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15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/6 6 Briófitas: plantas terrestres avasculares A origem do termo briófita, é derivado do grego de “bryon” que significa musgo, esse termo é usado para abranger vegetais terrestres com morfologia bastante simples, conhecidos popularmente como “musgos” ou “hepáticas”. No mundo são conhecidas cerca de 17.900 espécies e no Brasil, aproximadamente 2.961 espécies. São organismos eucariontes, pluricelulares, onde apenas os elementos reprodutivos são unicelulares, enquadrando-se no grupo de plantas terrestres. Entre as características básicas das briófitas está a presença da clorofila a e b, como principais pigmentos responsáveis por captação de energia luminosa para o processo fotossintético. Amido representa o principal produto de reserva. Outra característica do grupo é a presença da celulose na parede celular. Algumas características permitem a distinção entre algas e briófitas de forma geral, entre elas estão a cutícula que reveste o talo (corpo) das briófitas. Já em relação aos aspectos reprodutivos esse grupo têm um ciclo de vida diplobionte heteromórfico, ou seja, o esporófito parcial ou completamente dependente do gametófito, normalmente o esporófito não é ramificado e apresenta um único esporângio terminal. Tanto seus gametângios e quanto os esporângios são envolvidos por camada de células estéreis. As briófitas são características de ambientes terrestres úmidos. Apresentam uma ampla distribuição geográfica. Elas compõem o segundo maior grupo de plantas terrestres, sendo consideradas as pioneiras na transição do ambiente aquático para o terrestre. Entretanto, algumas apresentam adaptações que permitem a ocupação dos mais variados tipos de ambientes, resistindo tanto à imersão, em ambientes totalmente aquáticos, como a desidratação quando atuam como sucessores primários na colonização, por exemplo de rochas nuas ou mesmo ao congelamento em regiões polares; em alguns casos os musgos permanecem congelados sob geleiras e retornam a crescer quando as condições climáticas se tornam mais favoráveis. Apresentam-se, entretanto, sempre dependentes da água, ao menos para o deslocamento do anterozóides flagelados até a oosfera, completando o processo de reprodução sexuada. Não há registros de representantes de ocorrência em ambientes marinhos. As briófitas são organismos com ciclo de vida do tipo diplobiontes, ou seja, apresentam alternância de gerações heteromórficas entre gametófito ramificado, fotossintetizante e independente, e esporófito não ramificado e que na maioria das vezes é parcialmente dependente do gametófito. A partir da meiose ocorrida no esporófito surgem os esporos que ao germinarem originam os gametófitos. Os esporos podem originar diretamente a planta que produzirá as estruturas reprodutivas, normalmente ereta, ou originar primeiro uma fase filamentosa, com filamento unisseriado, ramificado, com paredes transversais oblíquas ao eixo longitudinal que é conhecida como protonema, essa estrutura dará origem a parte ereta. Os gametófitos são compostos por partes diferenciadas em rizóides, filídios e caulídios. Os mais simples não apresentam diferenciação entre filídio e caulídio e geralmente são prostrados, sendo denominados talosos, enquanto aqueles onde se distinguem essas estruturas, normalmente eretos, são denominados folhosos. No ápice dos gametófitos surgem estruturas de reprodução características, denominados arquegônios, onde se diferencia o gameta feminino (oosfera) e anterídios, onde se diferenciam os gametas masculinos (anterozóides). Em 15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/6 condições adequadas de umidade os anterozóides pequenos e com dois flagelos são liberados pelo rompimento da parede do anterídeo, enquanto as células da região do arquegônio rompem-se, liberando um fluído que direciona os anterozóides até a oosfera, havendo então a fecundação e formando o zigoto, que germina sobre a planta mãe e o esporófito resultante permanece ligado a ela durante toda a sua vida, apresentando dependência parcial ou total, é interessante ressaltar que os esporófitos das briófitas nunca são ramificados e apresentam diferentes graus de complexidade segundo o grupo à que pertencem, sendo formados por pé, seta e cápsula. A estrutura denominada pé fica imerso no tecido do gametófito e é responsável pela absorção de substâncias nutritivas e água. Sustentado pela seta encontra-se o esporângio, terminal, denominado cápsula, apresentando um envoltório de tecido externo com função de proteção, sendo os esporos diferenciados por meiose. Em alguns grupos de briófitas a cápsula apresenta um tipo de abertura transversal, e nela é possível ser vista o opérculo, estrutura com função de controlar e permitir a passagem (liberação) dos esporos. No opérculo localiza-se os dentes do peristômio que por movimentos higroscópicos, devidos à variação da umidade do ar, auxiliam na liberação dos esporos. Superficialmente a cápsula pode ser coberta pela caliptra, um tecido formado por restos da região do arquegônio e que fornece uma proteção adicional a capsula As briófitas podem apresentar formas de reprodução vegetativa além da reprodução gamética e espórica como visto anteriormente, entre elas estão a fragmentação, onde é possível desenvolvimento de fragmentos do talo dando origem a outro indivíduo, um clone. Alguns grupos podem apresentar estruturas especializadas formadoras de gemas ou propágulos, essas estruturas apresentam a forma de uma taça e são denominados conceptáculos. Várias são as propostas para a classificação das briófitas; mas o fato é que as briófitas aparecem separadas pela maioria dos autores em três grupos. Por exemplo, são separadas em três classes Hepaticae, Anthocerotae e Musci na classificação proposta por Schofield (1985). Já outros autores tratam essas três classes como divisões, como vimos na proposta de Raven et al. (2007), segundo tendências relacionadas ao conhecimento da filogenia desses grupos. Já na proposta mais atual (Raven, 2014) o grupo briófita é considerado como um grupo artificial composto por três linhagens evolutivas distintas, os filos Marchantiophyta, Anthocerophyta e Bryophyta, essa proposta é formanda principalmente por dados moleculares em colaboração de dados morfológicos. No presente capítulo adotaremos os grupos propostos na classificação mais atual (Raven, 2014), sendo assim que musgos, hepáticas e antóceros não formam um grupo monofilético, mas compõem três filos distintos: Anthocerotophyta (antóceros), Marchantiophyta (hepáticas) e Bryophyta (musgos) O filo Marchantiophyta, é composto por plantas também conhecidas como hepáticas, elas recebem esse nome por causa da semelhança dos gametófitos talosos com o aspecto das células do fígado de animais (hepato = fígado em grego). O grupo abrange todas as briófitas com o esporófito mais simples que conhecemos, isto é aquele no qual não há tecidos estéreis no interior da capsula. Seus representantes podem possuir gametófito taloso, com simetria dorsiventral, característicos do grupo, havendo também representantes folhosos. Geralmente seus gametófitos apresentam talo de aspecto lobado, fixo ao substrato por rizóides unicelulares, células com vários cloroplastos, anterídios e arquegônios superficiais. Sendo que em várias espécies do grupo o talo pode 15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/6 apresentar áreas losangulares, no centro dos quais há um poro aerífero. Nesse grupo o protonema é reduzido, constituído por poucas células, sendo considerado por alguns autores como ausente. Por sua vez o esporófito é delicado, de tamanho reduzido e geralmente aclorofilado, muitas vezes não sendo visível a olho nu. A cápsula é simples,sendo envolvida por uma camada de tecido. A maturação dos esporos é simultânea. A liberação dos esporos de seu interior é feita através de uma abertura longitudinal dessa parede. A dispersão dos esporos é auxiliada por elatérios, células mortas que ocorrem entre esporos, apresentando paredes com reforço em espiral que, através de movimentos higroscópicos. O filo Anthocerophyta é constituído por representantes talosos, com simetria dorsiventral sendo o talo, de aspecto lobado, fixo ao substrato por rizóides unicelulares. As células do gametófito apresentam apenas um cloroplasto. Seus anterídios e arquegônios se encontram imersos no tecido vegetativo, o que constitui uma semelhança deste grupo com as pteridófitas. Já o esporófito dos antóceros é bem característico, não apresentando seta e possuindo uma cápsula alongada e clorofilada. A região basal da cápsula apresenta células meristemáticas que permitem seu crescimento indefinido e a liberação contínua de esporos. A maturação desses esporos ocorre gradualmente da base para o ápice do esporófito, até que sejam liberados através de uma fenda longitudinal no ápice da cápsula. É de se destacar a complexidade do esporófito que possui uma columela central, ao redor do qual se encontram os esporos em vários graus de diferenciação, os pseudo- elatérios pluricelulares e higroscópicos e uma camada de tecido pluriestratificada que envolve o tecido esporógeno, externamente diferenciada em uma epiderme e onde ocorrem as células com cloroplastos. Na epiderme podem diferenciar-se estômatos não funcionais. Os gametófitos dos antóceros podem abrigar algas azuis do gênero Nostoc, que ocorrem associadas. O filo que representa o grupo dos musgos é Bryophyta, constituído por representantes com gametófitos folhosos de simetria radial, normalmente eretos, fixos ao substrato por rizóides pluricelulares. Apresentam vários cloroplastos por célula e desenvolvimento de protonema. Anterídios e arquegônios são superficiais. Os maiores representantes de briófitas estão nesta classe, podendo exceder a 30 cm de comprimento. O esporófito é bem visível, clorofilado e bastante diferenciado, apresentando cápsula envolta por tecido de várias camadas onde a camada externa pode apresentar um tipo primitivo de estômatos. No interior da cápsula encontram-se os esporos, ao redor de uma columela. A maturação dos esporos no interior da cápsula é simultânea. A deiscência é transversal, através da abertura do opérculo, sendo a dispersão dos esporos auxiliada por movimentos higroscópicos do peristômio. Ecologicamente as briófitas, juntamente com liquens e cianobactérias, são os pioneiros no processo de sucessão da vegetação. Eles auxiliam no processo de formação do solo e proporcionam meio adequado para a germinação das sementes, o que levará ao estabelecimento das comunidades vegetais. Elas podem atuar como extensos tapetes de musgos que conseguem reter grande quantidade de água são importantes substratos para a germinação das sementes das plantas vasculares. Outras espécies de briófitas associam-se a cianobactérias, aumentando a fixação de nitrogênio como por exemplo os antóceros associado a Nostoc. Outros estudos mostram que elas podem ser boas indicadoras ecológicos da qualidade do solo nas florestas, das condições de pH e níveis de água e indicam a presença de cálcio e outros nutrientes na água. Economicamente o musgo Sphagnum é aproveitado por sua capacidade de absorção e retenção de líquidos sendo utilizado, por exemplo, na horticultura ou 15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/6 em derrames de petróleo. A massa formada proveniente da deposição pela mistura do musgo Sphagnum com outras pequenas plantas em regiões pantanosas ou alagadas é chamada de turfa. Devido ao seu alto teor de carbono, a turfa é altamente combustível, sendo empregada em muitos países, tanto nas indústrias quanto para o aquecimento de casas. REFERÊNCIAS Oliveira, E.C. 2003. Introdução à biologia vegetal. 2a ed. EDUSP, São Paulo. Peralta, D.F. 2005. Musgos (Bryophyta) do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo. Peralta, D.F. & Yano, O. 2011.Bryophytes checklist (Antocerotophyta, Bryophyta and Marchantiophyta) of São Paulo State. Biota Neotrop., 11:157- 160. Raven, P.H.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2014. Biologia Vegetal. 8a ed. Editora Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro. Sadava, D., H.C. Heller, G.H. Orians, W.K. Purves & D.M. Hillis. 2009. Vida. A ciência da biologia. Vol. 2. Artmed, Porto Alegre. Schofield, W.B. 1985. Introduction to Bryology. Macmillan Publishing Company, New York. Schofield, W.B. 2001. Introduction to bryology. Blackburn Press. Calwell, New Jersey. Simpson, M.G. 2006. Plant systematics. Elsevier, Amsterdam. Vanderpoorten, A. & Goffinet, B. 2009. Introduction of Bryophytes. Cambridge University Press, 294p. Yano, O. & Câmara, P.E.A.S. 2004. Briófitas de Manaus, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica 34(3): 445-457. Yano, O. & Peralta, D.F. 2007. Musgos (Bryophyta). In: J.A. Rizzo (coord.). Flora dos Estados de Goiás e Tocantins: Criptógamos, v. 6, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, pp. 1-333. Yano, O. 2010. Levantamento de novas ocorrências de briófitas brasileiras. Instituto de Botânica. CDU582.32/WWW.ibot.sp.gov.br/Briófitas Brasileiras/BriófitasMIOLOECAPA.pdf. Exercício 1: As briófitas são organismos com ciclo de vida do tipo diplobiontes, ou seja, apresentam alternância de gerações heteromórficas entre gametófito ramificado, fotossintetizante e independente, e o esporófito se caracteriza por ser: 15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/6 A) Com raízes B) Com folhas grandes C) não ramificado D) ramificado E) lenhoso Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários Exercício 2: As briófitas são características de ambientes terrestres úmidos. A partir da meiose ocorrida no esporófito surgem os esporos que ao germinarem originam os gametófitos, que se caracterizam: A) são compostos por partes diferenciadas em raizes, filídios e caulídios. B) são compostos por partes diferenciadas em rizóides, folhas e caulídios. C) Por serem vascularizados 15/10/2020 UNIP - Universidade Paulista : DisciplinaOnline - Sistemas de conteúdo online para Alunos. https://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 6/6 D) são compostos por partes diferenciadas em rizóides, filídios e caulídios. E) Por possuírem sementes em esporos. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários
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