Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Este texto tem como base o tópico 7.7 Métodos de recuperação do capítulo que trata sobre Reservatórios no livro FUNDAMENTOS DA ENGENHARIA DE PETRÓLEO de José Eduardo Thomas. Os Métodos de Recuperação de Óleo são destinados a reservatórios com mecanismos pouco eficientes e que retém grandes quantidades de hidrocarbonetos mesmo depois de esvair sua energia natural com uma consequente produção mais espontânea de óleo. Na intenção de obter uma recuperação adicional estes métodos visam interferir nas características do reservatórios a troco de reduzir desde a baixa à alta retenção do óleo. Essa energia natural se trata de uma energia armazenada no reservatório devido à pressão do material presente. E quando esta pressão não era suficientemente alta, fazia-se necessária a utilização dos métodos em nossa discussão que se segue. Assim, criou-se formas para fornecer pressão ao reservatório como a injeção de fluidos com o intuito de deslocar o óleo para fora do poço, porém a ineficiência nem sempre se tratava da baixa pressão, então passou-se a estudar diversos outros processos. Os métodos de recuperação são comumente divididos em dois grandes grupos: Métodos Convencionais e os Métodos Especiais e deve ser observada em cronologia, mas atentando-se à boa prática de engenharia no que diz respeito à eficiência. As estimativas da produção através dos métodos convencionais costumam ser somadas às estimativas da produção estrita da energia primária para se fazer os cálculos de uma reserva. Isso devido ao conhecimento e confiança atribuídos aos métodos convencionais. Há uma convergência de 30% que corresponde ao fator de recuperação médio apenas para os métodos convencionais. Isso quer dizer que quase ⅓ de todo o petróleo descoberto pode ser recuperado só com os convencionais sem intervenção dos especiais. Contudo, falaremos mais a frente sobre a motivação de aplicações especiais para recuperação de petróleo. Mas como Thomas (2001) já adianta: “O declínio das descoberta de novos campos de grandes extensões, que vem sendo observado nos últimos tempos, conduz à conclusão de que a mais provável fonte para ampliação das reservas está no desenvolvimento e aplicação de tecnologias que aumentem o fator de recuperação dos campos já descobertos.” (THOMAS, 2001, p. 204) Métodos Convencionais Os métodos convencionais de recuperação são de natureza mecânica e não possuem interação química ou termodinâmica, ou seja, se resumem na atuação de fluido x fluido e/ou fluido x rocha já que se tratam de processos como injeção de água ou de gás (sem miscibilidade). Aqui não se espera que os fluidos se misturem ou que interfiram na rocha reservatório. Quanto aos fluidos injetados (ou simplesmente “injetados” para este texto), destacam-se a água e o gás natural. A água como um injetado pode ser de origem subterrânea (mananciais), pode ser uma água de superfície (rios e lagos), pode ser do mar ou pode ser uma água originada da própria produção de petróleo. Mas antes essa água deve ser tratada de forma a adequá-la ao reservatório e aos fluidos. Os projetos de injeção de água costumam ser compostos pelos sistemas de captação (poços para captação de água subterrânea ou bombas para transporte de água de superfície ou do mar), tratamento para o uso, injeção (bombas, linhas e poços de injeção), e tratamento para o descarte. Pode ocorrer casos em que um ou outro sistema seja dispensável. O gás natural como um injetado pode ter a mesma composição da qual é produzido. Se utiliza de compressores. Lembrando que se trata de um processo não-miscível, sendo assim, um simples agente mecânico de deslocamento (ainda, pois estamos tratando dos métodos convencionais). Diferentemente dos projetos de injeção de água, as instalações de gás não seguem um padrão de partes (sistemas), e variam bastante pela presença de compressores e poços para a injeção. Por isso, no momento não serão abordados os sistemas que compõem estas instalações. Os projetos de injeção têm a finalidade de esquematizar a distribuição dos poços de injeção e dos poços de produção no campo, além de levar em conta as características físicas do meio poroso e dos fluidos envolvidos. Devem atender aos requisitos de produção que sugerem que se tenha a maior produção possível durante um intervalo de tempo econômico e com o menor volume de fluido deslocante; que haja boas condições de injetividade para se obter boa produtividade resultando em vazões de produção economicamente atrativas; e que a distribuição seja com a menor quantidade de poços perfurados (principalmente se for em campo já desenvolvido). Alguns aspectos são comuns a todos os projetos, e são orientações para dimensionar os equipamentos e avaliar a economicidade. Em um projeto deve haver as especificações quanto: à quantidade e à distribuição dos poços de injeção e os poços de produção; às pressões e vazões de injeção; às estimativas de vazões de produção; aos volumes dos injetados e produzidos. Atendem a basicamente 3 tipos de esquemas de injeção: injeção na base (em que a injeção é de água e sua produção se dá na parte mais alta da estrutura); injeção no topo (a gás com produção na base); injeção em malhas ou padrão repetido (para reservatórios planos, horizontais, pouco espessos e com poucos pontos referenciais para injeção). a) b) Figura 1. Esquema de injeção na base a) e no topo b), respectivamente (PESSOA). Figura 2. Esquema de injeção em malhas (THOMAS, 2001, p. 202). Eficiências de recuperação A produção de hidrocarbonetos obtida de um projeto de injeção de fluidos pode ser avaliada numericamente (THOMAS, 2001, p. 203). Dadas em termos percentuais as eficiências de recuperação indicam características produtivas específicas. A Eficiência de Varrido Horizontal de acordo com Thomas (2001) representa em percentual a área em planta do reservatório que foi invadida pelo injetado até um determinado instante. Esta eficiência de varrido depende da forma de distribuição dos poços, da razão de mobilidades (relação entre o injetado e o fluido deslocado) e do volume do injetado. A Eficiência de Varrido Vertical semelhante ao EVH, mas que diferente quando a orientação da área do varrido que é na vertical. E “depende da variação vertical da permeabilidade, da razão de mobilidades e do volume injetado.” (THOMAS, 2001, p. 204) Combinando a eficiência de varrido horizontal e a eficiência de varrido vertical resulta-se a Eficiência Volumétrica que é a relação entre o volume do reservatório e o volume do injetado. Além das supracitadas há a Eficiência de Deslocamento, que é a capacidade do injetado de deslocar o óleo para fora da rocha. Isso porque a eficiência de volumétrica não é capaz de determinar a quantidade de óleo deslocado. Assim a eficiência de deslocamento é o percentual do óleo extraído com base no óleo total do reservatório. Esta eficiência depende das tensões interfaciais entre os fluidos e a rocha e do volume injetado. O caso de eficiênciasde varrido horizontal ou de varrido vertical baixas ocorre quando o injetado “encontra caminhos preferenciais e se dirige rapidamente para os poços de produção, deixando grandes porções do reservatório intactas.” (THOMAS, 2001, p. 204). O caso de eficiência de deslocamento baixa ocorre quando o injetado não desloca suficientemente o óleo para fora da rocha. Diante de alguns desafios pontuais e específicos apontados para os métodos convencionais, reitera-se, novamente por Thomas (2001), que: “como é pouco provável que avanços significativos nas reservas sejam alcançados através de esforços exploratórios, a aplicação mais ampla dos métodos especiais de recuperação se apresenta como uma possível resposta para as necessidades de suprimento de energia quando as reservas pelos métodos convencionais começarem a se esgotar. Assim, o alvo dos processos especiais de recuperação é a parcela correspondente a 70% do óleo original provado, que é o volume percentual médio restante nos reservatórios após a recuperação convencional.”. (THOMAS, 2001, p. 204). Os esforços exploratórios os quais Thomas se refere são as atividades desenvolvidas para “descoberta de novos campos de grandes extensões” dito por ele mais anteriormente. Em outras palavras, ele defende que é mais vantajoso aplicar os métodos especiais nos campos já explorados e já em produção ou declínio de produção do que procurar mais campos para aplicar métodos convencionais, já que estes campos estão cada vez mais difíceis de encontrar e explorar. Métodos Especiais e os 70% Quando se aborda sobre métodos avançados de recuperação, discute-se sobre o fator de recuperação, item essencial para analisar viabilidade dos métodos. Em matéria do Portal Petróleo e Energia abordou-se sobre médias do fator de recuperação em que na “Petrobras gira entre 30% e 40%, enquanto a média mundial é de 30%. Mas há campos com índices não superiores a 10%. Abaixo disso, não teriam viabilidade econômica”. Na continuidade posterior deste trabalho estes dados podem ser revisados coerentemente. Problematiza-se: o processo convencional falharia ou falhou? Em caso positivo se faz necessária a utilização dos chamados Métodos Especiais de Recuperação. Em sua iniciação científica, Seto (2017) tratando sobre Otimização da Recuperação de Reservatórios, introduz: “Afim de acompanhar a crescente demanda de óleo e gás no mundo ao mesmo tempo que as reservas se tornam de mais difícil acesso, a indústria petrolífera deve se renovar continuamente para que suas operações se mantenham economicamente viáveis. Daí surge o uso de métodos de recuperação avançados, os quais conseguem extrair frações do óleo residual que nem os métodos primários nem os secundários conseguiriam produzir.” (SETO, 2017). No relatório que apresenta o Resultado da Oficina de trabalho realizada na ANP em 1º de fevereiro de 2010 definiu-se Campo Maduro e apontou-o como objeto de aplicação de métodos especiais. Assim, se trata de um: “Campo de petróleo ou gás que se encontra em estágio avançado de sua vida produtiva, ou seja, cujo perfil de produção encontra-se no seu declínio final, aproximando-se da fase de abandono. O campo de petróleo ou gás que esteja em declínio de produção, em função de seu estágio avançado de sua vida produtiva, poderá, entretanto, eventualmente e a depender da economicidade, receber métodos de recuperação mais avançados visando à manutenção da produção ou mesmo a reversão de seu declínio (Dicionário do Petróleo em Língua Portuguesa).” (ANP, 2010, p. 12). Os métodos especiais são processos indicados quando por exemplo a viscosidade do óleo é alta, ou quando se estabelece tensões interfaciais entre o injetado e o óleo (também a rocha). Essas tensões interfaciais ocorrem quando duas substâncias não se misturam. O problema da alta viscosidade do óleo é que, em contrapartida, a baixa viscosidade do injetado percorre facilmente os poros da rocha e sai, deixando retido o óleo. O problema das tensões interfaciais decorre por deixar saturado resíduos elevados de óleo nas regiões já contactadas pelo injetado. São três os métodos especiais: os térmicos, os miscíveis e os químicos, além de novidades como as recuperações microbiológica e eletromagnética. Os métodos térmicos são indicados para óleos muito viscosos. Aqui, quanto à razão de mobilidades o injetado vence, obtendo baixas eficiências de varrido e que, por consequência delas, a recuperação é muito baixa. Os processos podem ser por injeção de fluido aquecido (injeção a vapor ou água quente) ou por combustão in situ com ciclos de: injeção de ar aquecido; combustão; injeção de ar frio. Na combustão, o calor gerado aumenta o fator de recuperação. Métodos miscíveis - Para baixa eficiência de deslocamento devido a altas tensões interfaciais. Então o que se deseja é reduzir ou eliminar essas tensões, pois, segundo Thomas (2001, p. 206), “métodos miscíveis se ocupam da injeção de fluidos que venham a se tornar ou que sejam miscíveis com o óleo do reservatório, de tal modo que não existam tensões interfaciais.”. Ainda menciona exemplos de fluidos (gases) usados: dióxido de carbono, gás natural ou nitrogênio. Métodos químicos - Aqui não existe uma única indicação para aplicação. Inclusive é curioso porque alguns dos métodos químicos poderiam se enquadram nos métodos miscíveis. Para óleo com viscosidade um pouco elevada indica-se injeção de solução de polímeros, que são adicionados à água para transformá-la em um fluido que se desloca com a mesma mobilidade do óleo. Se difunde mais no meio poroso, elevando a eficiência de varrido, em vez de seguir caminhos preferenciais. Para reduzir as tensões interfaciais entre a água e o óleo ampliando a eficiência de deslocamento indica-se a injeção de solução de tensoativos (surfactantes) em que uma substância tensoativa é adicionada à água de injeção (deslocamento miscível com a água). Thomas (2001, p. 207) pontua que geralmente “os métodos miscíveis são pobres em relação à eficiências de varrido. Isto acontece porque essas soluções normalmente têm viscosidades bem menores que a do óleo, deixando a maior parte do reservatório sem ser varrida”. Para obtenção de um deslocamento miscível com boas eficiências de varrido utiliza-se de injeção de microemulsão (solução micelar) que é constituída por uma mistura em que se deseja uma determinada miscibilidade e viscosidade. Um outro método químico é a injeção de solução alcalina que tem a finalidade de reagir alguns ácidos no óleo produzindo uma substância tensoativa, levando ao ganho na produção. Participam a substância alcalina, geralmente soda cáustica, e água. A recuperação microbiológica se utiliza de diferentes microorganismos que produzem uma série de substâncias que causam efeitos que podem aumentar a recuperação. Outra é a recuperação eletromagnética em que se aquece o reservatório pelas ondas eletromagnéticas, visto que é estabelecida uma diferença de potencial entre os poços. Para se ter uma ideia e fazer um rápido estudo de caso, naapresentação do PANORAMA DA APLICAÇÃO DE MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO MELHORADA NO BRASIL E NO MUNDO foi apontado alguns dos métodos especiais e seus resultados na Petrobras: Figura 3. HISTÓRICO DE EOR NA PETROBRAS (ROSA e MACHADO, 2017). Verifica-se, ao menos nas experiências produtivas da petrobras, resultados positivos nos métodos especiais de injeção de fluido aquecido do tipo a vapor (método térmico), controle de produção de água (método químico no qual a injeção estratégica de polímeros ocorre uma redução de produção de água), injeção do fluido dióxido de carbono (método miscível), recuperação microbiológica em 70% dos poços e injeção de água pulsada em modo full field. Isto até março de 2017, data da apresentação dos slides. Sobre o método miscível WAG, não descrito anteriormente, Seto (2017) em seu relatório nos explica que: Existem diversas técnicas de recuperação avançada, incluindo injeção de gases, polímeros, álcool, etc., mas esse trabalho manterá o foco na injeção de água alternada com gás (do inglês, water alternating gas, WAG), sendo que no caso, o gás injetado é o dióxido de carbono (CO2). As particularidades dessa técnica a torna muito atraente para ser usada como método de recuperação especial nos recém descobertos campos do pré-sal, na Bacia de Santos. Dentre as muitas características singulares destes campos, destacam-se as altas concentrações de dióxido de carbono, cerca de 20%, presente nos reservatórios. (SETO, 2017, p. 3). Cabe aqui um destaque. Não foi explicitado na tabela constante na figura 3, mas o processo WAG, o qual se apresenta como tecnologia, tem constituintes de água (por definição) e HC+CO2. Sendo assim, é possível combinar métodos, quanto à forma de trabalho e os constituintes, para aperfeiçoar a recuperação. Sabemos até através de Thomas (2001, p. 206) em se falando dos métodos químicos que “alguns processos poderiam ser enquadrados dentro dos métodos miscíveis.”. Em momento subsequente deseja-se investigar processos baseados em métodos térmicos para analisar a viabilidade de direcionamento teórico no assunto de injeção de fluido aquecido com água quente. Ainda mais a posteriori pretende-se estudar aplicação de um coletor específico para aquecimento de água através de energia solar. Referências ANP, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. PRODUTORES LOCAIS DE ÓLEO E GÁS, PEQUENAS ACUMULAÇÕES E CAMPOS MADUROS. Resultado da Oficina de trabalho realizada na ANP em 1º de fevereiro de 2010. PESSOA, A. R. P. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE PETRÓLEO - RESERVATÓRIOS - AULA 4. Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA. Apresentação, 31 slides. Disponivel em: <https://pt.slideshare.net/cassioo/reservatrios-aula-4>. Acesso em: 13 de setembro de 2020. https://pt.slideshare.net/cassioo/reservatrios-aula-4 ROSA, A. J. MACHADO, M. V. B. PANORAMA DA APLICAÇÃO DE MÉTODOS DE RECUPERAÇÃO MELHORADA NO BRASIL E NO MUNDO. PETROBRAS. Apresentação, 31 slides. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/images/Palestras/Aumento_Fator_Recuperacao/Marcos_Vitor_Barb osa_Machado_Petrobras.pdf> Acesso em: setembro de 2020. SETO, R. T. da S. OTIMIZAÇÃO DA RECUPERAÇÃO DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO SOB INJEÇÃO WAG-CO2. RELATÓRIO FINAL Projeto de Iniciação Científica Programa Unificado de Bolsas - PUB / USP THOMAS, J. E. et al. FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2001. 271p. http://www.anp.gov.br/images/Palestras/Aumento_Fator_Recuperacao/Marcos_Vitor_Barbosa_Machado_Petrobras.pdf http://www.anp.gov.br/images/Palestras/Aumento_Fator_Recuperacao/Marcos_Vitor_Barbosa_Machado_Petrobras.pdf
Compartilhar