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08_Nocoes_de_Direito_Penal

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1 
 
 
 
 
 
 
 
DEPEN 
Agente Federal de Execução Penal 
 
1 Aplicação da lei penal. 1.1 Princípios. 1.2 A lei penal no tempo e no espaço. 1.3 Tempo e 
lugar do crime. 1.4 Lei penal excepcional, especial e temporária. 1.5 Territorialidade e 
extraterritorialidade da lei penal. 1.6 Pena cumprida no estrangeiro. 1.7 Eficácia da sentença 
estrangeira. 1.8 Contagem de prazo. 1.9 Frações não computáveis da pena.1.10 Interpretação 
da lei penal. 1.11 Analogia.1.12 Irretroatividade da lei penal. 1.13 Conflito aparente de normas 
penais. ..................................................................................................................................... 1 
2 O fato típico e seus elementos. 2.1 Crime consumado e tentado. 2.2 Ilicitude e causas de 
exclusão.2.3 Excesso punível. ............................................................................................... 21 
3 Crimes contra a pessoa. ................................................................................................. 53 
4 Crimes contra o patrimônio. ............................................................................................ 97 
5 Crimes contra a fé pública ............................................................................................ 134 
6 Crimes contra a administração pública. ....................................................................... 158 
7 Disposições constitucionais aplicáveis ao direito penal. ................................................ 211 
 
 
Olá Concurseiro, tudo bem? 
 
Sabemos que estudar para concurso público não é tarefa fácil, mas acreditamos na sua 
dedicação e por isso elaboramos nossa apostila com todo cuidado e nos exatos termos do 
edital, para que você não estude assuntos desnecessários e nem perca tempo buscando 
conteúdos faltantes. Somando sua dedicação aos nossos cuidados, esperamos que você tenha 
uma ótima experiência de estudo e que consiga a tão almejada aprovação. 
 
Pensando em auxiliar seus estudos e aprimorar nosso material, disponibilizamos o e-mail 
professores@maxieduca.com.br para que possa mandar suas dúvidas, sugestões ou 
questionamentos sobre o conteúdo da apostila. Todos e-mails que chegam até nós, passam 
por uma triagem e são direcionados aos tutores da matéria em questão. Para o maior 
aproveitamento do Sistema de Atendimento ao Concurseiro (SAC) liste os seguintes itens: 
 
01. Apostila (concurso e cargo); 
02. Disciplina (matéria); 
03. Número da página onde se encontra a dúvida; e 
04. Qual a dúvida. 
 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhar em e-mails separados, 
pois facilita e agiliza o processo de envio para o tutor responsável, lembrando que teremos até 
três dias úteis para respondê-lo(a). 
 
Não esqueça de mandar um feedback e nos contar quando for aprovado! 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
1 
 
 
 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
 
As normas penais têm como objetivo principal regulamentar o direito de punir do Estado. Para tanto, o 
Código Penal (CP) destacou no Título I, da Parte Geral (arts. 1º ao 12) os princípios e regras que norteiam 
a aplicação das leis penais, que passaremos a analisar na sequência. 
 
Anterioridade da Lei 
 
Art. 1º- Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 
 
O artigo trata do Princípio da Legalidade, segundo o qual nenhum fato será considerado crime e 
nenhuma pena será aplicada, sem que haja uma lei anterior que os defina. Trata-se ainda de uma garantia 
constitucional prevista na Constituição Federal (CF), no artigo 5º, XXXIX (“não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”) e representa uma limitação ao poder do Estado de 
interferir nas liberdades individuais. 
O princípio da legalidade pode ser subdividido em: 
 
a) Princípio da anterioridade: segundo este princípio uma pessoa somente poderá ser punida se à 
época dos fatos já existia uma lei em vigor que descrevia o crime praticado, ou seja, a norma penal só se 
aplica aos fatos praticados após sua vigência. 
Deste princípio decorre ainda a irretroatividade penal, também prevista no artigo 5º, XL, da Constituição 
Federal, que dispõe que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
Assim, como regra geral, a lei penal não poderá retroagir. Como única exceção à regra, a lei penal 
poderá retroagir apenas para beneficiar o réu. 
 
b) Princípio da reserva legal: segundo este princípio somente a lei poderá descrever uma conduta 
como crime e cominar penas. Trata-se de matéria reservada exclusivamente à lei. Dessa forma, não 
poderá o legislador utilizar-se de decretos, medidas provisórias ou outros meios legislativos para definir 
condutas como criminosas e suas respectivas penas. 
 Nesse sentido ainda, a doutrina entende que Medida Provisória não pode versar sobre matéria de 
direito penal, pois, apesar de possuir força de lei, não é efetivamente uma lei, visto que não advém do 
Poder Legislativo. O artigo 62, § 3º da CF, compartilhou deste mesmo entendimento ao dispor que: “As 
medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não 
forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias...” 
 
Normas Penais em Branco 
 
As normas penais em brancos são normas que necessitam de uma complementação para ter uma 
aplicabilidade efetiva. Esta complementação pode se dar por meio de uma lei ou de outro ato normativo, 
como por exemplo, decretos, regulamentos, portarias, etc. 
Quando a complementação for do conceito primário, ou seja, quando estiver relacionada com a 
descrição do crime, as normas penais em branco podem ser classificadas em: 
- Homogêneas (ou impróprias): quando a complementação vem por meio de outra norma da mesma 
hierarquia ou da mesma fonte legislativa. Exemplo: quando a norma penal em branco for uma lei ordinária 
e a complementação vier por meio de outra lei ordinária. Neste caso o complemento emana do próprio 
legislador e da mesma instância legislativa. 
As normas penais em branco homogêneas ou impróprias, podem ser subdivididas em duas outras 
espécies: 
- Homovitelina (homóloga): quando o complemento está no mesmo diploma legal da norma 
incompleta. Ex.: art. 312 do CP, que descreve o crime de peculato, mas não define o que é funcionário 
1 Aplicação da lei penal. 1.1 Princípios. 1.2 A lei penal no tempo e no espaço. 1.3 
Tempo e lugar do crime. 1.4 Lei penal excepcional, especial e temporária. 1.5 
Territorialidade e extraterritorialidade da lei penal. 1.6 Pena cumprida no 
estrangeiro. 1.7 Eficácia da sentença estrangeira. 1.8 Contagem de prazo. 1.9 
Frações não computáveis da pena. 1.10 Interpretação da lei penal. 1.11 Analogia. 
1.12 Irretroatividade da lei penal. 1.13 Conflito aparente de normas penais. 
 
1633893 E-book gerado especialmente para DIEGO CESPEDES DE SOUZA
 
2 
 
público. Esta definição, ou esta complementação, vem por meio por meio do art. 327 do próprio CP, que 
conceitua o funcionário público. 
- Heterovitelina (heteróloga): quando o complemento está em diploma legal diverso do da norma 
incompleta. Exemplo: no delito de ocultação de impedimento para o casamento (artigo 236 do CP) as 
hipóteses impeditivas da união civil estão elencadas no Código Civil (diploma legal diverso). 
- Heterogêneas (ou próprias): quando a complementação vem por meio de outra fonte normativa, ou 
seja, não vem do Poder Legislativo por meio de uma lei. Neste caso, por exemplo, a complementação 
pode vir por meio de Decretos, Portarias, etc. Ex.: Lei de Drogas (lei nº. 11.343/2006), cuja 
complementação do conceito de drogas é encontrada em portaria da Anvisa (portaria nº. 344/1998). 
 
Norma penal em branco ao revés ou invertida 
Quando a complementação for do conceito secundário, ou seja, quando não estiver relacionada com 
a descrição do crime, mas sim, com a pena/sanção estabelecida para este crime, ocorre a chamadanorma penal em branco ao revés ou invertida. 
Ex. A Lei do Genocídio (lei nº 2.889/56) não cuidou de especificar diretamente a pena para este crime, 
remetendo a aplicação desta lei para outras leis, como por exemplo para o Código Penal. 
 
Observação: diferentemente da norma penal em branco que poderá ser complementada por decretos, 
regulamentos ou portarias, a norma penal em branco ao revés ou invertida somente poderá ser 
complementada por outra lei, sob pena de violação ao princípio da legalidade. 
 
Lei Penal no Tempo 
 
A lei penal é regulada pelo princípio do “Tempus Regit Actum” (o Tempo rege o ato). Assim, como 
regra, os atos processuais são regidos pela lei em vigor na época dos fatos, ou seja, pela lei em vigor no 
momento em que os atos foram praticados. 
Já como exceção, temos o princípio da retroatividade da lei penal benéfica, que dispõe que a lei penal 
poderá retroagir apenas quando beneficiar o réu, mesmo que tenha havido o trânsito em julgado da 
sentença penal condenatória. 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando 
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Da análise do artigo 2º do Código Penal, extraem-se os seguintes princípios: 
 
- Da irretroatividade: como regra temos que a lei penal não retroagirá. O princípio da irretroatividade 
está previsto ainda no artigo 5º, XL, da CF. 
- Da retroatividade: como exceção ao princípio da irretroatividade, temos que a lei penal poderá 
retroagir apenas para beneficiar o réu. Possibilidade conferida à lei penal, a fim de regular os fatos 
ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. 
- Da ultratividade: também considerado uma exceção ao princípio da irretroatividade, o princípio da 
ultratividade consiste na aplicação de uma lei, mesmo após a sua revogação, para regular os fatos 
ocorridos durante a sua vigência. 
 
Validade, vigência e eficácia da lei 
- Validade: a validade de uma lei está relacionada ao atendimento dos requisitos exigidos pela CF/88, 
tais como quórum para votação e aprovação e competência. 
- Vigência: uma lei torna-se vigente a partir do momento que tem a possibilidade de surtir efeitos. 
Nesse sentido, a lei penal começa a produzir efeitos a partir da data em que entra em vigor, momento 
em que passa a regular fatos futuros (regra) e passados (exceções). Dessa forma, assim como as demais 
leis do ordenamento jurídico, a lei penal começa a vigorar a partir da data nela indicada. Na ausência da 
respectiva previsão, entrará em vigor em 45 dias após a sua publicação. 
O espaço de tempo compreendido entre a publicação oficial da lei e sua entrada em vigor é chamado 
de “Vacatio Legis”. 
A lei penal permanece vigente até que outra lei a modifique ou a revogue, ou ainda, até que se encerre 
o prazo de sua vigência. O simples desuso da lei, não acarreta sua revogação. 
A revogação de uma lei pode ser: 
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a) Expressa: quando a lei indica expressamente os pontos a serem revogados. 
b) Tácita: quando a norma revogadora é incompatível com a lei anterior. A revogação é implícita. 
c) Total (ab-rogação): quando a nova lei revoga todo o conteúdo da lei anterior. 
d) Parcial (derrogação): quando a nova lei revoga apenas alguns dispositivos tratados pela lei anterior. 
- Eficácia: a eficácia e a vigência de uma lei estão intimamente associadas, visto que ambas estão 
relacionadas a possibilidade de surtir efeitos. A eficácia, no entanto, está ligada a possibilidade efetiva de 
produzir efeitos. Isto quer dizer que, muitas vezes uma lei é válida e vigente, todavia, não possui eficácia 
efetivamente. Exemplo: uma lei que depende de algum tipo de regulamentação, até a publicação desta 
regulamentação, esta lei é vigente, possui condições de surtir efeitos, mas não possui eficácia efetiva, 
tendo em vista que depende da complementação para tanto. 
 
A eficácia pode ser temporal ou espacial: 
a) Eficácia temporal: a lei penal para ter vigência precisa ser sancionada, promulgada e publicada. Ela 
pode começar a surtir efeitos logo após sua publicação, hipótese em que seu próprio texto prevê “essa 
lei entra em vigor na data de sua publicação”, ou ainda em momento posterior, hipótese em que o texto 
legal expressará quando ela passará a vigorar. (Ex.: esta Lei entra em vigor noventa dias após sua 
publicação”). 
Caso o texto seja silente, aplica-se a regra geral contida no art. 4º da Lei de Introdução do Código Civil 
que dispõe que, não havendo determinação expressa, a lei entra em vigor 45 dias após a sua publicação. 
Esta permanece em vigor até que outra lei a revogue ou até a expiração de ser prazo de validade. 
Algumas leis têm seu fim determinado desde o início de sua vigência. É o caso da lei temporária e da 
lei excepcional. 
b) Eficácia espacial (geográfica): no âmbito espacial, o direito brasileiro adotou como regra, o princípio 
da territorialidade, que entende que o Estado em foi cometido o crime, será o competente para julgar o 
agente, independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico lesado. 
 
Conflito de Leis Penais no Tempo 
 
O conflito de leis penais no tempo ocorre quando um delito é praticado na vigência de uma lei e o seu 
julgamento se dá na vigência de outra lei, ou, quando o comportamento se dá na vigência de uma lei e o 
resultado na vigência de outra. 
 
Hipóteses de conflitos de lei no tempo: 
 
a) Abolitio criminis: ocorre quando uma lei posterior deixa de considerar crime um comportamento 
que anteriormente era punível, ou seja, a lei posterior torna atípica penalmente uma conduta que até 
então era proibida por lei. Neste caso, em observância ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica, 
aplica-se a lei posterior. (Art. 2º, CP). 
A abolitio criminis acarreta como efeito, a extinção da punibilidade, nos termos do art. 107 do CP. 
Assim, se o sujeito ainda não foi processado, não mais poderá ser. Caso o processo esteja em 
andamento, deverá ser trancado. 
Já no caso de o sujeito já ter sido condenado por sentença transitada em julgado, não poderá sofrer a 
execução da pena. Por outro lado, se já estiver cumprindo pena, deverá ser solto, em razão da extinção 
de punibilidade. 
Importante salientar que, embora os efeitos penais desapareçam com a abolitio criminis, os efeitos 
civis permanecem, ou seja, no caso de um sujeito ter sido condenado por crime tanto na vara criminal 
quanto na vara cível (ex. danos morais), temos que os efeitos penais, sejam eles primários ou 
secundários, desaparecem, contudo, os efeitos cíveis não, de forma que, o sujeito deverá arcar com a 
reparação do dano moral a que foi condenado. 
 
b) Novatio legis incriminadora: ocorre quando a lei nova incrimina fatos anteriormente considerados 
lícitos, ou seja, tipifica comportamento que anteriormente não era considerado crime. Neste caso, as 
condutas supervenientes que se tornaram crime não retroagem e somente serão aplicadas a partir de 
sua vigência. 
 
c) Novatio legis in pejus: ocorre quando a lei posterior é mais severa que a lei anterior. Neste caso, 
a lei nova que prejudica o agente, não retroage, devendo ser aplicada ao caso concreto, a lei anterior, 
mesmo que revogada (ultratividade). 
 
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4 
 
Observação: súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (STF): “A lei penal mais grave aplica-se ao 
crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou 
da permanência”. 
Deste modo, se o crime estiver acontecendo e houver sucessão de leis no tempo, ao fato deve ser 
aplicada a lei correspondente ao momento do último ato de execução, ainda que a ocorrência do delito 
se prolonguepor duração real (crime permanente, como o sequestro - art. 148, CP) ou por ficção jurídica 
(crime continuado, a exemplo de furtos assemelhados cometidos diariamente - art. 155, c/c o art. 71, CP). 
- Crime permanente: aquele cujo momento da consumação se prolonga no tempo. Ex.: crime de 
sequestro. (Art.148 do Código Penal) 
- Crime continuado: quando o agente, reiteradamente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, nas mesmas condições de tempo, ação e lugar. Ex.: 
funcionário que todos os dias furta pequena quantia em dinheiro do caixa da empresa. 
 
d) Novatio Legis in Mellius: ocorre quando a lei nova é de qualquer modo mais favorável que a lei 
anterior. Deve ser aplicada aos fatos anteriores, mesmo havendo sentença condenatória transitada em 
julgado. (Art. 2º, parágrafo único, CP). 
 
Lei intermediária 
Ocorre quando, por exemplo, um fato foi cometido na vigência de uma lei (Lei A), no decorrer da 
apuração do fato adveio outra lei (Lei B) e no momento da sentença penal, vigora uma terceira lei (Lei C). 
Neste caso, a Lei B seria uma lei intermediária. 
Em caso de vigência de três leis sucessivas, deve-se ressaltar que sempre será aplicada a lei mais 
favorável ao autor do crime. 
Sendo assim, se entre as leis que se sucedem, surge uma intermediária mais benigna, embora não 
seja nem a do tempo do crime nem daquele em que a lei vai ser aplicada, essa lei intermediária mais 
benévola poderá ser aplicada. 
 
Conjugação de Leis (lex tertia) 
A conjugação ou combinação de leis ocorre quando se extrai de duas leis, uma revogada e outra 
vigente, dispositivos que interessem ao agente, combinando-os para utilizá-los no caso concreto, de modo 
a extrair o máximo de benefício ao réu. 
A chamada lex tertia seria, portanto, a criação de uma “terceira lei”, resultado da combinação parcial 
de duas ou mais leis na aplicação do direito penal ao caso concreto, desde que o conteúdo parcial 
utilizado tenha o objetivo de beneficiar o réu. 
A doutrina e a jurisprudência divergem sobre essa possibilidade. Os doutrinadores que não admitem 
sua aplicação, defendem que seria impossível a aplicação da lei nova apenas na parte favorável, sob 
pena de ofensa a separação dos poderes, já que o magistrado neste caso estaria legislando ao criar uma 
“nova lei”. 
Por outro lado, alguns doutrinadores defendem que seria possível a retroatividade apenas de partes 
da lei nova, desde que sejam favoráveis ao acusado, sendo que nesses casos, o juiz não estaria 
legislando, mas apenas fazendo a transição, dentro dos limites previamente estabelecidos pelo legislador. 
O Código Penal Brasileiro não faz qualquer referência a lex tertia, já o Código Penal Militar, através do 
art. 2º, §2º, veda a combinação de leis penais: 
“Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em 
virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos efeitos de natureza 
civil. 
(...) 
§ 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser consideradas 
separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato. 
 
Lei Excepcional ou Temporária 
 
Art.3º- A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência 
 
As leis excepcionais ou leis temporárias são normas criadas para atender situações transitórias, tais 
como guerra ou calamidade e perduram durante todo o tempo da excepcionalidade. São leis que já 
possuem seu fim determinado desde o início de sua vigência. 
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As leis temporárias são aquelas que trazem em seu próprio corpo a data de sua revogação, ou seja, 
possuem vigência previamente determinada. São leis criadas para um período determinado. (Ex. Lei nº. 
12.663/2013 - Lei Geral da Copa do Mundo - Tipos penais (arts. 30 a 35) terão vigência até o dia 31 de 
dezembro de 2014). 
Já as leis excepcionais são aquelas criadas para disciplinar determinadas situações transitórias. Ex: 
guerra, calamidade pública, etc. Esta lei dura enquanto durar a excepcionalidade. (Ex.: Crimes em tempos 
de Guerra - Código Penal Militar) 
Essas leis são chamadas de autorrevogáveis, tendo em vista que não dependem de outra lei para 
serem revogadas. A lei temporária se autorrevoga na data estabelecida e a lei excepcional se autorrevoga 
assim que terminam os motivos que ensejaram sua criação. 
Estas leis são também ultrativas, ou seja, podem ser aplicadas mesmo após a sua revogação para 
regular os fatos ocorridos durante a sua vigência, ainda que prejudiquem o agente. (Exemplo: no caso de 
um surto de febre amarela é criado um crime de omissão de notificação de febre amarela. Nesta situação, 
caso alguém cometa o crime e logo em seguida o surto seja controlado, cessando a vigência da lei, o 
agente mesmo assim responderá pelo crime). Do contrário, a lei perderia sua força coercitiva, visto que 
o agente, sabendo qual seria o término da vigência da lei, poderia retardar propositalmente o processo 
para que não fosse apenado pelo crime. 
 
Conflito Aparente de Normas 
 
O conflito aparente de normas também é conhecido como concurso aparente de normas. Ele ocorre 
quando um mesmo fato é aparentemente regulado por duas ou mais normas penais, ambas instituídas 
por leis de mesma hierarquia e originárias da mesma fonte de produção, além de ambas estarem em 
vigor ao tempo da prática da conduta. 
Assim, existe apenas um fato punível, mas com diversos tipos penais aparentemente aplicáveis ao 
caso concreto. Neste caso, por ser injusta a aplicação de mais de uma sanção penal pela prática de uma 
única conduta, é necessária a escolha de um dispositivo legal que tenha melhor adequação a conduta 
criminosa praticada, para a aplicação ao caso concreto. 
 
São requisitos para se caracterizar o conflito de normas: 
- Unidade de fato: apenas uma infração penal. 
- Pluralidade de normas penais: duas ou mais normas aparentemente regulando o mesmo fato e 
vigência contemporânea de todas elas. 
- Aparente aplicação de todas as normas à espécie: a incidência de todas as normas é apenas 
aparente. 
- Efetiva aplicação de apenas uma delas: somente uma norma é efetivamente aplicável, por isso o 
conflito é aparente. 
 
Princípios que solucionam o Conflito Aparente de Normas 
 
Os princípios que buscam solucionar o conflito aparente de normas, utilizados como forma de manter 
a coerência do ordenamento jurídico e assim se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção sobre o 
mesmo fato), são: 
 
- Princípio da Subsidiariedade: este princípio determina que a norma principal mais ampla/gravosa 
prevalece sobre a norma subsidiária, ou seja, a norma subsidiária somente será aplicada quando o fato 
não constituir crime mais grave e quando a norma principal não for aplicável. 
A subsidiariedade por ser Expressa ou Tácita: 
a) Expressa: neste caso o caráter subsidiário da norma está expresso no tipo penal. Ex. artigo 132, 
CP: 
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
CP - Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Verifica-se neste dispositivo que a própria norma já expressa o seu carater subsidiário, afirmando que 
somente será aplicada quando o fato não constituir crime mais grave e, portanto, quando a norma principal 
não for aplicável. 
 
 
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b) Tácita: neste caso a subsidiariedade está implicita no tipo penal. Aqui, mesmo o tipo penal não 
fazendo menção expressa do seu caráter subsidiário, ele somente será aplicado nas hipóteses de não 
ocorrência de um delito mais grave que, nesta situação, afastará a aplicação da norma subsidiária. 
Ex.: O art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro descreveo crime de “trafegar em velocidade 
incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações de embarque e 
desembarque de passageiros, logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação ou 
concentração de pessoas, gerando perigo de dano”. Trata-se de uma norma subsidiária implícita, pois, 
caso dessa conduta resulte um atropelamento com morte, o agente será responsabilizado pelo crime do 
artigo 302 do CTB(“Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor”) e não mais pelo artigo 
311, CTB. 
 
- Princípio da Especialidade: este princípio determina que a norma especial prevalecerá sob a norma 
geral, ou seja, a lei especial, afastará a aplicação da lei geral. Lembrando que uma lei especial é aquela 
que contém todos os elementos de uma norma geral, mais alguns elementos chamados de 
especializantes, que especificam determinado tipo penal, agregando mais ou menos severidade ao tipo 
penal. Ex: mãe que mata o filho durante o parto: aparentemente ela incorre nos crimes de homicídio 
(art.121, CP) e de infanticídio (art. 123, CP). Neste caso, o infanticídio contém todos os elementos da 
norma geral (matar + alguém), mais os especializantes (influência do estado puerperal; próprio filho; 
durante o parto). Aplica-se, portanto, neste caso, o artigo 123 do Código Penal. 
 
- Princípio da Consunção ou da Absorção: aplicável nos casos em que o agente, para atingir a 
intenção criminosa, pratica uma sucessão de condutas, todas penalmente tipificadas e efetivamente 
relacionadas. Neste caso, os crimes menos graves constituem um meio necessário ou normal fase de 
preparação ou de execução de outro crime. 
Há, portanto, uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o mais amplo consome o 
menos amplo, evitando a dupla punição, como parte de um todo e como crime autônomo.1 Difere do 
princípio da especialidade porque naquele analisa-se as normas e nesse os fatos. Ex: lesão corporal que 
é absorvida no caso do homicídio. 
 
Pode ocorrer nos seguintes casos: 
1) Crimes Complexos: são aqueles formados pela união de dois ou mais crimes autônomos, que 
passam a funcionar como elementares no tipo complexo. Decorrem, portanto, da união de duas condutas 
que formam um novo tipo penal. Ex. latrocínio (roubo + homicídio). 
2) Crimes Progressivos: são aqueles em que o sujeito, pretendendo alcançar um resultado mais 
grave, pratica por meio de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurídico. Ex: desejando matar 
Pedro, João desfere-lhe várias facadas. O objetivo é o homicídio, mas para alcançá-lo é necessário o 
cometimento da lesão corporal. Neste caso, as lesões são absorvidas pelo homicídio. 
3) Progressão Criminosa 
a) Progressão criminosa em sentido estrito: neste caso o sujeito tem uma pretensão inicial, realiza 
os atos a fim de alcançá-la, mas depois muda sua vontade, passando a desejar crime mais grave. Ex: 
agente que desejando apenas ferir seu desafeto passa a lhe desferir vários socos, porém, no meio da 
conduta, resolve que quer matá-lo e passa a sufocá-lo. Neste caso, o agente responderá por homicídio, 
ficando a lesão corporal absorvida. 
 
Observação: cuidado para não confundir a progressão criminosa em sentido estrito com o crime 
progressivo. No crime progressivo o sujeito tem apenas uma vontade, já na progressão criminosa em 
sentido estrito, há pluralidade de vontades. 
 
 
Elementos que devem ser observados: 
- Pluralidade de desígnios: inicialmente o agente deseja praticar um crime, e após cometê-lo, resolve 
praticar outro de maior gravidade, demonstrando duas ou mais vontades. 
- Pluralidade de fatos: existe mais de um crime correspondente a mais de uma vontade. Neste caso, 
embora haja condutas distintas, o agente só responderá pelo fato final mais grave, ficando os demais 
absorvidos. 
- Progressividade na lesão ao bem jurídico: a primeira sequência voluntária de atos, ou seja, o 
primeiro crime, provoca uma lesão menos grave do que a última e, por isso, acaba por ele absorvida. 
 
1 MASSON. C. Direito Penal Esquematizado. Parte Geral. Vol. 1. Ed. Método. 8ª edição.2014. 
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7 
 
Como consequência, temos que, embora haja duas condutas distintas, o agente responderá apenas 
pelo ato final mais grave, ficando os demais anteriores absorvidos. 
 
b) Fato anterior (“ante factum”) não punível: são fatos anteriores praticados como meio de 
execução do crime principal, que ficam por ele absorvidos. Ex.: furto de uma bolsa que se encontra no 
interior de um automóvel. A eventual destruição do vidro não acarreta imputação ao agente do crime 
contido no art. 163, CP (Dano). 
STJ - Súmula nº 17 - Estelionato. Potencialidade Lesiva. Quando o falso se exaure no estelionato, 
sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. 
 
c) Fato posterior (“post factum”) não punível: são fatos que se fossem analisados isoladamente 
seriam púníveis, no entanto, quando são analisados como desdobramentos do crime principal, não são 
púníveis. Ocorre geralmente quando depois de realizada a conduta, o sujeito pratica nova ofensa contra 
o mesmo bem jurídico, buscando alguma vantagem com o crime anterior. Ex.: o uso posterior do 
documento falso, se quem o utilizou foi o próprio falsificador. 
 
- Princípio da Alternatividade: os tipos penais alternativos são aqueles que a lei estabelece diversos 
núcleos em sua descrição e que se praticados dentro de um mesmo contexto fático, caracterizam a prática 
de apenas um crime. Ex: art. 122, CP - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para 
que o faça. 
Nestes casos, o princípío da alternatividade determina que basta a realização de qualquer dos verbos 
para que o crime se caracterize, ou seja, a realização de um ou de todos os verbos do tipo penal, 
configuram apenas um crime. 
 
Dica para lembrar dos Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
 
S SUBSIDIARIEDADE 
E ESPECIALIDADE 
C CONSUNÇÃO 
A ALTERNATIVIDADE 
 
Tempo do Crime 
 
Art. 4º- Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja 
o momento do resultado. 
 
A determinação do momento (tempo) em que foi realizado um crime é importante, pois é por meio 
desta identificação que será possível saber qual lei deverá ser aplicada ao caso concreto ou ainda para 
estabelecer a imputabilidade do sujeito ou mesmo para fixar o marco prescricional. 
 
Existem três teorias sobre o tempo do crime: 
- Teoria da atividade: considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado. 
- Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento em que se produziu o resultado, 
sendo irrelevante o tempo da ação ou da omissão. 
- Teoria mista ou da ubiquidade: esta teoria considera como tempo do crime tanto o momento da 
ação ou da omissão, quanto o momento do resultado. 
 
A teoria adotada pelo Código Penal, quanto ao tempo (momento) do crime, é a TEORIA DA 
ATIVIDADE (art. 4º do Código Penal). 
 
Lei Penal no Espaço 
 
A lei penal no espaço busca delimitar o lugar onde um crime foi praticado e analisar quando a lei 
brasileira poderá ser aplicada. 
A delimitação do lugar do crime é importante uma vez que serve como parâmetro para solucionar, por 
exemplo, situações em que um crime inicia sua execução em um país e o resultado se dá em país diverso, 
ou seja, quando um crime viola interesses de dois ou mais países. 
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Via de regra, a lei brasileira será aplicada a crimes cometidos em território brasileiro, porém, em casos 
excepcionais, a lei brasileira também poderá ser aplicada a crimes cometidos em território estrangeiro. 
Por esta razão, dizemos que a aplicação da lei penal no espaço é regida por dois princípios básicos: 
o da territorialidade (aplica-se a lei brasileira para crimes cometidos em território nacional) e o da 
extraterritorialidade (excepcionalmente,a lei brasileira poderá ser aplicada para crimes cometidos em 
território estrangeiro). 
Em sentido jurídico, território é o espaço em que o Estado exerce sua soberania. Já em sentido estrito, 
é a superfície terrestre, as águas territoriais e os espaços aéreos correspondentes, delimitados por 
fronteiras. 
 
Territorialidade 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§1º- Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar. 
§2º- É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Princípios da Territorialidade 
 
Princípio da territorialidade 
Trata-se da regra geral aplicada no Brasil e dispõe que o Estado em cujo território foi cometido o crime 
é o competente para julgar o agente, independentemente de sua nacionalidade, da nacionalidade da 
vítima ou do bem jurídico lesado. 
 
Divide-se em: 
a) Princípio da Territorialidade Absoluta: apenas a lei penal brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional. 
b) Princípio da Territorialidade Temperada: a regra de que a lei brasileira é aplicada aos crimes 
cometidos no território nacional não é absoluta, podendo a lei estrangeira ser aplicada em crimes 
praticados em nosso território, quando assim exigirem os Tratados e Convenções Internacionais. 
 
O Brasil adotou o Princípio da Territorialidade Temperada (art. 5º, CP) 
 
São extensões do território nacional: 
- Embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde 
quer que se encontrem. 
- Aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se encontrem 
em alto-mar (mar de ninguém) ou no espaço aéreo correspondente. 
 
Zona Econômica Exclusiva (ZEE) 
Faixa situada além das águas territoriais (entre 12 e 200 milhas marítimas), onde o Brasil tem direitos 
de soberania para fins de exploração dos recursos naturais (Não é considerada território nacional) 
 
Regra para as aeronaves e embarcações particulares: 
- Se estiver no Brasil: aplica-se a lei brasileira. 
- Se estiver no Exterior: aplica-se a lei estrangeira local. 
 
Princípio do pavilhão ou da bandeira 
Por este princípio, as embarcações e aeronaves são consideradas como extensão do território do país 
onde se acham registradas. Assim, quando estiverem em alto-mar ou em espaço aéreo correspondente, 
aplicar-se á a lei do país cuja bandeira elas ostentarem. 
Vale ressaltar que embarcações e aeronaves militares brasileiras, sempre serão consideradas 
extensões do território nacional, mesmo quando em Estado estrangeiro. Por esta razão, aplica-se a lei 
penal brasileira às infrações nelas cometidas. 
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Princípio da passagem do inocente 
Este princípio dispõe que é permitido uma embarcação ou aeronave de propriedade privada atravessar 
o território brasileiro, desde que não afete em nada nossos interesses. 
Nesta hipótese, caso ocorra um crime dentro desta embarcação/aeronave, não será aplicada a lei 
brasileira (país em trânsito). A lei penal brasileira poderá ser aplicada somente se o crime afetar um bem 
jurídico nacional. 
 
Lugar do Crime 
 
Art. 6º- Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Em observância ao princípio da territorialidade, necessário se faz a identificação do lugar do 
cometimento do crime, para que seja possível fixar a competência para o seu julgamento. 
 
Teorias 
Sobre o lugar do crime, a doutrina apresenta três teorias: 
a) Teoria da atividade: (também conhecida como “teoria da ação”): considera como lugar do crime o 
local onde foi praticada a ação ou omissão, ou seja, é aquele onde ocorre a conduta delituosa. 
b) Teoria do resultado: considera como lugar do crime o local em que o resultado foi produzido, não 
importando qual foi o local da prática da conduta, ou seja, o local da ação ou da omissão. 
c) Teoria mista ou da ubiquidade: esta teoria é um misto das duas teorias anteriores e assim, 
considera como lugar do crime tanto o local onde foi praticada a ação ou omissão, como o lugar em que 
se produziu o resultado. 
Esta Teoria, tendo em vista que considera tanto o lugar da conduta como o do resultado, soluciona 
com mais facilidade os crimes à distância, bem como os crimes que começam e terminam em outros 
países, envolvendo assim o Direito Internacional, permitindo assim, que tais crimes sejam resolvidos nos 
termos da legislação brasileira. 
 
Nos termos do que dispõe o artigo 6º, CP, a Teoria mista ou da ubiquidade é a adotada pelo Código 
Penal brasileiro. 
 
Atenção: quando se tratar do Código de Processo Penal, a Teoria adotada é diferente! 
 
O Código de Processo Penal ao afirmar em seu artigo 70 que “a competência será, de regra, 
determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for 
praticado o último ato de execução”, adotou a Teoria do Resultado. 
 
No entanto, importante destacar que não existe conflito entre o Código Penal e o Código de Processo 
Penal com relação à teoria do lugar do crime, isto porque, a regra do Código Penal será aplicada apenas 
quando se tratar de crimes à distância, ou seja, aqueles em que a conduta criminosa é praticada em um 
país, e o resultado se produz em outro. Envolve o chamado Direito Penal Internacional. 
Já a regra do Código de Processo Penal será aplicada quando se tratar de crimes plurilocais, ou 
seja, aquele em que a ação/omissão ocorre em um local e o resultado em outro, porém, os dois lugares 
são dentro do mesmo território nacional (dentro do mesmo país - entre cidades). Neste caso a jurisdição 
é nacional, entre Comarcas. 
Exceção: nos casos de crimes contra a vida plurilocais, excepcionalmente, a competência poderá ser 
fixada no local da ação e não do resultado. Isto porque, na grande maioria das vezes, a instrução 
probatória é mais fácil no local onde se iniciaram os atos executórios. 
 
DICA: Para não confundir as Teorias adotadas pelo Código Penal acerca do Tempo e Lugar do Crime, 
lembrar da palavra LUTA. 
 
 L Lugar do Crime 
 U Ubiquidade (art. 6º, CP) 
 T Tempo 
 A Atividade (art. 4º, CP) 
 
 
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Extraterritorialidade 
 
O princípio da extraterritorialidade dispõe sobre a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira, de 
forma excepcional, aos crimes cometidos fora do território nacional. As hipóteses de extraterritorialidade 
estão previstas no art. 7º, CP, vejamos: 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro eaí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
Espécies de Extraterritorialidade 
 
Incondicionada 
Hipóteses previstas no inciso I do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei brasileira será aplicada aos crimes 
cometidos fora do território brasileiro, independentemente de qualquer condição. 
 
Condicionada 
Hipóteses previstas no inciso II do art. 7º do CP. Nestes casos, a lei brasileira somente será aplicada, 
caso sejam satisfeitas as condições previstas respectivamente no inciso II e no §2º do art. 7º. 
Assim, para a aplicação da lei brasileira nestes casos, necessário o concurso das seguintes condições: 
a) Entrada do agente no território nacional; 
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de o crime ter sido praticado 
em local onde nenhum país tem jurisdição (alto-mar, certas regiões polares), é possível a aplicação da lei 
brasileira; 
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável; 
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, 
segundo a lei mais favorável (condição objetiva de punibilidade). 
 
Tais requisitos são cumulativos. 
 
Hipercondicionada 
O art. 7º, § 3º do CP, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: a do crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É um dispositivo baseado na teoria de proteção. 
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Neste caso, para a aplicação da lei brasileira, além das condições previstas no §2º, é preciso observar 
ainda as seguintes condições: 
- Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição; 
- Ter havido requisição do Ministro da Justiça. 
 
Observação: em se tratando de contravenção penal, não se admite a extraterritorialidade, nos termos 
do art. 2º da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941), que assim dispõe: 
- Art. 2º - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional. 
 
Princípios da Extraterritorialidade 
 
- Princípio da defesa real ou da proteção: aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico lesado, 
independentemente da nacionalidade do agente e do lugar onde o crime foi cometido. (art. 7º, I, “a”, “b”, 
“c”, CP) 
- Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa: aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos 
por brasileiro fora do Brasil. Neste caso, o único critério observado é a nacionalidade do sujeito ativo (art. 
7º, II, “b”, do CP). 
- Princípio da nacionalidade ou personalidade passiva: aplica-se a lei brasileira aos crimes 
cometidos por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil. Neste caso, o que importa é a nacionalidade 
da vítima, mesmo que o crime tenha sido praticado no exterior. (art. 7º, §3º, CP). 
- Princípio da justiça universal ou princípio da universalidade: todo Estado tem o direito de punir 
qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinquente e da vítima ou o local de sua prática, desde 
que o criminoso esteja dentro de seu território. Neste caso o direito de punir é universal. (art. 7º, I, “d” e 
II, “a”, CP). 
- Princípio da representação ou da bandeira: a lei penal brasileira também é aplicável aos delitos 
cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando realizados no estrangeiro e aí não venham a 
ser julgados. Este princípio também é conhecido como princípio da bandeira, do pavilhão, subsidiário ou 
da substituição. (art. 7º, II, “c”, CP) 
 
Jurisdição subsidiária 
Verifica-se a subsidiariedade da jurisdição nacional nas hipóteses do inciso II e do § 3º do art. 7º do 
Código Penal. Assim, se o autor de um crime praticado no estrangeiro for processado perante esse juízo, 
sua sentença preponderará sobre a do juiz brasileiro. 
 Caso o réu seja absolvido pelo juiz territorial, aplicar-se-á a regra do non bis in idem (não permissão 
da dupla condenação pelo mesmo fato) para impedir o persecutio criminis (art. 7º, § 2º, d, do CP). 
No entanto, no caso de condenação, se o condenado se subtrair à execução da pena, será julgado 
pelos órgãos judiciários nacionais e, se for o caso, condenado de novo, solução, inclusive, consagrada 
no art. 7º, §2º, “d” e “e”, do Código Penal. 
 
Pena Cumprida no Estrangeiro 
 
Art. 8º- A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Sabemos que uma pessoa pode ser julgada em território e estrangeiro e, se for caso de 
extraterritorialidade incondicionada, também poderá ser julgada novamente e cumprir pena no Brasil. No 
entanto, isso não significa dizer que a pessoa irá cumprir a pena duas vezes. 
Cumprida a pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução pela lei 
brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo saldo a cumprir se a 
pena imposta no Brasil for mais severa. (Ex.: Agente que atentou contra a vida do Presidente em território 
estrangeiro e por isso foi condenado e cumpriu pena de 05 anos. Ao ingressar no Brasil, é julgado e 
condenado a uma pena de 10 anos, sendo ambas as penas privativas de liberdade. Neste caso, o agente 
cumprirá então no Brasil apenas 05 anos). 
Já se a pena cumprida no estrangeiro for superior a pena imposta em nosso país, é evidente que esta 
não será executada. 
No caso de penas diversas (ex. pena restritiva x pena privativa de liberdade) aquela cumprida no 
estrangeiro atenuará a pena aplicada no Brasil. 
 
 
 
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Eficácia de Sentença Estrangeira 
 
Art. 9º- A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as 
mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
Parágrafo único - A homologação depende: 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade 
judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. 
 
Quanto à eficácia de sentença estrangeira, temos que em determinadas situações, o Brasil reconhece 
em seu território os efeitos da sentença proferida por outra nação. 
Nesse sentido, o Código Penal em seu art. 9°, em consonância com o art. 105, I, alínea “i”, da 
Constituição Federal, prescreve que a sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz 
na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: 
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
II - sujeitá-lo a medida de segurança. 
 
Essa homologação compete ao Superior Tribunal de Justiça, que, por sua vez, só pode homologar 
sentença já transitada em julgado. 
 
Súmula420 do STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito 
em julgado. 
 
Somente será homologada pelo STJ a sentença penal estrangeira que produzir em seu país de origem, 
a mesma eficácia que se pretender produzir no Brasil (ex. reparação civil; imposição de medida de 
segurança). 
Caso esta eficácia não seja a mesma, não será possível a homologação pelo STJ e as pretensões de 
reparações civis ou a imposição de medida de segurança, não poderão ser cumpridas no Brasil. 
O fundamento da homologação da sentença estrangeira está no entendimento de que nenhuma 
sentença de caráter criminal que emane de autoridade jurisdicional estrangeira, terá eficácia em 
determinado Estado sem o seu consentimento, pois o direito penal é fundamentalmente territorial. 
Síntese: 
- Regra: sentença estrangeira não tem eficácia no Brasil. 
- Exceção: para que uma sentença estrangeira tenha eficácia no Brasil, precisa ser homologada pelo 
STJ, e isso ocorrerá apenas nas seguintes hipóteses: 
a) para obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; (desde que 
tenha pedido da parte interessada - Parag. Único, “a”, art.9º). 
b) para que seja aplicada medida de segurança ao agente. (Depende da existência de tratado de 
extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de 
requisição do Ministro da Justiça.) 
 
Requisitos: 
- Quando produz no Brasil as mesmas consequências. 
- Somente após o transito em julgado da sentença estrangeira. (Súmula 420 do STF) 
 
Observação: a sentença estrangeira homologada no Brasil, terá força de título executivo judicial. (Art. 
515, VIII, CPC) 
 
Contagem de Prazo 
 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os 
anos pelo calendário comum. 
 
O supramencionado artigo dispõe que o dia do começo se inclui no cômputo do prazo, ou seja, os 
prazos começam sua contagem no mesmo dia em que os fatos ocorreram, independentemente de 
serem dias úteis ou não. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
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Assim, mesmo que uma prisão ocorra as 23h50min, o 1º dia do prazo será a data da prisão. 
O prazo penal não pode ser confundido com o prazo processual penal, que é aquele que diz respeito 
exclusivamente ao processo. 
No prazo processual penal, o prazo começa a contar no próximo dia útil subsequente ao fato, nos 
termos do art. 798, § 1º, do Código de Processo Penal. Assim, se o réu é intimado da sentença no dia 10 
de abril, o prazo para recorrer começa a fluir apenas no dia 11 de abril (se for dia útil). 
 
CPP -Art. 798. (...) 
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento. 
 
Nesse sentido importante destacar a Súmula 310 do STF que assim dispõe: 
 
Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver 
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
 
Outro ponto que merece destaque é o fato de os prazos penais serem improrrogáveis. Desta forma, 
se o prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, estará ele encerrado. Ao contrário dos prazos 
processuais que se prorrogam até o 1º dia útil subsequente. 
 
PRAZO PENAL (Artigo 10 do CP) O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
PRAZO PROCESSUAL (Artigo 798, §1º do CPP) 
Não se computará no prazo o dia do começo, 
incluindo-se, porém, o do vencimento. 
 
Frações Não Computáveis da Pena 
 
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações 
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
 
O referido artigo dispõe que, para efeito de contagem de prazos, não serão consideradas as frações 
de dias, ou seja, as horas, os minutos ou os segundos do dia. Consideram-se apenas os dias de contagem 
da pena, pouco importando o momento do dia que iniciou ou terminou (horas, minutos, etc.). 
No caso de pagamento de multas, da mesma forma, devem ser desprezados os centavos. 
 
Assim, para efeito de contagem de prazos: penas privativas de liberdade e restritivas de direitos: 
desprezam-se, as frações de dia, ou seja, as horas, os minutos ou os segundos do dia. Ex: Pena de 9 
meses, 22 dias e 12 horas. 
Já para efeito de pagamento de multa fixada: pena de multa: desprezam-se as frações de reais 
(centavos). Ex. pessoa condenada a pagar R$ 55,14 pagará apenas R$ 55,00. 
 
 Legislação Especial 
 
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se 
esta não dispuser de modo diverso. 
 
O mencionado dispositivo consagra a aplicação subsidiária das normas gerais do Código Penal à 
legislação especial, desde que esta não trate o tema de forma diferente. Ex.: o art. 14, II, do Código Penal, 
que trata do instituto da tentativa, aplica-se aos crimes previstos em lei especial, mas é vedado nas 
contravenções penais, uma vez que o art. 4º da Lei de Contravenções Penais declara que não é punível 
a tentativa de contravenção. 
As leis especiais, também conhecidas como leis extravagantes, são leis dirigidas a uma determinada 
classe de pessoas, com a finalidade de regulamentar ilícitos particularizados, não previstos nas regrais 
gerais do Código Penal. Muito embora o Código Penal tenha descrito os principais ilícitos penais, existem 
outros crimes de grande relevância definidos na legislação penal especial. 
Importante ressaltar que a legislação especial prevalece sobre a regra geral do Código Penal, em 
observância ao princípio da especialidade, que estabelece que a lei especial derroga a lei geral. 
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Exemplos de leis especiais: Lei Maria da Penha (Lei nº. 11.340/2006) e Lei dos Crimes Hediondos (Lei 
nº. 8.07290). 
 
Questões 
 
01. (Pref. de Guarulhos/SP - Inspetor Fiscal de Rendas - VUNESP/2019) No que concerne à 
aplicação da lei penal, assinale a alternativa correta. 
(A) A lei excepcional ou temporária não se aplica ao fato praticado durante sua vigência. 
(B) Considera-se praticado o crime no momento do resultado, ainda que outro seja o momento da ação 
ou omissão. 
(C) Lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, mas apenas 
se ainda não decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
(D) Não há crime sem lei anterior que o defina, porém, pode haver pena sem prévia cominação legal. 
(E) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude 
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
02. (PGE/PE - Analista Judiciário de Procuradoria - CESPE/2019) Com relação ao tempo e ao lugar 
do crime e à aplicação da lei penal no tempo, julgue o item seguinte. 
A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se aplique aos 
crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
03. (PC/ES - Assistente Social - Instituto AOCP/2019) É importante a fixação do tempo em que o 
crime se considera praticado para, entre outras coisas, compreender a lei que deverá ser utilizada, 
aplicada, e estabelecer a imputabilidade do sujeito. Com relação ao tempo do crime, o Código Penal 
brasileiro adotou a 
(A) Teoria da Relatividade. 
(B) Teoria da Consumação. 
(C) Teoria da Atividade. 
(D) Teoria da Ubiquidade. 
(E) Teoria da Habitualidade. 
 
04. (TJ/PR - Juiz Substituto - CESPE/2019) Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi 
estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro 
de 2014. 
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislaçãoé um exemplo de lei 
penal 
(A) excepcional. 
(B) temporária. 
(C) corretiva. 
(D) intermediária. 
 
05.(Pref. de Petrolina/ PE - Guarda Civil - IDIB/2019) A respeito da contagem dos prazos penais, 
assinale a alternativa incorreta com base no disposto no Código Penal: 
(A) Contam-se os anos pelo calendário comum. 
(B) O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil imediato. 
(C) Os meses são contados pelo calendário comum. 
(D) O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. 
(E) Os dias são contados pelo calendário comum. 
 
06. (PC/MA - Investigador de Polícia - CESPE/2018) Para solucionar o conflito aparente de normas, 
são empregados os princípios da 
(A) especialidade e da subsidiariedade. 
(B) especialidade e da proporcionalidade. 
(C) proporcionalidade e da subsidiariedade. 
(D) subsidiariedade e da fragmentariedade. 
(E) fragmentariedade e da especialidade. 
 
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07. (PauliPrev - Procurador Autárquico - VUNESP/2018) De acordo com a Parte Geral do Código 
Penal, é correto afirmar: 
(A) a lei posterior favorável ao agente aplica-se a fatos anteriores, desde que não decididos por 
sentença condenatória transitada em julgado. 
(B) a lei temporária, decorrido o período de duração, não se aplica aos fatos praticados durante a 
respectiva vigência. 
(C) para fins de definir o tempo do crime, o ordenamento pátrio adotou a teoria da atividade. 
(D) para fins de definir o lugar do crime, o ordenamento pátrio adotou a teoria do resultado. 
(E) para efeito penal, o dia do começo não se inclui no cômputo do prazo. 
 
08. (PC/BA - Investigador - VUNESP/2018) Sobre a territorialidade e a extraterritorialidade da lei 
penal, previstas nos artigos 5° e 7° do Código Penal, assinale a alternativa correta 
 (A) Ao crime cometido no território nacional, aplica-se a lei brasileira, independentemente de qualquer 
convenção, tratado ou regra de direito internacional. 
(B) Ao autor de crime praticado contra a liberdade do Presidente da República quando em viagem a 
país estrangeiro, aplica-se a lei do país em que os fatos ocorrerem. 
(C) Embarcação brasileira a serviço do governo brasileiro, para os efeitos penais, é considerada 
extensão do território nacional. 
 (D) Crime cometido no estrangeiro, praticado por brasileiro, fica sujeito à lei brasileira 
independentemente da satisfação de qualquer condição. 
 (E) Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, 
independentemente da satisfação de qualquer condição. 
 
09. (TRF - 5ª Região - Analista Judiciário - FCC/2017) Sobre a aplicação da lei penal, é correto 
afirmar que 
(A) o Código Penal adotou o princípio da territorialidade, em relação à aplicação da lei penal no espaço. 
Tal princípio é absoluto, não admitindo qualquer exceção. 
(B) transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo do Conhecimento a aplicação 
da lei mais benigna. 
(C) a lei aplicável para os crimes permanentes será aquela vigente quando se iniciou a conduta 
criminosa do agente. 
(D) quando a abolitio criminis se verificar depois do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, extinguir-se-ão todos os efeitos penais e extrapenais da condenação. 
(E) a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência. 
 
10. (MPE/MS - Promotor de Justiça - MPE/MS) Em que consiste o conflito aparente de normas? 
(A) Conflito aparente de normas é a situação que ocorre quando ao mesmo fato parecem ser aplicáveis 
duas ou mais normas, formando um conflito aparente entre elas. 
(B) O conflito aparente de normas consiste na aplicação de duas regras distintas para fatos delituosos 
diversos. 
(C) O conflito aparente de normas consiste em se aplicar uma só norma para fatos distintos. 
(D) O conflito aparente de normas consiste na aplicação de regras semelhantes no caso de concurso 
de delitos. 
(E) O conflito aparente de normas consiste na aplicação simultânea de penas para delitos diferentes. 
 
11. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE/SP) Os princípios que resolvem o conflito aparente de 
normas são: 
(A) especialidade, legalidade, intranscendência e alternatividade. 
(B) especialidade, legalidade, consunção e alternatividade. 
(C) especialidade, subsidiariedade, consunção e alternatividade. 
(D) legalidade, intranscendência, consunção e alternatividade. 
(E) legalidade, consunção, subsidiariedade e alternatividade. 
 
12.(PM/PB - Soldado da Polícia Militar - IBFC) Ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro, 
ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro e independente do concurso de qualquer 
condição, os crimes_________________________ . 
 
 
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Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna. 
(A) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. 
(B) Praticados por brasileiro 
(C) Contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
(D) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.Certo / 03.C / 04.B / 05.B / 06.A / 07.C / 08.C / 09.E / 10.A / 11.C / 12.C 
 
Comentários 
 
01. Resposta: E 
CP - Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando 
em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
02. Resposta: Certo 
A questão trata de conflito de leis penais no tempo. Sobre a situação narrada, dispõe a Súmula 711 
do STF: “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência 
é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Por esta razão a alternativa está correta. 
 
03. Resposta: C 
Lembrar da palavra: LUTA 
Lugar do crime = teoria da Ubiquidade ou Mista. 
Tempo do crime = teoria da Ação ou Atividade. 
 
04. Resposta: B 
Leis temporárias são aquelas que trazem em seu próprio corpo a data de sua revogação, ou seja, 
possuem vigência previamente determinada. São leis criadas para um período determinado. (Ex. Lei nº. 
12.663/2013 - Lei Geral da Copa do Mundo - Tipos penais (arts. 30 a 35) terão vigência até o dia 31 de 
dezembro de 2014). 
 
05. Resposta: B 
Os prazos penais são improrrogáveis, assim, se o prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, 
estará ele encerrado. Ao contrário dos prazos processuais que se prorrogam até o 1º dia útil subsequente. 
CP - Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos 
pelo calendário comum. 
 
06. Resposta: A 
Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
S: Subsidiariedade 
E: Especialidade 
C: Consunção 
A: Alternatividade 
 
07. Resposta: C 
Lembrar da palavra: LUTA 
Lugar do crime = teoria da Ubiquidade ou Mista. 
Tempo do crime = teoria da Ação ou Atividade. 
 
08. Resposta: C 
CP - Art. 5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer 
que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
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09. Resposta: E 
CP - Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas 
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
 
10. Resposta: A 
Ocorre um conflitoquando mais de uma norma regula um mesmo fato criminoso, mas apenas uma 
delas é aplicável, ou seja, havendo mais de uma norma em relação a uma unidade de fatos, tendo uma 
aparente aplicação de todas as normas ao fato, será aplicável apenas uma delas. Para a solução desse 
conflito apenas aparente, são aplicáveis os seguintes princípios: especialidade, subsidiariedade, da 
consunção e da alternatividade. 
 
11. Resposta: C 
Conflito aparente de normas: é o instituto que se verifica quando há um único ato praticado pelo agente 
e se apresentam duas ou mais normas aplicáveis aparentemente ao caso. Os princípios que buscam 
solucionar os conflitos aparentes de normas como forma de manter a coerência do ordenamento jurídico 
e assim, se evitar o bis in idem (repetição de uma sanção sobre o mesmo fato) são: Princípio da 
Subsidiariedade, Princípio da Especialidade, Princípio da Consunção e Princípio da Alternatividade. 
 
12. Resposta: C 
A questão trata das hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, previstas no inciso I do art. 7º do 
CP. Nestes casos, a lei brasileira será aplicada aos crimes cometidos fora do território brasileiro, 
independentemente de qualquer condição. 
CP - Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder 
Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
(...) 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
 
Trata-se do meio utilizado para se identificar o alcance e o significado real da norma penal. 
 
Classificação 
 
A interpretação da lei penal pode ser classificada sobre três enfoques: quanto ao sujeito, quanto ao 
modo e quanto ao resultado. 
 
Quanto ao sujeito (origem) 
a) Autêntica (legislativa): a interpretação é feita pelo próprio órgão que elabora a lei. Pode ser: 
 - contextual: quando a interpretação é feita no bojo do próprio texto interpretado (Ex.: conceito de 
funcionário público previsto no art. 327 do Código Penal (CP). 
- não contextual ou posterior: quando a interpretação é feita em lei posterior, com a finalidade de 
suprimir alguma obscuridade ou incerteza. 
b) Doutrinária ou Científica: é a interpretação feita pelos estudiosos do direito. (Ex.: professores, 
doutrinadores, etc.). 
c) Jurisprudencial: realizada pelos órgãos jurisdicionais (Juízes e Tribunais) no momento da efetiva 
aplicação da lei ao caso concreto. 
 
Quanto ao modo 
a) Gramatical: quando a interpretação leva em conta o sentido literal das normas e das palavras. 
b) Teleológica: quando a interpretação se preocupa com a vontade do legislador, buscando atender 
os fins da lei. Ex. art. 349-A do CP - Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de 
aparelho telefônico de comunicação móvel, rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento 
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prisional. O artigo nada menciona sobre carregadores, baterias, etc. Nesse sentido, o Supremo Tribunal 
Federal, fazendo uma interpretação teleológica decidiu que a intenção é coibir qualquer comunicação 
de dentro do presídio com o ambiente exterior, logo os respectivos acessórios estão englobados no 
mencionado artigo. 
c) Histórica: quando a interpretação considera as discussões e os fatos sociais que envolveram a 
origem e a aprovação da lei. 
d) Sistemática: quando a interpretação leva em consideração a lei e sua integração com demais 
dispositivos legais do sistema jurídico ou ainda com os princípios gerais do direito. 
Exemplo: o artigo 44 do Código Penal não permite penas alternativas quando o crime é doloso 
cometido com violência. Porém no caso de crime doloso com violência que incida nos casos de menor 
potencial ofensivo (lesão corporal leve), a pena alternativa é incentivada tendo em vista a interpretação 
sistemática do Código Penal e da Lei 9.099/952. 
e) Progressiva: quando o interprete, verificando que a norma sofreu alterações ou desatualizações, 
procura adaptar-lhe o sentido ao contexto atual. Ex.: Lei Maria da Penha que vem sendo aplicada aos 
transexuais. 
Observação: o uso de um modo de interpretação não obsta que outro seja usado concomitantemente. 
 
Quanto ao resultado 
a) Declarativa: quando a letra da lei corresponde exatamente a vontade do legislador. 
b) Extensiva: quando o texto da lei diz menos que a vontade do legislador, sendo necessário uma 
interpretação extensiva para se atingir a intenção do texto legal. 
c) Restritiva: quando o texto da lei diz mais que a vontade do legislador, sendo necessário restringir 
o seu alcance para se atingir o sentido real. 
 
Observação: a interpretação extensiva não se confunde com a interpretação analógica, pois nesta 
o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo, levando-se em conta as expressões genéricas 
e abertas utilizadas pelo legislador. Na interpretação analógica, o próprio texto legal determina a 
interpretação analógica quando apresenta expressões genéricas. 
Exs.: art. 121, § 2º, I, CP (“ou por outro motivo torpe”); art. 121, § 2º, III (“ou outro modo insidioso ou 
cruel, ou de que possa resultar perigo comum”). Em ambos os exemplos dados, o legislador, por não 
conseguir prever todos os modos, exemplificou uma conduta e terminou os incisos com ordenamento 
genérico. 
A interpretação extensiva e a analógica não se confundem ainda com a analogia, que não se trata de 
uma forma de interpretação, mas sim de integração da lei. Na analogia, diferentemente das interpretações 
mencionadas, parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, 
socorrendo-se daquilo que o legislador já verificou em outro caso parecido. 
 
Irretroatividade da lei penal 
 
A interpretação da lei penal deve necessariamente observar o Princípio da Irretroatividade Penal, que 
encontra seus fundamentos no artigo 2º do Código Penal e artigo 5.º, XL, da Constituição Federal, 
vejamos: 
 
Código Penal 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Constituição Federal 
Art. 5º. 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
Da análise dos respectivos dispositivos, podemos constatar que a lei penal, em regra, não se aplica a 
fatos anteriores à sua vigência, sendo, portanto, chamada irretroativa. Como exceção à regra da 
irretroatividade, temos a previsão do parágrafo único do artigo 2º do CP, que prevê que a lei penal poderá 
 
2 https://afonsogmaia.jusbrasil.com.br/artigos/381673867/interpretacao-da-lei-penal 
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retroagir, apenas quando beneficiar o réu. Nestes casos, a lei poderá retroagir, ainda que o fato tenha 
sido decidido por sentença condenatória com trânsito em julgado. 
 
Integração da lei penal 
 
A integração da lei é utilizada para preencher lacunas existentes na legislação. Não se trata de 
interpretação da lei penal, pois de fato, sequer há lei para ser interpretada. 
Assim, nos casos em que a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes 
e os princípios gerais do direito. 
 
Analogia 
Não é considerada fonte do Direito Penal, mas sim, uma forma de integração da lei, utilizada para 
suprir lacunas. Assim, havendo lacuna na lei, o juiz podevaler-se da analogia (ou também dos costumes 
e dos princípios gerias do direito) e aplicar preceitos jurídicos semelhantes em situações que não 
possuem previsão legal. 
 
Para a aplicação da analogia são exigidos o cumprimento de alguns requisitos: 
1) Tem que se tratar de fato não previsto em lei; 
2) Deve haver semelhança entre o caso concreto e a situação não regulada; 
3) A semelhança entre as duas situações deve tratar de elementos essenciais. Assim, o ponto em 
comum entre as duas situações dever ser o elemento determinante ou decisivo na implantação da regra 
concernente à situação considerada pelo julgador. 
 
A analogia também pode ser: 
- in bonam partem: quando o sujeito é beneficiado pela sua aplicação. 
- in malam partem: quando o sujeito é prejudicado pela sua aplicação. 
 
O direito penal brasileiro admite apenas a analogia in bonam partem, isto é, a lacuna da lei penal 
poderá ser suprida por analogia somente quando for para beneficiar o réu, nunca para prejudicá-lo. 
 
Costumes 
Trata-se da forma reiterada como a sociedade se manifesta. Em virtude da repetição constante, 
pública e geral de determinada conduta, ela passa a ser tornar um princípio ou regra que muito embora 
não esteja prevista como lei, torna-se observável pela própria constituição de fato da vida social. 
 
Os costumes se definem como comportamentos sociais constantes e habituais, comuns a um vasto 
grupo de pessoas, que assim agem porque acreditam na necessidade de assim o agir. Partindo disso, 
dos costumes derivam regras sociais (morais) de conduta, de uso geral e constante, que as pessoas 
observam em suas vidas pela convicção de corresponderem a uma necessidade. Importa destacar que 
dos costumes podem derivar regras específicas (as pessoas devem agir de tal modo) ou regras genéricas 
(as pessoas devem decidir por si mesmas como devem agir em determinadas situações). 
São elementos que compõem os costumes: observância constante (elemento objetivo) e 
convencimento geral da necessidade (elemento subjetivo). A observância constante por um vasto grupo 
de pessoas indica que não se trata de modismo comportamental, mas sim de um modo de agir 
internalizado pelos indivíduos. 
O convencimento geral da necessidade de seguir ou respeitar as regras sociais derivadas dos 
costumes indica que estes têm algum tipo de força moral sobre os indivíduos, seja positiva (induzindo a 
ações) seja negativa (induzindo ao não fazer). 
 
Princípios Gerais do Direito 
Nos casos em que a omissão da lei não puder ser sanada pela analogia ou pelos costumes, nos termos 
do artigo 4º da lei de introdução ao Código Civil, o juiz deverá decidir o caso de acordo com os princípios 
gerais do direito, que constituem ideias basilares e fundamentais do Direito. 
Os princípios que norteiam e dão fundamento ao direito, são definidos como base, ou origem, a razão 
fundamental do direito. Estes princípios constituem um meio pelo qual serve de orientação em decisões 
tomadas pelos juízes, e doravante também constituem um limite para que essa ordem não seja 
interpretada como um desacordo com os direitos de quem está sendo julgado3. 
 
3 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/principios-gerais-do-direito/47371 
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Questões 
 
01. (PC/MA - Delegado - CESPE/2018) No direito penal, a analogia 
(A) é uma forma de autointegração da norma penal para suprir as lacunas porventura existentes. 
(B) é uma fonte formal imediata do direito penal. 
(C) utiliza, na modalidade jurídica, preceitos legais existentes para solucionar hipóteses não previstas 
em lei. 
(D) corresponde a uma interpretação extensiva da norma penal. 
(E) é uma fonte formal mediata, tal como o costume e os princípios gerais do direito. 
 
02. (PC/MS - Delegado - FAPEMS/2017) Com relação aos princípios de Direito Penal e à interpretação 
da lei penal, assinale a alternativa correta. 
(A) A interpretação autêntica contextual visa a dirimir a incerteza ou obscuridade da lei anterior. 
(B) Não se aplica o princípio da individualização da pena na fase da execução penal. 
(C) A interpretação quanto ao resultado busca o significado legal de acordo com o progresso da 
ciência. 
(D) O princípio da proporcionalidade tem apenas o judiciário como destinatário cujas penas impostas 
ao autor do delito devem ser proporcionais à concreta gravidade. 
(E) A interpretação teleológica busca alcançar a finalidade da lei, aquilo que ela se destina a regular. 
 
03. (PC/MA – Escrivão - CESPE/2018) O Código Penal estabelece como hipótese de qualificação do 
homicídio o cometimento do ato com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Esse dispositivo legal é exemplo de 
interpretação 
(A) analógica. 
(B) teleológica. 
(C) restritiva. 
(D) progressiva. 
(E) autêntica. 
 
04. (TRF 2ª Região - Juiz Federal - CESPE) Assinale a opção correta acerca da interpretação da lei 
penal 
(A) A interpretação extensiva é admitida em direito penal para estender o sentido e o alcance da norma 
até que se atinja sua real acepção. 
(B) A interpretação analógica não é admitida em direito penal porque prejudica o réu. 
(C) A interpretação teleológica consiste em extrair o sentido e o alcance da norma de acordo com a 
posição da palavra na estrutura do texto legal. 
(D) A analogia penal permite ao juiz atuar para suprir a lacuna da lei, desde que isso favoreça o réu. 
(E) A interpretação judicial da lei penal se manifesta na edição de súmulas vinculantes editadas pelos 
tribunais. 
 
05. (PC/MG - Analista da Polícia Civil - FUMARC) Em relação à interpretação da norma penal, é 
CORRETO afirmar: 
(A) O Direito Penal veda o uso da interpretação analógica em desfavor do réu. 
(B) O resultado da interpretação da norma penal necessariamente será declarativo. 
(C) A interpretação autêntica vincula o entendimento dos demais intérpretes e operadores do Direito 
Penal. 
(D) A interpretação gramatical ou literal é a única admitida em matéria penal em relação às normas 
penais incriminadoras. 
 
06. (PC/AL - Agente de Polícia - CESPE) As leis penais devem ser interpretadas sem ampliações por 
analogia, salvo para beneficiar o réu. 
( ) Certo ( ) Errado 
 
Gabarito 
 
01.A / 02.E / 03.A / 04.A / 05.C / 06.Certo 
 
 
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Comentários 
 
01. Resposta: A 
A analogia não é forma de interpretação, mas de integração da lei penal. 
02. Resposta: E 
A Interpretação Teleológica destina-se a buscar o alcance das leis, conforme a finalidade a que se 
destinam. 
 
03. Resposta: A 
Interpretação analógica é a interpretação necessária a extrair o sentido da norma mediante os próprios 
elementos fornecidos por ela. Nesta interpretação, o próprio texto legal determina a interpretação 
analógica quando apresenta expressões genéricas 
04. Resposta: A 
A interpretação extensiva é utilizada quando o legislador disse menos do que deveria, e temos que 
estender o sentido e o alcance da norma até que se atinja sua real acepção. 
 
05. Resposta: C 
A interpretação autêntica é quando o próprio legislador explica a norma e isso vincula o entendimento. 
 
06. Resposta: Certo 
Só é admitida a ANALOGIA in bonam partem. 
 
 
 
FATO TÍPICO 
 
O fato típico é o primeiro requisito do crime. Consiste no fato que se amolda no conjunto de elementos 
descritivos contidos na lei penal. 
Segundo Cleber Masson:4 
Fato típico é o fato humano que se enquadra com perfeição aos elementos descritos pelo tipo penal. 
A conduta de subtrair dolosamente, para si, coisa alheia móvel, caracteriza o crime de furto, uma vez que 
se amolda ao modelo delineado pelo art. 155, caput, do Código Penal. Em sentido contrário, fato atípico 
é a conduta que não encontra correspondência em nenhum tipo penal. Por exemplo, a ação do pai 
consistente em manter relação sexual consentida com sua filha maior de idade

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