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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS Eliane Cristina de Freitas Rocha FEAD Belo Horizonte 2013 Publicado por FEAD Copyright©2013 FEAD Diretor-Geral José Roberto Franco Tavares Paes Capa E-sing, Erkin Sahin (Turquia). Fonte: Stock.xchng R672c Rocha, Eliane Cristina Freitas Comunicação e novas tecnologias / Eliane Cristina Freitas Rocha. Belo Horizonte: EAD/Fead, 2009. 236 p. ISBN:978-85-99419-70-0 I. Comunicação - Tecnologias CDU 301.153 Todos os direitos reservados ao Sistema Integrado de Ensino de Minas Gerais – SIEMG Rua Cláudio Manoel, 1.162 – Savassi – Belo Horizonte – MG Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização do SIEMG. Atenção: pode acontecer de algum desses sites indicados não estar mais disponível devido ao dinamismo que caracteriza essa fonte de informação. A Faculdade FEAD apresenta novo projeto, fundamentado em aspectos metodológicos da auto aprendizagem, e inaugura os cur- sos de graduação na modalidade a distância. Estudar na modalidade a distância é adquirir, além de conhe- cimento do conteúdo apresentado, competências hoje exigidas no campo profissional e pessoal: autonomia, interação, determi- nação, gerenciamento da própria formação e atualização conti- nuada. A Instituição que se propõe formar empreendedores apresen- ta atitude inovadora e ensina pelo próprio exemplo. O projeto FEAD de Educação a Distância vem sendo desenvolvido desde 2004 e, agora, torna-se realidade. Buscar atingir a meta da qualidade em todos os projetos edu- cacionais é o que move a comunidade FEAD. Projeto de muitas mãos e mentes, trabalho conjunto de professores, coordenadores, funcionários, empresas parceiras e direção, na busca de produzir o que há de consubstancial em aprendizagem na modalidade a distância. Sinta-se, em definitivo, participante e construtor deste novo tempo. Faça parte do seu mundo. Bem-vindo ao século XXI! Professor José Roberto Franco Tavares Paes Direção-Geral Meu nome é Eliane, mas sou conhecida pelo apelido, Lili. Graduei-me em Ciência da Computação pela PUC-Minas e em Comunicação Social (Habilita- ção Radialismo) pela UFMG. Depois de trabalhar como analista de sistemas por um curto período, fiz mestrado em Comuni- cação Social, quando pesquisei os percursos rea- lizados por estudantes adolescentes na Internet. Sou professora desde 2001, quando ainda fa- zia o mestrado. E de lá para cá, lecionei discipli- nas como Teorias da Comunicação, Computadores e Sociedade e Interface Homem-Máquina em cursos de Comunicação e Sistemas de Informação. Procurei (e procuro) aliar o conhecimento técnico à reflexão teórica so- bre as influências da tecnologia na vida social. É o que proponho neste livro. Primeiro, vamos entender melhor o que é a tecnologia da informação e, de- pois, vamos ver o campo de possibilidades de intervenção que ela nos traz, especialmente no trabalho. Estaremos juntos para aprender sobre a tecnologia por meio dela mesma - papéis, livros, Cds, discussões no computador. Vamos usar todos os instru- mentos tecnológicos para estar juntos e compartilhar o saber. Nossos contatos serão muito intensos através da tecnologia e, ao contrá- rio do que muitos pensam, vamos perceber que o computador aproxima as pessoas que têm propósitos comuns e que, juntas, querem se aventurar na busca do conhecimento!!! Fo to : J oã o M ar co s D ad ic o Sumário AULA 1 • O que é Comunicação e Novas Tecnologias ..................................................................9 AULA 2 • O processo comunicativo ..................................................................................... 17 AULA 3 • Funções da comunicação ..................................................................................... 25 AULA 4 • Tecnologia digital e computadores .......................................................................... 33 AULA 5 • Software ........................................................................................................ 41 AULA 6 • Construção e aquisição de software ........................................................................ 49 AULA 7 • Programas editores de texto ................................................................................ 57 AULA 8 • Recursos básicos dos processadores de texto ............................................................. 63 AULA 9 • Recursos avançados dos processadores de texto .......................................................... 73 AULA 10 • Recursos básicos das planilhas eletrônicas ............................................................... 79 AULA 11 • Gráficos e funções nas planilhas eletrônicas ............................................................. 89 AULA 12 • Cenários e expressões condicionais em planilhas ....................................................... 95 AULA 13 • Introdução aos bancos de dados .......................................................................... 105 AULA 14 • Recursos básicos do Microsoft Access .................................................................... 113 AULA 15 • Recursos básicos do Microsoft Access - parte II ......................................................... 123 AULA 16 • Programas para apresentações ............................................................................ 129 AULA 17 • Redes de computadores .................................................................................... 137 AULA 18 • Serviço World Wide Web da Internet ..................................................................... 145 AULA 19 • Correio eletrônico e aplicações relacionadas ........................................................... 151 AULA 20 • Conversas e compartilhamentos .......................................................................... 161 AULA 21 • Informática para comunicação e informação ........................................................... 167 AULA 22 • Sistemas de informação .................................................................................... 175 AULA 23 • Uso estratégico das novas tecnologias da informação e da comunicação ..........................181 AULA 24 • E-business .................................................................................................... 189 AULA 25 • E-commerce .................................................................................................. 195 AULA 26 • Crimes por computador .................................................................................... 201 AULA 27 • Medidas de segurança ...................................................................................... 209 AULA 28 • Era da informação ........................................................................................... 215 AULA 29 • Trabalho na Era da Informação ............................................................................ 221 AULA 30 • O Brasil na Era da Informação ............................................................................. 227 O que é comunicação e novas tecnologias? AULA 1 Objetivos • Conceituar o que é comunicação. • Diferenciar a comunicação humana da comunicação de outros organismos. • Diferenciar a comunicação interpessoal da comunicação social. • Entender o que são os meios de comuni- cação interpessoal e de massa. • Saber quais novas tecnologias serão es- tudadas no curso. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 10 Introdução Certamente você se comunica diariamente com seus amigos, familiares e colegas de trabalho, pessoalmente ou utilizando algum meio de comunicação, como os telefo- nes fixo ou celular. Você já parou para pensar na importância da comu- nicação na sua vida? Ou para refletir sobre os avanços dos diversos meios de comunicação na sociedade? Imagine a vida sem telefone, sem Internete sem TV! Difícil, não? Pois é. Esta disciplina vai nos fazer pensar melhor so- bre a importância da comunicação e das novas tecnolo- gias. Mas o que é comunicação? Que novas tecnologias va- mos estudar? Vamos responder a estas duas perguntas nesta aula, começando pela comunicação. Comunicação No dia a dia, você fala “bom dia” a diversas pessoas, conversa com colegas de trabalho e pessoas de sua família. Mas, será que todas estas conversas podem ser considera- das atos de comunicação? A palavra comunicação vem de communicatio - co (re- união) + munis (estar encarregado de) + tio (ação) – que significa atividade realizada conjuntamente. Seria, assim, alguma atividade realizada em conjunto com outras pes- soas. Mas então qualquer atividade realizada em conjunto é comunicação? Quando jogamos bola com os amigos, es- tamos fazendo comunicação? Animais que convivem em comunidade, como as abelhas, também se comunicam? Para Bordenave (1983), a comunicação não acontece somente entre seres humanos, mas é um processo neces- sário à sobrevivência de qualquer organização. Para ele, existem sete níveis de comunicação. O primeiro nível de comunicação é o nível mecânico: partes de um equipamento interagem entre si para que ele não pare de funcionar. Assim, por exemplo, se o fio que liga a TV à tomada está com mau contato, a TV para de funcionar porque o mecanismo de comunicação entre a tomada e a TV foi interrompido. O segundo nível de comu- nicação acontece em sistemas físicos fechados homeostáticos. Quando colocamos uma pedra de gelo em um copo de água, por exemplo, o gelo derrete e a água esfria até que o siste- ma chegue a um ponto de equilíbrio. Dizemos que gelo e água interferem mutuamente, se comunicam, interagem até chegar a um ponto de equilíbrio. O terceiro nível da comunicação acontece em orga- nismos biológicos celulares. Uma célula, para se manter viva, recebe fluxo de material químico e os processa. A interação da célula com o material varia de acordo com o reconhecimento que ela faz do material. Um glóbulo branco reconhece um vírus e o destrói, mas reconhece um alimento e o processa. A célula é um sistema aberto em constante contato com substâncias diferentes que são, de alguma forma, informação dinamicamente reconhecida e processada. O quarto nível da comunicação é botânico, ou comu- nicação realizada no reino vegetal. Diz-se que as diversas partes de uma planta se comunicam – a raiz se comunica com o caule, que por sua vez se comunica com as folhas e assim por diante – para a manutenção da vida. O quinto nível da comunicação é zoológico, é a co- municação entre os animais, realizada através de mecanis- mos instintivos e pela utilização de órgãos especializados para função da comunicação – como orelhas, boca, ante- nas etc., dependendo da espécie. O sexto nível da comunica- ção é humano, é a comunicação interpessoal. Acontece através da linguagem, da informação codi- ficada, envolve a imaginação, e empatia entre as pessoas. O sétimo nível da comunica- ção é o nível social, é a estrutura de troca de informações e mensa- gens na sociedade, isto é, o con- junto de relações de influência recíproca entre os membros da so- ciedade. Acontece principalmente através dos meios de comunica- ção: rádio, televisão, jornal etc. Podemos perceber que a ca- racterística comum a todas as formas de comunicação é a interação entre as partes envolvidas, sejam elas mecânicas, orgânicas ou físicas. A comunicação envolve, sempre, um processo de interação. Sistema homeostático sig- nifica sistema que tende a manter um equilíbrio (homo=igual, satus=es- tado). Empatia é diferente de simpatia. Significa a capacidade de nos colocarmos na posição do outro e vê-lo como nosso semelhante . Animais não teriam desenvolvido em- patia, o que os distingue dos seres humanos. Existem outras formas de comunicação social não mediadas pelos meios de comunicação, como os manifestos sociais, comí- cios, assembléias, etc. AULA 1 • O que é comunicação e novas tecnologias? 11 Vamos voltar agora à pergunta inicial: qualquer tipo de interação entre os seres humanos é comunicação? O que você acha? O jogo de futebol com os amigos é ativi- dade de comunicação? É preciso entender que nem todo tipo de atividade em conjunto pode ser considerada comunicação humana. Para que aconteça comunicação, é preciso que uma pes- soa rompa o seu isolamento para estar com outra, que as pessoas interajam e o façam através da linguagem. Isto é o que distingue a comunicação humana e social dos outros níveis de comunicação. A comunicação rompe o isolamento entre as pessoas. Dizemos que a comunicação humana acontece quan- do os homens utilizam a linguagem simbólica para se co- municarem, ou seja, quando usamos palavras ou mensa- gens que os outros entendem para nos comunicarmos. As abelhas, através de suas danças, se comunicam umas com as outras para indicar as flores de onde será colhido o néctar. No entanto, elas não se utilizam de sím- bolos verbais comunicados de forma intencional para inte- ragirem umas com as outras. O diferencial da comunicação humana em relação à comunicação entre os animais é o esforço em traduzir o pensamento em alguma linguagem que o outro entenda. Assim, por exemplo, se eu quero falar com um colega, eu me dirijo a ele através de palavras como “oi, como vai você?”. Para que o meu colega me entenda, é preciso que ele fale a mesma língua que eu, que tenha ouvido o que eu falei, que tenha percebido a minha presença e que te- nha “prestado atenção”. O primeiro passo para que o processo comunicativo humano ocorra é, portanto, a percepção dos prováveis gestos ou falas que nos chamam a atenção e que nos fa- zem interagir com o outro. Se o meu colega de trabalho não ouvir o meu “oi”, não iniciaremos uma conversa e a comunicação não acontecerá. A decisão daquilo que vamos dizer varia conforme o nosso interlocutor, de seu conhecimento, interesses e de seu nível cultural. Se, uma mulher começa a falar com o marido sobre as melhores tinturas para cabelo é provável que ele não vá entender muito bem, que não tenha inte- resse e que os dois não consigam se comunicar bem sobre aquele assunto. É necessário, portanto, ter atenção ao re- pertório da pessoa a quem nos dirigimos para saber se ela vai interpretar corretamente o significado da mensagem a ela dirigida. Em um processo comunicativo, precisamos de alguma habilidade comunicativa para perceber se somos compre- endidos pelo outro. O sucesso da comunicação acontece no momento em que os pontos de vista ou os significados forem partilhados entre aqueles que se comunicam. A figura a seguir contém um modelo esquemático do processo de comunicação humano: Percep- ção do outro Construir mensagem que ou outro entenda (Co- dificação). Entender a posição e as intenções do outro. Partilha de signi- ficados Vamos acompanhar os passos descritos na figura. • Percepção do outro – Devo estar atento aos gestos e palavras do outro. • Construir mensagem que o outro entenda – Devo pensar bem como devo me expressar, traduzir meus pensamentos e intenções de forma que o outro en- tenda, adaptando a minha expressão ao que ele sabe sobre o assunto. • Entender as posições e as intenções do outro – Devo estar atento à posição social, cultural ou de trabalho que o outro ocupa para adequar minha fala. Eu falo com o meu chefe de maneira diferente com que eu falo com o meu colega de trabalho, por exemplo. • Partilha de significados – Quando a minha mensa- gem é entendida pelo outro, dizemos que a comu- nicação foi bem sucedida. Um exemplo de um processo de comunicação. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 12 A comunicação acontece quando os significados são partilhados, quando os interlocutores chegam a um enten- dimento sobre o assunto tratado, seja este assunto relativo a sensações, pensamentos, sentimentos. Comunicar é simular a consciência do outro, tornar comum (participar)um mesmo objeto mental (sensação, pensamento, desejo, afeto), é fazer-se entender. Atividade Relate duas situações que ocorreram com você em que a comunicação não foi bem sucedida. Analise estas situações a partir do modelo de comunicação humana ilustrado acima. É importante dizer que comunicação não é sinônimo de convívio. Eu convivo com meus colegas de trabalho, mas não estou o tempo todo me comunicando com eles, percebendo-os e compartilhando minhas ideias. Funções da comunicação humana Mas, por quê e para quê nos comunicamos? Algumas razões são as seguintes: precisamos interagir com o ou- tro para modificar a sua atitude ou o seu comportamento; para transmitir a ele alguma informação importante, como nossa raiva, satisfação ou alegria; para persuadi-lo; para obter informações de que precisamos; para manter o vín- culo com ele, expressando amor, ódio, submissão e ainda para seduzi-lo. A comunicação humana envolve, então, um agente intencional emissor de mensagem que inicia o conta- to e outro agente receptor de tal mensagem. O agente emissor tem a intenção básica de que o agente receptor selecione a sua mensagem, a compreenda, a aceite e a aplique – que modifique a sua atitude ou responda a men- sagem. E, por outro lado, o agente receptor seleciona o que julga importante, entende e avalia a mensagem e se vai aceitá-la, respondê-la ou alterar o seu comportamento em virtude dela. Assim, por exemplo, se uma mãe observa o seu filho de 5 anos andando sobre chão escorregadio, ela desenvol- ve a intenção de alertá-lo sobre o risco de quedas com a finalidade de modificar a atitude da criança. Então, ela irá criar uma sentença “Filho, ande mais devagar, que o chão está molhado e você pode cair!”. Nesta situação, é preciso que o filho ouça aquela fala da mãe, que a compreenda, que a aceite e que a aplique – que pare de brincar . Se este for o caso, a intenção da mãe em modificar a atitude do filho através do ato comunicativo foi bem sucedida. Mas a criança pode, simplesmente, ignorar a mãe. Ou seja: o cuidado na emissão da mensagem não significa garantia de sucesso na aplicação da mensagem criada. Filho obedece, a mensagem tem o efeito desejado pela mãe. O efeito da mensagem de uma pessoa na outra, ou a mudança de comportamento em virtude da mensagem, depende de uma série de fatores psicológicos, da natureza da mensagem e do contexto social no qual a mensagem é veiculada. Alguns dos fatores intervenientes no processo de produção dos efeitos são: características da personali- dade do agente receptor, sua autoimagem, compatibilida- de entre a mensagem e os valores prévios do receptor, sua maior ou menor flexibilidade e predisposição em aceitar a mensagem, atenção seletiva do receptor; a imagem que tem do emissor e de suas intenções e da credibilidade do emissor. No caso da mãe que deseja que o filho pare de brin- car no chão escorregadio, o efeito esperado da sua men- sagem – que o menino altere o seu comportamento – irá acontecer ou não, dependendo da personalidade da cri- ança – se é mais ou menos desafiadora – da atenção da criança em relação à mensagem; da imagem que a criança tem da mãe – se a mãe é vista como severa ou não; da qualidade da mensagem da mãe – se ela é clara ou não, se a criança seria ou não capaz de entendê-la. Atividade Exemplifique como a credibilidade do emissor da mensagem e a predisposição do receptor podem influir na aceitação e aplicação de uma mensagem. AULA 1 • O que é comunicação e novas tecnologias? 13 A Comunicação e a linguagem A comunicação humana acontece através da lingua- gem. Esse é o traço que distingue o ser humano dos outros animais. Mas o que é a linguagem? A linguagem pode ser entendida, em seu sentido ma- terial, como uma cadeia de sons articulados (fala), como marcas escritas (escrita) ou como um jogo de gestos (uma gestualidade). Assim, podemos nos comunicar utilizando pa- lavras faladas, através de conversas realizadas pessoalmente ou por telefone, através de gestos corporais; podemos nos comunicar utilizando bilhetes escritos, ou através das trocas de mensagens através da Internet, entre outras formas. Quando nos comunicamos com alguém através de conversas, como em uma mesa de bar, estamos utilizan- do nossos gestos, nosso tom de voz, nosso olhar, e nossas palavras para compartilhar ideias. Às vezes, em palavras di- zemos uma coisa, mas nossos gestos e olhares dizem outra. É porque não nos comunicamos somente através da lin- guagem verbal, mas também através de outras formas de linguagem, como: • Linguagem gestual: gestos do corpo. • Linguagem musical: música. • Linguagem pictórica: imagens estáticas (fotografia, desenhos, pinturas). • Linguagem audiovisual: as imagens em movimento (filmes, vídeos, clipes, por exemplo). Em uma mesa de bar, usamos linguagem verbal, falada de forma mais ou menos coloquial, e linguagem gestual (toques, olhares e gestos). Outras situações comunicativas empregam outras formas de linguagem. Uma peça de tea- tro, por exemplo, emprega a linguagem verbal, através da fala dos atores, a linguagem gestual; a linguagem visual e a linguagem musical. Atividades Cite e caracterize um programa de rádio qualquer na sua cidade e identifique quais linguagens são por ele em- pregadas. Tempo e momento da comunicação social Nem todos os nossos atos comunicativos se realizam através de conversas realizadas pessoalmente, com a pre- sença física dos participantes do ato comunicativo. Pode- mos nos comunicar com o outro à distância, por exemplo, utilizando o telefone ou a Internet. O telefone agiliza a comunicação entre duas pessoas, mas outros meios de comunicação permitem a comuni- cação de uma pessoa para um grande número de outras pessoas, como o rádio e a televisão. Meios de comunicação que permitem a comunicação de um agente emissor para muitos outros, ao mesmo tem- po, e que estejam em outro espaço distinto da emissão, são considerados meios de comunicação de massa. Meio de comunicação interpessoal Meio de comunicação de massa E cada um destes meios de comunicação emprega alguma(s) da(s) linguagens que estudamos no tópico an- terior: Rádio Linguagem musical, linguagem verbal Telefone Linguagem verbal Televisão Linguagem audiovisual Jornal Linguagem pictórica, linguagem verbal Revista Linguagem pictórica, linguagem verbal COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 14 Novas tecnologias E as novas tecnologias? Elas são meios de comuni- cação de massa, como o rádio e a televisão? Ou são meios para a comunicação interpessoal, como o tele- fone? É preciso entender o que são novas tecnologias. A tecnologia é um fator de produção utilizado para satisfazer as necessidades humanas. Para isso, envolve o desenvolvimento de processos e instrumentos como resposta aos problemas humanos. Assim, a informáti- ca, por exemplo, pode ser considerada uma tecnologia para auxiliar nos processos de tratamento e dissemina- ção de dados e informações. A expressão “novas tecnologias da informação e da comunicação” – foco de interesse do nosso curso –, “designa todos os aparatos, instrumentos, apetrechos, e elementos (de natureza material e de ordem técnica) que permitem coletar e armazenar dados, reproduzir programas, fazer circular, à escala do planeta, grandes quantidades de informação, bem como introduzir e operar mudanças qualitativas e quantitativas em pro- cessos de produção.” (POLISTCHUK,2003:43) Os aparatos e instrumentos utilizados incluem o telefone celular, a televisão digital, DVDs, videogames, computadores, redes de computadores, I-PODs, etc. Atividade Pesquise o que é um I-POD e como ele é utili- zado. Mas, dadas as variedades de necessidades huma- nas, existe uma grande diversidade de tecnologias. Nes- ta disciplina, estaremos interessados somente nos com- putadores e redes de computadores, os quais podem ser tanto meios de comunicação interpessoal quanto de massa. Vejamos como:Se utilizamos os computadores para conversar com uma pessoa, eles são ferramentas de comunicação interpessoal, mas se disponibilizamos através deles in- formações para um grupo grande de pessoas, são mei- os de comunicação de massa. Uma página da Internet, por exemplo, está disponível para um grande grupo de pessoas que acessa a rede mundial de computado- res, no mundo inteiro, funcionando como um meio de comunicação de massa. Mas quando troco mensagens eletrônicas com uma pessoa pela Internet, esta funcio- na como um meio de comunicação interpessoal. Além disso, as novas tecnologias da comunicação e informação não apenas servem para comunicação en- tre as pessoas, mas também como ferramentas de tra- balho e para o acesso a informações. Você certamente já viu computadores sendo utilizados em supermer- cados, bancos, hospitais e em muitos outros lugares. Nesta situação, eles são utilizados para o trabalho e não para comunicação somente. Nas próximas aulas, vamos falar mais sobre as no- vas tecnologias e a comunicação.. Mais à frente na dis- ciplina, iremos estudar as novas tecnologias no merca- do de trabalho. Atividade Identifique duas situações nas quais os computa- dores são utilizados - uma como ferramenta de traba- lho e outra ferramenta de comunicação. Resumo A comunicação humana é um processo que envol- ve a interação entre as pessoas. Tal interação acontece a partir de uma intenção de uma pessoa em provocar algum efeito sobre a outra, e se realiza através do uso da linguagem, seja ela verbal, gestual, visual, audiovi- sual. Podemos nos utilizar de meios de comunicação interpessoal – como o telefone ou as cartas – para nos comunicar com os outros, ou de meios de comuni- cação de massa – como o rádio, a TV, o jornal – se uma mensagem deve ser recebida por várias pessoas ao mesmo tempo. Os computadores e as redes de computadores são novas tecnologias da comunicação ao permitirem a re- alização de conversas entre pessoas, mas também são ferramentas de trabalho. AULA 1 • O que é comunicação e novas tecnologias? 15 Atividades 1. Diga quais são as diferenças da comunicação huma- na em relação à comunicação nos reinos vegetal e animal. 2. Diferencie a comunicação humana interpessoal da comunicação social. 3. Cite dois meios de comunicação utilizados na co- municação interpessoal 4. Cite três meios de comunicação utilizados na co- municação social. 5. Diga o que são novas tecnologias da comunicação e da informação e exemplifique. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS AULA 2 O Processo Comunicativo Objetivos • Conceituar o que é receptor, emissor, mensagem, canal, feedback e ruído. • Saber o que é comunicação horizontal. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 18 Introdução Na aula anterior, vimos que o processo comunicativo humano envolve, pelo menos, dois agentes – um emissor e outro receptor. Agora, vamos entender melhor como fun- ciona a comunicação humana, através de dois modelos que explicam a comunicação: o modelo matemático da comunicação e o modelo dialógico. O modelo matemático da comunicação Um importante pesquisador americano, de nome Lasswell (1948), entende que a comunicação se resume à resposta à seguinte pergunta: “Quem diz o quê, em que canal, para quem e com que efeito”? O ato comunicativo, para ele, implica na existência de alguém (quem) que diz alguma coisa (diz o quê) utilizando algum meio de comunicação (através de que canal) para provocar algum efeito (com que efeito) em outra pessoa ou grupo de pessoas. Vamos a um exemplo. Pense em você assistindo a al- guma propaganda do horário eleitoral gratuito na TV. Um candidato (QUEM) fala de suas propostas para o governo (DIZ O QUÊ) pela televisão (CANAL) para todos os elei- tores que estiverem assistindo (PARA QUEM), de forma a persuadi-los a votar nele (EFEITO). Eu posso estudar cada um dos elementos do ato comu- nicativo. Se estou mais preocupada em estudar quem emite a mensagem, vou fazer uma análise de controle da mensa- gem, ou daquilo que é difundido. Posso fazer um estudo, por exemplo, do candidato que está na rede de televisão (QUEM emite mensagens) para entender o que ele difunde, quais são seus propósitos na propaganda eleitoral. Posso, alternativamente, estudar melhor O QUE É DITO, fazendo uma análise de conteúdo das mensagens. Assim, posso analisar atentamente as falas do candidato, como elas são estruturadas, qual é o seu conteúdo. Posso, também, estudar melhor o canal da comunica- ção através da análise de mídia (ou do meio de comunica- ção em si mesmo), avaliando a linguagem audiovisual (no caso da TV, por exemplo). Posso, ainda, estar mais preocupado em caracterizar os destinatários das mensagens (QUEM), fazendo uma análise de audiência. Por exemplo, podemos ver quais são as características dos eleitores que assistem ao horário elei- toral gratuito: qual seu nível escolar, nível de renda, sexo, entre outras questões. E, finalmente, posso avaliar a eficácia das mensagens divulgadas, através de uma análise de efeitos, mapeando as mudanças de atitude, de opinião ou de comportamento das pessoas. Assim, por exemplo, posso verificar o suces- so de uma propaganda eleitoral através das mudanças de intenção de voto. O estudo do ato comunicativo envolve a leitura das variáveis envolvidas em seu processo, de acordo com o quadro analítico abaixo: Quem Análise de controle O quê Análise de conteúdo Canal Análise dos meios Para quem Análise de audiência Efeito Análise de efeitos Além de Lasswell, outros pesquisadores americanos da mesma época, como Shannon e Weaver também for- mularam suas ideias sobre como a comunicação funciona- va. Mas, sendo engenheiros, Shannon e Weaver estavam especialmente preocupados com os canais de comunica- ção usados e com a sua eficiência. As teorias de Lasswell, Shannon e Weaver ajudaram na constituição de uma teoria matemática da comuni- cação que considera a comunicação como um processo de envio de mensagens de uma fonte emissora para um destino através de um canal de comunicação, conforme o esquema abaixo: Modelo matemático da comunicação humana. EMISSOR fonte da informação TRANSMISSOR CANAL RECEPTOR Receptor semântico DESTINO Mensagem enviada Sinal Sinal recebido Mensagem recebida Fonte de ruído semântico Fonte de ruído técnico FEEDBACK AULA 2 • O Processo Comunicativo 19 Vamos entender, agora, o que significa cada um dos elementos da figura: • Emissor ou fonte da informação: é a pessoa que deseja comunicar alguma coisa, emitir alguma men- sagem. • Mensagem enviada: é a mensagem selecionada pelo emissor para ser transmitida ao receptor. • Transmissor: é um instrumento mecânico (um apa- relho) que codifica a mensagem da fonte (mensa- gem enviada) na forma de sinais. • Sinal: é a mensagem codificada que vai trafegar em um canal. Quando você fala ao telefone, sua voz passa pelo aparelho e é transformada em sinais que vão trafegar na rede telefônica. • Canal: é o meio no qual a mensagem vai trafegar até chegar ao receptor. No caso da telefonia, são os cabos e centrais telefônicas por onde passam os sinais. • Sinal recebido: é a mensagem codificada que trafe- gou no canal e chegou ao receptor. • Receptor: é um instrumento mecânico (um apare- lho) que receberá a mensagem codificada em sinal e vai decodificá-la para o destino. • Destino: é a pessoa que recebe a mensagem da fonte. • Mensagem recebida: é o sinal recebido decodifica- do que deve ser igual à mensagem enviada. • Fonte de ruído semântico: uma mensagem que não é dita claramente pode provocar distorções no sinal. • Fonte de ruído técnico: o transporte de um sinal em um canal pode ser atrapalhado por interferênci- as de natureza técnica (como calor, umidade, rup- turas). • Receptor semântico: a mensagem recebida deve ser recomposta no sentido exato tal qual foi trans- mitida, de forma a ser entendida e apreendida pelo destino tal qualfoi planejada pelo emissor. • Feedback: Sinal da audiência de que a mensagem foi recebida. Imaginemos, então, uma situação comunicativa qual- quer para aplicarmos o modelo. Digamos que você ouve o seu programa de rádio favorito: o locutor da rádio (emis- sor), emite uma mensagem (uma notícia, por exemplo, mensagem enviada), através das ondas sonoras da sua voz para um transmissor (o microfone e outros circuitos elé- tricos) que se codificam tal mensagem em sinais que vão passar através das ondas eletromagnéticas (canal) para o seu aparelho de rádio (receptor), que vai decodificar as ondas e, nos seus circuitos, transformar o sinal recebido na voz do locutor que falava (mensagem recebida) e você (destino), finalmente, vai ouvir a notícia tal qual ela foi dita, já que a integridade da fala do locutor foi preservada pela precisão do aparelho receptor e da sua capacidade de ouvir (receptor semântico). Se a comunicação for bem sucedida, você receberá as informações com clareza, mas se existir alguma interferên- cia de alguma antena, ou falha técnica na emissora, pode acontecer alguma falha no canal que transporta a mensa- gem, que pode ser ouvida com chiados (ruídos técnicos) ou até mesmo não ouvida. Por outro lado, se o locutor falar de maneira não muito clara, você pode não entender (ruído semântico). A comunicação, na teoria matemática, é um processo exato de transporte de mensagem entre uma fonte emis- sora e um destino que pode ser problemática devido à possibilidade de interferência de ruídos. Atividade Descreva, baseando-se no modelo matemático da co- municação, todo o processo comunicativo da transmissão de uma notícia do Jornal Nacional. Para reduzir as fontes de ruídos semânticos e técnicos era necessário o aprimoramento dos canais de comunica- ção e a introdução de um mecanismo de feedback para assegurar o entendimento ou a eficácia da mensagem. O feedback seria um indicati- vo seguro de que a mensagem foi recebida pelo destino. Como o lo- cutor do rádio sabe que está sendo ouvido e que sua mensagem des- perta interesse nos ouvintes? Uma maneira de sabê-lo é através dos índices de audiência; se os índices aumentam, mais pes- soas estão recebendo a sua mensagem. Dizemos, então, que a leitura dos índices de audiência é o feedback ou a garantia de que a mensagem está chegando ao destino. Vamos imaginar outro exemplo: a diretoria de uma empresa convoca todos os seus funcionários para uma re- união através de cartazes e panfletos. Como ela vai saber se todos leram tais comunicados? A presença de todos à O feedback – ou mecanis- mo de retroalimentação – indica que existe alguma resposta do destino para a fonte emissora de mensagens. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 20 reunião pode funcionar, neste caso, como um mecanismo de feedback para o recebimento daquela mensagem. Um feedback negativo pode fazer a fonte emissora re- orientar as suas mensagens. Pense em uma novela da Rede Globo; se a audiência está baixa, é sinal de que as pessoas não estão assistindo, e, então, a história deveria ser modi- ficada para atrair mais pessoas. Atividade Pense sobre porque são necessários os pronuncia- mentos em Rede Nacional de rádio e televisão em horário nobre pelo presidente da República para esclarecer infor- mações importantes. Modelo dialógico da comunicação: ao invés de emissores e destinatários, interlocutores! A teoria matemática da comunicação e o modelo de Lasswell apresentam a comunicação como um ato cujo propósito maior é a persuasão e a influência da fonte emis- sora sobre o destino (que podem ser vários destinatários). Existe um fluxo unidirecional de mensagens do emissor para os destinatários, como se se tratasse do diálogo de um falante eloquente e outro mudo, ou, melhor dizendo, de um monólogo do emissor. Uma comunicação com estes moldes enuncia o gran- de poder do emissor em relação ao destinatário, especi- almente se considerarmos que os canais de comunicação de massa (como o rádio, a televisão, o jornal, a revista) são possuídos por poucos indivíduos. Assim, há uma assimetria nos processos de comunica- ção social. Estamos diante de um modo de comunicação que prevê a onipotência de um emissor sobre n destina- tários (modelo de comunicação assimétrico 1-n). A Rede Globo, por exemplo, pode exibir a sua programação para milhões de pessoas ao mesmo tempo, mas como estas mi- lhões de pessoas podem entrar em contato com ela? A assimetria numérica dos meios de comunicação pode estar a serviço do poder. Não é possível o exercício do poder de uma pessoa sobre a outra sem que exista comunicação entre elas. E, se uma minoria da população controla os meios de comunicação, então, esta minoria exerce poder sobre uma vasta maioria. A fonte emissora pode difundir mensagens que podem beneficiar interesses de alguns setores sociais, normalmen- te os mais abastados (a serviço do capitalismo). Muito se ouve falar, por exemplo, que a Rede Globo elegeu Fer- nando Collor de Melo, ao difundir a imagem “do caçador de marajás” a milhões de pessoas, assim influenciando o comportamento eleitoral da população. E os grandes meios de comu- nicação de massa são empresas que precisam equilibrar o seu or- çamento para se manterem vivas e podem fazer alianças com setores empresariais e estar a serviço de suas ideologias. A comunicação nestes moldes é antidemocrática, pois não permi- te a participação de todos, é mo- nológica - por ser um monólogo entre um agente emissor e outros vários receptores passivos - e ver- tical – por prever uma hierarquia entre o emissor e os destinatários, sendo o primeiro mais poderoso do que o segundo. Mas, será que não há uma sa- ída, a comunicação é um processo desigual e antidemocrático? Como resposta a esta questão, alguns pesquisadores propuseram outro modelo comunicativo, conhecido como modelo di- alógico ou modelo horizontal de comunicação. Neste modelo, não devem existir hierarquias entre os emissores e destinatários das mensagens (horizontalidade), mas ambos são parceiros em um processo de partilha mú- tua de significados (diálogo). Aqui precisamos distinguir informação de comunica- ção. Uma relação na qual existe assimetria entre os in- terlocutores e transmissão unidirecional de mensagens de um para outro não é uma relação de comunicação, é uma relação informativa. Já a relação na qual existe simetria entre os interlocutores e bidirecionalidade nas trocas de mensagens é uma relação comunicativa. Quando o dono de uma empresa se dirige aos seus empregados “comuni- DESTINATÁRIO DESTINATÁRIODESTINATÁRIO EMISSOR Vários trabalhos forma realizados para esclare- cer melhor como os meios de comunicação podem propagar as ideologias das classes dominantes da sociedade. Uma obra interessante sobre este assunto, escrita em 1971, é “Para ler o Pato Donald – comunicação de massa e colonialismo”, dos autores Ariel Dorfman e Armand Mattelart, a qual situa o personagem Tio Patinhas como o bem-sucedido, aquele que gasta com parcimônia, e as pessoas, expostas a estes desenhos, tendem a se adaptar ao estilo capitalista de ser. AULA 2 • O Processo Comunicativo 21 cando” sobre um aumento de salários, ele estaria apenas “informando” os operários sobre tal aumento, mas quan- do o dono está em processo de conversar com os operá- rios sobre o aumento, até que seja formado um consenso, ele está se comunicando com os seus operários. Atividade Imagine mais dois exemplos de uma relação informa- tiva e um outro exemplo de uma relação comunicativa. Numa relação informativa, significados não são cria- dos em conjunto com os interlocutores, enquanto numa relação comunicativa genuína, acontece um diálogo que faz pessoas compartilharem experiências, se compreende- rem mutuamente e criarem consensos que levem à ação. UMA RELAÇÃO COMUNICATIVA GENUÍNA Para Paulo Freire (1977) a comunicação não é um monólo- go, mas é um processo de diálogo simétrico entre interlocutorescom igual oportunidade de dialogar e compartilhar significados, ideal- mente sem posições hierárquicas que restringissem o acesso à pala- vra e que exige um grande esforço de fazer a cultura de um interlocu- tor não se impor sobre a do outro. Em seus estudos sobre projetos de extensão agrária, Paulo Freire (1977), critica a invasão cultural, ou impo- sição das falas e modos de ser de um grupo, que se diria mais “estudado”, mais “iluminado”, sobre populações sem “sem conhecimento“. Sem nos alongar muito nesta dis- cussão, podemos imaginar o impacto que uma novela, a qual veicula modos de vida e uma cultura normalmente localizada no eixo urbano Rio-São Paulo pode provocar em outras culturas brasileiras, como as do nordeste ou do interior mineiro. As pessoas, localizadas em outras regiõ- es, algumas vezes buscam adotar como estilo de vida os modos da cultura Rio - São Paulo, talvez deixando de lado algumas de suas tradições, o que caracteriza uma espécie de dominação e invasão cultural. Atividade Imagine como as músicas exibidas em uma novela ambientada no eixo Rio - São Paulo podem ser muito di- ferentes das ouvidas em outras regiões do país e se elas passam a fazer parte da programação das rádios das mais diversas regiões brasileiras. Democratização dos meios de comunicação de massa Em uma reunião familiar ou de um grupo de amigos, várias pessoas podem falar e serem ouvidos ao mesmo tempo, de maneira praticamente simétrica (iguais opor- tunidades de falar e ouvir). Mas, quando pensamos na comunicação social, podemos constatar a inviabilidade das milhões de pessoas que compõem a audiência de um canal de TV terem oportunidade de falar naquele ca- nal. Então, o modelo dialógico parece ser mais aplicável a situações em contexto presencial (face a face) e não à comunicação social, a menos que o acesso aos canais de comunicação fosse mais democrático! Talvez você já tenha ouvido falar sobre rádios comuni- tárias ou TVs comunitárias, tais iniciativas podem ser con- sideradas tentativas de uma melhoria na distribuição de acesso aos meios de comunicação no Brasil. A ideia de tais rádios ou TVs seria a de prover um canal de comunicação feita pelo povo para o povo, sem qualquer coerção seja do governo ou de empresários, de forma a coibir a invasão cultural e a dominação ideológi- ca dos grandes meios de comunicação de massa. Nestas rádios e TVs, qualquer um da comunidade poderia falar (emitir) e ser ouvinte ou espectador, realizando um projeto de comunicação dialógica. Interlocutor (parceiro da comunicação) Compreensão e ação na realidade (Reconstrução da realidade) Interlocutor (parceiro da comunicação) DIÁLOGO Mensagens Paulo Freire é um dos mais importantes peda- gogos do Brasil e tem sua obra reconhecida mun- dialmente. Algumas de suas obras são: Educação como prática da liberdade (1967), Pedagogia do opri- mido (1970), Educação popular (1982), Pedagogia da autonomia (1997). COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 22 Atividade Procure saber se em sua cidade existem rádios comu- nitárias e caracterize um de seus programas. Contexto sociocultural, interações sociais e meios de comunicação social Vimos que os meios de comunicação, se democrati- zados, podem ser instrumentos de conscientização social. É importante estarmos atentos, também, aos impactos que a utilização dos meios de comunicação pode trazer aos modos de ser das pessoas. Os meios de comunicação, podem modificar a ma- neira com que as pessoas se relacionam umas com as ou- tras. Não é preciso que exista o contato presencial e físico para que as pessoas se relacionem: ao utilizar um meio de comunicação, como o telefone, as cartas e os diver- sos recursos da Internet (como e-mail e chats online, que veremos em outras aulas), as pessoas podem reduzir as interações face a face. A utilização dos meios de comunicação nas nossas re- lações sociais permite que os nossos contatos diretos (pre- senciais) se reduzam, já que vários deslocamentos físicos podem ser poupados (eu não preciso encontrar pessoal- mente com alguém para dar um recado nem viajar para a China para saber como são as paisagens lá). Isso pode pro- vocar alterações na maneira com que as pessoas entram em contato umas com as outras: Cada vez mais as pessoas buscam informações em outras fontes (como a televisão, os jornais) do que nas pessoas com quem convivem. A utilização dos meios de comunicação de massa, em especial, promove o contato com contextos e formas de vida muito diferentes dos nossos que podem alterar a nossa visão de mundo. Sem os grandes meios de comuni- cação, talvez não tivéssemos contato com a realidade de locais distantes como a África, a Tailândia, a Índia. Nosso horizonte de percepção e visão dos problemas do mundo é mediada pelos grandes meios de comunicação. A comunicação humana não se reduz, portanto, a um processo de transmissão de mensagens, mas tem papel ati- vo nas relações de poder sociais e na criação dos mundos percebidos pelos indivíduos. Resumo Vários estudiosos procuram elaborar teorias de como funciona o processo comunicativo. Lasswell entende o ato comunicativo como uma resposta à pergunta: quem, diz o quê, para quem, em que canal e com que efeito? Enquan- to Shannon e Weaver (1949) descreveram o ato comuni- cativo como um processo de transmissão de mensagens entre uma fonte e um destino, tais mensagens devem ser codificadas em um transmissor e transformadas em sinais que trafegam através de um canal até serem decodificadas por um receptor. Neste processo, ruídos de natureza téc- nica e semântica podem atrapalhar o processo comunica- tivo, os quais podem ser reduzidos através de uma maior clareza da mensagem transmitida na fonte ou de alguma redundância. Uma maneira de saber se as mensagens re- almente chegaram a um destino é observar o feedback de- las. Mas é preciso não perder de vista que a comunicação é um processo de partilha de significados que pode levar à ação. Para estudiosos como Paulo Freire, a verdadeira comunicação é dialógica, pois envolve partilha de signifi- cados e não deve servir à invasão cultural. Além de ver a comunicação como um processo dialógico, devemos ter consciência de que a comunicação modifica a nossa forma de relacionar com os outros e entrar em contato mediado com realidades muito distantes de nossas vivências pesso- ais, alterando nossa visão de mundo. Atividades 1. Compare o modelo dialógico da comunicação com o modelo matemático da comunicação. Quais elemen- tos aparecem em um ambos e quais não aparecem? AULA 2 • O Processo Comunicativo 23 2. Quais seriam os motivos de um jornal da Rede Globo se diferenciar de outro jornal de outra emissora, como a Record, por exemplo? 3. Diga como um programa de televisão – como uma no- vela das 8 pode alterar a visão que temos do nosso mundo vivido. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS AULA 3 Funções da comunicação Objetivos • Descrever as funções informativa, edu- cativa e de entretenimento da comuni- cação. • Entender as disfunções da comunicação • Entender o papel da comunicação na empresa. • Saber o que é comunicação interna e ex- terna na empresa. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 26 Introdução Nas aulas anteriores, vimos que a comunicação não é simplesmente um processo de transmissão de mensagens de um emissor para um destinatário, mas que pode ser diálogo que modifica nossa maneira de perceber, ver e estar no mundo. Nesta aula, vamos estudar mais profun- damente a importância da comunicação na vida social e nas empresas. O papel da comunicação social Os meios de comunicação social exercem importan- tes funções nas nossas vidas. Nos mantemos informados do que acontece no Brasil e no mundo acompanhando os telejornais, nos distraímos assistindo novelas, compramos jornais de classificados para procurar emprego, para ven- der ou comprar equipamentos,etc. Os meios de comunicação não afetam somente as vi- das de indivíduos isolados, mas desempenham funções na vida social como um todo. As principais funções dos meios de comunicação foram descritas por estudos americanos da comunicação nas décadas de 50 e 60 do século XX1 e serão aqui discutidas. Função informativa da comunicação Os meios de comunicação deixam os indivíduos a par dos acontecimentos da atualidade, disponibilizando infor- mações funcionais e operacionais de interesse dos sujeitos sociais, conforme o modelo abaixo: FUNÇÃO INFORMATIVA Vamos analisar o modelo: Diariamente, os governos exe- cutam ações, as pessoas se movimentam para o trabalho, ou- tras vão para as escolas, a ciência e a tecnologia se desenvol- vem, etc. Todos estes movimentos se apresentam como dados disponíveis na realidade que, ao serem tratados pelos meios de comunicação, escritos ou falados, se tornam informações ou notícias, mais ou menos úteis para cada indivíduo. É importante notar que dado (alguma ocorrência) não é sinônimo de informação: a informação envolve o trata- mento do dado, através de sua formatação e contextuali- zação adequada. O repórter, ao comparecer a um evento, entra em contato direto com os dados da realidade, ao redigir sobre aquele evento, estará tratando o que viu e transformando aquilo em uma informação ou notícia, que podem interessar ou não quem a lê. Outra distinção importante é entre notícia e informa- ção. A notícia é uma informação excepcional, de grande interesse. Todos os dias, podemos entrar em contato com informações sobre o tempo, mas informações sobre ondas gigantes não acontecem todos os dias, e são notícia. Atividade Identifique notícias e informações que você descarta quando lê um jornal e quais são de interesse para você. Ao exercer este papel informativo, os meios de comu- nicação social, exercem as seguintes funções: • Função de alerta e vigilância: a exposição de infor- mações de noticiários policiais ou sobre perigos na- turais (como as “ondas gigantes”) podem deixar a população alerta e propiciar a tomada de posição ou movimentação das pessoas. • Servir de instrumental para a realização de ativida- des cotidianas: a divulgação de informações como o valor do dólar, ou a queda nas exportações, ou a previsão do tempo, ou as informações que o rádio passa sobre o trânsito, são importantes para nos ori- entarmos diariamente. • Interpretação dos acontecimentos: os eventos ou fatos que ocorrem no mundo nos são oferecidos através dos pontos de vista do jornalista/radialista/ editor que os escrevem e selecionam. Quando le- mos uma coluna do Arnaldo Jabor, por exemplo, es- tamos tendo acesso à interpretação que ele tem dos acontecimentos, e não sabemos exatamente sobre o acontecimento em si, dizemos que a nossa visão do acontecimento é mediada pelo Arnaldo Jabor. 1 Alguns dos pesquisadores de destaque daquele tempo foram Wright, Lasswell, Lazarsfeld e Merton. Já na década de 70, também existem os trabalhos de Xifra-Heras. Dados disponíveis na realidade Tratamento Informações forma- tadas na mídia: • Notícias e aconte- cimentos em cará- ter excepcional • Informações roti- neiras de interesse • Reportagens espe- ciais, documen- tários Descarta- das pelo indivíduo (dados para o indivíduo) Apropriadas (informa- ção para o indivíduo) AULA 3 • Funções da comunicação 27 • Observação do ambiente: Os profissionais de co- municação se encarregam de observar o ambiente para produzir o acontecimento que vira notícia ou informação válida. Seria difícil para todo cidadão acompanhar pessoalmente tudo o que acontece de importante em sua cidade ou país. Eu não preciso, por exemplo, ir pessoalmente às reuniões da Câ- mara Municipal ou Assembleia do Estado para sa- ber das leis que tramitam lá, pois os profissionais de comunicação, como os repórteres, estão lá ob- servando o que acontece e fornecendo informação daquilo que é relevante. Atividade Quais informações divulgadas pelos meios de comu- nicação são úteis no seu dia a dia? É importante dizer que, ao selecionar o que é notí- cia e o que não é, ao destacar algumas personalidades e não outras, os meios de comunicação exercem função de atribuição de status às pessoas. Ao ser notícia nos meios de comunicação, pessoas ou grupos ganham visibilidade e mais valor perante a sociedade. Exemplos não faltam: como ganharia prestígio, se não fosse pela TV, qualquer participante do programa Big Brother Brasil? Quando o jornal interno de uma empresa coloca a foto de um funci- onário, aquele funcionário passa a ser reconhecido e pode sentir-se prestigiado. Atividade As revistas Quem ou Caras cumprem funções de atri- buição de status? Função educativa dos meios de comunicação Os meios de comunicação educam, transmitindo va- lores culturais ou modificando-os. Os meios de comunicação divulgam sua versão dos acontecimentos de acordo com os valores da sociedade, servindo para reforçá-los. Por exemplo: uma novela que faça campanha a favor da prevenção do câncer de mama reforça comportamentos de cuidados com saúde valoriza- dos socialmente e podem instruir mulheres. Por outro lado, os meios de comunicação podem, também, promover discussões que estimulem a mudança de valores como as recentes discussões sobre a tolerância à homossexualidade ou combate ao racismo trazidas por algumas telenovelas. Além disso, os meios de comunicação, como a TV, tem tido papel na educação infantil, através de progra- mas de cunho educativo. A TV, em alguns lares, se tornou uma “babá eletrônica”, e deveria estimular o crescimento intelectual e emocional de crianças e adolescentes. Daí a grande preocupação com a natureza dos programas edu- cativos e dos desenhos animados. Além disso, a própria disponibilização da informação pode servir como apoio à educação. Uma criança, por exemplo, que vê uma reportagem sobre a Amazônia, está aprendendo sobre aquela região, o que pode ser útil na escola, ou pode despertar a sua consciência ecológica. Daí a grande importância em se pensar na elevação do nível dos programas exibidos na televisão brasileira. Atividade Liste dois programas de televisão que podem ser edu- cativos. Os meios de comunicação exercem a função de in- tegração social, ao permitir a interação entre os diversos órgãos da sociedade. Por exemplo: é através de circula- res publicadas na imprensa que órgãos públicos entram em contato com a sociedade e fazem executar suas leis. É através da televisão que as populações do Norte entram em contato com a realidade do sul e se sentem parte de um mesmo país. Função de entretenimento da comunicação Os meios de comunicação servem para entreter as pessoas, oferecendo-se como opção de lazer ou passatem- po, ou servir como estratégia de evasão para seus proble- mas. “A cidade cochila e sonha vendo TV.” As pessoas usam os meios de comunicação como vál- vula de escape para seus problemas, para terem uma com- panhia para os momentos de solidão: alguns programas de rádio, por exemplo, preenchem o tempo de quem está só. Atividade Cite dois programas de TV ou de rádio e caracterize como eles podem exercer a função de entretenimento. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 28 A comunicação na vida de uma organização Para entender melhor como os processos comunica- tivos se relacionam com a vida de uma empresa, vamos pensar um pouco como a empresa funciona. Uma empresa, não importa qual seja o seu tamanho, existe para produzir algum bem material ou serviço. Ela almeja o lucro, caso seja da iniciativa privada, ou deve se autossustentar e realizar bem suas funções, caso seja da iniciativa pública ou do terceiro setor. O produto de uma empresa – bem material ou servi- ço – deve ser colocado à disposição da sociedade para ser adquirido e/ou para a melhoria de condição de vida das pessoas. Diz-se que a empresa deve adequar os seus pro- dutos e serviços às demandas sociais e também deve ter um compromissosocial, pois a sua simples instalação em um ambiente ou comunidade traz benefícios – como em- prego, disponibilidade de produtos – mas também pode trazer problemas – como o desequilíbrio ambiental ou o desrespeito aos hábitos locais. A empresa não é, portanto, fechada em si mesma, e precisa, sempre, se relacionar com a sociedade – com a comunidade na qual está inserida, com os seus consumi- dores e clientes, com seus fornecedores, com o governo, etc – através de atividades de comunicação e marketing. A propaganda É preciso dizer que a comunicação não é sinônima de marketing. As atividades de marketing, de maneira sim- plificada, envolvem o entendimento de qual produto o público precisa, por qual preço, em quais postos de venda ele deve estar e como será a sua propaganda ou promo- ção. Para Tahara (1986), a função da propaganda é “estu- dar o consumidor em relação à mensagem, à linguagem, aos meios de comunicação etc., visando a sua conscienti- zação quanto às qualidades do produto para que responda favoravelmente à marca e ao produto na hora da decisão de compra” (TAHARA, 1986, p.13-14). A propaganda leva à publicidade, ao direcionamento de mensagens publicitárias através do uso dos meios de comunicação (mídia) para atingir os seus potenciais con- sumidores. A propaganda não é apenas o que acontece no intervalo das novelas! As empresas podem fazer propa- ganda através de anúncios em jornal ou revista, mensagens em outdoors ou camisas de futebol, jingles em rádios ou de outras formas. Atividade Qual foi o meio de comunicação mais criativo que você conhece para publicar a marca ou produto de uma empresa? A escolha de qual meio de comunicação a empresa vai utilizar para promover o seu produto ou a sua marca, e o formato que as mensagens vão ter (sua linguagem) é realizada por profissionais da comunicação normalmente graduados em publicidade e propaganda. Comunicação externa Além de precisar dar visibilidade aos seus produtos ou serviços, uma empresa precisa construir uma boa imagem junto aos seus públicos. Mas, o que é imagem e quais são seus públicos? Uma organização tem diversos tipos de público como fregueses, acionistas, fornecedores, funcionários entre ou- tros que dela dependem de alguma maneira para obter salários, lucros, dividendos, encomendas, etc. Uma organização não lucrativa tem seu público prin- cipal constituído por seus membros, empregados, contri- buintes, fornecedores e por membros da comunidade na qual está inserida. Atividade Imagine os públicos de um bar que funciona em um bairro nobre da sua cidade. A imagem de uma organização seria gerada a partir da percepção que os públicos da empresa têm a respeito de aspectos relativos aos seus serviços, à sua eficiência, ao seu prestígio e reputação. O conceito de imagem organizacional é mais comple- xo do que o apresentado aqui, pois envolve a preocupa- ção com a marca da empresa e sua aceitação e, também, com a construção do público interno e externo sobre o papel da empresa, podendo existir diferenças entre as imagens construídas pelo público interno e externo. Para manter uma boa imagem diante dos seus públi- cos, a empresa precisa se comunicar bem para dar visibili- dade ao que tem de melhor e contornar os problemas que possam prejudicar sua reputação. Talvez você se recorde de incidentes de derramamen- to de óleo pela empresa Petrobrás no Rio de Janeiro. Tais AULA 3 • Funções da comunicação 29 incidentes prejudicaram a reputação da empresa diante de toda a comunidade brasileira, afetaram a sua boa ima- gem. Para amenizar este problema, a Petrobrás dirigiu um comunicado mostrando todas as ações que realiza para re- cuperar os danos ambientais e manter a sua credibilidade. Quando a empresa direciona sua comunicação para o público externo (que não participa de sua vida produtiva diretamente) ela faz comunicação externa, a qual pode acontecer com o uso dos grandes meios de comunicação, se o público a ser atingido for muito grande. Quando a Petrobrás faz seu anúncio em rede nacional de TV, ela pretendia atingir o máximo de pessoas que dependem de seus serviços de energia. Mas, quando ela, por exemplo, quer fazer um recrutamento de engenheiros, ela pode di- recionar seus anúncios a universidades ou Conselhos Regi- onais de Engenharia. A escolha de qual meio utilizar e de qual formato a mensagem vai ter é dependente dos propósitos da em- presa na sua comunicação com os seus públicos e é tarefa realizada por profissionais de comunicação normalmente graduados em Relações Públicas. Comunicação interna Quando a empresa realiza atividades de comunica- ção junto ao público interno (seus funcionários), ela faz comunicação interna. Mas o profissional de relações pú- blicas pode não estar envolvido em todas as atividades de comunicação desta natureza, pois ele não tem a função de comunicar funções, delegar e deliberar diretamente sobre as atividades produtivas da empresa. Ele não pode dar ordens para funcionários da linha de produção, por exemplo. Redfield (1978), um estudioso da comunicação em- presarial, diz que a comunicação interna pode obedecer três orientações: comunicação descendente, comunica- ção ascendente e comunicação horizontal. A comunicação descendente se refere às transmissões de mensagens dos níveis superiores da hierarquia para os níveis inferiores, bem como a transmissões de informação entre a empresa matriz e suas filiais (comunicação centrí- fuga). Enquanto a comunicação ascendente diz respeito às transmissões de mensagens dos níveis inferiores da hierar- quia para os superiores e das empresas filiais para a matriz (comunicação centrípeta). Já a comunicação horizontal é a que ocorre entre funcionários de mesma hierarquia. PRESIDÊNCIA Assessoria de Comunicação Diretor de Graduação Diretor de Pós-graduação Coordenação de Administração Coordenação de Mestrado em Administração Coordenação Didática Coordenação Didática Coordenação Administrativa Coordenação Administrativa Comunicação Horizontal Comunicação Ascendente Comunicação Descendente COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 30 A comunicação descendente tem como objetivos a transmissão de ordens, de instruções, de diretrizes e pro- cedimentos, através de linguagem escrita, auditiva ou au- diovisual, conforme listado no quadro abaixo: Linguagem auditiva Linguagem audiovisual Linguagem visual Diretas: Conversas, entrevistas, reuniões, conferências. Indiretas: Telefone, rádio, sistema de auto-falante. Simbólicos: Sirene, sinos, outros sinais. Filmes sonoros, vídeos institucionais, demonstrações, vídeos de treina- mento, programas multimídia. Escritos: Mensa- gens individuais, circulares, manuais, quadros de avisos, boletins, panfletos, sinalização, publica- ções para emprega- dos (como manuais), formulários. Pictográficos: pinturas, fotografias, diagramas, mapas. Escritos-pictográficos: cartazes, gráficos, cartilhas (cartoons). Simbólicos: bandei- ras, luzes, insígnias. Atividade Exemplifique o uso de, pelo menos, dois meios de co- municação auditiva, visual ou audiovisual na empresa em que você ou um amigo trabalha. No fluxo descendente, verifica-se a efetividade da co- municação se aconteceu a execução das ações desejadas pelo superior. A comunicação, no fluxo descendente, leva ao encaminhamento de ações. A comunicação ascendente se realiza através da cons- trução de relatórios de diversas naturezas, como relatórios de desempenho ou informativos, feitos pelos funcionários para os níveis superiores da hierarquia. Envolve, também, a realização de atividades mais ou menos espontâneas de escrita de críticas e sugestões através de caixa de sugestões ou conversas informais. Os relatórios produzidos são importantes para o pla- nejamento das ações da empresa, e para tomada de deci- sões. Por exemplo: o relatório mensal de vendas de uma empresa, realizado por funcionários do setor de vendas e entregue ao gerente de marketingpode indicar queda nas vendas, o que vai levar à adoção de novas estratégias de vendas, como a queda no preço dos produtos. As informações trazidas no fluxo ascendente são im- portantes instrumentos para planejamento e tomada de decisão. As caixas de sugestão ou as sondagens de opinião dos operários da empresa, que levam os funcionários a se expressarem num fluxo ascendente, permitem, por outro lado, diagnosticar a satisfação no trabalho e gerar ações de melhorias no ambiente de trabalho. Uma boa comunicação também contribui para me- lhoria na satisfação do trabalho, pois deixa o ambiente mais agradável. Mas nem todas as atividades de comunicação na empresa são controladas pelos gerentes, ou pelos res- ponsáveis pela comunicação, os profissionais de Relaçõ- es Públicas. Sempre existem brechas para que aconteça a comunicação informal nas organizações e para que se estabeleça uma rede de boatos que podem se intensifi- car quando a empresa passa por situações de mudança ou quando atravessa problemas. Além da comunicação ascendente e descendente e da existência de um fluxo de informações informal, a em- presa ainda realiza atividades de comunicação horizontal. A comunicação horizontal acontece entre membros de uma mesma hierarquia e se efetiva através de conver- sas e, também de conferências, nas quais os envolvidos buscam, juntos, compartilhar com igualdade (e sem hie- rarquia) os pontos de vista. Lembremos da aula passada: a comunicação ascen- dente e descendente obedecem ao modelo matemático da informação, enquanto a comunicação horizontal en- volve a participação de iguais em um processo comunica- tivo (modelo dialógico). Atividade Se um gerente pede ao seu funcionário para fazer um relatório, qual tipo de comunicação é realizado? Se um profissional de RP coloca uma notícia no jornal de uma empresa sobre um aumento de salário, qual tipo de comunicação é realizado? AULA 3 • Funções da comunicação 31 Resumo Os meios de comunicação exercem funções na vida social, como as de vigilância, entretenimento, informati- va, formativa, atribuição de prestígio. Através da comu- nicação, acontece a integração entre os diversos órgãos que compõem a sociedade. A comunicação é essencial para a vida das empresas, já que as atividades de con- trole, planejamento e execução de ações envolvem a in- tegração entre os funcionários, tornada possível através da comunicação. A comunicação nas empresas envolve realização de propaganda, quando o propósito é atingir o público para convencê-lo a comprar os seus produtos ou valorizar a sua marca. Além da propaganda, a empresa precisa se relacionar com os seus públicos através de pro- cessos de comunicação interna e externa. A comunica- ção interna acontece de forma ascendente, descendente ou horizontal. Atividades 1. Enumere cada uma das funções sociais da comunica- ção citadas nesta aula e exemplifique cada uma. 2. Diferencie propaganda de comunicação externa. 3. Enumere os meios de comunicação interna e exempli- fique seu uso. 4. O que é público? 5. O que é imagem da empresa? 6. Diferencie comunicação descendente, ascendente e horizontal. 7. Explique a seguinte frase: “A principal função de um administrador é estabelecer e manter um sistema de comunicações” (Chester I. Barnard citado por REDFI- ELD, 1978, p.4). COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS AULA 4 Tecnologia digital e computadores Objetivos • Conceituar tecnologia digital e conhecer suas vantagens. • Saber o que é um circuito integrado (chip). • Saber o que é CPU, memória, disposi- tivos de entrada, saída, comunicação e armazenamento. COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 34 Introdução Nas aulas anteriores, estudamos o que é o processo de comunicação, desde a compreensão das interações hu- manas até a compreensão dos modelos de comunicação transmissivo-matemático e dialógico. A partir desta aula vamos iniciar outra unidade de es- tudos: As novas tecnologias da comunicação. Nesta uni- dade vamos entender como funcionam estas novas tec- nologias e quais são suas aplicações para a comunicação interpessoal e empresarial. Novas Tecnologias Na primeira aula, vimos que as novas tecnologias da comunicação e informação são um grupo de tecnologias utilizadas para auxiliar o homem nas suas tarefas comu- nicativas e de gerenciamento da informação. Mas, o que distingue o computador das outras tecnologias anteriores da comunicação e informação? As novas tecnologias da informação e da comunica- ção, ou nova mídia, têm como características distintas das tecnologias anteriores serem digitais e interativas. Falaremos, agora, sobre a tecnologia digital e tratare- mos da interatividade em outra aula. A tecnologia digital Dizemos que as novas tecnologias são digitais porque elas são construídas com circuitos digitais feitos normalmente à base do elemento químico silício, que operam níveis de tensão 0 (au- sência de tensão, chave aberta) e 1 (existência de tensão, chave fe- chada). A partir da combinação destes níveis de tensão 0 ou 1, podem ser criadas sequencias inteiras de palavras, números, cores, imagens, pois existem códigos padronizados para determinar como a sequência de 0s e 1s se combinam para formar letras e números. No código ASCII1, por exemplo, a letra A é 1000001. As mensagens que você cria são, então, codificadas para um formato digital e se transformam em uma série de valores discretos 0 e 1, sejam elas quais sejam. Você se lembra da teoria matemática da comunicação? Quando a transmissão de informações é digital, a mensagem que você quer transmitir é codificada em sequencias de 0 e 1, gerando um sinal digital, o qual é transmitido para o aparelho receptor capaz de decodificá-lo na mensagem original. A técnica digital veio substituir a analógica. A repre- sentação da variação numérica em circuitos analógicos é contínua enquanto nos circuitos digitais é discreta (passo a passo). Vamos entender isso com um exemplo: um relógio com mostrador digital nos mostra a passagem do tempo à medida em que os números relativos aos segundos, minu- tos e horas saltam aos nossos olhos, enquanto, no relógio analógico, os ponteiros giram continuamente. Mas, o sinal digital é melhor do que outro qualquer? É justifi- cável o investimento na troca de centrais telefônicas analógicas, por digitais, por exemplo? Para Tocci (1991, p.4), embora o nosso mundo seja predominantemente analógico, a técnica digital têm substituído a analógica com suces- so porque: • Os sistemas digitais são mais fáceis de projetar • O armazenamento da informação é fácil • A precisão e a exatidão são maiores • As operações podem ser programadas • Circuitos digitais são menos afetados por ruído • Circuitos digitais são mais adequados à integração Do ponto de vista dos projetistas de circuitos, os sis- temas digitais são mais fáceis de projetar e facilitam o ar- mazenamento da informação, permitindo a retenção dos sinais 0 e 1. Um exemplo de como isso acontece é a possi- bilidade de memorizar instruções em um forno de micro- -ondas digital ou a capacidade de memorizar rádios mais ouvidas em um aparelho digital. A precisão e a exatidão destes sistemas é maior porque o seu funcionamento não é tão sensível às variações con- tínuas de tensão e condições ambientais como os circuitos O conceito de tensão aqui utilizado é o de circuitos elétricos. Nas tomadas de nossas casas podemos utilizar a tensão de 127 V ou 220 V para ligar os aparelhos. Os circuitos eletrônicos operam, normalmente, com 5 V em corrente contínua. 1 American Stantard Code for Information Exchange. Traduzindo: Código padrão americano para intercâmbio de informações. A maioria das quantida- des físicas da natureza são analógicas e para que elas sejam tratadas di- gitalmente, é necessário um trabalho de conversão dos sinais analógicos para digitais, através de circuitos eletrônicos con- versores analógico/digital e digital/analógico. AULA 4 • Tecnologiadigital e computadores 35 analógicos. Com o uso de sistemas digitais, a precisão é obtida com a adição de circuitos de chaveamento. Vamos entender isso, ainda, pensando nos relógios digital e ana- lógico. O relógio digital parece mais preciso do que um re- lógio de ponteiros, pois registra, com exatidão, os números associados às horas, minutos e segundos, enquanto que o registro exato destas informações no relógio analógico é difícil, pois sempre existiria a dúvida sobre quantos se- gundos o ponteiro apresenta. Mas, se o relógio digital não registrasse os segundos, talvez tivéssemos alguma dúvida quanto à sua precisão e, para melhorar sua exatidão, adici- onamos as informações de segundos (colocamos circuitos adicionais destinados à sua contagem)2. Quanto menor for o intervalo de tempo com que o mostrador do relógio se modifica, mais preciso ele é para marcar o tempo e parte da precisão do sinal digital está associada a um número maior de atualizações no tempo ou no espaço daquele sinal. Uma fotografia digital vai pa- recer melhor ou mais bonita que a analógica quando ela for constituída de um grande número de sinais digitais que nos dão a impressão de que ela é formada, por pontos contínuos. A técnica digital permite maior liberdade de progra- mação, pois a operação dos circuitos digitais pode ser realizada através de programas – conjunto de instruções previamente armazenadas. Se você comparar um rádio analógico e um rádio digital, vai perceber que você tem al- guma liberdade para programar as estações de rádio mais ouvidas, ou para passar de uma rádio para outra através de um comando automático somente no relógio digital, pois o analógico normalmente não permite a realização destas operações. Dizemos, então, que o aparelho digital traz mais flexibilidade de uso, mas requer, também, uma habilidade maior dos seus usuários em saber como realizar a programação, a qual pode não ser trivial, os aparelhos podem ser mais difíceis de usar. Se todos os aparelhos di- gitais fossem realmente simples para utilizar, não existiria a necessidade de cursos de informática, por exemplo. Você já imaginou se precisasse fazer um curso de como utilizar um rádio ou uma TV por uma semana? Outro benefício da técnica digital seria a redução de ruídos. Se você se recorda da teoria matemática da co- municação, a presença de ruídos é altamente prejudicial à transmissão da informação. E, intuitivamente, podemos perceber isso na telefonia móvel: o sinal digital de uma operadora tende a ser mais nítido e menos sujeito a distor- ções e ruídos do que o sinal analógico. E, por fim, os sistemas digitais são adequados à inte- gração. O que isso significa? Que os circuitos digitais po- dem condensados em circuitos integrados (ou chips) pe- quenos capazes de realizar muitas operações, o que torna os equipamentos cada vez menores, e mais precisos. Atividade Identifique um aparelho eletrônico digital e outro ana- lógico e compare como eles funcionam. Os computadores que conhecemos hoje são digitais, seus circuitos lógicos operam sinais digitais, bem como o são equipamentos como o telefone celular digital e a câ- mera fotográfica digital. O sinal digital, nestes equipamen- tos tem o nome de bit (Binary digiT, 0 ou 1, cuja sigla é b). Como é muito grande a quantidade de sinais proces- sados por estes equipamentos, normalmente são utilizadas medidas de multiplicação da unidade bit. O conjunto de 8 bits forma um byte (cuja sigla é B) e os prefixos K , M, G são, respectivamente: 2 Este processo foi muito simplificado nesta explicação, mas o aprofundamento desta discussão envolve algum entendimento rudimentar de eletrônica digital, o que não é o objetivo deste curso. 1,6 cm COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS 36 Prefixo Significado Valor exato Valor aproximado K Kilo 210 = 1024 1.000 (milhar) M Mega 220 =1.048.576 Um milhão G Giga 230=1.073.741.824 Um bilhão T Tera 240=1.099.511.627.776 Um trilhão Talvez você ache estranho a medida de Kilo não ser 1.000 exatos como nos números que usamos normalmen- te. A razão para isso é que os computadores não utilizam o sistema de numeração decimal, como nós, mas eles ope- ram no sistema binário, contam de dois em dois. Assim, o valor exato é uma potência na base 2, como vimos no quadro acima. Quando digo que um disquete tem 1,44 MB, estou dizendo que ele pode armazenar 1,44 x 1.048.576 bytes = 1509949,44 bytes. Sendo que cada byte normalmente designa um caracter (letra ou número). Atividades Se um byte representa um caracter, quantos bits tem a palavra ROMA? E a palavra AMOR? Um CD Rom que tem 650 MB tem quantos KB? Como funciona o computador Agora que você viu o significado da palavra digital, va- mos entender como funciona, basicamente, um computa- dor. O computador é construído de circuitos digitais, com alto grau de integração em sua maioria (chips), e processa sinais 0 e 1. Um computador é formado por periféricos – unidades de entrada e saída de dados –, pela unidade central de processamento (CPU), por memórias, por dispositivos de armazenamento e dispositivos de comunicação. CPU Memória RAM (programas e dados) Memória ROM (BIOS e POST) Memória de Vídeo Controlador de Vídeo Monitor Controlador de Discos Floppy Disk Hard Disk CD-Rom Teclado Mouse / Joystick Porta Serial e Paralela Impressoras Modem Placa de rede Outros computadores Internet BBS Outros computadores Figura de Ramalho: 2000, p.67 AULA 4 • Tecnologia digital e computadores 37 Unidade Central de Processamento (CPU) A Unidade Central de Processamento (CPU) ou pro- cessador é o coração do computador. A partir das pulsaçõ- es do clock (frequência de pulsos elétricos medida em Hz), ela executa as operações lógicas e aritméticas que mantém a máquina em funcionamento, ela “bombeia” os 0s e 1s que mantém a máquina viva. A CPU é composta de duas partes: a unidade lógica e aritmética e a unidade de controle. A unidade lógica e arit- mética realiza operações aritméticas básicas (+, -, *,/) ou comparações lógicas (>, <, =, #), sendo realizada apenas uma operação a cada pulso do clock. A unidade de con- trole, por sua vez, controla o ciclo da máquina, buscando as instruções a serem executadas na memória principal (RAM), traduzindo para operações básicas e gravando o resultado na memória principal (RAM). Existem diversos processadores disponíveis no mer- cado, como os da Intel (série Pentium), da AMD (K6 e outros), Celeron, Athon. Quando dizemos que temos um Pentium III 800MHz, queremos dizer que nosso compu- tador é equipado com um chip Pentium capaz de realizar 800 milhões de operações básicas por segundo aproxima- damente. Só a título de curiosidade: para somar dois números, seriam necessários cerca de 15 ciclos de máquina (valor que varia de acordo com a capacidade do processador, da sua tecnologia e do tamanho dos números envolvidos). A CPU fica localizada em uma placa de circuito im- presso denominada placa mãe, de onde partem os slots que se comunicam com as outras partes do computador. A - slots B - microprocessador Unidade de memória A memória é formada de circuitos integrados que re- têm os sinais 0s e 1s acessados pelo microprocessador para executar suas operações. A memória do computador pode ser de dois tipos bá- sicos: • Memória RAM: RAM vem de Random Access Me- mory e significa memória de acesso aleatório. Este tipo de memória armazena instruções (programas) em uso para serem manipuladas pela CPU e onde dados são mantidos até que sejam enviados para um dispositivo de saída ou armazenamento. Seu conteúdo se apaga sempre que fecharmos um pro- grama que estamos utilizando, por isso é necessário “salvar” ou armazenar as informações em unidades de armazenamento permanentes. • Memória cache: A memória cache é um tipo de memória RAM de acesso rápido, que fica entre o processador e a memória RAM principal. Armazena as informações mais recentes utilizadas pelo usuá- rio. Existem
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