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Mecânica dos Solos I INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS (Aula 5) Profa. Muriel B. de Oliveira 5.1 INTRODUÇÃO: ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA - LIMITES DE ATTERBERG Na engenharia dos solos podemos aplicar vários métodos para verificar o comportamento do solo, em especial dos solos finos. Verificamos que, quanto menor a partícula do solo, maior é a sua superfície específica. As partículas se comportam de forma adversa quando possuem superfícies específicas em contato com a água, as argilas diferem gradualmente pela sua estrutura mineralógica e pelos cátions, bem como pelo teor de umidade. Uma amostra de silte pode ser muito mole, enquanto que a argila pode ser rígida e não flexível. Atterberg em 1911 desenvolveu um método empírico para a determinação da consistência do solo. O solo argiloso quando esta muito úmido se comporta como um líquido, quando perde água ela passa a ficar plástico e quando fica seco torna-se quebradiço. 5.1 INTRODUÇÃO: ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA - LIMITES DE ATTERBERG 5.1 INTRODUÇÃO: ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA - LIMITES DE ATTERBERG ✓ PLASTICIDADE DOS SOLOS 5.1 INTRODUÇÃO: ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA - LIMITES DE ATTERBERG ESTADOS DE CONSISTÊNCIA 5.1.1 LIMITE DE LIQUIDEZ (LL OU WL) O limite de liquidez corresponde ao teor de umidade para mudança de estado de uma pasta de solo, que quando umidificada, é ressecada, e se transforma numa massa plástica. Ou seja, é o teor de umidade para qual o solo passa do estado sólido para o estado líquido. Nesse caso, o solo está saturado (S=1) e seu volume diminui. O valor do limite de liquidez aumenta com a diminuição do tamanho das partículas do solo. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ (LL OU WL) O ensaio do Limite de Liquidez por Casagrande é calculado baseando-se no teor de umidade do solo, colocado numa concha metálica, devendo fechar uma ranhura no solo feita com o cinzel, por meio de 25 golpes, a velocidade constante, desta concha contra uma base fixa. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ (LL OU WL) O ensaio do Cone de Laboratório é um método alternativo para determinação do LL. Os procedimentos para preparação da amostra são os mesmos do ensaio de Casagrande, após preenchemos um reservatório com a pasta de solo e nivelamos o topo. Em seguida, registramos a leitura no momento que o cone toca a superfície da amostra e 5 segundos após. A penetração do cone é a diferença das duas leituras. Deve ser preparada uma nova amostra no mesmo teor de umidade, fazendo as leituras como citado anteriormente. ENSAIOS PARA DETERMINAÇÃO DO LIMITE DE LIQUIDEZ (LL OU WL) No ensaio do Cone de Laboratório, da mesma forma que no ensaio Casagrande, o procedimento deve ser repetido no mínimo quatro vezes. O resultado é apresentado no gráfico com os valores de penetrações (em mm) versus o teor de umidade. O LL é o resultado do teor de umidade correspondente a 20 mm de penetração 5.1.2 LIMITE DE PLASTICIDADE (LP OU WP) O limite de plasticidade corresponde ao teor de umidade limite entre o estado plástico e o estado semissólido. No limite de plasticidade o solo se torna friável, se desintegrando e desagregando facilmente, quando sujeito a tensão. Os valores médios para o LP ou WP para diferentes solos seguem os parâmetros abaixo: 5.1.2 LIMITE DE PLASTICIDADE (LP OU WP) O ensaio para definir o Limite de Plasticidade é realizado rolando um solo numa tábua de vidro fosco, sob a palma da mão, até que ele fique em forma de bastão com espessura de 3 mm de diâmetro e 10 cm de comprimento. A amostra é parte do solo reservado durante o ensaio do limite de liquidez e adicionando água até a amostra ficar bem plástica. O ensaio é repetido várias vezes cada vez com o menor teor de umidade possível. 5.1.2 LIMITE DE PLASTICIDADE (LP OU WP) 5.1.3 LIMITE DE CONTRAÇÃO (LC OU WC) Quando um solo fino perde seu teor de umidade, ele se contrai, diminuindo seu volume. O limite de contração corresponde ao teor de umidade no qual o solo não mais varia de volume ao secar, mesmo se houver mais perda d’água. É o teor de umidade entre os estados semissólido e sólido. A determinação desse parâmetro é de grande importância, pois o solo se contraindo pode causar recalques nas fundações e, consequentes patologias nas construções, como fissuras nas edificações e ondulação nos pavimentos, por exemplo. 5.1.3 LIMITE DE CONTRAÇÃO (LC OU WC) A determinação do limite de contração pode ser feita de modo indireto pelos índices físicos do solo (equação 5.1), considerando que: • O solo está saturado no LC; • O volume (V) da amostra no LC é igual ao seu volume no estado seco em estufa; •𝑾𝒔 é a massa seca da amostra (em estufa); • 𝑽𝟎: volume inicial da amostra; • A densidade específica dos grãos é G. 5.2 PARÂMETROS DEFINIDOS ÍNDICES DE CONSISTÊNCIA Para descrever o solo em seu estado natural, após a determinação dos limites de consistência, agora vamos determinar os índices de consistência: Índice de plasticidade (IP), Índice de consistência (IC) e Índice de Liquidez (IL). 5.2.1 ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) O índice de plasticidade corresponde à diferença entre o limite de liquidez (LL) e o limite de plasticidade (LP). É indicativo do teor de umidade na qual o solo pode ser considerado plástico. 𝐼𝑃=𝐿𝐿−𝐿𝑃 % (5.3) 5.2.1 ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) Quanto maior for o valor de IP, mais coesivo é o solo. É empregado na especificação da qualidade dos solos empregados em obras de pavimentação e de terra e em correlações com parâmetros de compressibilidade. • Solo fracamente plástico: 1<𝐼𝑃<7 • Solo medianamente plástico: 7<𝐼𝑃<15 • Solo altamente plástico: 𝐼𝑃>15 • Solo não plástico: quando não tem como determinar LL ou LP 5.2.2 ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA RELATIVA (IC) O índice de consistência relativa indica a posição da umidade natural em relação ao limite de liquidez na faixa de plasticidade. É indicativo do grau de consistência do solo em seu teor de umidade natural. (5.4) • Solo muito mole (solo no estado fluido): 𝐼𝐶<0 • Solo mole (solo no estado plástico): 0<𝐼𝐶<0,5 • Solo médio (solo no estado plástico): 0,5<𝐼𝐶<0,75 • Solo rijo (solo no estado plástico): 0,75<𝐼𝐶<1 • Solo duro (solo no estado sólido ou semissólido): 𝐼𝐶>1 5.2.3 ÍNDICE DE LIQUIDEZ (IL) O índice de liquidez indica a posição da umidade natural em relação ao limite de plasticidade dentro da faixa de plasticidade. É indicativo da sensibilidade e pré-adensamento dos solos argilosos. (5.5) • Argilas extra-sensíveis: 𝐼𝐿>1 • Argilas normalmente adensadas: 𝐼𝐿≈1 • Argilas pré-adensadas: 𝐼𝐿≈0 • Argilas muito pré-adensadas: 𝐼𝐿<0 ✓ ÍNDICE DE ATIVIDADE COLOIDAL (IA) Na aula 2 vimos na equação 2.3 o índice de atividade coloidal das argilas. Esse índice avalia o potencial da fração argilosa em conferir plasticidade e coesão ao solo. • Solo Inativo: 𝐴<0,75; • Solo de atividade normal: 0,75<𝐴<1,25; • Solo ativo: 𝐴>1,25. EXEMPLOS 1) Determinar o limite de contração de uma argila cujo peso específico real dos grãos é de 25 KN/m³ e o peso específico aparente seco é de 14 KN/m³. 2) Calcular o índice de grupo de um solo em que 65% do material passa na peneira de malha 200, limite de liquidez igual a 32% e índice de plasticidade igual a 13%. 3) Determinar a atividade da fração fina em um solo cuja porcentagem de argila é de 18%. Ensaios de consistência realizados com esta argila forneceram como resultados: limite de liquidez de 35% e limite de plasticidade de 20%. EXEMPLOS 4) Determinar o índice de plasticidade e o estado de consistência de uma argila que apresenta um teor de umidade de 30%, limite de liquidez de 38% e limite de plasticidade de 15%. 5) Um solo argiloso foi classificado em um perfil de sondagem como “argila de consistência mole”. Sobre uma amostra deste solo, coletada durante a sondagem. Foram realizados ensaios de consistência em laboratório e obtidos os seguintes dados: teor de umidade de 53%, limite de liquidez de 75% e limite de plasticidade de 40%. Verificar se a classificação prévia está correta. Justifiquesua resposta. REFERÊNCIAS • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6459: Determinação do limite de liquidez. Rio de Janeiro/RJ. 2016. • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7180: 2016 Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro/RJ. • BASTOS, C.A.B. Mecânica dos Solos. Notas de Aula. [S.l.]: Departamento de Materiais e Construções da Fundação Universidade Federal do Rio Grande, 2002. • BODÓ, B.; JONES, C. Introdução à Mecânica dos Solos. 1° ed. - Rio de Janeiro Ed. Livros Técnicos e Científicos, 2017. • CAPUTO, H. P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. vol. 1. 7° ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Científicos, 2016. • CAPUTO, H. P. Mecânica dos Solos e suas Aplicações. vol. 3. 7° ed. Rio de Janeiro: Ed. Livros Técnicos e Científicos, 2017. • PINTO, C. S. Curso Básico de Mecânica dos Solos em 16 aulas. 3° ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
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