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Resenha Evolução Urbana do Rio de Janeiro Parte 2

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
DECANATO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO 
INSTITUTO DE TECNOLOGIA – DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
Disciplina: ​URBANISMO II​ - Código: ​IT845​ – T/P 
Professor: D. Sc. ​HUMBERTO KZURE-CERQUERA 
Aluno: ​GIANELLI NAZARETH ​– Matrícula: N°2015250075 
 
A segunda parte do livro “Evolução Urbana do Rio de Janeiro”, do autor Maurício 
de A. Abreu trata das transformações da cidade em detrimento da mudança de 
governantes e de momentos políticos-econômicos. A transformação do espaço urbano 
carioca entre 1906 e 1930 foi motivada pela revolução de contradições sociais. A 
classe dominante foi representada pelos Governos do Distrito Federal e da União, 
priorizando o interesse de lucro, incentivando a continuação dos investimentos em 
privilégios urbanos na zona sul e central e pela erradicação de áreas pobres pela falsa 
motivação de higiene de estética. 
Em outro lado, estavam as indústrias que, sem contar com o apoio do governo, 
se multiplicavam na cidade e em direção aos subúrbios, movimentando novas áreas 
urbanas, criando áreas urbanizadas e gerando emprego. Esta movimentação atraía 
mão de obra numerosa, que se instalava nos subúrbios e criam favelas situadas 
próximas às áreas industriais. 
A reforma de Passos inaugurou um novo momento em que o estado participou 
ativamente na intervenção da cidade tanto em termos de aparência (morfologia urbana) 
como de conteúdo (separação de usos e de classes sociais no espaço). Seguindo com 
essa proposta o governo mandou desfazer o morro do Castelo, um sítio histórico, onde 
se abrigam inúmeras famílias pobres, que se beneficiavam de aluguéis baratos das 
construções antigas que ali tinham. O local situava-se em um dos locais mais 
valorizados da cidade, próxima ao Rio Branco, sendo este o real motivo para sua 
remoção. 
Já “o período Carlos Sampaio nada mais é do que uma outra etapa do processo 
de depuração da área nobre da cidade de usos e populações não desejadas. 
Representa, ademais, a época em que as preocupações com o valor de troca do solo 
urbano passam a figurar explicitamente nos planos municipais. Isto porque as 
sucessivas ondas de melhoramentos empreendidas pelo poder público detonaram um 
processo de valorização crescente de terrenos, que a Prefeitura pretendia agora 
capturar para si.” (p.78) 
No período de 1906-1930 o espaço urbano expandiu de forma notável e distinta. 
As zonas sul e norte tiveram seu crescimento comandado em grande parte pelo estado 
e pelas companhias concessionárias de serviços públicos. Os subúrbios cariocas e 
fluminense tiveram um fluxo de migração firmado pelo proletariado, e seu 
desenvolvimento não contou com nenhum apoio do estado ou das concessionárias, 
resultando num espaço caracterizado pela ausência de benefícios urbanísticos. 
O plano Agache pretendia transformar o centro e zona sul do Rio de Janeiro 
numa cidade monumental, sendo necessários investimentos superiores às 
possibilidades dos cofres municipais ou da União. Sua estratégia apenas solidificou 
uma estruturação que já estava bastante consolidada naquela época. 
O momento de forte proliferação das favelas devido a um forte fluxo migratório 
se deu num período em que os controles urbanísticos formais se acentuavam, sendo 
pouco afetados por eles. Em contrapartida (a partir de 1945), estes espaços 
concentrariam mão de obra barata necessária para a indústria, comércio e para a 
burguesia acumularem capital. Ademais, esses terrenos eram pouco valorizados pela 
empresa imobiliária organizada, que preferia espaços planos e desocupadas, mesmo 
que tivessem que construir unidades adensadas multifamiliares. Junto a isso, as 
favelas representavam um grande quantidade de votos, e portanto mesmo sendo 
considerada uma “praga” para os governantes. 
A avenida Brasil é um dos maiores exemplos da associação entre o Estado e a 
indústria. Construída com o objetivo de descongestionar a parte inicial da rodovia 
Rio-Petrópolis e Rio-São Paulo, assim como incorporar novos terrenos ao tecido 
urbano, para ocupação industrial. No entanto este objetivo não se concretizou a tempo 
em alguns pontos, visto que a participação maior do transporte rodoviário no Brasil só 
ocorreu na década de 50, ocupando esses espaços por favelas, impedindo a instalação 
das indústrias nesses pontos, entre Lucas e Olaria. 
A invasão da nova avenida não foi um fato de carácter excepcional. Já que a 
localização das favelas próximas às áreas industriais já era uma prática bastante 
comum, como pode ser notado no caso do Jacarezinho, em que a indústria se localizou 
próxima com o objetivo de buscar mão de obra barata e espacialmente concentrada. 
Uma série de empreendimentos imobiliários iam sendo realizados cada vez mais 
distantes do centro do Rio de Janeiro, graças principalmente aos trens e as rodovias 
em direção à baixada. Por terem suas tarifas unificadas e subsidiadas pelo governo, o 
transporte ferroviário contribuiu bastante para o desenvolvimento urbano dessas 
regiões. Foi implementada uma política de erradicação das favelas em todo o Rio em 
especial as localizadas ao longo da avenida Brasil, que se tornaram áreas industriais a 
partir de meados dos anos sessenta, como inicialmente planejado e as favelas da zona 
sul. 
A partir de meados de 1950, empresas multinacionais de fabricação de bens de 
consumo duráveis passaram a se instalar no Rio, e dentre elas se destacava a 
empresa automobilística, que se tornou um dos setores-líderes da economia. Com isso, 
o governo passou a destinar sua atenção a solucionar o problema viário que decorria 
do aumento de veículos particulares pelos habitantes da zona sul. Nos anos 60 a 
tentativa do governo de adaptar as vias ao uso de automóveis se tornou bastante 
expressiva. Durante o governo Lacerda, foram construídos uma série de viadutos e 
novas avenidas, que não resolveram o problema dos congestionamentos de tráfego 
devido ao crescente aumento de veículos na cidade. 
 
 
 
Com os governos posteriores ao de Carlos Lacerda, se intensificou a ação 
preferencial do Estado sobre as zonas mais ricas, que exigiam além de obras viárias, a 
renovação da infraestrutura básica, já insuficiente devido ao adensamento 
populacional. Foram altíssimos os investimentos realizados pelo governo federal em 
conjunto com o estado. 
A intensificação do processo de concentração de renda, viabilizado pela política 
pós 1964, resultou em mudanças significativas da forma urbana carioca. A primeira 
delas foi a intensificação da remoção de favelas dos locais mais valorizados da zona 
sul, para que no futuro virassem local de moradias de alto luxo. Em segundo lugar, 
houve um processo de especulação imobiliária fazendo com que a zona nobre da 
cidade se expandisse em direção a São Conrado e Barra da Tijuca, contato com isso 
com a ajuda do Estado para construção de vias de acesso. Obras caríssimas feitas em 
detrimento de investimentos mais urgentes e necessários que poderiam ser realizados 
nas zonas suburbanas da cidade ou na periferia metropolitana.

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