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Monografia, avaliacao de impactos psicossociais em pacientes de lepra

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AVALIAÇÃO DE IMPACTOS PSICOSSOCIAIS EM PACIENTES DE LEPRA NA 
CIDADE – CASO MONTEPUEZ/2018 
 
 
 
 
 
Autor: Francisco Matos 
 
 
 
 
 
 
 
PEMBA, JULHO DE 2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS PSICOSSOCIAIS EM PACIENTES DE LEPRA NA 
CIDADE – CASO MONTEPUEZ/2018 
 
 
 
Autor: Francisco Matos 
 
Supervisor: Dr. Alcino Stélio Genito Fernando 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEMBA, JULHO DE 2018 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
Autorização de entrega do Trabalho 
 
 
Trabalho de Culminação do Curso 
 
 
AVALIAÇÃO DE IMPACTOS PSICOSSOCIAIS EM PACIENTES DE LEPRA NA 
CIDADE – CASO MONTEPUEZ/2018 
 
 
 
Supervisor Co-supervisor Estudante 
______________________ __________________ ______________________ 
 
 
 
 
 
 
PEMBA, JULHO DE 2018 
 
 
I 
 
JÚRI 
 
_____________________________________________________ 
 Presidente 
________________________________________________ 
 Supervisor 
 ____________________________________________________ 
 Oponente 
 
 ________________________________________________ 
 Secretário 
 
 _______________________________________________ 
 Vogal 
 
 
 
 
 
 
 
II 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Ao meu supervisor, pela orientação e correcção atenciosa para elaboração com sucesso desta 
monografia. 
A todos os docentes do curso de Ciências Biológicas da Universidade Lúrio que ao longo dos 
anos deram o seu contributo durante a minha formação. 
Aos profissionais de Saúde do Hospital Rural de Montepuez (HRM) e ao médico chefe 
daquela instituição, pela prontidão em fornecer informações relevantes para a concretização 
deste trabalho. 
Vão ainda aos meus colegas do curso de Ciências Biológicas e amigos que directa ou 
indirectamente contribuíram para a elaboração deste trabalho de investigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III 
 
DECLARAÇÃO DE HONRA 
 
Eu, Francisco Matos, declaro por minha honra que este trabalho de 
investigação nunca foi apresentado, parcial ou integralmente, em nenhuma instituição 
para obtenção de qualquer grau académico e que consiste no resultado do meu trabalho 
pessoal, estando indicadas no texto e nas referências bibliográficas as fontes utilizadas. 
 
 
 
Pemba, 25 de Julho de 2018 
 
___________________________________ 
(Francisco Matos) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus filhos, que têm me acompanhado 
durante esse tempo todo. Dedico também a todos aqueles que directa ou indirectamente deram 
o seu contributo na realização deste trabalho de investigação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
RESUMO 
O ecossistema do mangal tem desempenhado um papel preponderante no desenvolvimento 
económico, na protecção dos ambientes e da biodiversidade natural nas regiões costeiras. 
Contudo, nos últimos anos, o mangal da zona costeira de Bandar, reduziu significativamente 
por causa do crescente movimento migratório a procura de mecanismos de sustento das 
famílias. A maior parte de residências, estão em iminência de erosão costeira por causa de as 
mesmas serem implantadas em locais impróprios. Segundo a comunidade local e evidências 
indicam que uma parte de residências foi devorada pelas águas do oceano, constituindo assim 
uma das consequências de influência da comunidade local sobre ecossistema do mangal. A 
costa de Bandar é zona habitacional que enfrenta muitos problemas por a maioria das casas 
estarem implantadas em áreas impróprias, designadamente marés, erosão costeira, ausência de 
drenagens pluvial, entre outros problemas ambientais. Porém a causa primária da perda de 
áreas de mangal nessa zona é atribuída à actividade humana como a construção de casas, 
combustível lenhoso para venda e sua subsistência. No entanto, segundo os nossos 
entrevistados, ainda não foram avançadas alternativas com vista a mitigar os problemas de 
modo a alcançar o desenvolvimento sustentável do mangal na área de estudo. 
Palavras-chave: Influencias, comunidade local, ecossistema, mangal e impacto ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Principais espécies de mangal na costa moçambicana e sua utilização ............Error! 
Bookmark not defined. 
Tabela 2 – Causas da diminuição do mangal de Bandar .......... Error! Bookmark not defined. 
Tabela 3 – Principais usos do mangal em Bandar .................... Error! Bookmark not defined. 
Tabela 4 – Impactos resultantes do corte do mangal em 
Bandar…………………………......Error! Bookmark not defined. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
_Toc518499449
 
 
VII 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
gráf – gráfico 
ha – hectares 
INE – Instituto Nacional de Estatística 
m – metro 
PDM – Perfil Distrital de Metuge 
tab – tabela 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 – Condições da habitação da comunidade de Bandar ............. Error! Bookmark not 
defined. 
Gráfico 2 – Material de construção mais usado entre os habitantes de Bandar .................Error! 
Bookmark not defined. 
Gráfico 3 – Evolução do mangal nos últimos 3 anos ............... Error! Bookmark not defined. 
Gráfico 4 – Medidas de preservação do mangal de Bandar ..... Error! Bookmark not defined. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
CAPITULO I – INTRODUÇÃO 
1. INTRODUÇÃO 
De acordo com ZAMPARONI (2008, p. 44), “a lepra é a doença mais antiga e continua a ser 
a mais temida. Apesar de ser uma patologia arqueológica, uma doença do passado, que se 
encaixa numa representação de uma doença erradicada, em África a lepra é uma doença re-
emergente com novos casos em cada ano, fruto das condições de higiene mas em grande 
medida pela inacessibilidade à medicação antibiótica”. 
Nesta perspectiva, ARAÚJO (2003, p. 121), diz que a lepra é uma “doença infecciosa crónica 
transmissível, típica do homem, causada por Mycobacterium Leprae, que afecta 
principalmente a pele e o sistema nervoso periférico”. 
MEDINA et al (2004, p.53), conceituam a lepra como sendo uma “doença infecto-contagiosa 
de evolução crónica que se manifesta, principalmente, por lesões cutâneas com diminuição de 
sensibilidade térmica, dolorosa e táctil”. Tais manifestações são resultantes da acção do 
Mycobacterium leprae, agente causador da doença da Lepra, em acometer células cutâneas e 
nervosas periféricas. 
A partir das percepções dos autores a cima citados, importa referir que a lepra é uma doença 
infecciosa crónica, que incide, numa fase inicial sobre a “pele e nervos periféricos e 
posteriormente sobre estruturas mais profundas como os músculos, ossos, olhos e vísceras”. 
“É causada pelo Mycobacterium leprae (ou bacilo de Hansen), descoberto por Gerard H. A. 
Hansen, em 1873, microrganismo pertencente à mesma família da micobactéria causadora da 
tuberculose” (NDEVE et al, 2008, p.98). 
“A lepra é uma doença que ataca hoje em dia mais de 12 milhões de pessoas em todo o 
mundo. Há 700.000 casos novos por ano no mundo” tal como realça ALVARENGA, (2013, 
p.134). No entanto, em países desenvolvidos é quase inexistente, por exemplo a “França conta 
com apenas 250 casos declarados. Em 2000, 738.284 novos casos foram identificados em 
todo o mundo contra 640.000 em 1999”, isto demonstra um aumento do número de casos 
notificados por ano. (ZAMPARONI, 2008, p.49).O continente africano ocupa o terceiro lugar na notificação de novos casos de lepra. “Em 
primeiro lugar o Sudoeste asiático com 167.505 novos casos, seguido da América com 41.891 
https://pt.wikipedia.org/wiki/2000
https://pt.wikipedia.org/wiki/1999
 
 
2 
 
novos casos. Em quarto e quinto lugar estão a zona do Pacífico Ocidental e a região Este do 
Mediterrâneo com, respectivamente, 5.859 e 3.938 novos casos” (WHO, 2009, p.71). 
De acordo com WHO (2009, p.72), “o número total de novos casos detectados no ano de 
2008, reportados por 121 países, foi de 249. 007 casos, traduzindo um decréscimo em relação 
a anos anteriores. No continente africano foram notificados 29.814 novos casos”, dos quais 
“1200 casos foram identificados em Moçambique”, isso no ano de 2008. 
Na passagem do século XIX para XX, a lepra na África atraía a atenção dos missionários e 
médicos europeus. O missionário suíço Henri Junod, em sua etnografia sobre os povos tsonga, 
do sul de Moçambique, afirma que a lepra era considerada uma das duas doenças contagiosas 
mais temidas a outra era a tuberculose (ZAMPARONI, 2008, p.38). 
De acordo com MISAU (2017, p.87), Moçambique registou um aumento do número de casos 
de lepra, de 2016 para 2017, com taxas elevadas nas províncias do centro e norte. No total, o 
país registou em 2017, dois mil casos de lepra, contra 1.500 em 2016. 
Do número total de casos registados no país em 2017, “211 foram diagnosticados em 
crianças. Isto significa que o problema persiste”. Quer dizer que os mais velhos transmitem 
aos mais novos, que são os seus filhos e outros educandos” (MISAU, 2017, p.87). 
Segundo o MISAU (2017, p.94), as regiões Centro e Norte de Moçambique são as que 
continuam a registar maior número de casos de Lepra em todo o país, onde as províncias de 
Cabo Delgado, Nampula e Zambézia representam mais de 70 por cento de novos casos 
notificados por ano, sendo que Cabo Delgado é a mais endémica, com uma prevalência de 
Lepra de aproximadamente dois (2) casos em cada 10.000 habitantes. 
Segundo o BISACD (2017, p.52), no distrito de Montepuez registou-se um aumento do 
número de casos notificados em 2016 de 43 contra 18 em 2017, dos quais, 3 em crianças. 
De acordo com ROMERO (1995, p.64), a “ausência ou o baixo nível de civilização dos povos 
subdesenvolvidos, pela miséria que atinge a maioria dos seus habitantes, é um dos principais 
factores para a disseminação da lepra”. Com efeito, é evidente que a cidade de Montepuez na 
sua maioria tem uma população residente que nos últimos anos fez o êxodo rural. 
 
 
3 
 
Esta monografia científica é destinada a obtenção do grau académico de licenciatura em 
ensino de Biologia. Ela está estruturada em cinco (5) capítulos. Aos quais se acrescentam as 
conclusões, as referências bibliográficas, apêndices e anexos. 
O primeiro capítulo é a parte introdutória onde é apresentado o tema e engloba a delimitação 
do tema da pesquisa, a sua justificativa, a problematização, hipóteses bem como os objectivos 
a alcançar. 
O segundo capítulo diz respeito a revisão da literatura onde são apresentados alguns conceitos 
e conteúdos que versam sobre o ecossistema do mangal. Todavia, são apresentadas ainda 
neste capítulo as características da área de estudo como a localização geográfica, os aspectos 
climáticos, pedológicos, hidrográficos, florísticos e faunísticos. 
No terceiro capítulo corresponde a metodologia adoptada para a execução desse trabalho que 
tem a ver com as componentes bibliográficas e de campo onde igualmente foram usadas 
técnicas que suscitaram até a fase final do mesmo. 
No quarto capítulo são interpretados e analisados os principais dados colhidos na base de 
ferramentas como entrevista, inquérito e observação, na fase do trabalho de campo. Na 
sequência disso, são produzidos tabelas, gráficos e inseridas imagens fotográficas mais 
relevantes para o estudo. 
As principais conclusões e sugestões são apresentadas no quinto e último capítulo onde, 
igualmente, são ostentados os apêndices e anexos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1.1 Problema 
A lepra é um grande problema de saúde pública, sendo Moçambique um país endémico. 
Embora esta doença ocorra em todas as classes sociais, “é supõe-se que a maior incidência 
acomete as classes socioeconómicas baixas, concentrando-se em regiões de maior pobreza 
onde se encontra um baixo nível de educação, cultural e nutrição afectando a vida de milhares 
de pessoas” como aborda OLIVEIRA (1990, p.66). 
O preconceito em relação aos portadores de lepra pode ser explicado pela ignorância e pelo 
medo. A sociedade julga, afasta, discrimina e no entanto, não conhece o outro. “O auto-
estigma é algo que também faz parte da realidade dos indivíduos acometidos por essa doença 
e é uma questão central para grande parte dos pacientes” (POLASTRO, 1999). 
Isto pode ser explicado quando em “2017 verificou-se uma diminuição do número de casos 
notificados de 93 contra 174 em 2016” (BISACD, 2017, p.50). 
De acordo com BISACD (2017, p.51), “maior número de pessoas diagnosticadas em 2017 
apresentavam-se num estado de agravamento, ou melhor em fase de lepra”. Isto, significa que 
os pacientes para fazerem consultas médicas esperavam pelo agravamento da doença o que 
contribui na disseminação da lepra. 
“Dos 174 casos diagnosticados em 2017, 49 chegaram ao fim do ano e os restantes 
abandonaram com o tratamento. Montepuez é um dos distritos mais vulnerável da província 
de Cabo Delgado segundo as estatísticas sobre o diagnóstico de lepra (BISACD, 2017, p.52). 
1.2 Questões de pesquisa 
 Que factores concorrem na propagação da lepra em Montepuez? 
 Porque é que em 2017 verificou-se uma diminuição dos casos diagnosticados 
comparativamente à dos anos anteriores e quais foram as razões do abandono no 
tratamento dos pacientes? 
 O que deve ser feito com as pessoas portadoras de sinais e sintomas de lepra para 
aderirem ao diagnóstico em Montepuez? 
 
 
5 
 
1.3 Relevância do estudo 
“O paciente com lepra pode passar por uma série de problemas psicossociais que dificultam a 
sua reabilitação” (ALVARENGA, 2013, p.129). Se pensarmos, por exemplo, com relação à 
não-aceitação da doença, podemos observar manifestações tanto do paciente como da família 
ou da sociedade. 
No âmbito social, a pesquisa traz-nos aquilo que é vivenciado hoje em dia pelos leprosos em 
geral e da cidade de Montepuez em particular, visto que as limitações nas actividades de vida 
como dificuldades de cuidar da própria higiene, dos afazeres da casa; e as actividades na vida 
prática como, por exemplo, “ir ao banco, ao supermercado, frequentar clubes para a realização 
de actividades sociais e físicas que passam a ser restringidas e por vezes impossíveis de serem 
realizadas sejam casos normais ou incentivo em que qualquer indivíduo realize, 
independentemente do seu estado físico e psicológico” (SANTANA, 1998, p.167). 
No âmbito científico, esta pesquisa poderá servir de ponto de partida onde irá incentivar para 
que se façam mais estudos sobre a lepra, isto quer dizer, a partir de Montepuez pode-se fazer 
estudos a nível provincial. 
1.4 Justificação do estudo 
Os sentimentos relacionados à doença de lepra, como o medo, a vergonha, a culpa, a exclusão 
social, a rejeição e a raiva estão internalizados no psiquismo de seus portadores. “O estigma e 
o preconceito permanecem no imaginário dos indivíduos, pois estão enraizados em nossa 
cultura, causam grande sofrimento e dor aos portadores desta doença” (MALERBI, 2000, 
p.21). 
Neste sentido, o diagnóstico deveria ser um alívio, ou melhor, uma suavização dessa angústia 
mas em pacientes de lepra tem-se percebido que o efeito é o contrário do esperado. “Facto 
este que tem sido observado por desencadear um forte impacto momentâneo que se estende 
aos demais convívios sociais do adoentado” (BENFICA, 2000, p.86). 
Pois, o interesse em escrever sobre este tema partiu da necessidadede buscar um 
entendimento mais aprofundado de como o diagnóstico pode influenciar na redução dos casos 
de prevalência da endemia que tem presumido a comunidade do distrito de Montepuez. 
 
 
6 
 
2. OBJECTIVOS 
2.1. Objectivo geral 
 Avaliar os impactos psicossociais em pacientes de lepra na cidade de Montepuez. 
2.2. Objectivos específicos 
 Identificar os factores da propagação da Lepra na cidade de Montepuez; 
 Explicar as causas da redução dos casos diagnosticados e as respectivas razões do 
abandono no tratamento dos pacientes; 
 Sugerir possíveis soluções ou estratégias para aderência de pessoas com sinais e 
sintomas ao diagnóstico da Lepra em Montepuez. 
3. HIPÓTESES 
 A falta de higiene pessoal, do vestuário e domiciliar e ainda a mais completa 
promiscuidade da população podem proporcionar factores da propagação da lepra em 
Montepuez. 
 Possivelmente os preconceitos permanentes e a falta de informação satisfatória sobre 
as consequências da lepra pode estar por detrás do abandono do tratamento da doença. 
 Com a realização de campanhas de sensibilização a comunidade local sobre as 
consequências da lepra pode contribuir para aderência de pessoas com sinais e 
sintomas ao diagnóstico em Montepuez. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
CAPITULO II – MATERIAL E MÉTODO 
2. Descrição de área de amostragem 
2.1. Localização geográfica da cidade de Montepuez 
Segundo o MAE (2005, p.47), “Montepuez é uma cidade moçambicana da província de Cabo 
Delgado, sede do município e distrito do mesmo nome. A cidade tem uma área de 79 km² e 
uma população de 55.600 habitantes”. 
“Em termos de divisão administrativa territorial, para além da cidade de Montepuez, este 
distrito conta com quatro Postos Administrativos, nomeadamente: Mapupulo, Mirate, Nairoto 
e Namanhumbir”. PDM (2007, p.37). Observa o mapa da figura 1 sobre a localização da 
Cidade. 
Mapa 1: Enquadramento geográfico da cidade de Montepuez 
Figura 1: Mapa de localização geográfica da cidade de Montepuez. 
 
 
8 
 
O distrito de “Montepuez faz fronteira com os distritos de Namuno e Chiúre a sul, e a norte 
com o distrito de Mueda, a Leste com os distritos de Ancuabe e Meluco, e a Oeste com o 
distrito de Balama e com a província de Niassa através do distrito de Mecula”. (MAE, 2005, 
p.47). 
2.1.2 Clima 
Á semelhança dos distritos vizinhos, “Montepuez conta com um clima semi-árido e sub-
húmido seco, com uma precipitação média anual entre 800-1200 mm, podendo na zona 
costeira exceder os 1500 mm anuais (clima sub-húmido chuvoso). A temperatura média anual 
varia de 20-25ºC, excedendo ocasionalmente os 25ºC” (PDM, 2007, p.45). 
2.1.3 Solos 
De acordo com o PDM (2007, p.45), os “solos de Montepuez são condicionados por 
depressões hidromórficas suaves ou vales extensos de textura variada desde os solos 
aluvionares, arenosos-argilosos, arenosos estratificados ou grosseiro, cores cinzentas, escuros, 
profundos, de textura média a pesada, bem a moderadamente bem drenados, sujeitos a 
inundações regulares”. Nos topos e encostas entre rios predominam complexos de solos 
vermelhos, amarelos e alaranjados. 
2.1.4 Hidrografia 
A rede hidrográfica de Montepuez caracteriza-se por possuir importantes rios de regime 
temporário com excepção do rio Lugela que delimita Montepuez com a província de Niassa 
através do distrito de Mecula. Na sua maioria, os rios que percorrem este distrito são 
inavegáveis devido a topografia do terreno (MAE, 2005, p.49). 
2.1.5 População 
 Pela sua extensão (17721 km2), “Montepuez é relativamente menos povoado, com uma 
densidade populacional estimada de cerca de 13 habitantes/km2. As projecções mostram que a 
população cresce a uma taxa anual média de 3% ” (INAE, 2010, p.68). 
 
 
9 
 
2.1.6 Actividade mais praticada 
De acordo com PDM (2007, p.48), a “agricultura é a actividade dominante e envolve quase 
todos os agregados familiares. De um modo geral, a agricultura é praticada manualmente em 
pequenas explorações familiares em regime de consociação de culturas com base em 
variedades locais. A produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro, 
nem sempre bem sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas é alto, dada a baixa 
capacidade de armazenamento de humidade no solo durante o período de crescimento das 
culturas”. 
2.2 O material usado nos métodos 
Para o desenvolvimento deste trabalho foi necessário o uso de materiais a saber: 
Gravador de voz (celular SUMSUNG Note IIII) – este serviu para gravar as ideias dos 
informantes que foram colhidas através da entrevista; 
Câmara fotográfica (celular SUMSUNG Note IIII com 16 MP) – esta permitiu na recolha de 
imagens fotográficas de pacientes em Montepuez, isto é justificado nos resultados através do 
método de observação directa. 
Resma – esses papéis foram úteis na reprodução dos questionários para realização do 
inquérito que foi conduzido à comunidade residente na Cidade de Montepuez. 
Esferográfica – serviu para anotação das informações colhidas na entrevista que foi destinada 
aos portadores de lepra e aos funcionários da saúde no HRM. 
Outros materiais com menos importância e que eventualmente foram usados não foram 
mencionados como por exemplo o lápis, borracha, agrafador, entre outros. 
2.2 Descrição dos passos ou procedimentos metodológicos 
A metodologia adoptada para a execução desse trabalho traduz a maneira como essa pesquisa 
foi desenvolvida. Para esta pesquisa foram realizadas as componentes bibliográficas e de 
campo a decorrer nos moldes que a seguir se passa a apresentar: 
 
 
10 
 
2.2.1 Fase de pesquisa bibliográfica 
De acordo GIL (2008, p.12) esta pesquisa “é desenvolvida com base em material já elaborado, 
constituído principalmente de livros, e artigos científicos com material disponibilizado na 
Internet”. 
No caso desse trabalho, para esta fase consistiu na busca de informações inerentes ao tema a 
partir de livros, artigos científicos, trabalhos de conclusão de curso nomeadamente 
monografias, dissertações e teses em certos casos, documentos normativos existentes para o 
país. 
2.2.2 Fase da Pesquisa de Campo 
GIL (2008, p.12) ressalta que o “estudo de campo procura o aprofundamento de uma 
realidade específica”. É basicamente realizada por meio da “observação directa das 
actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar as explicações e 
interpretações do ocorrem naquela realidade”. 
Nesta fase, baseou-se em actividades de recolha de dados por via de entrevistas e inquérito 
que foram aplicados à comunidade da cidade de Montepuez portadora da Lepra na base de um 
critério estabelecido para o efeito. 
Método Estatístico: neste método consistiu na sistematização de dados do questionário 
aplicado na área de estudo, cujos resultados foram configurados em tabelas e gráficos através 
do Microsoft Excel, com o objectivo de avaliar os impactos psicossociais influenciados pelo 
diagnóstico da Lepra. 
2.2.2.1.Técnicas de recolha de dados 
Entrevista 
No que se refere a entrevista, foi conduzida para a recolha de sensibilidades de diversas 
individualidades em relação a enfermidade em causa. Para tal usou-se um guião de perguntas 
que foi se fazer aos portadores da Lepra e aos profissionais de saúde. 
Para esse efeito, foram entrevistados três (3) portadores dessa doença e dois (2) profissionais 
da saúde, isto é, pessoas que cuidam dos pacientes. 
 
 
11 
 
No entanto, o autor apoiou-se de um gravador para o registo das declarações e anotações 
directas que foram feitas durante a entrevista. 
Questionário 
Quanto ao questionário recorreu-se a um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemática e 
sequencialmente dispostas em itens que constituíram o tema da pesquisa, com objectivo de 
suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os 
informantes sabiam opinar ou informar acerca da doença. 
O inquérito foidestinado aos pacientes dessa enfermidade e à população residente na área 
abrangida pela pesquisa. No entanto, foi feito duma forma aleatória. 
Os dados obtidos no questionário aplicado na área de estudo, foram representados tabelas e 
gráficos com propósito de analisar as ideias colhidas no terreno como resultados desta técnica. 
2.3 Universo 
LAKATOS e MARCONI (2003, p.218), conceituam universo ou população como o 
“conjunto de seres animados ou inanimados que apresentam pelo menos uma característica 
em comum”. 
A cidade de Montepuez possui um universo de 3961 casos notificados. Esses são dados 
correspondentes dos últimos quatro (4) anos. 
2.4 Amostra 
De acordo com MARINHO (1980), uma amostra de dados é um “conjunto 
de dados colectados e/ou seleccionados de uma população estatística por um procedimento 
definido”. 
No entanto, fizeram parte da amostra 40 pacientes num universo de 396 juntamente com a 
comunidade local e a escolha de amostra é de salientar que foi de forma aleatória. 
 
 
1
 Dados correspondentes dos últimos quatro (4) anos, de 2014 – 2017. Estes dados foram extraídos no Boletim 
Informativo da Saúde da província de Cabo Delgado, Ministério da Saúde. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dados
https://pt.wikipedia.org/wiki/Popula%C3%A7%C3%A3o_(estat%C3%ADstica)
 
 
12 
 
CAPÍTULO III – RESULTADOS 
Para o desenvolvimento do presente capítulo, foram feitos trabalhos de campo onde traçou-se 
técnicas de inquérito, entrevista e o método de observação com objectivo de recolher dados 
referente a impactos psicossociais sobre o diagnóstico da lepra. 
Para a pesquisa do problema, foram cruzados métodos e técnicas de pesquisa entre os quais se 
destacam as técnicas de entrevista e inquérito e o método de observação directa, onde 
inicialmente foram traçados guiões para a efectivação das respectivas técnicas (observa os 
anexos). 
No que concerne ao inquérito, referir que não estava somente destinado aos portadores da 
lepra mas também alguns residentes não contaminados neste caso a comunidade local, durante 
quatro dias onde visava recolher informações de base referentes a propagação da lepra, com 
vista a traçar estratégias adequadas para minimizar os efeitos psicossociais. 
Por se tratar duma doença de preconceitos, não existem dados estatísticos sobre o número 
total dos portadores dessa doença, mas o autor inquiriu 40 pessoas incluindo os pacientes de 
lepra. Assim 75% dos inquiridos são do sexo masculino, 25% são do sexo feminino e cerca de 
60% possuem idade compreendida entre 35 a 45 anos, 35% para a faixa etária de 50-70 e os 
restantes maiores que 70 anos. 
Em relação às entrevistas, referir que foram feitas aos profissionais da área de Dermatologia 
em número de dois e de igual número de pacientes, onde pretendia identificar os factores da 
propagação da lepra compreendendo os casos de lepra notificados nos últimos 4 anos para 
intensificar o combate a lepra por meio de campanhas de sensibilização, prevenção e 
diagnostico precoce. 
Portanto, a apresentação dos resultados da pesquisa efectuada, faz uma combinação dos dados 
adquiridos nas variadas técnicas e métodos de pesquisa. Assim, apresenta-se os seguintes 
resultados: 
Segundo dados obtidos a partir do inquérito, a maioria dos portadores provêm dos distritos 
circunvizinhos como Namuno e Balama. Estes afluíram a cidade de Montepuez com as suas 
famílias a procura de melhores condições de vida. 
 
 
13 
 
3.1 Condições da habitação dos leprosos em Montepuez 
Segundo dados obtidos a partir do inquérito indicam que 80% dos inquiridos habitam nas 
casas de pau a pique, 15% residem em casas de blocos de adobe e 5% habitam nas casas de 
alvenaria ou blocos de cimento o que constitui a minoria. E referir que o regime de 
propriedade a maioria vive nas casas dos familiares. Observa o gráfico 1. 
Gráfico 1 – Condições da habitação dos leprosos de Montepuez 
 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018. 
3.2 O nível de conhecimento sobre a lepra aos portadores da doença em Montepuez 
Dados do inquérito indicam que 60% dos portadores inquiridos obtiveram informação pelos 
profissionais da saúde local através do diagnóstico realizado, o que constitui a maioria em 
número de 24. Como se não bastasse 14 portadores ouviram a partir dos familiares o que 
representa 35% dos inquiridos, 5% obtiveram com base nos cartazes e ninguém teve 
informação a partir da rádio como a tabela a baixo ilustra. Vide a tabela 1. 
Tabela – Obtenção da informação sobre a lepra aos portadores de Montepuez 
Obtenção da informação através de: No de respostas Percentagem 
Profissionais de saúde 24 60% 
Familiar 14 35% 
Cartaz 2 5% 
Rádio 0 0% 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018. 
Blocos de
cimento/tij
olo
Blocos de
adobe
Pau a
pique
Madeira e
zinco
Condições da habitação dos
leprosos de Montepuez
5% 15% 80% 0%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
P
e
rc
e
n
ta
ge
m
 
Condições da habitação dos leprosos de Montepuez 
 
 
14 
 
3.3 O nível de transmissão da enfermidade em Montepuez 
De acordo com dados do inquérito a maior parte dos portadores da lepra não sabe como 
contagiou esta doença, isso indica que a comunidade não presta atenção as medidas de 
prevenção da doença em causa tal como ilustra o gráfico 2. 
Gráf. 2 – O nível de transmissão da lepra em Montepuez 
 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018. 
3.4 Factores sociológicos associados à propagação da lepra em Montepuez 
Em relação aos factores sociológicos associados a propagação da lepra destacam-se a pobreza 
e os preconceitos por parte da comunidade. É notório que essas noções encontram-se 
enraizadas naqueles núcleos de população onde vicejam a miséria e a ignorância e, dessa 
maneira, contribuem para o agravamento do problema médico-sanitário que representa o 
controlo dos focos nas referidas colectividades. Como a tabela 2 ilustra. Vide tab.2 
Tab. 2: Factores sociológicos associados a propagação da lepra em Montepuez 
Factor sociológico Nº de respostas Percentagem 
Pobreza 22 55% 
Preconceito 6 15% 
Profissão 0 0% 
Não sabe 12 39% 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018. 
10% 5% 0% 
85% 
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Familiar Parceiro Amigo Não sabe
O nível de transmissão da lepra em Montepuez 
O nível de transmissão da lepra
em Montepuez
 
 
15 
 
3.5 Reacção do paciente após o diagnóstico da lepra em Montepuez 
Questionados se fizeram o diagnostico de Lepra a resposta foi positiva em relação ao numero 
total dos inquiridos, onde afirmaram que fizeram o diagnostico 80%, isto, quer dizer que 20% 
dos leprosos inquiridos não fizeram o diagnóstico, visto que é positivo aderir ao diagnostico 
para o combate e diminuição do nível de contaminação. Observa o gráfico 3. 
Gráf. 3: Reacção do paciente após o diagnóstico da lepra em Montepuez 
 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018. 
3.6 Orientações do medico após o diagnostico de lepra em Montepuez 
Dados do inquérito indicam que após o diagnóstico são orientados pelo médico a procederem 
com o tratamento. Observa a tabela 3. 
Tab. 3: Orientações do medico após o diagnostico de Lepra em Montepuez 
Orientação do médico Nº de respostas Percentagem 
Aderir ao tratamento 40 100% 
Esperar agravar 0 0% 
Não disse nada 0 0% 
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados do inquérito, 2018 
 
Tristeza 
40% 
Medo 
25% 
Vergonha 
25% 
Falta de esperança 
10% 
Reacção do paciente após o diagnóstico da lepra em 
Montepuez 
 
 
16 
 
3.7 Pessoas com sinais e sintomas de lepra 
 
 
Uma menor com sinais de lepra Jovem com sinais e sintomas de lepra 
 
 
 Uma senhora com sinais de lepra Um senhor comsinais de lepra 
 
3.8 Pessoas padecendo de lepra já num estado mais avançado 
 
 
Idoso num estado de lepra mais avançada Idoso abandonado com os seus familiares 
 
 
17 
 
 
Pessoa infectada de lepra recebendo tratamentos no Hospital Rural de Montepuez 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO 
 
4.1 Condições da habitação dos leprosos de Montepuez 
Segundo BAIA (2004, p.172), a urbanização é resultado do crescimento demográfico 
combinado com a expansão espacial através da construção de casas em áreas anteriormente 
ocupadas por florestas. 
Entorno da ideia acima citada, pode-se dizer que em relação às condições de habitação da área 
de estudo, a comunidade, possui na sua maioria habitações de produtos provenientes de pau. 
Segundo dados obtidos do inquérito indicam que a maioria dos leprosos habita nas casas de 
pau a pique sendo um dos resultados da expansão territorial. 
4.2 O nível de conhecimento sobre a lepra aos portadores da doença em Montepuez 
Questionados se alguma vez ouviram falar da lepra quase na sua totalidade assegurou em ter 
ouvido da doença. E dados obtidos a partir do inquérito indicam que a maior parte dos 
portadores inquiridos obtiveram informação pelos profissionais da saúde local através do 
diagnóstico realizado. 
4.3 O nível de transmissão da enfermidade em Montepuez 
De acordo com Lira e Silva (2010, p.82), a transmissão da doença se faz “através 
das vias aéreas superiores passando pelas vias hemolinfáticas”. Há estudos que considera a 
pele uma possível forma de contágio, lembrando quando não medicado, mas para isso 
acontecer o leproso tem que conviver intimamente com outra pessoa, para se transmitir a 
doença. 
No contexto familiar o contágio é mais comum, no caso do virchowiano ou dimorfa, pois 
pessoas que não tiverem iniciado o tratamento possuem grande probabilidade de transmissão. 
Os seres humanos são considerados a única fonte de infecção da lepra, além das vias aéreas as 
secreções eliminada pelo homem como leite, esperma, suor, e secreção vaginal, podem 
eliminar a bactéria (ARAUJO, 2003). 
 
 
19 
 
A maioria dos inquiridos leprosos não sabem como contagiou esta doença, isso indica que a 
comunidade não presta atenção as medidas de prevenção da doença em causa. Desta feita, há 
necessidade de concluir que os leprosos dificilmente têm amigos. 
3.4 Factores sociológicos associados à propagação da lepra em Montepuez 
Em relação aos factores sociológicos associados a propagação da lepra destacam-se a pobreza 
e os preconceitos por parte da comunidade. É notório que essas noções encontram-se 
enraizadas naqueles núcleos de população onde vicejam a miséria e a ignorância e, dessa 
maneira, contribuem para o agravamento do problema médico-sanitário que representa o 
controlo dos focos nas referidas colectividades. 
Fazendo uma profunda análise, podemos concluir que o baixo nível socioeconómico, a falta 
de condições habitacionais, habitualmente superlotadas, a dificuldade de acesso ao sistema de 
saúde, bem como às redes de apoio social, e a discriminação social são factores a ter em conta 
na propagação da lepra aos familiares e amigos. 
3.5 Reacção do paciente após o diagnóstico da lepra em Montepuez 
COELHO (2008, p.34), salienta que o “diagnóstico é uma experiência subjectiva muito forte, 
no qual a pessoa necessitará de um tempo para se reabilitar sobre as novas condições que a 
doença traz”, pois quando o indivíduo toma conhecimento do diagnóstico tende a não aceitar, 
isso pode estar ligado ao medo, ao preconceito, à discriminação e também a características 
religiosas. 
Realmente concordamos com a ideia do autor, visto que quando a pessoa começa a ter 
aceitação da doença, passa a preocupar-se com a aparência física, a auto-estima se altera, 
apresenta medo de perder a família, esses comportamentos interferem de forma relevante na 
rotina do indivíduo. 
Questionados se fizeram o diagnostico de Lepra a resposta foi positiva em relação ao numero 
total dos inquiridos, onde afirmaram que fizeram o diagnostico 80%. 
Segundo os nossos inquiridos a maior parte quando fez o diagnóstico ficou triste e acima de 
tudo muita vergonha de si mesmo e assim como o medo de enfrentar a sociedade. 
 
 
20 
 
O impacto do diagnóstico deixa transparecer o sofrimento e a incerteza em relação à 
fidedignidade do próprio diagnóstico, com o tempo o sofrimento psíquico pode desencadear 
um estado de crise provocando tensões, com isso desestabilizando o relacionamento familiar e 
social. 
4.6 Orientações do medico após o diagnostico de lepra em Montepuez 
BRASIL (2008, p.57), diz que quando um indivíduo recebe o diagnóstico que 
tem a Lepra é passado para o mesmo orientações para o tratamento que deve seguir. Em 
grande maioria o indivíduo tem que ter um tempo para entender o diagnóstico, ter 
conhecimento sobre a doença, compreender e enfrentar o tratamento, entender que é 
necessário o comprometimento com o tratamento para se curar. 
O apoio familiar é fundamental para que o sujeito aceite sua condição e não se sinta isolado 
neste processo, contribuindo para uma melhor adesão ao tratamento. 
A ideia do autor, relaciona-se com os dados obtidos no inquérito que após o diagnóstico 
foram orientados pelo médico a procederem com o tratamento. 
No que concerne ao tratamento, referir que alguns já abandonaram e não se sabe quais são as 
causas que lhes levam a repudiar com o processo. Alguns dos nossos inquiridos referem que a 
vergonha de apresentarem no meio social é uma das causas do abandono. 
Dados do inquérito indicam que poucas vezes os familiares fazem acompanhamento dos 
mesmos. Logo, levanta-se a questão da exclusão, do preconceito e da discriminação que se 
encontram enraizados na construção social da lepra e são factores que dificultam seu 
enfrentamento e o convívio do portador com as demais pessoas, tornando-se necessário 
resgatar sua auto-estima, recuperar seus vínculos e reintegrá- lo à sociedade. 
4.7 Resultados das entrevistas realizadas 
As informações presentes nas entrevistas foram agrupadas em quatro categorias. A categoria 
1 aborda da situação da Lepra na cidade de Montepuez; a Categoria 2 trata de campanhas de 
sensibilização às comunidades em matéria de Lepra; a Categoria 3 tem a ver com o 
acolhimento dos portadores da lepra pelos profissionais de saúde no HRM; a Categoria 4 
refere as informações que são transmitidas aos portadores da doença pelos profissionais da 
 
 
21 
 
saúde a respeito da lepra; a Categoria 5 aborda a reacção das pessoas ao receber o diagnóstico 
de lepra; e a Categoria 6 relata o quotidiano do portador da doença e suas relações com os 
indivíduos. 
Visando preservar a identidade dos entrevistados, os discursos estão identificados por Pr 
(profissional) e Pa (paciente) os participantes classificados numericamente com base na 
sequência das entrevistas (Pr1, Pr2, Pa1, Pa2 e Pa3). 
6.7.1 Categoria 1: A situação da Lepra na cidade de Montepuez 
Na referida categoria pretende-se saber qual é a situação actual da Lepra em Montepuez. De 
acordo com o nosso entrevistado em Montepuez, o número de casos diagnosticados diminuiu 
comparativamente dos anos passados. Dos 174 casos diagnosticados em 2017, 49 chegaram 
ao fim do ano e os restantes abandonaram com o tratamento. 
As autoridades estão a tentar eliminar a doença. Uma das grandes preocupações dos 
médicos é que nem todos os pacientes com lepra, acabam o tratamento, que pode demorar até 
um ano. O perigo de infectar outras pessoas é grande. O profissional frisa que: 
“No caso de haver desistência e a pessoa não terminar o tratamento, ela continua 
com o microorganismo no corpo e vai ser um foco. Onde vai na comunidade, vai 
ser um foco. Por ser uma doença contagiosa, vai contaminar os outros, porque as 
outras pessoas não conhecem a manifestação da doença. Vão vivendo com a 
doençae contaminarão os outros.” (Pr1) 
 
3.7.2 Categoria 2: Campanhas de sensibilização às comunidades em matéria de Lepra 
Nesta categoria pretende-se saber se os profissionais de saúde em Montepuez têm realizado 
campanhas de sensibilização de combate e prevenção da lepra. E o nosso entrevistado afirma 
que tem se realizado campanha de sensibilização para o combate e prevenção da doença onde 
ressalta que: 
“Actualmente, as autoridades de saúde promovem campanhas de sensibilização, 
para garantir que os doentes façam o tratamento até ao fim, alertando-os para 
os sintomas da lepra.” (Pr1) 
 
 
22 
 
“Temos feito visitas domiciliares de acompanhamento, e as pessoas que são 
infectadas quando iniciam o tratamento um rastreio, também é feito para as 
famílias de convivência daquele individuo que foi infectado, principalmente 
para as crianças, porque a criança até pode crescer com uma mancha que a 
mãe não liga.” (Pr2) 
3.7.3 Categoria 3: Acolhimento dos portadores da lepra pelos profissionais de saúde no 
HRM 
A referida categoria aborda a forma como são acolhidos os leprosos pelos profissionais da 
saúde no Hospital Rural de Montepuez. 
Acolher é “receber o ajudado calorosamente ao iniciar o encontro com ele, sendo que, ao 
acolhê-lo, deve-se transmitir receptividade e interesse, de modo que ele se sinta valorizado”. 
Desta forma, torna-se relevante a presença de uma equipe humanizada nos sistemas de saúde 
que actue como facilitadora na consolidação de estratégias de acolhimento ao compartilhar 
todo um processo de respeito e empatia (MORAIS, 2010). 
Os discursos obtidos nas entrevistas demonstraram que os profissionais do HRM fazem o 
acolhimento do início ao término do tratamento. Ressaltaram que, mesmo sendo um 
atendimento público, não apresenta diferença do atendimento exclusivo, pois consideraram 
ser bem recebidos e bem tratados pelos profissionais, como confirmado nas palavras dos 
entrevistados abaixo: 
“Nós os profissionais de saúde acolhemos os pacientes desde o inicio até ao fim 
de tratamento. Até mesmo os portadores sempre têm desejado melhor o nosso 
desempenho para com eles. Todavia, apareceu uma visita provincial que tinha a 
ver com o combate e prevenção contra a lepra onde participaram numa palestra 
foram abertamente questionados se eram bem atendidos, e a resposta deles foi 
sempre positiva e muito satisfatória a favor de nós os profissionais. Ressaltavam 
ainda que o acolhimento não fazia diferença com um tratamento privado”. (Pr1) 
“Os pacientes são muito bem recebidos e é de salientar que todas as vezes que 
eu vim trabalhar nunca acompanhei queixas de mão atendimento aqui no nosso 
 
 
23 
 
Hospital e em relação ao tratamento, aqui nunca faltou nada em termos de 
medicação”. (Pr2) 
Logo, fica claro que o acolhimento é um factor motivador de auto cuidado. Ser bem atendido, 
avaliado e ter acesso ao atendimento multiprofissional, quando necessário, é um direito de 
todos os moçambicanos. 
No estudo de DAMASCENO et all. (2012, p.72), é mostrada a concepção dos profissionais da 
saúde sobre acolhimento. Eles afirmam que “acolhimento compreende-se como uma forma 
humanizada de receber o paciente, por meio da escuta, da conversa e da tentativa de resolver 
os problemas que são apresentados aos profissionais de saúde”. 
A partir de tais contribuições, é possível ampliar acções para a melhor aderência e resposta ao 
tratamento da lepra em Montepuez, para garantir a satisfação do paciente e estimulá-lo como 
agente de sua própria reabilitação. 
3.7.4 Categoria 4: Informações que são transmitidas aos portadores da doença pelos 
profissionais da saúde a respeito da lepra 
Essa categoria está relacionada com as informações que são transmitidas aos pacientes pelos 
profissionais da saúde a respeito da lepra. Além do acesso ao tratamento e à medicação 
gratuita, os pacientes dos sistemas de saúde têm direito de receber informações sobre a sua 
doença, orientações sobre o seu diagnóstico e como se dá o tratamento. 
Tal informação deve ser prestada de forma clara, devendo ter sempre em conta a 
personalidade, o grau de instrução e as condições clínicas e psíquicas do doente. 
Especificamente, a informação deve conter elementos relativos ao diagnóstico (tipo de 
doença), ao prognóstico (evolução da doença), tratamentos a efectuar, riscos associados e 
eventuais tratamentos alternativos (MISAU, 2008). 
Foi constatado neste estudo que a população pesquisada teve acesso a materiais informativos 
(panfletos e cartazes), bem como informações verbais transmitidas pelos familiares e 
profissionais durante o tratamento, como ilustrado nos fragmentos dos 
seguintes discursos: 
 
 
24 
 
“Eu comecei ler uns cartazes que tem aqui dentro, os médicos também me 
orientaram bem, então eu passei a ter mais informação através daqui do HRM. 
Do que se trata, do que é a lepra, o que ela pode causar, então todo esse tipo de 
informação foi aqui no Hospital Rural de Montepuez”. (Pa1) 
“Eles me falaram que tinha que fazer o tratamento, não podia beber bebida 
alcoólica durante o tratamento, mas fiz o tratamento normal. Alguns pacientes 
aqui em Montepuez bebem muito álcool enquanto estão a medicar o que poderá 
impedir a reacção do medicamento”. (Pa2) 
BAIALARDI (2007, p.51), constatou, em estudo realizado por meio das transmissões de 
informações sobre a doença aos portadores de lepra, em forma de um trabalho educativo, que 
“essas informações contribuem para aliviar a angústia referente a alguns aspectos que fazem 
parte do estigma da doença, como o medo de contaminar outras pessoas e o medo da morte”. 
Nesta perspectiva, MINUZZO (2008), assinala em seu estudo a importância de fornecer 
correcta informação sobre a doença e seu tratamento ao paciente, à sociedade em geral e 
principalmente às famílias dos leprosos. “O apoio familiar é fundamental para que o sujeito 
aceite sua condição e não se sinta isolado neste processo, contribuindo para uma melhor 
adesão ao tratamento”. 
3.7.5 Categoria 5: A reacção das pessoas ao receber o diagnóstico de lepra 
Esta categoria reflecte como o indivíduo reagiu ao receber o diagnóstico de lepra. A pessoa 
atingida pela lepra, ao receber o diagnóstico, recebe também da equipe de saúde as 
orientações para o tratamento que deve seguir. 
Na maioria das vezes, quando o diagnóstico é confirmado pelo médico, a pessoa tem que ter 
um tempo para entender o diagnóstico; conhecer mais sobre a doença; entender, enfrentar e 
comprometer-se com o tratamento, tomando os medicamentos regularmente 
para ficar curado (MISAU, 2008). 
Conforme SILVA et al. (2008, p.37), o “diagnóstico pode causar um impacto emocional no 
indivíduo. As principais reacções psicológicas são: negar, revoltar-se, ocultar ou revelar, 
podendo chegar à aceitação através de um processo que para cada um varia no tempo e na 
 
 
25 
 
intensidade”, como comprovado pelo discurso: “Foi muito desagradável, não gostei... fiquei 
muito triste, até ao ponto de cair lágrimas”. (Pa2) 
No presente trabalho, a confirmação do diagnóstico da doença mostrou-se como um 
dado relevante, uma vez que vários indivíduos afirmaram que já estavam preparados para 
receber tal informação. Já havia uma suspeita em relação à doença, e que tiveram tempo para 
elaborar um possível diagnóstico, como elucidado nos discursos abaixo: 
“Eu já estava preparado, graças a Deus que eu sou preparado para o que der e 
vier, eu já estava desconfiar, consegui aceitar as coisas”. (Pa2) 
“Eu já vinha assim preparado para receber uma notícia ou outra, por causa da 
mancha, que eu já havia suspeitado dela e isso sabia através dos cartazes que 
vinha lendo a cerca da doença e sensibilização dos profissionais que vinha 
tendo eu aceitei numa boa, eu soube controlar as emoções.” (Pa3) 
Pode-se perceber que a mudança após o diagnóstico de lepra na população pesquisada está 
associada aos sentimentos de solidão, angústia, tristeza, inutilidade,raiva e falta de esperança 
e medo. 
3.7.6 Categoria 6: O quotidiano do portador da doença e suas relações com os indivíduos 
Esta categoria aborda o dia-a-dia do portador de lepra e como ele se relaciona com sua 
família/amigos e como sua doença interfere quando está na presença de outras pessoas, 
fazendo um paralelo do seu quotidiano antes e depois do diagnóstico da doença. 
GREGÓRIO at al (2008), comprovaram em seu estudo que as principais mudanças ocorridas 
em portadores de lepra após o diagnóstico foram nos relacionamentos família/amigos, assim 
como descreve o diálogo do entrevistado abaixo: 
“Ficaram com o pé atrás, eles ficaram assim, preconceituosos, a minha 
sobrinha comprou novos pratos e talheres no sentido de separar e tinha aquele 
preconceito de transmitir para outros familiares e assim nem em contacto com 
familiar.” (Pa3) 
 
 
26 
 
Os resultados mostraram que, no quotidiano dos portadores, eles continuaram desenvolvendo 
suas actividades, principalmente as laborais, mas de uma maneira restrita devido às reacções 
dos medicamentos e às incapacidades físicas. Buscavam formas alternativas de lidar com a 
doença, preferindo não se isolar, pois afirmaram que a lepra tem cura, como exemplifica a 
fala abaixo: 
“Se colocar na cabeça que está com aquele problema, aí piora cada vez mais, 
então eu tento me controlar, eu converso com meus amigos. Tento distrair a 
mente com outras coisas, escutando música, assistindo filme, fazendo alguma 
coisa, isso tudo para ter foco, sair da doença, sair dessa situação”. (Pa1) 
As reacções com a família e amigos próximos dos portadores podem variar conforme as 
condições culturais e socioeconómicas dos mesmos, visto que alguns entrevistados preferiram 
não comunicar para a família com receio de serem abandonados e isolados, como afirma o 
discurso a seguir: 
“Não vou falar, mas vou ficar na minha, e continuar uma vida normal, 
amizade fidedigna...não acha que é certo ficar calado? Nem com parente...e 
assim vou levando a vida, se eu for a ficar triste por causa disso, eu sei que 
minha situação vai piorar”. (Pa3) 
Segundo o estudo de VIDERES (2010), “alguns leprosos possuem dificuldades de aceitação 
das marcas deixadas pela doença como manchas e cicatrizes ocasionadas pelas lesões de pele 
e também quanto às deformidades, o que evidencia sentimentos de vergonha e medo de expor 
o corpo”. 
3.8 A doença na sociedade makuwa 
A doença é uma realidade na vida humana, pela qual o Homem normalmente passa. A 
doença representa uma ameaça à saúde, supõe um agravamento da qualidade de vida e 
trás consigo uma ruptura do ritmo normal da actividade do indivíduo2. 
Na sociedade makuwa a doença da lepra é denominada localmente (MAKUTHULA3) os 
portadores desta doença são atribuídos aos espíritos maus (MINEPA SOTAKHALA), mágicos, 
 
2
 Ministério de Saúde 2007 
3
 Tem a ver com a mutilação em que o paciente fica deformado, sem dedos e com manch as na pele. 
 
 
27 
 
feiticeiros, maldição. Sobre isso fala um paciente que está no processo de tratamento no 
Hospital Rural de Montepuez: 
“Há muito tempo eu doente de lepra se me encontrar com as pessoas diziam que 
sou feiticeiro então Deus me deu esta doença para me castigar”. 
Espíritos (MINEPA) são localmente representados como sendo os mortos ou antepassados que 
deixaram a vida terrena (a sociedade e famílias) e transformaram-se em deuses e continuam a 
aparecer no corpo dos vivos ou para desordem ou para sorte. 
A doença simboliza a culpa e é considerada castigo emanado de um espírito maligno. Dois 
tipos de espíritos povoam o imaginário desta sociedade. Por um lado, Espíritos maus que 
intervêm para ameaçar o bem-estar das pessoas e a colectividade, e impõem a tristeza aos 
membros da família, criando desordem na unidade familiar e na comunidade.4 
Sendo assim, deve-se lutar no sentido de superar a maldade através de ritos de cura que 
restauram a ordem quebrada pela doença e estabelecer harmonia na família. Os ritos de cura 
são praticados por especialista (NKHULUKANO)5 que possuem um conhecimento secreto de 
todos elementos necessários para a cura; esse conhecimento pode ser hereditário ou mesmo 
conseguido através de iniciativa própria e habilidades6. 
3.9 Representação social da lepra 
As representações sociais constituem uma série de opiniões, explicações e as afirmações 
produzidas a partir do quotidiano dos grupos, das famílias, sendo a comunicação 
interpessoal importante neste processo7. 
A representação da lepra é um produto de processo de reinterpretação dos fenómenos 
vividos, concretamente, aquilo que não é da informação universal, ou seja 
cientificamente válido sobre o que é efectivamente a lepra. 
 
4
 Textos compilados 1989, dizem respeito a História de Moçambique. 
5
 Nome atribuído ao indivíduo que procura descobrir o culto e investigar as causas das desgraças e das 
doenças. 
6
 MARTINEZ, F.L. (2007). Antropologia Cultural. 5.ed. Maputo. 
7
 MOSCIVICI, S. (1969). Representações Sociais: investigações em psicologia social . São Paulo: Editora Vozes. 
 
 
28 
 
O próprio paciente que vive a doença pode produzir crenças e modificar as existentes sobre a 
sua enfermidade. As pessoas acreditavam que a lepra surge porque alguém da família 
cometeu algo errado que não vai de acordo com a moral dos seus antepassados, e, estes 
deixam de intervir a seu favor ou ainda desobedeceu algum compromisso para com a Ordem 
Superior Todo Poderoso (Deus), por isso o leproso devia ser isolado. 
O estudo de campo, permitiu-nos perceber que as representações da lepra no Moçambique 
colonial, baseadas tanto nos discursos do pecado e da impureza8, quanto ao combate, e 
isolamento, invisibilização do doente, marcaram as mentalidades do povo moçambicano em 
geral e de Montepuez em particular. 
De acordo com os nossos entrevistados a prática de isolamento teve distintas justificativas, 
tendo como a principal delas: isolar os leprosos para não contagiar. 
No período pós colonial foi possível deixar o isolamento e tratar os pacientes, o que 
possibilitou uma nova leitura da doença. As condições financeiras, domiciliares, de 
vizinhança, actividade ocupacional, característica de género e a educação fazem parte do 
processo da vivência e significação das doenças, sendo que esta, é parcialmente dependente 
das representações sociais9. 
A representação social da lepra deve servir como fonte de estudos e conhecimentos para a 
capacitação, das pessoas capazes de reverter para os portadores da lepra acções educativas, 
buscando minimizar o quadro do doente e da doença10. 
3.10 Aspectos culturais da doença da lepra 
ALVEZ (1993), revelou que nas últimas décadas houve um crescente interesse pelo estudo dos 
aspectos socioculturais ligados ao processo da saúde-doença, em contraposição à visão 
positivista como fenómeno unicamente biológico. Os autores concebem cultura como 
universo de símbolos e significados que permitem, aos indivíduos de um grupo interpretar a 
vivência e guiar suas acções. 
 
8
 DOUGLAS, M. (1991). Pureza e perigo: ensaio sobre as noções de poluição e tabu . Rio de Janeiro. 
9
 NDEVE, Alcino, Benfica, A.H., Phaff, Charles 2008. Manual Nacional de lepra. MISAU, Maputo. 
10
 COELHO, A. R. 1998. Psicologia hospitalar: realidade actual e vicissitudes. Vertentes. Nº11. 
 
 
29 
 
As representações sobre as atitudes do doente de lepra, vêm acompanhadas pela vergonha em 
expor suas manchas, a preocupação em contagiar seus parentes mais próximos, facto que leva 
o leproso a responder de forma estigmatizante. 
Essas atitudes provocam alterações na auto-estima, na relação que o doente tem com seu 
trabalho e principalmente com sua família. “A lepra apresenta sérios comprometimentos 
clínicos, manchas brancase vermelhas, pelo corpo As manchas brancas são partes do corpo 
sem sensibilidade e são percebidas como essa parte do corpo afectada estivesse anestesiada, 
sem dor” (COELHO, 1998). Além da manifestação clínica, essa doença tem uma dimensão 
cultural decorrente especialmente por ser uma enfermidade que se expressa nas partes 
públicas e externas do corpo: 
“A pessoa quando no seu corpo apresenta manchas vê-se anormal, e a 
tendência do portador é encobrir e, afastar da convivência de outras pessoas eu 
próprio vejo algo que não faz parte daquilo que sou11”, relata um dos familiares 
da pessoa infectada por lepra. 
Expressão popular do dia-a-dia, cria assim, uma imagem estereotipada que provoca o 
afastamento dos pacientes do convívio social e o medo generalizado da enfermidade. 
Imaginemos, as mãos e pés sem dedos, facilmente pensamos que este Homem já não existe. 
3.11 Em relação as imagens fotográficas 
Nesta secção a metodologia usada foi a de observação directa onde foram tiradas as imagens 
fotográficas de algumas pessoas infectadas por lepra. 
Essas imagens fotográficas anexadas nos resultados existe uma sobre um idoso abandonado 
com parentes e vive sozinho, como se não bastasse está num estado avançado de lepra. 
Diante disso, BORESTEIN et. al. (2008), comentam dizendo que “as famílias de pessoas que 
tinham lepra em meados de 1940, costumavam construir pequenas casas ou quartos separados 
e distantes, onde se colocavam o doente e neste lugar davam a ele alimentos, roupas, 
medicamentos para que não saísse desse espaço e colocasse a família em risco”. 
 
11
 Entrevista com um dos familiares de um leproso em Montepuez. 
 
 
30 
 
Para FIGUEIREDO (2006), há casos de pessoas que têm a doença e optam por não contar 
para a família sobre o problema no intuito de manter a família integrada, para que não haja 
desmembração ou discriminação sobre o semelhante. 
Do mesmo modo BAIALARDI (2007), relata que a “lepra deixa cicatrizes profundas nas 
pessoas, o estigma na maioria das vezes enraíza nelas e há grandes perdas e mudanças, tanto 
fisiológicas quanto psicológicas, perdas essas que se configuram no âmbito familiar de forma 
geral, perdas dos amigos, do trabalho e da saúde”, factos estes que são comprovados e ainda 
acontecem actualmente em Montepuez. 
De acordo com o MISAU (2008) “o principal meio de contágio é por via respiratória, durante 
o acto de falar e tossir na interacção com pessoas, não portadoras da doença”. Embora seja 
uma doença de pele, é sempre através de um contacto humano frequente, próximo e 
prolongado com o paciente que ainda não começou o tratamento, mas depois da primeira dose 
de tratamento não ocorre o perigo de contágio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
CAPITULO V – CONCLUSÕES 
5. Conclusão 
Chegado ao fim deste trabalho, foi possível verificar que a lepra é uma doença milenar que 
percorreu e percorre por todo o desenvolvimento humano até os dias actuais, levando ao 
isolamento familiar e social do paciente resultante do preconceito e da discriminação. 
O trabalho de campo realizado foi possível identificar os factores associados a propagação da 
lepra em Montepuez destacando-se a pobreza e os preconceitos por parte da comunidade. É 
notório que essas noções encontram-se enraizadas naqueles núcleos de população onde 
ostentam-se a miséria e a ignorância e, dessa maneira, contribuem para o agravamento do 
problema médico-sanitário que representa o controlo dos focos nas referidas colectividades. 
Ainda foi provável que a diminuição de casos diagnosticados em 2017 e o abandono do 
tratamento de alguns pacientes deveu-se através dos preconceitos aliados com a ignorância do 
termo lepra e das consequências que pode causar. Se pensarmos, por exemplo, com relação à 
não-aceitação da doença, podemos observar manifestações tanto do paciente como da família 
ou da sociedade. 
Estudos de BORENSTEIN at. al fazem referência ao impacto do diagnóstico da lepra em 
pessoas que se sentiram fragilizados ao receberem o diagnóstico da doença, traz o desejo de 
morrer, estigma, exclusão social, isolamento da família e mudanças nos seus hábitos. 
Ainda nesse contexto, OLIVEIRA (1990) aponta que as reacções de tristeza, preocupação, 
insegurança, medo, entre outros, devem ser identificadas e compreendidas pelos profissionais 
que lidam com o leproso, bem como devem eles intervir e criar oportunidades para o paciente 
externar suas fantasias. 
A situação de lepra em Montepuez é muito preocupante segundo os nossos entrevistados 
contudo a preocupações dos médicos é que nem todos os pacientes com lepra, acabam o 
tratamento, que pode demorar até um ano. A probabilidade de infectar outras pessoas é maior. 
Actualmente, as autoridades de saúde promovem campanhas de sensibilização, para garantir 
que os doentes façam o tratamento até ao fim, alertando-os para os sintomas da lepra. 
 
 
32 
 
Segundo as autoridades fazem visitas domiciliares de acompanhamento, e as pessoas que são 
infectadas quando iniciam o tratamento um rastreio, também é feito para as famílias de 
convivência do individuo que foi infectado, principalmente para as crianças, porque a criança 
até pode crescer com uma mancha que a mãe não liga. 
De acordo com MINUZZO (2008), até meados de 1980 “existiam casos de pessoas que eram 
levadas para colónias longe de cidades para fazerem tratamento, os famosos leprosários, longe 
de amigos e família, os filhos dos pacientes eram separados dos pais, levados para orfanatos 
para que não viessem a se tornar possíveis doentes acometidos pela doença”, contudo havia 
um grande sofrimento psicológico com a ruptura da família, pois muitas dessas crianças 
nunca vieram a encontrar com seus pais biológicos. 
Actualmente, através da revisão de literatura o isolamento ainda se mantém, no entanto, de 
forma diferente os indivíduos se escondem dentro de suas próprias residências para que não 
sofram com algum preconceito ou discriminação, isso tudo pelo peso que a “lepra” era 
encarada em tempos remotos, tanto no carácter religioso ou social. 
Logo, através de todo apanhado teórico foi possível se chegar ao objectivo da pesquisa que 
era avaliar os impactos psicossociais em pacientes de lepra, o processo de isolamento familiar 
e social da pessoa com lepra, que ainda é vivida nos dias actuais. 
O problema de aludir o preconceito pode ser avaliado e ser responsabilizado por factores com 
crença religiosa, dificuldade de compreensão, aceitação e conhecimento científico da 
sociedade. 
O caminho tem sido árduo e longo para a quebra do preconceito e dos estigmas, porém 
observa-se que um dos caminhos a percorrer é o de educação em saúde, que orienta a 
população, aumentando assim o conhecimento sobre a doença. 
Esta pesquisa foi importante porque é mais um material e momento de reflexão para problema 
de discriminação de pessoas que são diagnosticados com lepra do isolamento familiar e social 
enfrentado e sofridos por elas. Sugere-se então que mais estudos sejam realizados para que se 
possa ainda mais descobrir formas de lidar e trabalhar este problema. 
 
 
 
33 
 
5.2. Sugestões 
 Sugerimos às instituições de direito, que proporcionem momentos de sensibilização as 
comunidades locais no sentido de reverter a situação cada vez galopante sobre devastação das 
áreas do ecossistema do mangal de Bandar. 
Que se façam mais estudos acerca desta temática, com vista a encontrar soluções mais fiáveis 
sobre as possibilidades de uso sustentável das áreas do mangal em Bandar. 
Ainda ao governo local, que crie organizações de fiscais comunitários que possam velar pelo 
supervisionamento do mangal atribuindo multa aos indivíduos que transgridem as leis de 
protecção e conservação do mangal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
Referências Bibliográficas 
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apropriação do espaço na cidade de Angoche, Espaço e Tempo, São Paulo. 
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sociedade e cultura. São Paulo: Paz e Terra. 
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realidade. Kulima, Maputo. 
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10. LUÍS, A. A. (2011). Aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica e Detecção 
Remota no Monitoramento do Mangal, Dissertação sobre mangal na Beira. 
11. MAE (2005). Ministério de Administração Estatal, Disponível na Internet em 
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12. MICOA. (1996). Programa Nacional de Gestão Ambiental, Maputo. Disponível em 
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35 
 
13. MICOA. UICN. (2006). Moçambique Macro diagnóstico da Zona Costeira de 
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14. NANNI, H. C. (2005). Preservação dos manguezais e seus reflexos; Bauru, SP, 
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18. SAKET, M. e MATUSSE, R, (1994). Study for the determination of the rate of 
deforestation of the mangrove vegetation in Mozambique. DNFFB. Maputo. 
19. SCHEPIS, W.R. (2008). (s/d) A importância dos manguezais para o nosso planeta 
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nosso.html,) Consultada em 19/06/2018 pelas 13:27h. 
20. SERRA, C. (2007), Colectânea de Legislação do Ambiente: Ministério da Justiça 
Centro de Formação Jurídica e Judiciaria, 3ª edição, revista e aumentada, Maputo. 
21. UACANE, M. S. (2014). Impactos ambientais decorrentes da erosão costeira na orla 
marítima. Disponível (www.educamazonia.cw7.inf: ano 7.vol XII, numero1. 
Acessado em 16/06/2018 pelas 15:10h. 
22. ALVEZ P.C., MINAYO, M.C.S. 1994. Saúde e doença: um olhar antropológico. Rio 
de Janeiro: Editora Fiocruz. 
23. MINUZZO DA. (2008). O homem paciente de Hanseníase (lepra): representação 
social, rede social familiar, experiencia e imagem corporal. Universidade de Évora. 
Portugal. 
24. GIL, A. C. (2008). Como elaborar projectos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas. 
25. BORENSTEIN, Miriam Sussking; PADILHA, Maria Itayara; COSTA, Eliane; 
GREGÓRIO, Vitória Regina Petters; KOERICH, Ana Maria Espindola; RIBAS 
Doroteia Lões. (2008) Hanseniase: estigma e preconceito vivenciados por pacientes 
institucionalizados em Santa Catarina. Florianópolis. 
 
http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/c204694.pdf
http://aaf.weebly.com/uploads/5/3/1/3/531370/mangal_compatibility_mode.pdf
ftp://ftp.usjt.br/pub/revint/343_51.pdf
http://ecofaxina.blogspot.com/2008/10/importancia-dos-manguezais-para-o-nosso.html
http://ecofaxina.blogspot.com/2008/10/importancia-dos-manguezais-para-o-nosso.html
http://www.educamazonia.cw7.inf/
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apêndices 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
APÊNDICE I: GUIÃO DE INQUÉRITO AOS PORTADORES DA LEPRA NA 
CIDADE DE MONTEPUEZ 
 
 
Este questionário faz parte de uma investigação intitulada “Análise dos impactos 
psicossociais sobre o diagnóstico da lepra, caso cidade de Montepuez” que pretende 
compreender o reflexo dos casos de lepra notificados nos últimos quatro (4) anos, isso de 
2013-2017. 
O questionário é anónimo e destina-se unicamente para fins académicos. Agradecemos a sua 
colaboração conscientes que todas as informações irão ser muito úteis para o nosso estudo. 
Basta responder com sinceridade e rigor, com um (X) à maior parte das perguntas. Se achar 
importante pode usar a parte de trás da folha para escrever algum comentário que pretende 
deixar-nos. 
 
Número do Inquérito:__________ Data do inquérito: _____/_____/________ 
Local da realização do inquérito: _____________________________________ 
Nome do inquiridor: ______________________________________________ 
 
O quadro que se segue deve ser preenchido em todos os espaços sem excepção nenhuma no 1.1 
e assinalar com um X para cada ponto a seguir. 
 
1.0 CARACTERIZAÇÃO DO INDIVIDUO INQUIRIDO 
1.1 Identificação 
Idade 
Sexo 
Estado civil 
Nacionalidade (País) 
Naturalidade (Distrito) 
Residência (Bairro) 
1.2 Habilitações Escolares 
Sabe ler e escrever 
Ensino Primário 1º Grau (1ª a 5ª classe) 
Ensino Primário 2º Grau (6ª a 7ª classe) 
Ensino Secundário Básico (8ª a 10ª classe) 
Ensino Pré-Universitário (11ª a 12ª classe) 
Formação superior 
1.3 Situação sócio-profissional 
Activa(o) com profissão 
Desempregada(o) 
Doméstica(o) 
Reformada(o) 
Estudante 
Outra (especifique) 
1.4 Situação profissional 
Assalariado 
Trabalhador por conta própria 
Trabalhador familiar não remunerado 
 
 
38 
 
Patrão 
Desempregado 
Outra (especificar) 
1.5 Trabalha numa instituição 
Pública 
Privada 
 
2.0 CONDIÇÕES DA HABITAÇÃO 
2.1. A casa onde habita é construída em: 
Blocos de cimento/tijolo ( ) 
Blocos de adobe ( ) 
Pau a pique ( ) 
Madeira e zinco ( ) 
 
2.2. Regime de propriedade, (a casa onde reside é): 
Própria ( ) 
Familiar ( ) 
Alugada ( ) 
 
3. INFORMAÇÕES SOBRE A LEPRA 
3.1 Já ouviste falar dalepra? 
Sim ( ) 
Não ( ) 
 
3.2 Como obteve informação sobre a lepra? (através de:) 
Profissionais da saúde ( ) 
Rádio ( ) 
Cartazes ( ) 
Familiar ( ) 
4. SOBRE A TRANSMISSÃO DA ENFERMIDADE 
4.1 Como transmitiu esta doença? (através de:) 
Familiar ( ) 
Parceiro ( ) 
Amigo ( ) 
Não sabe ( ) 
 
4.2 Que factor sociológico que considera em estar por detrás da doença? 
Pobreza ( ) 
Preconceitos ( ) 
Profissão ( ) 
Não sabe ( ) 
 
5. EM RELAÇÃO AO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA LEPRA 
5.1 Alguma vez já fez o diagnóstico da lepra? 
Sim ( ) 
Não ( ) 
 
5.2 Se fez qual foi a sua reacção após o diagnostico da lepra? 
Tristeza ( ) 
Medo e angustia ( ) 
 
 
39 
 
Vergonha ( ) 
Falta de esperança ( ) 
 
5.3 Quais foram as orientações do medico após o diagnostico? 
Aderir ao tratamento ( ) 
Esperar ate agravar a doença ( ) 
Não disse nada ( ) 
 
5.4 Neste momento já esta a tratar a doença? 
Sim ( ) 
Não ( ) 
 
5.5 Que avaliação faz do seu quotidiano da doença em relação a consideração na 
sociedade? 
Boa ( ) 
Suficiente ( ) 
Má ( ) 
 
5.6 Os seus familiares te fazem acompanhamento na doença sem desprezo e preconceitos? 
Fazem ( ) 
Poucas vezes ( ) 
Nunca ( ) 
 
 
MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO DISPENSADA E COLABORAÇÃO 
PRESTADA À NOSSA PESQUISA 
 
 
 
APÊNDICE II: GUIÃO DE ENTEVISTA AOS PORTADORES DA LEPRA EM 
MONTEPUEZ 
Objectivo geral da entrevista 
 Compreender a situação relacionada com o nível de adesão e tratamento bem como as 
informações transmitidas pelos profissionais de saúde. 
Local de entrevista 
Província – Cabo Delgado 
Distrito – Montepuez 
Bairro: 
Identificação do entrevistado 
Nome_____________________________________________ 
 
 
40 
 
Idade_______ 
Sexo________ 
Questionário 
1. Desde quando está com essa doença? 
R:_________________________________________________________________________ 
2. Alguma vez já fez o diagnóstico dessa doença? 
R:____________________________________________________________________ 
3. Como tem sido o acolhimento dos portadores da lepra pelos profissionais da saúde? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
4. Que informações são transmitidas aos portadores da doença pelos profissionais da saúde a 
respeito da lepra? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
5. Qual tem sido o seu quotidiano da doença e suas relações com os indivíduos dessa 
comunidade? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
 
Muito obrigado! 
APÊNDICE II: GUIÃO DE ENTEVISTA AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO 
HOSPITAL RURAL DE MONTEPUEZ (HRM) 
Objectivo geral da entrevista 
 Conhecer os casos de lepra diagnosticados nos últimos quatro anos e compreender a 
causa da propagação da enfermidade na área de estudo. 
Local de entrevista 
Província – Cabo Delgado 
Distrito – Montepuez 
Local – Hospital Rural de Montepuez 
Identificação do entrevistado 
Nome_____________________________________________ 
 
 
41 
 
Idade_______ 
Sexo________ 
Questionário 
1. Qual é a situação da lepra no distrito de Montepuez? 
R:_________________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
2. O sector da saúde do distrito de Montepuez tem realizado campanhas de sensibilização as 
comunidades em matéria de Lepra? 
R:_________________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
3. Como tem realizado as campanhas de sensibilização será que a comunidade local tem 
acatado as mensagens transmitidas pelo pessoal da saúde pública? 
R:_________________________________________________________________________
______________________________________________________________________ 
 
4. Será que o HRM tem diagnosticado casos de lepra todos os anos? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
5. Como tem sido o acolhimento dos portadores da lepra pelos profissionais da saúde? 
R:_________________________________________________________________________ 
6. Como analisa o reflexo de evolução dos casos diagnosticados nos últimos quatro anos 
(2013 a 2017)? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
7. Como tem sido a reacção das pessoas ao receber o diagnóstico de lepra aqui no HRM? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
8. Que recomendações deixa para os pacientes e a comunidade em geral para a minimização 
da propagação desta doença no distrito e no país em geral? 
R:_________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________ 
 
Muito obrigado!

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