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Carolina Kesser Barcellos Dias Fábio Vergara Cerqueira (Organizadores) CADERNO DE RESUMOS XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA CULTURA E POLÍTICA NA ANTIGUIDADE Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga Instituto de Ciências Humanas Universidade Federal de Pelotas Pelotas 2018 XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Reitor: Pedro Hallal INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS Diretor: Sidney Gonçalves Vieira PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Coordenador: Edgar Avila Gandra Coordenadora Adjunta: Daniele Gallindo G. Silva COMISSÃO ORGANIZADORA Coordenação Profa. Dra. Carolina Kesser Barcellos Dias Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira Equipe discente: Ariane Regina Bueno da Cunha Bernardo Lorenzini Caroline Melo Armesto Edward Dutra dos Anjos Enzo Acosta Xavier João Francisco Neves Souza João Gomes Braatz Kevin Costa Queiroz Fernandes Lucas de Souza Pedroso Lucas Tunes Fernandes Milena Rosa Araújo Ogawa Ricardo Hammes Stone Sofia Giglio Pires CAPA Profa. Dra. Carolina Kesser Barcellos Dias Edward Dutra dos Anjos REALIZAÇÃO LECA – Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga APOIO PPGH – Programa de Pós-graduação em História – UFPel ATRIVM - Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade – UFRJ GEMAM – Grupo de Estudos sobre o Mundo Antigo Mediterrânico – UFSM DIAS, Carolina Kesser Barcellos Dias; CERQUEIRA, Fábio Vergara (orgs.). Caderno de Resumos da XIX Jornada de História Antiga da UFPel - “Cultura e Política na Antiguidade”. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas - RS, 2018. XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 3 SUMÁRIO CONFERÊNCIAS Cultura e política na Esparta arcaica Prof. Dr. Roosevelt Araújo Da Rocha Júnior ............................................................................................... 5 Os atos injustos dos governantes na oligarquia produzem a democracia: sobre as disputas pelo passado e seus reflexos para o futuro de Atenas Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello ......................................................................................................... 5 MINICURSOS Música na antiguidade clássica: uma introdução Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior ................................................................................................ 5 A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello ......................................................................................................... 6 COMUNICADORES Amanda Basilio Santos ...................................... 6 Carolina Kesser Barcellos Dias ........................ 9 Darcylene Pereira Domingues .......................... 6 Douglas Ferreira dos Santos ............................. 9 Eduardo Christmann ......................................... 7 Giovana da Rosa Carlos .................................... 7 Jussemar Weiss Gonçalves ................................ 8 Lisiana Lawson Terra da Silva .......................... 8 Matheus Barros da Silva .................................... 9 Maurício Albuquerque da Cunha ..................... 9 Milena Rosa Araújo Ogawa ............................... 9 Vitor Naoki Miki Gomes ................................. 10 PROGRAMAÇÃO 25 DE JUNHO DE 2018 Credenciamento – 13h – 17h Mesa de Comunicação I – 14h – 16h50 Medeia e suas perspectivas - Darcylene Pereira Domingues (FURG) Mamãe deixe-me casar: Clitemnestra e Electra na construção androcêntrica - Jussemar Weiss Gonçalves (FURG) Isonomia e cidadania: masculinidades em conflito na obra Contra Neera - Lisiana Lawson Terra da Silva (FURG) Quando o não-diálogo é a posição ética: Antígone e nós - Matheus Barros da Silva (FURG) Mito de Laios: formas de ser e exercer o masculino - Vitor Naoki Miki Gomes (FURG) Conferência - 19h – 22h Cultura e política na Esparta arcaica Prof. Dr. Roosevelt Araújo Da Rocha Júnior XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 4 26 DE JUNHO DE 2018 Credenciamento – 13h – 17h Minicurso I - 8h30 – 10h Música na antiguidade clássica: uma introdução Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior Minicurso II - 10h30 – 12h A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello Conferência – 14h Os atos injustos dos governantes na oligarquia produzem a democracia: sobre as disputas pelo passado e seus reflexos para o futuro de Atenas Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello Mesa de Comunicação II - 19h – 22h Simbologia heráldica: biografias visuais em monumentos funerários do século XV - Amanda Basilio Santos (UFRGS) O Sistro Ápulo Na Cerâmica Ápula - Eduardo Christmann (UFPel) Papiros Mágicos Gregos: Possibilidades De Estudo E Considerações Iniciais - Giovana Da Rosa Carlos (UFSM) (Re)Imaginando O Passado Medieval Na Inglaterra Vitoriana: O Caso De Ricardo I - O “Coração De Leão” - Maurício Albuquerque Da Cunha (UFPel) A Universidade Vai À Escola: Uma Experiência De Professores Universitários Em Cursos Populares - Milena Rosa Araújo Ogawa (UFPel), Douglas Ferreira Dos Santos (FURG), Carolina Kesser Barcellos Dias (UFPel) 27 DE JUNHO DE 2018 Minicurso I - 8h30 – 10h Música na antiguidade clássica: uma introdução Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior Minicurso II - 10h30 – 12h A política ateniense em inscrições: sobre como os hábitos epigráficos revelam a polis Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 5 RESUMOS Conferências CULTURA E POLÍTICA NA ESPARTA ARCAICA Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior Universidade Federal do Paraná - UFPR A cidade de Esparta, nas fontes atenienses do século V a. C., é caracterizada como altamente militarizada e como um lugar onde a cultura tradicional era muito valorizada, não havendo ali um ambiente propício para inovações. Contudo, pretendo mostrar que, antes do século V, Esparta foi um centro cultural que atraiu poetas-músicos de diferentes lugares do mundo helênico e esses estrangeiros tiveram importante participação na vida política da cidade. OS ATOS INJUSTOS DOS GOVERNANTES NA OLIGARQUIA PRODUZEM A DEMOCRACIA: SOBRE AS DISPUTAS PELO PASSADO E SEUS REFLEXOS PARA O FUTURO DE ATENAS Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Nos embates em torno de uma Constituição Ancestral os atenienses do fim do século V A.E.C. disputam por um passado que justifique as mudanças no presente e possibilite seus planos para o futuro da polis. Mesmo entre os antigos atenienses três grupos eram identificados neste período. Suas ações, no entanto, parecem ser por vezes díspares com uma disposição entre oligarcas e democratas. Os interesses, como se apresentam nas relações pessoais, parecem mais voltados para o fim da guerra, com discordâncias, entre os grupos, nas formas de se alcançar este fim. O debate político sobre o controle da polis não é combativo quando do início do que se chama de golpe oligárquico dos Quatrocentos, nem mesmo quando do estabelecimento dos Trinta Tiranos. São as ações destes, quando abusando de seu poder, que causam dificuldades e crises no âmbito político de Atenas. Esta Constituição Ancestral, esta patrios politeia, parece concentrar o espírito do período em seu desejo pelo fim da situação contemporânea em prol de um exemplo dos ancestrais. Uma similaridade entre os três grupos envolvidos. As ações de membros específicos destes grupos ajudam a elucidar asmotivações gerais dos atenienses. As consequências destas ações levaram a um ambiente de oposição a homens representando uma organização oligárquica da polis. A formação desta oposição consolidou o que costuma se chamar de democracia ateniense do período clássico, mas que melhor define a democracia do século IV, como estabelecida neste período de stasis. Minicursos MÚSICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: UMA INTRODUÇÃO Prof. Dr. Roosevelt Araújo da Rocha Júnior Universidade Federal do Paraná - UFPR Neste minicurso tratarei de noções básicas para a compreensão da Música na Antiguidade Clássica: como ela era executada; que instrumentos musicais eram usados e em que situações; a partir de que fontes e de que autores podemos estudar a musicalidades dos povos greco-romanos e se seria possível executar e ouvir melodias antigas hoje. Desse modo, pretendo apresentar um panorama sobre os estudos da Música na Antiguidade Clássica. XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 6 A POLÍTICA ATENIENSE EM INSCRIÇÕES: SOBRE COMO OS HÁBITOS EPIGRÁFICOS REVELAM A POLIS. Prof. Dr. Luis Fernando Telles Dajello Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Este minicurso se divide em duas partes. Inicialmente apresentar-se-ão as características da fonte epigráfica desde sua descoberta até sua edição. É importante poder entender o processo empreitado pelos epigrafistas para viabilizar as críticas da fonte por parte dos historiadores. Desta maneira pode-se perceber a gama de possibilidades que tais fontes trazem para a reflexão da pesquisa em história. Na segunda parte do curso se averiguará as possíveis relações entre os temas e tipos de inscrições, os locais de publicação e as tendências políticas ateniense. O debate sobre a política em Atenas, em especial para o período Clássico, já é bastante volumoso. Na academia brasileira cabe inserir reflexões sobre como as fontes epigráficas, também enquanto fontes materiais, podem adicionar às pesquisas que tem por base as clássicas fontes literárias. No decorrer do curso pretende-se matizar os debates sobre o desenrolar político ateniense a partir de uma ampla análise das práticas de uso da epigrafia, dos hábitos epigráficos. Comunicações SIMBOLOGIA HERÁLDICA: BIOGRAFIAS VISUAIS EM MONUMENTOS FUNERÁRIOS DO SÉCULO XV Amanda Basilio Santos Doutoranda em História - UFRGS A heráldica trata-se de um sistema de uso hereditário sistemático de padrões e dispositivos arranjados em um escudo, surgido em torno do século XII, com uma grande variedade de opções de padrões iconográficos e uso de cores. Em seus primórdios é associada ao uso militar, e como forma de identificação de cavaleiros em campo de batalha. O certo é que a heráldica era um reflexo da compreensão e constituição das ideias de linhagem e de família durante o medievo. A heráldica, portanto, ocupava um importante papel social na transmissão das memórias e feitos familiares durante o período medieval. Podemos considera-la um forte sócio-transmissor, servindo ao mesmo tempo como propaganda e ferramenta política. Nesta exposição iremos tratar de símbolos heráldicos analisados no mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (PPGMP-UFPEL), encontrados em monumentos tumulares originários do século XV, que são definidos como tumbas transi ou tumbas cadáveres. A heráldica, presente essencialmente nas tumbas do alto clero e de membros da nobreza, constituem um papel de biografia visual, que mostra a trajetória familiar e as conquistas individuais dos patronos dos monumentos. A análise da presença heráldica torna-se fundamental para compreender o contexto e as possibilidades de usos dos monumentos tumulares, que serviam como estandartes do papel desempenhado pelo indivíduo e por sua família dentro de sua comunidade, sempre exaltando as conquistas e as obras executadas em suas vidas. Considerando o contexto turbulento que as elites enfrentavam no século XV para a própria sobrevivência e manutenção de seus privilégios políticos, estes monumentos eram fundamentais dentro dos assuntos públicos destas famílias. MEDEIA E SUAS PERSPECTIVAS Darcylene Pereira Domingues Mestranda em História - FURG A princípio declaramos que a figura feminina denominada Medeia fez-se presente no imaginário coletivo da antiguidade assim observamos que ela atraiu distintos autores que se dedicaram a retratá-la e procuraram compreender a totalidade dessa mulher que é volúvel. Utilizamos esse conceito pois a personagem rapidamente muda de um posicionamento frágil e XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 7 submisso para uma ação energética, justamente para convencer alguns personagens, desta forma demonstrando um comportamento que num primeiro momento pode ser visto como instável. Neste sentido, encontramos a princesa entrelaçada nos relatos da expedição dos Argonautas com a figura de Jasão na mitologia grega, posteriormente representada na poética e na encenação trágica de Eurípides e por fim em algumas literaturas latinas. Além disso, contemporaneamente permanece seduzindo leitores, dramaturgos, cineastas e pesquisadores que decidem mergulhar na essência de Medeia. Sendo assim, o presente trabalho aspira demonstrar as diversas interpretações acerca da personagem e como essas leituras a individualizam, na maioria das vezes, por meio de um discurso androcêntrico. A maioria das indagações está centrada na sua representação construída pelo trágico Eurípides no ano de 431a.C e a partir dessa poesia reverberam diversas interpretações sobre a personagem, algumas se dedicam a demonstrar que Medeia era motivada pelo páthos, assim o crime contra seus próprios filhos é interpretado como um efeito do sentimento profundo e feroz que sentia. Em contrapartida, encontramos também discursos que destinam a racionalidade da personagem utilizando para tanto o estatuto da ação puramente humana como um processo racional. Além das perspectivas já aludidas, Medeia possui um caráter mítico que muitas vezes é considerado o fato de ser neta do deus Sol e sobrinha da deusa Circe são fatos postos como agravante do ato, pois ela representa esse passado mítico incontrolável dos deuses. E por fim, o aspecto referente ao seu poder de manipular e conhecer ervas e filtros mágicos que ocasionam segundo o mito e fala da ama na tragédia, a morte de Pélias, Glauce e Creon. A princesa é vista como conhecedora dessa sabedoria, isto posto, que afirma durante a tragédia esse conhecimento a colocando num nível de superioridade perante os outros personagens masculinos. Ademais podemos encontrar novas produções latinas com a figura dramática de Medeia, especificamente em Roma, local onde foi recriar diversas tragédias gregas. Portanto, possuímos o interesse de elucidar algumas afirmações a respeito da figura dramática atentando para uma possível caracterização pela perspectiva de gênero. O SISTRO ÁPULO NA CERÂMICA ÁPULA Eduardo Christmann Graduando em História - UFPel Esta comunicação pretende demonstrar os resultados parciais da pesquisa desenvolvida no projeto no qual sou colaborador como bolsista CNPQ-PIBIC, “Representações iconográficas de instrumentos musicais na pintura dos vasos ápulos: relações interculturais greco-indígenas na Magna Grécia (século V e IV a.C.)”, sob orientação do Prof. Dr. Fábio Vergara Cerqueira. Tal pesquisa tem por objeto o instrumento musical conhecido como “sistro ápulo” ou “xilofone”, recebendo às vezes ainda outros nomes, presente na iconografia dos vasos produzidos na técnica de figuras vermelhas e na do estilo “de Gnathia” na região da Apúlia, sul da Itália, e que suscita há alguns anos debates entre os historiadores, tendo sido propostas algumas interpretações. Nesse sentido, elaborou-se um inventário de aparições desse instrumento, o qual se constitui em esboço de um catálogo temático a ser construído posteriormente na pesquisa. Palavras-chave: Magna Grécia; Iconografia;Instrumentos musicais. PAPIROS MÁGICOS GREGOS: POSSIBILIDADES DE ESTUDO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS Giovana da Rosa Carlos Graduanda em História - UFSM Os Papiros Mágicos Gregos contêm variados tipos de encantamentos e ensinamentos mágicos. Originalmente, foram escritos em grego, mas algumas partes estão em copta. A coleção foi encontrada em diversas expedições arqueológicas durante os séculos XIX e XX nas regiões egípcias de Tebas e do Fayum, principalmente. As datações arqueológicas dos papiros apontam para um intervalo de tempo entre os séculos I e VII d.C, porém, a maioria dos papiros dos PGM pertence aos séculos III e IV d.C. Nesse período da história egípcia, parte do Império Romano, houve uma pluralidade religiosa bastante expressiva e interessante de ser estudada. Em nossos dias, os Papiros XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 8 Mágicos Gregos estão localizados pelos museus de países como Inglaterra, França e Alemanha, contudo, é possível acessar o conteúdo deles por meio de obras de tradução. O Papiro IV foi parte da coleção de Anastasi, um cônsul sueco. Tal Papiro contém vários ensinamentos de encantamentos, como a chamada “Liturgia de Mitra" e a “Prática de comunicação com um Demônio Profético utilizando um Escaravelho”. O Papiro IV apresenta uma impressionante variedade de temáticas mágicas que podem abordar da prática de licnomancia ou hidromancia até um encantamento de amor ou de desejo erótico. Diante do exposto, nosso estudo pretende elencar os primeiros apontamentos de uma pesquisa de Iniciação Científica sobre os textos de magia presentes no Papiro IV. Estamos utilizando a tradução em língua inglesa editada pelo professor Hans Dieter Betz para realizar tal estudo. Nesta comunicação, possuímos o objetivo de apontar os elementos gerais e as percepções iniciais que tivemos da documentação, além dos aspectos básicos sobre a coleção supracitada. Portanto, pretendemos apresentar um panorama geral sobre a coleção de papiros e, simultaneamente, elaborar algumas possibilidades de trabalho historiográfico com o Papiro IV. MAMÃE DEIXE-ME CASAR: CLITEMNESTRA E ELETRA NA CONSTRUÇÃO ANDROCENTRICA Jussemar Weiss Gonçalves Doutor em História - FURG Trata-se de discutir as personagens Clitemnestra e Eletra, mãe e filha na peça de Sofocles, a partir de uma interpretação de gênero. O que se quer é ressaltar a construção androcntrica desses personagens, na medida em que eles marcam uma forma de interpretar o feminino na tragédia grega. Através de uma disputa entre mãe e filha pode-se observar a construção de duas personagens que se mostram como modelos do universo feminino e que serve de modelo para a cidade de Atenas. Eletra uma jovem que se impossibilitada de casar pois sua mãe, Clitemnestra a impede, já que seu casamento levaria a uma crise no seu poder na cidade. Assim sem conseguir realizar-se enquanto, mulher Eletra lamenta as atitudes de sua mãe que agem totalmente fora do padrão do feminino na época. ISONOMIA E CIDADANIA: MASCULINIDADES EM CONFLITO NA OBRA CONTRA NEERA Lisiana Lawson Terra da Silva Mestre em História - FURG Este trabalho busca analisar a partir da perspectiva das relações de gênero uma das obras que integra o Corpus Demosthenicum, o discurso de acusação atribuído à Apolodoro, Contra Neera, do século IV AEC. Acreditamos que em uma organização social singular que tem como fundamento a isonomia surgem conflitos entre os gêneros que procuram validar posições sociais e políticas. Assim, buscamos demonstrar que a argumentação apresentada na obra em questão, baseada nas características e funções do feminino na pólis, tem como objetivo legitimar, ou não, uma ideia de cidadão ateniense. Sendo a isonomia um sistema sociopolítico que prevê a igualdade entre os cidadãos, entendemos que a diferença entre os gêneros é tema candente na pólis. Compreender os direitos da mulher “cidadã” nesta nova configuração social que desenvolve novas práticas culturais que deslocam a ideia entre o público e o particular e que colocam a questão feminina no centro da discussão é o que observamos nas fontes. Pode-se dizer que a mulher mesmo estando despossuída de participação política na cidade desempenha um papel de igualdade com o homem quando a questão é a geração de cidadãos. Mas, como os homens reagem em relação a essa nova ideia de participação cívica feminina, em certa medida pública? Em nosso entendimento as fontes demonstram o desbordamento dos conflitos e demonstram que se as mulheres estão sob a tentativa de controle na pólis os homens também o estão. Visto que a construção da masculinidade se dá em relação ao feminino e estando este sob debate, automaticamente a compreensão do que é ser um Homem ateniense também está em pauta. Pois, em última análise, são homens discutindo entre eles, a partir de suas construções mentais androcêntricas, a participação feminina na cidade e o que é ser um cidadão. XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 9 QUANDO O NÃO-DIÁLOGO É A POSIÇÃO ÉTICA: ANTÍGONE E NÓS Matheus Barros da Silva Mestre em História - FURG Nota-se que a noção de consenso é a tônica no modelo liberal-burguês de organização do campo social. O que fundamenta o consenso é a ideia de diálogo como ferramenta privilegiada capaz de apaziguar os conflitos entre as classes e seus interesses no interior da vida comum. Essa posição me parece conformista e paralisadora. Minha intenção na presente fala é pensar com e a partir da tragédia Antígone um aspecto que entendo subjazer o texto e ainda não muito bem explorado. Falo da posição de recusa ao diálogo por parte da heroína homônima. Nesse sentido, a posição inflexível de Antígone deve ser compreendia como a recusa de adotar a gramática de dominação – de Creon. É por essa chave de leitura que quero articular o texto de Sófocles ao nosso tempo, um tempo no qual a ideologia dominante vende a ideia de que conflitos de classe, direita e esquerda, oprimidos e opressores seriam móbiles já sem sentido, e que a democracia liberal é o horizonte último de civilidade. Pois nota-se, negar-se ao diálogo pode ser a única via de conduta propriamente ética quando é negar-se a submeter-se ao domínio estrangeiro. (RE)IMAGINANDO O PASSADO MEDIEVAL NA INGLATERRA VITORIANA: O CASO DE RICARDO I - O “CORAÇÃO DE LEÃO” Maurício Albuquerque da Cunha Mestrando em História - UFPel Este trabalho versa sobre a construção mítica do rei Ricardo I, popularmente conhecido pela alcunha Cour de Lion (“Coração de Leão”), e sua recepção na Inglaterra Vitoriana. Do medievo aos dias atuais Ricardo, tornou-se um monarca de grande fama e popularidade, graças, por um lado, a seus feitos durante a Terceira Cruzada, e, por outro, às narrativas folclóricas e literárias que adicionaram vários elementos a sua história de vida – transformando-o em um personagem quase lendário. Poucos anos após morrer em batalha, em 1199, já é possível identificar, através de manuscritos iluminados e fontes literárias medievais, a imagem de um rei justo, prodígio nas artes militares, cristão fervoroso, seguidor dos mandamentos da cavalaria, exímio estrategista, combatente feroz do islã e (principalmente) de Saladino, que (ainda) ecoa fortemente em nossa literatura contemporânea, assim como no cinema, nos desenhos animados e nas mídias em geral. À luz das teorias do neomedievalismo, da representação, da ficção e do imaginário, analisaremos aqui a recepção de tal práxis representativa durante a Inglaterra Vitoriana. Busca-se compreender 1) como a imagem de Ricardo Coração de Leão é ‘moldada’ pelos protocolos técnicos e ideológicos das mídias daquele tempo (literatura, pintura histórica e caricatura); e 2) como estas representações dialogam com seus contextos histórico-sociais. A UNIVERSIDADE VAI À ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS EM CURSOS POPULARES Milena Rosa Araújo Ogawa Mestre em História- UFPel Douglas Ferreira dos Santos Licenciado em História - FURG Carolina Kesser Barcellos Dias Doutora em Arqueologia - UFPel O presente trabalho objetiva a divulgação do projeto de extensão, A Universidade vai à Escola: uma experiência de professores universitários em cursos populares. As atividades foram idealizadas pelo Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA) juntamente com o Curso Popular UP, sua realização é voltada ao ensino e a extensão universitária, buscando o engajamento de XIX JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA|25 a 27 JUNHO 2018 10 professores especialistas em suas áreas, da Pré-história ao Medievo, para oportunizar e fomentar nos estudantes o conhecimento e a discussão dos assuntos abordados, bem como proporcionar que o aluno correlacione e ressignifique os períodos estudados com o presente, construindo um diálogo em de reflexão crítica dos conteúdos ministrados. MITO DE LAIOS: FORMAS DE SER E EXERCER O MASCULINO Vitor Naoki Miki Gomes Graduando em História – FURG O artigo em questão se fez possível pelo grupo de pesquisa: cultura e política no mundo antigo do Prof. Dr. Jussemar Weiss Gonçalves vinculado ao Instituto de Ciências Humanas e da Informação da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Neste estudo, ainda em andamento; tendo em vista que faz parte da monografia de conclusão de curso, História – bacharelado –FURG, dedicamo-nos em compreender a influência do mito de Laios no comportamento erótico masculino, tendo em vista que tal mito veio a ter uma função de paradigma às relações homoeróticas e homoafetivas, condicionando a experiência humana piadética do grego antigo. Por meio da decodificação do mito, através de uma leitura de gênero, influenciada por autores como Joan Scott e Judith Butler, percebe-se o possível levantamento de pertinentes perguntas a respeito da construção social do gênero masculino, na qual, se encontra implícita na narrativa mitológica em questão. Ao perceber como o paradigma vigente no mito implicava na regulagem de comportamentos homoeróticos, ao ter proposto modelos às relações homoafetivas gregas, se torna possível a análise do ser masculino ideal naquela sociedade, pois é perceptível o socialmente prestigiado e o renegado. Em suma, pretendemos a partir do estudo do homoerotismo e da homoafetividade imbricados no discurso da narrativa mitológica, acessar, de certa forma, as maneiras de ser e exercer a masculinidade do grego antigo. APOIO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS - UFPEL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – UFPEL ATRIVM - ESPAÇO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE – UFRJ GEMAM – GRUPO DE ESTUDOS SOBRE O MUNDO ANTIGO MEDITERRÂNICO – UFSM INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Universidade de São Paulo - USP Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ Universidade do Minho - Portugal Universidade Federal do Rio Grande – FURG Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Universidade Federal de Santa Maria – UFSM REALIZAÇÃO APOIO
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