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Introdução à pesquisa de marketing Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: ▪ Explicar a importância da informação no processo decisório. ▪ Identificar as diferentes aplicações da pesquisa de marketing. ▪ Conceituar Sistema de Informação de Marketing. Introdução A pesquisa de marketing é uma ferramenta de grande utilidade para as empresas tomarem decisões e definirem ações. A partir da pesquisa, é possível obter informações válidas, relevantes e atuais, com as quais as empresas podem evoluir e se manter competitivas. Neste capítulo, você identificará a importância que tem a informação no processo decisório no contexto do marketing e as diferentes aplicações da pesquisa nessa área. Além disso, você aprenderá sobre o conceito de Sistema de Informação de Marketing e como a pesquisa de marketing é utilizada dentro das organizações. A importância da informação no processo decisório Marketing é o processo de planejamento e execução da concepção, fixação de preço, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços com a finalidade de criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais. Na realidade, no conceito de marketing, a satisfação do cliente, e não a maximização dos lucros, deve ser a meta da organização. Fique atento Pesquisa de marketing é a obtenção de informações sobre as necessidades dos consumidores e a reunião das inteligências de marketing de forma a ajudar a organização a satisfazer suas necessidades eficazmente (AAKER; KUMAR; DAY, 2004). As decisões de marketing envolvem aspectos que vão desde a mudança de posicionamento da empresa no mercado ou a entrada em um novo mercado até questões minuciosas, como a melhor forma de preencher uma prateleira na loja. O contexto para essas decisões é o processo de planejamento de marketing, que compreende quatro etapas: análise de situação, desenvolvimento da estratégia, desenvolvimento do programa de marketing e implementação. Esse é um processo contínuo, de forma que a avaliação de uma decisão já tomada serve de ponto de partida para uma nova análise da situação. Nesse contexto, a pesquisa de marketing é uma ferramenta, mas não é uma saída imediata ou óbvia para encontrar soluções para todos os problemas gerenciais. Um administrador que enfrenta uma dificuldade não deve, instintivamente, decidir por uma pesquisa de marketing para encontrar uma solução para dada questão. Antes disso, vários fatores devem ser considerados e, em alguns casos, a melhor decisão é a de não realizar a pesquisa. Dessa forma, a decisão inicial a ser tomada está ligada diretamente com a necessidade, ou não, da pesquisa em dada situação. Para Aaker, Kumar e Day (2004), existem alguns fatores que influenciam essa decisão, tais como: ▪ Relevância: a pesquisa não deve ser feita para satisfazer uma curiosidade ou para confirmar a sapiência de uma decisão já tomada. A relevância surge como apoio nas atividades estratégicas e táticas do planejamento, isto é, ajuda a antecipar os tipos de informação que serão necessários. Durante todo o planejamento de um projeto, o foco deve ser constantemente a tomada de decisões. ▪ Tipo e natureza da informação buscada: a decisão de empreender, ou não, uma pesquisa de marketing depende do tipo e da natureza da informação procurada. Se a informação necessária para a tomada de decisão já existe dentro da organização, seja na forma de resultado de um estudo feito para outro problema ou na forma de experiências e talentos, a pesquisa não é oportuna. Nessas condições, uma nova pesquisa seria redundante e significaria um investimento desnecessário. ▪ Momento: as decisões sobre pesquisas são limitadas pela marcha dos acontecimentos. Frequentemente, essas decisões têm um prazo determinado e precisam ser tomadas de acordo com um cronograma e utilizando quaisquer informações disponíveis. Por exemplo, se um novo produto estiver programado para ser lançado na primavera, todas as decisões baseadas em pesquisa, como preço, formulação, nome, tema publicitário e outras, precisam desses dados com antecedência. Um dos papéis do planejamento é programar as pesquisas necessárias de forma que seus resultados estejam disponíveis a tempo de influenciar as decisões. Existem situações, evidentemente, em que o momento das decisões depende dos resultados da pesquisa. ▪ Disponibilidade de recursos: em muitos casos, a pesquisa de marketing é solicitada sem o completo entendimento dos gestores a respeito da quantidade de recursos realmente necessários e disponíveis, incluindo, aqui, tanto recursos financeiros quanto humanos. A ausência de fundos pode levar à execução imprópria e ineficaz de um projeto de pesquisa, pois os resultados, geralmente, são imprecisos. Também deve levar-se em conta que pode haver recursos para a pesquisa, mas não para a implementação de seus resultados; nesse caso, ela pode tornar-se inútil. ▪ Análise custo-benefício: antes de se conduzir uma pesquisa de marketing, deve-se realizar uma análise de custo-benefício que determine o valor da informação buscada. A disposição de obter informações adicionais para apoio à tomada de decisões por uma pesquisa de marketing deve basear-se na percepção do gestor sobre a qualidade incremental e o valor das informações diante do custo e do tempo empregados em sua obtenção. Por isso, antes de se realizar uma pesquisa, é necessário ter uma estimativa do valor das informações buscadas, e essa estimativa permitirá determinar se haverá recurso e quanto será necessário investir na pesquisa. Muitas vezes, a pesquisa é realizada para gerar informações, mas os gestores não utilizam prontamente seus resultados para resolver os problemas. Existem alguns fatores que influenciam a decisão de um gestor em utilizar as informações obtidas em uma pesquisa, como: qualidade da pesquisa; conformidade com as expectativas prévias; clareza da apresentação; aceitação política dentro da empresa e o desafio ao status quo. Tanto os gestores quanto os pesquisadores concordam que a qualidade da pesquisa é o determinante básico de sua utilização. Saiba mais Statu quo — mais comumenete grafado como status quo — é uma expressão do latim que significa “estado atual”. No caso do marketing, a pesquisa pode mudar ou desafiar o status quo — na medida em que as informações obtidas podem contribuir para mudar a situação atual. Para Malhotra (2011), a tarefa da pesquisa de marketing é avaliar as informações necessárias e fornecer, à gerência, informações relevantes, precisas, confiáveis, válidas e atuais para auxiliar na tomada de decisão. As empresas utilizam a pesquisa de marketing para se manter competitivas e para evitar custos altos associados às tomadas de decisão medíocres, baseadas em informações pouco sólidas. As decisões sólidas não são baseadas no instinto, na intuição ou no puro julgamento, mas em informações fundadas, sem as quais a gerência não consegue tomar decisões consistentes. Destaca-se que a pesquisa de marketing deve conectar-se com outras funções na organização, como fabricação, pesquisa e desenvolvimento, finanças, contabilidade e outras áreas funcionais que podem ser relevantes em determinado projeto. Além disso, também está relacionada com questões como concorrência, informações econômicas, governamentais e ambientais, envolvendo tanto o ambiente macro quanto o microeconômico. Quando falamos em pesquisa de marketing para a tomada de decisão, é preciso destacar, também, a ética na pesquisa de marketing — isto é, conhecer e aplicar os princípios ou valores morais que regem a conduta dos indivíduos e grupos. Os pesquisadores têm responsabilidades em relação a sua profissão, seus clientes e seus pesquisados e precisam comprometer-se com altos padrões éticos para assegurar que tanto a função quanto a informação mantenhamboa reputação. A questão da ética na pesquisa de marketing envolve três grupos de participantes: os clientes, ou seja, aqueles que patrocinam o projeto; o prestador de serviços, que planeja e executa a pesquisa; e os pesquisadores, que fornecem as informações. Quanto aos problemas éticos ocorridos com os clientes, destacam-se: propósitos explícitos e implícitos; desonestidade no trato com os fornecedores de serviços; mau uso da informação da pesquisa. A ética dos fornecedores envolve fatores como violação do sigilo do cliente e execução imprópria da pesquisa. A respeito do abuso contra os pesquisadores, enquadra-se qualquer forma de violação dos direitos de um pesquisador. Ainda sobre a questão ética, destaca-se que qualquer indivíduo que participe de um projeto de pesquisa tem os seguintes direitos: privacidade; segurança; saber o verdadeiro propósito da pesquisa; ser informado sobre os resultados da pesquisa e escolher quais perguntas quer responder. As diferentes aplicações da pesquisa de marketing As pesquisas podem ser realizadas com diferentes objetivos e, nesse sentido, Las Casas (2009) comenta que, no campo do marketing, podem ser realizados diferentes tipos de pesquisas, como: ▪ Pesquisas relacionadas ao produto: ▪ Aceitação de novos produtos; ▪ Pesquisa sobre marcas; ▪ Pesquisa sobre embalagens; ▪ Potencial de produtos novos; ▪ Testes de produtos existentes; ▪ Estudos de apreçamento. ▪ Pesquisas relacionadas à propaganda: ▪ Pesquisa de mídia; ▪ Estudos de eficácia da propaganda; ▪ Pesquisa motivacional; ▪ Pesquisa de comunicação; ▪ Estudos de restrição legal. ▪ Pesquisas de vendas e de mercados: ▪ Análise de participação de mercado; ▪ Analise de vendas; ▪ Medidas do potencial de produtos novos; ▪ Painéis de consumidores; ▪ Estudos promocionais de prêmios, cupons e outras ferramentas de produção de vendas. ▪ Estudos de impacto ecológico; ▪ Estudos sobre mercados-testes; ▪ Auditoria de lojas. ▪ Pesquisas sobre distribuição: ▪ Estudos sobre canais de distribuição; ▪ Estudos sobre localização de fábricas; ▪ Estudos sobre localização de armazéns. A pesquisa de marketing consiste em projetos formais que visam a obtenção de dados de forma empírica, sistemática e objetiva para a solução de problemas ou oportunidades específicas relacionadas ao marketing de produtos e serviços. É importante compreender que o campo de atuação da pesquisa de marketing é amplo e, conforme Samara e Barros (2007), algumas das situações que levam uma empressa a buscar esse tipo de pesquisa são: ▪ Saber qual é a faixa etária e a classe social de seus consumidores; ▪ Identificar, no mercado, quais são os seus principais concorrentes diretos; ▪ Avaliar a satisfação em relação aos serviços prestados; ▪ Identificar a melhor política de remuneração para sua equipe de vendas; ▪ Conhecer qual é a sua imagem no local onde está inserida; ▪ Verificar a aceitação dos clientes após a alteração de quantidade na embalagem de seus produtos. Na Figura 1, é apresentada uma situação em que a pesquisa é importante no diagnóstico de compra do público-alvo, em que se busca entender como esse público procede em diversas fases do processo de decisão de compra. Reconhecimento da necessidade Procura de informações Avaliação de alternativas Escolha do produto/serviço Avaliação do uso/compra Figura 1. Fases do processo de decisão de compra. Fonte: Adaptada de Samara e Barros (2007, p. 18). A seguir, na Figura 2, você pode conferir o processo de decisão de compra a partir dos tipos de soluções de compra, isto é, a solução rotineira, limitada e extensa. Solução rotineira Solução limitada Solução extensa Produtos de baixo custo Produtos mais caros Compra frequente Compra menos frequente Baixo envolvimento Alto envolvimento Pouca procura, marcas Intensa procura, marcas e tempo para compra e tempo para compra Figura 2. Processo de decisão de compra e soluções. Fonte: Adaptada de Samara e Barros (2007, p. 18). A pesquisa também é fundamental para o conhecimento e a avaliação de componentes de atitudes diante de públicos de interesse da empresa, como: consumidores, clientes potenciais, formadores de opinião, influenciadores, tomadores de decisões de compra, dentre outros. As atitudes podem ser definidas como estados mentais que permitem a percepção e a avaliação do ambiente pelos indivíduos e determinam as respostas em relação a ele. Essas atitudes podem estar relacionadas a pessoas, produtos, marcas, ideias, organizações etc. A Figura 3, a seguir, apresenta os componentes da atitude. Cognitivo • Conhecimento/lembrança de atributos e de características • Opinião/julgamento Afetivo • Emoções e sentimentos em relação ao objeto • Representa o gostar não gostar/ser favorável-desfavorável Intencional • Expectativas de comportamento futuro em relação ao objeto Figura 3. Componentes da atitude. Fonte: Adaptada de Samara e Barros (2007, p. 19). Em todas as situações apresentadas, percebe-se que há a necessidade de informações que venham a confirmar hipóteses específicas para embasar as possíveis decisões a serem tomadas pelos gestores de marketing. Segundo Las Casas (2009), a pesquisa de marketing não pode ser considerada um método totalmente científico, e alguns fatores que caracterizam a coleta de dados na área confirmam essa afirmativa. Ao tentar obter dados no mercado, o método usado mais intensamente é o questionário, cujas respostas nem sempre representam opinião verdadeira em decorrência de uma série de fatores, como a má vontade do entrevistado, fraude por parte dos entrevistadores, entre outros motivos que podem ser responsáveis por resultados que não condizem com a realidade. A pesquisa de marketing, por meio de metodologia adequada e de um projeto formal que parte da definição do problema a ser pesquisado, buscará as informações necessárias para a tomada de decisão. Um plano de pesquisa de marketing deve ser executado por etapas, que se iniciam na definição do problema de pesquisa e terminam na análise e na interpretação dos resultados obtidos, na redação do relatório final e na apresentação ao cliente. A pesquisa é um dos mais importantes subsistemas do Sistema de Informação de Marketing (SIM), que veremos na próxima seção. Para Las Casas (2009), a pesquisa de mercado é uma forma sistemática de coleta, registro e análise de dados relativos a problemas ou oportunidades de marketing e pode ser utilizada de forma constante ou para resolver um problema específico, mas, segundo o autor, no Brasil, o uso de pesquisa para decisões de marketing ainda não atingiu uma cifra expressiva, embora o número de usuários pareça ter aumentado substancialmente nos últimos 10 anos. Os administradores brasileiros estão gradativamente reconhecendo a importância de conhecer com maior profundidade determinadas situações, reduzindo os risco de tomada de decisões erradas. Sistema de Informação de Marketing O Sistema de Informação de Marketing (SIM), implantado pela primeira vez nos Estados Unidos, segundo Las Casas (2009), pode ser definido como os recursos humanos e tecnológicos da empresa envolvidos de forma sistemática na coleta, qualificação, análise, disseminação e arquivo de informações relevantes às decisões de marketing. Ao estar presente na organização, o SIM reúne, seleciona, analisa, interpreta e mantém um fluxo de informações a respeito do ambiente global de marketing no qual a entidade está inserida, tanto nomacro quanto no microambiente. Saiba mais ▪ Macroambiente: ambientes demográfico, sociocultural, físico, tecnológico, econômico, político e legal. ▪ Microambiente: empresa, fornecedores, intermediários de mercado, clientes, concorrentes e públicos de relacionamentos. O SIM organiza e gera o fluxo das informações da empresa. Sua estrutura se difere entre as empresas, dependendo da cultura empresarial, da estrutura de marketing e dos recursos disponíveis. Pode ser dividido em áreas que controlam, integram e analisam os relatórios internos da empresa, proporcionando informações como volume de vendas por linha de produto, região, vendedor, bem como canal de distribuição, rentabilidade, lucros, custos, despesas e dados sobre produção, entre outros possíveis, oriundos de notas fiscais, planilhas de produção, compra, custo, etc. Para Malhotra (2011), um SIM é um conjunto formalizado de procedimentos para gerar, analisar e distribuir informações entre aqueles que tomam decisões de marketing continuamente. Esses sistemas são diferenciados da pesquisa de marketing, pois estão constantemente disponíveis e foram criados para complementar as responsabilidades, o estilo e as necessidades de informações do tomador de decisão. O poder do SIM está no acesso que concede, aos gestores, às vastas quantidades de informações, combinando as informações sobre produção, fatura e faturamento com a inteligência de marketing, incluindo a pesquisa de marketing, em um depósito de dados centralizados. O SIM oferece um potencial de muito mais informações que podem ser obtidas dos projetos especiais de pesquisa de marketing. No entanto, esse potencial, geralmente, não é alcançado quando as informações são estruturadas tão rigorosamente que não podem ser facilmente manipuladas. Veja, na Figura 4, uma representação do SIM proposta por Kotler e Amstrong (2008): Gerentes de marketing Análise Planejamento Implementação Organização Controle Sistemas de informações de marketing Identificação das informações necessárias Banco de dados interno Análise das informações Distribuição das informações Inteligência de marketing Pesquisa de marketing Ambiente de marketing Mercados-alvo Canais de marketing Concorrentes Públicos Macroambiente Figura 4. Representação do Sistema de Informação de Marketing. Fonte: Adaptada de Kotler e Amstrong (2008, p. 85). Esse esquema mostra que o SIM começa e termina com os usuários da informação: os gerentes/gestores de marketing, os parceiros internos e externos e outros que precisam das informações de marketing. O SIM interage com esses usuários para identificar as necessidades de informação, gerando as informações necessárias a partir do banco de dados interno da empresa, das atividades de inteligência e da pesquisa de marketing. Essas informações serão utilizadas pelos gestores para a tomada de decisão de marketing e também no relacionamento com o cliente. Como é um sistema amplo, o SIM também fornece informações a parceiros externos, como fornecedores, revendedores e, também, empresas de prestações de serviços de marketing. Quando o SIM é eficiente, ele equilibra as informações que os usuários gostariam de ter com o que eles realmente necessitam e com o que é viável oferecer. O SIM é responsável por observar o ambiente de marketing para oferecer informações necessárias para os gestores tomarem as decisões-chaves. Geralmente, ele é estruturado com base em computação, apesar de que alguns subsistemas podem ser registrados manualmente, dependendo das condições da empresa — sobre isso, cabe mencionar que a armazenagem das informações é um aspecto muito relevante para a eficiência. Destaca-se que as informações necessárias para a tomada de decisão de marketing podem provir de dados internos, de inteligência e da pesquisa de marketing. Os dados internos representam a compilação dos mais variados dados da organização, como relatórios financeiros, registro de vendas, custos, fluxo de caixa, transações, demografia, características psicográficas, comportamento de compras dos clientes, dentre outros inúmeros fatores. Contudo, é importante ter cuidado quando se utiliza essas informações, pois dados internos são coletados para outras finalidades e não específicas para a pesquisa, de modo que podem estar incompletos ou registrados de forma inadequada à tomada de decisões. Além disso, deve-se destacar que os dados envelhecem, e manter um banco de dados atualizado exige um grande esforço por parte da empresa. A inteligência de marketing é a coleta e a análise sistemática de informações disponíveis publicamente sobre concorrentes e desenvolvimento no mercado. Tem como objetivo melhorar a tomada de decisões estratégicas, avaliar e acompanhar as ações dos concorrentes e prever as oportunidades e ameaças, de maneira que essa busca de informações deve ser efetuada de forma inteligente e focada em elencar práticas e diferenças sobre a concorrência. A pesquisa de marketing consiste na elaboração, na análise e em registros sistemáticos de dados relevantes sobre uma situação específica de marketing com a qual uma empresa se depara. Las Casas (2009) destaca que os benefícios da aplicação do SIM são vários: além de ajudar a empresa a conhecer melhor os seus consumidores, esse sistema ajuda a estabelecer as estratégias de marketing da empresa à luz da realidade do mercado de atuação. O planejamento anual de marketing pode ser estabelecido a partir dessas informações e sofrer ajustes à medida que o ambiente se altera. O SIM também proporciona uma forma constante de dados que facilitam a função de controle do administrador. Com maior crescimento, é possível detectar as oportunidades que se apresentam e combater a concorrência. Las Casas (2009) ainda comenta que, apesar de todos os benefícios, muitas empresas não aplicam o sistema. Alguns empresários deixam o departamento de pesquisa funcionar como um centro de informações que, além de pesquisas específicas, encarrega-se de proporcionar aos principais executivos algumas informações básicas ou mesmo certos gráficos padronizados. Entretanto, para que exista um SIM, é necessário mais do que isso: é preciso pensar, como ponto de partida, quais devem ser as principais funções do sistema. Para ser eficiente, o SIM deve: proporcionar a coleta de informações — essa função determina a necessidade de pesquisar em várias fontes e arquivar as informações depois de passá-las por um processo de seleção —; processar as informações — isto é, o sistema deve proporcionar recursos para que os dados sejam analisados quanto à qualidade e credibilidade, transformando em quadros e gráficos condensados —; e disseminar e usar a informação fornecida — o sistema deve proporcionar as informações adequadas a cada um dos principais executivos, pois as necessidades são diferentes de acordo com a função do profissional e os dados devem satisfazer essas necessidades. Atualmente, com a integração dos departamentos de uma empresa, as informações devem ser compartilhadas entre todos os gestores. Além disso, outro aspecto a ser considerado na utilização de um sistema é que deve haver um esforço no sentido de eliminar as informações desnecessárias, de modo que o SIM deve ser objetivo e registrar somente dados que podem ser deutilidade para os administradores. Dessa forma, se a empresa se basear nessas informações, estará utilizando ferramentas fundamentais que poderão subsidiar as decisões que envolvem as questões de marketing de maneira eficiente. Métodos quantitativos e qualitativos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Distinguir método quantitativo de método qualitativo. • Identificar as vantagens e limitações de cada método. • Descrever as diferentes formas de pesquisa qualitativa e quantitativa. Introdução Para realizar uma pesquisa de marketing, é necessário escolher o tipo de pesquisa mais adequado ao problema que será investigado, assim como os métodos de pesquisa a serem utilizados para analisar as situações que envolvam o problema de estudo. Os métodos de pesquisa são divididos em quantitativos e qualitativos e são escolhidos a partir do tipo de pesquisa a ser utilizado. A pesquisa exploratória e casual se baseia no método qualitativo; já a pesquisa descritiva estatística utiliza o método quantitativo. Destaca-se a escolha do quantitativo quando se necessita de um resultado conclusivo, com o objetivo quantificar um problema e entender a sua dimensão, resultando em informações numéricas sobre o comportamento do consumidor. Quando se necessita entender o comportamento desse consumidor, é necessário utilizar o método qualitativo, com grupos de discussões, entrevistas e observações. Além disso, para se ter uma melhor eficiência em alguns resultados, pode-se utilizar os métodos juntos, fornecendo, assim, mais informações para a tomada de decisão. Neste capítulo, você aprenderá como distinguir os métodos quantitativo e qualitativo, identificando as vantagens e as limitações de cada um deles e as diferentes formas de aplicá-los. Método quantitativo e método qualitativo A distinção entre os métodos de pesquisa quantitativo e qualitativo se refere ao objetivo específico com que se aborda o problema em estudo. O método quantitativo busca quantificar os dados e, para isso, utiliza, na maioria das vezes, alguma forma da análise estatística, estando relacionado com a pesquisa descritiva, quantificando a relevância das diferentes causas. Por sua vez, o método qualitativo possibilita uma melhor visão e compreensão da situação do problema pesquisado e utiliza a pesquisa exploratória, procurando explorar um problema a fim de oferecer informações e maior compreensão (MALHOTRA, 2011). Segundo Gioia (2006), quanto à natureza, os dados primários podem ser qualitativos ou quantitativos. A metodologia utilizada para obtenção de dados primários qualitativos costuma ser a pesquisa qualitativa de tipo exploratório. Já os dados primários quantitativos costumam ser obtidos por meio de pesquisas quantitativas de tipo descritivo ou causal (Figura 1). Pesquisa de marketing Dados secundários Dados primários Método qualitativo Método Quantitativo Exploratório Descritivo Figura 1. Método quantitativo x qualitativo. Fonte: Adaptada de Malhotra (2013, p. 110). Conforme McDaniel e Gates (2004), método qualitativo é um termo usado com alguma liberdade e significa que os resultados da pesquisa não estão sujeitos a uma análise de quantificação, podendo ser utilizados para analisar as atitudes, os sentimentos e as motivações de um grande usuário. O método quantitativo, por outra parte, revela estatisticamente diferenças significativas entre os grandes e pequenos usuários. Fique atento Método qualitativo: os dados da pesquisa não estão sujeitos a análises de quantificações ou quantitativas. Método quantitativo: estudos que utilizam análises matemáticas e estatísticas. O método qualitativo, para McDaniel e Gates (2004), também é caracterizado por amostras pequenas, enquanto o quantitativo trabalha com amostras maiores, um dos motivos pelo qual atrai maior número de pesquisadores. Gioia (2006) relata que a pesquisa qualitativa é uma metodologia de pesquisa não estruturada, exploratória, baseada em pequenas amostras, que proporciona insights e compreensão do contexto do problema. As informações são obtidas a partir de uma análise do discurso do entrevistado, bem como de sua postura global diante das questões que lhe são apresentadas. Sem preocupação estatística, esse método se aplica a casos em que se quer apenas explorar o problema. Os dados fornecidos não podem ser considerados conclusivos e tampouco utilizados para fazer generalizações em relação ao público-alvo. Já a pesquisa quantitativa, para Gioia (2006), tem por objetivo quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população-alvo, com base em um grande número de casos; emprega, também, amostras representativas e tem coleta de dados estruturada e análise estatística de dados. Dessa forma, esse tipo de pesquisa procura quantificar os dados e aplica alguma forma de análise estatística. De forma geral, utiliza amostras grandes, projetáveis para toda a população-alvo, lançando mão de amostras representativas, coletadas de dados estruturados e análise de estatística de dados. Veja, no Quadro 2, a seguir, um comparativo desses métodos de pesquisa com base em Gioia (2006). Quadro 1. Metodologia de pesquisa: qualitativa versus quantitativa Metodologia Qualitativa Quantitativa Objetivo Obter uma compreensão qualitativa das razões e motivações envolvidas. Quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população-alvo. Amostra Casos em pequeno número e não representativo. Casos em grande número e representativos. Resultados Oferece uma compreensão inicial do problema em questão. Recomenda um curso final de ação. Fonte: Adaptado de Gioia (2006). Segundo Cooper e Schindler (2016), para entender a distinção entre os dois métodos, é preciso compreender seus conceitos. Para os autores, a pesquisa quantitativa tenta fazer uma mensuração precisa de algo, sendo utilizada para medir comportamento, conhecimento, opiniões e atitudes do consumidor. Essa metodologia responde questões relacionadas a quanto, com que frequência, quantos, quando e quem; embora o levantamento não seja a única metodologia do pesquisador quantitativo, ele é considerado o mais importante. Já o objetivo da pesquisa qualitativa se baseia na imersão do pesquisador no fenômeno a ser estudado, reunindo dados que fornecem uma descrição detalhada de fatos, situações e interações entre pessoas e coisas, assim, fornecendo profundidade e detalhe. Algumas vezes, também é chamada de pesquisa interpretativa porque buscar criar entendimento por meio de descrição detalhada; geralmente, constrói teoria, mas raramente a testa. Vantagens e limitações dos métodos Conforme McDaniel e Gates (2004), o tamanho da amostra pode ser um ponto crítico do método qualitativo, pois muitos gestores relutam em basear importantes decisões estratégicas em pesquisas com amostras pequenas, com as quais se sentem muito dependentes da subjetividade e da interpretação do pesquisador. Preferem e se sentem mais à vontade com o método quantitativo, isto é, com amostras grandes, analisadas em computador, resumidas em tabelas, com níveis de significância estatística e dados gerados de maneira rigorosa e científica. Por outro lado, destaca-se que a popularidade do método qualitativo se deve a alguns fatores, como, por exemplo, o fato de ser um estudo muito mais barato que o método quantitativo. Além disso, alguns consideram que não existe método melhor do que o qualitativo para compreender a fundo as motivações e os sentimentos dos consumidores e que esse método pode melhorar a eficiência dapesquisa quantitativa (McDaniel; GATES, 2004). Esse último fator tem contribuído para que os pesquisadores de marketing combinem os dois métodos em um único estudo ou em uma série de estudos. Pesquisas já realizadas mostram que a pesquisa de marketing pode utilizar, para maior eficiência, os resultados do método qualitativo depois do estudo realizado com o método quantitativo, destacando-se que, em alguns projetos, o inverso também pode ser realizado; assim, tem-se um aumento da eficiência da pesquisa de marketing que poderá ser utilizada para a tomada de decisões (McDaniel; GATES, 2004). McDaniel e Gates (2004) também destacam as limitações dos métodos de pesquisa. O método qualitativo oferece informações bastante úteis, mas não é levado a sério por muitos pesquisadores devidos às suas limitações. Uma das limitações do método qualitativo está relacionada ao fato de que, muitas vezes, os sucessos e fracassos do marketing são baseados em pequenas diferenças no mix de marketing. O método qualitativo não distingue essas pequenas diferenças tão bem quanto o método quantitativo de larga escala. Contudo, o método qualitativo é, às vezes, superior na detecção de problemas que podem passar despercebidos em um estudo quantitativo. Outra limitação do método quantitativo é que eles não representam necessariamente a população que interessa ao pesquisador, pois, muitas vezes, as pessoas participantes do estudo qualitativo se sentem à vontade para dizer somente os que lhes interessa, afetando o resultando da pesquisa. Outro fato importante é que o método qualitativo envolve muitas pessoas que se dizem especialistas na área, mas que, no entanto, nem possuem treinamento formal, pois essa pesquisa não exige uma certificação em pesquisa de marketing, de modo que qualquer um pode declarar-se especialista em pesquisa qualitativa. Com o método quantitativo isso já não acontece: para a realização desse estudo, é preciso um treinamento extensivo, muitas vezes, pelo fato de que é preciso utilizar princípios matemáticos e estatísticos, sendo praticamente impossível autodenominar-se especialista em método quantitativo. Lind (2012) comenta que as vantagens e desvantagens de ambos os métodos são largamente discutidas na literatura. Para o autor, um método qualitativo fornece uma forma compacta de descrição e profunda compreensão dos fenêmoneos na perspecitiva dos sujeitos, assume uma orientação holística preocupada com a descrição do sistema inteiro e não apenas com alguns elementos isolados, mas, por outro lado, esse método pode apresentar problemas em relação à sua objetividade, replicabilidade e representatividade, uma vez que recorre a um relativamente pequeno tamanho de amostras. Um método quantitativo apresenta vantagens e limitações contrárias, ou seja, enfatiza a validade, a consistência interna e procura explicações parcimoniosas que, no entanto, assumem uma forma mais geral ou superficial, porque lhes falta a riqueza do método qualitativo. Devido a isso, um grande número de autores sugere uma integração dos métodos quantitativos e qualitativos, com o intuito de capitalizar os pontos fortes de ambos os métodos, ao mesmo tempo, e de diminuir, assim, suas limitações. Pode-se, então, combinar o melhor possível dos dois métodos utilizando, em primeiro lugar, um método qualitativo para averiguar a pertinência de questões a serem investigadas e, em seguida, procurar respostas para algumas questões, utilizando um método quantitativo (LIND, 2012). Santos (1999) apresenta as seguintes principais vantagens dos métodos qualitativos: ▪ Geram informações ricas e detalhadas que mantêm intactas as perspectivas dos participantes; ▪ Possibilitam uma compreensão do contexto dos comportamentos de saúde e de resultados de programas; ▪ Fornecem informações úteis a respeito de tópicos mais pessoais ou de difícil abordagem em desenhos de estudos mais estruturados. ▪ Quanto às principais limitações dos estudos qualitativos, a autora aponta as seguintes: ▪ As medidas tendem a ser mais subjetivas, e a possibilidade de viés do observador pode comprometer a validade do estudo; ▪ Os resultados não podem ser generalizados; ▪ O trabalho é intenso e demorado, podendo ter um custo elevado em relação a pessoal e viagens; ▪ a análise de dados subjetivos é, muitas vezes, percebida como problemática, trabalhosa, e o pesquisador deve ser muito experiente, a ponto de poder criticar a possibilidade de seu próprio viés de observação. Em concordância com os autores já estudados, Serapioni (2000) comenta sobre os dois métodos: ▪ Métodos qualitativos: ▪ Fenomenologia e compreensão: analisam o comportamento humano, do ponto de vista do ator, utilizando a observação naturalista e não controlada; ▪ São subjetivos e estão perto dos dados (perspectiva de dentro, insider), orientados ao descobrimento; ▪ São exploratórios, descritivos e indutivos; ▪ São orientados ao processo e assumem uma realidade dinâmica; ▪ São holísticos e não generalizáveis. ▪ Métodos quantitativos: ▪ São orientados à busca da magnitude e das causas dos fenômenos sociais, sem interesse pela dimensão subjetiva, e utilizam procedimentos controlados; ▪ São objetivos e distantes dos dados (perspectiva externa, outsider), orientados à verificação e hipotético-dedutivos; ▪ Assumem uma realidade estática; ▪ São orientados aos resultados, são replicáveis e generalizáveis. Oliveira et al. (2013) contribuem com essa questão defendendo que os estudos qualitativos visam compreender os indivíduos em seu próprio contexto, requerem flexibilidade e criatividade do investigador, sendo uma abordagem muito utilizada pelas ciências sociais. As pesquisas qualitativas não formulam hipóteses e desenvolvem conceitos e compreensões a partir da análise dos dados. Já as pesquisas quantitativas buscam a definição de categorias, trabalhando com o enfoque da verificação. Os dados são coletados por meio de instrumentos estruturados e enfatiza-se a objetividade empírica usando técnicas estatísticas para correlação dos dados, sendo as relações entre os fatos estatisticamente determinadas, repetíveis e mensuráveis. Pode-se dizer que a descrição quantitativa envolve a predominância, a incidência, o tamanho e os atributos mensuráveis de um fenômeno. Quanto às potencialidades de cada abordagem, para os autores, as pesquisas qualitativas são capazes de aprofundar a complexidade de fenômenos, fatos e processos particulares de grupos mais ou menos delimitados e capazes de serem abrangidos intensamente. Geralmente, são envolvidas várias estratégias de coleta de dados, além de haver uma análise contínua, sendo de grande importância o envolvimento direto do pesquisador nessas etapas da pesquisa. Um dos pontos fortes dos estudos qualitativos é que, neles, experimenta-se a realidade tal como os sujeitos a sentem ou vivem. Para Oliveira et al. (2013), a abordagem quantitativa, por sua vez, utiliza a linguagem matemática para descrever, representar ou interpretar a multidiversidade dos fenômenos e as possíveis relações entre variáveis. Nesse sentido, ressalta-se a função da estatística em estabelecer, a partir de testes, a relação entre um modelo teórico proposto e os dados observados. Tem sua base no paradigma positivista e possui característica explicativa, partindo de um raciocínio dedutivo; além disso, trabalha sob conceitos e/ou categorias genéricas dadas pelas observações e experimentações e pela descoberta de leis que ordenam o social. Uma das potencialidades da pesquisa quantitativa é a possibilidade de generalização dos resultados. Enfatiza-se que não se justifica a escolha de uma abordagem em virtude do desconhecimento da outra, e, sim, que deve ser considerado o método que melhor se adequa à questão de pesquisa. A despeito dos métodos qualitativo e quantitativo apresentarem potencial para atender objetivos de pesquisas, faz-se necessárioreconhecer, também, que ambos possuem limites em sua utilização. As maiores críticas aos estudos qualitativos são a falta de procedimentos rigorosos para guiar a correlação dos achados e a falta de regras precisas sobre as técnicas empregadas. Cada observação é única, depende do objeto, do investigador e do participante. Outra limitação apontada é que, tanto os investigadores quanto os investigados são agentes, o que implica o risco de perder a objetivação, estando em jogo a subjetividade do investigador. Além disso, pode haver redução da compreensão do outro e da realidade a uma compreensão introspectiva de si mesmo (familiaridade/estranhamento) e representatividade da fala individual em relação a um coletivo maior (checar o que é dito com o que é feito, celebrado e/ou está cristalizado). Quanto aos estudos quantitativos, há uma limitação da estatística para dar conta da compreensão de fenômenos complexos que não podem ser apreendidos por questionários padronizados e analisados com rigor matemático. Por tratar de experimentos aleatórios e trabalhar com probabilidade, nesse tipo de abordagem, ordem e regularidade só podem ser estabelecidas, de forma aproximada, por meio de testes de hipóteses estatísticas (OLIVEIRA et al., 2013). As diferentes formas de pesquisa qualitativa e quantitativa Os métodos de pesquisa estão correlacionados de acordo com os tipos de estudos (Figura 2). O estudo exploratório tem como principal característica a informalidade, a flexibilidade e a criatividade; procura-se obter, com ele, um primeiro contato com a situação pesquisada e a sua realização se dá por meio de dados secundários, conversas informais com pessoas especializadas no assunto de interesse ao estudo e com base no método qualitativo (SAMARA; BARROS, 2007). Os estudos descritivos procuram descrever situações de mercado, tratando de quem, o quê, quanto, como, onde, quando e por quê compra, por exemplo. Podem ser utilizados métodos qualitativos e quantitativos e se dividem em estudos descritivos estatísticos e de caso (SAMARA; BARROS, 2007). O estudo descritivo estatístico ou pesquisa quantitativa buscará uma análise quantitativa das relações de consumo, respondendo a questão “quanto?” para cada objetivo do projeto de pesquisa que tenha adotado essa metodologia. Daí a necessidade de esses estudos serem realizados a partir da elaboração de amostra da população, utilizando-se a estatística para esse fim, pois o que se pretende é extrapolar os resultados obtidos na amostra em estudo para determinada população. Esses resultados serão analisados e interpretados a partir de médias e percentuais das respostas obtidas (SAMARA; BARROS, 2007). O estudo descritivo de caso ou pesquisa qualitativa tem como característica principal compreender as relações de consumo em profundidade. Sendo realizada a análise qualitativa das informações obtidas, esse estudo busca identificar as motivações de consumo em um aspecto realista, respondendo questões como: como as pessoas compram? Por que compram? O método qualitativo é realizado em pesquisas a partir de entrevistas individuais ou discussões em grupos, e sua análise verticalizada em relação ao objeto em estudo permite identificar pontos comuns e distintos presentes na amostra escolhida (SAMARA; BARROS, 2007). O método qualitativo pode ser utilizado para saber os motivos de compra, de preferência ou a imagem de determinada marca de produtos, podendo ser realizadas discussões em grupo com consumidores especialmente recrutados para esse fim. A discussão em grupo é um recurso muito utilizado em pesquisas qualitativas e se dá com base na reunião de, geralmente, oito a dez pessoas, com um mediador, e tem como finalidade investigar de forma aprofundada um determinado problema de estudo. É necessário que o recrutamento dos participantes dos grupos seja feito por profissional competente, que, de posse do perfil desejado, saiba avaliar corretamente o entrevistado ideal para participar do grupo (SAMARA; BARROS, 2007). Para comparar ambos os tipos de pesquisa, veja o Quadro 2, a seguir, adaptado de Samara e Barros (2007). Dessa forma, identificamos que os métodos qualitativos e quantitativos devem ser vistos como complementares. Os métodos de pesquisa qualitativa tendem a ser bem menos estruturados e são baseados em amostras pequenas, não representativas e analisadas de uma maneira não estatística. Pelo contrário, o método de pesquisa quantitativo procura evidências conclusivas baseadas em amostras grandes e representativas e, normalmente, envolve uma análise estatística, podendo ser considerada conclusiva e utilizada para recomendar um curso final de ações (MALHOTRA, 2011). Flick (2013) contribui com a discussão trazendo que, apesar das diferenças, os dois métodos têm alguns pontos em comum, pois as duas abordagens: trabalham simultaneamente usando métodos empíricos; visam a generalização das suas conclusões para outras situações que não são a situação da pesquisa e para outras pessoas que não os participantes do estudo; buscam algumas questões de pesquisa para as quais os métodos selecionados devem ser apropriados; devem responder essas questões usando procedimento planejado e sistemático; têm de checar o seu processo de pesquisa para aceitabilidade ética e adequabilidade; têm de tornar seu processo de pesquisa transparente, isto é, apresentando os resultados e caminhos que conduziram a eles. Assim, podemos perceber que os métodos quantitativos e qualitativos oferecem abordagens diferentes, cada uma tem seus pontes fortes e fracos e também suas limitações quanto ao que pode ser estudado. Porém, esses métodos podem complementar-se, tornando-se, assim, mais benéficos e eficazes para a pesquisa a ser realizada. Mercados e concorrentes Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Definir o papel da análise de concorrentes na pesquisa de marketing. • Descrever como fazer uma análise do mercado e identificar concorrentes. • Explicar a influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa. Introdução O ambiente competitivo do marketing é caracterizado por constantes mudanças. Na década de 1970, a estratégia do marketing estava fundamentada na análise de todas as áreas da empresa, majoritariamente nos fatores internos da organização; atualmente, a estratégia do marketing está voltada aos três Cs: clientes, canais e concorrência. A maior ênfase vem sendo dada à análise dos concorrentes, uma vez que um mercado de muitos concorrentes pode determinar a saída de empresas menos preparadas em sua área de atuação. A diversidade de concorrentes em diferentes regiões — em escala local, nacional e global — exige das organizações reações imediatas, que devem ser sugeridas pelos profissionais do marketing ao se realizar a análise de concorrentes na pesquisa de marketing. Neste capítulo, você estudará aspectos inerentes ao papel da análise de concorrentes na pesquisa de marketing, aprenderá como fazer uma análise do mercado e identificar concorrentes e compreenderá a influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa e na implementação de uma estratégia mercadológica. Análise de concorrentes na pesquisa de marketing O ambiente competitivo do marketing é caracterizado por constantes mudanças, o que faz com que o processo de análise e interpretação dos dados disponíveis no mercado seja, também, adaptado e aperfeiçoado. Na década de 1970, por exemplo, a estratégia do marketing estava fundamentada na análise de todas as áreas da empresa, majoritariamente nos fatores internos da organização, como: produção, finanças, desenvolvimento, vendas, marketing, distribuição, clientes, entre outros. Atualmente, Wensley (2005) enfatiza que a estratégia do marketing está voltada aos três Cs, conformedemonstra a Figura 1, a seguir. Concorrente Empresa Canais Clientes Figura 1. O triângulo da estratégia dos três Cs. Fonte: Wensley (2005, p. 41). Inicialmente, o foco principal estava em estudos de posicionamento baseado em clientes, dentro de um espaço produto–mercado particular. Com relação aos canais ou cadeias de suprimento, seus aspectos têm sido vistos como uma questão estratégica de importância cada vez maior, com o objetivo de avaliar o provável impacto de estratégias independentes desenvolvidas pelos intermediários para a empresa. No entanto, uma maior ênfase vem sendo dada à análise dos concorrentes, que, no mínimo, deve habilitar aos profissionais do marketing para a exploração de uma nova oportunidade que é conhecida de todos, mas sem enfrentar significativa reação competitiva (WENSLEY, 2005). A concorrência é um fator importante a ser considerado pelas organizações e é uma variável fora das possibilidades de controle. Além da concorrência de produtos, existe, também, a concorrência a nível de empresas. Um mercado de muitos concorrentes pode determinar a saída de empresas menos preparadas em sua área de atuação. A diversidade de concorrentes em diferentes regiões, em escala local, nacional e global, exige das organizações reações imediatas, e essas devem ser sugeridas pelos profissionais do marketing ao se realizar a análise de concorrentes na pesquisa de marketing (LAS CASAS, 2009). “A concorrência é, com a tecnologia, uma das mais influentes e ágeis variáveis nos negócios da empresa” (LAS CASAS, 2015, p. 119). Dessa forma, com as constantes mudanças da concorrência, as empresas necessitam ajustar seus compostos de marketing, as adaptações devem ser mais frequentes e o monitoramento do mercado precisa ser constante, uma vez que o fator tempo torna-se estratégico e vital para o sucesso da empresa. Kotler e Keller (2006) ressaltam, ainda, que a construção de marcas fortes exige um profundo conhecimento da concorrência, que se acirra a cada dia. As ameaças dos concorrentes surgem de toda a parte: concorrentes globais, concorrentes virtuais, marcas próprias, marcas de lojas criadas para oferecer alternativas mais baratas e extensões de marcas criadas por marcas maiores e já consolidadas, a fim de alavancar seus pontos fortes e ingressar em novos segmentos. Para traçar e implementar com eficiência as melhores estratégias de marketing, as empresas devem estar atentas aos concorrentes. Os mercados se tornaram competitivos demais para que o foco se mantenha apenas no consumidor. Conforme Las Casas (2015), uma empresa normalmente encontra três tipos de concorrência: • Concorrência de marca: concorrentes diretos de uma empresa, pois lidam com produtos similares: Exemplo: o Banco Itaú concorre diretamente com o Banco Bradesco. • Produtos substitutos: são todos os produtos que competem entre si para satisfazer uma necessidade ou um desejo. Exemplo: um parque de diversão concorre com um cinema para satisfazer uma necessidade de entretenimento; um computador desktop concorre com laptops. • Produtos gerais: em tese, todas as empresas concorrem entre si ao disputar o limitado poder de compra dos consumidores. Assim, os produtos que atendem às necessidades básicas do indivíduo concorrem com aqueles que proporcionam segurança, status, autoestima e autor-realização, além das necessidades criadas pela tecnologia. Ao dissertar sobre mercados e concorrentes, é fundamental ter conhecimento das cinco forças competitivas propostas por Michael Porter (Figura 2). O autor acredita que o esforço dos empresários deve ser direcionado a fazer algo diferente daquilo que os concorrentes estão fazendo, e não apenas igual ou melhor, pois isso torna a organização homogênea, sem diferenciais competitivos. Para se ter vantagem sobre a concorrência, é necessário inovar, ou seja, fazer coisas de modo diferente ou combinar novas ideias que não sejam facilmente copiadas pelos concorrentes, como, por exemplo, evitar fazer diferenciais apenas em produtos — é importante, portanto, diversificar várias etapas do processo produtivo. Novos concorrentes potenciais ( ameaça de mobilidade ) Fornecedores ( poder de barganha do fornecedor ) Concorrentes do setor ( rivalidade de segmento ) Compradores ( poder barganha do comprador ) Substitutos ( ameaça de substitutos ) Figura 2. As cinco forças que determinam a atratividade estrutural dos segmentos. Fonte: Kotler e Keller (2006, p. 337). Confira, a seguir, uma descrição das cinco forças propostas por Porter. • Ameaça de rivalidade intensa no segmento (concorrentes do setor): um segmento não é atraente se já possui concorrentes fortes e numerosos. É necessário observar alguns aspectos importantes: excesso de capacidade, ausência de diferenciação de produtos, produto no estágio de maturidade, custos fixos elevados, entre outros. São condições que levarão a guerras de preço, batalhas no campo de propagandas e lançamento de novo produtos, o que tornará a competição onerosa (KOTLER; KELLER, 2006; LAS CASAS, 2015). • Ameaça de novos concorrentes: a atratividade de um segmento varia conforme se configuram as barreiras à entrada e à saída desse segmento. Aspectos importantes a serem analisados são: exigência de muito capital, proteção por patentes e know-how, acesso de canais de distribuição, custos de mudança e diferenciação de produtos que seja percebida pelos consumidores (KOTLER; KELLER, 2006; LAS CASAS, 2015). • Ameaça de produtos substitutos: um segmento não é atraente quando há substitutos reais ou potenciais para o produto, limitando os preços e os lucros do segmento (KOTLER; KELLER, 2006). • Ameaça do poder de barganha cada vez maior dos compradores: um segmento não é atrativo se os compradores possuírem um grande poder de barganha ou em crescimento. O poder de barganha é maior quando os compradores se organizam e se concentram, quando o produto representa uma parcela significativa dos custos do comprador, quando o produto não é diferenciado, quando os custos de mudança dos compradores são baixos e quando os compradores são sensíveis a preço devido às baixas margens de lucro. Desenvolver ofertas superiores que não possam ser rejeitadas por compradores de peso é um modo de defesa (KOTLER; KELLER, 2006). • Ameaça do poder de barganha cada vez maior dos fornecedores: um segmento não é atraente se os fornecedores da empresa puderem elevar os preços ou reduzir as quantidades fornecidas. Desenvolver relações com os fornecedores em que todas as partes saiam ganhando ou usar várias fontes de fornecimento são formas de defesa (KOTLER; KELLER, 2006). Logo, entender os concorrentes e suas atividades pode garantir muitos benefícios à organização. Aaker (2012) enfatiza que o entendimento dos pontos fortes e fracos da estratégia atual de um concorrente pode sugerir oportunidades e ameaças que merecerão uma resposta desafiante. Informações sobre estratégias futuras do concorrente podem prever ameaças e oportunidades emergentes, e uma decisão acerca de alternativas estratégicas pode aumentar a capacidade de prever a provável reação dos concorrentes em potencial. Assim, a análise dos concorrentes pode resultar na identificação de algumas incertezas estratégicas que justificam um monitoramento próximo ao longo do tempo Análise do mercado e a identificação de concorrentes Identificar concorrentes não é tarefa fácil para uma empresa. A faixa de concorrentes reais e potenciais é bem mais ampla do que se imagina, uma vez que a empresa está mais propensa a ser atingida por novos concorrentes ou novas tecnologias do que por concorrentes já existentes. Com base em Kotler e Keller (2006), a análise do mercado para a identificação dos concorrentes podedar-se do ponto de vista setorial da concorrência ou de mercado da concorrência. Um setor pode ser definido como “um grupo de empresas que oferecem um produto ou uma categoria de produtos que são substitutos próximos uns dos outros” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 239). A análise do setor se dá de acordo com a quantidade de vendedores e os níveis de diferenciação do produto; a presença, ou não, de barreiras à entrada, à mobilidade e à saída; as estruturas de custo; o grau de integração vertical e o grau de globalização. Quantidade de vendedores e níveis de diferenciação O ponto de partida para descrever um setor é especificar a quantidade de fornecedores ou empresas vendedoras que atuam nele e definir se o produto é homogêneo ou altamente diferenciado. Essas características dão origem a quatro tipos de situação de mercado: • Monopólio: esse mercado se dá quando determinado setor ou ramo tem apenas uma empresa vendendo em determinada região e, por isso, detém controle sobre os preços. Para o mercado, é ruim quando a situação é monopolística, uma vez que os fornecedores se acomodam e os consumidores saem prejudicados. A marca Gatorade, por exemplo, chegou a ter quase 90% do mercado de bebidas isotônicas dirigidas para os praticantes de esportes (LAS CASAS, 2015). • Oligopólio: uma pequena quantidade de (geralmente) grandes empresas vendem e controlam o mercado. A limitação desse mercado pode dar-se por diversas causas — uma delas corresponde à necessidade de altos investimentos de capital, limitando novas empresas a entrar no mercado. Exemplos de setores com altos investimentos que caracterizam o mercado oligopolista são os de aviação, telefonia, siderúrgico, entre outros (LAS CASAS, 2015). • Concorrência pura: caracterizada por um grande número de concorrentes e muitos consumidores. Nesse caso, não é difícil entrar e sair do mercado, por isso, são muito numerosos. Os produtos tendem a ser homogêneos, do tipo commodity, e a concorrência se dá em nível de preço, como, por exemplo, a venda de hortifrutigranjeiros (LAS CASAS, 2015). • Concorrência monopolista: muitos concorrentes com ofertas de produtos e serviços similares; no entanto, são capazes de diferenciar-se no todo ou em parte. As empresas têm condições de fazer constante diferenciação, agregando valor ao produto e impondo um preço premium, como, por exemplo, as marcas de grife (KOTLER; KELLER, 2006). Barreiras à entrada, à mobilidade e à saída Entre as principais barreiras para entrada, estão a necessidade de muito capital, economias de escala, exigências de patentes e licenciamento, escassez de locais, matérias-primas ou distribuidores. Até mesmo depois que uma empresa ingressa no setor, ela pode enfrentar as barreiras à mobilidade ao tentar inserir-se em segmentos de mercado mais atraentes. As barreiras à saída consistem em restrições governamentais, baixo valor de patrimônio recuperável, obrigações legais perante clientes, credores e funcionários, falta de oportunidades alternativas, entre outros (KOTLER; KELLER, 2006). Estrutura de custos Cada setor possui certa composição de custos que moldará, em grande parte, sua conduta estratégica. Por exemplo, a indústria siderúrgica envolve custos elevados de fabricação e matéria-prima; já as fabricantes de brinquedos envolvem custos elevados na distribuição e no marketing. Dessa forma, cada empresa trabalha para reduzir seus custos mais altos (KOTLER; KELLER, 2006). Grau de integração vertical As empresas consideram vantajosa a retrointegração ou à frente (integração vertical). Por exemplo, os principais produtores de petróleo atuam na exploração de petróleo, na perfuração de poços, no refino do petróleo, na fabricação de produtos químicos e no atendimento a postos de gasolina. A integração vertical reduz os custos e a empresa ganha uma porção mais ampla do mercado (KOTLER; KELLER, 2006) Grau de globalização As empresas de setores globais precisam competir globalmente se quiserem alcançar economias de escala e manter-se atualizadas em relação aos avanços tecnológicos mais recentes, como, por exemplo, os setores do petróleo, motores para aeronaves e câmeras fotográficas (KOTLER; KELLER, 2006). No que se refere ao mercado da concorrência, concorrentes são empresas que atendem às mesmas necessidades dos clientes. Kotler e Keller (2006) enfatizam que os profissionais do marketing precisam superar a “miopia do marketing” e parar de definir a concorrência em termos de categorias tradicionais. Assim que a empresa identificar os principais concorrentes, ela deve descobrir suas estratégias, seus objetivos, suas forças e fraquezas. Aaker (2012) enfatiza que conhecer os pontos fortes e fracos do concorrente assegura informações fundamentais para a empresa desenvolver suas estratégias mercadológicas e identificar e selecionar planos alternativos. Um método é explorar um ponto fraco do concorrente em uma área em que a empresa possua um ponto forte existente ou em desenvolvimento. A estratégia deve confrontar o ponto forte da desafiante contra o ponto fraco da concorrente. Pode-se, também, evitar ou neutralizar os pontos fortes do concorrente. Além disso, a empresa deve desenvolver uma análise e monitorar três variáveis principais dos seus concorrentes — apresentadas, a seguir, com base em Las Casas (2015): • Participação de mercado: participação do concorrente no mercado-alvo. • Share of mind: percentual de clientes que mencionaram o nome do concorrente ao responder a questão: “Qual é o nome da primeira empresa que lhe vem à mente nesse setor de negócios?”. • Share of heart (participação de preferência): percentual de clientes que mencionaram o nome do concorrente ao responder a questão: “Qual é a empresa da qual você preferiria comprar o produto X?”. EXEMPLO Uma empresa pedia aos clientes que classificassem seus três concorrentes — A, B e C — com base em cinco atributos, conforme apresentado na tabela a seguir. Conscientização Qualidade Disponibilidade Assistência técnica Equipe do cliente do produto do produto de vendas Concorrente A E E I I B Concorrente B B B E B E Concorrente C R I B R R Nota: E = Excelente, B = Bom, R = Regular, I = Insatisfatório. O concorrente A revelou-se conhecido e respeitado por fabricar produtos de boa qualidade, vendidos por uma boa equipe de vendas, mas também se mostrou insatisfatório no que dizia respeito à disponibilidade do produto e à assistência técnica. O concorrente B revelou-se bom em todos os aspectos e excelente no que se referia à garantia de disponibilidade do produto e à equipe de vendas. O concorrente C foi classificado de insatisfatório a regular na maioria dos atributos. Essas informações sugeriram que a empresa poderia atacar o concorrente A em relação à disponibilidade do produto e à assistência técnica e o concorrente C em relação a quase todos os aspectos, mas não deveria atacar o concorrente B, que não possui nenhuma fraqueza evidente. Em seguida, a empresa realizou o monitoramento da participação de mercado, do share ofmind e da participação de preferência (share ofheart) de seus concorrentes. Os resultados estão evidenciados na tabela a seguir: Participação de mercado (%) Share of mind (%) Participaçãode preferência (%) 2000 2001 2002 2000 2001 2002 2000 2001 2002 Concorrente A 50 47 44 60 58 54 45 42 39 Concorrente B 30 34 37 30 31 35 44 47 53 Concorrente C 20 19 19 10 11 11 11 11 8 O concorrente A possui maior participação de mercado, mas está começando a perdê-la. Como explicação parcial, pode-se dizer que isso está relacionado com o fato de seu share of mind e sua participação de preferência também estarem diminuindo, provavelmente, porque a empresa não vem oferecendo boa disponibilidade de produto, tampouco assistência eficaz. O concorrente B está aumentando cada vez mais sua participação de mercado, provavelmente devido a estratégias para aumentar seu share of mind e sua participação de preferência. O concorrente C parece estar preso em um nível inferior de participação de mercado, de share ofmind e de participação de preferência, possivelmente devido à inferioridade dos atributos de seus produtos e de seu marketing. “Pode-se concluir que as empresas que conquistam ganhos constantes em share ofmind e participação de preferência inevitavelmente alcançam ganhos em participação de mercado e em lucratividade” (KOTLER; KELLER, 2006, p. 343). Logo, após ter identificado e analisado seus concorrentes, a empresa pode concentrar seu ataque em um dos seguintes grupos de concorrentes: ▪ Fortes versus fracos: a maioria das empresas direciona seus ataques aos concorrentes fracos, pois isso exige menos recursos; no entanto, a empresa deve competir igualmente com os concorrentes fortes para acompanhar os melhores; ▪ Próximos versus distantes: a maioria das empresas compete com os concorrentes que mais se parecem com elas, mas as empresas também devem identificar concorrentes distantes, como é o caso dos museus, que passaram a se preocupar com parques e shopping centers; ▪ Bons versus maus: a empresa deve auxiliar seus concorrentes bons e atacar os concorrentes maus. Os bons são os que atuam segundo as regras do setor; os maus tentam comprar participação em vez de conquistá-la, arriscam-se muito e tumultuam o equilíbrio do setor. A influência do mercado nas decisões estratégicas da empresa Sabe-se que o mercado contém muitas variáveis incontroláveis e controláveis que a afetam diretamente nas suas decisões estratégicas; contudo, a concorrência, geralmente, é alvo de maiores considerações. No mercado, surgem concorrentes a todo momento, o que exige dos profissionais do marketing constantes adaptações das decisões estratégicas mercadológicas desenvolvidas. A partir da identificação, análise e seleção dos concorrentes, etapas apresentadas anteriormente, é necessário o desenvolvimento de estratégias de marketing. O nível e o crescimento de vendas e participação de mercado fornecem indicadores importantes a serem analisados para a tomada de decisão empresarial. A manutenção de uma posição forte no mercado ou a obtenção de crescimento rápido, geralmente, refletem um concorrente forte e uma estratégia bem-suce-dida. Entretanto, uma posição de mercado deteriorada pode sinalizar esforços financeiros ou organizacionais passíveis de afetar o interesse e a capacidade da empresa de adotar certas estratégias (AAKER, 2012). As estratégias de marketing podem ser abordadas a partir das lições de guerra e discutidas sob a ótica das estratégias de ataque e defesa. Estratégias de ataque Empresas que normalmente atacam são aquelas que querem obter situação mais privilegiada em algum mercado. Seu princípio básico é a concentração nos seus pontos fortes e nos pontos fracos da concorrência. Veja, no Quadro 1, possibilidades diferentes de ataques. Quadro 1. Estratégias de ataque Ataque frontal A empresa ataca seu adversário frente a frente. Nesse caso, ela precisa ter recursos para obter resultados ou, então, vantagens suficientes para manter sua posição. Ela certamente terá um contra-ataque da empresa atacada, que procurará manter sua posição. Por isso, talvez essa seja uma das mais perigosas estratégias de marketing. Ataque pelos flancos Consiste em procurar competir em áreas geográficas, países ou mercados locais onde a concorrência apresenta muitos pontos fracos. Geralmente, os ataques ocorrem quando esses concorrentes apresentam alguns pontos fracos e os clientes não estão sendo bem atendidos. Pode ser, também, o lançamento de um novo produto. Ataque em círculos O objetivo do ataque em círculos é o de atacar muitas frentes ao mesmo tempo, deixar o concorrente obrigado a espalhar os seus recursos e enfraquecê-lo. Como a ideia é muitas frentes ao mesmo tempo, a estratégia requer um bom investimento. Ataque por by-pass (circuito secundário) A empresa procura atender novos mercados e lançar novos produtos. A empresa diversifica, evitando conflitos. Ataque por guerrilha O ataque é feito de forma constante, mas consistindo em pequenos ataques. Geralmente, o atacante faz uma investida e recua. Partindo das cinco amplas estratégias de ataque, Kotler e Keller (2006, p. 354) apresentam o desenvolvimento das seguintes estratégias de ataque específicas para as desafiantes: Desconto no preço: pode-se oferecer um produto similar a um preço mais baixo. Para isso, são necessárias três condições: a desafiante deve convencer os compradores de que seu produto e serviço são similares aos da líder; os compradores devem ser sensíveis à variação de preço; e a líder de mercado deve recusar-se a reduzir o preço, mesmo com o ataque da concorrente. Produtos mais baratos: a desafiante pode oferecer um produto de qualidade média ou baixa a um preço muito menor. No entanto, as empresas que se estabelecem com essa estratégia podem ser atacadas por outras com preços ainda menores. Produtos e serviços bons e baratos: consiste em combinar preços baixos a alta qualidade para capturar a participação de mercado das líderes. Produtos de prestígio: a desafiante pode lançar um produto de qualidade superior e cobrar um preço mais alto que o da líder. Proliferação do produto: a empresa desafiante pode atacar a líder lançando uma variedade mais ampla de produtos, a fim de oferecer mais opções ao consumidor. Inovação do produto: a desafiante busca inovação do produto. Melhores serviços: a desafiante disponibiliza novos ou melhores serviços aos clientes. Inovação na distribuição: a desafiante desenvolve um novo canal de distribuição. Redução dos custos de produção: conseguir custos de produção menores por meio de compras mais eficientes, mão de obra mais barata e equipamentos de produção mais modernos. Promoção e propaganda intensivas: atacar as líderes de mercado aumentando gastos em propaganda e promoções. EXEMPLO A coreana Samsung, fabricante de produtos eletrônicos de consumo, utilizou diversas estratégias de desafiante para ultrapassar as fabricantes japonesas e começar a superar suas vendas e uma ampla gama de produtos. Assim como muitas outras empresas asiáticas, a Samsung preferia domínio de volume e mercado em vez de lucratividade. No entanto, durante a crise financeira asiática do fim dos anos 1990, quando grandes conglomerados coreanos afundaram sob uma montanha de dívidas, a Samsung adotou uma conduta diferente. Cortou custos e investiu pesado na flexibilidade da manufatura: é graças a ela que seus produtos passam da fase do projeto para as prateleiras das lojas em apenas seis meses. Além disso, a empresa busca com voracidade a inovação, usando o salto tecnológico para fabricar telefones celulares de alta tecnologia que são campeões de vendasno mundo todo (KOTLER; KELLER, 2006, p. 354-355). Estratégias de defesa São as estratégias que se contrapõem aos ataques da concorrência. No Quadro 2, a seguir, você pode conferir uma explicação sobre cada uma dessas estratégias defensivas. Quadro 2. Estratégias de defesa Defesa de posição A empresa fortalece sua posição atual. Procura, com isso, tornar forte um ponto fraco, defendendo sua posição e assegurando seu produto e mercado. Assim, empresas que fabricam determinado produto procuram investir em verticalização, comprando fábricas de componentes, embalagens, etc. Defesa de flanco A empresa procura defender sua posição atual por meio da entrada em novos segmentos ou, então, reforçando algum ponto fraco que tenha. Defesa antecipada “A melhor defesa é o ataque” é o princípio ativo dessa forma de defesa, em que uma das possibilidades é atacar o inimigo antes que ele comece a ofensiva. O ataque pode ser qualquer das alternativas anteriormente recomendadas como estratégias de ataque. Defesa contraofensiva Sempre que uma empresa for atacada, ela deve reagir e procurar contra-atacar. Uma empresa que reduz o preço ou faz uma propaganda comparativa contra o concorrente deve ter uma reação imediata. Notícias negativas, muitas vezes geradas pela própria concorrência, podem ser prejudiciais. Portanto, para o contra-ataque, é possível usar ferramentas variáveis de marketing como relações públicas, promoção de vendas, propaganda, dependendo da ferramenta usada para o ataque. Defesa móvel A empresa procura ampliar a sua exposição, atacar mercados que ainda não foram atacados anteriormente e subsidiar outras posições da empresa para servir como futuros centros de defesa e ataque. Defesa por retração A empresa reconhece que deve retirar-se estrategicamente de algum mercado por já não defender mais seu território. Muitas vezes, a retirada é total, mas, em grande parte das vezes, visa a concentração do foco. Contudo, algumas empresas preferem utilizar estratégias antiguerra para competir no mercado, uma vez que os recursos que seriam usados para combater o inimigo concorrente são direcionados para a satisfação dos clientes por meio de patrocínios de eventos culturais ou de lazer. O marketing social, cultural e do terceiro setor são atividades que têm obtido cada vez mais adeptos — e os investimentos oferecem até incentivos fiscais para os que aplicam. Atualmente, investir no social pode ser uma forma mais adequada de se obter simpatia e fidelidade dos clientes e consumidores em potencial (LAS CASAS, 2015). Pesquisa como ferramenta na gestão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir o papel da pesquisa como ferramenta de tomada de decisão. Analisar o uso da tecnologia em pesquisas de marketing. Justificar o uso da pesquisa de marketing no desenvolvimento de novos negócios/marcas. Introdução A pesquisa de marketing visa coletar dados e transformá-los em informações que venham a ajudar os executivos de marketing na solução de problemas específicos e no processo de tomada de decisão. Os profissionais do marketing precisam de informações precisas e imediatas sobre clientes, concorrentes e do mercado como um todo, a fim de atender ao principal objetivo do marketing: a satisfação das necessidades do consumidor. A tarefa da pesquisa de marketing consiste em avaliar as necessidades de informação e fornecer à gerência informações relevantes, precisas, confiáveis, válidas e atuais para embasar a tomada de decisão. Para isso, as empresas têm à sua disposição a tecnologia, que compreende sistemas integrados de rede de comunicações, banco de dados e banco de software, que coletam e interpretam informações para auxiliar na tomada de decisão gerencial, na identificação de problemas e, também, de tendências do mercado. A pesquisa de marketing desempenha um papel importante no processo de desenvolvimento de novos negócios, marcas ou produtos, auxiliando na busca e na avaliação de ideias para lançamentos que venham a satisfazer os consumidores. Neste capítulo, você estudará aspectos inerentes ao papel da pesquisa como ferramenta de tomada de decisão, conhecerá o uso da tecnologia em pesquisas de marketing e compreenderá o uso dessas pesquisas no desenvolvimento de novos negócios/marcas. A pesquisa como ferramenta de tomada de decisão O marketing pode ser entendido como um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação e da troca de valor com os outros — mais especificamente, o marketing envolve a construção de relacionamentos lucrativos e de valor com os clientes. Os profissionais do marketing devem entender as necessidades e os desejos dos clientes e o mercado no qual atuam (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). Da mesma forma, Zikmund (2006) enfatiza que satisfazer o consumidor é o objetivo do marketing. Assim, a pesquisa de marketing tem o propósito de obter informações que identifiquem problemas e as necessidades dos consumidores, preenchendo lacunas de informações existentes entre os executivos de marketing e os consumidores. Desenvolver um novo produto, evitar a comercialização de produtos que não sejam orientados para o cliente e medir a satisfação do consumidor são exemplos de situações que necessitam da execução de uma pesquisa de marketing, visando a lucratividade do negócio e a satisfação do cliente. O papel da pesquisa de marketing na tomada de decisão é melhor compreendido à luz do paradigma básico do marketing (Figura 1), o qual deve levar em consideração a totalidade contextual do marketing, isto é, os grupos de clientes, os fatores ambientais incontroláveis, as variáveis controláveis do marketing e os gerentes de marketing. Figura 1. O papel da pesquisa de marketing. A ênfase do marketing está na identificação e na satisfação das necessidades do consumidor. Para isso, é necessário implementar estratégias de marketing e programas que as satisfaçam, de maneira que os gerentes precisam de informações sobre clientes, concorrentes e outras forças de mercado levando em consideração fatores ambientais incontroláveis, que, com o passar dos anos, aumentaram a necessidade de se obter informações melhores, em maior quantidade e em um curto espaço de tempo. A tarefa da pesquisa de marketing consiste em avaliar as necessidades de informação e fornecer à gerência informações relevantes, precisas, confiáveis, válidas e atuais para embasar a tomada de decisão, uma vez que essa decisão não se baseia em instinto, intuição e puro raciocínio, mas em informações conscientes (MALHOTRA, 2013). EXEMPLO A Johnson & Johnson é considerada a fabricante de produtos para a saúde com maior base do mundo, com mais de 250 empresas em 57 países em 2009. Apesar de seu sucesso no setor, a tentativa da Johnson & Johnson de usar seu nome corporativo na aspirina infantil não foi bem- sucedida. Os produtos Johnson & Johnson são percebidos como suaves, mas a suavidade não é o que as pessoas querem em uma aspirina infantil. Embora esta deva ser segura, a suavidade em si não é um traço desejável. Pelo contrário, algumas pessoas acharam que uma aspirina suave poderia não ser suficientemente eficaz. Esse é um exemplo de algo que, intuitivamente, parecia natural, mas que, sem pesquisa de marketing adequada, mostrou ser uma decisão incorreta (MALHOTRA, 2013, p. 10). Sendo assim, “[...] o principal valor gerencial da pesquisa de marketing vemda sua capacidade de reduzir a incerteza. Ela gera informações que facilitam a tomada de decisão quanto a estratégias e táticas de marketing” (ZIKMUND, 2006, p. 11). O valor da pesquisa de marketing dependerá da natureza da decisão gerencial a ser tomada; por exemplo, uma decisão tática rotineira que não requer
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