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Representação Criminal por Perturbação do Sossego

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EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO LUÍS- MA.
MARIA ELIANE ANDRADE PIANCO, brasileira, casada, doméstica, portadora do CPF nº 257.373.684-91, com Documento de Identidade de n° 041218742010-0 SSP-MA, domiciliada e residente em São Luís – MA, na Rua Litorânea, nº 48, Bairro Jardim São Raimundo, CEP: 65057-803, com telefone (98) 98807-8868 vem perante V. Exma., por meio de seu procurador e advogado in fine assinado, procuração anexa, com endereço profissional situado nos termos do incluso instrumento de mandato (Doc. 1), o qual recebe intimações a Avenida Edson Brandão, n° 01, bairro Anil, CEP 65045-380, Fone: (98) 3214-4277, na cidade de São Luís - MA, nos termos do art. 5º, inciso II do CPP, art. 65 da Lei nº 3.688/41 e Lei nº 9.099/95, apresentar
REPRESENTAÇÃO CRIMINAL
Contra EDSON ALMEIDA SILVA, brasileiro, casado, com profissão desconhecida, portador do CPF nº 252.391.633-91, com Documento de Identidade de n° 215418020028 SSP-MA, residente e domiciliado na Rua Heitor de Morais, nº 14, Bairro Jardim São Raimundo, São Luís- MA, Fone: (98) 98707-4596; e MARCELINA DE FÁTIMA BARBOSA PEREIRA, brasileira, casada, com qualificação desconhecida, residente e domiciliado na Rua Heitor de Morais, nº 14, Bairro Jardim São Raimundo, São Luís- MA, pelos seguintes fatos que passa a relata
I – FATOS
Em 2004, o requerido abriu um estabelecimento denominado “Bar e lanchonete duas irmãs”, localizado na Rua Heitor de Morais, do Bairro Jardim São Raimundo. E a referida a abertura do estabelecimento, ocasionou perturbação ao sossego da requerida e de seu esposo (portador de deficiência física), em decorrência de um som em volume alto, que ficava ligado até às duas horas de madrugada.
Dona Maria Eliane, chegou a procurar o senhor Edson Almeida, com o pedido de que diminuísse o volume do som. Foi então que o requerido retrucou a requerente, para que ela procura-se seus direitos. A partir de então o incômodo passou a ser maior, com algazarras mais frequentes e Dona Maria, passou a ser motivos de chacota pelo requerido, por sua esposa a senhora Marcelina de Fátima, e também por seus familiares e clientes.
Como não obteve êxito, a requerente resolveu procurar seus direitos na via judicial. Dona Maria foi vítima do delito perturbação da tranquilidade, cujo Processo Criminal registrou o nº 281/2018, no 1º Juizado Especial Criminal desta Comarca.
A provocação era tão intensa que após uma audiência ocorrida no referido Juízado. Que ao chegar em casa a vítima, se depara com duas motos apitando e acelerando em frente a sua residência, a mando de Marcelina, que aparece, assovia e disse aos motoqueiros que estava “beleza”, pondo fim a algazarra. Após ocorrido esse fato, surge um CLASSIC vinho, buzinando com o intuito de chamar a atenção da requerida, que ao sair na porta de casa, observa um casal dentro do automóvel registrando fotos suas. A vítima comenta que após isso, o casal dentro do automóvel, voltaram para o bar e começaram a conversaram com Edson e Marcelina.
No dia, 5 de novembro de 2018, aconteceu a audiência de transação penal, onde o senhor Edson Almeida aceitou a proposta do digno representante do MP, para pagar o valor da prestação pecuniária o equivalente a 01 (um) salário mínimo, ou seja, R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais), em 04 (quatro) parcelas de R$ 238,50 (duzentos e trinta e oito reais e cinquenta centavos), cada, com vencimentos nos dias 20/12/2018, 20/01/2019, 20/02/2019 e 20/03/2019, consoante termo homologado pela Exma. Sra. Dra. Julgadora (cópia segue nos autos). Quanto a senhora Marcelina de Fátima, o órgão ministerial requereu o arquivamento do feito, sendo acolhido pela excelentíssima juíza.
Ocorre que a perturbação a tranquilidade continuou, sendo agravado por ameaças, injúrias, gestos constrangedores e palavras de baixo calão. Atitudes essas que agravaram mais o estado de saúde do marido de Dona Maria. 
Amedrontada com esta situação, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência nº 113843/2020, datado em 15/06/2020. Dona Maria, tem por receio a qualquer momento sofrer um mal injusto e grave por parte de Edson e Marcelina, sendo estes incapazes de controlar suas atitudes, que mesmo com passagem recente pelo Juizado Especial Criminal, não teve suas intenções delitiva amenizada.
Portanto Vossa Excelência, eis os fatos a fim para que o ilustre Ministério Público possa tomar as devidas providências, tendo por objetivo a propositura da futura ação penal pública condicionada à representação, objetivado a condenação criminal do requerido.  
II – FUNDAMENTOS/ CRIMES	
Segundo a Lei nº 6287/2017 do município de São Luís, é vedado qualquer ruídos que possam perturbar o bem-estar público. E a vedação tem o intuito de garantir entre outra coisas, o sossego da sociedade, conforme disposto no art. 1° da referida lei.
Art. 1º É vedada a emissão de ruídos de quaisquer espécies, produzidos por todos os meios que perturbem o bem-estar público no Município de São Luís, consoante os padrões estabelecidos por esta Lei, objetivando garantir a saúde, a segurança, o sossego, e a privacidade da população.
Nos fatos narrados configuram, em tese, o delito do art. 65 da Lei nº 3.688/41, uma vez que o agente realizou a conduta visando, desde o início atingir a tranquilidade de uma pessoa determinada, possuindo dolo de perturbar.
Art. 65 - Molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade, por acinte ou por motivo reprovável:
Pena – prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
O caso também demonstra o crime de ameaça, previsto no artigo 147 do Código Penal, sendo sua consumação operada na ciência da vítima sobre ameaças, se sentindo intimidada.
Art. 147 CP - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único – Somente se procede mediante representação.
Quanto ao crime de injúria do artigo 140 do Código penal, também se faz presente nos fatos narrados, consumando-se com o conhecimento da vítima sobre as ofensas que atingiu o seu decoro.
Art. 140 CP - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Desta forma, nos termos do artigo 61 da Lei 9099/95, oferta-se a representação criminal – com obediência ao artigo 39, do artigo 5° inciso II, ambos do Código de Processo Penal, e artigo 147 do Código Penal - a fim de que Vossa Senhoria possa tomar as providências cabíveis para apuração dos fatos e sua responsabilidade penal e, posteriormente, sejam os autos enviados ao Juizado Especial Criminal desta Comarca
Art. 61 da Lei 9099/95. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.  
Art. 5º CPP. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 39 CPP. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
Ressalte-se, a ausência dos requisitos estabelecidos pelo § 2º do artigo 76 da Lei n. 9.099/95, que discorre sobre a Transação Penal.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
	Portanto, o requerido Edson não faz jus ao preenchimento dos requisitos expostosacima, uma vez que recentemente recebeu a concessão do instituto de Transação Penal.
II – PEDIDOS
Diante exposto, requer:
a) o recebimento da presente representação criminal pelo delito do art. 65 da LCP, artigo 147 e 140 do Código Penal;
b) que o Ministério Público possa promover, oportunamente, ação penal pública condicionada à representação, visando sanções pertinentes à sua conduta delituosa. 
c) a instauração de processo criminal visando a condenação do representado;
Prova o alegado pelos documentos em anexo e oitiva das testemunhas abaixo arroladas.
Nestes Termos,
Pede Deferimento
São Luís, _de _de 20__.
Advogado
OAB/ n°

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