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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 ORIGEM DO PETRÓLEO .............................................................................. 4 2 COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES .............................................................. 7 2.1 Hidrocarbonetos ............................................................................................. 8 2.1.1 Série dos Parafínicos ...................................................................................... 8 2.1.2 Série dos Isoparafínicos ................................................................................. 8 2.1.3 Série dos Olefínicos ........................................................................................ 9 2.1.4 Série dos Naftênicos ..................................................................................... 10 2.1.5 Série dos aromáticos ou benzênicos ............................................................ 11 3 EXPLORAÇÃO ............................................................................................ 12 3.1 Técnicas de exploração ................................................................................ 13 3.2 Métodos potenciais ....................................................................................... 15 3.3 Métodos eletromagnéticos ............................................................................ 16 3.4 Perfilagem geofísica ..................................................................................... 17 3.5 Métodos sísmicos ......................................................................................... 18 3.6 Estudos geológicos e geofísicos no Brasil .................................................... 19 3.6.1 Indicação e Delimitação de Blocos Exploratórios ......................................... 21 4 PERFURAÇÃO DE POÇOS EM TERRA E NO MAR .................................. 21 4.1 Tipos de perfuração ...................................................................................... 22 4.1.1 Sondagem à percussão ................................................................................ 22 4.1.2 Sondagem rotativa ........................................................................................ 22 4.2 Processo ....................................................................................................... 23 4.3 Tipos de poços ............................................................................................. 26 5 REFINO ........................................................................................................ 27 5.1 Tratamento primário ..................................................................................... 28 5.2 Refinação ..................................................................................................... 28 5.3 Operações de separação ............................................................................. 29 5.4 Destilação fracionada ................................................................................... 30 5.4.1 Etapas de da destilação ............................................................................... 31 5.5 Craqueamento do petróleo ........................................................................... 34 5.6 Hidrocraqueamento versus hidrotratamento ................................................. 34 5.7 Craqueamento catalítico ............................................................................... 35 6 PRODUÇÃO ................................................................................................. 36 6.1 Estruturas de produção ................................................................................ 38 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 41 INTRODUÇÃO Prezado (a) aluno (a), O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 ORIGEM DO PETRÓLEO Conforme Godoi (2022), são muitas as teorias quanto à origem do petróleo, entre elas, temos cientistas como Dmitri Mendeleev (1834-1907), que defende a ideia de que a origem do petróleo seria puramente inorgânica, sendo os hidrocarbonetos originados na hidrólise dos carburetos de alumínio, cálcio, etc., que através da pressão e do aquecimento, teriam polimerizado, o que resultou na mistura dos hidrocarbonetos que constituem o petróleo. Ainda segundo o autor, o petróleo contém outros compostos, que são nitrogenados, pressupondo a presença de vegetais e fósseis, indo em contramão a teoria levantada. Atualmente ainda não se sabe ao certo a origem do petróleo, mas conforme Godoi (2022), pesquisadores consideram a teoria orgânica, admitindo ainda que, no passado, a parte superior dos mares fechados era oxigenada, possibilitando a formação da vida, porém, o fundo dos marem seria isolado e com ausência de correntes e de oxigênio, sendo impróprio para vida aeróbia. Entende-se que a superfície era composta preferencialmente por plânctons, um conjunto formado por zoo plânctons e fitoplânctons, que, são constituídos por um complexo de algas, flagelados, foraminíferos, radiolários, larvas e crustáceos, entre outros pequenos seres, que vivem em suspensão na água e são passivamente arrastados pela maré. Seus restos mortais se acumulam no fundo do oceano, sem aeração, ocasionando a decomposição incompleta, formando um caldo grosso e rico em proteínas. As proteínas contidas nesses caldos, eram ricas em enxofre e em consequência da decomposição, existia uma grande liberação de gás sulfídrico. Um gás tóxico e impróprio para manutenção da vida. Então, essa lama putrefata, é considerada a fase inicial da formação do petróleo, nomeado de sapropel. Constituído também dos demais componentes de rochas argilosas, que se depositaram simultaneamente, originando à rocha matriz, da qual se formam os produtos que originam o petróleo (GODOI, 2022). A maioria das formações petrolíferas ocorrem em sedimentos arenosos, levantando outra hipótese de sua origem, sendo que esses sedimentos são admitem a formação do sapropel. Assim, foi levantada a possibilidade do petróleo te migrado 5 até o local em que foi encontrado, sendo falado sobre uma rocha matriz, a qual o petróleo foi gerado e uma rocha reservadora, a qual o petróleo foi encontrado. Com a segunda hipótese, aceita-se a definição de que o petróleo tem sua origem na decomposição de matéria orgânica, resultante de restos de animais e plantas, rochas sedimentares, conchas e outros materiais orgânicos, que ao longo de milhares de anos, tem sofrido decomposição e, mediante a ação de bactérias e a ação química ativadas pela pressão e temperatura excessivas, acabam por se transformar em hidrocarbonetos (GODOI, 2022). Além da matéria orgânica, as rochas sedimentares também participam efetivamente do processo de origem do petróleo, visto que o acúmulode fragmentos e outros detritos orgânicos encontrados em um ambiente com pouca permeabilidade, a circulação de água é inibida, reduzindo a quantidade de oxigênio, criando as condições necessárias para formação do petróleo, motivo pelo qual essas rochas sedimentares são denominadas rochas geradoras ou rochas matrizes. As rochas reservatórias são consideradas uma armadilha geológica para o petróleo, por migrar da rocha geradora para rocha reservatória. Seu fluxo continua no interior da rocha, até que seja contido por uma estrutura geológica em uma rocha selante, ou seja, uma rocha impermeável, onde petróleo fica confinado. A migração que ocorre do petróleo entre as rochas, segundo Godoi (2022), é um assunto muito discutido entre geólogos, e o que se acredita é que a rocha geradora expulsa o petróleo, talvez pelo micro fraturamento, ocasionado pela alta pressão e pela compactação existente nas rochas. Para que o óleo e o gás se acumulem, é preciso que tenha uma proteção de rochas impermeáveis, que impedem o escapamento. Para que as jazidas sejam formadas, é preciso existir quatro condições básicas: • Rochas matrizes; • Rochas reservatórios; • Capas impermeáveis; e • Alçapões. Essas jazidas são encontradas nas regiões que possuem subsolo constituído por grande parte de rochas chamadas de bacias sedimentares, que deve ter ocorrido um mínimo de movimentação para a formação dos alçapões. Além dessa 6 movimentação, é necessário ter condições propícias para formação de hidrocarbonetos, como pressão, temperaturas brandas e prolongadas, além da ação químicas, pois altas temperaturas provocam a destilação do petróleo. Além da primeira migração que o petróleo realiza, existe uma segunda migração, esta ocorre na rocha reservatória, onde ocorre a separação de gás, petróleo e água salgada, devido à diferença de densidades. Ambos os componentes ocupam espaços vazios de rochas porosas e por isso é incorreto dizer “lençol de petróleo”, visto que, o petróleo não se apresenta sob a forma de um lago subterrâneo, mas sim, impregnado em rochas porosas, anticlinais, também podendo ser encontrado em falhas, as armadilhas estratigráficas. A Figura 1, apresenta a ilustração da formação geológica, mostrando a forma que o petróleo é armazenado nas rochas. Nesta ilustração, é possível observar a formação de um bolsão de gás e, logo abaixo, se encontra o reservatório de petróleo. Figura 1 - Rocha reservatório. Fonte: Godoi, 2022. Conforme Gauto (2016), quando o petróleo é obtido em estado líquido, direto do subsolo, este é chamado de óleo bruto, se for de cor preta e consistência pegajosa, mas, se for de cor clara e volátil, se evaporando com facilidade, este é chamado de condensado. Quando está em seu estado sólido, é chamado de asfalto. Já em estado 7 semissólido, é chamado de betume, e em seu estado gasoso, é considerado gás natural, podendo este ser associado ao óleo, ou não. 2 COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES Segundo a American Society for Testing and Materials - ASTM (2011, apud GAUTO, 2016), o petróleo é uma mistura natural de hidrocarbonetos, com alguns contaminantes, como enxofre, nitrogênio, oxigênio, metais e outros elementos. Conforme Godoi (2022), devido ao petróleo se originar dos fósseis de animais mortos, plantas, rochas, conchas calcárias, entre outros, sua composição é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, os quais constituem centenas de substâncias formadas por cadeias pequenas, como o gás metano, ou moléculas longas, como o asfalto. Entre sua composição, segundo Gauto (2016) e Godoi (2022), consta, 83 a 87% de átomos de carbono e de 11 a 15% de átomos de hidrogênio, além de heteroátomos, que podem constar até 5% de nitrogênio, até 6% de enxofre, e em torno de 3,5% de oxigênio, além disso, de acordo com análises químicas elementares, foram detectadas pequenas quantidades de organometálicos. Apenas de que a composição elementar média sofrer poucas variações, conforme Gauto (2016), as propriedades físicas dos diferentes tipos de óleo, variam muito, dependendo do tamanho e do tipo de hidrocarboneto presente. Por exemplo, moléculas com pequeno número de carbonos apresentam-se na forma de gases, que conforme passam por aumento de massa molecular, em função do número de carbonos, seu estado físico é alterado, passando de gás, a líquido, em condições normais de temperatura e pressão. No final do capítulo anterior, foi apresentado os diferentes estados que o petróleo pode se apresentar e suas diferentes nomenclaturas. Godoi (2022), ressalta que as variações visuais do óleo se original das rochas que lhe deram origem, por isso, são encontrados óleos de cores escuras, densos, viscosos e com pouco gás, já outros, podem ser claros, com baixa densidade e viscosidade e alto índice de gás. 8 2.1 Hidrocarbonetos A composição do petróleo é basicamente uma mistura de hidrocarbonetos de cadeia aberta e cadeia fechada. Segundo Godoi (2022), os hidrocarbonetos de cadeia aberta são conhecidos como parafínicos, já os de cadeia fechada, se destacam os da classe naftênica e aromáticos, o último é representado pelo benzeno. 2.1.1 Série dos Parafínicos Os hidrocarbonetos de cadeia aberta, parafínicos, possuem essa nomenclatura, pois, são substâncias de pouca afinidade ou reatividade, a maioria entre eles, são compostos por cadeias longas, com fórmula geral CnH2n+2, sendo “n”, o número de carbonos. A maioria das frações petrolíferas, possuem a presença dos hidrocarbonetos de cadeia aberta, linear e com simples ligações. Entre elas, predomina a gasolina automotiva, a qual pode apresentar até 33 átomos de carbono com baixa octanagem. A característica dessa classe de petróleo, são os óleos leves e fluidos que apresentam baixa viscosidade. Entre os produtos obtidos através do petróleo parafínico, temos, a querosene de alta qualidade, óleo diesel com boas características de combustão e óleos lubrificantes de alta viscosidade, alta estabilidade química e alto ponto de fluidez. Temos como exemplo, o pentano e o heptano, suas fórmulas moleculares são indicadas a seguir. 2.1.2 Série dos Isoparafínicos Quando há a quebra catalítica das cadeias maiores, por reações de alquilação e isomerização, se obtém os hidrocarbonetos, os quais compreendem a classe de hidrocarbonetos de cadeia aberta, saturada e ramificada. Suas frações, apresentam alto índice de octanagem. Alguns exemplos destes hidrocarbonetos são, o 2- 9 metilpentano, o 3-metilpentano e o 2,3 dimetilpentano. Na Figura 2, está a apresentação das estruturas moleculares destes hidrocarbonetos. Figura 2 - Estruturas moleculares do 2-metilpentano, 3-metilpentano e 2,3- dimetilpentano Fonte: Godoi, 2022. A fórmula geral das isoparafinas é semelhante das parafinas, CnH2n-2. Ambas possuem em sua composição hidrocarbonetos estáveis, visto que apresentam estruturas moleculares com ligações simples e cadeias longas, conferindo a esses compostos uma grande estabilidade e baixa reatividade química. 2.1.3 Série dos Olefínicos Formada por hidrocarbonetos insaturados, com ligação dupla, de cadeia aberta, sua fórmula geral é, CnH2n. Pelo fato de apresentarem ligação dupla, conforme Godoi (2022), são hidrocarbonetos menos estáveis e mais reativos em comparação com as parafinas e as isoparafinas. As olefinas apresentam ainda propriedades antidetonantes melhores do que as das parafinas e inferiores às dos hidrocarbonetos aromáticos. Esses compostos são encontrados em pequenas quantidades no óleo bruto, obtidos pelo craqueamento 10 catalítico, que produções frações menores. Temos como exemplos de olefínicos, o heza-1-eno e o 6-metil-6-hepta-2-eno. Suas estruturas são apresentadas na Figura 3. Figura 3 - Estruturas moleculares do heza-1-eno e o 6-metil-6-hepta-2-eno. Fonte: Godoi, 2022. Uma característica particularda série de olefinas, em comparação com os hidrocarbonetos que já foram apresentados anteriormente, é que estas apresentam grande atividade química, que podem polimeriza-se e até oxidar-se, formando as gomas. Para que estas sejam estabilizadas, conforme Godoi (2022), é preciso adicionar antioxidantes, como o 2,6-ditercbutil-4-metifenol, e dos desativadores de íons de metais, como o Fe (II), o Fe (III) e o Cu (II), que possuem ação catalítica reduzida. 2.1.4 Série dos Naftênicos Composta por hidrocarbonetos de cadeia fechada com ligações simples, sua fórmula geral é CnH2n. É considerada a segunda série mais abundante, presente na maioria dos óleos crus, encontrados principalmente, em gasóleos e óleos lubrificantes, e em produtos residuais de todos os tipos de petróleo. Com a classe naftênica, é possível a produção de gasolina com alta octanagem, óleos lubrificantes de baixo residual de carbono e, com o resíduo da refinação, o asfalto. Entre os compostos que pertencem a esta classe, temos o metilciclopentano, ciclohexano e metilciclohexano, na Figura 4, estão apresentadas suas estruturas moleculares. 11 Figura 4 - Estruturas do metilciclopentano, ciclohexano e metilciclohexano. Fonte: Godoi, 2022. 2.1.5 Série dos aromáticos ou benzênicos São compostos que apresentam ligações duplas e simples, alternadas em decorrência da presença de pares de elétrons deslocalizados. As mudanças de posição das ligações, formam os anéis aromáticos, além disso, garantem a estabilidade química dessas estruturas. A fórmula geral dos aromáticos é, CnH2n-6. Na maioria dos óleos é constatado a presença dos hidrocarbonetos aromáticos, com destaque aos óleos crus. Conforme Godoi (2022), este é considerado um tipo de petróleo raro, produzindo solvente de excelente qualidade e gasolina de boa qualidade antidetonante, porém não é utilizado para a produção de óleos lubrificantes. Os principais compostos dessa série são o Benzeno, Tolueno, o-xileno, m-xileno, p- xileno, entre outros. As estruturas moleculares dos compostos mencionados, estão apresentadas na Figura 5. Figura 5 - Estruturas de benzeno, tolueno, o-xileno, m-xileno e p-xileno. Fonte: Godoi, 2022. 12 3 EXPLORAÇÃO Conforme Farah (2012), a atividade de exploração é dispendiosa. Seus resultados demandam mais tempo para aparecerem, pois é necessário realizar um levantamento de dados, com estudos sísmicos, além de analisar dados da região onde é verificado a possível localização de uma bacia sedimentar com acúmulo de petróleo. Gauto (2016), acrescenta que, o processo de investigação das jazidas, solicita a utilização de diversas técnicas de exploração, que indicam a melhor localização para realizar a perfuração do poço descobridor. Para obter êxito com a fase de investigação, é necessário ter conhecimento geológico e principalmente, ter os dados geofísicos da região em análise. Mediante a descoberta de uma bacia, se percorre um longo caminho até que seja implantado um plano de desenvolvimento com poços produtores e injetores, que visam a drenagem da estrutura. Para este processo, é necessário: • testes de produção em poços descobridores e delimitadores da estrutura; • estudos envolvendo a construção de modelos de comportamento de reservatório; e • cálculos de avaliação econômica que perduram desde a fase de desenvolvimento da produção até o gerenciamento do campo ao longo da sua vida útil. As bacias sedimentares onde são realizadas as explorações, são constituídas de grandes depressões na crosta continental, formadas por processos geológicos ao decorrer de milhões de anos. Outro processo em que é realizado com lentidão, é o preenchimento das bacias por rochas sedimentares, ao decorrer deste tempo, diferentes ambientes de deposição dessas rochas podem ocorrer. Com isso, uma mesma bacia apresenta rochas com diferentes características, compondo uma heterogeneidade essencial para existência dos hidrocarbonetos nas bacias. 13 3.1 Técnicas de exploração Conforme mencionado, são realizadas pesquisas para descoberta de acumulações de óleo e gás, entre os diversos métodos utilizados, esse processo de pesquisa é feito com a junção de métodos geofísicos e a análise de dados geográficos e geológicos da área em estudo. Para realização das análises, dados são adquiridos, os quais podem ser em terra, ar ou mar, essa coleta de dados, conforme Gauto (2016), é chamada de campanha de aquisição de dados. Os dados a serem coletados depende do ambiente que as campanhas estão sendo realizadas. Vão ter ambientes onde são necessários obter mais dados do que em outros. Um exemplo da necessidade de obter dados adicionais, é a necessidade de informações sobre regimes de correntes oceânicas em aquisições de dados marinhos ou de informações sobre ruído ambiental em aquisições terrestres. As informações geográficas são relacionadas com o ambiente de aquisição. Alguns tópicos precisam ser estudados previamente antes da aquisição de dados, sendo estes tópicos: • topografia; • vegetação; • solo; • sazonalidade de chuvas; • correntes oceânicas; e • infraestrutura da região. Quando mais conhecimento se tem acerca destes tópicos, maiores são as chances de se obter dados com maior precisão. O levantamento geológico é importante, pois conforme Gauto (2016), as ocorrências de petróleo incidem em determinados tipos de estruturas geológicas e a busca por novas ocorrências, basicamente, se concentra na busca por regiões com condições similares as conhecidas. A Tabela 1, está apresentado diferentes maneiras de obter dados geológicos. 14 Tabela 1 Formas de obtenção de dados Perfuração de poços Através da descrição das amostradas coletas nas camadas perfuradas, se obtém informações diretas sobre as formações de interesse. Mapeamento geológico Através deste mapeamento, se obtém informações quanto aos tipos de rocha, as estruturas e os processos atuantes, que indicam o contexto tectônico da área. Levantamento estratégico Com a análise de plugs retirados de poços ou de amostras de afloramentos, obtém-se informações de alta resolução sobre o ambiente de deposição das rochas. Fonte: Adaptado de Gauto, 2016. Ao determinar a área de interesse, são realizados diversos levantamentos geofísicos de dados, com o intuito de estender o conhecimento das formações em profundidade. Conforme dicionário da língua portuguesa, geofísica compreende o “estudo da estrutura do globo terrestre e de suas evoluções” (DICIO, DICIONÁRIO, 2023). No meio petrolífero, Gauto (2016) esclarece que a geofísica utiliza a medição de propriedades físicas, em superfície, para obter estimativas sobre a distribuição dessas variáveis em subsuperfície. Uma diferença entre a geofísica e a geologia, é a geofísica ser considerada um método indireto. São realizadas medidas em superfície, das quais se obtém informações sobre as propriedades das camadas em análise. Este fato confere algumas características intrínsecas a alguns métodos geofísicos, como a ambiguidade e a não estabilidade. Essa ambiguidade acontece na impossibilidade de determinar completamente a distribuição das propriedades causadora de uma anomalia geofísica, ou seja, se é possível determinar o tipo do material, não é possível determinar sua geometria e vice- versa. Essa é uma característica dos métodos geofísicos potenciais. 15 A dificuldade para determinação precisa de uma solução para o problema onde o ruído está presente nos dados, é a representação da instabilidade. Infelizmente, o ruído das medições está presente em praticamente todas as aquisições de dados. Na realidade, não é possível extinguir esse ruído, mas é possível atenuá-lo. Quando o alvo a ser analisado resulta na distribuição anômala de propriedades, conforme Gauto (2016), é indicado a aplicação de técnicasgeofísicas. Normalmente essas técnicas são aplicadas em jazidas de bens minerais, são corpos “estranhos” envoltos por rochas encaixadas de diferente natureza. Entre as principais técnicas usadas na exploração de hidrocarbonetos, estão: • os métodos potenciais; • os métodos eletromagnéticos (EMs); • a perfilagem geofísica; e • os métodos sísmicos. Os métodos sísmicos são os mais utilizados na exploração. Como já mencionado, são diversos os métodos geofísicos, como os métodos elétricos, radiométricos e os geotérmicos, mas são métodos que não possuem aplicação destaca para exploração de petróleo. 3.2 Métodos potenciais São métodos com aplicados em destaque na identificação de bacias sedimentares, em que é de extrema importância a determinação da profundidade do embasamento cristalino e, consequentemente, a espessura do pacote sedimentar. Os métodos potenciais são representados pela gravimetria e pela magnetometria. A gravimetria é responsável pelo registro do efeito gravitacional das rochas presentes, para estimar suas densidades. Através de aparelhos com alta sensibilidade são realizadas medições, estes equipamentos são chamados de gravímetros, eles registram os dados com precisão superior a 1 mGal, que corresponde à 10-3 cm/s². Em consequência da abundância de minerais mais leves, como Si, Al, Mg e O, as rochas sedimentares, geralmente apresentam densidades relativamente baixas, em comparação às rochas ígneas metamórficas, seu sinal gravimétrico é mais fraco 16 em relação a elas. Isso gera uma assinatura gravimétrica diferenciada para as rochas sedimentares, o que faz da gravimetria um excelente método para sua identificação. Conforme Gauto (2016), o método magnetométrico, também chamado de magnético, é outro método potencial, pois utiliza a resposta magnética dos minerais presentes na rocha, para o fornecimento da distribuição de susceptibilidade magnética da área em estudo. A quantidade de material magnético em uma rocha é seu magnetismo, este material é representado, basicamente, por óxidos minerais, magnetita e pirrotita. As rochas sedimentares apresentam uma resposta magnética muito graça, comparando com os efeitos que as rochas metamórficas podem produzir, e principalmente as ígneas. Essas rochas são consideradas não magnéticas, a menos que tenham concentrações incomuns de magnetismo como um corpo intruso. Assim, o método magnetométrico, também representa um ótimo método para mapear o registro sedimentar de uma bacia. 3.3 Métodos eletromagnéticos Dentre os métodos EMs, o método magnetotelúrico (MT) e o método eletromagnético com fonte controlada (CSEM). Estes métodos utilizam de campos elétricos e magnéticos para estimulação da distribuição de resistividades da superfície terrestre. O método CSEM, utiliza como fonte um dipolo que emite um sinal eletromagnético de baixa frequência. A energia é atenuada em sedimentos que são condutivos, enquanto se propaga mais em camadas resistivas de rochas, como as do embasamento cristalino. O método MT utiliza a energia eletromagnética naturalmente incidente na superfície terrestre. A fonte é atribuída às interações do vento solar com a magnetosfera terrestre e possuem frequências extremamente baixas, na casa de 10-3 Hz. Ambos os métodos citados acima, podem ser aplicados na terra ou no mar, mesmo possuindo resolução inferior à sísmica, eles apresentam resolução considerável, superior aos métodos potenciais. As características intrínsecas da aplicação de cada um dos métodos EMs, faz com que o CSEM tenha uma 17 sensibilidade maior para a identificação de camadas mais finas, enquanto o MT é excelente para o mapeamento de estruturas regionais. Conforme Gauto (2016), o fato dos métodos EMs poderem indicar com facilidade fortes contrastes de resistividade elétrica, é uma de suas melhores aplicações, tornando os métodos CSEM e o MT, aplicações adequadas para o imageamento de áreas onde o método sísmico apresenta problemas de resolução, como regiões sob o basalto, carbonatos e sal. 3.4 Perfilagem geofísica Corresponde a perfuração de um poço, enquanto uma sonda desce pela perfuração, são registradas informações sobre as formações atravessadas pela emissão dos sinais elétricos, que incidem nas paredes das camadas. Os dados que são registrados, podem ser de natureza, elétrica, acústica, radioativa, mecânica, térmica, entre outras, dependendo do tipo de propriedade petrofísica a se investigar. Os métodos petrofísicos, em especial a perfilagem geofísica, geram dados de alta confiabilidade, assim, exceto se o registro dos dados apresente algum problema, estes métodos apresentam as informações mais confiáveis sobre as camadas de interesse. A taxa de amostragem dos métodos de perfilagem, normalmente, varia em torno de poucos centímetros, proporcionando uma excelente resolução. O uso da perfilagem é comum no dia a dia de um projeto de interpretação de dados. Podemos mencionar exemplos como a perfilagem acústica, que apresenta os tempos de trânsito das ondas nas camadas, e a perfilagem de densidade. Com estes dados, é construído um sismograma sintético, o qual é usado para amarração sísmica, assim, garante a equivalência entre os eventos de um sismograma real, registrados em tempo, com as respectivas superfícies, em profundidade. Conforme Gauto (2016), os dados obtidos na perfilagem, apresentam característica in situ das rochas e podem auxiliar na identificação da presença de óleo nas formações. 18 3.5 Métodos sísmicos Estes métodos integram diversos métodos, que usam a propagação de ondas acústicas e/ou elásticas para inferir determinadas características sobre camadas da subsuperfície. Essas características abrangem amplitude, impedância acústica ou elástica, velocidade, entre outras. Dentre todos os métodos sísmicos, os mais usados são o método de reflexão e o método de refração. Mas quando é preciso obter informações adicionais sobre as camadas de interesse, técnicas especiais podem ser usadas, como a tomografia sísmica, a sísmica de poço e a sísmica 4D. Nestes métodos, a energia incidente é estabelecida por uma fonte controlada que varia conforme o ambiente de aquisição. Em terra, é comum o uso de dinamites, caminhões bate-estaca, marretas, percussores em queda-livre e outros. Já no mar, usam mais os canhões de ar, e os canhões de água, que movem grandes massas de água, fazendo com que a energia seja transferida para camadas de rocha no fundo do mar. Quando a energia ampliada encontra a superfície separadora entre dois meios com propriedades sísmicas diferentes, uma parte dessa energia reflete de volta à superfície. Nos casos de aquisições terrestres, essa energia é registrada por aparelhos chamados geofones, mas no caso de aquisições marinhas, os registros são realizados pelos hidrofones. Já a outra parte da energia, é transmitida para as camadas subjacentes, onde podem ser refletidas pelas camadas inferiores ou continuar se propagando. Em decorrência deste comportamento, os métodos sísmicos são separados por métodos de reflexão ou refração, conforme o tipo de energia usada como fonte sísmica. A sísmica 4D, conforme Gauto (2016), tem sido usada na caracterização de reservatórios. Instala-se um sistema de monitoramento, em que de tempo em tempo, uma nova aquisição sísmica 3D é realizada, sendo sempre similares à primeira, isso ocorre no objetivo de estudar a variação das propriedades sísmicas durante o intervalo entre os levantamentos. Assim, a quarta dimensão é o tempo entre as aquisições, o qual varia de 3 a 6 meses. A primeira aquisição é a aquisição base, já as demais são chamadas de monitores. 19 A variação das propriedades ao decorrer do tempo, é a representação do efeito da saída do óleo das estruturas. Assim, a sísmica 4D torna-se uma ótima ferramenta na previsão do comportamento daprodução de óleo ao decorrer do tempo. 3.6 Estudos geológicos e geofísicos no Brasil Fonte: anp.gov.br/ Conforme informações divulgadas pela ANP na página do Governo do Brasil, as bacias sedimentares no país, passam por estudos geológicos e geofísicos, para o aumento de conhecimento quanto ao potencial petrolífero, além disso, com estes estudos se avaliam áreas com possível reserva de petróleo (ANP, 2020). No Brasil, chamam de “Rodadas de Licitações de Blocos para Exploração de Petróleo e Gás Natural”, o processo de perfuração na busca e extração do petróleo. Antes que a exploração de fato seja realizada, existe todo um processo burocrático pelo qual é necessário passar. O Plano Plurianual de Geologia e Geofísica (PPA) da ANP, foi responsável por investir na aquisição e na interpretação dos dados das bacias sedimentares. Conforme a ANP (2020), o PPA, foi realizado entre os anos de 2007 a 2018, onde foram coletados dados geológicos e geofísicos importante para o conhecimento geológico das bacias sedimentares brasileiras e sobre o potencial petrolífero das áreas estudadas. Na Figura 6 é apresentado o mapa com as informações acerca do PPA realizado. 20 Figura 6 - Projetos PPA realizados. Fonte: ANP, 2020. Os estudos se concentraram em bacias terrestres de nova fronteira, em áreas que ainda não haviam sido exploradas e algumas que se tinham pouquíssimo conhecimento. Tiveram como objetivo, a redução dos riscos exploratórios, a descentralização dos investimentos em exploração e produção dos hidrocarbonetos, a atração dos investimentos tanto do estado quanto privados, o desenvolvimento regional e a valorização dos ativos da União. “A Agência investiu aproximadamente R$ 1,3 bilhão, que resultou em um significativo acervo de novos dados sísmicos, gravimétricos, magnetométricos, magnetotelúricos, geoquímicos e de poços” (ANP, 2020, documento online). Ao fim dos estudos, foram obtidos em torno de 650 mil km de dados aerogravimétricos e aeromagnetométricos, 15 mil amostras foram coletadas e analisadas em levantamento geoquímicos realizados em terra, 4 mil testemunhos de fundo oceânico, coletados e analisados, geoquímicos realizados no mar. Alcançaram em torno de 17 mil km lineares de dados sísmicos bidimensionais, 10 mil km² de dados sísmicos tridimensionais, 22 mil antigos dados sísmicos foram processados, 739 21 estações de dados magnetotelúricos. Foram feitos 7 estudos dos sistemas petrolíferos e 6 poços estratigráficos foram perfurados (ANP, 2018). Para visualizar todas as informações e dados coletos pelo PPA, basta buscar pela Resolução ANP n.º 757, de 23 de novembro de 2018, todas essas informações são públicas. 3.6.1 Indicação e Delimitação de Blocos Exploratórios Acima foi mencionado que existe um processo burocrático para realizar a exploração das bacias, pois bem, essas áreas são sugeridas após os estudos, em uma rodada de licitações, e as seleções são feitas conforme a política energética nacional e conforme diretrizes específicas, criadas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O ato de apontar uma área para ser ofertada em uma futura licitação, é chamado de nominação, e pode ser realizado por pessoas jurídicas da indústria do petróleo e gás natural, sem qualquer distinção de constituição sob leis brasileiras ou estrangerias, então a ANP faz o estudo dessa possibilidade apontada (ANP, 2021). As empresas que possuem interesse de realizar este apontamento, precisam preencher um formulário da ANP, por um Sistema Eletrônico de Informações (SEI). A nominação de bloco exploratório, é encaminhada à Superintendência de Avaliação Geológica e Econômica (SAG). Todo o processo para indicação e delimitação dos blocos exploratórios ofertados em rodadas de licitação para exploração e produção do petróleo e do gás natural, devem estar conforme a Instrução Normativa n.º 2, de 11 de fevereiro de 2020 (ANP, 2020). 4 PERFURAÇÃO DE POÇOS EM TERRA E NO MAR Se os dados geológicos e geofísicos indicarem a presença de hidrocarbonetos, o próximo passo é a perfuração de um poço pioneiro, que pode confirmar ou não a descoberta. A perfuração de poços é uma das atividades mais complexas na indústria petrolífera, sendo necessárias diversas etapas, desde a sua construção até a finalização, para torná-lo apto para a produção de petróleo e gás. 22 4.1 Tipos de perfuração Basicamente, os tipos de perfuração existentes são: • sondagem à percussão; e • sondagem rotativa. 4.1.1 Sondagem à percussão O método percussivo, também chamado de perfuração a cabo, tem sua utilização limitada a relativamente baixas profundidades, geralmente não superiores a 200 m. Conforme Gauto (2016), essa sondagem é o método de perfuração mais antigo, iniciado na China há milhares de anos. O problema em se utilizar a sondagem à percussão é que, além de lento, exige um trabalho adicional para retirada dos fragmentos de rocha do caminho de perfuração. A perfuração acontece por golpes sucessivos aplicados diretamente sobre a rocha, por um sistema de sustentação que eleva e faz descer uma broca, ocasionando a sua fragmentação. Conforme a rocha é quebrada, vão sendo criados inúmeros fragmentos que, após algum tempo, representam obstáculos para a continuidade da perfuração, sendo necessário a retirada destes fragmentos, para isso, é dada uma pausa na sonda, fazendo sua retirada e então, descem uma ferramenta chamada caçamba, para realizar a coleta dos fragmentos de rocha, e então é dado continuidade no trabalho. 4.1.2 Sondagem rotativa Neste método, a perfuração do poço é realizada através da rotação de um sistema, chamado coluna de perfuração, responsável por quebrar a rocha, devido à abrasão com a broca. Os fragmentos são levados à superfície pela injeção e bombeamento de fluidos de perfuração, os quais podem ser realizados à base de água ou óleo. Este método, conforme Gauto (2016), é o mais usado na indústria petrolífera por possibilitar que o cascalho seja retirado durante a perfuração do poço. 23 4.2 Processo O processo de perfuração de poços pode ser conduzido tanto na terra, quanto no mar, isso depende de onde a acumulação é encontrada. Em terra a operação é mais simples, em comparação com o mar, de acordo com Gauto (2016), quanto mais afastado da costa maior é o nível de complexidade da operação. A sonda que realiza a perfuração, é um equipamento constituído de diversas estruturas que trabalham em conjunto para realizar a perfuração. Dentre as estruturas, temos motores, mastros, brocas, bombas e outras. Todas são comandadas por sistemas informatizados, os quais controlam o funcionamento de cada uma delas. A Figura 7, traz uma representação da estrutura de uma sonda, utilizada na perfuração terrestre. Figura 7 - Estrutura de sonsa de perfuração terrestre. Fonte: Gauto, 2016. Para operar uma sonda, são necessárias duas equipes em trabalho conjunto, sendo uma equipe em campo, operando os equipamentos e outra equipe em escritório, certificando-se de que todos os parâmetros especificados para o poço 24 estejam sendo cumpridos rigorosamente. Não é admitido erros, pois um pequeno desvio na trajetória programada pode custar milhões de reais, podendo até levar a inviabilização do projeto. A instalação das sondas de perfuração terrestre, é realizada no local onde da perfuração, sendo fixas. Enquanto houver atividade, a sonda continua instalada no local, quando o poço encerra sua vida útil, a sonsa é desativada (GAUTO, 2016). Para evitar que ocorra desmoronamento, e para resfriar a broca, injeta-se um fluido especial na coluna, chamada de lama de perfuração. Todo o material triturado durante a perfuração, sobe para superfície misturado com essa lama. A análise desses detritos reúne a história geológica das sucessivas camadas rochosas atravessadas pela sonda.Conforme Gauto (2016), não são todas as perfurações resultantes na descoberta de petróleo. Mesmo com o grande progresso nos métodos de pesquisas, em média 80% dos poços pioneiros não conseguem descobertas comercialmente viáveis. Mediante a não descoberta do petróleo, os poços são tampados com cimento e abandonados. Mas, estes poços podem fornecer indicadores importantes para prosseguir com as pesquisas, pois possibilitam maiores conhecimentos sobre a área explorada. Existem dois tipos de sondas marinhas, as fixas e as móveis. As fixas, são de plataformas, instaladas em locais com baixa lâmina d’água, podendo ser temporária ou permanente. Já os móveis, podem ser movidas de um local para outro, possibilitando a operação em diferentes localidades. Essas sondas podem ser rebocadas, como o caso de jack-ups e barcaças, geralmente usadas em águas interiores, ou podem se mover independentemente, como as plataformas submersíveis, semissubmersíveis e os navios-sonda. Na Figura 8, temos a ilustração dos tipos de sondas marinhas . 25 Figura 8 - Tipos de plataforma para perfuração de poços. Fonte: Gauto (2016) Na perfuração, é preciso ter atenção, para que o poço se mantenha seguro e para que, posteriormente, este possa ser utilização para produção de petróleo posteriormente. Entre as precauções, Gauto (2016), cita o revestimento do poço e a cimentação. Geralmente, perfura-se o poço em fases, que podem variar dependendo das características das zonas a serem perfuradas e da profundida final prevista. Quanto mais profundo for o poço, mais fases terão. Cada uma das fases é concluída com a descida de uma colina de revestimento e sua cimentação. A coluna de revestimento é formada por tubos, o material destes tubos e o comprimento da coluna, variam conforme a pressão encontrada e as características da formação atravessada. Geralmente o diâmetro da coluna é menor que o trecho perfurado, sendo o espaço anular existente entre os tubos do revestimento e as paredes do poço preenchidas, completa ou parcialmente, com cimento, essa técnica é chamada de cimentação. Com a cimentação, a tubulação da coluna é fixada evitando que aconteça migração de fluidos das diversas zonas permeáveis atravessadas pelo poço, por 26 detrás do revestimento. Esse revestimento, além de evitar o desmoronamento, também evita a contaminação de lençóis freáticos, permitindo o retorno do fluido de perfuração à superfície, além de sustentar os equipamentos de segurança de cabeça do poço, entre outras vantagens. Ao atingir a profundidade final, um conjunto de serviços são realizados para conferir a estabilidade do poço e o tornam apto para produção segura e econômica. A etapa final da perfuração é a completação do poço. Conforme Gauto (2016), a cada 27 metros de perfuração, um novo tubo é encaixado, a vida útil da broca usada na extremidade do tubo é baixa, portanto, durante a sondagem, ela precisa ser trocada. 4.3 Tipos de poços Dependendo do objetivo, os poços podem ser classificados de diversas maneiras, mas, basicamente, podem ser agrupados em dois grupos, exploratórios e de desenvolvimento. No Quadro 1 está apresentada a classificação conforme o objetivo. Quadro 1 - Classificação de poços segundo o objetivo. Grupo Descrição Tipo Descrição Poços exploratórios Compreendem os poços que são perfurados com o intuito de confirmar uma reserva ou avaliar a extensão dela. Poço pioneiro (wildcat well) É o primeiro poço perfurado em uma região em busca de acumulações de óleo e/ou gás. Poço de extensão (appraisal well) É o poço perfurado a fim de delimitar uma acumulação. Poço estratigráfico (stratigraphic well) É o poço perfurado para mapear dados sobre as camadas geológicas presentes. Poço seco (dry well) É o poço que não encontra indícios nem de óleo nem de gás. Poços de desenvolvimento São os poços que são perfurados após a acumulação Poço de desenvolvimento (development well) É o poço perfurado para a produção de petróleo. 27 ter sido confirmada e atestada com economicamente viável. Eles têm a função de extrair o petróleo do reservatório para a superfície. Poço de injeção (injection well) É o poço através do qual são injetados fluidos como água, gás ou outras substâncias químicas, com o intuito de manter constante ou até elevar a pressão no reservatório para que a produção se mantenha estável. Poço de serviço (service well) É o poço realizado para efetuar serviços relativos à produção, como disposição de água salina, entre outros. Fonte: Adaptado de Gauto, 2016. Os poços podem ser classificados, ainda, com base em sua trajetória, podendo ser verticais, direcionais ou horizontais. 5 REFINO Conforme Mendes et al. (2018), o refino é tão importante quanto a exploração e a produção, ele agrega valor à exploração e a produção. Godoi (2022) considera as refinarias de petróleo como a parte mais importe da indústria petrolífera, pois através deste processo, obtêm-se os produtos de interesse comercial. O refino do petróleo consiste em uma sequência de beneficiamentos pelos quais o óleo bruto passa para a obtenção de produtos de grande interesse comercial. Esses beneficiamentos englobam etapas físicas e químicas que visam separar as frações, as quais, posteriormente, serão convertidas em produtos (GODOI, 2022, p. 103). O processo em si de refinação, compreende a destilação fracionada do óleo bruto, onde são extraídas frações mais leves com alto valor comercial. Os produtos extraídos do topo da torre, são mais valorizados, pois são os derivados mais nobres, como a gasolina e querosene, já as frações do fundo são de baixo valor agregado. Este é um processo sem desperdícios, conforme Godoi (2022), todos os produtos originados na destilação do petróleo são aproveitados conforme as demandas comerciais, em razão das características e propriedades desse material. Para chegar no processo de refino, o petróleo passa por processos de tratamento primários que compreendem a retirada das impurezas que podem causar 28 eventuais danos às linhas de produção, prejudicando o processo por inteiro. Ao finalizar o pré-tratamento, o petróleo passa por operações de separação, como a destilação atmosférica e a destilação a vácuo. 5.1 Tratamento primário Este tratamento é necessário pelo fato de que, além do óleo bruto na extração, existem impurezas, como sedimentos de solo, partículas inorgânicas, entre outros sais que podem ocasionar danos de grande proporção às linhas que transportam o petróleo até a refinaria. Conforme Godoi (2022), o tratamento primário é realizado no campo de produção, seu objetivo é a separação de óleo, gás e água, por processos de decantação e desidratação. Na decantação, é realizada a separação das fases conforme a diferença de densidade entre elas, já na desidratação, um agente desemulsificante é adicionado à mistura, agregando moléculas de água, possibilitando a retirada do máximo de água emulsionada do óleo durante a produção. 5.2 Refinação Tem como principal vantagem, sua constituição em um processamento excepcionalmente econômico para o tratamento do óleo cru, visando a geração de produtos comercializáveis. Esse processo envolve duas modificações fundamentais, as modificações físicas, também conhecidas como processo de separação, e as modificações químicas, também conhecidas como conversões. Conforme Godoi (2022), no passado, esse processo envolvia apenas a separação por destilação, realizada por operações unitárias de escoamento de fluidos, transferência de calor e destilação. Com o passar dos anos, foi necessário o estudo de aspectos de processamento de petróleo, o que motivou o desenvolvimento e aprimoramento destas etapas pela engenharia, o que levou a modernização e otimização dos processos atuais. O petróleobruto em si, não tem aplicação comercial, tornando necessário seu beneficiamento para então obter produtos utilizáveis. O refino compreende a 29 separação do óleo mineral no estado bruto nas frações desejadas, para que, em seguida, ocorra o processamento e obtenção de produtos com maior valor agregado. A destilação do petróleo envolve várias etapas, que variam conforme o tipo de petróleo a ser processado. Existem derivados produzidos na saída da primeira unidade, já outra parte, necessita de tratamento em outra unidade, conforme a especificação desejada. É comum que alguns derivados sejam alcançados a partir de produtos obtidos em unidades ou etapas anteriores. Quando os produtos de uma unidade são utilizados de base para uma nova etapa, estes são chamados de cargas ou correntes. 5.3 Operações de separação A destilação do petróleo em si é considerada um dos processos de separação de misturas mais complexos que existem, envolvendo diversas etapas ou operações unitárias, que juntas fazem parte de um grande e intrincado processo de separação química. Entre os processos de separação, a unidade de destilação é um dos mais importantes, sendo composta por um forno, um calefator de óleo, uma torre de fracionamento, retificadores a vapor, equipamentos de troca térmica, resfriadores e condensadores, tambores de acúmulo na unidade, agitadores descontínuos ou unidades de tanque fechado de operação contínua, destinados a tratar os produtos e remover os compostos de enxofre e atribuir uma cor aceitável. Essa unidade dispõe, ainda, de tanques de homogeneização e mistura de cargas, sistema de dutos para recepção de óleo cru, bombas para transferência de óleos para carga e embarque dos produtos, tanques de estocagem do suprimento de óleo e dos produtos acabados, sistema de recuperação de vapor e auxiliares. Toda unidade de destilação também conta com uma usina para geração de vapor, luz e eletricidade para consumo próprio, por isso, o cálculo do dimensionamento das quantidades de calor, de energia e de massa consumida e produzida é de extrema importância em todas as etapas de produção de petróleo. Entre as operações unitárias presentes em um processo de destilação de petróleo, destacam-se os sistemas de escoamento de fluidos e transferência de calor. O processo de escoamento de fluidos considera as diferenças entre óleo e água, 30 sendo que o óleo apresenta uma grande variação de viscosidade em função da temperatura. Nos processos de transferência de calor presentes na refinaria, os equipamentos trocadores de calor devem ser limpos constantemente a fim de evitar possíveis incrustações que causam danos às linhas. Para diminuir a quantidade de água de resfriamento, é essencial o emprego de torres de arrefecimento com circuito fechado e equipamentos para o tratamento de água. A destilação está entre as mais importantes operações da refinaria e baseia-se na volatilidade. A corrente pode ser separada, por meio da destilação, em um componente mais volátil (mais leve) e outro menos volátil (mais pesado). Então a destilação será tratada detalhadamente na próxima seção. 5.4 Destilação fracionada Compreende ao processo físico de separação com base em diferentes pontos de ebulição dos componentes de uma mistura líquida homogênea. O ponto de ebulição dos hidrocarbonetos amenta conforme a massa molecular aumenta. Assim, é possível separar compostos leves, intermediários e pesados, através da condensação. O processo operacional de uma destilaria de petróleo se inicia com o pré- aquecimento e a dessalgação, onde a maioria da água emulsionada e os sais nela dissolvidos são removidos. Após a dessalgação, o óleo segue para a torre de pré- fracionamento, em que são separados o gás combustível, o gás liquefeito de petróleo (GLP), e a nafta leve, que constituem as frações mais leves do petróleo. Esses produtos seguem para torre desbutanizadora, que retira o excesso do gás butano, em que são separados, pois a nafta pode ser fracionada em duas ou mais frações. O petróleo pré-fracionado passa por aquecimento em alta temperatura para ser feita a separação da nafta pesada, do querosene e dos gasóleos atmosféricos leve e pesados. Os hidrocarbonetos com alta massa molecular, são chamados de produtos de fundo, por exemplo, o asfalto. Os destilados mais leves, como a gasolina e o querosene, são chamados de produtos de topo. 31 Os cortes de querosene e de gasóleos atmosféricos, são retificados para o acerto do ponto de fulgor. O resíduo dessa torre é chamado de resíduo atmosférico (RAT), que segue para torre a vácuo, que opera em uma pressão subatmosférica, possibilitando a separação das frações mais pesadas, os gasóleos leve e pesado de vácuo, tendo como produto de fundo, o resíduo de vácuo. O aquecimento do petróleo é realizado na própria unidade de geração para a dessalinização, em seguida, ele é encaminhado para o pré-fracionamento. Uma parte vai ao forno e após esses processos, as frações pesadas vão para destilação a vácuo, onde se extrai o resíduo de fundo, o gasóleo pesado e o gasóleo leve. Já as frações mais leves são direcionadas para destilação atmosférica, onde se extrai o gasóleo pesado atmosférico, o gasóleo leve atmosférico, o querosene e a nafta pesada. Na sequência do pré-tratamento, as frações mais leves são encaminhadas para unidade desbutanizadora, para que o gás butano seja retirado, e obtêm-se produtos como o gás GLP e a nafta leve, que origina a gasolina, a nafta média e a nafta petroquímica, onde são obtidos inúmeros derivados. No processo de destilação, é importante considerar a pressão presente na mistura submetida. A temperatura de ebulição de um líquido, depende da pressão em que este é submetido. Com a redução da pressão, consequentemente, a temperatura de ebulição reduz. A combinação da temperatura e da pressão, possibilita a produção de diversos componentes do petróleo de aplicação comercial e alto valor agregado. 5.4.1 Etapas de da destilação O processo de destilação é composto por várias etapas, que iniciam antes de o petróleo ser destinado à refinaria, envolvendo operações em unidades de produção distintas. O início da destilação do petróleo é com o bombeamento do óleo frio, auxiliado de trocadores de calor, onde o petróleo é progressivamente aquecido com os demais produtos, para então serem resfriados e partirem para outra unidade de processamento, em uma etapa correspondente a dessalinização, realizada por uma unidade dessalgadora, responsável pela remoção de sais, água e partículas sólidas em suspensão que podem ocasionar danos à unidade de destilação. 32 Ao ser dessalgado, o petróleo vai para o pré-aquecimento, onde há um aumento da temperatura ao máximo, possibilitando que as correntes mais quentes deixem o processo. Quanto mais alta for a temperatura no pré-aquecimento, menor será o consumo de óleo combustível nos demais processos. O processo de destilação atmosférica, corresponde ao processo de destilação fracionada, que possibilita a separação primária dos hidrocarbonetos. O petróleo então é aquecido e conduzido aos fornos tubulares, em que é submetido ao calor proveniente da queima de óleo ou gás, até que a temperada ideal para o fracionamento seja atingida. Mas, é preciso observar o limite máximo de temperatura, que conforme Godoi (2022), é de 370 °C, que possibilita que o petróleo seja aquecido sem que aconteça uma decomposição térmica. Com essa temperatura, o petróleo é vaporizado, e com essas condições, a carga é introduzida na torre de fracionamento. Os compartimentos internos na torre de fracionamento, possibilitam a separação do petróleo em frações, devido aos diferentes pontos de ebulição. Conforme esses pratos se aproximam do topo da torre, e a temperatura decresce. Assim, o vapor que sobe, ao entrar em contato com cada um doscompartimentos, é condensado gradativamente. Na Figura 9, é apresentado um esquema ilustrativo dos processos de refino do petróleo, em que é exibido a destilação atmosférica e a destilação a vácuo, também é possível observar as temperaturas nos respectivos pratos de destilação e os produtos delas obtidos. 33 Figura 9 - Esquema do processo de refino do petróleo. Fonte: Monthé, 2009, apud Godoi, 2022. A destilação a vácuo, é usada na produção de óleos lubrificantes e gasóleos para unidades de craqueamento catalítico. O cru reduzido, é bombeado e enviado aos fornos da seção de vácuo, onde a temperatura é aumentada e conduzida para zona de flash da torre de vácuo. A pressão nessa região é por volta de 100 mmHg, ocasionando a vaporização de boa parte da carga. Quanto menores as pressões atingidas, melhoras as condições de fracionamento. As torres possuem grande diâmetro, uma vez que o volume ocupado por uma determinada quantidade de vapor é maior em pressões reduzidas. O resíduo da destilação a vácuo, conforme Godoi (2022), é constituída por hidrocarbonetos de massa molecular acima de 38 carbonos, com considerável quantidade de impurezas, que devem ser removidas por um processo de desasfaltação a propano, produzindo-se uma corrente de óleo desasfaltado mais leve e uma de resíduo asfáltico mais pesado. Em conjunto com o gasóleo, o óleo desasfaltado, serve de carga quando se deseja obter gasolina no processo de 34 craqueamento. De acordo com suas especificações, o resíduo de vácuo pode ser vendido como óleo combustível marítimo ou asfalto para rodovias. 5.5 Craqueamento do petróleo O craqueamento do petróleo é uma reação que ocorre nos processos de conversão do petróleo, além dele, também temos a dimerização, a alquilação, a isomerização e a refinação química. Esses processos são utilizados visando atender à demanda de consumo dos derivados do petróleo, uma vez que a quantidade de gasolina bruta obtida através da destilação fracionada é insuficiente. O processo de craqueamento acontece no refino, onde os óleos combustíveis pesados são convertidos em produtos mais leves de alto valor comercial, como o GLP e a gasolina, onde a reação química é baseada na quebra das ligações carbono- carbono da molécula do petróleo. Esse processo é utilizado em todas as refinarias, em decorrência da demanda de gasolina ser superior à de óleos combustíveis. Os produtos obtidos através do craqueamento do petróleo, são, essencialmente, a gasolina, os gases, o óleo combustível residual e o coque de petróleo. A gasolina, proveniente deste processo, apresenta hidrocarbonetos capazes de formar gomas, então são adicionados antiformadores de gomas, como o alfa, naftol e os catecóis (GODOI, 2022). 5.6 Hidrocraqueamento versus hidrotratamento O hidrocraqueamento (HCC), consiste em um processo de craqueamento de moléculas presentes na carga de gasóleo com a ação de um catalisador em altas temperaturas e pressões superiores a 100 atm, na presença de grande volume de gás hidrogênio. Sua vantagem é o fato de evitar a deposição do coque na superfície do catalisador, além de possibilitar a obtenção de gás propano e hidrogênio combinado aos contaminantes, como o enxofre e o nitrogênio, removidos posteriormente na forma de mercaptanas, compostos de hidrogênio e enxofre, e amônia (NH3). O material de partida para o hidrocraqueamento são: nafta, gasóleo leve e gasóleo de vácuo. A carga é misturada ao hidrogênio, aquecida e encaminhada a um reator com catalisador de leito fixo, em que ocorrem os processos de craqueamento 35 e hidrogenação. Ao finalizar essa etapa, os produtos são encaminhados para torre fracionada, então o gás hidrogênio é reciclado e o resíduo dessa reação é novamente misturado ao hidrogênio e após o reaquecimento, encaminhado ao segundo reator para posterior craqueamento em altas temperaturas e pressão. O principal objetivo para todo o tratamento realizado com os derivados do petróleo é a remoção de substâncias consideradas prejudiciais, como os compostos sulfurados e os nitrogenados, que propiciam o aumento da poluição no processo de queima e corrosão nas linhas e demais processos realizados com os derivados. Após o hidrotratamento, os produtos são finalizados conforme as especificações e padrões de qualidade exigidos pelo mercado. Em consequência, o tratamento tende a rentabilizar ao máximo as frações destiladas. Em resumo, todo o tratamento dos derivados do petróleo, apresenta as finalidades a seguir: • eliminar os compostos de enxofre; • eliminar os compostos de nitrogênio; • separar e eliminar materiais asfálticos; • corrigir o odor do produto; • corrigir a coloração; • melhorar a estabilidade do produto. O odor presente no produto, é em decorrência do alto teor de enxofre, que também interfere na coloração e estabilidade do produto, isso acontece, pois o enxofre acelera a degradação dos derivados do petróleo (GODOI, 2022), assim são realizados tratamentos específicos para retirada do enxofre do produto. 5.7 Craqueamento catalítico O processo de craqueamento catalítico, possibilita a quebra de moléculas de hidrocarbonetos saturados de cadeira longa e linear, conhecidos como n-parafinas, das olefinas e dos naftênicos, assim como a desalquilação, dos aromáticos sob condições de altas temperaturas, na presença de um catalisador para otimização do processo. Conforme Godoi (2022), esse processo se originou como alternativa para substituição do craqueamento térmico, com a desvantagem da operacionalização 36 quando exposto a temperaturas entre 25 a 70 atm, o que levava a produção de resíduos carbonáceos na produção do GLP, os quais ficavam nas paredes do reator, causado entupimentos nas linhas e paradas de produção. O diferencial do tratamento catalítico é a produção de gasolina com alta octanagem, assim como menores quantidades de óleos combustíveis pesados e de gases leves, em condições operacionais brandas. 6 PRODUÇÃO Após o longo esforço do processo exploratório, do estudo da bacia, das avaliações técnico-comerciais e da declaração de comercialidade de um campo de petróleo, a fase seguinte é a de desenvolvimento, quando são construídas as instalações necessárias para a produção do óleo descoberto. A definição do tipo de estrutura de produção a ser instalada, depende de uma série de variáveis, tais como a taxa de produção esperada, os métodos de escoamento a serem adotados, a quantidade e o posicionamento dos poços, etc., bem como envolve equipes multidisciplinares, abrangendo geólogos, geofísicos, engenheiros de petróleo, sondadores, produtores e engenheiros de reservatório. Conforme Gauto (2016), no final de 2006, iniciaram um debate sobre o regime regulatório relativo à atividade de exploração e produção de petróleo no Brasil, ao fim deste debate, o governo brasileiro modificou o modelo de exploração, adotando a partilha de produção para essas áreas e não mais de concessão. O autor ainda divulgou um quadro apresentando as diferenças entre os modelos de exploração, conforme pode ser visto a seguir no Quadro 2. Quadro 2 - Modelos de exploração e produção de petróleo. Contrato de concessão Características principais Quem adota (exemplos) A empresa adquire o direito a explorar uma área mediante o pagamento, como contrapartida, de royalties e taxas ao governo. No Brasil, a transferência das concessões aos concessionários é feita por meio de leilões de blocos exploratórios, realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em troca do direito à exploração das áreas arrematadas em leilões, os • Ganha a companhia que paga mais para arrematar a área a ser explorada. • Tem risco exploratório alto. • Paga royalties + participações especiais ao Governo • Estados Unidos • Canadá • Brasil(pós-sal) 37 concessionários remuneram o Estado por meio do pagamento de bônus de assinatura, royalties – que são divididos entre União, estados e municípios – e da participação especial. • Todo o óleo é propriedade da companhia petrolífera. Contrato de partilha da produção Características principais Quem adota (exemplos) Historicamente, este tipo de contrato foi criado pelas companhias de petróleo para atuar em países de instabilidade jurídica e regulatória. A partilha da produção implica a partilha de investimentos: tanto o Estado quanto a empresa que realiza a exploração devem investir na empreitada. A empresa realiza a exploração e a produção de petróleo, pagando o Governo com parte do óleo produzido ou em moeda pelo direito de realizar essas atividades. • Ganha a companhia que oferecer maior porcentagem de lucro na exploração da área. • Tem risco exploratório médio-baixo. • Paga royalties ao Governo. • O óleo produzido é dividido entre o Governo e a companhia petrolífera. • Rússia • Angola • Brasil (pré-sal) Contrato de partilha da produção Características principais Quem adota (exemplos) Este tipo de contrato é menos comum na indústria do petróleo internacional, sendo adotado especialmente em países onde predomina uma grande resistência a investimentos estrangeiros no setor de petróleo e gás natural. É o modelo utilizado, por exemplo, no Irã e no México. Este modelo envolve a contratação de uma empresa para a realização da atividade de exploração, com a entrega da produção ao governo. As empresas comumente atuam sob contratos de risco, sendo remuneradas quando os campos entram em produção. O pagamento pelos serviços prestados por essas empresas é feito em petróleo ou em moeda. Neste modelo, as reservas não podem ser contabilizadas pelas companhias. • O Governo contrata uma companhia petrolífera para fazer a perfuração e produção. • Tem risco exploratório baixo, se trata de um modelo para áreas com alta probabilidade de se achar petróleo. • Todo óleo produzido é do Governo. • Arábia Saudita • Irã • México Fonte: Adaptado de Gauto, 2016. Na Tabela 3, mostra que o Brasil utiliza o modelo de partilha para produção de uma área do pré-sal e o de concessão para as demais áreas de exploração e produção. Ambos os modelos são regulados pela ANP, através dos leilões dos blocos exploratórios. Após o vencimento do leilão e o cumprimento de um plano mínimo de investimentos, a empresa consegue fazer a exploração de uma determinada área para retirada de petróleo, em uma empreitada que exige o investimento de bilhões de dólares, sem garantia de retorno (GAUTO, 2016). 38 6.1 Estruturas de produção Delimitada a reserva de petróleo, caracterizado o comportamento dinâmico do reservatório e estabelecido o plano de drenagem da acumulação, vem a fase de desenvolvimento, quando há a instalação da infraestrutura necessária à produção, como, por exemplo, plataformas, dutos, poços de injeção e produção, navios aliviadores, etc. O conjunto de soluções adotadas para possibilitar a produção, é particular em cada caso, pois depende da composição dos fluidos presentes no reservatório, a taxa planejada de produção, o número de poços necessários para produção otimizada da reserva, entre outros fatores. Conforme Gauto (2016), a produção de petróleo em alto=mar é mais difícil do que em terra, por exigir maior tecnologia e esforço de capital financeiro para ser colocada em prática. Para que um poço inicie a produção, primeiramente deve ser instalado na cabeça e no interior do poço, equipamentos de segurança, possibilitando as medições de fatores importantes, como a pressão e temperatura, além disso, também deve ser possível realizar a manutenção do poço e a regulagem da vazão dos fluidos produzidos. Essa etapa é chamada de completação do poço. Em seguida, os dutos e todo o conjunto de equipamentos utilizados na elevação dos fluidos são instalados, eles interligam o poço à unidade de processamento primária, responsável pelo tratamento e separação dos efluentes vindos do poço. No caso da produção em alto-mar, a unidade de processamento primária é instalada sobre uma plataforma de petróleo. Os fluidos produzidos e tratados na unidade de processamento primária devem ser devidamente destinados. A forma que o escoamento será realizado, faz parte do planejamento da produção e depende da unidade de produção adotada. A unidade de produção pode conseguir armazenar temporariamente as correntes produzidas ou terá necessita de uma unidade de armazenamento externa, para onde os fluidos serão escoados. No geral, a produção de fluidos em um reservatório de petróleo, acontece em decorrência da descompressão natural do sistema, e ao deslocamento de um fluido por outro fluido, como, por exemplo, quando um aquífero invade uma zona de óleo. A 39 partir daí, a produção de um reservatório acontece de acordo com três mecanismos principais: • mecanismo de gás em solução; • mecanismo da capa de gás; e • mecanismo de influxo de água. Além desses, temos o mecanismo de segregação gravitacional, o qual é o efeito da ação da gravidade na disposição dos fluidos no interior do reservatório, ou seja, os fluidos de maior densidade, tendem a ir para o fundo do reservatório, já os mais leves, ocupam o topo do reservatório. A Figura 10, traz a ilustração do mecanismo de gás em solução, onde a produção acontece em função da expansão do gás, inicialmente dissolvido no óleo, que vai saindo da solução em reservatórios não associados a grandes massas de água ou gás. De acordo com que o óleo é produzido, a pressão interna do reservatório é reduzida, acontecendo a expansão dos fluidos. Sua característica marcante é que ao ser produzido o gás leva consigo a “energia do reservatório, levando a pressão a declinar rápida e continuamente, fazendo com que o gás-óleo (RGO) também cresça rapidamente. Figura 10 - Mecanismo de produção do tipo gás em solução. Fonte: Gauto, 2016. A Figura 11, traz a demonstração do mecanismo da capa de gás que acontece nos reservatórios onde se tem um acúmulo de gás nas partes altas do meio poroso, formando uma capa de gás acima do óleo. De acordo com que o óleo é produzido, a pressão cai e o gás migra e ocupa o lugar do óleo. Assim como no mecanismo de gás 40 em solução, a pressão cai continuamente, mas a diferença é que no mecanismo da capa de gás, essa queda de pressão é mais lenta. Figura 11 - Mecanismo de produção do tipo capa de gás. Fonte: Gauto, 2016. Por último, a Figura 12, apresenta o mecanismo de influxo de água, que acontece quando a formação com óleo está em contato íntimo com grande acumulação de água. Mediante a redução da pressão do reservatório, ocasionada pela produção do óleo, a água toma o espaço poroso da zona de óleo, por meio de um influxo, que desloca o óleo para o poço de produção, além de manter a pressão na zona de óleo. Este mecanismo em um grande fator de recuperação, segundo Gauto (2016), em torno de 30 a 40% do volume do óleo original. Figura 12 - Mecanismo de produção por tipo influxo de água. Fonte: Gauto, 2016. 41 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Resolução ANP n.º 757, de 23 de novembro de 2018. Estabelece os preços de referência dos petróleos produzidos no mês de outubro de 2018. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=515&pagina=63&d ata=26/11/2018. Acesso em 19 jan. 2023. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Estudos geológicos e geofísicos. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/exploracao-e-producao-de-oleo-e- gas/estudos-geologicos-e-geofisicos. Acesso em: 18 jan. 2023. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP).Nominação. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt- br/assuntos/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/estudos-geologicos-e- geofisicos/nominacao. Acesso em: 19 jan. 2023. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Instrução normativa n.º 2 de 11 de fevereiro de 2020. Estabelece o procedimento a ser adotado para a indicação e a delimitação dos blocos exploratórios ofertados nas rodadas de licitações para exploração e produção de petróleo e gás natural. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao- normativa-n-2-de-11-de-fevereiro-de-2020-243055742. Acesso em: 19 jan. 2023. AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS (ANP). Plano plurianual de geologia e geofísica. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/exploracao-e-producao-de-oleo-e- gas/estudos-geologicos-e-geofisicos/copy_of_apresentacao. Acesso em: 19 jan. 2023. ESPINOLA, A. Ouro negro – petróleo no Brasil: pesquisa em terra, na plataforma continental e em águas profundas. 1 ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2013. 42 FARAH, M. A. Petróleo e seus derivados: definição, constituição, aplicação, especificações, características de qualidade. Rio de Janeiro: LTC, 2013. GAUTO, M. (org.). Petróleo e gás: princípios de exploração, produção e refino. Porto Alegre: Bookman, 2016. GEOFÍSICA In.: Dicio, Dicionário online de português. Porto 7Graus, 2023.Disponível em: https://www.dicio.com.br/geofisica/ GODOI, L. Química do petróleo e seus derivados, 1 ed. Curitiba: InterSaberes, 2022. MENDES, A. P. A. et al. Mercado de refino de petróleo no Brasil. Rio de Janeiro: BNDES, 2018.
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