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05_Direito_Penal

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MP-SP 
Analista Jurídico do MP 
 
Parte Geral do Código Penal: A aplicação da lei penal: Da Lei Penal no tempo; Da Lei Penal no espaço; 
Da extraterritorialidade da lei penal; Princípios dirimentes dos conflitos aparentes de normas ................. 1 
Do crime ............................................................................................................................................ 12 
Da imputabilidade penal .................................................................................................................... 43 
Do concurso de pessoas.................................................................................................................... 47 
Das causas excludentes de antijuridicidade e culpabilidade .............................................................. 54 
Das penas. Da tentativa. Da medida de segurança ........................................................................... 58 
Da extinção da punibilidade ............................................................................................................... 93 
Parte Especial do Código Penal: Dos crimes contra a pessoa:Dos crimes contra a vida; Das lesões 
corporais; Da periclitação da vida e da saúde; Dos crimes contra a liberdade pessoal; Dos crimes contra 
a inviolabilidade do domicílio ................................................................................................................ 102 
Dos crimes contra o patrimônio: Do furto; Do roubo e da extorsão; Da extorsão mediante 
sequestro ............................................................................................................................................. 130 
Dos crimes contra a fé pública: Da falsidade documental; Falsa identidade .................................... 141 
Dos crimes contra a administração pública: Peculato; Concussão; Corrupção passiva; Prevaricação. 
Funcionário público; Resistência; Desobediência; Desacato; Corrupção ativa; Falso testemunho ou falsa 
perícia; Coação no curso do processo ................................................................................................. 152 
Legislação Penal Especial: Crimes contra a Economia Popular....................................................... 166 
Crimes de responsabilidade de Prefeitos Municipais ....................................................................... 171 
Crimes eleitorais .............................................................................................................................. 176 
Crimes referentes ao parcelamento do solo urbano ......................................................................... 176 
Crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor ...................................................................... 177 
Crimes contra pessoas com deficiência ........................................................................................... 181 
Crimes relativos à Criança e ao Adolescente ................................................................................... 183 
Crimes hediondos ............................................................................................................................ 184 
Crimes contra o consumidor ............................................................................................................ 188 
Crimes contra a ordem tributária e as relações de consumo ............................................................ 192 
Crimes referentes a licitações e contratos administrativos ............................................................... 200 
Crimes de tortura ............................................................................................................................. 200 
Crimes de Trânsito ........................................................................................................................... 205 
Crimes contra o meio ambiente ....................................................................................................... 211 
Crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores ........................................................... 221 
Crimes referentes ao idoso .............................................................................................................. 231 
Estatuto do Desarmamento ............................................................................................................. 232 
Crimes referentes à falência e à recuperação judicial ou extrajudicial.............................................. 246 
Crimes referentes a drogas .............................................................................................................. 246 
Crimes referentes ao abuso de autoridade ...................................................................................... 264 
Crimes relativos à interceptação telefônica ...................................................................................... 269 
Crime de organização criminosa ...................................................................................................... 274 
Tratamento jurídico do tráfico de pessoas (Lei n. 13.344/16) .......................................................... 274 
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relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
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As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
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Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
Lei penal no tempo 
 
Como regra, aplica-se a lei penal vigente à época da ação ou omissão. Já como exceção, temos o 
princípio da retroatividade da lei penal benéfica, que dispõe que a lei penal poderá retroagir apenas 
quando beneficiar o réu, mesmo que tenha havido o transito em julgado da sentença penal condenatória. 
 
CP -Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Da análise do artigo 2º do Código Penal, extraem-se os seguintes princípios: 
 
- Da Irretroatividade: como regra temos que a lei penal não retroagirá. O princípio da irretroatividade 
está previsto ainda no artigo 5º, XL, da CF. 
- Da Retroatividade: como exceção ao princípio da irretroatividade, temos que a lei penal poderá 
retroagir, apenas para beneficiar o réu. Possibilidade conferida à lei penal, a fim de regular os fatos 
ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. 
- Da Ultratividade: também como exceção ao princípio da irretroatividade, consiste na aplicação de 
uma lei, mesmo após a sua revogação, para regular os fatos ocorridos durante a suavigência. 
 
Validade, Vigência e Eficácia da Lei 
 
Validade: A validade de uma lei está relacionada ao atendimento dos requisitos exigidos pela CF/88, 
tais como quórum para votação e aprovação e competência. 
 
Vigência: Uma lei torna-se vigente a partir do momento em que tem a possibilidade de surtir efeitos. 
A lei penal começa a produzir efeitos a partir da data em que entra em vigor, momento em que passa 
a regular fatos futuros (regra) e passados (exceções). Dessa forma, assim como as demais leis do 
ordenamento jurídico, a lei penal começa a vigorar a partir da data nela indicada. Na ausência da 
respectiva previsão, entrará em vigor em 45 dias após a sua publicação. 
“Vacatio legis”: trata-se do espaço de tempo compreendido entre a publicação oficial da lei e sua 
entrada em vigor. 
A lei penal permanece vigente até que outra lei a modifique ou a revogue ou ainda, até se encerre o 
prazo de sua vigência. O simples desuso da lei, não ocasiona sua revogação. 
A revogação pode ser: 
a) expressa: quando a lei indica expressamente os pontos a serem revogados. 
b) tácita: quando a norma revogadora é incompatível com a lei anterior. A revogação é implícita. 
c) total (ab-rogação): quando a nova lei revogada todo o conteúdo da lei anterior. 
d) parcial (derrogação): quando a nova lei revoga apenas alguns dispositivos tratados pela lei anterior. 
 
Eficácia: A eficácia e a vigência de uma lei estão intimamente relacionadas, visto que ambas estão 
relacionadas a possibilidade de surtir efeitos. A eficácia, no entanto, está ligada a possibilidade efetiva de 
produzir efeitos. Isto quer dizer que, muitas vezes uma lei é válida e vigente, no entanto, não possui 
eficácia efetivamente. Por exemplo, uma lei que depende de algum tipo de regulamentação: até a 
publicação da regulamentação, esta lei é vigente, possui condições de surtir efeitos, mas não possui 
eficácia efetiva, pois depende de complementação. 
 
Parte Geral do Código Penal: A aplicação da lei penal: Da Lei Penal no tempo; Da 
Lei Penal no espaço; Da extraterritorialidade da lei penal; Princípios dirimentes 
dos conflitos aparentes de normas. 
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A eficácia pode ser temporal ou geográfica: 
 
a) Eficácia Temporal: A lei penal para ter vigência precisa ser sancionada, promulgada e publicada. 
Ela pode começar a surtir efeitos logo após sua publicação, hipótese em que seu próprio texto prevê 
“essa lei entra em vigor na data de sua publicação”, ou ainda em momento posterior, hipótese em que o 
texto legal expressará quando ela passará a vigorar (ex: Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua 
publicação”). 
Caso o texto seja silente, aplica-se a regra geral contida no art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil 
que diz que, não havendo determinação expressa, a lei entra em vigor 45 dias após a sua publicação. 
Esta permanece em vigor até que outra lei a revogue ou até a expiração de ser prazo de validade. 
Algumas leis têm seu fim determinado desde o início de sua vigência. É o caso da lei temporária e da 
lei excepcional. 
 
b) Eficácia espacial (geográfica): No âmbito espacial, o direito brasileiro adotou como regra, o princípio 
da territorialidade, que entende que o Estado em foi cometido o crime, será o competente para julgar o 
agente, independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico lesado. 
 
Conflito de leis penais no tempo 
 
O conflito de leis penais no tempo ocorre quando um delito é praticado na vigência de uma lei e o seu 
julgamento se dá na vigência de outra lei, ou quando o comportamento se dá na vigência de uma lei e o 
resultado na vigência de outra. 
 
Hipóteses de conflitos de lei no tempo: 
 
a) Abolitio Criminis: ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime um comportamento 
que anteriormente era punível, ou seja, a lei posterior torna atípica penalmente uma conduta que até 
então era proibida por lei. Neste caso, em observância ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica, 
aplica-se a lei posterior. (art. 2º, CP). 
A abolitio criminis acarreta como efeito, a extinção da punibilidade, nos termos do o art. 107, CP1. 
Assim, se o sujeito ainda não foi processado, não mais poderá ser e caso o processo esteja em 
andamento, deverá ser trancado. No caso de o sujeito já ter sido condenado por sentença transitada em 
julgado, não poderá sofrer a execução da pena e, se acaso já estiver cumprindo pena, deverá ser solto, 
em razão da extinção de punibilidade. 
Importante salientar que, embora os efeitos penais desapareçam com a abolitio criminis, os efeitos 
civis permanecem. Ou seja, no caso de um sujeito ter sido condenado por crime, tanto na vara criminal 
quanto na vara cível (ex. danos morais) temos que os efeitos penais, sejam eles primários ou secundários, 
desaparecem, mas os efeitos cíveis não, de sorte que, o sujeito deverá arcar com a reparação do dano 
moral a que foi condenado. 
 
b) Novatio Legis Incriminadora: ocorre quando a lei nova incrimina fatos anteriormente considerados 
lícitos, ou seja, tipifica comportamento que anteriormente não era considerado crime. Neste caso, as 
condutas supervenientes que tornaram-se crime não retroagem e somente serão aplicadas a partir de 
sua vigência. 
 
c) Novatio Legis in Pejus: ocorre quando a lei posterior é mais severa que a lei anterior. Neste caso, 
a lei nova que prejudica o agente, não retroage, devendo ser aplicada ao caso concreto, a lei anterior, 
mesmo que revogada (Ultratividade). 
 
 
1 Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
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d) Novatio Legis in Mellius: ocorre quando a lei nova é de qualquer modo mais favorável que a 
anterior. Deve ser aplicada aos fatos anteriores, mesmo havendo sentença condenatória transitada em 
julgado. (art. 2º, parágrafo único, CP). 
 
Lei excepcional ou temporária 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência 
 
As leis excepcionais ou leis temporárias são normas criadas para atender situações transitórias, tais 
como guerra ou calamidade e perduram durante todo o tempo da excepcionalidade. 
São leis que já possuem seu fim determinado desde o início de sua vigência. 
 
A lei temporária é aquela que traz em seu próprio corpo a data de sua revogação, ou seja, possui 
vigência previamente determinada. Trata-se de uma lei criada para período um determinado. 
Já a lei excepcional são aquelas leis elaboradas para disciplinar determinadas situações transitórias. 
Ex: guerra, calamidade pública, etc. 
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, posto que a lei temporária se autorrevoga na data 
estabelecida e a lei excepcional se autorrevoga assim que os motivos que ensejaram sua criação 
terminam. 
Estas duas espécies são ultrativas, ainda que prejudiquem o agente (Exemplo: Num surto de febre 
amarela é criado um crime de omissão de notificação de febre amarela; caso alguém cometa o crime e 
logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o agente responderá pelo crime). Se 
não fosse assim, a lei perderia sua força coercitiva, visto que o agente, sabendo qual seria o término da 
vigência da lei, poderia retardar o processo para que não fosse apenado pelo crime. 
 
Conflito aparente denormas 
 
O conflito aparente de normas também é conhecido como concurso aparente de normas. 
Ocorre o conflito aparente de normas quando um mesmo fato é aparentemente regulado por duas ou 
mais normas penais, ambas instituídas por leis de mesma hierarquia e originárias da mesma fonte de 
produção, além de ambas estarem em vigor ao tempo da prática da conduta. 
Dessa forma, existe apenas um fato punível, mas com diversos tipos penais aparentemente aplicáveis 
ao caso concreto. Assim, por ser injusta a aplicação de mais de uma sanção penal pela prática de uma 
única conduta, é necessária a escolha de um único dispositivo legal, que tenha melhor adequação a 
conduta criminosa praticada, para a aplicação ao caso concreto. 
 
São requisitos para se caracterizar o conflito de normas: 
 
- unidade de fato: apenas uma infração penal. 
- pluralidade de normas penais: duas ou mais normas aparentemente regulando o mesmo fato. 
- aparente aplicação de todas as normas à espécie: a incidência de todas as normas é apenas 
aparente; 
- efetiva aplicação de apenas uma delas: somente uma norma é aplicável, por isso o conflito é 
aparente 
 
Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
 
Os princípios que buscam solucionar os conflitos aparentes de normas como forma de manter a 
coerência do ordenamento jurídico e assim, se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção sobre o 
mesmo fato) são: 
 
- Princípio da Especialidade: este princípio determina que a norma especial prevalecerá sob a norma 
geral. A norma especial possui todos os elementos da norma geral e mais alguns, qualificados como 
especializantes, que agregam mais ou menos severidade ao tipo penal. 
Um exemplo de norma especial que prevalece em relação a geral é o crime de infanticídio (artigo 123, 
CP) que prevalece sobre o Homicídio (art. 21, CP), pois o primeiro, além dos elementos genéricos, possui 
os elementos especializantes, quais sejam: a autora deve ser a mãe; a vítima seu próprio filho, nascente 
ou neonato, cometendo-se o delito durante o parto ou logo após, sob a influência do estado puerperal. 
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- Princípio da Subsidiariedade: os crimes subsidiários são aqueles que somente são punidos se não 
constituírem fatos mais graves. Ex: crime de ameaça. Só há punição se a ameaça for um fim em si mesma. 
Caso seja meio para o cometimento de outro crime, o sujeito somente responderá pelo mais grave 
Assim, só há que se falar em princípio da subsidiariedade quando a norma principal for mais grave que 
a subsidiária. Para se ter certeza de qual norma incidirá, necessário a análise do fato concreto e da 
intenção do agente, sendo insuficiente a comparação abstrata dos tipos penais. 
 
- Princípio da Consunção ou da absorção: por esse princípio, o fato mais amplo e grave absorve 
os fatos menos amplos e graves, atuando como meio normal de preparação ou execução daquele, ou 
ainda como mero exaurimento. 
Neste caso, há uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome 
o menos amplo, evitando a dupla punição, como parte de um todo e como crime autônomo.2 Difere do 
princípio da especialidade porque naquele analisa-se as normas e nesse os fatos. 
 
Esse princípio ocorre especificamente nas situações abaixo: 
 Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de dois ou mais crimes autônomos, que 
passam a funcionar como elementares no tipo complexo. Ex; Latrocínio (roubo + homicídio) 
 
 Crime Progressivo: é aquele em que o sujeito, pretendendo alcançar um resultado mais grave, 
pratica por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. Ex: desejando matar Pedro, 
João desfere-lhe várias facadas. O objetivo é o homicídio mas, para alcançá-lo é necessário o 
cometimento de lesão corporal. Nesse caso, as lesões são absorvidas pelo homicídio. 
 
 Progressão Criminosa 
 
a) Progressão criminosa em sentido estrito: ocorre quando o sujeito tem uma pretensão inicial, 
realiza os atos a fim de alcançá-la, mas depois muda seu desígnio, passando a desejar crime mais grave. 
Ex: sujeito pretende ferir seu desafeto, para tanto desfere-lhe vários socos. Durante essa conduta, resolve 
que quer matá-lo e passa a sufocá-lo. Neste caso, responderá por homicídio e não pela lesão corporal, 
havendo, portanto, absorção. 
A distinção do crime progressivo é que, enquanto neste, há unidade de desígnios, na progressão 
criminosa há pluralidade de elemento subjetivo ou vontade. 
 
Elementos que devem ser observados: 
- Pluralidade de desígnios: inicialmente, o agente deseja praticar um crime, após cometê-lo, resolve 
praticar outro de maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades. 
- Pluralidade de fatos: existe mais de um crime, correspondente a mais de uma vontade. Embora haja 
condutas distintas, o agente só responde pelo fato final, mais grave, ficando os demais absorvidos. 
- Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira sequência voluntária de atos, ou seja, o primeiro 
crime, provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, acaba por ele absorvida. 
Como consequência, temos que, embora haja duas condutas distintas, o agente responderá apenas 
pelo ato final mais grave, ficando os demais anteriores absorvidos. 
 
b) Fato anterior (“ante factum”) não punível: fato anterior praticado como meio de execução do tipo 
principal, ficando por este absorvidos. Ex.: No caso do furto da bolsa da vítima que se encontra no interior 
de um automóvel, eventual destruição do vidro não acarreta na imputação ao agente do crime contido no 
art. 163, CP (Dano). 
 
STJ - Súmula nº 17 - Estelionato. Potencialidade Lesiva. Quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
 
c) fato posterior (“post factum”) não punível: são visualizados quando, depois de realizada a 
conduta, o sujeito pratica nova ofensa contra o mesmo bem jurídico, buscando alguma vantagem com o 
crime anterior. Ex.: temos o caso do ladrão, que após o furto, vende ou destrói o que furtou. 
 
 
2 MASSON. Cleber. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Médodo. 8ª edição. 2014. 
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- Princípio da Alternatividade: ocorre quando a norma penal prevê vários fatos alternativamente para 
a realização do crime. São os chamados tipos alternativos, que descrevem crimes de ação múltipla. 
Ex.: art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. Esse 
tipo penal tem três verbos (negritados) logo, se o sujeito praticar um, dois ou os três verbos, estará 
incorrendo na prática de somente um crime. 
Importante ressaltar que a doutrina majoritária não aceita este princípio como válido para solução do 
conflito aparente de leis penais, uma vez que entendem que não há conflito entre normas, mas sim conflito 
interno na própria norma. 
Assim sendo, a alternatividade é a consunção resolvendo conflitos entre condutas previstas na mesma 
norma e não um conflito entre normas. 
 
Tempo do crime 
 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado. 
 
Necessário se faz a fixação do tempo do crime, para sabermos a lei que deverá ser aplicada ao caso 
concreto ou ainda para estabelecer a imputabilidade do sujeito ou mesmo para fixar o marco prescricional. 
Existem três teorias sobre o tempo do crime: 
 
- Teoria da atividade: O tempo do crime é o tempo da prática da conduta, ou seja, é o tempo que se 
realiza a ação ou a omissão que vai configurar o crime, ainda que outro seja o momento do resultado; 
- Teoria do resultado: O tempo do crime é o tempo que se produz o resultado, sendo irrelevante o 
tempo da ação; 
- Teoria mista ou da ubiquidade: O tempo do crime será tanto o tempo da ação quanto o tempo do 
resultado. 
 
A teoria utilizada pelo CódigoPenal (CP), quanto ao momento do crime, é a TEORIA DA ATIVIDADE 
(art. 4º do Código Penal). 
 
Lei penal no espaço 
 
A delimitação do lugar do crime serve como parâmetro para solucionar situações em que um crime 
inicia sua execução em um país e o resultado se dá em país diverso, ou seja, quando um crime viole 
interesses de dois ou mais países. 
A territorialidade é a regra, sendo a principal forma de delimitação do espaço geopolítico de validade 
da lei penal entre Estados soberanos. 
Território em sentido jurídico é o espaço em que o Estado exerce sua soberania e em sentido material 
é a superfície terrestre, as aguas territoriais e o espaço aéreo correspondentes, delimitado por fronteiras. 
Consideram-se extensão do território nacional as embarcações e aeronaves mencionadas nos §§ 1º 
e 2º do art. 5º do Código Penal. O alto-mar não está sujeito à soberania de qualquer Estado. 
 
Territorialidade 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Princípios da lei penal no espaço: 
 
- Princípio da Territorialidade: (regra geral aplicada no Brasil). 
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O Estado em cujo território foi cometido o crime é o competente para julgar o agente, 
independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico lesado. 
 
Divide-se em: 
a) Princípio da Territorialidade Absoluta: apenas a lei penal brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional. 
b) Princípio da Territorialidade Temperada: a regra de que a lei brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional não é absoluta, podendo a lei estrangeira ser aplicada em crimes 
praticados em nosso território, quando assim exigirem os Tratados e Convenções Internacionais. 
 
O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5º, CF) 
 
- Princípio do pavilhão ou da bandeira: por este princípio entende-se que consideram-se as 
embarcações e aeronaves como extensão do território do país onde se acham registradas. Assim, quando 
a embarcação estiver em alto-mar, ou em espaço aéreo, aplicar-se á a lei do país cuja bandeira eles 
ostentarem. 
Importante ressaltar que as embarcações ou aeronaves brasileiras que ingressarem no mar territorial 
estrangeiro ou espaço aéreo correspondente, não serão consideradas como extensão territorial nacional. 
Já no tocante as embarcações e aeronaves militares brasileiras, estas são sempre consideradas 
extensões do território nacional, mesmo quando em Estado estrangeiro. Por esta razão, aplicam-se as lei 
penais brasileira as infrações nelas cometidas. 
 
- Princípio da Passagem do Inocente: trata-se do direito de uma embarcação ou aeronave de 
propriedade privada atravessar o território brasileiro, desde que não afete em nada nossos interesses. 
Neste caso, caso ocorra um crime dentro deste embarcação/aeronave, não será aplicada a lei brasileira 
(país em trânsito), desde que não afete um bem jurídico nacional. 
 
Lugar do crime 
 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Em observância ao princípio da territorialidade, necessário se faz a identificação do lugar do 
cometimento do crime, para que seja possível fixar sua competência. 
Sobre o lugar do crime existem três teorias: 
 
a) Teoria da atividade: também conhecida como “teoria da ação”, esta teoria pressupõe que o lugar 
do crime é aquele onde se pratica a ação ou omissão. 
b) Teoria do resultado: esta teoria pressupõe que lugar do crime é aquele em que o resultado foi 
realizado, não se levando em consideração o local da ação ou da omissão. 
c) Teoria Mista ou da Ubiquidade: esta teoria é um misto das duas teorias anteriores e assim 
pressupõe, que lugar do crime é tanto o do cometimento do crime, como o do seu resultado. Esta Teoria, 
tendo em vista que considera tanto o lugar da conduta como o do resultado, soluciona com mais facilidade 
os crimes à distância, bem como os crimes que começam ou terminam em outros países, envolvendo 
assim o Direito Internacional, permitindo assim, que tais crimes sejam resolvidos nos termos da legislação 
brasileira. 
 
Nos termos do que dispõe o artigo 6º, CP, a Teoria mista ou da ubiquidade é a adotada pelo Código 
Penal brasileiro. 
 
Extraterritorialidade 
 
Entende-se como princípio da extraterritorialidade a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira, 
aos crimes cometidos fora do território nacional. 
As hipóteses de extraterritorialidade estão previstas no art. 7º, CP, senão vejamos: 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
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a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
São espécies de extraterritorialidade: 
1) Incondicionada: trata-se da hipótese prevista no inciso I do art. 7º, CP. Nestes casos, a lei brasileira 
será aplicada aos crimes cometidos fora do território brasileiro, independentemente de qualquer condição. 
 
2) Condicionada: trata-se da hipótese prevista no inciso, II, do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei 
brasileira somente será aplicada, caso sejam satisfeitas as condições previstas nos respectivos 
dispositivos. 
Assim, para a aplicação da lei brasileira nestes casos, necessário o concurso das seguintes condições: 
a) A entrada do agente no território nacional; 
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de o crime ter sido praticado 
em local onde nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possívela aplicação da lei 
brasileira; 
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável; 
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável (condição objetiva de punibilidade). 
 
Tais requisitos são cumulativos. 
 
O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: A do crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É ainda um dispositivo baseado na teoria de proteção, além 
dos casos de extraterritorialidade incondicionada. 
Exige o dispositivo em estudo, porém, além das condições já mencionadas, outras duas: 
- Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (pode ter sido requerida, mas não 
concedida); 
- Que haja requisição do Ministro da Justiça. 
 
Princípios da Extraterritorialidade: Alguns princípios que devem ser observados para a aplicação 
da extraterritorialidade: 
 
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. 8 
- Princípio da Nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido 
por brasileiro fora do Brasil. Neste caso o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. 
7º, II, “b”, do CP). 
- Princípio da Nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido 
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. O que importa é a nacionalidade da vítima, mesmo que o 
crime tenha sido praticado no exterior (art. 7º, §3º). Neste caso o critério observado é a nacionalidade da 
vítima. 
- Princípio da defesa real ou da proteção: (art. 7º, I, “a”, “b”, “c”, CP) aplica-se a lei da nacionalidade 
do bem jurídico lesado, independentemente da nacionalidade do agente e do lugar onde o crime foi 
cometido. 
- Princípio da Justiça Universal ou princípio da universalidade: (art. 7º, I, “d” e II, “a”, CP). todo 
Estado tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima ou 
o local de sua prática, desde que o criminoso esteja dentro de seu território. Neste caso o direito de punir 
é universal. 
- Princípio da representação ou da Bandeira: (art. 7º, II, “c”, CP) a lei penal brasileira também é 
aplicável aos delitos cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando realizados no estrangeiro 
e aí não venham a ser julgados. Este princípio também é conhecido como princípio da bandeira, do 
pavilhão, subsidiário ou da substituição. 
- Princípio da preferência da competência nacional: havendo conflito entre a justiça brasileira e a 
estrangeira, prevalecerá a competência nacional. 
- Princípio da limitação em razão da pena: não será concedida a extradição para países onde a 
pena de morte e a prisão perpétua são previstas, a menos que deem garantias de que não irão aplica-
las. 
- Jurisdição subsidiária: verifica-se a subsidiariedade da jurisdição nacional nas hipóteses do inciso 
II e do § 3º do art. 7º do Código Penal. Se o autor de um crime praticado no estrangeiro for processado 
perante esse juízo, sua sentença preponderará sobre a do juiz brasileiro. Caso o réu seja absolvido pelo 
juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão da dupla condenação pelo mesmo 
fato) para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). No entanto no caso de condenação, se o 
condenado se subtrair à execução da pena, será julgado pelos órgãos judiciários nacionais e, se for o 
caso, condenado de novo, solução, inclusive, consagrada no art. 7º, §2º, “d” e “e”, do Código Penal. 
 
Pena cumprida no estrangeiro 
 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
Existem situações em que os crimes cometidos fora do Brasil, serão novamente processados no Poder 
Judiciário, mesmo que julgados no estrangeiro. 
Essa é a regra da extraterritorialidade, mencionada no art. 7º, CP. 
Assim, cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução 
pela lei brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir 
se a pena imposta no Brasil for mais severa. 
Se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta no país, é evidente que esta não será 
executada. No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro atenuará a aplicada no Brasil, de 
acordo com a decisão do juiz no caso concreto, já que não há regras legais a respeito dos critérios de 
atenuação que devem ser obedecidos. 
 
Eficácia de sentença estrangeira 
 
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as 
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
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. 9 
Quanto à eficácia de sentença estrangeira, temos que em determinadas situações, o Brasil reconhece 
em seu território os efeitos da sentença proferida por outra nação. 
 O Código Penal, em seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea “i”, da Constituição Federal, 
prescreve que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas 
consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II – sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça, que, por sua vez, só pode homologar 
sentença já transitada em julgado. 
 
Súmula 420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em 
julgado. 
 
Somente será homologada pelo STJ a sentença penal estrangeira que produzir em seu país de origem, 
a mesma eficácia que se pretender produzir no Brasil (ex. reparação civil; imposição de medida de 
segurança). 
Caso esta eficácia não seja a mesma, não será possível a homologação pelo STJ e as pretensões de 
reparações civis ou a imposição de medida de segurança, não poderão ser cumpridas no Brasil. 
O fundamento da homologação da sentença estrangeira está no entendimento de que nenhuma 
sentença de caráter criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira, terá eficácia em 
determinado Estado sem o seu consentimento, pois o direito penal é fundamentalmente territorial. 
 
Questões 
 
01. (PauliPrev - Procurador Autárquico - VUNESP/2018) De acordo com a Parte Geral do Código 
Penal, é correto afirmar: 
(A) a lei posterior favorável ao agente aplica-se a fatos anteriores, desde que não decididos por 
sentença condenatória transitada em julgado. 
(B) a lei temporária, decorrido o período de duração, não se aplica aos fatos praticados durante a 
respectiva vigência. 
(C) para fins de definir o tempo do crime, o ordenamento pátrio adotou a teoria da atividade. 
(D) para fins de definir o lugar do crime, o ordenamento pátrio adotou a teoria do resultado. 
(E) para efeito penal, o dia do começo não se inclui no cômputo do prazo. 
 
02. (PC/BA – Investigador - VUNESP/2018) Sobre a territorialidade e a extraterritorialidade da lei 
penal, previstas nos artigos 5° e 7° do Código Penal, assinale a alternativa correta 
 (A) Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, independentemente de qualquer 
convenção, tratado ou regra de direito internacional. 
(B) Ao autor de crime praticadocontra a liberdade do Presidente da República quando em viagem a 
país estrangeiro, aplica-se a lei do país em que os fatos ocorrerem. 
(C) Embarcação brasileira a serviço do governo brasileiro, para os efeitos penais, é considerada 
extensão do território nacional. 
 (D) Crime cometido no estrangeiro, praticado por brasileiro, fica sujeito à lei brasileira 
independentemente da satisfação de qualquer condição. 
 (E) Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, 
independentemente da satisfação de qualquer condição. 
 
03. (PC/BA – Investigador - VUNESP/2018) Assinale a alternativa que indica a teoria adotada pela 
legislação quanto ao tempo do crime. 
(A) Retroatividade. 
(B) Atividade. 
(C) Territorialidade. 
(D) Ubiquidade. 
(E) Extraterritorialidade. 
 
 
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04. (TRF - 5ª Região - Analista Judiciário - FCC/2017) Sobre a aplicação da lei penal, é correto 
afirmar que 
(A) o Código Penal adotou o princípio da territorialidade, em relação à aplicação da lei penal no espaço. 
Tal princípio é absoluto, não admitindo qualquer exceção. 
(B) transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo do Conhecimento a aplicação 
da lei mais benigna. 
(C) a lei aplicável para os crimes permanentes será aquela vigente quando se iniciou a conduta 
criminosa do agente. 
(D) quando a abolitio criminis se verificar depois do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, extinguir-se-ão todos os efeitos penais e extrapenais da condenação. 
(E) a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. 
 
05. (IPREV - Procurador Previdenciário - IBEG/2017) Considerando o disposto no Código Penal 
brasileiro quanto à aplicação da lei penal, indique a alternativa incorreta: 
(A) Não há crime sem lei anterior que o defina, tampouco pena sem pré-via cominação legal; 
(B) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória; 
(C) A lei excepcional ou temporária, se decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, não retroage ao fato praticado durante sua vigência; 
(D) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento 
do resultado; 
(E) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, 
bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
06. (SEGESP/AL - Papiloscopista - CESPE) Acerca de aplicação da lei penal, concurso de crimes e 
culpabilidade, julgue os próximos itens. 
Segundo o princípio da territorialidade, se uma pessoa comete latrocínio em embarcação brasileira 
mercante em alto-mar, aplica-se a lei brasileira. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
07. (TJ/AM - Analista Judiciário - FGV) Com relação à lei penal no espaço, assinale a afirmativa 
incorreta. 
(A) A legislação penal brasileira adota o princípio da territorialidade absoluta. 
(B) Aplica-se a lei penal brasileira aos crimes praticados em aeronave pública brasileira ainda que 
esteja em território estrangeiro. 
(C) As embaixadas estrangeiras não são consideradas território estrangeiro, aplicando-se a lei 
brasileira nos crimes praticados no seu interior, salvo quando o autor for agente diplomático ou possua 
imunidade diplomática. 
(D) São princípios empregados para solucionar a regra da extraterritorialidade: personalidade ou 
nacionalidade, domicílio, defesa, justiça universal, representação ou da bandeira. 
(E) Para fins de Direito Penal, o conceito de território não se restringe à área limitada pelas fronteiras 
brasileiras. 
 
08. (TRF - 5ª Região - Estágio em Direito – TRF - 5ª Região) Sobre a aplicação da lei penal, é 
CORRETO dizer que: 
(A) a lei excepcional ou temporária não se aplica ao fato praticado durante sua vigência, se decorrido 
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram. 
(B) considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento 
do resultado. 
(C) a lei brasileira não se aplica aos crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Direito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público, se praticados no estrangeiro. 
(D) considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, 
sendo irrelevante onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
(E) aplica-se a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, aos crimes contra a administração 
pública praticados por qualquer pessoa. 
 
 
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. 11 
09. (MPE/MS - Promotor de Justiça - MPE/MS) Em que consiste o conflito aparente de normas? 
(A) Conflito aparente de normas é a situação que ocorre quando ao mesmo fato parecem ser aplicáveis 
duas ou mais normas, formando um conflito aparente entre elas. 
(B) O conflito aparente de normas consiste na aplicação de duas regras distintas para fatos delituosos 
diversos.. 
(C) O conflito aparente de normas consiste em se aplicar uma só norma para fatos distintos. 
(D) O conflito aparente de normas consiste na aplicação de regras semelhantes no caso de concurso 
de delitos. 
(E) O conflito aparente de normas consiste na aplicação simultânea de penas para delitos diferentes. 
 
10. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE/SP) Os princípios que resolvem o conflito aparente de 
normas são: 
(A) especialidade, legalidade, intranscendência e alternatividade. 
(B) especialidade, legalidade, consunção e alternatividade. 
(C) especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. 
(D) legalidade, intranscendência, consunção e alternatividade. 
(E) legalidade, consunção, subsidiariedade e alternatividade. 
 
Gabarito 
01. C / 02. C / 03. B / 04. E / 05. C / 06. Certo / 07. A / 08. B / 09. A / 10. C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: C 
Lugar do crime = teoria da ubiquidade ou mista. 
Tempo do crime = teoria da ação ou atividade. 
 
02. Resposta: C 
CP - Art. 5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer 
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
03. Resposta: B 
Lugar do crime = teoria da ubiquidade ou mista. 
Tempo do crime = teoria da ação ou atividade. 
 
04. Resposta: E 
CP - Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas 
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
05. Resposta: C 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Princípio da ultratividade, ou seja, os fatos pretéritos, ocorridos durantes a vigência de tais leis, se 
protrai no tempo com a mesma capacidade punitiva de quando eram vigentes. 
 
06. Resposta: Certo 
A afirmação está correta, porquanto de acordo com o expressado no § 1º do art. 5º, CP: 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, 
bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quese achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
07. Resposta: A 
A alternativa A está incorreta porque a legislação brasileira adota o princípio da territorialidade 
temperada e não absoluta, haja vista que a lei penal aplica-se tanto ao território geográfico brasileiro, 
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como às suas extensões (território jurídico) e a alguns casos de extraterritorialidade previstos no art. 7º, 
CP. 
 
08. Resposta: B 
O Código Penal, em seu art. 4º, adotou a teoria da atividade em que “considera-se praticado o crime 
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o 
momento do resultado. 
 
09. Resposta: A 
Ocorre um conflito quando mais de uma norma regula um mesmo fato criminoso, mas apenas uma 
delas é aplicável, ou seja, havendo mais de uma norma em relação a uma unidade de fatos, tendo uma 
aparente aplicação de todas as normas ao fato, será aplicável apenas uma delas. Para a solução desse 
conflito apenas aparente, são aplicáveis os seguintes princípios: especialidade, subsidiariedade, da 
consunção e da alternatividade. 
 
10. Resposta: C 
Conflito aparente de normas: é o instituto que se verifica quando há um único ato praticado pelo agente 
e se apresentam duas ou mais normas aplicáveis aparentemente ao caso. Os princípios que buscam 
solucionar os conflitos aparentes de normas como forma de manter a coerência do ordenamento jurídico 
e assim, se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção sobre o mesmo fato) são: Princípio da 
Subsidiariedade, Princípio da Especialidade, Princípio da Consunção e Princípio da Alternatividade. 
 
 
 
FATO TÍPICO 
 
O fato típico é o primeiro requisito do crime. Consiste no fato que se amolda no conjunto de elementos 
descritivos contidos na lei penal. 
Segundo Cleber Masson:3 
Fato típico é o fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal. 
A conduta de subtrair dolosamente, para si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime de furto, uma vez que 
se amolda ao modelo delineado pelo art. 155, caput, do Código Penal. Em sentido contrário, fato atípico 
é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal. Por exemplo, a ação do pai 
consistente em manter relação sexual consentida com sua filha maior de idade e plenamente capaz é 
atípica, pois o incesto, ainda que imoral, não é crime. 
 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
O fato típico é composto dos seguintes elementos: 
- conduta dolosa ou culposa; 
- resultado (nos crimes materiais); 
- nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (nos crimes materiais); 
- tipicidade (enquadramento do fato material a uma norma penal). 
 
No Crime material há uma conduta e um resultado naturalístico4, exigindo-se a produção do resultado 
para consumação do crime. Assim, a conduta e o resultado estão ligados através de uma relação de 
causalidade, que para configurar crime realiza-se o juízo de tipicidade para verificar se a ação ou omissão 
se amolda a um tipo penal (tem relevância penal). Já nos crimes tentados, é suprimido o resultado 
naturalístico por circunstâncias alheias a vontade do agente, motivo pelo qual para configuração do fato 
típico, basta os elementos da conduta e tipicidade. Na mesma esteira, os crimes de mera conduta e 
formais prescindem de resultado e nexo causal, pois no caso do crime de mera conduta, jamais haverá 
 
3 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
4 Resultado naturalístico: “modificação do mundo exterior provocada pelo comportamento do agente”. 
Do crime 
 
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. 13 
resultado naturalístico e nos crimes formais não é necessário para consumação do crime (apesar da 
possibilidade de ocorrência). 
 
FATO TÍPICO 
Crimes materiais consumados Crimes tentados, formais e de mera conduta 
CONDUTA CONDUTA 
RESULTADO NATURALÍSTICO 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE TIPICIDADE 
TIPICIDADE 
 
1. CONDUTAS E ATOS: conduta é a materialização da vontade humana, que pode ser executada por 
um único ou por vários atos. O ato, portanto, é apenas uma parte da conduta. Ex.: é possível matar a 
vítima (conduta) por meio de um único ato (um disparo mortal) ou de vários atos (vários golpes no corpo 
da vítima). 
Segundo Cleber Masson:5 
Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e voluntária, dirigida a um fim, consistente em 
produzir em resultado tipificado em lei como crime ou contravenção penal (posição finalista, mais aceita 
em concursos públicos). 
 
Não existe crime sem conduta, ou seja, não é admitido os crimes de mera suspeita, que são aqueles 
em que o agente é punido pela mera suspeita despertada pelo seu modo de agir. 
 
-Formas de conduta: 
a) Ação (comportamento positivo): fazer, realiza algo. Nessa hipótese, a lei determina um não fazer, 
e o agente comete o delito justamente por fazer o que a lei proíbe. 
b) Omissão (comportamento negativo): abstenção, um não fazer. A omissão por sua vez, pode dar 
origem a duas espécies de crimes: 
b.1) Omissivos próprios ou puros: nos quais inexiste um dever jurídico de agir, ou seja, não há uma 
norma impondo um dever de fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito omissivo quando o próprio 
tipo penal descrever uma conduta omissiva. Ex.: crime de omissão de socorro (art. 135). 
b.2) Omissivos impróprios ou comissivos por omissão: são aqueles para os quais a lei impõe um 
dever de agir e, assim, o não agir constitui crime, na medida em que leva à produção de um resultado 
que o agir teria evitado. Ex.: a mãe deixa de alimentar seu filho causando-lhe a morte, responde por 
homicídio. 
 
- exclusão da conduta: 
a) caso fortuito e força maior: atos imprevisíveis e inevitáveis, que estão fora do alcance da vontade 
do ser humano, motivo pelo qual não configuram fato típico, por não existir dolo ou culpa. 
b) atos ou movimentos reflexos: segundo Cleber Masson6, consistem em reação motora ou 
secretora em consequência de uma excitação dos sentidos. O movimento corpóreo não se deve ao 
elemento volitivo, mas sim ao fisiológico. Ausente a vontade, estará ausente também a conduta. Exemplo: 
caso do ortopedista que bate o martelinho contra o joelho do paciente e, em razão do reflexo, seu chute 
acerta o médico, caso em que não há crime de lesão corporal ou contravenção penal de vias de fato, pois 
foi apenas uma resposta fisiológica à provocação médica. 
c) coação física irresistível ou vis absoluta: neste caso o coagido é apenas instrumento do crime, 
não agindo de forma voluntária e, portanto, exclui-se sua conduta. Exemplo: um homem forte obriga um 
homem fraco a apertar o gatilho de um revólver segurando sua mão e atinge uma pessoa, matando-a. 
d) sonambulismo e hipnose: caso em que a pessoa está em completo estado de inconsciência, 
motivo pelo qual não há conduta, por falta de vontade na prática do ato. 
 
2. DO RESULTADO: o resultado é a consequência provocada pela conduta do agente. 
-Teoria sobre o resultado (espécies): 
a) Naturalística: é a modificação que o crime provoca no mundo exterior. Pode consistir em morte, 
como em crime de homicídio (art. 121). 
 
5 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
6 Idem. 
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. 14 
b) Jurídica ou normativa: é o efeito que o crime produz na órbita jurídica, ou seja, a lesão ou o perigo 
de lesão de um interesse protegido pela lei. 
 
Importante ressaltar que não há crime sem resultado jurídico, ou seja, todo crime viola bens jurídicos 
protegidos pelo Direito Penal. Contudo, é possível crime sem resultado naturalístico, no caso de crimes 
tentados, formais e de mera conduta. 
 
Todo crime tem resultado jurídico,mas nem todo crime tem resultado naturalístico. 
 
3. NEXO CAUSAL OU RELAÇÃO DE CAUSALIDADE: é a relação natural de causa e efeito existente 
entre a conduta do agente e o resultado dela decorrente. 
É através da relação de causalidade que se pode concluir se o resultado foi ou não provocado pela 
conduta do agente. 
Nos crimes materiais somente existe a configuração do delito quando fica evidenciado que a conduta 
do agente provocou o resultado, ou seja, quando fica demonstrado o nexo causal. 
Nos crimes formais e nos crimes de mera conduta não se exige o nexo causal, uma vez que esses 
crimes dispensam a ocorrência de qualqu er resultado naturalístico e, assim, não há que se pensar em 
nexo de causalidade entre a conduta e resultado. 
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
CP - Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 
No campo penal, a doutrina aponta três teorias a respeito da relação de causalidade: 
a) Da equivalência das condições ou equivalência dos antecedentes ou conditio sine qua non 
(Condição sem a qual não): Segundo a qual quaisquer das condutas que compõem a totalidade dos 
antecedentes é causa do resultado, como, por exemplo, a venda lícita da arma pelo comerciante que não 
tinha ideia do propósito homicida do criminoso comprador. Contudo, recebe críticas por permitir o 
regresso ao infinito já que, em última análise, até mesmo o inventor da arma seria causador do evento, 
visto que, se arma não existisse, tiros não haveria; 
b) Da causalidade adequada: Considera causa do evento apenas a ação ou omissão do agente apta 
e idônea a gerar o resultado. Segundo o que dispõe essa corrente, a venda lícita da arma pelo 
comerciante não é considerada causa do resultado morte que o comprador produzir, pois vender 
licitamente a arma, por si só, não é conduta suficiente a gerar a morte. 
c) Da imputação objetiva: Pela qual, para que uma conduta seja considerada causa do resultado é 
preciso que: 1) o agente tenha, com sua ação ou omissão, criado, realmente, um risco não tolerado nem 
permitido ao bem jurídico; ou 2) que o resultado não fosse ocorrer de qualquer forma, ou; 3) que a vítima 
não tenha contribuído com sua atitude irresponsável ou dado seu consentimento para a ocorrência do 
resultado. 
 
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL: "O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o 
resultado não teria ocorrido". 
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, nota-se que 
Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine qua non. 
Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um resultado, deve-se fazer o juízo hipotético 
de eliminação, que consiste na supressão mental de determinada ação ou omissão dentro de toda a 
cadeia de condutas presentes no contexto do crime. Se, eliminada, o resultado desaparecer, pode-se 
afirmar que aquela conduta é causa. Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimida, o resultado 
ainda assim existir, não será considerada conduta. 
Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bastante para ensejar a responsabilização 
penal. É preciso, ainda, verificar se a conduta do agente considerada causa do resultado foi praticada 
mediante dolo ou culpa, pois nosso Direito Penal não se coaduna com a responsabilidade objetiva, isto 
é, aquela que se contenta com a demonstração do nexo de causalidade, sem levar em conta o elemento 
subjetivo da conduta. 
Portanto, dizer que alguém causou o resultado não basta para ensejar a responsabilidade penal. É 
mister ainda que esteja presente o elemento subjetivo (dolo ou culpa) nessa conduta que foi causa do 
evento. 
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. 15 
O art. 13 caput aplica-se, exclusivamente, aos crimes materiais porque, ao dizer "o resultado, de que 
depende a existência do crime", refere-se ao resultado naturalístico da infração penal (aquele que é 
perceptível aos sentidos do homem e não apenas ao mundo jurídico), e a única modalidade de crime que 
depende da ocorrência do resultado naturalístico para se consumar (existir) é o material, como por 
exemplo; o homicídio (121 CP), em que a morte da vítima é o resultado naturalístico. 
Aos crimes formais (exemplo; concussão - 316 CP) e os de mera conduta (exemplo; violação de 
domicílio - 150 CP), o art. 13 caput não tem incidência, pois prescindem da ocorrência do resultado 
naturalístico para existirem. 
 
Observação: a expressão “o resultado”, constante no artigo 13 do CP, se refere ao resultado 
naturalístico, entendimento este, prevalente na doutrina brasileira. 
 
Excepcionalmente o Código Penal adota a teoria da causalidade adequada (art. 13, §1º): 
 
SUPERVENIÊNCIA DE CAUSA INDEPENDENTE 
 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. 
 
O parágrafo primeiro do art. 13 nos diz que: "a superveniência de causa independente exclui a 
imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou". Admite, o referido mandamento legal, a interrupção do nexo causal entre a conduta do agente 
e o resultado. Nessas hipóteses, pode-se dizer que existe uma concausa, ou seja, a conduta do agente 
e outra causa qualquer, quais sejam: 
a) a causa que produza o resultado seja superveniente à conduta do agente, isto é, ocorra depois de 
sua ação; 
b) que a causa superveniente seja relativamente independente da conduta do agente, isto é, mantenha 
relação com a conduta inaugurada pelo autor; 
c) que a causa superveniente independente produza o resultado por si só, isto é, seja causa bastante 
para a produção do resultado. 
 
Conceito de concausa: é a convergência de uma causa externa à vontade do autor da conduta, 
influindo na produção do resultado naturalístico por ele desejado e posicionando-se paralelamente ao seu 
comportamento, comissivo ou omissivo.7 
 
Causas dependentes e independentes: 
Causas dependentes são aquelas que se originam da conduta do agente, ou seja existe dependência 
entre os acontecimentos, não excluindo a relação de causalidade. 
Causas independentes tem capacidade de produzir por si só o resultado, sendo seu aparecimento 
inesperado e imprevisível, fugindo da linha normal de desdobramento da conduta. 
 
Causas absolutamente independentes: 
Segundo Cleber Masson:8 São aquelas que não se originam da conduta do agente, isto é, são 
absolutamente desvinculadas da sua ação ou omissão ilícita. E, por serem independentes, produzem por 
si sós, o resultado naturalístico. Constituem a chamada “causalidade antecipadora”, pois rompem o nexo 
causal. 
 
Tais causas são divididas em preexistente, concomitante e superveniente: 
- preexistente: a causa é anterior a prática da conduta, ou seja, o resultado teria se produzido mesmo 
sem o comportamento ilícito do agente. Exemplo: “Zé” disfere facadas no coração de “Joãozinho”, mas o 
exame necroscópico conclui que a morte se deu em virtude de envenenamento anterior efetuado por 
“Cebolinha”. 
- concomitante: a causa é simultânea a prática da conduta, ou seja, ocorre no mesmo momento em 
que o agente comete uma conduta criminosa. Exemplo: “Mônica” efetua disparos de arma de fogo contra 
“Zé Bento” no mesmo momento em que o telhado desaba sobre ela. 
 
7 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
8 Idem. 
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. 16 
- superveniente: a causa é posterior a prática da conduta do agente. Exemplo: “Magali” dá veneno 
para “Cebolinha”, mas antes de produzir o efeito desejado, “Chico” desfere inúmeras facadasem 
“Cebolinha”, matando-o. 
Efeitos jurídicos (causas absolutamente independentes preexistentes, concomitantes e 
supervenientes): 
Deve ser imputado ao agente somente o ato praticado e não o resultado naturalístico, tendo em vista 
que não há relação de causalidade entre sua conduta e o resultado, pois mesmo sem a conduta do agente 
o resultado teria ocorrido. Assim, em respeito a teoria da conditio sine qua non, no caso dos exemplos 
mencionados, o agente responderia somente por tentativa de homicídio. 
 
Causas relativamente independentes: 
Originam-se da própria conduta efetuada pelo agente. Daí serem relativas, pois não existiriam sem a 
atuação criminosa. 
Como, entretanto, tais causas são independentes, têm idoneidade para produzir, por si sós, o 
resultado, já que não se situam no normal trâmite do desenvolvimento causal.9 
 
Tais causas também são divididas em preexistente, concomitante e superveniente:10 
- preexistente: existe previamente à prática da conduta do agente. Exemplo: “A”, com ânimo homicida, 
efetua disparos de arma de fogo contra “B”, atingindo-o de raspão. Os ferimentos, contudo, são agravados 
pela diabete da vítima, que vem a falecer. 
- concomitante: ocorre simultaneamente a prática da conduta. Exemplo: “A” aponta uma arma de fogo 
contra “B”, o qual, assustado, corre em direção a movimentada via pública. No momento em que é 
alvejado pelo disparos, é atropelado por um caminhão e falece. 
Efeitos jurídicos (causas relativamente independentes preexistentes e concomitantes): 
Nas duas hipóteses o agente responde pelo resultado naturalístico, em obediência a teoria da 
equivalência dos antecedentes. 
- superveniente: 
a) causas relativamente independentes supervenientes que não produzem por si sós o 
resultado: em respeito a teoria da equivalência dos antecedentes, o agente responde pelo resultado 
naturalístico, pois o resultado não teria ocorrido como e quando ocorreu sem a prática de sua conduta. 
O exemplo dado por Cleber Masson esclarece esta hipótese, qual seja:11 
“A”, com intenção de matar, efetua disparos de arma de fogo contra “B”. Por má pontaria, atinge-o em 
uma das pernas, não oferecendo risco de vida. Contudo, “B” é conduzido a um hospital e, por imperícia 
médica, vem a morrer. 
Nesse caso, “B” não teria morrido, ainda que por imperícia médica, sem a conduta inicial de “A”. De 
fato, somente pode falecer por falta de qualidade do profissional da medicina aquele que foi submetido 
ao seu exame, no exemplo, justamente pela conduta homicida que redundou no encaminhamento da 
vítima ao hospital. 
b) causas relativamente independentes supervenientes que produzem por si sós o resultado: 
No §1º do artigo 13, de forma excepcional, foi adotada a teoria da causalidade adequada, em que a 
causa é a conduta idônea que provoca o resultado naturalístico. Exemplo: João é atingida por disparos 
de arma de fogo, que internado no hospital, morre em virtude de incêndio e não dos ferimentos. 
Assim, João faleceu em virtude de acontecimento inesperado e imprevisível, ou seja, uma causa 
idônea e adequada, que produziu por si só o resultado, motivo pelo qual só responde pelos atos praticados 
e não pelo resultado morte. 
 
RELEVÂNCIA DA OMISSÃO 
 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
De acordo com Cleber Masson:12 
 
9 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
10 Idem 
11 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
12 Idem 
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. 17 
O dispositivo aplicável somente aos crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão, 
isto é, aqueles em que o tipo penal descreve uma ação, mas a inércia do agente, que podia e devia agir 
para impedir o resultado naturalístico, conduz à sua produção. São crimes materiais, como é o caso do 
homicídio, cometido em regra por ação, mas passível também de ser praticado por inação, desde que o 
agente ostente o poder e o dever de agir. 
 
Da mesma forma que ação, em Direito Penal, não significa “fazer algo”, mas fazer o que o ordenamento 
jurídico proíbe, a omissão não é um “não fazer”, mas não fazer o que o ordenamento jurídico obriga. 
Omissão relevante para o Direito Penal é o não cumprimento de um dever jurídico de agir em 
circunstâncias tais que o omitente tinha a possibilidade física ou material de realizar a atividade devida. 
Consequentemente, a omissão passa a ter existência jurídica desde que preencha os seguintes 
pressupostos: 
- Dever de agir: impõe uma obrigação de agir ou uma obrigação de evitar um resultado proibido. 
Existem dois critérios para fixar o dever de agir, quais sejam: 
Critério legal: a lei arrola taxativamente as hipóteses do dever de agir. 
Critério judicial: é permitido ao magistrado decidir sobre a presença ou não do dever de agir. 
- Poder de agir: é a possibilidade real e efetiva do homem médio evitar resultado penalmente relevante 
no caso concreto. 
 
O primeiro pressuposto (dever de agir ou de evitar um resultado lesivo) exige o conhecimento dos 
meios pelos quais o ordenamento jurídico pode impor às pessoas a obrigação de não se omitir, em 
determinadas circunstâncias. 
Em segundo lugar, o dever de agir pode ser imposto ao garantidor, ou seja, há pessoas que, pela sua 
peculiar posição diante do bem jurídico, recebem ou assumem a obrigação de assegurar sua con-
servação. A posição de garantidor requer essencialmente que o sujeito esteja encarregado da proteção 
ou custódia do bem jurídico que aparece lesionado ou ameaçado de agressão. 
O essencial para compreender a posição de garantidor é o reconhecimento de que determinadas 
pessoas estabelecem um vínculo, uma relação especial com o bem jurídico, criando no ordenamento a 
expectativa de que o protegerá de eventuais danos. O Direito, então, espera a sua ação de garantia. Se 
não cumprir esse dever, será imputado por omissão imprópria. 
No Código Penal, esta regra está no artigo 13, § 2º: a posição de garantidor pode emanar de: 
a) dever legal, imposto pela lei; 
b) aceitação voluntária, ou seja, quando o sujeito livremente a assume, tal como acontece, por 
exemplo, nos casos de contrato; 
c) ingerência, quando o sujeito, por sua conduta precedente, cria a situação de perigo para o bem 
jurídico. 
 
4. TIPICIDADE: É o nome que se dá ao enquadramento da conduta concretizada pelo agente na 
norma penal descrita em abstrato. Em suma, para que haja crime é necessário que o sujeito realize, no 
caso concreto, todos os elementos componentes da descrição típica (definição legal do delito). 
 
A tipicidade penal tem dois elementos: 
Tipicidade formal: É o ajuste entre o fato e a norma. Trata-se da adequação do fato praticado na vida 
real e seu enquadramento em um tipo pena. 
Tipicidade material (ou substancial): é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico penalmente 
tutelado em razão da prática da conduta legalmente descrita.13 
 
A adequação típica pode dar-se de duas maneiras: 
a) imediata ou direta: quando houver uma correspondência total da conduta ao tipo. 
b) mediata ou indireta: quando a materialização da tipicidade exige a utilização de uma norma de 
extensão, sem a qual seria absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo. É o que ocorre nos 
casos de participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II). 
 
Teoria da Tipicidade Conglobante: esta teoria foi criada pelo jurista argentino Eugênio Raúl Zaffaroni 
e preceitua que o fato típico deve ser contrário ao ordenamento jurídico em geral e não apenas ao 
ordenamento penal. Ou seja, o que é permitido por uma norma, não pode ser proibidopor outra. Nesse 
sentido, caso qualquer outro ramo do direito (ex. trabalhista, administrativo, dentre outros) permita o 
 
13 idem 
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. 18 
comportamento, o fato será atípico. Ou seja, a conduta deve ser contrária ao ordenamento jurídico em 
todas as esferas do direito. 
 
Dessa forma, a tipicidade pode ser entendida como a adequação típica, acrescida da ofensa ao bem 
jurídico penalmente tutelado, em ofensa geral ao ordenamento jurídico como um todo. 
 
Princípio da insignificância ou Bagatela: este princípio está diretamente ligado à tipicidade material, 
e preconiza que só haverá aplicação de pena, quando a lesão causada ao bem jurídico tutelado for 
significante. Assim, quando a conduta causar uma lesão desprezível ao bem jurídico tutelado, o fato será 
atípico, ou seja, indiferente ao Direito Penal e incapaz de gerar condenação ou mesmo de dar início à 
persecução penal. 
 
Mas como poderemos definir o que efetivamente é uma lesão insignificante ou reconhecer se uma 
conduta é capaz ou não de gerar lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado? 
 
Para sanar estes questionamentos, a jurisprudência vem fixando alguns requisitos para o 
reconhecimento da insignificância de uma conduta: São eles: 
a) mínima ofensividade da conduta; 
b) a ausência de periculosidade social da ação; 
c) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
d) a inexpressividade da lesão jurídica. 
 
Importante salientar que a incidência do princípio da insignificância não está relacionada somente 
ao valor do bem. Por exemplo na hipótese de um furto de uma galinha de um grande criador pode ser 
hipótese de aplicação do princípio. Contudo, caso essa galinha pertença a uma família pobre, e seja 
indispensável ao seu sustento, a insignificância não poderá ser reconhecida. 
Por isso, a observância dos requisitos apresentamos acima é de suma importância para a análise 
do fato. 
 
Assim, a doutrina majoritária assegura que o Princípio da Insignificância afasta a tipicidade material do 
fato, ou seja, retira a conduta do âmbito de proteção do Direito Penal. 
 
Apesar de não haver previsão expressa em nosso ordenamento jurídico sobre o Princípio da 
Insignificância ou Bagatela ele é muito aceito e vem sendo aplicado cada vez mais perante os Tribunais 
Pátrios. 
 
TEORIA DO TIPO 
 
Os tipos penais são modelos criados pela lei, por meio dos quais as condutas consideradas 
indesejáveis pelo senso comum (de acordo com o entendimento do legislador) são descritas 
taxativamente como crimes, com a finalidade de dar aos indivíduos a garantia maior do princípio da 
reserva legal. 
O tipo é o modelo genérico e abstrato descritivo da conduta contido na lei. 
 
Observação: TIPO e TIPICIDADE não se confundem, pois tipo é uma figura que resulta da imaginação 
do legislador, enquanto juízo de tipicidade é a averiguação que sobre uma conduta se efetua para saber 
se apresenta os caracteres imaginados pelo legislador.14 
Existem tipos penais incriminadores ou legais e tipos penais permissivos ou justificadores. Os 
tipos incriminadores são os que trazem a definição legal de uma conduta criminosa, ou seja, são os tipos 
penais propriamente ditos. Já os tipos permissivos, são as causas de exclusão da ilicitude, pois é descrita 
uma conduta permitida. 
 
O tipo legal é composto de elementares e circunstâncias. 
 
Elementar: Vem de elemento, que é todo componente essencial do tipo sem o qual este desaparece 
ou se transforma em outra figura típica. 
 
14 MASSON, Cleber. Direito Penal. Vol.1. Parte Geral. Editora Método. 8ª edição. 2014. 
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Justamente por serem essenciais, os elementos estão sempre no caput (cabeça) do tipo incriminador 
(texto da lei penal), por isso o caput é chamado de tipo fundamental. (Exemplo: art. 121, matar alguém. 
Matar é elementar do tipo). 
Circunstância: É aquilo que não integra a essência, ou seja, se for retirado, o tipo não deixa de existir. 
As circunstâncias estão dispostas em parágrafos (ex.: qualificadoras, privilégios etc.), não servindo para 
compor a essência do crime, mas sim para influir na pena. 
O crime será mais ou menos grave em decorrência da circunstância, entretanto será sempre o mesmo 
crime (Exemplo: furto durante o sono noturno; o sono é circunstância, tendo em vista que, se não houver, 
ainda assim existirá o furto). 
 
Espécies de Elemento 
01) Elementos objetivos ou descritivos: são aqueles cujo significado depende de mera observação. 
Para saber o que quer dizer um elemento objetivo, o sujeito não precisa fazer interpretação. Todos os 
verbos do tipo constituem elementos objetivos (ex.: matar, falsificar etc.). São aqueles que independem 
de juízo de valor, existem concretamente no mundo (ex.: mulher, coisa móvel, filho etc.). Se um tipo penal 
possui somente elementos objetivos, ele oferece segurança máxima ao cidadão, visto que, qualquer que 
seja o aplicador da lei, a interpretação será a mesma. São chamados de tipo normal, pois é normal o tipo 
penal que ofereça segurança máxima; 
 
2) Elementos subjetivos: compõem-se da finalidade especial do agente exigida pelo tipo penal. 
Determinados tipos não se satisfazem com a mera vontade de realizar o verbo. Existirá elemento de 
ordem subjetiva sempre que houver no tipo as expressões “com a finalidade de”, “para o fim de” etc. 
(ex.: rapto com fim libidinoso etc.). O elemento subjetivo será sempre essa finalidade especial que a lei 
exige. Não confundir o elemento subjetivo do tipo com o elemento subjetivo do injusto, que é a 
consciência do caráter inadequado do fato, a consciência da ilicitude; 
03) Elementos normativos: é exatamente o oposto do elemento objetivo. É aquele que depende de 
interpretação para se extrair o significado, ou seja, é necessário um juízo de valor sobre o elemento. São 
elementos que trazem possibilidade de interpretações equívocas, divergentes, oferecendo um certo grau 
de insegurança. São chamados de tipos anormais porque possuem grau de incerteza, insegurança. 
Existem duas espécies de elementos normativos: 
- elemento normativo jurídico: é aquele que depende de interpretação jurídica (ex.: funcionário público, 
documento etc. Todos esses vêm definidos na lei); 
- elemento normativo extrajurídico ou moral: é aquele que depende de interpretação não jurídica (ex.: 
mulher “honesta”). 
 
CRIME CONSUMADO (ART.14, I, CP) 
 
Crime consumado é aquele em que foram realizados todos os elementos da definição legal. Crime 
exaurido é aquele em que o agente já consumou o crime, mas continua atingindo o bem jurídico. O 
exaurimento influi na primeira fase da fixação da pena (art. 59, caput, do Código Penal). 
Trata-se da última fase do caminho do crime (iter criminis). 
A consumação ocorre quando todos os elementos do fato típico são realizados. 
 
A consumação nas várias espécies de crimes: 
a) materiais: com a produção do resultado naturalístico; 
b) culposos: igual os materiais, com a produção do resultado naturalístico; 
c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa; 
d) formais: com a simples atividade, independente do resultado; 
e) permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo; 
f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido; 
g) omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico; 
h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador; 
i) complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente realizados; 
j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles, isoladamente, é indiferente à lei penal. O 
momento consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito, por essa razão, 
não cabe prisão em flagrante nesses crimes. 
 
 
 
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TENTATIVA (ART.14, II, CP) 
 
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