNCIA SEXUAL
EXCETO
+
+
SAT IGHAT
TRATAMENTO DIGNO E RESPEITOSO, SEM JULGAMENTOS
ATÉ 12 
SEMANAS
PERMANECER COM A FUTURA CRIANÇA
LEVONOR-
GESTREL
(1ª ESCOLHA)
IGHAHB
(IMUNI-
ZAÇÃO 
PASSIVA)
AS VÍTIMAS 
TEM DIREITO A 
INTERRUPÇÃO 
DA GRAVIDEZ 
(ABORTO)
RESPEITO A AUTONOMIA DA VÍTIMA
ESCUTA QUALIFICADA
GARANTIA DA PRIVACIDADE/CONFIDENCIALIDADE DAS INFORMAÇÕES
RELAÇÃO DE EMPATIA
ACOLHIMENTO
HISTÓRIA 
DETALHADA
EXAME CLÍNICO/
GINECOLÓGICO
EXAMES 
COMPLEMENTARES
EXPLIÇÃO PRÉVIA 
DOS LOCAIS DO 
CORPO TOCADOS
ESCLARECIMENTO 
DOS PROCEDIMENTOS 
REALIZADOS
RESPEITO A RECUSA 
DA PACIENTE
IDENTIFICAÇÃO 
DAS LESÕES
COLETA DE MATERIAL 
BIOLÓGICO (VESTÍGIOS)
LOCALIZAÇÃO
TAMANHO
NÚMERO
FORMA
SECREÇÃO 
VAGINAL
SECREÇÃO 
ANAL
FLUIDOS DEPO-
SITADOS NA PELE
VESTÍGIO 
SUBUNGUEAL
VESTES/OBJE- 
TOS COM MATERIAL 
BIOLÓGICO
CABELO/PELO
CÉLULAS DA 
MUCOSA ORAL
ARMAZENAMENTO 
ADEQUADO
FLUXOS DE 
TRANSFERÊNCIA 
ESTABELECIDOS 
POR 
AUTORIDADES 
LOCAIS 
SEGURANÇA 
DO MATERIAL
ATENDIMENTO 
À VÍTIMA DE 
VIOLÊNCIA 
SEXUAL
PROFILAXIA DE ISTs 
NÃO VIRAIS
ANTICONCEPÇÃO 
DE EMERGÊNCIA
PROFILAXIA HIV
IMUNOPROFILAXIA 
HEPATITE B
ACOMPANHAMENTO 
PSICOLÓGICO
ORIENTAR QUANTO 
AO DIREITO DE 
REGISTRAR BO
PREENCHIMENTO DA 
FICHA DE NOTIFICAÇÃO 
COMPULSÓRIA
PROFILAXIA 
PARA TÉTANO
REGISTRO EM 
PRONTUÁRIO
SINAN
CRIANÇAS/
ADOLES- 
CENTES
IDOSOS
NOTIFICAR 
CONSELHO 
TUTELAR
NOTIFICAR 
CONSELHO 
DO IDOSO/
MINISTÉRIO 
PÚBLICO
PREENCHIMENTO DOS 5 
TERMOS DE JUSTIFICAÇÃO/
AUTORIZAÇÃO DE 
ABORTAMENTO
ENCAMINHAR A 
ADOÇÃO
EM CASOS DE 
URGÊNCIA
QUANDO HÁ 
RISCO DE DANOS À 
SAÚDE DA MULHER 
POR OMISSÃO DO 
PROFISSIONAL
NA AUSÊNCIA DE 
OUTRO PROFISIONAL
QUANDO HÁ RISCO DE 
MORTE DA MULHER
ASPIRAÇÃO A VÁCUO 
INTRAUTERINA
APÓS 12 
SEMANAS
MISOPROSTOL (FORMA 
MEDICAMENTOSA)
GRAVIDEZ PÓS-
VIOLÊNCIA
INFORMAR À VÍTIMA 
POSSIBILIDADE DE 
MANTER GESTAÇÃO 
O MÉDICO TEM 
DIREITO À OBJEÇÃO 
DE CONSCIÊNCIA
TDF
3TC
DTG
VACINA 
ANTI- 
HEPATITE 
B (IMUNI-
ZAÇÃO 
ATIVA)
PENICILINA 
G BENZATINA
CEFTRIAXONA
AZITROMICINA
METRONIDAZOL
SÍFILIS
GONORRÉIA
INFECÇÃO 
POR CLAMÍDIA
TRICOMONÍASE
MÉTODO DE 
YUZPE
(2ª ESCOLHA)
LIMITE 
DE 5 DIAS
PROCEDIMEN-
TOS DE INTER-
RUPÇÃO
MAPA MENTAL: GERAL
27VIOLÊNCIA SEXUAL
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Pro-
gramáticas Estratégicas.Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexu-
al contra mulheres e adolescentes: norma técnica. 3ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde e Ministério da Justiça. Norma Técnica – Atenção humanizada 
às pessoas em situação de Violência Sexual com Registro de Informações e coleta de ves-
tígios. 2015. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigi-
lância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das 
Hepatites Virais. PCDT: Profilaxia pós exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e 
Hepatites Virais. 2018.
DELZIOVO, Carmem Regina; BOLSONI, Carolina Carvalho; NAZARIO, Nazaré Otília  and  CO-
ELHO, Elza Berger Salema. Características dos casos de violência sexual contra mulheres 
adolescentes e adultas notificados pelos serviços públicos de saúde em Santa Catarina, Bra-
sil. Cad. Saúde Pública [online]. 2017, vol.33, n.6, e00002716.  Epub July 13, 2017. ISSN 
1678-4464.  https://doi.org/10.1590/0102-311x00002716.
28VIOLÊNCIA SEXUAL

Outros materiais