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QUESTÃO DE LETÍCIA e CHACO - Verbetes

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QUESTÃO DE LETÍCIA 
VERBETE CPDOC - FGV 
LINK: HTTP://WWW.FGV.BR/CPDOC/ACERVO/DICIONARIOS/VERBETE-
TEMATICO/LETICIA-CONFLITO-DE 
 
 
Incidente militar entre o Peru e a Colômbia iniciado em agosto-setembro de 
1932, tendo como objeto uma área do extremo sul do território colombiano fronteiriça 
ao Peru e ao Brasil e na qual se localiza a cidade de Letícia. O conflito foi dirimido em 
1934 graças aos esforços de mediação do Brasil, sob o patrocínio da Liga das Nações. 
A área em questão vinha sendo reivindicada pelos dois países desde as guerras 
da Independência no século XIX, até que, em 1922, foi assinado um tratado que ficou 
conhecido como Salomón-Lozano, numa homenagem aos ministros que o negociaram, 
assegurando a posse do território à Colômbia. Desde logo, porém, este tratado provocou 
fortes resistências entre os peruanos, que contestavam sua legitimidade por haver sido 
assinado durante o regime ditatorial do presidente Augusto Leguía. Na noite de 31 de 
agosto para 1º de setembro de 1932, em operação não assumida oficialmente pelo 
governo de Lima, tropas peruanas tomaram de assalto a cidade colombiana de Letícia, 
com apoio de artilharia pesada, hidraviões da força aérea e unidades da flotilha fluvial. 
Com esse ataque desencadearam-se ações de guerra local entre os dois países. 
A ocorrência de choques armados na proximidade da fronteira com o Brasil 
chamou a atenção do governo para os riscos à soberania do país. Entre dezembro de 
1932 e janeiro do ano seguinte, o chanceler Afrânio de Melo Franco, apoiado pelo 
Departamento de Estado norte-americano, propôs às partes um esboço de acordo, 
prevendo a entrega do território contestado ao Brasil e a sua restituição à Colômbia “no 
menor tempo possível”. Enquanto isso, seria inaugurada no Rio de Janeiro, sob os 
auspícios do Itamarati, uma conferência para a revisão do Tratado Salomón-Lozano. 
A proposta esbarrou, de imediato, na insistência peruana para que Letícia ficasse 
sob a custódia do Brasil até o final das negociações, e, caso estas não surtissem 
resultado, passasse ao controle do Peru. Isto suscitou uma reação militar da parte da 
Colômbia, que deslocou sua flotilha para o teatro de operações em meados de janeiro de 
1933. Em 21 de fevereiro, após alguns combates e contínuas violações da neutralidade 
do território brasileiro de parte a parte, o governo de Bogotá apelou para a Liga das 
Nações, temendo represálias peruanas. Para tentar a conciliação, constituiu-se uma 
comissão especial de 13 membros, entre os quais Brasil e Estados Unidos. As propostas 
iniciais da comissão não sensibilizaram o governo peruano (sobretudo a que 
preconizava o emprego de forças colombianas para manter a ordem no território na 
qualidade de “tropa internacional”), nem conseguiram impedir que a Colômbia 
desfechasse ataques intermitentes, chegando a ocupar a vila peruana de Guepi. Não 
obstante, em 25 de maio de 1933, chegou-se a um entendimento preliminar e a 
administração de Letícia foi entregue a uma comissão da Liga das Nações. 
Em 25 de outubro de 1933, instalou-se no Rio a conferência destinada a 
solucionar a questão de fundo entre os dois países, sendo Melo Franco convidado a 
presidi-la. A delegação colombiana era chefiada pelo ministro do Exterior Roberto 
Urdaneta Arbeláez e a peruana, pelo embaixador Victor Maúrtua. A conferência 
arrastou-se inconclusiva e iria ser aparentemente liquidada pelo impasse quando ocorreu 
o pedido de demissão de Melo Franco do Ministério das Relações Exteriores, em 
dezembro de 1933. Consultado por Maúrtua, o chanceler interino Félix de Barros 
Cavalcanti de Lacerda declinou do convite para assumir a presidência da comissão, 
insistindo em que se mantivesse Melo Franco à frente dos trabalhos, sugestão afinal 
aceita. 
Finalmente, após meses de conversações, Colômbia e Peru concordaram com as 
propostas conciliatórias do diplomata brasileiro, assinando o protocolo de paz de 24 de 
maio de 1934. Por ele, o Peru reconhecia o direito da Colômbia sobre o território em 
questão, conforme o tratado de limites de 1922. 
Paulo Kramer 
 FONTE: FRANCO, A. Estadista. 
 
QUESTÃO DO CHACO 
Verbete CPDOC - FGV 
Link : http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/chaco-
questao-do 
Conflito militar em torno da posse da região do Chaco, rica em petróleo, que envolveu a 
Bolívia e o Paraguai entre 1928 e 1935. Depois de longa e infrutífera tentativa de 
mediação diplomática, na qual o Brasil teve parte ativa, a guerra foi decidida nos 
campos de batalha, terminando em junho de 1935 com a vitória paraguaia. 
 
HISTÓRICO 
As disputas diplomáticas entre os dois países pela posse do Chaco Boreal — 
região situada ao norte do rio Pilcomaio e a oeste do rio Paraguai — se arrastavam 
desde meados do século XIX, até que, no início do século XX, a descoberta de lençóis 
petrolíferos reavivou as tensões na área. O petróleo do Chaco era explorado na Bolívia 
pela empresa norte-americana Standard Oil e no Paraguai pelo grupo holandês Royal 
Dutch Shell. 
O primeiro grande choque armado ocorreu em dezembro de 1928, quando os 
paraguaios ocuparam o forte Vanguardia, no norte do Chaco. A represália boliviana não 
se fez esperar: dias depois foram capturadas as guarnições de Bogrecón e Mariscal 
Lopez, na zona do Pilcomaio. A imediata intervenção do secretário de Estado norte-
americano Frank Kellogg, à época presidindo em Washington a Conferência Pan-
Americana de Conciliação e Arbitramento, fez com que os dois países assinassem um 
protocolo em janeiro de 1929, e resultou também na criação de uma comissão de 
investigação e conciliação formada pelos Estados Unidos, Cuba, México, Colômbia e 
Uruguai. O entendimento alcançado sob a égide dessa “comissão de neutros” foi 
efêmero, já que não se fez acompanhar de uma solução definitiva para o problema dos 
limites. 
Embora o Brasil se tivesse recusado a participar da comissão de conciliação, 
temendo prejudicar suas relações quer com a Bolívia, quer com o Paraguai, o 
recrudescimento do conflito terminou por levar o ministro das Relações Exteriores 
Afrânio de Melo Franco a se engajar numa ofensiva diplomática pela paz. Nesse 
sentido, o chanceler autorizou o embaixador brasileiro nos EUA, Rinaldo de Lima e 
Silva, a apoiar todos os esforços da comissão de neutros, transformada em conferência 
especial a partir da proposta boliviana de um pacto de não-agressão com o Paraguai, em 
fins de 1931. Logo percebendo a ineficácia dessas discussões, Melo Franco acolheu a 
sugestão de seu colega argentino, Saavedra Lamas, no sentido de que Rio e Buenos 
Aires tomassem em suas mãos a iniciativa de promover a paz no Chaco. 
Apesar da resistência inicial, a Bolívia passou a demonstrar simpatia pela tese do 
arbitramento defendida pelo Brasil como a única saída satisfatória para o impasse. 
Contudo, em junho de 1932, essas esperanças viram-se repentinamente frustradas 
devido ao reinício dos combates. Em julho, Melo Franco propôs um cessar-fogo 
provisório como prelúdio à convocação de um grupo de países sul-americanos que seria 
encarregado de examinar o problema e propor-lhe uma solução pacífica. Ao mesmo 
tempo, em Washington, a comissão dos neutros estudava a redação de um apelo, 
assinado por 19 nações do continente, conclamando os beligerantes a sustarem as ações 
militares — iniciativa abortada pela categórica recusa da Bolívia. Em agosto, foi a vez 
de o Paraguai rechaçar uma nova fórmula, sugerida pela chancelaria argentina: trégua 
de um mês na base do statu quo territorial, com compromisso de negociação posterior 
— o que, por outro lado, anulava o trabalho de persuasão que o Itamarati vinha 
desenvolvendo junto ao governo de La Paz. 
Com o esgotamento de todos os seus recursos na tentativa de obter a paz, a 
comissão de neutros proclamou sua autodissolução em junho de 1933, transferindo a 
tarefa para um comitê da Liga das Nações. Sensível aos crescentes sinaisde desgaste 
demonstrados pelos dois exércitos (sobretudo o boliviano), Melo Franco julgou que o 
momento era propício para pôr um fim às hostilidades. Obtendo um voto de confiança 
dos estados beligerantes, convenceu-os a solicitarem à Liga que delegasse à Argentina, 
ao Brasil, ao Chile e ao Peru plenos poderes para estudo de uma fórmula de restaurar a 
paz. Obtida a autorização, as negociações tiveram início imediato. Porém, com o passar 
do tempo, percebendo que não se conseguiria atenuar a inflexibilidade dos beligerantes, 
nem obter de Buenos Aires, Santiago e Lima um compromisso mais firme com o 
processo de mediação, Melo Franco foi obrigado a aceitar o prazo de 30 de setembro de 
1933 para o encontro de uma solução, caso contrário as gestões voltariam ao âmbito da 
Liga, o que finalmente aconteceu: na data mesma em que expirava o prazo, o chanceler 
brasileiro recebeu notificação de que a Bolívia não estava disposta a ceder em suas 
posições. 
Apesar de mais esse fracasso, Melo Franco fez ainda um derradeiro esforço de 
paz. Aproveitando o encontro do presidente argentino, general Agustín Justo, com o 
presidente Getúlio Vargas em outubro de 1933, convenceu-os a assinarem uma 
declaração conjunta na qual os dois chefes de Estado exortavam a Bolívia e o Paraguai a 
deporem armas e buscarem um entendimento pacífico. 
Tal apelo também não encontrou qualquer receptividade junto aos dois lados e a 
guerra acabou se decidindo militarmente a favor do Paraguai. Após alguns reveses 
iniciais, as tropas do general José Felix Estigarribia conseguiram encurralar os 
bolivianos e no início de 1935 já dominavam praticamente todo o Chaco. Ao armistício, 
assinado em junho de 1935, seguiu-se o tratado de paz firmado entre os dois países em 
julho de 1938. Segundo o laudo arbitral do Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguai e 
Estados Unidos, o Paraguai ficou com a maior parte da região em disputa, 
comprometendo-se, porém, a permitir livre trânsito à Bolívia pela área. 
Aproximadamente cem mil homens morreram no conflito. 
Paulo Kramer 
FONTES: CHIAVENATO, J. Guerra; FRANCO, A. Estadista; Grande encic. Delta.

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