Buscar

CADERNO_DE_RESUMOS_XIX_JORNADA_DE_HISTOR (1)

Prévia do material em texto

Carolina Kesser Barcellos Dias 
Fábio Vergara Cerqueira 
(Organizadores) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADERNO DE RESUMOS 
 
 
 
 
 
 
 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA 
CULTURA E POLÍTICA NA ANTIGUIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga 
Instituto de Ciências Humanas 
Universidade Federal de Pelotas 
Pelotas 
2018 
 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
2 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
Reitor: Pedro Hallal 
 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS 
Diretor: Sidney Gonçalves Vieira 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA 
Coordenador: Edgar Avila Gandra 
Coordenadora Adjunta: Daniele Gallindo G. Silva 
 
COMISSÃO ORGANIZADORA 
Coordenação 
Profa. Dra. Carolina Kesser Barcellos Dias 
Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira 
 
Equipe discente: 
Ariane Regina Bueno da Cunha 
Bernardo Lorenzini 
Caroline Melo Armesto 
Edward Dutra dos Anjos 
Enzo Acosta Xavier 
João Francisco Neves Souza 
João Gomes Braatz 
Kevin Costa Queiroz Fernandes 
Lucas de Souza Pedroso 
Lucas Tunes Fernandes 
Milena Rosa Araújo Ogawa 
Ricardo Hammes Stone 
Sofia Giglio Pires 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPA 
Profa. Dra. Carolina Kesser Barcellos Dias 
Edward Dutra dos Anjos 
 
REALIZAÇÃO 
LECA – Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga 
 
APOIO 
PPGH – Programa de Pós-graduação em História – UFPel 
ATRIVM - Espaço Interdisciplinar de Estudos da 
Antiguidade – UFRJ 
GEMAM – Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo 
Mediterrânico – UFSM 
 
 
 
 
 
 
DIAS, Carolina Kesser Barcellos Dias; CERQUEIRA, Fábio 
Vergara (orgs.). Caderno de Resumos da XIX Jornada de História 
Antiga da UFPel - “Cultura e Política na Antiguidade”. Universidade 
Federal de Pelotas, Pelotas - RS, 2018. 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
3 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CONFERÊNCIAS 
 
Cultura e política na Esparta arcaica 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo Da Rocha Júnior ............................................................................................... 5 
 
Os atos injustos dos governantes na oligarquia produzem a democracia: sobre as disputas 
pelo passado e seus reflexos para o futuro de Atenas 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello ......................................................................................................... 5 
 
 
MINICURSOS 
 
 
Música na antiguidade clássica: uma introdução 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior ................................................................................................ 5 
 
A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello ......................................................................................................... 6 
 
 
COMUNICADORES 
 
 
Amanda Basilio Santos ...................................... 6 
Carolina Kesser Barcellos Dias ........................ 9 
Darcylene Pereira Domingues .......................... 6 
Douglas Ferreira dos Santos ............................. 9 
Eduardo Christmann ......................................... 7 
Giovana da Rosa Carlos .................................... 7 
 
Jussemar Weiss Gonçalves ................................ 8 
Lisiana Lawson Terra da Silva .......................... 8 
Matheus Barros da Silva .................................... 9 
Maurício Albuquerque da Cunha ..................... 9 
Milena Rosa Araújo Ogawa ............................... 9 
Vitor Naoki Miki Gomes ................................. 10 
 
 
 
PROGRAMAÇÃO 
 
25 DE JUNHO DE 2018 
 
Credenciamento – 13h – 17h 
 
Mesa de Comunicação I – 14h – 16h50 
 
Medeia e suas perspectivas - Darcylene Pereira Domingues (FURG) 
Mamãe deixe-me casar: Clitemnestra e Electra na construção androcêntrica - Jussemar 
Weiss Gonçalves (FURG) 
Isonomia e cidadania: masculinidades em conflito na obra Contra Neera - Lisiana Lawson 
Terra da Silva (FURG) 
Quando o não-diálogo é a posição ética: Antígone e nós - Matheus Barros da Silva (FURG) 
Mito de Laios: formas de ser e exercer o masculino - Vitor Naoki Miki Gomes (FURG) 
 
Conferência - 19h – 22h 
Cultura e política na Esparta arcaica 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo Da Rocha Júnior 
 
 
 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
4 
 
 
26 DE JUNHO DE 2018 
 
Credenciamento – 13h – 17h 
 
Minicurso I - 8h30 – 10h 
Música na antiguidade clássica: uma introdução 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior 
 
Minicurso II - 10h30 – 12h 
A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello 
 
Conferência – 14h 
Os atos injustos dos governantes na oligarquia produzem a democracia: sobre as disputas 
pelo passado e seus reflexos para o futuro de Atenas 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello 
 
Mesa de Comunicação II - 19h – 22h 
Simbologia heráldica: biografias visuais em monumentos funerários do século XV - Amanda 
Basilio Santos (UFRGS) 
O Sistro Ápulo Na Cerâmica Ápula - Eduardo Christmann (UFPel) 
Papiros Mágicos Gregos: Possibilidades De Estudo E Considerações Iniciais - Giovana Da 
Rosa Carlos (UFSM) 
(Re)Imaginando O Passado Medieval Na Inglaterra Vitoriana: O Caso De Ricardo I - O 
“Coração De Leão” - Maurício Albuquerque Da Cunha (UFPel) 
A Universidade Vai À Escola: Uma Experiência De Professores Universitários Em Cursos 
Populares - Milena Rosa Araújo Ogawa (UFPel), Douglas Ferreira Dos Santos (FURG), Carolina 
Kesser Barcellos Dias (UFPel) 
 
 
 
27 DE JUNHO DE 2018 
 
Minicurso I - 8h30 – 10h 
Música na antiguidade clássica: uma introdução 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior 
 
Minicurso II - 10h30 – 12h 
A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
5 
 
 
RESUMOS 
 
Conferências 
 
CULTURA E POLÍTICA NA ESPARTA ARCAICA 
 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior 
Universidade Federal do Paraná - UFPR 
 
A cidade de Esparta, nas fontes atenienses do século V a. C., é caracterizada como altamente 
militarizada e como um lugar onde a cultura tradicional era muito valorizada, não havendo ali um 
ambiente propício para inovações. Contudo, pretendo mostrar que, antes do século V, Esparta foi 
um centro cultural que atraiu poetas-músicos de diferentes lugares do mundo helênico e esses 
estrangeiros tiveram importante participação na vida política da cidade. 
 
 
 
OS ATOS INJUSTOS DOS GOVERNANTES NA OLIGARQUIA 
 PRODUZEM A DEMOCRACIA: 
SOBRE AS DISPUTAS PELO PASSADO E SEUS REFLEXOS PARA O FUTURO DE 
ATENAS 
 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
 
Nos embates em torno de uma Constituição Ancestral os atenienses do fim do século V 
A.E.C. disputam por um passado que justifique as mudanças no presente e possibilite seus planos 
para o futuro da polis. 
Mesmo entre os antigos atenienses três grupos eram identificados neste período. Suas ações, 
no entanto, parecem ser por vezes díspares com uma disposição entre oligarcas e democratas. Os 
interesses, como se apresentam nas relações pessoais, parecem mais voltados para o fim da guerra, 
com discordâncias, entre os grupos, nas formas de se alcançar este fim. O debate político sobre o 
controle da polis não é combativo quando do início do que se chama de golpe oligárquico dos 
Quatrocentos, nem mesmo quando do estabelecimento dos Trinta Tiranos. São as ações destes, 
quando abusando de seu poder, que causam dificuldades e crises no âmbito político de Atenas. Esta 
Constituição Ancestral, esta patrios politeia, parece concentrar o espírito do período em seu desejo 
pelo fim da situação contemporânea em prol de um exemplo dos ancestrais. Uma similaridade entre 
os três grupos envolvidos. 
As ações de membros específicos destes grupos ajudam a elucidar asmotivações gerais dos 
atenienses. As consequências destas ações levaram a um ambiente de oposição a homens 
representando uma organização oligárquica da polis. A formação desta oposição consolidou o que 
costuma se chamar de democracia ateniense do período clássico, mas que melhor define a 
democracia do século IV, como estabelecida neste período de stasis. 
 
 
Minicursos 
 
MÚSICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: UMA INTRODUÇÃO 
 
Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior 
Universidade Federal do Paraná - UFPR 
 
Neste minicurso tratarei de noções básicas para a compreensão da Música na Antiguidade 
Clássica: como ela era executada; que instrumentos musicais eram usados e em que situações; a 
partir de que fontes e de que autores podemos estudar a musicalidades dos povos greco-romanos e 
se seria possível executar e ouvir melodias antigas hoje. Desse modo, pretendo apresentar um 
panorama sobre os estudos da Música na Antiguidade Clássica. 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
6 
 
 
 
A POLÍTICA ATENIENSE EM INSCRIÇÕES: 
SOBRE COMO OS HÁBITOS EPIGRÁFICOS REVELAM A POLIS. 
 
Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello 
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 
 
Este minicurso se divide em duas partes. Inicialmente apresentar-se-ão as características da 
fonte epigráfica desde sua descoberta até sua edição. É importante poder entender o processo 
empreitado pelos epigrafistas para viabilizar as críticas da fonte por parte dos historiadores. Desta 
maneira pode-se perceber a gama de possibilidades que tais fontes trazem para a reflexão da 
pesquisa em história. 
Na segunda parte do curso se averiguará as possíveis relações entre os temas e tipos de 
inscrições, os locais de publicação e as tendências políticas ateniense. O debate sobre a política em 
Atenas, em especial para o período Clássico, já é bastante volumoso. Na academia brasileira cabe 
inserir reflexões sobre como as fontes epigráficas, também enquanto fontes materiais, podem 
adicionar às pesquisas que tem por base as clássicas fontes literárias. No decorrer do curso 
pretende-se matizar os debates sobre o desenrolar político ateniense a partir de uma ampla análise 
das práticas de uso da epigrafia, dos hábitos epigráficos. 
 
 
Comunicações 
 
SIMBOLOGIA HERÁLDICA: BIOGRAFIAS VISUAIS EM MONUMENTOS 
FUNERÁRIOS DO SÉCULO XV 
Amanda Basilio Santos 
Doutoranda em História - UFRGS 
 
A heráldica trata-se de um sistema de uso hereditário sistemático de padrões e dispositivos 
arranjados em um escudo, surgido em torno do século XII, com uma grande variedade de opções 
de padrões iconográficos e uso de cores. Em seus primórdios é associada ao uso militar, e como 
forma de identificação de cavaleiros em campo de batalha. O certo é que a heráldica era um reflexo 
da compreensão e constituição das ideias de linhagem e de família durante o medievo. A heráldica, 
portanto, ocupava um importante papel social na transmissão das memórias e feitos familiares 
durante o período medieval. Podemos considera-la um forte sócio-transmissor, servindo ao mesmo 
tempo como propaganda e ferramenta política. Nesta exposição iremos tratar de símbolos 
heráldicos analisados no mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (PPGMP-UFPEL), 
encontrados em monumentos tumulares originários do século XV, que são definidos como tumbas 
transi ou tumbas cadáveres. A heráldica, presente essencialmente nas tumbas do alto clero e de 
membros da nobreza, constituem um papel de biografia visual, que mostra a trajetória familiar e as 
conquistas individuais dos patronos dos monumentos. A análise da presença heráldica torna-se 
fundamental para compreender o contexto e as possibilidades de usos dos monumentos tumulares, 
que serviam como estandartes do papel desempenhado pelo indivíduo e por sua família dentro de 
sua comunidade, sempre exaltando as conquistas e as obras executadas em suas vidas. 
Considerando o contexto turbulento que as elites enfrentavam no século XV para a própria 
sobrevivência e manutenção de seus privilégios políticos, estes monumentos eram fundamentais 
dentro dos assuntos públicos destas famílias. 
 
 
MEDEIA E SUAS PERSPECTIVAS 
Darcylene Pereira Domingues 
Mestranda em História - FURG 
 
A princípio declaramos que a figura feminina denominada Medeia fez-se presente no 
imaginário coletivo da antiguidade assim observamos que ela atraiu distintos autores que se 
dedicaram a retratá-la e procuraram compreender a totalidade dessa mulher que é volúvel. 
Utilizamos esse conceito pois a personagem rapidamente muda de um posicionamento frágil e 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
7 
 
 
submisso para uma ação energética, justamente para convencer alguns personagens, desta forma 
demonstrando um comportamento que num primeiro momento pode ser visto como instável. 
Neste sentido, encontramos a princesa entrelaçada nos relatos da expedição dos Argonautas com a 
figura de Jasão na mitologia grega, posteriormente representada na poética e na encenação trágica 
de Eurípides e por fim em algumas literaturas latinas. Além disso, contemporaneamente permanece 
seduzindo leitores, dramaturgos, cineastas e pesquisadores que decidem mergulhar na essência de 
Medeia. Sendo assim, o presente trabalho aspira demonstrar as diversas interpretações acerca da 
personagem e como essas leituras a individualizam, na maioria das vezes, por meio de um discurso 
androcêntrico. A maioria das indagações está centrada na sua representação construída pelo trágico 
Eurípides no ano de 431a.C e a partir dessa poesia reverberam diversas interpretações sobre a 
personagem, algumas se dedicam a demonstrar que Medeia era motivada pelo páthos, assim o crime 
contra seus próprios filhos é interpretado como um efeito do sentimento profundo e feroz que 
sentia. Em contrapartida, encontramos também discursos que destinam a racionalidade da 
personagem utilizando para tanto o estatuto da ação puramente humana como um processo 
racional. Além das perspectivas já aludidas, Medeia possui um caráter mítico que muitas vezes é 
considerado o fato de ser neta do deus Sol e sobrinha da deusa Circe são fatos postos como 
agravante do ato, pois ela representa esse passado mítico incontrolável dos deuses. E por fim, o 
aspecto referente ao seu poder de manipular e conhecer ervas e filtros mágicos que ocasionam 
segundo o mito e fala da ama na tragédia, a morte de Pélias, Glauce e Creon. A princesa é vista 
como conhecedora dessa sabedoria, isto posto, que afirma durante a tragédia esse conhecimento a 
colocando num nível de superioridade perante os outros personagens masculinos. Ademais 
podemos encontrar novas produções latinas com a figura dramática de Medeia, especificamente em 
Roma, local onde foi recriar diversas tragédias gregas. Portanto, possuímos o interesse de elucidar 
algumas afirmações a respeito da figura dramática atentando para uma possível caracterização pela 
perspectiva de gênero. 
 
 
O SISTRO ÁPULO NA CERÂMICA ÁPULA 
Eduardo Christmann 
Graduando em História - UFPel 
 
Esta comunicação pretende demonstrar os resultados parciais da pesquisa desenvolvida no 
projeto no qual sou colaborador como bolsista CNPQ-PIBIC, “Representações iconográficas de 
instrumentos musicais na pintura dos vasos ápulos: relações interculturais greco-indígenas na 
Magna Grécia (século V e IV a.C.)”, sob orientação do Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira. Tal 
pesquisa tem por objeto o instrumento musical conhecido como “sistro ápulo” ou “xilofone”, 
recebendo às vezes ainda outros nomes, presente na iconografia dos vasos produzidos na técnica de 
figuras vermelhas e na do estilo “de Gnathia” na região da Apúlia, sul da Itália, e que suscita há 
alguns anos debates entre os historiadores, tendo sido propostas algumas interpretações. Nesse 
sentido, elaborou-se um inventário de aparições desse instrumento, o qual se constitui em esboço 
de um catálogo temático a ser construído posteriormente na pesquisa. 
Palavras-chave: Magna Grécia; Iconografia;Instrumentos musicais. 
 
 
PAPIROS MÁGICOS GREGOS: 
POSSIBILIDADES DE ESTUDO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Giovana da Rosa Carlos 
Graduanda em História - UFSM 
 
Os Papiros Mágicos Gregos contêm variados tipos de encantamentos e ensinamentos 
mágicos. Originalmente, foram escritos em grego, mas algumas partes estão em copta. A coleção foi 
encontrada em diversas expedições arqueológicas durante os séculos XIX e XX nas regiões egípcias 
de Tebas e do Fayum, principalmente. As datações arqueológicas dos papiros apontam para um 
intervalo de tempo entre os séculos I e VII d.C, porém, a maioria dos papiros dos PGM pertence 
aos séculos III e IV d.C. Nesse período da história egípcia, parte do Império Romano, houve uma 
pluralidade religiosa bastante expressiva e interessante de ser estudada. Em nossos dias, os Papiros 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
8 
 
 
Mágicos Gregos estão localizados pelos museus de países como Inglaterra, França e Alemanha, 
contudo, é possível acessar o conteúdo deles por meio de obras de tradução. O Papiro IV foi parte 
da coleção de Anastasi, um cônsul sueco. Tal Papiro contém vários ensinamentos de 
encantamentos, como a chamada “Liturgia de Mitra" e a “Prática de comunicação com um 
Demônio Profético utilizando um Escaravelho”. O Papiro IV apresenta uma impressionante 
variedade de temáticas mágicas que podem abordar da prática de licnomancia ou hidromancia até 
um encantamento de amor ou de desejo erótico. Diante do exposto, nosso estudo pretende elencar 
os primeiros apontamentos de uma pesquisa de Iniciação Científica sobre os textos de magia 
presentes no Papiro IV. Estamos utilizando a tradução em língua inglesa editada pelo professor 
Hans Dieter Betz para realizar tal estudo. Nesta comunicação, possuímos o objetivo de apontar os 
elementos gerais e as percepções iniciais que tivemos da documentação, além dos aspectos básicos 
sobre a coleção supracitada. Portanto, pretendemos apresentar um panorama geral sobre a coleção 
de papiros e, simultaneamente, elaborar algumas possibilidades de trabalho historiográfico com o 
Papiro IV. 
 
MAMÃE DEIXE-ME CASAR: 
CLITEMNESTRA E ELETRA NA CONSTRUÇÃO ANDROCENTRICA 
Jussemar Weiss Gonçalves 
Doutor em História - FURG 
 
Trata-se de discutir as personagens Clitemnestra e Eletra, mãe e filha na peça de Sofocles, a 
partir de uma interpretação de gênero. O que se quer é ressaltar a construção androcntrica desses 
personagens, na medida em que eles marcam uma forma de interpretar o feminino na tragédia 
grega. Através de uma disputa entre mãe e filha pode-se observar a construção de duas personagens 
que se mostram como modelos do universo feminino e que serve de modelo para a cidade de 
Atenas. Eletra uma jovem que se impossibilitada de casar pois sua mãe, Clitemnestra a impede, já 
que seu casamento levaria a uma crise no seu poder na cidade. Assim sem conseguir realizar-se 
enquanto, mulher Eletra lamenta as atitudes de sua mãe que agem totalmente fora do padrão do 
feminino na época. 
 
ISONOMIA E CIDADANIA: 
MASCULINIDADES EM CONFLITO NA OBRA CONTRA NEERA 
 
Lisiana Lawson Terra da Silva 
Mestre em História - FURG 
 
Este trabalho busca analisar a partir da perspectiva das relações de gênero uma das obras 
que integra o Corpus Demosthenicum, o discurso de acusação atribuído à Apolodoro, Contra 
Neera, do século IV AEC. Acreditamos que em uma organização social singular que tem como 
fundamento a isonomia surgem conflitos entre os gêneros que procuram validar posições sociais e 
políticas. Assim, buscamos demonstrar que a argumentação apresentada na obra em questão, 
baseada nas características e funções do feminino na pólis, tem como objetivo legitimar, ou não, 
uma ideia de cidadão ateniense. Sendo a isonomia um sistema sociopolítico que prevê a igualdade 
entre os cidadãos, entendemos que a diferença entre os gêneros é tema candente na pólis. 
Compreender os direitos da mulher “cidadã” nesta nova configuração social que desenvolve novas 
práticas culturais que deslocam a ideia entre o público e o particular e que colocam a questão 
feminina no centro da discussão é o que observamos nas fontes. Pode-se dizer que a mulher 
mesmo estando despossuída de participação política na cidade desempenha um papel de igualdade 
com o homem quando a questão é a geração de cidadãos. Mas, como os homens reagem em relação 
a essa nova ideia de participação cívica feminina, em certa medida pública? Em nosso entendimento 
as fontes demonstram o desbordamento dos conflitos e demonstram que se as mulheres estão sob 
a tentativa de controle na pólis os homens também o estão. Visto que a construção da 
masculinidade se dá em relação ao feminino e estando este sob debate, automaticamente a 
compreensão do que é ser um Homem ateniense também está em pauta. Pois, em última análise, 
são homens discutindo entre eles, a partir de suas construções mentais androcêntricas, a 
participação feminina na cidade e o que é ser um cidadão. 
 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
9 
 
 
 
QUANDO O NÃO-DIÁLOGO É A POSIÇÃO ÉTICA: 
ANTÍGONE E NÓS 
Matheus Barros da Silva 
Mestre em História - FURG 
 
Nota-se que a noção de consenso é a tônica no modelo liberal-burguês de organização do 
campo social. O que fundamenta o consenso é a ideia de diálogo como ferramenta privilegiada 
capaz de apaziguar os conflitos entre as classes e seus interesses no interior da vida comum. Essa 
posição me parece conformista e paralisadora. Minha intenção na presente fala é pensar com e a 
partir da tragédia Antígone um aspecto que entendo subjazer o texto e ainda não muito bem 
explorado. Falo da posição de recusa ao diálogo por parte da heroína homônima. Nesse sentido, a 
posição inflexível de Antígone deve ser compreendia como a recusa de adotar a gramática de 
dominação – de Creon. É por essa chave de leitura que quero articular o texto de Sófocles ao nosso 
tempo, um tempo no qual a ideologia dominante vende a ideia de que conflitos de classe, direita e 
esquerda, oprimidos e opressores seriam móbiles já sem sentido, e que a democracia liberal é o 
horizonte último de civilidade. Pois nota-se, negar-se ao diálogo pode ser a única via de conduta 
propriamente ética quando é negar-se a submeter-se ao domínio estrangeiro. 
 
 
(RE)IMAGINANDO O PASSADO MEDIEVAL NA INGLATERRA VITORIANA: 
O CASO DE RICARDO I - O “CORAÇÃO DE LEÃO” 
Maurício Albuquerque da Cunha 
Mestrando em História - UFPel 
 
Este trabalho versa sobre a construção mítica do rei Ricardo I, popularmente conhecido pela 
alcunha Cour de Lion (“Coração de Leão”), e sua recepção na Inglaterra Vitoriana. Do medievo aos 
dias atuais Ricardo, tornou-se um monarca de grande fama e popularidade, graças, por um lado, a 
seus feitos durante a Terceira Cruzada, e, por outro, às narrativas folclóricas e literárias que 
adicionaram vários elementos a sua história de vida – transformando-o em um personagem quase 
lendário. Poucos anos após morrer em batalha, em 1199, já é possível identificar, através de 
manuscritos iluminados e fontes literárias medievais, a imagem de um rei justo, prodígio nas artes 
militares, cristão fervoroso, seguidor dos mandamentos da cavalaria, exímio estrategista, 
combatente feroz do islã e (principalmente) de Saladino, que (ainda) ecoa fortemente em nossa 
literatura contemporânea, assim como no cinema, nos desenhos animados e nas mídias em geral. 
À luz das teorias do neomedievalismo, da representação, da ficção e do imaginário, analisaremos 
aqui a recepção de tal práxis representativa durante a Inglaterra Vitoriana. Busca-se compreender 1) 
como a imagem de Ricardo Coração de Leão é ‘moldada’ pelos protocolos técnicos e ideológicos 
das mídias daquele tempo (literatura, pintura histórica e caricatura); e 2) como estas representações 
dialogam com seus contextos histórico-sociais. 
 
 
A UNIVERSIDADE VAI À ESCOLA: 
UMA EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS EM CURSOS 
POPULARES 
Milena Rosa Araújo Ogawa 
Mestre em História- UFPel 
Douglas Ferreira dos Santos 
Licenciado em História - FURG 
Carolina Kesser Barcellos Dias 
Doutora em Arqueologia - UFPel 
 
 
O presente trabalho objetiva a divulgação do projeto de extensão, A Universidade vai à Escola: uma 
experiência de professores universitários em cursos populares. As atividades foram idealizadas pelo 
Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA) juntamente com o Curso Popular UP, 
sua realização é voltada ao ensino e a extensão universitária, buscando o engajamento de 
XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 
 
10 
 
 
professores especialistas em suas áreas, da Pré-história ao Medievo, para oportunizar e fomentar 
nos estudantes o conhecimento e a discussão dos assuntos abordados, bem como proporcionar que 
o aluno correlacione e ressignifique os períodos estudados com o presente, construindo um diálogo 
em de reflexão crítica dos conteúdos ministrados. 
 
 
MITO DE LAIOS: FORMAS DE SER E EXERCER O MASCULINO 
Vitor Naoki Miki Gomes 
Graduando em História – FURG 
 
O artigo em questão se fez possível pelo grupo de pesquisa: cultura e política no mundo 
antigo do Prof. Dr. Jussemar Weiss Gonçalves vinculado ao Instituto de Ciências Humanas e da 
Informação da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Neste estudo, ainda em andamento; 
tendo em vista que faz parte da monografia de conclusão de curso, História – bacharelado –FURG, 
dedicamo-nos em compreender a influência do mito de Laios no comportamento erótico 
masculino, tendo em vista que tal mito veio a ter uma função de paradigma às relações 
homoeróticas e homoafetivas, condicionando a experiência humana piadética do grego antigo. Por 
meio da decodificação do mito, através de uma leitura de gênero, influenciada por autores como 
Joan Scott e Judith Butler, percebe-se o possível levantamento de pertinentes perguntas a respeito 
da construção social do gênero masculino, na qual, se encontra implícita na narrativa mitológica em 
questão. Ao perceber como o paradigma vigente no mito implicava na regulagem de 
comportamentos homoeróticos, ao ter proposto modelos às relações homoafetivas gregas, se torna 
possível a análise do ser masculino ideal naquela sociedade, pois é perceptível o socialmente 
prestigiado e o renegado. Em suma, pretendemos a partir do estudo do homoerotismo e da 
homoafetividade imbricados no discurso da narrativa mitológica, acessar, de certa forma, as 
maneiras de ser e exercer a masculinidade do grego antigo. 
 
 
 
APOIO 
 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - UFPEL 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – UFPEL 
ATRIVM - ESPAÇO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE – UFRJ 
GEMAM – GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O MUNDO ANTIGO MEDITERRÂNICO – UFSM 
 
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES 
 
Universidade de São Paulo - USP 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ 
Universidade do Minho - Portugal 
Universidade Federal do Rio Grande – FURG 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ 
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM 
 
REALIZAÇÃO 
 
 
 
APOIO

Continue navegando