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DIREITO PENAL DESCAMINHO –ARTIGO 334/CP Art. 334 Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 1º incorre na mesma pena quem pratica : a) navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; b) fato assimilado em lei especial a contrabando ou descaminho. § 2º A pena aplica-se em dobro, se o crime de contrabando ou descaminho é praticado em transporte aéreo. Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 1º Incorre na mesma pena quem: I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. § 3º A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.” DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 LEI Nº 13.008/2014 DISPOSITIVO LEGAL CONCEITO O crime de descaminho (também conhecido como contrabando impróprio), consiste na fraude comumente utilizada para iludir total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação ou exportação. ❑ Pode ser mercadoria nacional: Essa mercadoria pode ser inclusive de fabricação nacional, desde que tenha procedência estrangeira, como na hipótese de um automóvel fabricado aqui no Brasil para exportação, e posteriormente aqui introduzido sem o pagamento dos devidos tributos. ❑ O imposto de que fala a parte final do caput - “pelo consumo de mercadoria” foi substituído pelo ICMS , por conseguinte, sua sonegação passou a figurar o tipo do art. 1º da lei 8.137/90, em face do principio da especialidade, pois nesse caso não há entrada ou saída de mercadoria do território nacional. CONSIDERAÇÕES ❑ Objetividade jurídica; ❑ Objeto Material; ❑ Sujeito Ativo (Art. 318/CP); ❑ Sujeito Passivo; ❑ Elemento Subjetivo. ❑ Crime simples; CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA ❑ Crime formal (consumação antecipada ou resultado cortado); ❑ Crime Comum; ❑ Crime de dano; ❑ Crime de forma livre; ❑ Crime comissivo (regra); ❑ Crime instantâneo; ❑ Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual ❑ Crime plurissubsistente NÚCLEO DO TIPO O núcleo do tipo é o verbo “iludir”, que significa enganar, ludibriar ou sonegar o pagamento de um tributo devido pela entrada ou saída de uma mercadoria do território nacional. O verbo “iludir” é que define a conduta do agente, que são as condutas omissiva ou comissiva. ATENÇÃO: Se o agente sem utilizar método fraudulento, deixar de recolher os tributos devidos em exportação ou importação, responderá tão somente por ilícito tributário e não pelo crime de descaminho. Art. 334/CP - Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. A FALSIDADE E O DESCAMINHO Apesar dos conflitos apresentados pelas normas penais, existe a possibilidade do uso do princípio da consunção (absorção), pois, a falsidade ideológica/material somente funciona neste caso, como meio para a execução para o crime de descaminho. EXEMPLO: Se o agente importar mercadoria de um valor R$ 1.000.00,00 e somente declarar R$ 200.000,00, responderá somente pelo crime de descaminho e absorverá o crime de falsidade ideológica (podendo ser a material também), e portanto a falsidade será o artefato impunível. “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, e por este absorvido.” ➢ Este entendimento aplica-se somente quando o crime meio é instrumento para chegar ao crime fim, e não quando são ações diferentes. SÚMULA 17/STJ CONSUMAÇÃO O crime de descaminho consuma-se com a entrada ou saída da mercadoria (permitida) sem o pagamento do tributo devido. O descaminho pode ser total ou parcial, ambas formas serão caracterizadas no crime em estudo. Ademais, a letra da lei já prevê ambas hipóteses, a valoração do todo ou em parte, será pertinente ao magistrado ao dosar a pena-base. TOTAL OU PARCIAL NATUREZA FORMAL DO DELITO Na natureza formal, o descaminho e o posterior da ação penal, não tem a necessidade de conclusão do procedimento do processo administrativo, relativo a discussão acerca da existência, valor ou exigibilidade do tributo. É dispensada a existência de procedimento fiscal com a posterior constituição do critério tributário para a configuração desse crime. (Entendimento do STF) . Há entendimento diverso, o STJ diz que: “Ainda que o descaminho seja delito de natureza formal, a existência de decisão administrativa ou judicial favorável ao contribuinte, anula o auto de infração.’ É POSSÍVEL A TENTATIVA? A tentativa deste crime é possível, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter criminis. A ação penal é pública e incondicionada. O crime de descaminho é categorizado pela lei nº 9.009/1995 como um crime de médio potencial ofensivo, podendo o agente gozar dos privilégios como a suspensão condicional do processo que a referida lei traz consigo, sendo assim, esse será tramitado na justiça comum. (essa média ofensividade do caput abarca o parágrafo 1º também). AÇÃO PENAL LEI Nº 9.009/1995 COMPETÊNCIA A sua competência cabe a Justiça Federal, pois ofende os interesses da união. E portanto, enquadra-se na regra prevista no Art. 109/CF, IV – “Aos juízes federais compete processar e julgar: crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União...” E COMO SABER QUAL SERÁ A JUSTIÇA FEDERAL COMPETENTE? SÚMULA 151/STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. (Súmula 151, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/02/1996, DJ 26/02/1996 P.4192). EXEMPLO: Se um carregamento de eletrônicos adentrar no Brasil pela fronteira do Acre com a Bolívia, com o intuito de iludir pagamento de imposto devido, mas ocorrer a apreensão desses objetos em Manaus, a competência para o processamento e julgamento não será o do local de entrada (do Acre), mas sim o de apreensão, e portanto, o foro competente será a Justiça Federal de Amazonas. § 1º Incorre na mesma pena quem: I. pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei; II. pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; III. vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional ou de importação fraudulenta por parte de outrem; IV. adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos. FORMAS EQUIPARADAS § 2º Equipara-se às atividades comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular ou clandestinode mercadorias estrangeiras, inclusive o exercido em residências. “A pena aplica-se em dobro se o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial.” AUMENTO DE PENA – ART. 334/CP, § 3º ❑ Há o aumento de pena, por causa da dificuldade em que os agentes tem ao fiscalizar as mercadorias exportadas ou importadas que chegam no nosso território. O crime de descaminho é um crime por parte do particular contra a administração geral, e em regra o STJ tornou inaplicável o princípio da insignificância para crimes contra a administração pública em geral (conforme súmula 599/STJ), no entanto para o próprio STJ há exceção, e o descaminho é uma exceção. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA ❑ É fundamentado na ideia de que o Direito Penal não deve se preocupar com acontecimentos pequenos, como bagatelas. O STF, e o posteriormente o STJ (somente em 2018), tornaram pacifico o entendimento de que é aplicável o princípio da insignificância ao crime de descaminho quando o montante dos tributos for até R$ 20.000,00. Ademais, esse entendimento advém do art. 20 da Lei 10.522/2002, regulamentado pelas portarias 75 e 130 do Ministério da Fazenda, ambas de 2012. REINCIDÊNCIA DO CRIME DE DESCAMINHO Atualmente, o STF já assentou em diversos julgados o entendimento de não se cogitar a aplicação do princípio da insignificância nos casos em que o réu reincide na conduta delitiva. Ocorre que a apreciação da subjetividade do autor mostra-se incompatível com os julgados da Suprema Corte, os quais se encontravam posicionados no sentido de não considerar os elementos subjetivos exarados no artigo 59 do Código Penal para afastar a tipicidade da conduta diante do princípio da insignificância. Entretanto, há diversas oscilações nesse sentido, como podemos mencionar o posicionamento do Desembargador João Pedro Gebran Neto, o qual foi relator no julgamento da Apelação Criminal nº 5011677-12.2014.404.7110. No seu voto, ele afirmou que a conduta do agente, ainda que habitual, deveria ser desmaterializada pelo princípio da insignificância, e ainda explicou que o referido princípio tem a função de analisar a tipicidade da conduta e não as condições do agente. O condutor que for pego praticando o crime de descaminho, terá seu documento cassado (CNH) e será proibido de obter habilitação para qualquer veiculo automotor durante 5 anos. (Lei Nº 13.804/19). No caso de prisão em flagrante, do condutor pelo crime de descaminho, o juiz poderá, em qualquer fase da investigação, aprovar ou não a saída do documento, se ele, o juiz de competência, achar que a ordem publica irá ser alterada. (Lei Nº 9.503/1997). CTB – MEDIDAS DE PREVENÇÃO No passado prevalecia o entendimento de que o pagamento do tributo devido, até o recebimento da denuncia, era causa de extinção da punibilidade , porém a partir 2013, unificou-se o entendimento, de que era desnecessária, para a persecução penal do crime de descaminho, a apuração administrativa do valor que deixou de ser recolhido. O PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO EXTINGUE A PUNIBILIDADE ? O DESCAMINHO EM PROVAS Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRASPE - Órgão: PRF, Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal Em uma rodovia federal, próxima à fronteira do Brasil com o Paraguai, um caminhão foi parado e vistoriado por policiais rodoviários federais. Além do motorista e de um passageiro, o veículo transportava, ilegalmente, grande quantidade de mercadoria lícita de procedência estrangeira, mas sem o pagamento dos devidos impostos de importação. O motorista, penalmente imputável e proprietário do caminhão, admitiu a propriedade dos produtos. O passageiro, que se identificou como servidor público alfandegário lotado no posto de fiscalização fronteiriço pelo qual o veículo havia passado para adentrar no território nacional, alegou desconhecer a existência dos produtos no caminhão e que apenas pegou carona com o motorista. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item a seguir. A conduta do motorista configura crime de descaminho em sua forma consumada, ainda que não tenha havido constituição definitiva do crédito tributário e a ocorrência de efetivo prejuízo ao erário. ( ) ERRADO( ) CERTO Ano: 2020 Banca: CESPE - Órgão: SEFAZ-AL, Prova: CESPE - 2020 - SEFAZ – Auditor Fiscal da Receita Federal Com relação a aspectos do direito penal, julgue o item a seguir. Funcionário público que é responsável pela fiscalização da entrada e saída de mercadorias no estado e deliberadamente não verifica o correto pagamento do imposto devido comete o crime de descaminho. ( ) CERTO ( ) ERRADO Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: EMAP Prova: CESPE - 2018 - EMAP - Analista Portuário - Área Jurídica Consoante o Código Penal Brasileiro e a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que o crime de descaminho. A) é um crime funcional contra a administração tributária. B) consiste na importação ou exportação de mercadoria proibida. C) está previsto no mesmo dispositivo legal que trata do crime de contrabando. D) é crime formal, razão pela qual o pagamento do tributo não enseja extinção da punibilidade. E) é crime contra a Administração Pública, razão pela qual não se admite a aplicação do princípio da insignificância. Dahmaris Dállety Santos Nonato R.A.: 121546 Hellen Cristina Bernardo dos Santos R.A.: 121260 Lucelia de Arruda Santos R.A.: 121333 Maria Laura Cordeiro Prade R.A.: 121638 Mariana Alvarez Urzedo R.A.: 121648 Vitória dos Santos Gonçalves R.A.: 121452 UNIDON – CENTRO UNIVERSITÁRIO DON DOMÊNICO TURMA 4° C de Direito – 2020 ALUNAS INTEGRANTES MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte especial – vol. 2. 12ª ed. rev. e atual. – ed. São Paulo: Método, 2019. https://franciscodirceubarros.jusbrasil.com.br/artigos/136366531/alteracao-no-crime-de-crime-de-descaminho-lei-n-13008-de- 26-junho-de-2014 https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=DESCAMINHO.+TENTATIVA#:~:text=No%20crime%20de%20descaminho% 2C%20se,impedido%2C%20%C3%A9%20caso%20de%20tentativa https://www.youtube.com/watch?v=9FCat2MC6EE https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/aplicacao-do-principio-da-insignificancia-ao-crime-de-descaminho.htm https://jus.com.br/artigos/73073/o-principio-da-insignificancia-no-delito-de-descaminho https://canalcienciascriminais.com.br/reincidencia-no-crime-de-descaminho-insignificancia https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/noticias/207097728/qual-e-a-diferenca-entre-contrabando-e-descaminho https://www.conjur.com.br/2010-jun-27/descaminho-nao-crime-lancamento-credito- tributario?pagina=4#:~:text=No%20descaminho%2C%20a%20simples%20entrada,falar%20em%20incid%C3%AAncia%20de%20tri butos https://www.sedep.com.br/artigos/enfoques-gerais-do-crime-de-contrabando-e-descaminho/ https://www.jfrn.jus.br/institucional/biblioteca-old/doutrina/Doutrina349-o-crime-de-descaminho.pdf REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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