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Brasília-DF. 
Intervenções do PsIcólogo no HosPItal
Elaboração
Fernanda Silva de Meira
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 5
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6
introdução.................................................................................................................................... 8
unidAdE i
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR ................................................................................... 11
CAPítulo 1
A PSICOLOGIA HOSPITALAR .................................................................................................... 11
CAPítulo 2
CARACTERíSTICAS SOBRE ATuAÇÃO dO PSICóLOGO HOSPITALAR ......................................... 24
CAPítulo 3
A HumANIzAÇÃO HOSPITALAR ................................................................................................ 29
unidAdE ii
A PRÁTICA dO PSICóLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR ..................................................................... 34
CAPítulo 1
O PSICóLOGO E O PACIENTE ................................................................................................ 34
CAPítulo 2
INTERvENÇõES PSICOLóGICAS NO HOSPITAL ........................................................................ 53
unidAdE iii
INTERvENÇõES dO PSICóLOGO COm A FAmíLIA/ACOmPANHANTE E COm A EQuIPE dE TRABALHO .... 61
CAPítulo 1
O PSICóLOGO HOSPITALAR, A FAmíLIA, E A EQuIPE ................................................................ 61
CAPítulo 2
PSICóLOGO NA EQuIPE muLTIPROFISSIONAL .......................................................................... 66
CAPítulo 3
SuPORTE EmOCIONAL AOS PROFISSIONAIS ............................................................................ 71
unidAdE iv
dOCumENTOS PARA ATENdImENTO PSICOLóGICO HOSPITALAR .......................................................... 76
CAPítulo 1
PRONTuÁRIO dO PACIENTE .................................................................................................... 76
CAPítulo 2
INTERCONSuLTA ..................................................................................................................... 82
CAPítulo 3
PARECER PSICOLóGICO ........................................................................................................ 86
PArA (não) FinAlizAr ..................................................................................................................... 88
rEFErênCiAS .................................................................................................................................. 89
AbrEviAturAS ............................................................................................................................... 101
5
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
6
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
7
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
8
introdução
A Psicologia Hospitalar é considerada uma vertente nova nos estudos psicológicos. No 
Brasil, Matilde Neder é uma das precussoras da área quando iniciou sua atuação na 
década de 1950 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo (USP) na Clínica Ortopédica e Traumatológica e em seguida na divisão 
de Reabilitação. Em 2000, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) regulamentou pela 
Resolução no 014 a especialização de Psicologia Hospitalar.
Sair de dentro dos consultórios convencionais e encarar diferentes settings terapêuticos, 
com possibilidades de inúmeras intercorrências durante os atendimentos, além de 
trabalhar conjuntamente com diversos profissionais, são alguns dos grandes desafios 
para o psicólogo. É necessária uma postura ativa, humanizada e acolhedora frente ao 
indivíduo que traz demandas de cuidados físicos e psicológicos. 
São muitas as possíveis áreas de trabalho do psicólogo no hospital, por isso é preciso 
compreender o contexto hospitalar que irá atuar e estudar os tipos de demandas 
que ocorrem com mais frequência. Neste material, daremos enfoque principal nas 
intervenções do psicólogo no Pronto-Socorro (PS), na Unidade de Terapia Intensiva 
(UTI), na Enfermaria e no Ambulatório.
Ressalva-se a importância do acolhimento psicológico desde a entrada do paciente no 
hospital até a sua preparação para alta hospitalar. Geralmente, a ansiedade, o medo e a 
angústia frente a circunstâncias desconhecidas são os sintomas principais identificados 
nos pacientes. O trabalho do psicólogo foca-se em reforçar as capacidades preservadas 
do sujeito, para que este tenha recursos de enfrentar melhor a doença e a hospitalização. 
O suporte psicoemocional é também importante aos familiares/acompanhantes, pois 
reforça a adaptação da família no momento de crise, além de ampliar suas formas de 
ajustamento e enfrentamento no período da hospitalização. Os atendimentos podem 
ser individuais ou em grupos, de acordo com a demanda, tempo e espaço ofertados ao 
trabalho do psicólogo.
De forma semelhante, são relevantes as intervenções do psicólogo comos trabalhadores 
da saúde, os quais estão na linha de frente do cuidado. Alguns exemplos de intervenções 
são: grupos terapêuticos fechados, grupos de orientações, grupos de suporte 
psicológico, aconselhamentos individuais, atendimento de apoio emocional individual, 
encaminhamentos para outros serviços externos de Psicologia, entre outros.
9
Pontua-se a necessidade de cada vez mais os psicólogos buscarem novos conhecimentos 
e formas de atuação para o contexto hospitalar, além de desenvolverem trabalhos e 
pesquisas científicas da área.
objetivos
 » Compreender o contexto da Psicologia Hospitalar.
 » Caracterizar as intervenções do psicólogo hospitalar.
 » Descrever e contextualizar o acompanhamento psicológico paciente – 
familiar – profissional.
11
unidAdE i
EXPlAnAção 
SobrE PSiCologiA 
HoSPitAlAr
CAPítulo 1
A psicologia hospitalar
A Psicologia Hospitalar 
A Psicologia Hospitalar passou a se desenvolver mais no final do século XX, quando 
a medicina psicossomática abriu espaço à atuação dos psiquiatras e dos psicólogos 
nos hospitais gerais, pois o olhar sobre a saúde começava a ser além do biológico ou 
físico, propondo o exercício do modelo biopsicossocial. Por registros, aponta-se que 
1818, o Hospital McLean, em Massachusetts, inseriu o trabalho do psicólogo em uma 
equipe multiprofissional de fisiologistas, bioquímicos e patologistas (GORAYEB; 
GUERRELHAS, 2003; BRUSCATO, 2004). 
No ano de 1954, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de 
São Paulo (USP), Mathilde Neder estrutura o primeiro Serviço de Psicologia Hospitalar 
no Brasil sob o convite do Dr. Eurico de Toledo Carvalho. O trabalho foi desenvolvido 
na Clínica Ortopédica e Traumatológica da USP na preparação psicológica cirúrgica e 
pós-cirúrgica de pacientes que perpassavam por cirurgia de coluna. Em 1957, Mathilde 
iniciou seus trabalhos na divisão de Reabilitação do Hospital das Clínicas da USP 
(ANGERAMI-CAMON, 1994; BRUSCATO, 2004). 
Os psicólogos hospitalares obtiveram maior inserção em seu trabalho a partir das 
décadas de 1950, 1960 e 1970 no Brasil, período em que tais profissionais passaram a 
sair de dentro de seus consultórios para contemplar demandas que “não iam até eles”. 
Sujeitos que muitas vezes não conheciam o objetivo de trabalho de um psicólogo, ou 
ainda nem conheciam esta profissão.
Outra contribuição para a inclusão da Psicologia nas instituições é diante do contexto 
histórico. Nos anos 1980, o país passava por recente abertura política paralelamente 
seguida de grandes manifestações de movimentos sociais. Com a retirada dos militares 
12
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
do governo, novas junções políticas e administrativas foram surgindo em torno do 
poder nacional proporcionando inserção de profissionais das ciências humanas e 
sociais e iniciou o reconhecimento do papel do psicólogo nas atuações da comunidade, 
seja clínica ou não. A crise social e econômica desta época colaborou para que os 
profissionais deixassem os consultórios e procurassem mais espaço nos órgãos públicos, 
pois a solicitação por atendimentos privados estava bem reduzida (SUNDFELD, 2010). 
Desta forma, consideram-se recentes as ações da Psicologia Hospitalar, sendo que este 
termo foi regulamentado na Resolução no 14 pelo Conselho Federal de Psicologia – 
CFP – em dezembro de 2000, ao estabelecer a especialização desta área aos psicólogos 
(TONETTO; GOMES, 2005).
Na Resolução do CFP no 13/2007, definiram-se as atribuições do Psicólogo especialista 
em Psicologia Hospitalar, que seguem abaixo:
Atua em instituições de saúde, participando da prestação de serviços 
de nível secundário ou terciário da atenção a saúde. Atua também em 
instituições de ensino superior e/ou centros de estudo e de pesquisa, 
visando o aperfeiçoamento ou a especialização de profissionais em sua 
área de competência, ou a complementação da formação de outros 
profissionais de saúde de nível médio ou superior, incluindo pós 
graduação lato e stricto sensu. Atende a pacientes, familiares e/ou 
responsáveis pelo paciente; membros da comunidade dentro de sua 
área de atuação; membros da equipe multiprofissional e eventualmente 
administrativa, visando o bem estar físico e emocional do paciente; 
e, alunos e pesquisadores, quando estes estejam atuando em 
pesquisa e assistência. Oferece e desenvolve atividades em diferentes 
níveis de tratamento, tendo como sua principal tarefa a avaliação e 
acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes que estão 
ou serão submetidos a procedimentos médicos, visando basicamente 
a promoção e/ou a recuperação da saúde física e mental. Promove 
intervenções direcionadas à relação médico/paciente, paciente/família, 
e paciente/paciente e do paciente em relação ao processo do adoecer, 
hospitalização e repercussões emocionais que emergem neste processo. 
O acompanhamento pode ser dirigido a pacientes em atendimento 
clínico ou cirúrgico, nas diferentes especialidades médicas. Podem ser 
desenvolvidas diferentes modalidades de intervenção, dependendo 
da demanda e da formação do profissional específico; dentre elas 
ressaltam-se: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; 
grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e Unidade 
13
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
de Terapia Intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; 
psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; 
psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria. No trabalho com a 
equipe multidisciplinar, preferencialmente interdisciplinar, participa 
de decisões em relação à conduta a ser adotada pela equipe, objetivando 
promover apoio e segurança ao paciente e família, aportando 
informações pertinentes à sua área de atuação, bem como na forma 
de grupo de reflexão, no qual o suporte e manejo estão voltados para 
possíveis dificuldades operacionais e/ou subjetivas dos membros da 
equipe.
Resolução no 13/2007, p. 21
Percebe-se a ampliação das demandas e locais de atuação do psicólogo hospitalar, 
lembrando que tal profissional não se detém apenas a hospitais gerais de grande porte, 
mas trabalha também em instituições hospitalares de médio e pequeno porte, nas 
Unidades de Pronto Atendimento (UPA), nos Núcleos de Saúde Mental, entre outros, 
e com diversas especialidades: Traumatologia, Neurologia, Cardiologia, Ginecologia, 
Reabilitação, Pediatria, Geriatria, Infectologia etc. 
A Psicologia Hospitalar visa essencialmente à diminuição do sofrimento do paciente 
causado pelo movimento da hospitalização que, em geral, determina o agravamento 
da doença. É preciso disponibilizar escuta à subjetividade do paciente enfermo que em 
muitos momentos pode adquirir sequelas e/ou traumas do processo da doença. Logo, o 
psicólogo tem a função de entender e tratar os aspectos psicológicos segundo o processo 
de adoecimento, o qual é originado por diferentes causas: psicológicas, biológicas, 
sociais/culturais (ANGERAMI-CAMON, 1995; SIMONETTI, 2011). 
O objetivo do psicólogo hospitalar não se baseia na cura de doenças, em salvar/resgatar 
vidas ou realizar diagnósticos de uma patologia física, e sim em fornecer suporte 
emocional, proporcionar escuta e espaço de expressão para a subjetividade do ser, e 
compreender o momento vivenciado e subjetivo do paciente frente ao seu adoecimento. 
O diálogo torna-se essencial no processo de hospitalização, pois é por meio da palavra 
que se desenvolve o trabalho do psicólogo (ANGERAMI-CAMON, 1995; SIMONETTI, 
2011).
Ao atender, o psicólogo faz um trabalho juntamente com outros profissionais (médico, 
enfermeiro, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, terapeuta ocupacional, 
fonoaudiólogo etc.) buscando o resgate do cuidado biopsicossocial da pessoa adoecida. 
Faz-se relevante aqui pontuar em uma breve explanação sobre a evolução do conceito 
de saúde, para que o profissional da Psicologia compreenda como hoje a terminologia 
14
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃOSOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
foi modificada, porém muitos pacientes, familiares e mesmo profissionais da saúde se 
voltam para conteúdos do processo saúde-doença mais antigos e diferenciam-se no 
enfrentamento de determinadas patologias. Em seguida, será feita um breve histórico 
sobre o desenvolvimento dos hospitais.
breve explanação sobre a evolução histórica 
da saúde
Os conceitos e ideias de saúde determinam-se de acordo com épocas, culturas, países, 
classes sociais, entre outros. De acordo com estudos, pesquisas e práticas, hoje 
encontram-se as proposições etimológicas de saúde. 
Tais origens etimológicas da palavra saúde se definem em português salude, termo do 
século XIII; em espanhol salud no século XI; em italiano salute, e do latim salus (salutis), 
o qual significa conservação da vida, cura, salvação, bem-estar. O étimo francês santé 
vem de sanitas (sanitatis), indicando no latim sanus, aquele que está com saúde, são. 
Este último conceito está mais ligado à concepção grega de higiene, relacionada à deusa 
Hygea (ALMEIDA FILHO, 2000; FERREIRA, 2004).
Straub (2007) expõe o termo saúde como derivação de uma palavra alemã que na língua 
inglesa significa “integridade do corpo” pelos vocábulos hale e whole. Hale significa 
saúde e whole significa integral, na tradução da língua portuguesa. Historicamente, 
estudiosos apontam que a perda da saúde (haleness) acontecia quando os guerreiros se 
feriam nos campos de batalha. 
Antes das pesquisas de Hipócrates, considerado o pai da medicina moderna, há 
aproximadamente 6.000 anos no Ocidente, os responsáveis pela prática do cuidado com 
a saúde eram os chamados xamãs, que eram os feiticeiros tribais, pajés ou sacerdotes. Os 
rituais eram os meios de curar as doenças. Acreditava-se que estas últimas aconteciam 
pelos maus espíritos que apossavam-se do corpo da pessoa, e o xamã seria o responsável 
por expulsar estas forças do mal por meio de exorcismos, de feitiçaria e pela trepanação, 
isto é, uma cirurgia considerada arcaica em que perfuravam-se ossos do crânio tanto em 
pessoas vivas ou mortas. A trepanação caracteriza a medicina primitiva pré-histórica 
(GUSMÃO, 2004).
A nomeação do xamã ocorria depois de um longo tempo de abstinência alimentar e 
sexual, pelo aprendizado de músicas xamanísticas e pelo uso de plantas com substâncias 
alucinógenas, que juntos chamavam os espíritos bons e favoráveis para extinguir a 
doença (SCLIAR, 2007). 
15
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
Considera-se o princípio da evolução das ciências da saúde médicas em Roma e na 
Grécia Antiga, nos séculos VI e V a.C., visto que neste período além do uso de plantas, 
métodos naturais e ritos religiosos para cura das doenças, houve a propagação dos 
cuidados higiênicos e de saneamento. Em Roma, foram criados o sistema de drenagem 
do pântano e o sistema de canalização de água, banheiros públicos, e iniciou-se a 
fiscalização da limpeza de ordem pública (STRAUB, 2007).
No mesmo período na Grécia, as divindades ainda eram consideradas importantes no 
tratamento da saúde-doença, como o Asclepius ou Aesculapius (deus da medicina), 
Higieia (deusa da saúde) e Panacea (deusa da cura) (SCLIAR, 2007). 
Moreira, Romagnoli e Neves (2007) afirmam que com o trabalho e estudos do filósofo 
grego Hipócrates de Cós (460-377 a. C.), houve uma nova conceituação da atividade 
médica clínica. Em textos de Platão, Aristóteles e Sócrates encontram-se referências 
da vida de Hipócrates, cujos estudos propuseram uma visão racional da medicina sem 
pressupostos mágico-religiosos, e que preocupavam-se com a causa natural da doença 
e, deste modo, deveria ser tratada e prevenida. Ele introduziu a observação clínica e a 
anamnese como as etapas iniciais para determinar o diagnóstico e o prognóstico, aos 
quais conceituaram uma vertente científica de estudos sem métodos cosmológicos. 
Straub (2007) ainda complementa que, a medicina hipocrática determinou a teoria 
humoral, isto é, no organismo humano existem quatro fluidos ou humores: a bile 
amarela, a bile negra, o sangue e o fleuma. A doença se constituiria sem a harmonia 
destes humores. No texto “Ares, águas, lugares”, Hipócrates definiu também a influência 
que o meio ambiente tem sobre a saúde e doença do indivíduo, ou seja, as observações 
deveriam ser feitas além do paciente em si, incluindo os fatores extrínsecos, como os 
hábitos, higiene e cuidados pessoais, relações sociais, entre outros, e também deveriam 
ser consideradas as emoções e pensamentos de cada sujeito diante do tratamento.
O médico Claudius Galeno (129-200 d. C) foi outro grande cultor que escreveu e 
contribuiu com estudos de anatomia, dietas, cuidados higiênicos, além de desenvolver 
um sistema de farmacologia baseado na teoria humoral. Tal sistema é visto hoje 
como antigo, contudo alguns conceitos e tratamentos de medicinas alternativas 
assemelham-se ao embasamento farmacológico de Galeno (GUSMÃO, 2004).
Diante das proposições acima citadas por seus autores, as ciências médicas, a partir 
deste período, começaram a se desenvolver. Estudiosos e pesquisadores passaram a 
debruçar em questões ainda não reportadas em investigações e pesquisas humanas, e o 
cuidado com a saúde repassa gradualmente ao meio científico. 
16
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
Paralelamente ao desenvolvimento das práticas médicas ocidentais, há cerca de dois mil 
anos no Oriente, o conceito de saúde voltou-se principalmente à harmonia das forças 
energéticas corporais, e a instauração da doença ocorre quando há o desequilíbrio 
energético, seja este adquirido por fatores internos ou externos. A medicina chinesa 
tradicional considera o organismo formado pelas vertentes psíquica, física, emocional 
e espiritual, as quais relacionam-se com o ambiente extrínseco e com uma destas cinco 
energias: o fogo, a madeira, a água, o metal e a terra (BRASIL, 2006). 
Os médicos defensores desta abordagem indicam o corpo saudável àquele que possui 
equilíbrio entre Yin e Yang e um fluxo adequado de qi ou chi, uma energia vital, nos 
canais de energia que varia de acordo com as alterações do organismo. As terapias 
orientais, como a meditação, a acupuntura, a fitoterapia, a dietética, entre outros, 
trabalhariam em direção à estabilidade do qi. Observa-se que após a Segunda Guerra 
Mundial, houve grande dispersão dos recursos terapêuticos no Ocidente, como a 
acupuntura e a massagem terapêutica (JACQUES, 2001).
A medicina clássica Ayurveda, a ciência da vida (avy significa vida, e veda significa 
conhecimento), surgiu na Índia no século VI a. C e foi executada por religiosos e sábios. 
É vista como uma das mais antigas formas de prevenção, tratamento e cura da saúde, 
e considera o organismo saudável aquele que se molda diante do equilíbrio entre os 
níveis mental, físico e emocional. Tal equilíbrio deriva de três humores organísmicos ou 
doshas, que são Vata, Pitta e Kapha ou em conjunto, o tridosha (GASPERI; RADUNS; 
GHIORZI, 2008). 
O objetivo principal da Ayurveda é a prevenção da saúde por meio de uma alimentação 
saudável, pela prática de exercícios físicos, de cuidados higiênicos, de hábitos adequados, 
e pelo uso da espiritualidade. A busca harmônica do físico, do psicológico, do emocional 
e do espiritual proporciona o autoconhecimento, a autoajuda e a autocura (GASPERI 
et al, 2008). 
Já na Idade Média (476-1450), considera-se uma involução geral do conhecimento 
humano, pois o poder da Igreja interrompeu os saberes científicos. Dogmatizou-se a 
doença como produto do pecado e a cura aconteceria diante da fé e da procura pelas 
ordens religiosas, ou seja, houve um retrocesso acerca da conceituação saúde-doença 
e dos tratamentos. Estes últimos voltaram a ser realizados pela expulsão dos maus 
espíritos por meio de pessoas religiosas e por médicos que incentivavam o uso de feitiços 
e misticismo. A perseguição era intensa aos estudiosos e cientistas que buscavam a 
ciência (GUSMÃO, 2004; SCLIAR, 2007).
Oliveira e Egry (2000) afirmam queo desenvolvimento de maior intensidade das práticas 
da clínica médica ocorreu nos séculos XVIII, XIX e XX diante do aperfeiçoamento dos 
17
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
aparelhos e procedimentos hospitalares, da descoberta dos fatores extrínsecos da doença 
como a influência dos vírus, bactérias e outros microorganismos, do desenvolvimento 
da anestesia, da farmacologia, da homeopatia, da cirurgia, do microscópio e Raios-X, 
das vacinas, e também por meio de novos tratamentos para doenças, como a lepra, a 
peste bubônica, a pneumonia, a malária, entre outros. 
Atenta-se, então, para o surgimento do chamado modelo biomédico de saúde, o qual 
caracteriza a doença a partir de raízes biológicas somente, sem influências sociais, 
psicológicas, hábitos ou comportamentos. A doença é causada diante de um patógeno 
(bactéria, vírus ou microrganismo) que instaura-se no organismo, o que provoca uma 
teoria reducionista, ou seja, os conceitos saúde e doença, considerados fenômenos 
complexos, são descritos a partir de um elemento básico/primário. Aqui a saúde é vista 
apenas como ausência de doença. Além disto, o modelo biomédico se baseia na doutrina 
cartesiana de dualismo mente-corpo, isto é, tais processos são distintos e autônomos, 
pois pertencem à natureza e causa diferentes. A mente/pensamento não ascende sobre 
o corpo e vice-versa (BARROS, 2002).
O modelo biomédico foi essencial aos estudos das doenças físicas, porém não alcançou 
explicações às enfermidades desprovidas de sinais e/ou sintomas físicos observáveis, 
como por exemplo, os transtornos de conversão desmistificados por Sigmund Freud 
(1856-1939). Tais transtornos de conversão propunham que os conflitos emocionais 
inconscientes eram comutados em sintomas físicos (FREUD, 1989). 
Freud estabeleceu a busca do analista em trabalhar os impulsos, desejos e os conteúdos 
mentais que ficaram reprimidos no inconsciente do paciente, retirando as resistências 
existentes e fortalecendo o ego por meio de elementos técnicos. A chamada associação 
livre tornou-se uma regra fundamental na Psicanálise como elemento técnico. Ela 
permite que a pessoa fale de forma livre, diga o que vier à mente, com ou sem sentido, e 
sem proibir qualquer detalhe dos pensamentos, sentimentos, imagens, ou fantasias. A 
dor ou a vergonha podem ocorrer, contudo são aspectos importantes na compreensão 
do mundo interior e são o acesso aos processos psíquicos inconscientes (NASIO, 1999).
Neste processo a atenção do terapeuta deve estar suspensa, porquanto este precisa 
estar disposto a escutar, aceitar, interpretar e compreender o conteúdo exposto pelo 
paciente. Freud denominou tal situação de atenção flutuante, a qual permite que a 
consciência do analista capte os desejos, fantasias e fatos reprimidos, e aponte conflitos 
que muitas vezes não são tão explícitos e ordenados (NASIO, 1999).
Outra vertente estudada foi a interpretação dos sonhos como fonte de encontro do 
material inconsciente, pois eles apresentam conteúdo com menos defesa durante o 
sono, o qual mantém os impulsos reprimidos fora da consciência. Tal conteúdo quando 
18
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
interpretado permite a melhor identificação dos conflitos registrados pelo indivíduo 
(FREUD, 1989b). 
Portanto, Freud indicou com seu pensamento psicanalítico que não existe 
descontinuidade na vida mental, ou seja, nada acontece por acaso, e há uma causa para 
cada pensamento, memória, sentimento, ação ou comportamento, o que contrapõe aos 
conceitos do modelo biomédico (ZIMERMAN, 2004). 
Atenta-se para o importante papel que a Psicanálise proporcionou aos estudos e à 
conceituação da saúde psíquica. Freud estabeleceu preceitos ainda não investigados 
e alguns até mesmo receosos, como a desmistificação da sexualidade e dos sonhos. 
Além disto, a teoria psicanalítica embasou e ainda fundamenta muitas abordagens 
psicológicas que buscam a melhoria da qualidade de vida. 
Na década de 1940, outro psicanalista chamado Franz Alexander discriminou doenças, 
como a artrite reumática, que não possuíam infecções ou outros motivos físicos diretos 
para seu diagnóstico e indicou elementos psicológicos à causa patológica. Tal estudo 
impulsionou o surgimento da medicina psicossomática, em que psico significa mente, 
e soma significa corpo. A medicina psicossomática alvitrou o trabalho em diagnosticar 
e tratar doenças físicas que são consideradas provenientes de segmentos mentais 
deficientes (STRAUB, 2007).
Riechelman (2000) completa a prática médica psicossomática como o exercício laboral 
de ter lado a lado elementos subjetivos e objetos do indivíduo, ou seja, trabalha-se com 
uma perspectiva holística hipocrática do sujeito juntamente com avanços e atualizações 
tecnológicas da medicina moderna e suas especificações.
Oliveira e Egry (2000) afirmam que, com o término da Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945), ocorreram modificações demográficas, como desenvolvimento da 
expectativa de vida, fato que consequentemente aumentou o envelhecimento em 
países mais desenvolvidos; a diminuição da mortalidade; a formação de novos 
grupos comunitários (favelas, bairros populares, associações de bairros, movimentos 
populares); entre outros. Observou-se também grande demanda de populações em 
vivências escassas e à míngua, excluídas socialmente de assistências, atendimentos, 
tratamentos de saúde. Houve o deslocamento da atuação dos médicos para as 
organizações hospitalares. Com esses novos e diferentes contextos sociais, econômicos 
e culturais, percebeu-se a importância de uma conceituação do termo saúde-doença. 
Neste período, formou-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização 
Mundial de Saúde (OMS), a qual estabeleceu na carta de princípios de 7 de abril de 
19
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
1948, o Dia Mundial de Saúde, que: saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, 
mental e social e não apenas a ausência de enfermidade (COUTO, 2009). 
Em 1978, a OMS, na Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde, 
defendeu que a saúde englobava outros parâmetros, por exemplo: o direito de todos os 
cidadãos aos atendimentos à saúde na comunidade, com valores acessíveis e de acordo 
com a economia do país (BRASIL, 2009). 
Somente no fim da década de 1980, o Brasil decretou na sua Constituição Federal de 
1988, no artigo 196, que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, 
proteção e recuperação” (BRASIL, CF 1988, art. 196).
Assim, visualiza-se uma explanação sobre a significação da saúde, porém como foi 
dito anteriormente deste capítulo, os conceitos se alteram e continuarão a se modificar 
diante da dinâmica social, temporal e cultural. O desenvolvimento da saúde é constante 
e necessita adaptar-se em cada contexto.
Os psicólogos hospitalares devem estar atentos ao entendimento que os pacientes e 
acompanhantes trazem sobre o processo saúde-doença. Por exemplo: existem pessoas 
que acreditam que a doença é causada por causa do pecado; outros sujeitos desenvolvem 
a ideia de que sua doença física nada tem haver com seus cuidados higiênicos; outros 
indivíduos traduzem que estão doentes porque seu corpo quis assim e sua mente nada 
influencia; entre outros exemplos. Os profissionais precisam prestar atenção e fazer 
uma escuta detalhada ao paciente e familiar, pois estes apresentam diferentes culturas, 
religiões, e etnias, e por vezes não são compreendidos pela equipe cuidadora sobre 
como enfrentam o adoecimento.
Além da concepção do paciente e seu familiar, as equipes de saúde também traduzem 
o binômio saúde-doença ainda com contextualização diferentes, como a biomédica. 
Portanto, o psicólogo hospitalar possui a função de resgatar o cuidado biopsicossocial 
do sujeito e proporcionar tal postura aos seus colegas de trabalho.breve histórico sobre os hospitais
A terminologia hospital é procedente da palavra latina Hospitalis (ser hospitaleiro, 
acolhedor) e originou-se pela expressão hospes. Os hospes eram locais em que pessoas 
doentes, os peregrinos, os órfãos e pobres buscavam ajuda, assistência e hospedagem 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1965). 
20
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
Após a era cristã, o hospital passou a ser mais interligado ao vocábulo grego 
nosodochium, que compreende receber os doentes, e nosocomium que significa asilo ou 
lugar dos enfermos. A acepção de Hospitium determinou o locus de receber hóspedes, 
e o hospital passou a abarcar os espaços de tratamentos de enfermos temporariamente 
(FERREIRA, 2008). 
Lisboa (1993) coloca que anterior à propagação do Cristianismo, na Antiguidade, 
poucas civilizações dedicavam-se ao cuidado com a saúde coletiva e individual. Como 
já ressaltou-se no capítulo anterior deste trabalho, os religiosos eram os responsáveis 
pela assistência à saúde da população, e através dos estudos de Hipócrates, houve a 
fundamentação científica dos atendimentos e tratamentos de saúde. Neste período, 
o Japão, a Índia, a China e a civilização greco-romana possuíram destaque em 
organizar ambientes hospitalares divididos de acordo com as doenças, clientes e com a 
especialidade do médico. 
Considera-se Sidartha Gautama, o Buda, no Oriente, como um dos precursores em 
difundir a prática hospitalar, pois construiu hospitais e estipulou médicos formados 
responsáveis pelas unidades em muitas cidades. Upatise, filho de Buda, continuou esta 
prática de expansão hospitalar (FERREIRA, 2008). 
Já no período do Cristianismo, novas práxis e organizações foram disseminadas em 
relação à saúde, como o saneamento de cidades, planejamentos e aperfeiçoamento de 
espaços hospitalares que assistissem às pessoas enfermas. Ou seja, uma perspectiva 
mais humanista de desvelo passou a ser difundida na sociedade. O decreto de Milão em 
313 d.C., e o Concílio de Nicéia em 325 d.C., afirmados pelo imperador Constantino, 
foram essenciais para a fundamentação e desenvolvimento de novos hospitais com a 
roupagem de atendimentos aos carentes e enfermos (SANDRONI, 2007). 
Helena, mãe do imperador Constantino, e os senadores romanos Zótico e Ébulo foram 
os construtores dos abrigos de doentes com afecções inespecíficas de pele, chamadas 
também de lepra nesta época. Os “leprosos” eram separados das pessoas saudáveis e 
recebiam tratamentos. Helena e Zótico posteriormente receberam títulos de canonização 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1965). 
Diferentes segmentações aos atendimentos aos doentes, peregrinos, pobres e órfãos 
surgiram segundo a assistência necessária. Os locais destinados aos leprosos passaram 
a se chamar lobotrophia; já os espaços de tratamentos de enfermos em geral eram 
denominados nosocomia, e as casas dos peregrinos e pobres chamavam-se hospitia 
(MORAES, 2005). 
21
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
De acordo com Sandroni (2007), nos anos 380 e 400 d.C. foi criado o primeiro hospital 
do Ocidente e também os abrigos de africanos que chegavam na Península Ibérica, 
por meio da matrona Fabíola, a qual foi canonizada em seguida. Em Roma, o senador 
Pamaquio construiu um senodóquio para atender marinheiros e a população.
O Ministério da Saúde (1965) afirma que, a criação das universidades na Idade Média 
proporcionou grande incentivo ao desenvolvimento da medicina juntamente com 
o surgimento da imprensa e de instrumentos da ciência médica. Esses parâmetros 
auxiliaram em uma nova perspectiva de ambiente hospitalar. 
O Hospital de Cairo, construído em 1283, possui destaque, pois nele já se encontravam 
enfermarias diferentes aos doentes, isto é, mulheres, pacientes em recuperação, 
crianças, pacientes lesionados, todos eram separados segundo o diagnóstico. A classe de 
enfermagem era formada por homens e mulheres que auxiliavam os médicos indicados 
a cada ala hospitalar (FERREIRA, 2008). 
A partir dos séculos XVIII, XIV e XX, novas propostas foram disseminadas em relação 
ao cuidado com a saúde no âmbito hospitalar. O hospital passou a ser uma instituição 
social, destinada ao acolhimento e tratamento de todos os sujeitos. As muitas descobertas 
tecnológicas, aperfeiçoamento de técnicas da medicina, especializações, ampliação 
de profissões da saúde, novas caracterizações de doenças, acompanhamentos e 
tratamentos são apenas alguns aspectos que podem ser associados à evolução hospitalar 
(SANDRONI, 2007). 
Observa-se, de acordo com os autores citados acima, que surge um novo olhar referente 
à atenção à saúde segundo o desenvolvimento da medicina. Percebeu- se a necessidade 
de acolher e cuidar daqueles que eram excluídos, pois estavam doentes. Os estudos 
científicos médicos proporcionaram diferentes perspectivas de tratamentos e outros 
profissionais da área, como os enfermeiros e os farmacêuticos, passaram a atuar dentro 
dos hospitais. Explicita-se assim um desenvolvimento gradual dos hospitais paralelo ao 
processo do cuidado à saúde.
Tem-se conhecimento de que o primeiro hospital no continente americano foi 
inaugurado em 1524 por Cortez, no México, e o primeiro hospital brasileiro, a Santa Casa 
de Misericórdia, foi fundado por Braz Cubas no ano de 1543, na cidade de Santos, São 
Paulo. Contudo, as situações permaneciam calamitosas: poucos profissionais atuando, 
a demanda de enfermos aumentando gradativamente, investimentos de saúde rasos 
diante da realidade do país e a organização hospitalar precisando ser aperfeiçoada 
(FERREIRA, 2008).
22
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
Em 1920, no Brasil, criou-se o Departamento Nacional de Saúde Pública que transpôs 
os artefatos da assistência da saúde ao Estado. Entretanto, neste período, ainda 
havia a relação imutável com as políticas da Previdência Social, o que dificultava 
o acesso da população que não participava do Instituto Nacional de Assistência 
Médica da Previdência Social (INAMPS). Os hospitais filantrópicos, as Santas Casas 
e, posteriormente, os Hospitais Escola tornavam-se responsáveis pelos atendimentos 
e tratamentos da demanda não associada à Previdência Social, ou seja, aquela 
que não poderia pagar hospitais privados (PORTELA; BARBOSA; UGÁ; LIMA; 
GERSCHMAN, 2002). 
Ainda na década de 1940, foram propostas classificações das instituições de assistência 
médico-social a fim de sistematizar e melhorar as estruturas organizativas hospitalares. 
Determinaram-se dez divisões respectivamente: Classificação Clínica de Assistência 
Médica e Social; as instituições de assistência médico-social; classificação de acordo 
com número de leitos; classificação segundo a quantidade e qualidade de assistência 
médica e de assistência social que realizam; adesão ao internato de estudantes e médicos; 
classificação quanto à prática profissional ou ao corpo clínico atuante; classificação 
das instituições hospitalares ou para hospitalares; classificação das construções de 
instituições em bloco, em relação à planta ou plano de construção e de acordo com a 
arquitetura do edifício (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1965). 
No ano de 1955, nas semanas de 26 de junho a 2 de julho, a Divisão de Organização 
Hospitalar do Ministério da Saúde realizou o Primeiro Congresso Nacional de 
Hospitais. Em 1957, a Organização Mundial de Saúde (OMS) dispôs o conceito de 
hospital moderno, que prevê características da atual concepção hospitalar, isto é, 
determinou-se ao hospital a responsabilidade de assistir e atender toda a população 
local segundo preceitos preventivos e curativos, tanto em âmbito individual ou familiar, 
além de promover espaço de formação aos profissionais da área e estudos para pesquisas 
em saúde (MORAES, 2005). 
Ficou evidente, então, a caracterização de três vertentes hospitalares: a assistência 
hospitalar, o hospital geral e o hospital especializado (MOTT, 1999). 
O hospital geral tornou-se a instituição de tratamento de pessoas enfermas com diversas 
doenças. O hospitalespecializado seria o espaço destinado ao cuidado de apenas 
um tipo específico de doença ou de grupos restritos de doenças com especialidades 
semelhantes. A assistência hospitalar seria os atendimentos nos hospitais gerais e nos 
hospitais especializados, englobando pacientes internos e pacientes externos atendidos 
nos ambulatórios (MOTT, 1999).
23
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
Moraes (2005) relata que, o hospital moderno a partir da década de 1960, apresenta 
cinco pontos relacionados à sua formação: ofertas de especialidades, ofertas de 
procedimentos cirúrgicos, uso de equipamentos em avanços tecnológicos, equipe 
em organização administrativa hospitalar e incentivo ao ensino e pesquisa. Estas 
características são consideradas essenciais na constituição dos hospitais.
Observa-se, então, que os hospitais foram gradualmente se modificando de acordo com 
o desenvolvimento das políticas de saúde do Brasil. Sandroni (2007) aponta que nesta 
trajetória, a medicina hospitalar passou a atender os âmbitos biológicos e físicos do 
sujeito e os aspectos psicológicos foram privados do cuidado com a saúde. 
Com a criação de políticas públicas, programas privados, e a inserção das equipes 
multiprofissionais nos hospitais, propõem-se a busca da atenção e diligência necessárias 
aos serviços da saúde, englobando tantos os trabalhadores quanto os usuários das várias 
unidades hospitalares brasileiras. 
O psicólogo hospitalar ao buscar saber sobre o histórico dos hospitais tem maior 
possibilidade de compreender sua rotina, o fluxo do hospital, a composição das equipes, 
a historicidade e cultura da sua unidade, além de poder dialogar com seus colegas de 
trabalho de maneira contextualizada. O estudo e pesquisa sobre o contexto hospitalar 
devem ser posturas frequentes do psicólogo, o qual se aperfeiçoa e disponibiliza 
melhores atendimentos.
24
CAPítulo 2
Características sobre atuação do 
psicólogo hospitalar
O olhar terapêutico do psicólogo hospitalar é voltado à tríade ─ paciente, familiar 
e equipe – conforme a realidade das unidades. Diversas técnicas psicoterápicas são 
utilizadas, como Gestalt-Terapia, Psicodrama, Transpessoal, Comportamental, 
Psicanálise, Cognitivo-Comportamental etc., e métodos próprios são aderidos dentro 
da atuação hospitalar. O psicólogo deve observar seu campo de trabalho e adequar 
de maneira ética sua forma de atuar. Independente de sua abordagem, o psicólogo 
não pode perder seu em auxiliar ao paciente/familiar/equipe que necessita de apoio 
psicológico e o favorecimento da melhora sintomática (CHIATTONE, 1998).
A orientação teórica mais indicada para os atendimentos psicológicos no hospital é 
a Psicoterapia Breve (PB), a qual se descreve por ter um tempo definido e objetivos 
limitados, ou seja, há um foco principal a ser trabalhado, ou seja, um possível tema 
base para interpretações. Lustosa (2010) corrobora ao expor que o objetivo da PB é a 
modificação, o alívio ou a extração dos sintomas decorrentes do paciente.
Suas origens são psicanalíticas e as principais contribuições derivaram principalmente 
de F. Alexander, S. Ferenczi, H. Davanloo, D. Malan e P. Sifneos. Contudo, atualmente 
outras linhas teóricas utilizam-se de seus preceitos, como a cognitva, a comportamental, 
e a psicodramatista. Sua indicação é para tratamentos de duração curta (LEMGRUBER, 
1997; CORDIOLI, 1998). 
Estudiosos apontam características importantes e necessárias para o acompanhamento 
na PB, que são: motivação do paciente, boa formação de aliança e interação terapêutica, 
estabelecimento do foco pelo terapeuta, capacidade do paciente em tolerar frustações 
e/ou ansiedade durante o processo e com a alta, capacidade de insight do paciente, e 
delimitação do tempo (LEMGRUBER, 1997; CORDIOLI, 1998). 
O psicólogo trabalha com posturas e ações ativas, e sempre que preciso deve se 
apropriar com maneiras de apoio, como a tranquilização, relaxamentos, psicofármacos, 
manipulação do ambiente, técnicas de aconselhamento, educação e sugestão, 
clarificação, entre outros.
Lemgruber (1997) propõe conceitos específicos e relevantes da PB: a Experiência 
Emocional Corretiva (EEC), a Aliança Terapêutica, o Foco, a Atividade e o Planejamento.
25
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
A EEC é descrita como fator curativo da psicoterapia e se desenvolve ao proporcionar 
um espaço seguro e com condições favoráveis para que o paciente reviva concretamente 
situações emocionais do passado consideradas intoleráveis e traumáticas, e que não 
foram totalmente resolvidas. A intensidade da reexposição do paciente é diminuída ao 
ser comparada com a vivência original, pois há manipulação do ambiente dentro de um 
contexto de aceitação, além de ausência de cobranças e censura. A EEC é constituída 
por elementos cognitivos, emocionais, motores e volitivos, os quais formam uma 
experiência completa ao sujeito (LEMGRUBER, 1997; CORDIOLI, 1998). 
A Aliança Terapêutica (AT) é importante em qualquer processo terapêutico. Ela se baseia 
no processo do paciente formar uma ligação de trabalho com o psicólogo e também 
impulsiona a colaboração e progressão do tratamento. Algumas posturas do terapeuta 
são essenciais para a constituição da AT, como: ter empatia, visualizar a terapia como 
uma tarefa mútua entre profissional e paciente, reconhecer o desenvolvimento do 
sujeito, ser receptivo às metas e problemáticas do indivíduo na terapia, corroborar 
com as experiências positivas e na manutenção de ações e defesas úteis e construtivas 
(LEMGRUBER, 1997; CORDIOLI, 1998). 
A chamada focalização ocorre quando o psicólogo se detém na escolha do foco, do 
sintoma, do conflito a ser abordado. O foco delimita-se aos conflitos mais evidentes 
e urgentes do paciente, seja de material consciente ou inconsciente, caracterizando 
o problema psíquico mais emergente no momento. Em geral, o foco é definido 
através de avaliação e planejamento anterior, e seu propósito é guiar e orientar o 
processo terapêutico para que o sujeito supere seus conflitos (LEMGRUBER, 1997; 
CORDIOLI, 1998).
A atividade se desenvolve em uma postura mais ativa do terapeuta no processo da PB, 
deixando de lado a neutralidade e a atenção flutuante do profissional. 
Lemgruber (1997) afirma que todos esses conceitos descritos anteriormente 
contribuem para o planejamento e continuidade da PB, a qual também é caraterizada 
por: intervenção imediata do profissional; alto nível de atividade do terapeuta; 
estabelecimento de metas/objetivos limitados e específicos; identificação e manutenção 
do foco terapêutico; e a delimitação do limite temporal da terapia.
A avaliação psicodinâmica do problema e o planejamento de situações que basearão a 
EEC do paciente são importantes para a PB. Geralmente, os conteúdos são obtidos nas 
entrevistas psicológicas e também no uso de testes psicológicos se o profissional achar 
necessário a aplicação de tais testes. É neste processo que o psicólogo visualiza se a PB 
é indicada para os pacientes (LEMGRUBER, 1997; CORDIOLI, 1998). 
26
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
As principais indicações para a PB clínica são: situações ou problemáticas agudas 
que predispõem transtornos crônicos, situações de emergência e crises, pessoas com 
transtornos de ajustamento e de personalidade leve, reações ansiosas ou fóbicas. As 
contraindicações se baseiam em: dependências de álcool ou outras drogas, transtorno 
do pânico, transtorno do humor, psicoses, transtorno de caráter grave, pacientes 
dependentes e imaturos, transtorno obsessivo-compulsivo ou fóbico incapacitante, 
pacientes que sofreram tentativas de suicídio, problemáticas difusas com conflitos 
múltiplos, necessidades de mudanças amplas ou profundas de caráter, situações 
emergenciais que precisam de mudança ambiental (LEMGRUBER, 1997; CORDIOLI, 
1998; LUSTOSA, 2010). 
A PB pode ser empregada nos diferentes espaços do hospital (Pronto-Socorro, UTI, 
Enfermarias, Ambulatório) e com os vários pacientes. O psicólogodeve estar atento 
ao conteúdo verbal e não verbal que o sujeito trará, para assim determinar o foco a ser 
trabalhado. 
No ambiente hospitalar não se tem a garantia de quantos atendimentos serão 
realizados com determinado paciente, pois este último pode receber alta do hospital, 
ser transferido de unidade ou setor e até mesmo vir a falecer, ou seja, não há frequência 
nas sessões. Portanto, o psicólogo precisa iniciar e terminar o atendimento, evitando 
deixar conteúdos para “o depois”, pois o tempo é delimitado (LUSTOSA, 2010). 
Considera-se essencial trabalhar o conceito do “aqui e agora”, isto é, dar enfoque naquilo 
que o sujeito vive e traz para o momento da sessão, sem desprezar qualquer informação, 
seja ela em forma de discurso ou outras coisas que acontecem e que são relevantes (jeito 
de respirar e olhar; expressões faciais e corporais). A referência terapêutica será os 
conteúdos do tempo presente (DACRI; LIMA; ORGLER, 2012).
Não existem restrições de tempo nos atendimentos, pois estes podem acontecer 
rapidamente ou perdurar por algumas horas, considerando pausas por exercício de 
outro profissional (procedimentos médicos, de enfermagem, de laboratório, exames 
variados), ou por circunstâncias eventuais no ambiente ou com o paciente, dentre 
outras situações. E não se estipula quantidade de sessões devido à incerteza do prazo 
em que o enfermo permaneça no hospital (CHIATTONE, 1998; LUSTOSA 2010).
Explicita-se outra importante característica da atuação do psicólogo hospitalar: este 
profissional não possui o setting terapêutico semelhante ao consultório clínico, onde 
há o uso de divãs ou poltronas ou sofás, além de grandes probabilidades de ocorrerem 
intervenções extrínsecas no momento do atendimento. 
27
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
O setting terapêutico clínico possui um enquadramento formal com horários de duração 
de cada sessão, prazo de aviso de faltas, reposições de atendimentos se necessário, não 
pode haver interrupções ou solicitações exteriores, os assentos são mais confortáveis 
para cliente e psicólogo. A terapia é conduzida pelo psicoterapeuta, o qual é responsável 
por todo sigilo do conteúdo de seu paciente, salvo casos descritos no Código de Ética do 
Psicólogo (CFP, 2005).
Ressalva-se como as instituições de ensino de Psicologia brasileiras ainda repassam aos 
seus alunos o modelo clínico cristalizado, não permitindo que os futuros profissionais 
ampliem sua postura para fora “das paredes do setting tradicional”. É necessária uma 
formação que saiba trabalhar em equipe e deixe de lado o movimento individualista e 
às vezes egocêntrico (ANGERAMI-CAMON, 1995).
Comumente, os atendimentos psicológicos hospitalares acontecem no leito do paciente 
independente se este está em enfermarias individuais ou coletivas, nos apartamentos, 
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Pronto-Socorro (PS), no Centro Cirúrgico, 
na sala de Estabilização e de Classificação de Risco, nos ambulatórios, nos corredores, 
no chão, em cadeiras, em pé etc.
Em algumas situações outros profissionais da saúde também podem participam 
do atendimento. Tais situações são exemplificadas: comunicação de más notícias, 
preparação para uma cirurgia, clarificação de um procedimento e/ou exame invasivo, 
entre outros.
O psicólogo precisa usar sua criatividade para formar um setting terapêutico usando 
biombos, cortinas, macas, seu próprio corpo, pedir auxílio de silêncio ou pedir licença aos 
outros pacientes, familiares e profissionais que não estejam participando do atendimento, 
ou se possível levar o paciente para outro local mais privativo, e entre outras maneiras 
que podem ser desenvolvidas de acordo com o momento e demanda do paciente.
Portanto, observa-se que atuação do psicólogo hospitalar é diferenciada dos princípios 
da psicologia clínica, pois seu trabalho precisa acontecer dentro dos parâmetros 
institucionais, isto é, existem rotinas, regras, condutas particulares e dinâmicas a serem 
acompanhadas pelos profissionais hospitalares. Além disso, o psicólogo não trabalha 
sozinho, ele faz parte de uma equipe de saúde que busca um objetivo de trabalho 
coletivo (CHIATTONE, 1998).
Os horários de entrada e saída, horários para alimentação e descanso, postura 
profissional, uso adequado das vestimentas, respeito e cordialidade com todos os 
trabalhadores do hospital, respeito à hierarquia, desenvolvimento das normas descritas no 
Regimento Interno, são exemplos de atitudes que o psicólogo hospitalar deve apresentar. 
28
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
É de relevância a leitura e seguimento da Norma Regulamentadora - NR 32, a qual 
“estabelece as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à 
segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que 
exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral” (PORTARIA MTE no 
485, 2005, p.1). 
O psicólogo deve estar atento às suas regras, principalmente nos seguintes aspectos: 
é vedado “o ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de contato nos 
postos de trabalho; o consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho; a 
guarda de alimentos em locais não destinados para este fim; o uso de calçados abertos” 
(PORTARIA MTE no 485, 2005, p. 2).
Muitas vezes o psicólogo absorve problemas, conflitos, dores em seus atendimentos 
hospitalares, pois a carga emocional é considerada pesada para algumas pessoas. 
Pontua-se aqui a notável função do profissional em buscar a psicoterapia ou supervisão 
para auxiliá-lo. Ou ainda, quando o psicólogo perceber que algum caso no momento 
não conseguirá atender, por exemplo um óbito, deve pedir ajuda ao colega de profissão.
29
CAPítulo 3
A humanização hospitalar
Considera-se a definição de humanização polissêmica, e por isso ainda é debatida. 
Oliveira, Collet e Viera (2006) apontam a humanização como o processo ético 
de diálogo, de comunicação entre os sujeitos que de maneira digna busquem o 
bem-estar de ambos. O ouvir e o falar são essenciais para combater a inumanidade, 
pois desta maneira haveria a estimulação da organização do trabalho interdisciplinar, 
da infraestrutura e dos atendimentos concedidos aos usuários. 
Deslandes (2004) propõe significados relacionados ao conceito de humanização 
referente ao cuidado com a saúde, embora reconheça que é necessária uma definição 
mais específica, exata para o termo. Inicialmente afirma que,a humanização se opõe 
à violência, tanto física como psicológica. Pondera-se aqui que, humanizar se associa 
ao atender, ao tratar o outro com dignidade e educação, independente de classe social 
econômica, sexo, cor, idade. Diante disto, há possibilidade de determinar, de oferecer 
uma cultura organizacional hospitalar pautada no diálogo entre paciente, gestor, 
profissional e técnico. 
A humanização também é proposta pela junção deste atendimento qualitativo 
com a obtenção e uso dos recursos tecnológicos. Tais recursos oferecem agilidade, 
organização e suporte, porém se usados sozinhos ou se não são bem administrados 
pelo profissional, perderão seu significado maior, o de auxiliar o desenvolvimento do 
cuidado. As intervenções estruturais são relevantes, pois garantem melhores condições 
de hospitalização ao paciente e familiar (DESLANDES, 2004; MOTA; MARTINS; 
VÉRAS, 2006). 
O processo de humanização nos serviços de saúde é um tema tão relevante, que em 
2003 regulamentou-se a Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão da 
Saúde (PNH) no Sistema Único de Saúde (SUS), também denominada HumanizaSUS, 
a qual propôs vieses de mudança de gestão e cuidado com a inclusão de trabalhadores, 
usuários e gestores. Os princípios que norteiam a HumanizaSUS são: transversalidade; 
indissociabilidade entre atenção e gestão; protagonismo, corresponsabilidade e 
autonomia dos sujeitos e coletivos. Já as diretrizes da política se baseiam no acolhimento, 
na gestão participativa e cogestão, na ambiência, na clínica ampliada e compartilhada,na valorização do trabalhador, e na defesa dos direitos dos usuários (PEDROSO; 
VIEIRA, 2009; BRASIL, 2015). 
30
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
A transversalidade é a ação de reconhecer que as diversas profissões podem contribuir 
juntas para o estudo e desenvolvimento do cuidado ao enfermo, ou seja, é o momento 
de trabalhar em equipe e compartilhar os saberes individuais (BRASIL, 2015).
A indissociabilidade entre atenção e gestão se caracteriza pela busca de conhecimento 
do funcionamento da gestão dos serviços e da rede de saúde por parte dos trabalhadores 
e usuários, e a participação de todos nas decisões das ações e organizações de saúde. O 
cuidado e assistência da saúde são responsabilidade dos profissionais, dos usuários e 
sua rede sociofamiliar (BRASIL, 2015).
O protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos englobam 
as responsabilidades compartilhadas entre todos os sujeitos dos serviços de saúde: 
paciente, familiar e profissional. Todos devem almejar a produção de saúde e por isso, 
possuem seus direitos em todo o sistema (BRASIL, 2015).
Compreende, então, que julgam-se necessárias algumas perspectivas a fim de 
atribuí-las à humanização, como compras de novos equipamentos médico-hospitalares, 
mais contratações de trabalhadores da saúde com melhores salários, proporcionar 
melhores condições de trabalho, ampliação e abertura de serviços, entre outros (MOTA; 
MARTINS; VÉRAS, 2006; OLIVEIRA et al, 2006). 
Brasil (2004) afirma que “humanizar é, então, ofertar atendimento de qualidade 
articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria dos ambientes de 
cuidado e das condições de trabalho dos profissionais” (p. 6). 
Observa-se que a humanização hospitalar proporciona o resgate do cuidado 
biopsicossocial do sujeito, quando o profissional da saúde se aproxima do enfermo ou 
de quem o acompanha e oferece atendimento igualitário, com respeito e empatia. Um 
ser humano cuidando de outro ser humano. Portanto, destaca-se que os programas de 
humanização hospitalar abrange toda a equipe de saúde, incluindo a participação do 
psicólogo.
A atuação do psicólogo no processo de implantação e implementação de programas 
de humanizações nos hospitais se torna ainda mais relevante, pois tal profissional é 
capacitado para acolher, escutar, acompanhar pacientes e familiares/acompanhantes 
desde a entrada até a alta hospitalar. Além disso, o espaço terapêutico também pode 
ser voltado para os trabalhadores, os quais veem apresentando aumento gradual de 
adoecimento nas organizações do trabalho.
O cuidar do cuidador é essencial, pois o dia a dia reflete situações de contato com saúde, 
doença, conflitos, morte e luto, frustrações, perdas, entre tantas as sensações, que 
31
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
acumuladas podem determinar mecanismos de defesa no profissional. Este olhar de 
desvelo é sine qua non à progressão da humanização (CODO; VASQUES-MENEZES, 
1999; DAMAS; MUNARI; SIQUEIRA, 2004; TIRONI, 2005).
Os profissionais que atuam dentro dos hospitais possuem rotinas com de alto 
grau de tensão, jornada extensas de trabalho, convivem com pessoas transitando 
e conversando a todo momento, ficam propensos aos sons agudos, intermitentes e 
variados, além de escutarem e acolherem queixas constantes. Evidencia-se também o 
contexto socioeconômico que os profissionais perpassam frente ao sofrimento psíquico 
e físico dos pacientes e familiares, os baixos salários, curtos períodos de tempo para 
atendimentos dos enfermos, e até mesmo condições precárias de trabalho (CODO; 
VASQUES-MENEZES, 1999; DAMAS; MUNARI; SIQUEIRA, 2004; TIRONI, 2005). 
Rees e Cooper (1992) e Sobrinho et al (2010) corroboram ao dizer que, os profissionais 
de saúde pontuam como os principais fatores de causam elevado estresse são: 
responsabilidades clínicas, fatores organizacionais e interpessoais, rotinas exigentes 
com carga horária excessiva de trabalho, e imprevisibilidades em ambientes fechados. 
Observa-se que estes pontos podem provocar reações psicológicas nos profissionais, 
exemplificados por ansiedade, aflição, medo, rancor, dor, tristeza, fadiga, mudanças na 
autoestima e na imagem corporal, alteração no autodomínio e autonomia, sentimentos 
de incertezas e estranhezas, antipatia, e irritabilidade (COPPE; MIRANDA, 1998). 
Visualiza-se uma tendência dos profissionais da saúde em desenvolver estratégias 
individuais e coletivas como mecanismos de defesa frente às diversas vertentes que 
lhes provocam sofrimento, e consequentemente levam ao seu adoecimento englobando 
níveis pessoais, familiares, sociais e organizacionais (MENDES, 2007). 
Faz-se notório a Portaria no 1.823 de 2012, que instituiu a Política Nacional de Saúde do 
Trabalhador e da Trabalhadora objetivando: o fortalecimento da Vigilância em Saúde 
do Trabalhador - VISAT - e a integração com os demais componentes da Vigilância 
em Saúde; a garantia da integralidade na atenção à saúde do trabalhador; a ampliação 
do atendimento de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma ação 
transversal; a incorporação do trabalho como determinante do processo saúde-doença 
dos sujeitos e da coletividade; asseguração que a identificação da situação do trabalho 
dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde; e asseguração da qualidade 
da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS. A humanização compreende-se 
também na progressão das condições laborais dos profissionais da área da saúde, 
desde a parte da infraestrutura, de equipamentos e no desenvolvimento pessoal do 
trabalhador (BRASIL, 2012). 
32
UNIDADE I │ EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR
É necessário compreender e estudar a demanda de profissionais que procuram ou que 
são indicados para atendimentos psicológicos. Quando há uma procura psicológica 
expressiva, há possibilidade de escritas de projetos, reuniões e parcerias com chefias, 
gestores e Recursos Humanos (RH), objetivando buscar novas formas de atender estes 
trabalhadores e proporcionar melhores condições laborais.
Logo, entende-se que as políticas de humanização dos diferentes hospitais, sejam eles 
da área pública ou privada, não podem ser resumidas em apenas mais um programa, 
e sim traduzi-la como atitudes, atuações empáticas, técnicas, ética, diálogos de 
saber/fazer a serem utilizados tanto nas relações entre profissionais, usuários e 
familiares.
Em resumo, desempenhar os objetivos da humanização é tecer sua rede com os 
diferentes trabalhadores da saúde, com os familiares, com os pacientes, com os gestores, 
adquirindo trabalho cooperativo e coletivo. É produzir mecanismos que auxiliem na 
busca de qualidade de vida, diminuindo a pobreza financeira e social; é conquistar 
meios de reconhecimento e de gratificação aos vários profissionais que trabalham; 
é conseguir espaços físicos com equipamentos adequados ao tratamento da saúde; 
é traçar a corresponsabilidade entre os profissionais (SANTOS FILHO; BARROS; 
GOMES, 2009). 
Destaca-se aqui a diretriz da HumanizaSUS chamada ambiência, que é o espaço 
físico organizado e animado, que foi previamente projetado e arquitetado. Ao 
mesmo tempo, este ambiente é preparado esteticamente e psicologicamente, 
ao exercício de atividades humanas (FERREIRA, 2004; BRASIL, 2015). 
Semelhante a este conceito, Vilar (2008) descreve o termo ambiência segundo 
os parâmetros da HumanizaSUS, como tratamento fornecido aos espaços físicos 
que diretamente influenciam as relações sociais, profissionais e interpessoais 
das instituições. Estes espaços devem oferecer acolhimento aos sujeitos que ali 
trabalham ou perpassam, além de prestarem serviços completos e resolutivos. 
Consideram-se alguns principais eixos interligados formadores da concepção de 
ambiência na HumanizaSUS, os quais se descrevem em: espaço físico confortável 
que evidencie a privacidade e a individualidade dos usuários e dos profissionais; 
o ambiente propenso à produção de subjetividades nos encontrosdas pessoas 
em seus processos de trabalho e local que possibilite um contato empático 
entre trabalhador e usuário, com uso de recursos que otimizem atendimentos 
e tratamentos humanizados. Brasil (2010) completa dizendo que a ambiência 
é junção destes eixos a favor da humanização dos “territórios” de encontros do 
Sistema Único de Saúde.
33
EXPLANAÇÃO SOBRE PSICOLOGIA HOSPITALAR │ UNIDADE I
Ao adentrar em um local, a pessoa percebe se este lhe é agradável ou não. Esse 
fato acontece segundo a harmonia de fatores de ambiência, os quais podem ser 
representados pela cor, pelo cheiro, pela iluminação, pelo som e pela morfologia 
do ambiente. Determinou-se, então, por meio da HumanizaSUS que as unidades 
de saúde devem englobar estes fatores a fim de proporcionar conforto aos 
sujeitos (BARRANCO; MOREIRA; MENEZES, 2010). 
As cores usadas no ambiente são recursos importantes, pois estimulam os 
órgãos sensoriais e assim podem direcionar alguns comportamentos, como o 
relaxamento, o movimento, o divertimento, as atividades laborais, entre outros; 
ou ainda definir sensações de frio, calor, fome, alegria, tristeza; fazer absorver ou 
refletir luz (BRASIL, 2010b). 
Igualmente, os odores também constituem o ambiente e podem provocar 
ou não conforto e bem-estar às pessoas que ali frequentam. O som deve ser 
proporcional a cada unidade de saúde, podendo utilizar músicas em alguns 
espaços, como salas de espera ou enfermarias. Infelizmente existem barulhos 
inconvenientes e impróprios – sirenes de ambulância, por exemplo – contudo, 
deve-se projetar locais com proteção acústica que possibilitem privacidade, 
como em UTI (BRASIL, 2004b).
As luzes precisam ser adequadas mesmo sendo naturais ou artificiais, pois 
atividades são realizadas a todo momento, além de delimitar um ambiente mais 
acolhedor. Importante também é a percepção que o paciente precisa ter se é dia, 
noite, se está calor ou frio, ou tempo chuvoso, pois já se tem conhecimento de 
que tais percepções interferem no estado de saúde do paciente (BRASIL, 2004b).
A morfologia se dirige às dimensões, volumes e formas em que os ambientes 
precisam ser arquitetados para serem considerados agradáveis e aconchegantes. 
A sinestesia caracteriza-se pelo movimento do ambiente em suas texturas e 
superfícies (BRASIL, 2010b).
A porta de entrada, jardins, áreas com bancos são locais de vivência, descanso, 
de interação entre as pessoas, desta forma explicita-se também o tratamento 
necessário que estas áreas externas devem obter (BRASIL, 2010b). 
34
unidAdE ii
A PrÁtiCA do 
PSiCÓlogo 
no ContEXto 
HoSPitAlAr
CAPítulo 1
o psicólogo e o paciente
diferentes contextos de atuação e intervenção 
do psicólogo no hospital geral
Para melhor organização dos hospitais, os gestores e administradores constroem 
fluxogramas para orientação dos profissionais, pacientes e acompanhantes, de acordo 
com sua demanda e serviços disponibilizados. Existem diversos modelos de fluxogramas, 
mas o ideal é que cada unidade hospitalar desenvolva o seu próprio.
O fluxograma é um tipo de diagrama com representação gráfica e esquemática que 
expressa a resolução de um sistema ou problema através de símbolos geométricos 
que se interligam. Comumente existe uma sequência de atividades, exercícios ou 
procedimentos que determinam um processo. Em geral, as figuras do fluxograma 
possuem as informações necessárias e as setas indicam os fluxos e a direção destes 
fluxos com as informações (FERREIRA, 2004). 
Abaixo seguem alguns exemplos de fluxogramas utilizados nos hospitais.
35
A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR │ UNIDADE II
Figura 1. modelo de Fluxograma.
Fonte – Abbas; Possamai, 2008.
O psicólogo hospitalar precisar compreender os fluxos do hospital para poder orientar 
muitas vezes o paciente e ou acompanhante em diversas situações.
Exemplo 1 – O paciente chega ao hospital após sofrer acidente automobilístico e 
o psicólogo percebe grande ansiedade do sujeito no ambiente do Pronto-Socorro. 
Durante o atendimento, o profissional percebeu que ao relatar os primeiros 
procedimentos hospitalares – atendimento inicial do médico; encaminhamento 
para exames radiográficos; retorno para o Pronto-Socorro; encaminhamento para 
internação/observação/cirurgia; alta hospitalar –, o paciente já tranquilizou e pediu 
para informar sua família que menos ansioso e que tinha gostado da equipe que iria lhe 
acompanhar.
Observe que a simples explicação dos processos iniciais da hospitalização já proporcionou 
criar uma relação de confiança entre paciente e equipe, além de uma minimização de 
ansiedade.
Exemplo 2 – Um pai estava muito nervoso e ansioso ao acompanhar seu filho de 7 
anos de idade após uma queda da escada na escola. Ao chegar ao hospital de grande 
porte, o responsável foi orientado sobre os primeiros atendimentos que iriam acontecer. 
36
UNIDADE II │ A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR
Quando o pai retornava à sala de atendimento com o resultado da tomografia de seu 
filho, começou a desesperar, pois se perdeu entre corredores e elevadores. Ao passar 
por um corredor de enfermarias, encontrou um psicólogo que conseguiu auxiliá-lo após 
escutar os procedimentos que o filho já havia feito e o pai retornou à sala de atendimento 
correta. 
Atente que mesmo o psicólogo sendo escalado para atender nas enfermarias, ele 
conhecia o fluxo hospitalar e proporcionou ajuda ao um familiar perdido dentro da 
unidade hospitalar.
O fluxo hospitalar também proporciona auxílio ao profissional para compreender as 
muitas áreas dentro de um hospital, como: o Pronto-Socorro (PS), a Unidade de Terapia 
Intensiva (UTI), o Centro Cirúrgico, as Enfermarias, o Ambulatório, entre outros.
o Psicólogo Hospitalar no Pronto-Socorro
Ferreira (2004) define pronto-socorro como hospital, ou setor de hospital, especializado 
ou não, que se destina aos atendimentos de doentes que representam emergências. É 
um estabelecimento de saúde designado à assistência aos doentes, com ou sem risco 
de vida, cujo agravo à saúde dos pacientes precisa de atendimentos imediatos. O 
pronto-socorro deve funcionar 24 horas por dia e dispor apenas de leitos de observação 
(BRASIL, 1987). 
Brasil (1987) distingue os atendimentos de urgência e de emergência dentro dos 
prontos-socorros. Os atendimentos de urgência destinam-se ao conjunto de ações 
exercidas pelos profissionais à recuperação de pacientes, sendo que os agravos da saúde 
destes últimos necessitam de assistência imediata. Já os atendimentos de emergência 
diferenciam-se pelas ações dos profissionais na unidade de saúde que visa recuperar os 
pacientes, pois estes apresentam, no momento, risco de vida.
A superlotação dos prontos-socorros ainda é presente em muitos hospitais brasileiros, 
e isso se deve a uma série de fatores, como: parte da população recorre aos hospitais 
para ter assistência em saúde, obter exames, consultas especializadas, intervenções 
de alto custo e internações que poderiam ser realizados nas atenções primária e 
secundária da rede pública de saúde; há elevada demanda associada à falta de leitos 
para internação; falta de gestão da clínica; altos custos; financiamento inadequado 
pelas esferas federal, estadual e municipal; equipes pouco treinadas; alta rotatividade 
de profissionais e baixa remuneração (BRASIL, 2003; AZEVEDO; PEREIRA; LEMOS; 
COELHO; CHAVES, 2010).
Outro aspecto relevante que está causado aumento de usuários nos hospitais é o 
crescimento de casos provenientes de acidentes e da violência urbana. Acidentes 
37
A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR │ UNIDADE II
de trânsito, domiciliares ou de trabalho, intoxicações, casos de epidemias, crises de 
doenças agudas ou crônicas, tentativas de suicídios, casos de violência física, tentativas 
de homicídios são exemplos da demanda que chegam ao pronto-socorro. 
Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2014 houveram 43.075 óbitos e 
201.000 feridos hospitalizados por causa acidentes detrânsito, e no ano de 2015 o 
Seguro DPVAT foi utilizado em 42.500 indenizações por morte e 515.750 por invalidez 
(DATASUS, 2016).
Assim, em busca de melhorias nos serviços de urgência e emergência, o Ministério 
da Saúde em 2003 lançou a Política Nacional de Atenção às Urgências, e em julho de 
2011, publicou a Portaria no 1.600 que determinou a Rede de Atenção às Urgências e 
Emergências no SUS, a RUE, objetivando proporcionar ao usuário do Sistema Único 
de Saúde (SUS) assistência com resolutividade, em tempo hábil e humanizado nas 
situações de urgência e emergência (BRASIL, 2011; BRASIL, 2013). 
A RUE foi organizada diante de pesquisas sobre perfis epidemiológicos e demográficos no 
Brasil, as quais indicaram pela Secretaria de Vigilância em Saúde, alta morbimortalidade 
relacionada às doenças do aparelho circulatório exemplificado pelo infarto agudo do 
miocárdio (IAM), e por acidente vascular cerebral (AVC); alta mobimortalidade ligada 
às violências e acidentes de trânsito entre jovens e adultos de até 40 anos de idade; o 
rápido envelhecimento da população o que aumenta a expectativa de vida; além das 
condições clínicas crônicas que muitos sujeitos e famílias enfrentam com alto custo 
socioeconômico (BRASIL, 2011; BRASIL, 2013).
Objetiva-se com RUE reordenar a atenção à saúde em situações de urgência e 
emergência de maneira coordenada pela atenção básica, possibilitando qualidade e 
resolução nas ações e serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, 
de diagnósticos, tratamentos, reabilitações e cuidados paliativos. Na figura 2, estão 
descritos os componentes da RUE e suas interfaces (BRASIL, 2013).
Figura 2. Componentes da RuE e suas interfaces.
Fonte: BRASIL, 2013.
38
UNIDADE II │ A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR
Os serviços de urgência e emergência em hospitais públicos ou privados brasileiros 
em geral são executados com atendimentos médicos, atendimento de enfermagem, 
realização de exames clínicos e/ou de imagem, alta hospitalar, encaminhamentos do 
paciente para centro cirúrgico, UTI, enfermarias, salas de retaguarda, ou até mesmo 
para outra unidade hospitalar, entre outras condutas de saúde. 
Diante dos diversos casos que chegam até o pronto-socorro, outros profissionais estão 
constituindo as equipes de urgência e emergência, incluindo o psicólogo, o qual precisa 
estar preparado para lidar com os casos iminentes de vida que chegam aos serviços de 
urgência e emergência.
Observou-se que muitos atendimentos perpassam além das perspectivas físicas, 
pois o pronto-socorro torna-se estressante tanto aos pacientes quanto aos seus 
familiares/acompanhantes. O psicólogo hospitalar, então, identifica e minimiza os 
fatores estressantes para paciente e/ou do acompanhante e, se necessário, recorre à 
ajuda de outros profissionais da equipe (GORAYEB; GUERRELHAS, 2003).
Há uma urgência subjetiva dos pacientes caracterizada por situações súbitas que 
modificam a vida da pessoa velozmente. Esta urgência indica diversas reações 
psicológicas, como ansiedade, aflição, medo, rancor, mudanças na autoestima e na 
imagem corporal, alteração no autodomínio e autonomia, e sentimentos de incertezas 
e estranhezas. O acontecimento destas vicissitudes, em paralelo à hospitalização ou 
possível internação, provocam novos estados de dor, sofrimento, adaptação e perdas ao 
paciente (COPPE; MIRANDA, 1998). 
O sofrimento e o estado emocional do paciente hospitalizado podem aumentar 
significativamente frente ao abandono, o isolamento e a cisão de suas relações 
afetivas, emocionais, sociais e profissionais. Igualmente, existe ainda um sentimento 
de impotência diante da dor e uma ansiedade para que este desconforto acabe, e que 
esta situação chegue ao término o mais breve possível, sem que haja a necessidade 
de internação ou outros procedimentos médicos. Identifica-se aqui o medo de morrer, 
aumento da ansiedade e inquietação, do receio de obter sequelas físicas e psicológicas 
ou de ter que passar por intervenções cirúrgicas.
Esta contextualização também inclui as intervenções médicas e de outros profissionais, 
como exames, enxertos, hemotransfusão, aplicação de medicamentos orais ou 
intravenosos, cirurgias, amputações etc. – aos quais buscam a melhoria do paciente, 
mas que geralmente são percebidas como invasivas e ameaçadoras no momento para o 
sujeito (COPPE; MIRANDA, 1998; SEBASTIANI, 1998). 
39
A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR │ UNIDADE II
É possível visualizar sentimentos de antipatia, de raiva, de fadiga, de irritabilidade 
do indivíduo por depender de outras pessoas em horários indefinidos para resolução 
de seu caso, e sentimento de culpa, caso o próprio paciente tenha colaborado para 
sua situação atual. Exemplos: pessoa que tentou suicídio e necessita passar por uma 
lavagem gástrica; sujeito que fez uso excessivo de álcool e outras drogas e terá que ficar 
em observação por no mínimo 24 horas; paciente que passará por cirurgia ortopédica 
após colidir seu automóvel com outro carro (motorista passou no sinal vermelho do 
semáforo de maneira imprudente) etc. 
Portanto, percebe-se como o psicólogo se torna fundamental nos atendimentos dos 
prontos-socorros, diante das necessidades de preparação e acompanhamento do 
paciente que, em geral, encontra-se desorganizado como pessoa nesta nova vivência 
hospitalar. O exercício psicológico é desenvolvido pela ação do acolhimento, do estar 
junto, do escutar os conflitos do outro em sua totalidade e o propor maneiras que 
auxiliem todo esse processo de dor e sofrimento ao paciente e à família (CHIATTONE; 
SEBASTIANI, 1997; ROSSI et al, 2004).
Não existe previsão da rotina do psicólogo no pronto-socorro por causa das diversas 
intercorrências, e o tempo do atendimento psicológico é variável. O setting terapêutico 
determina-se pela criatividade do psicólogo em atender em macas nos corredores, 
leitos improvisados, cadeiras nas salas de espera ou observação, nos necrotérios, nas 
portarias ou até mesmo fora do ambiente hospitalar. A postura profissional é visualizar 
o paciente e focar-se em sua queixa, sem que outras instâncias atrapalhem o momento 
do atendimento, como barulhos de sirene, conversas paralelas, choros, intervenções 
de outros profissionais, entre outros (CHIATTONE, 1998; COPPE; MIRANDA, 1998).
O psicólogo atuante nos serviços de urgência e emergência devem apresentar 
características particulares e necessárias de proatividade, equilíbrio, e afetividade devido 
a todas as funcionalidades específicas destes espaços e de suas situações que emergem. 
Tais situações, podem ser exemplificadas por: óbitos inesperados que causam momentos 
de angústia e desespero nos pacientes, em familiares e até mesmo em pessoas da equipe 
multiprofissional; mutilações provocadas por acidentes ou catástrofes; tentativas de 
suicídio; tentativas de homicídios; casos graves de enfermidades infantis e geriátricos; 
entre outros (COPPE; MIRANDA, 1998).
Coppe e Miranda (1998) completa dizendo que o psicólogo do pronto-socorro precisa 
demonstrar “bom senso, prontidão interna (habilidade ao lidar com incerteza, com o 
insólito, com o inusitado), tolerância à frustração e boa fundamentação teórica, para que 
possa saber e atuar de acordo com a especificidade do que é ser um psicólogo hospitalar”.
Orienta-se, então, aos psicólogos que antes de iniciarem suas atuações nos ambientes de 
40
UNIDADE II │ A PRÁTICA DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO HOSPITALAR
urgência e emergência, procurem estudar e pesquisar seus instrumentos laborais e suas 
possíveis demandas para visualizarem se suas condições pessoais encaixam-se neste 
perfil de trabalho. Igualmente, é relevante que, mesmo os profissionais iniciantes ou 
não da área, precisam buscar auxílio com outros psicólogos em supervisões ou terapias, 
pois muitos casos são considerados complicados e o olhar do outro pode ser essencial 
na resolução deles.
O Sistema Único de Saúde (SUS) adotou uma forma mais aprimorada para atender 
seus pacientes que chegam

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