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Questionário de Direito Penal I - Estácio

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Questionário de Direito Penal I - Estácio
Aluno: Lucas França Rodrigues
Matrícula: 202004170619
1. Quais as fases que compõem o ITER CRIMINIS?
O iter criminis é um conjunto de fases que se sucedem para a realização de um crime, que vai desde à cogitação à consumação.
Divide-se em duas fases – interna e externa –, que se subdividem:
A) fase interna, que ocorre na mente do agente, percorrendo, como regra, as seguintes etapas: a.1) cogitação: é o momento de ideação do delito, ou seja, quando o agente tem a ideia de praticar o crime; a.2) deliberação: trata-se do momento em que o agente pondera os prós e os contras da atividade criminosa idealizada; a.3) resolução: cuida do instante em que o agente decide, efetivamente, praticar o delito. Tendo em vista que a fase interna não é exteriorizada, logicamente não é punida.
B) fase externa, que ocorre no momento em que o agente exterioriza, através de atos, seu objetivo criminoso, subdividindo-se em:
b.1) manifestação: é o momento em que o agente proclama a quem queira e possa ouvir a sua resolução. Embora não possa ser punida esta fase como tentativa do crime almejado, é possível tornar-se figura típica autônoma, como acontece com a concretização do delito de ameaça; b.2) preparação: é a fase de exteriorização da ideia do crime, através de atos que começam a materializar a perseguição ao alvo idealizado, configurando uma verdadeira ponte entre a fase interna e a execução. O agente ainda não ingressou nos atos executórios, daí por que não é punida a preparação no direito brasileiro. Excepcionalmente, diante da relevância da conduta, o legislador pode criar um tipo especial, prevendo punição para a preparação de certos delitos, embora, nesses casos, exista autonomia do crime consumado. Exemplo: possuir substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material destinado à sua fabricação (art. 253, CP) não deixa de ser a preparação para os crimes de explosão (art. 251, CP) ou de uso de gás tóxico (art. 252, CP), razão pela qual somente torna-se conduta punível pela existência de tipicidade incriminadora autônoma; b.3) execução: é a fase de realização da conduta designada pelo núcleo da figura típica, constituída, como regra, de atos idôneos e unívocos para chegar ao resultado, mas também daqueles que representarem atos imediatamente anteriores a estes, desde que se tenha certeza do plano concreto do autor.  
Exemplo: comprar um revólver para matar a vítima é apenas a preparação do crime de homicídio, embora dar tiros na direção do ofendido signifique atos idôneos para chegar ao núcleo da figura típica “matar”. b.4) consumação: é o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal.
NUCCI. Guilherme Souza. Código Penal Comentado. 20ª edição. ed. Forense. Rio de Janeiro, 2020.
2. Em que consiste o crime sob a ótica formal?
O crime é a conduta definida em lei como tal, isto é, só haverá crime se o fato ocorrido na realidade possuir perfeita identidade com aquilo que está definido em lei como crime “Para se praticar um crime, formalmente, o agente precisa realizar a conduta descrita na lei pelo legislador, violando desse modo a correspondente norma penal. (...) O conceito formal de delito está vinculado ao princípio da legalidade  (‘nullum crimen nulla poena sine lege’.” (GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antônio García-Pablos de; CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal : parte geral, 2 ed. – São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 126). 
3. Em que consiste o crime sob a ótica material?
O crime é o fato ofensivo (grave) desvalioso a bens jurídicos muito relevantes. Ele realça seu aspecto danoso (sua danosidade social) e o descreve como lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. Crime, portanto, seria, o fato humano lesivo ou perigoso (ofensivo) a um interesse relevante”. (GOMES, Luiz Flávio; MOLINA, Antônio García-Pablos de; CUNHA, Rogério Sanches. Direito Penal: parte geral, 2 ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 127).
4. Em que consiste o crime sob a ótica analítica
O conceito analítico de crime compreende a estrutura do delito. Quer se dizer que crime é composto por fato típico, ilícito e culpável. Com isso, podemos afirmar que majoritariamente o conceito de crime é tripartite e envolve a análise destes três elementos.
 5. Quais os princípios que compõem o conflito aparente de normas? Conceitue
O conflito aparente das normas surge quando duas leis penais em vigor são aparentemente aplicadas ao mesmo fato. Pressupõe, assim: unidade de infração penal; b) incidência de duas ou mais leis; c) aparente aplicação de todas as leis para a mesma hipótese; e d) efetiva aplicação de apenas uma delas. 
O conflito é solucionado por meio da aplicação dos seguintes princípios: 
I. princípio da especialidade: segundo esse princípio, a lei especial prevalece sobre a lei geral. Lei especial é aquela que contém todos os elementos da lei geral e mais um ou alguns outros chamados de especializastes (pouco importa que sejam prejudicial ou benéficos ao agente). De acordo com essa regra, os tipos derivados prevalecem sobre os tipos fundamentais (exemplo: o furto qualificado exclui o simples). Os tipos derivados são aqueles previstos nos parágrafos dos tipos penais como crime qualificado ou crime privilegiado; os tipos fundamentais são os crimes na forma simples, previstos no caput do artigo;
II. princípio da subsidiariedade: segundo esse princípio a lei primária prevalece sobre a lei subsidiária. Lei subsidiária é aquela que descreve um grau menor de violação de um mesmo bem que integra a descrição típica de um outro delito mais grave, como uma das fases da execução deste. A subsidiariedade pode ser expressa (exemplo: art. 132 do CP – “...se o fato não constitui crime mais grave...”) ou tácita (exemplo: o furto é crime subsidiário em relação ao roubo, que além da subtração de coisa alheia móvel, pressupões o emprego de violência ou grave ameaça.
III. princípio da consunção: segundo este princípio um crime mais grave absorve um outro menos grave quando este integrar a descrição típica daquele. A consunção verifica-se nas seguintes situações: 
a) crime progressivo: ocorre quando o agente pretendendo desde o início produzir o resultado mais grave pratica excessivas violações ao bem jurídico (exemplo: não há homicídio sem precedente lesão corporal). Nessa situação o resultado mais grave (morte) absorve o anterior (lesões corporais);
b) crime complexo: ocorre quando houver a fusão de dois ou mais crimes autônomos para formar um único crime. (exemplo: roubo = furto + emprego de violência ou grave ameaça). Nessa situação o fato complexo (roubo) absorve os fatos autônomos que o integram (furto e violência).
c) progressão criminosa: ocorre quando o agente pretende e consegue produzir um resultado menos grave e depois resolve produzir outro mais grave (exemplo: primeiro o agente quis e conseguiu produzir uma lesão corporal; em seguida decide matar a vítima. Nesta situação o resultado final (e mais grave) absorve o menos grave.
6. Quais as fases da vingança na história do direito penal?
Fase da vingança divina; fase da vingança privada; fase da vingança pública.
7 - Quais os tipos de criminosos existentes para Lombroso?
Criminoso nato; criminoso louco moral; criminoso epilético; criminoso louco; criminoso passional; criminoso ocasiona.
8 - Qual a função do direito penal?
A doutrina costuma apontar três funções legítimas exercidas pelo Direito Penal, quais sejam:
I. Coibir condutas que ofendam ou exponham a perigo, de forma grave, intolerante e transcendental bens jurídicos relevantes.
II. Proteger o indivíduo das reações sociais que o crime desencadeia.
III. Proteger o indivíduo do Poder do Estado.
Além destas funções tidas como legítimas, existem funções ilegítimas desenvolvidas pelo Direito Penal:
I. Função promocional: é quando o direito penal é utilizado para a promoção excessiva de determinado bem jurídico.
II. Função simbólica: ocorre quando ‘o Direito penal é utilizado para aplacar a ira e o medoda população insegura. Vale-se do Direito penal para solucionar problemas sociais, econômicos, etc. Exemplo: Leis dos Crimes Hediondos.’ ’ (GOMES, 2004).
9 - Aponte ao menos 5 princípios aplicados a teoria geral do crime.
Princípio da legalidade; princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos; princípio da intervenção mínima; princípio da fragmentariedade; princípio da insignificância. 
10 – Qual a teoria adotada para o local do crime?
A Teoria mista ou da ubiquidade é adotada pelo Código Penal brasileiro, de acordo com o art. 6º: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão (teoria da atividade), no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (teoria da atividade).
11 - – Qual a teoria adotada para o tempo do crime?
A Teoria da Atividade é adotada explicitamente pelo Código Penal brasileiro para estabelecer o tempo do cime, de acordo com o art. 4º: “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.” 
Deve-se ressaltar ainda que a doutrina elenca três possibilidades para determinar o tempo do crime: 
I. Teoria da Atividade: estabelece que crime é o momento da ação ou omição considerada delituosa;
II. Teoria do resultado: estabelece que o tempo do crime é o momento da manifestação da consumação ou do dano ao bem jurídico tutelado pelo Direito Penal.
III. Teoria da ubiquidade: estabelece que o tempo do crime será ou o momento da conduta ou o momento do resultado.
IV. Isso tem implicações, principalmente, quando o sujeito é inimputável no momento da ação, e maior de 18 anos, no momento do resultado. Nesta situação, será punido com base no ECA.
12 – Quais os princípios adotados acerca da extraterritorialidade?
Princípio da territorialidade; Princípio de nacionalidade ativa (personalidade ativa); Princípio da nacionalidade passiva (personalidade passiva); Princípio da defesa real; Princípio da justiça penal universal (justiça penal cosmopolita); Princípio do pavilhão (substituição ou bandeira).
13 – Em que consiste o princípio da bandeira?
Na aplicação da lei nacional aos crimes cometidos em aeronaves ou embarcações privadas, quando praticados no estrangeiro, mas aí não sejam julgados.
14 – Como se dá a contagem de prazo penal?
A contagem do prazo penal se faz a luz do que está previsto no Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
I. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Qualquer que seja a fração deste dia, vai contar como dia inteiro quando se tratar de prazo penal. Ex.: Se uma pessoa é presa às 23:50 horas de um determinado dia, esse dia vai contar como primeiro dia de prisão dessa pessoa, mesmo que faltem apenas 10 minutos para o final deste dia. 
II. O prazo penal é improrrogável (mesmo que termine em dia que não for útil). Porém, não impede a suspensão e interrupção do prazo. Ex.: Prescrição. Na forma do artigo 117, I do Código Penal, o recebimento da denúncia interrompe o curso do prazo prescricional, sendo este o marco inicial para a contagem do prazo da prescrição da pretensão punitiva.
III. Contam-se os dias meses e anos conforme o calendário comum. O calendário comum também é conhecido como gregoriano. Este calendário que será utilizado no computo do prazo. 
IV. Quando ao prazo de dia, está relacionado ao tempo entre a meia noite de um dia com a meia noite do dia seguinte.
V. Os meses serão contados independentemente da quantidade de dias que possuírem. O mês é contado até a véspera do mesmo dia do mês subsequente. Ex.: 00:00 horas de 15 de janeiro até às 00:00 horas de 14 de fevereiro.
VI. O ano é contado independentemente da quantidade de dias. Sua contagem se dá de um determinado mês do ano até o mesmo mês do ano seguinte. Ex.: de janeiro de 2020 até janeiro de 2021.
15 – Em que consiste a não contagem das frações não computáveis de pena?
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984), Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).
Frações de dia. Nas penas privativas de liberdade o texto legal manda desprezar as horas, que são as frações de dia. Como exemplo vamos imaginar um sujeito condenado a 6 meses e 15 dias de detenção. Ao chegar na 3ª fase da dosimetria da pena (exame das causas de aumento e de diminuição de pena). O Juiz decide impor um aumento de metade da pena. Teríamos então: 
I. Aumento de metade de 6 meses equivalente a 3 meses, que somados totalizariam 9 meses.
II. Aumento de metade de 17 dias equivaleria a 7 dias e meio (15 dividido por dois, é igual a 7,5) (sete dias e meio é equivalente a 7 dias e 12 horas), que somados totalizariam 22 dias mais 12 horas.
III. Ao final a pena seria de 9 meses, 22 dias e 12 horas. Por força deste Art. 11, ficam desprezadas as 12 horas, tornando a pena definitiva em 9 meses e 17 dias.
IV. Em caso de diminuição. O mesmo aconteceria se fosse encontrada uma causa de diminuição. Nessa situação a pena totalizaria 3 meses, 7 dias e 12 horas. As 12 horas de diminuição seriam desprezadas. 
V. Para pena de multa, a moeda a ser considerada, hoje, é o Real, o que tornaria a leitura nos seguintes termos: “... e, na pena de multa, as frações de reais”, que são representadas pelos centavos e deverão ser desprezados para efeitos de cumprimento de pagamento de multa fixada. 
16 – O que é crime?
Pode-se dizer que crime é toda conduta humana, positiva ou negativa, capaz de causar lesão penalmente relevante a um bem jurídico tutelado pelo Estado e que se adéqua a um modelo definido em lei, de natureza antijurídica, culpável e socialmente reprovável.
17 – Qual a repercussão de cumprimento de uma pena no estrangeiro para uma pena a ser cumprida no Brasil? 
Em virtude da extraterritorialidade da lei brasileira é possível que o agente seja processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como pela estrangeira, e que cumpra total ou parcialmente a pena no exterior. Nesse caso, aplica-se o artigo 8º do Código Penal, que dispõe: “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”. A redação do artigo permite concluir que dois fatores devem ser considerados: a quantidade e a qualidade das penas. Se da mesma qualidade (duas penas privativas de liberdade, por exemplo), da sanção aplicada no Brasil será abatida a pena cumprida no exterior; se de qualidade diversa (privativa de liberdade e pecuniária), o julgador deverá atenuar a pena aqui imposta considerando a pena lá cumprida. Percebe-se que o artigo 8º do Código Penal revela clara exceção ao princípio do non bis in idem.

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