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Formação dos Estados Modernos

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Formações dos Estados Modernos
 Inglaterra
 Nos primórdios da Idade Média, a região da Bretanha foi invadida pelas tribos dos anglos e saxões. No século XI, por volta de 1060, os normandos do norte da França invadiram as ilhas britânicas sob a liderança do rei Guilherme, o Conquistador. Na batalha de Hastings, ocorrida em 14 de outubro de 1066, chegou ao fim a hegemonia dos anglo-saxões na região. No entanto, o longo período de hegemonia bárbara favoreceu a consolidação dos poderes locais consolidados sob a lógica feudal.
 A Inglaterra teve seu processo de centralização política iniciado a partir da Baixa Idade Média, momento em que a Bretanha estava politicamente dividida em quatro reinos distintos. Sob o comando do rei Henrique II, o processo de unificação territorial foi iniciado com relativa eficácia durante o século XII. No governo seguinte, comandado pelo rei Ricardo Coração de Leão, diversas lutas contra os franceses e o envolvimento nas Cruzadas enfraqueceram o papel da autoridade monárquica.
 A falta de um rei presente e os grandes custos gerados com os gastos em guerras e conflitos motivou a classe nobiliárquica a impor um documento limitando às funções régias. No ano de 1215, o rei João Sem Terra ficou em uma situação delicada quando impedia o rei de criar novos impostos ou alterar leis sem a aprovação do Grande Conselho, um órgão formado por integrantes da nobreza e do clero.
 A criação do Grande Conselho foi considerada por muitos historiadores como um elemento que impediu a formação de um governo tipicamente absolutista na Inglaterra. Ao ingressar na Guerra dos Cem Anos, entre os séculos XIV e XV, os exércitos e a autoridade monárquica britânica passaram a ser prestigiadas mediante as sucessivas vitórias obtidas nesse confronto contra os franceses. Além disso, as revoltas camponesas do século XIV também contribuíram com o enfraquecimento das autoridades locais.
 Com o fim da Guerra dos Cem Anos, a política inglesa ainda sofreu um sério abalo com a disputa entre as famílias York e Lancaster, que se enfrentaram na Guerra das Duas Rosas. No final do conflito, a dinastia Tudor passou a controlar o trono britânico sob a liderança do monarca Henrique VII. A partir de então, a Estado Britânico se fortaleceu de maneira impressionante pautando sua hegemonia, principalmente, no fortalecimento de suas atividades mercantis. Nos governos de Henrique VII e Elizabeth I o afirmando o absolutismo na Inglaterra.
Rei Henrique VII, um dos responsáveis pela centralização monárquica na Inglaterra.
Guilherme, o Conquistador, liderou os normandos do norte da França na invasão das ilhas britânicas.
 França
 Ao longo da Idade Média, o território francês sofreu com o processo de desfragmentação política motivado pelo surgimento do feudalismo. Somente no século XII, ainda durante a dinastia capetíngia, o processo de centralização política francês foi iniciado pelo rei Filipe II. Usando dos conflitos contra os ingleses pelo controle do norte da França, este monarca conseguiu formar um grande exército sustentado pelos impostos cobrados ao longo do território nacional.
 A formação desse imponente exército e a vitória contra os ingleses permitiu a ampliação do poder político real. A partir de então, o rei francês criou um articulado corpo de funcionários públicos que deveriam impor a autoridade real em oposição aos senhores feudais. Paralelamente, a burguesia passou a ceder grandes quantias para que o rei garantisse a liberdade das cidades através de uma carta de franquia, documento concedido pelo próprio monarca que liberava os centros urbanos das taxações feudais.
 Durante o governo do rei Luís IX, o poderio real foi ampliado com a criação de instituições jurídicas subordinadas às leis nacionais e a economia comercial se fortaleceu com a instituição de uma única moeda nacional. Tempos depois, no governo de Filipe IV, o Belo, a autoridade monárquica, já era uma realidade presente. No ano de 1302, a assembleia dos Estados Gerais -composta pelo clero, a nobreza e os comerciantes – foi criada com o intuito de reafirmar a ação política do rei.
 Através desse órgão, o rei Filipe IV conseguiu impor taxas sobre as propriedades da Igreja. A ação do monarca francês foi imediatamente repreendida pelo papa Bonifácio VIII, que ameaçou o rei de excomunhão. Com a morte do papa, Filipe interferiu para escolhido como papa e, além disso, forçou que a sede do Vaticano fosse transferida para a cidade de Avignon. Nas décadas seguintes, esse episódio marcou uma rixa entre o Estado francês e a Igreja conhecida como ‘o cativeiro de Avignon” ou “Cisma do Ocidente”.
 A essa altura, a supremacia da autoridade monárquica francesa parecia não ter mais nenhum tipo de obstáculo. No entanto, as disputas fiscais e territoriais com a Inglaterra inseriram o Estado francês nos prolongados e penosos conflitos que marcaram a Guerra dos Cem Anos. Ao longo do século XIV, os gastos com a guerra da Peste Negra e das revoltas camponesas abalaram a supremacia monárquica. Somente no século seguinte, uma série de levantes populares conseguiu interromper as seguidas vitórias dos britânicos na guerra.
 Foi nesse contexto que surgiu a mítica figura de Joana D’Arc, uma humilde filha de camponeses que comandou diversas lutas contra a Inglaterra, alegando cumprir ordens divinas. Essas vitórias fortaleceram politicamente Carlos VII, que foi coroado como rei da França e reorganizou a reação militar contra os britânicos. Mesmo sendo queimada em 1430, acusada de heresia, os feitos heroicos de Joana serviram para que os franceses voltassem a se empenhar na luta.
 No ano de 1453, o rei Carlos VII concluiu o processo de expulsão dos britânicos do território francês e passou a comandar amplos poderes. Com o apoio dos grandes burgueses, centralizou o governo nacional, criou novos impostos e financiou a instituição de um exército permanente. A partir de então, a França tornou-se o exemplo máximo do absolutismo real europeu.
Carlos VII e Filipe IV, personagens principais no processo de formação da monarquia na França.
 Espanha
A Formação dos Estados Nacionais Europeus está entre os acontecimentos mais importantes da passagem da Idade Média para a Idade Moderna. O fortalecimento político da Europa a partir dos séculos XIV e XV e a consequente ascensão do Absolutismo como modelo político ocorreram por meio de guerras, divergências religiosas, acordos aristocráticos e casamentos entre dinastias. Ao lado da Monarquia Nacional Inglesa e da Francesa, a formação da Monarquia Nacional Espanhola determinou o que ficou conhecido como Europa.
 Durante o século VIII d.C., a Península Ibérica (onde estão localizados os atuais países de Portugal e Espanha) passou a sofrer com a ocupação islâmica, que perdurou até o século XIV, época em que os últimos muçulmanos foram expulsos pelos cristãos. Foi nessa atmosfera que se formou a Monarquia Nacional Espanhola.
 A maior organização política islâmica na Península Ibérica foi o Califado de Córdoba, que chegou a criar grandes polos comerciais, milhares de mesquitas, hospitais, entre outras atividades sofisticadas se comparadas com o passado medieval da Península. Com a instituição desse califado e, posteriormente, com a ascensão do Império Almorávida, os cristãos refugiaram-se no extremo norte da Península, de onde se organizaram para combater os árabes.
 O processo de expulsão dos árabes iniciou-se no século XI, quando houve também a formação e consolidação da monarquia astur-leonesa. Foi nesse século também que se iniciaram as Cruzadas e as tentativas de quebra da hegemonia islâmica sobre o mar Mediterrâneo. No século XII, destacaram-se as efetivas Guerras de Reconquista. Os cristãos foram avançando e conseguindo ocupar as regiões de Meseta Central e de Al-Andaluz, culminando na expulsão dos mouros de Andaluzia.
 Foi nesse processo também que se formou Portugal a partir do Condado Portucalense, administrado por Henrique De Borgonha, conhecido como Afonso Henrique. Na medida em que os espanhóis ganharam terrenocom suas conquistas, passaram a desenvolver reinos e vice-reinos. Os quatro principais reinos eram o de Castela, de Aragão, de Navarra e de Leão. Os reinos de Castela, Leão e Aragão unificaram-se com o casamento de Fernando (de Aragão) e Isabel (de Castela e Leão). Dessa união, resultou a formação da Monarquia Espanhola, que no ano de 1492 expulsou o último reduto islâmico do sul da Península Ibérica. Havia uma justificativa que os espanhóis usavam para legitimar as guerras de reconquista, que foi sintetizada pelo pesquisador Carlos Roberto Nogueira:
“A ideia que a Espanha formava uma real unidade conquistada pelos godos e sancionada pela ordo eclesiástica, com o prestígio especial dos vários Concílios de Toledo, portanto, uma legítima unidade que foi usurpada pelo muçulmano invasor, vai se lentamente elaborada e testada até constituir, no final do século XII, uma realidade incontestável, que garantia aos cristãos, em especial aos castelhanos, o direito sagrado e historicamente legítimo de possuir e usufruir da Península e no limite, dela expulsar estrangeiros e infiéis.” Escrito por Carlos Roberto Nogueira.
 O fato é que essa unificação transformou a Espanha no maior império ultramarino da época do Mercantilismo. Sobretudo quando esteve sob o reinado de Felipe II.
A unificação da Espanha formalizou-se com o casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela
 
 Portugal
 Portugal foi o primeiro país a buscar fora da Europa solução para os problemas que estava passando. A descoberta de um novo caminho marítimo para as índias fez-se urgente, pois eliminaria a intermediação muçulmana no Mediterrâneo e o monopólio das cidades italianas, Gênova e Veneza, e do comercio oriental.
 Observamos que Portugal se destaca dos demais países, pois era o lugar da perfeita movimentação de ideias. Com a Dinastia de Borgonha formou-se o Estado nacional, e com a dinastia de Avis promoveu-se a expansão. Segundo Nobert Elias, a nação lusitana tornou-se forte politicamente e foi o primeiro país europeu a constituir um Estado Moderno, dedicado á atividade comerial-marítima, assumindo práticas mercantilistas. Portugal percebeu rapidamente que o ocidente não se definia mais pela região romana ou pela cultura latina, mas também pela liberdade política.
 A economia, que era baseada exclusivamente na agricultura, perdeu importância para outras atividades. As cidades portuárias cresceram e com isso surgiram novas profissões, as pequenas indústrias artesanais começaram a expandir e a imprensa foi aperfeiçoada. Ocorreu uma significativa transformação social nas pequenas cidades, composta por mercadores, comerciantes e artesãos, as quais passaram a “desafiar” o poder dos nobres.
 O homem lusitano começou a se redescobrir, mudar de valores e passou a ter uma nova visão do mundo e uma nova corrente de ideias, de novas sensibilidades, de novos costumes, de novas formas de fazer política. A ideia de que o destino estava traçado por forças superiores, a qual caracterizava o homem como ser passivo, foi substituída gradativamente pela convicção de que ele era o dono de seu próprio destino.

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