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Inteligência artificial - Impactos e projeções

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Universidade Federal Fluminense
Departamento de Engenharia Química
Disciplina: Inteligência Artificial: Fundamentos e aplicações
Professor: João Felipe Mitre de Araujo
Inteligência artificial
Relatório 1
DANIEL MATHEUS FERNANDES ROCHA
Niterói
2020
2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................3
2. DILEMAS E IMPACTOS ÉTICOS......................................................................................4
3. A TECNOLOGIA EM PROL DA SOCIEDADE...............................................................10
4. O COMPORTAMENTO SOCIAL DAQUI A 40 ANOS...................................................13
5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................17
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................18
3
1. INTRODUÇÃO
1.1 O que é Inteligência artificial? 
O termo Inteligência artificial foi cunhado pelo cientista de dados John McCarthy1 em 
1956 e pode ser definida como um ramo da ciência da computação destinado à criação e 
aperfeiçoamento de softwares que imitam comportamentos e capacidades humanas. A 
inteligência artificial se baseia na idéia de que tanto o aprendizado quanto os aspectos da 
inteligência humana podem ser descritos de forma que uma máquina possa vir a simulá-los. 
Isso significa que, com o avanço do desenvolvimento da inteligência artificial, cada vez mais 
as máquinas serão capazes de imitar o comportamento humano, como aprender novos 
conhecimentos, resolver problemas, tomar decisões e criar conceitos.
As principais características que permitiram o aprofundamento da inteligência 
artificial foram o avanço da tecnologia e dos métodos e algoritmos conhecidos. A cada dia 
que passa o volume de dados vem se tornando maior. Hoje em dia, o acesso à nuvem e o 
tráfego de dados está cada vez mais popular. O avanço da ciência da computação, de 
softwares e de algoritmos cada vez mais avançados também cresceu nos últimos 50 anos. 
Unindo-se esses fatores à evolução dos hardwares, a capacidade de processamento tornou-se 
alta e o uso da inteligência artificial é previsto como um fator fundamental tanto no processo 
produtivo quanto na vida das pessoas.
Dentre seus elementos principais estão o chamado machine learning, ou aprendizagem 
de máquina, que é a base do sistema de inteligência artificial. É a capacidade de ensinar um 
computador a fazer previsões e tomar decisões com base nos dados inseridos e na própria 
experiência. Atualmente as aplicações do machine learning estão distribuídas em diversos 
setores do meio corporativo, como combate a fraudes, tradução de textos e de voz, criação de 
bancos de dados autônomo, recomendação de conteúdos por plataformas de streaming de 
vídeo e áudio, entre outros.
Outra área de uso da IA é a de detecção de anomalias, que é e certamente será bastante 
utilizada na detecção de erros e fatores incomuns em um sistema. A pesquisa visual 
computacional é também uma das áreas aplicáveis e que permite ao software captar e 
interpretar visualmente através de imagens e vídeos e terá grande utilidade para atividades de 
reconhecimento faciais e atividades de segurança. Também é um elemento chave o 
4
processamento de idioma natural. Com o avanço da tecnologia, máquinas tornaram-se capazes 
de interpretar não apenas vozes e imagens, mas idioma e linguagem. 
Figura 1: Echo Dot, um dispositivo que vem com a assistente pessoal Alexia, da Amazon
Fonte: Amazon
O objetivo da inteligência artificial, como já mencionado, é o de simular o 
comportamento humano, assim otimizando a força de trabalho e aumentando a precisão, a 
velocidade e a simplificação do processo produtivo. Assim, a tendência será cada vez mais 
reduzir o trabalho repetitivo feito por seres humanos, reduzindo assim, possivelmente o custo 
de mão de obra (embora o custo de manutenção e reparo também sejam altos), a influência 
das emoções, o atraso, as greves e outros fatores decorrentes da mão de obra humana e 
substituí-los por máquinas com inteligência artificial, com capacidade de processamento e 
gerenciamento de dados muito mais elevada, e uma precisão e exatidão, em tese, muito maior.
2. DILEMAS E IMPACTOS ÉTICOS
O uso de máquinas com inteligência artificial, no entanto, já é tema de debates antes 
mesmo do início dos estudos propriamente ditos. Diversos nomes da literatura e da 
cinematografia já retratavam o futuro e os impactos econômicos e sociais na sociedade. 
Dentre eles estão, por exemplo, Isaac Asimov que, em 1950 publicou o livro de ficção 
científica Eu, Robô que já trazia alguns dilemas bem interessantes sobre o uso de robôs na 
sociedade e algumas projeções e críticas que ele fazia para a sociedade futura. 
5
E são justamente os dilemas éticos e morais que vem sido debatidos cada vez mais no 
decorrer dos anos. Será possível e válido que uma máquina substitua um ser humano? Qual a 
confiabilidade que se pode ter em um robô com inteligência artificial? Até que ponto a 
resolução e tomada de decisões importantes poderão ser feita por máquinas e não por 
humanos? Quais os impactos disso na vida pessoal e profissional humana? São muitos os 
dilemas colocados e que precisam ser debatidos e conversados entre os governantes, as 
corporações e os cientistas de dados. 
Paralelamente aos problemas derivados do crescente uso (e abuso) da IA, há aqueles 
que buscam cada vez mais tornar concentrar esforços para tornar a inteligência artificial 
controlável e responsiva às necessidades humanas. Empresas de tecnologia como, por 
exemplo, a Microsoft deixaa clara a necessidade de responsabilidade com o uso desse campo 
de estudo. Empresas de comunicação e plataformas de notícias científicas como Scientific 
American e World Economic Forum também exploram esse lado mais otimista e de busca 
pelo avanço responsável da tecnologia.
2.1 Privacidade
Um dos dilemas éticos cada vez mais presente e discutido atualmente é o da 
privacidade. Com o avanço da tecnologia, softwares como aplicativos de reconhecimento e 
processamento facial cresceram. Uma pesquisa realizada pelo Brookings Institution com 1535 
usuários adultos de internet dos Estados Unidos mostrou que 49% dos entrevistados acham 
que a Inteligência artificial reduzirá a privacidade pessoal, 12% acham que a IA não afetará a 
privacidade pessoal, 5% acreditam que a privacidade pessoal aumentará com a Inteligência 
artificial e 34% não sabem ou não responderam.
Essa insegurança de boa parte da sociedade deve-se muito à crescente massa de dados 
pessoais que trafega livremente na internet e que são coletados pelos sistemas de banco de 
dados de aplicativos e sites. O mau uso da Inteligência artificial e a repercussão que essas 
práticas produzem nas mídias sociais também alimentam essa preocupação quanto à 
privacidade. 
Figura 2 – Pesquisa revela o que americanos sobre a relação entre IA e privacidade
6
Fonte: Brookings Institution2
O aplicativo FaceApp, que ficou popularmente conhecido por gerar imagens de 
pessoas parecendo mais velhas com uso de Inteligência artificial gerou preocupações entre 
autoridades e pesquisadores estadunidenses. Originado de uma empresa pouco relevante da 
Rússia, há pouca informação sobre como os dados coletados pelo aplicativo são usados. 
Também não há ainda uma forte regulamentação sobre como as informações podem ser 
coletadas, manipuladas e comercializadas. Líderes democratas inclusive recomendaram que 
usuários excluíssem esse aplicativo de seus aparelhos celular3.
Um dos usos da Inteligência artificial que vem se aperfeiçoando com o tempo é o de 
reconhecimento facial. Nesse campo de estudo há o tipo de reconhecimento chamado de 
detecção de rosto, comum em telas de celulares para identificar rostos em fotos e que não gera 
tanta preocupação. Outrostipos de reconhecimento já vêm causando preocupações. São os 
tipos de reconhecimento facial para fins de verificação e autorização de acesso e aqueles em 
que uma pessoa desconhecida pode ser identificada com base em dados armazenados por 
empresas e pelo próprio governo.
Pesquisar por um rosto na internet na intenção de obter um nome está próximo de ficar 
cada vez mais disponível. A empresa russa Yandex, por exemplo, lançou recentemente o 
Yandex Image Search, um sistema de reconhecimento facial com um grande banco de dados e 
que funciona não apenas como uma pesquisa de imagens, mas como correspondência facial4. 
Diante desses fatos, percebe-se que a falta de transparência das empresas de tecnologia é o 
que mais gera preocupação. Nos Estados Unidos, essas empresas em geral, tentam cumprir as 
7
leis de privacidade e seguem políticas de transparência e responsabilidade ética. Já os 
aplicativos e sites russos possuem uma relação próxima com o governo e podem ter 
diferenças quanto a essa política de privacidade. 
Algumas perguntas ainda ficam no ar. Até que ponto é possível ter a consciência de 
que as imagens que publicadas nas redes sociais ou que são usadas por certos aplicativos 
podem ser coletadas por empresas e vendidas sem o consentimento ou a permissão 
necessária? Será que as empresas e as autoridades estão sendo honestas e transparentes com 
relação aos nossos dados? Será que a legislação acerca da privacidade não está caminhando 
de forma lenta quando comparada ao avanço tecnológico?
2.2 Emprego
Um dilema que permeia o campo da Inteligência artificial se dá acerca dos impactos 
na economia e no mercado de trabalho. Como as máquinas virão para automatizar o trabalho, 
certamente haverá uma transformação significativa no processo produtivo e na alocação de 
mão de obra. 
Essa preocupação sobre o futuro é pertinente e traz correntes pessimistas e otimistas. 
Uma visão pessimista geralmente coloca as máquinas como vilãs e que substituirão os 
humanos com facilidade, uma vez que farão tudo, ou quase tudo, melhor e mais rápido que 
um ser humano. Uma matéria do site Mother Jones5, por exemplo, exalta o progresso dos 
estudos sobre Inteligência Artificial das últimas décadas, e faz um longo discurso alarmista 
sobre os impactos negativos sobre a economia se não houver uma “forma de distribuição justa 
dos frutos do trabalho dos robôs” ressaltando o desemprego e uma pobreza em massa. Ainda 
sobre esse artigo, trabalhos considerados rotineiros serão os primeiros a serem substituídos e 
automatizados e até 2060 a IA seria capaz de realizar qualquer tarefa atualmente realizada por 
humanos.
Por outro lado, estão projeções otimistas acerca dos impactos sobre o mercado de 
trabalho. Embora muitas das ocupações atuais sejam sim substituídas, para essas projeções, 
com investimentos contínuos em pesquisa, educação e desenvolvimento, surgirão muitas 
novas tarefas humanas, especialmente no meio digital e tendo a educação como uma base 
forte e essencial para essa transição, e com inclusive maiores salários6.
Ao invés de se concentrar nos empregos que a sociedade pode vir a perder, é preciso 
haver um esforço maior em estudar como direcionar as tecnologias futuras para complementar 
8
as ações humanas de forma que o trabalho da sociedade seja em conjunto e complementar ao 
trabalho das máquinas. Um artigo do The Conversation7 faz uma comparação entre a força de 
trabalho americana na década de 1890 e a atual. Naquela época, mais da metade dos 
trabalhadores estavam envolvidos na agricultura. Com a mecanização e a evolução dos meios 
de produção houve uma mudança drástica na distribuição da mão de obra entre os setores e, 
hoje, menos de 2% estão na agricultura. E essa transformação acarretou em uma produção 
maior e com criação de novas e diferentes tarefas. 
2.3 Tomada de decisões
Um dilema atualmente discutido acerca da tomada de decisões é o quão artificial e 
pouco "humanas" podem ser as decisões baseadas em IA, especialmente no campo jurídico. 
As decisões tomadas por humanos podem ser baseadas em regras explícitas, bem como 
podem ser seletivas, havendo o descarte consciente de informações consideradas inadequadas 
ou impertinentes ao caso8. A problemática surge porque as máquinas poderiam considerar 
muitos fatores que não seriam apropriados do ponto de vista humano, e poderiam assim 
desrespeitar valores éticos e gerar decisões tendenciosas. 
Atualmente, nos Estados Unidos, há dezenas de algoritmos de avaliação de riscos 
sendo aplicados para avaliação da probabilidade de um réu se tornar reincidente. A 
Propublica9 avaliou uma dessas ferramentas e publicou um artigo indicando que havia uma 
tendência errônea do programa em apontar réus negros como reincidentes em uma taxa quase 
duas vezes maior que de réus brancos.
Atualmente, a tecnologia vem a cada dia mais sendo testada em condições reais para a 
tomada de decisões importantes como diagnósticos médicos, decisões judiciais ou em tarefas 
que envolvam segurança e situações de vida ou morte. Em fevereiro de 2017, por exemplo, o 
Uber começara a testar carros autônomos10 e em pouco mais de um ano depois, em março de 
2018 ocorreu o primeiro acidente fatal causado por um desses carros. O motorista presente no 
carro estava olhando para baixo no momento em que o carro atropelou Elaine Herzberc, de 49 
anos e a matou. O sistema de IA não diminuiu a velocidade ou evitou atropelá-lo11 e o 
episódio ficou marcado negativamente para a empresa e para a IA.
Figura 3 – Carro autônomo da empresa Uber
9
Fonte: Folheto Uber / EPA
De acordo com outro artigo do The Conversation12 o problema principal do machine 
learning está no algoritmo e nos dados usados para treinar a máquina, geralmente 
desconhecidos e de controle inconsistente. 
2.4 Discriminação, intolerância, desinformação e outros problemas
Boa parte dos dilemas acerca da Inteligência artificial está também voltada à 
possibilidade da IA ser utilizada para potencializar a desigualdade, a intolerância, a 
desinformação, a propagação de notícias falsas e os ataques cibernéticos. O uso de algoritmos 
tendenciosos segundo um estudo do governos dos EUA sobre privacidade e big data poderá 
ser usado para diversos fins maliciosos. 
Ataques usando algoritmos poderiam ser utilizados de forma fácil para promover 
campanhas e alavancar políticos e ideologias. Discursos de ódio poderão ganhar proporções 
devastadoras. A polarização e as tensões políticas, sociais e raciais poderão ser inflamadas 
com o desenvolvimento desmedido da Inteligência artificial.
Atualmente já se discute sobre o uso de algoritmos na web que tendem a criar uma 
polarização político-ideológica na sociedade com base no volume de dados consumidos. O 
livro The Filter Bubble13 de Eli Parisier conceitua o chamado filtro-bolha, que baseia-se no 
fenômenos causado pela inteligência artificial no ser humano. Cada informação enviada por 
uma determinada pessoa ao Youtube, como por exemplo, o histórico de pesquisa, “curtidas”, 
compartilhamentos, comentários tende a criar uma “bolha” de preferência fazendo com que a 
10
pessoa esteja cada vez mais imersa apenas naquele tipo de conteúdo através da recomendação 
feita pelo algoritmo. Isso elevaria o isolamento e a formação de grupos de pessoas que 
pensam de forma igual. 
Figura 4 – Vídeo contendo um “deep fake” do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama
Fonte: Youtube14
“E se, um dia antes da eleição, aparecer um vídeo, disseminado nas redes com rapidez, 
de um candidato dizendo que renuncia?” Essa é uma questão interessante abordada pelo site 
Valor Econômico15. A prática das fake news vem ganhando novos ingredientes nos últimos 
anos. O deep fake, que consiste no uso de Inteligência artificial para usar o rosto de uma 
pessoa real em outro corpo com outra voz. Hoje, assim como foi com as fake news, não há 
ainda um forte controle sobre esse uso de dados e ainda não se sabequal será o impacto do 
uso dessa tecnologia no Brasil ou no mundo. Mas certamente, o fato de muitos ainda não 
conhecerem o deep fake, pode fazer com que isto cause danos irreversíveis caso seja usado 
para fins maléficos.
O uso da IA certamente tem o seu lado positivo na tomada de decisões. Será o lado 
bom capaz de superar o mau uso da IA? Vale a pena arriscar? Para garantir que as máquinas 
trabalhem com responsabilidade, ética e que produza segurança e confiabilidade, será 
primeiro preciso saber como garantir que elas possam funcionar como planejadas e não como 
meios de dominação e uso para fins particulares. 
3. A TECNOLOGIA EM PROL DA SOCIEDADE
3.1 Como assegurar que a tecnologia seja utilizada para o crescimento da sociedade?
11
Como foi visto, o uso da Inteligência artificial pode ser usado para fins catastróficos, 
porém também tem o potencial de elevar a produtividade humana e enriquecer a vida de 
diversas maneiras, segundo o artigo do World Economic Forum16:
Cegos e deficientes visuais poderão ter suas vidas facilitadas com o desenvolvimento 
de sistemas operacionais de voz que se adaptam ao usuário. Sistemas de IA poderão também 
ser usados para adaptar programas educacionais com base nos dados fornecidos acerca dos 
talentos específicos de cada criança. 
Já na área da saúde os benefícios poderão ser inimagináveis. Softwares de IA poderão 
fazer triagens e diagnósticos de forma rápida e precisa. A burocracia e o tempo de espera 
poderá assim ser reduzida em grande parte dos serviços públicos. A segurança também será 
aperfeiçoada com o desenvolvimento do reconhecimento facial e outras tecnologias.
Mas é claro que para um dia chegarmos nesses resultados irá certamente esbarrar nos 
problemas éticos já mencionados, no avanço da ciência e também na resistência humana à 
novidade. Além de um forte incentivo à ciência, é preciso que diversas áreas do conhecimento 
se unam para estudar como proceder com essa transição tecnológica. Filósofos, sociólogos, 
juristas, psicólogos, cientistas de dados e autoridades políticas deverão conversar entre si para 
permitir que a IA trabalhe em prol da sociedade e não contra ela ou em prol de interesses 
privados ou individuais. Às empresas de tecnologia, é fundamental que elas passem a dar 
prioridade às suas políticas de privacidade e segurança, de forma a agirem com 
responsabilidade ética.
A empresa Microsoft já disponibiliza os detalhes de seu programa AI Responsável17 de 
forma a informar os principais princípios com que eles seguem: 
 Justiça
 Confiabilidade e segurança
 Privacidade e segurança
 Inclusão
 Transparência
 Responsabilidade
Dentre as abordagens usadas pelo Microsoft estão a de fomentar a inovação de forma 
responsável através do aprendizado contínuo e capacidade de resposta ágil, a capacitação de 
pessoas e o impacto positivo na sociedade. 
12
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) forneceu em 
maio de 2019 uma série de recomendações sobre o uso da IA, a proteção de privacidade e o 
fluxo de dados pessoais, entre outros18. Nesse documento encontra-se cinco princípios para o 
desenvolvimento responsável da Inteligência artificial, que objetivam:
 Crescimento inclusivo, desenvolvimento sustentável e bem-estar;
 Valores centrados no ser humano e justiça;
 Transparência e explicabilidade;
 Robustez, segurança e proteção;
 Responsabilidade
Em resumo, a OCDE buscou cobrar dos governos responsabilidade e seriedade para 
com o ser humano. A transparência, tanto discutida em vários dos dilemas éticos, deve ser 
levada em consideração pelos governos e empresas de tecnologia. O objetivo principal deve 
ser o ser humano e não as corporações.
Da mesma forma que a IA pode vir a gerar avanços tecnológicos e uma enorme 
quantidade de benefícios para a humanidade, ela também pode levar a cenários perigosos. O 
primeiro deles está relacionado à economia. Tanto do ponto de vista pessimista, quanto do 
otimista, é geralmente um consenso que muitos cargos que hoje existem serão ocupados por 
máquinas. É preciso que o governo e os cientistas preparem cuidadosamente essa transição 
para um novo cenário econômico, com criação de novos empregos e manutenção de direitos 
humanos básicos.
Outra questão é a dos interesses políticos. Atualmente muitas nações tem desenvolvido 
a sua Inteligência artificial de modo a construir armas digitais (softwares capases de causar 
dano em sistemas de computador ou alvos reais). Assim como na Guerra Fria, há agora uma 
corrida pelo avanço de sua IA e por armas cibernéticas19. 
Há ainda um problema derivado do controle de dados e o mau uso desses pelo governo 
de um país ou pelas empresas de tecnologia. A frase “Dados é o novo petróleo”, de Clive 
Humby, certamente já faz sentido para muitos CEO’s e governantes. Os detentores de um 
grande volume de dados, poderão ter um grande poder de manipulação e controle de seres 
humanos, tendências, entre outros, podendo também concentrar cada vez mais a riqueza em 
uma pequena elite. A corrida por dados é liderada por Google, Facebook (Estados Unidos) e 
Baidu e Tencent (Chine). Além de vender produtos e capturar a atenção do consumidor, eles 
13
estão também acumulando dados e mais dados e contam com o descaso da própria sociedade 
quanto a isso. Afinal, para muitos acaba sendo inevitável disponibilizar os dados a essas 
empresas ou funciona como uma relação de troca onde o usuário fornece dados e as empresas 
fornecem seus serviços de forma gratuita. 
No tocante às projeções já realizadas, Nick Bolstrom em seu livro Superintelligence: 
Paths, Dangers, Strategies chama de “alarmismo equivocado” a forma como a opinião 
pública trata o futuro com IA20, baseando-se em preocupações fanáticas acerca de exército de 
robôs dominadores e violentos e em futuros distópicos e totalitários. Ele corrobora com a 
postura de membros da comunidade científica que buscam enfraquecer esse alarmismo e 
trabalhar em questões reais à respeito da inteligência de máquina avançada. O melhor 
caminho, segundo o filósofo, é que desenvolvedores de IA e pesquisadores de segurança de 
IA estejam trabalhando juntos com paciência e moderação.
Leis e regulamentações acerca do uso de dados deverão ser discutidas e criadas 
inevitavelmente. Uma educação sobre a importância e uso de dados também deve ser 
colocada cada vez mais em pauta nas principais escolas e universidades de modo que as 
pessoas tornem-se mais conscientes sobre o uso de seus dados. Além disso, os programadores 
deverão estudar e compreender o comportamento humano se quiserem ensinar às máquinas a 
se comportarem como eles. Ensinar às máquinas ética e valores humanos deve, portanto ser 
uma das prioridades das empresas para que se evitem problemas futuros e elas possam 
trabalhar em prol do crescimento da sociedade.
4. O COMPORTAMENTO SOCIAL DAQUI A 40 ANOS
Como será o comportamento social daqui a 40 anos? Será que a IA já terá impactado 
as relações humanas e os meios de produção como é esperado? Quais as principais tendências 
para o futuro?
Empresas fornecerão serviços que atendam os nossos desejos de forma cada vez mais 
precisa e rápida, através da nossa interação com a tecnologia. A chamada “experiência 
personalizada” será cada vez mais comum. Exemplos disso não faltam hoje em dia. A 
empresa Amazon21 já vem explorando os benefícios dessa conveniência ao cliente há um 
tempo: as compras online através de um clique, os fretes grátis, as entregas rápidas, as 
recomendações personalizadas. Tudo isso já é uma mostra de como as empresas do futuro 
14
lidarão com os seus clientes e, aquelas empresas que não seguirem esse conceito, podem vir a 
ficar para trás.
Figura 5 – Evolução do valor das ações da Amazon
Fonte: The Conversation
Daqui a 40 anos, é muito provável que uso da IA esteja cada vez mais presente e haja 
uma grande quantidade de inovações tecnológicas em diferentes áreas da vidahumana. Carros 
autônomos, assistentes, dispositivos com reconhecimento facial e de voz, jogos e filmes com 
uso de IA são alguns dos exemplos que certamente terão se popularizado e influenciará as 
relações humanas. Haverá um uso cada vez maior em aplicativos, ferramentas e dispositivos à 
medida que a implatação e o desenvolvimento fique cada vez mais baratos.
Cada vez mais o ser humano se acostumará a trabalhar com máquinas acionadas por 
IA. Em 40 anos é provável que a parceria homem-máquina seja aquela em que o ser humano 
colabora com imaginação, estratégia, design e habilidades cognitivas e é ajudado pela 
capacidade de processamento e resposta rápida da máquina, que automatizarão tarefas 
demoradas e que lidem com um grande volume de dados.
A medida que a IA for tomando espaço nos meios de produção e passar a melhorar a 
execução de tarefas rotineiras, caberá também ao ser humano as tarefas mais estressantes22 e 
que exijam tomada de decisões. Isso exigirá que o profissional tenha uma boa capacidade de 
análise, de relacionamento e de raciocínio. Enquanto que um sistema de IA correlacionará 
15
dados presentes em vídeos por exemplo e executará o que o algoritmo permitir, caberá ao 
profissional humano analisar aqueles vídeos em que foi imprecisa a tomada de decisão e exige 
uma capacidade de análise mais humana e profunda.
Figura 6 – Atendimento do KFC com uso de Inteligência artificial
Fonte: Bloomberg
Atividades repetitivas deverão ser substituídas em grande escala daqui a 40 anos. Já é 
possível observar máquinas realizando o atendimento em redes de fast food nos dias de hoje. 
A KFC já usa reconhecimento facial e Inteligência artificial na China para coletar dados e 
oferecer um atendimento personalizado para os seus clientes. O software conversa com ele, 
lembra de seus último pedido e faz recomendações de forma a dar mais dinamismo e 
conveniência no atendimento23. O Mc Donald’s, tem atualmente investido em inovação e 
tecnologia e em setembro de 2019 adquiriu a Apprente24, empresa de tecnologia de 
conversação baseada em voz, visando aumentar a velocidade e a precisão no recebimento de 
pedidos. Futuramente, pedidos complexos e em diferentes idiomas poderão ser feitos aos 
softwares de IA ao invés de apenas comandos.
As relações de trabalho irão mudar, é inevitável. Será preciso refazer e reprogramar a 
mão de obra para a segunda metade do século XXI. É provável que as empresas investirão em 
capacitação e preparo de pessoas para que elas influenciem e se adptem às mudanças 
tecnológicas futuras. O perfil do trabalhador moderno futuro ideal será aquele com 
16
conhecimento acerca das tecnologias mais modernas combinado com aptidões para 
comunicação e solução de problemas. 
No livro Homo Deus25, Harari faz algumas projeções sobre o sistema econômico e 
político. Ele projeta ideias interessantes sobre a coletividade e a relevância dos seres humanos 
e sua utilidade econômica e militar. O coletivo continuará a sendo importante, mas a 
individualidade terá pouco valor. Haverá uma tendência muito maior em confiar em drones e 
robôs autônomos para cumprir objetivos militares do que em grupos de soldados humanos. As 
transações e análises econômicas também serão preferencialmente gerenciadas por algoritmos 
de Inteligência artificial.
Figura 7 – Cena de uma guerra com homens armados à esquerda e, à direita, um drone sem piloto
Fonte: Homo Deus, Yuval Harari
Livros de ficção científica já promovem discussões interessantes sobre o futuro e 
questões que podem vir a acontecer na relação entre a máquina e o ser humano. As 3 leis da 
robótica criadas pelo autor Isaac Asimov foram propostas para gerar essa discussão saudável 
sobre como os robôs podem trabalhar com os humanos sem prejudicá-los. Os contos e obras 
desse autor reforçam a idéia de que será preciso prever e resolver diversos dilemas e criar 
meios de limitar a liberdade e capacidade da máquina. Apesar de serem apenas obras fictícias, 
elas permitem a seus leitores possuirem uma visão de perspectiva sobre o mundo mais 
acurada e deveriam ser lidas mais vezes por grandes líderes empresariais segundo um artigo 
da Harvard Business Review26.
17
5. CONCLUSÃO 
As pessoas já se beneficiam da Inteligência artificial atualmente e isso tende a crescer 
cada vez mais. Alcançar um desenvolvimento humano sustentável e baseado em princípios 
éticos deverá ser buscado com responsabilidade pelas autoridades, programadores e 
detentores do poder tecnológico. Será preciso diálogo e coragem para avançar em busca do 
melhor que a IA possa oferecer em prol do crescimento da sociedade, bem como um é preciso 
haver um forte combate ao mau uso da Inteligência artificial e o seu potencial para fomentar 
guerras, ódio, radicalismo e ataques cibernéticos. 
Quanto aos dilemas e desafios que estão porvir, é preciso saber separar o fanatismo e 
alarmismo das discussões realmente pertinentes à comunidade científica. Também é 
necessário que haja transparência e responsabilidade quanto ao uso de dados, para que a 
confiança na IA possa crescer e assim permitir que o desenvolvimento da humanidade e os 
avanços tecnológicos possam caminhar juntos e com os mesmos objetivos.
18
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Leading academic who coined the term 'artificial intelligence' Disponível em < 
https://www.irishtimes.com/life-and-style/people/leading-academic-who-coined-the-term-
artificial-intelligence-1.11243>
[2] Brookings survey finds worries over AI impact on jobs and personal privacy, concern U.S. 
will fall behind China. Disponível em
 <https://www.brookings.edu/blog/techtank/2018/05/21/brookings-survey-finds-worries-over-
ai-impact-on-jobs-and-personal-privacy-concern-u-s-will-fall-behind-china/>
[3] FaceApp Makes Today’s Privacy Laws Look Antiquated Disponível em < 
https://www.theatlantic.com/ideas/archive/2019/07/faceapp-reveals-huge-holes-todays-
privacy-laws/594358/>
[4] Facial recognition for the public: Yandex Disponível em < 
https://nelsonslog.wordpress.com/2020/01/07/facial-recognition-for-the-public-yandex/>
[5] You Will Lose Your Job to a Robot—and Sooner Than You Think Disponível em < 
https://www.motherjones.com/politics/2017/10/you-will-lose-your-job-to-a-robot-and-sooner-
than-you-think/>
[6] Don’t fear a ‘robot apocalypse’ – tomorrow’s digital jobs will be more satisfying 
and higher-paid, Disponível em <https://theconversation.com/dont-fear-a-robot-apocalypse-
tomorrows-digital-jobs-will-be-more-satisfying-and-higher-paid-132075>
[7] Robots won’t steal our jobs if we put workers at center of AI revolution. Disponível em 
<https://theconversation.com/robots-wont-steal-our-jobs-if-we-put-workers-at-center-of-ai-
revolution-82474>
[8] Ethics in the Age of Artificial Intelligence. Disponível em 
<https://blogs.scientificamerican.com/observations/ethics-in-the-age-of-artificial-
intelligence/>
[9] How We Analyzed the COMPAS Recidivism Algorithm. Disponível em 
<https://www.propublica.org/article/how-we-analyzed-the-compas-recidivism-algorithm>
[10] Uber begins testing self-driving cars in Tempe área. Disponível em < 
https://www.abc15.com/news/region-southeast-valley/tempe/uber-begins-testing-self-driving-
cars-in-tempe-area>
19
[11] Uber crash shows 'catastrophic failure' of self-driving technology, experts say. 
Disponível em <https://www.theguardian.com/technology/2018/mar/22/self-driving-car-uber-
death-woman-failure-fatal-crash-arizona>
[12] Artificial intelligence: between scientific, ethical and commercial issues. Disponível em 
<https://theconversation.com/artificial-intelligence-between-scientific-ethical-and-
commercial-issues-94517>
[13] Polarização Ideológica, filtros-bolha e algoritmos nas redes digitais. Disponível em 
<https://sociotramas.wordpress.com/2018/07/30/polarizacao-ideologica-filtros-bolha-e-
algoritmos-nas-redes-digitais/>
[14] https://www.youtube.com/watch?v=cQ54GDm1eL0
[15] Deep fakes, o novo alerta para2020. Disponível em 
<https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/02/13/deep-fakes-o-novo-alerta-para-
2020.ghtml>
[16] AI has the potential to enrich our lives in so many ways – if we use it properly. Disponível 
em <https://www.weforum.org/agenda/2019/04/dont-be-scared-of-ai-its-going-to-change-
humanity-for-the-better>
[17] Princípios da AI da Microsoft. Disponível em <https://www.microsoft.com/pt-
br/ai/responsible-ai?activetab=pivot1:primaryr6>
[18] What are the OECD Principles on AI? Disponível em < http://www.oecd.org/going-
digital/ai/principles/>
[19] Artificial intelligence is the weapon of the next Cold War. Disponível em < 
https://theconversation.com/artificial-intelligence-is-the-weapon-of-the-next-cold-war-
86086>
[20] Bostrom, N. (2014). Superintelligence: Paths, dangers, strategies. Oxford University 
Press.
[21] Amazon is turning 25 – here’s a look back at how it changed the world. Disponível em 
<https://theconversation.com/amazon-is-turning-25-heres-a-look-back-at-how-it-changed-the-
world-118307>
[22] AI Is Coming for Your Favorite Menial Tasks. Disponível em 
<https://www.theatlantic.com/ideas/archive/2019/09/artificial-intelligence-will-make-your-
job-even-harder/597625/>
[23] The rise of the robo-restaurant: AI is ready to take your order. Disponível em
<https://www.weforum.org/agenda/2019/09/the-rise-of-the-robo-restaurant/>
20
[23] KFC Aims to Keep Its China Edge With AI Menu, Robot Ice Cream Maker. 
Disponível em <https://www.bloomberg.com/news/articles/2019-03-20/yum-china-is-
building-the-kfc-of-the-future>
[24] McDonald’s to Acquire Apprente, An Early Stage Leader in Voice Technology. Disponível 
em<https://news.mcdonalds.com/news-releases/news-release-
details/McDonalds/acquire/apprente>
[25] HARARI, Y. N. (2016). Homo deus: a brief history of tomorrow.
[26] Why Business Leaders Need to Read More Science Fiction. Disponível em 
<https://hbr.org/2017/07/why-business-leaders-need-to-read-more-science-fiction>

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