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1 Artigo de Revisão Laserterapia na cicatrização de úlceras de pressão em pacientes hospitalizados Laser therapy for pressure ulcers healing in hospitalized patients Arislene de Souza Santos 1, Giulliano Gardenghi2 Endereço para correspondência: Arislene de Souza Santos Rua Rg 1, quadra 10, lote 23, casa A, Gameleira 2 Rio Verde – GO CEP: 75.906-868 e-mail: arislenesouzasantos@gmail.com 1. Fisioterapeuta e Especialista em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI Pós-graduação/GO. 2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP – Brasil. mailto:arislenesouzasantos@gmail.com 2 Resumo Introdução: Úlceras de pressão são lesões que acometem a pele após um longo período de isquemia gerado por força de pressão e/ou fricção da pele com proeminências ósseas, gerando necrose dos tecidos. Objetivo: Analisar a eficácia do uso da laserterapia na cicatrização de úlceras de pressão em pacientes hospitalizados. Metodologia: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura, em busca de estudos e artigos de revisão que descrevessem o uso do laser de baixa intensidade na cicatrização de úlceras de pressão, publicados entre 2002 e 2018. Resultados/Considerações finais: A aplicação de laserterapia de baixa intensidade é eficaz no tratamento de úlceras de pressão, pois aumenta o metabolismo das células, favorecendo a cicatrização e regeneração tecidual, porém necessita de mais pesquisas para padronização de métodos e parâmetros para sua aplicação no ambiente hospitalar. Descritores: Lesão por pressão, Úlcera Cutânea, Terapia a Laser, Terapia com Luz de Baixa Intensidade. 3 Abstract Introduction: Pressure ulcers are lesions that affect the skin a long period of ischemia generated for pressure force and/or skin friction with bony proeminences, generating tissue necrosis. Objective: To analyze the effectiveness of the use of the laser therapy in the pressure ulcer healing in hospitalized patients. Methodology: A narrative review of the literature was performed, searching for studies and review articles describing the use of low intensity laser in the pressure ulcer healing, published between 2002 and 2018. Final Considerations/Results: The application of low intensity is effectivet in the treatment of pressure ulcers, as it increases the cells metabolism, faroring the healing and tissue regeneration, but needs further research to standardize methods and parameters for its application in the hospital environment. Key words: Pressure Ulcer, Skin Ulcer, Laser Therapy, Low-Level Light Therapy. 4 Introdução Úlcera de pressão (UP) são lesões que acontecem na pele em decorrência de um período prolongado de compressão e/ou atrito da pele e tecido muscular com proeminências ósseas, em consequência de longos períodos de isquemia, gerando necrose tecidual¹. Embora conhecido pela literatura, o termo úlcera representa um estádio mais desenvolvido da lesão, isto é, percebe-se a partir do estágio II. Deste modo, o National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), organização norte- americana destinada à prevenção e ao tratamento de “lesões por pressão”, anunciou a mudança na terminologia². Garber e Rintala³, apontam como principais causas o aumento da pressão local, atrito, cisalhamento e fricção, além da umidade e desnutrição. Outros motivos relacionados ao surgimento das UP incluem, imobilidade e falta de recursos financeiros que propiciem cuidados específicos3,4. Rogenski et al e Araújo et al5,6, mostraram respectivamente em seus estudos que a incidência de UP nas duas UTI’s brasileiras analisadas foi de 23,1% e 59,5%. Segundo foi descrito por Borghard et al¹, a prevalência nas UTI’s internacional varia de 14,3% e 18,7%, isso ocorre por uma associação de fatores que vai desde o estado crítico do paciente, dificultando o tratamento, à complexidade para se implementar medidas preventivas que garantam a integridade da pele e estruturas subjacentes. Esse é um problema grave de saúde que acomete a maior parte dos pacientes hospitalizados em estado crítico e com longa permanência nas unidades de tratamento, gera desconforto ao doente, alta dos custos do tratamento e aumento do trabalho da equipe de enfermagem7. O tratamento das UP normalmente acontece por realização de curativos, sendo realizado a cobertura das lesões por diferentes medicamentos, sendo esse o tratamento convencional. Com a crescente atuação da fisioterapia no âmbito hospitalar e no intuito de cada vez mais associar terapias coadjuvantes de tratamento menos invasivo, novas condutas para tratar essas lesões tem sido estudadas, a fim de acelerar o processo de cura e cicatrização, dentre elas, a ozônioterapia, o ultrasson e a laserterapia de baixa intensidade8. Na fisioterapia os lasers de baixa potência são os mais utilizados devido a suas aplicações, eles podem ser usados no tratamento álgico, processo inflamatório e em lesões músculo-esqueléticas, os equipamentos nessa categoria são representados pelos lasers HeNe (hélio-neônio) e Diodo, os parâmetros da dosimetria são ajustáveis 5 no seu display possibilitando alterações como comprimento de onda, potência e modo de emissão da luz (continuo ou pulsado). Os benefícios oferecidos pelo laser estão intimamente ligados ao comprimento de sua onda eletromagnética9. O processo de cicatrização das lesões cutâneas e músculo esqueléticas ocorre através das mitocôndrias, que possuem fotorreceptores, é através dessas moléculas proteicas que a luz laser penetra em seu interior, tornando-as excitadas. Dessa forma, o metabolismo das células é aumentado e age liberando uma maior quantidade de energia (ATP – Adenosina Trifosfato), o que promove aumento no consumo de oxigênio, facilitando o processo de cicatrização e a regeneração tecidual10,11. Duarte et. Al12, cita acontecimentos importantes para que aconteça o efeito anti-inflamatório e analgésico nas lesões, são eles, o aumento de endorfinas, a insuficiência de prostaglandina, a repolarização das membranas celulares e a indução ao aumento na síntese de colágeno, através da estimulação da proliferação de fibroblasto. Após essa cascata de reações, teremos a aceleração na cicatrização de feridas13. Portanto esse trabalho teve como objetivo realizar uma revisão narrativa da literatura, expondo os resultados divulgados do uso da laserterapia como opção de tratamento para úlceras de pressão em pacientes hospitalizados. Metodologia O presente estudo consiste em uma revisão narrativa da literatura sobre o uso da laserterapia de baixa intensidade para o tratamento de úlceras de pressão em pacientes hospitalizados, o qual foi norteado por artigos obtidos nas bases de dados: Google, SciELO, ResearchGate e PubMed Central, datados entre 2011 e 2015. Foram selecionados artigos escritos em português e inglês. Termos e palavras-chaves utilizadas: Úlcera de Pressão, Terapia a Laser, Fisioterapia, Terapia com Luz de baixa intensidade. Teve como finalidade chegar a um artigo de revisão narrativa que expusesse de forma clara os resultados encontrados na literatura sobre o assunto proposto. Para isso, houve a padronização na escolha dos artigos, sendo utilizados apenas estudos clínicos que utilizassem o laser de HeNe ou Diodo e excluídos artigos que se tratassem apenas de revisão da literatura. Resultados 6 Os resultados encontrados durante o levantamento de dados foram expostos no quadro a seguir:Resultado da busca de artigos relacionados ao uso da laserterapia como tratamento das úlceras por pressão em pacientes críticos. Referência Objetivos Métodos Conclusão Palagi et al, 2015 Descrever o processo de cicatrização de úlcera de pressão em paciente crítico, com associação do uso de curativo convencional e laser terapia de baixa intensidade. Relato de caso de um paciente maior de 18 anos, com UP grau II ou maior e área da lesão em torno de 30cm. A aplicação do laser de diodo de alumínio, gálio, índio e fosforo (AlGaInP) no comprimento de onda de 660nm, com intensidade de 4 J/cm². A laserterapia de baixa intensidade promoveu melhora no processo de cicatrização da lesão tratada e o uso da NOC propiciou uma avaliação mais detalhada e precisa do que da PUSH. Ramos et al, 2014 Verificar os efeitos da laserterapia de baixa potência como coadjuvante no tratamento de pacientes diabéticos com úlceras de pressão. Relato de caso de uma paciente de 83 anos de idade, portadora de diabetes do tipo II e histórico de úlcera de pressão. A aplicação do laser tipo Hélio Neônio (Hene), com comprimento de onda de 670nm e intensidade de 4 J/cm². A partir da 3ª sessão observou-se melhora no tamanho e aparência da UP. Na 10ª aplicação a área necrosada já havia sido expulsa do local, a regeneração completa do tecido foi observada na 22ª aplicação. Na 30ª e última sessão, a área da lesão era coberta por tecido cicatricial. Taradaj et al, 2013 Testar a eficácia do laserterapia em diferentes comprimentos de onda para tratamento de UP. 72 pacientes com UP foram divididos em 3 grupos, cada grupo recebeu a aplicação do laser diodo de arseneto de gálio e alumínio (GaAlAs) em modo contínuo, em diferentes comprimentos de onda (658, 808 e 940nm) mas em uma mesma intensidade de 4 J/cm², a aplicação aconteceu 1 vez ao dia, 5 vezes na semana, durante 1 mês. A aplicação de laserterapia utilizando comprimento de onda de 658nm pareceu ser eficaz no tratamento de UP. Os grupos que receberam aplicação com o comprimento de onda de 808 e 940nm não apresentaram resultados significantes. Lopes et al, 2011 Demonstrar o efeito da irradiação laser de 660nm no processo de aceleração da cicatrização de úlceras por pressão. Estudo de caso com paciente de 23 anos, paraplégica após mielite transversa aguda e com 5 pontos de UP. O laser utilizado foi AlGaInP (diodo de alumínio, gálio, índio e fósforo), comprimento de onda de 660nm, potência de 30Nw, com intensidade de 17 J/cm², de maneira pontual, 1cm de distância por ponto. Foram realizadas 12 sessões, 2 vezes por semana, com duração de 60 minutos cada sessão. Após 8 semanas, ocorreu a cicatrização completa da úlcera trocantérica direita do tipo grau III e isquiática direita do tipo grau II em estudo, ambas com realização de 12 aplicações, a trocantérica esquerda e sacral do tipo grau IV obteve 85% e50% respectivamente, de cicatrização com 10 aplicações e a isquiática esquerda do tipo grau III, após 5 aplicações teve redução de 50% da área inicial, no entanto, após contaminação com a urina da paciente, obteve regressão da melhora e aumento de 40% da área inicial. 7 Discussão De acordo com o NPUAP, as lesões por pressão classificam-se em 4 diferentes estágios, onde no estágio I a lesão é eritematosa não esbranquiçada, com aumento da temperatura, edema ou endurecimento, nesse estádio a pele permanece intacta. A partir do estágio II, as lesões por pressão são denominadas ulceras de pressão, é possível perceber comprometimento da epiderme, derme ou ambas, por bolha intacta ou rompida. No estágio III, ocorre perda tecidual acometendo área de tecido subcutâneo, podendo se estender até a fáscia subjacente. No estágio IV, a perda tecidual é extensa e há necrose de músculos, ossos e/ou tendões subjacentes². Portanto, com a classificação dada, e sabendo-se dos benefícios oferecidos pelo laser de baixa intensidade, sua aplicação deve-se dar do estágio II adiante. O estudo de caso realizado por Palagi et al8, teve como critério de inclusão UP em estágio II ou maior, e com área de superfície próxima de 30 cm, a aplicação do laser de diodo de Alumino-GálioIndio e Fósforo com comprimento de onda de 660nm e dose de 4 J/cm² se deu por 5 semanas consecutivas, em dias alternados, 3 vezes na semana, totalizando 15 aplicações, após a laserterapia foi realizado curativo conforme protocolo da instituição. Houve redução no comprimento e largura das lesões, o que comprova que a laserterapia de baixa intensidade usada como coadjuvante no tratamento de UP gera resultados positivos. Com causa multifatorial, o aporte inadequado de nutrientes é apontado como importante preditor para ocorrência de UP, mediante desnutrição o processo de reparação tecidual é prejudicado, a síntese proteica e quebra de colágeno sofrem alterações. Estudos em animais14,15, com lesões cutâneas e desnutridos tiveram resultados positivos com diferentes comprimentos de onda e densidades de energia, no entanto, em seres humanos ainda é pouco explorada. Pacientes debilitados e acamados, semicomatosos ou inconscientes, que apresentam áreas de anestesia predispõem-se a desenvolver UP por isquemia, por isso a descompressão de pontos de pressão se faz tão necessário, evitando a necrose dos tecidos16. Lopes17 comprovou em um estudo de caso de uma paciente que após 12 sessões de laserterapia de baixa intensidade com equipamento de laser de diodo de Aluminio-Gálio-Índio e Fósforo com comprimento de onda de 660nm e intensidade de 17 J/cm², foi possível obter 100% da cicatrização de 2 feridas das 5 lesões tratadas durante o estudo. Taradaj et al18 avaliaram o uso do laser diodo de arseneto de gálio e alumínio (GaAlAs) em 72 pacientes com UP em estágio II e III, durante um mês, 5 8 vezes por semana, em 3 diferentes comprimentos de onda, mas em uma mesma intensidade de 4 J/cm², onde o comprimento de onda de 658nm se mostrou eficaz para cicatrização das UP, já os comprimentos de 808 e 940nm não apresentaram resultados significativos. Ramos et al19 registraram a eficácia do laser de baixa potência tipo HeNe com comprimento de onda de 670nm e intensidade de 6 J/cm², como coadjuvante, na cicatrização de UP em pacientes diabéticos, que devido a fisiopatologia da doença têm um retardo na cicatrização das feridas, a partir da terceira sessão observou-se melhora no tamanho e aparência da lesão. No estudo de Costa et al16 foram avaliados 45 pacientes com UP, totalizando 77 lesões, com tratamento convencional e cirúrgico, onde a taxa de recorrência após um mês do tratamento deferido foi de 25%, esse estudo chamou a atenção para o fato de nenhum dos estudos com o uso do laser na cicatrização de UP ter mencionado se houve reincidência das lesões após a aplicação do laser. Embora, os primeiros estudos com a utilização do laser de baixa intensidade no tratamento de UP em humanos tenham acontecido no final da década de 60 por Endre Mester, na Hungria20, observou-se a falta de padronização dos parâmetros para sua utilização, o que sugere que seu uso seja melhor explorado em novos estudos. Conclusão O presente estudo se deu de forma organizada e disciplinada, e com base na literatura, foi observado que a laserterapia de baixa intensidade é eficaz no tratamento de UP em pacientes hospitalizados e que devido aos benefícios oferecidos pela laserterapia obtiveram aceleração do processo cicatricial das lesões. É importante ressaltar a escassez de referências na utilização do laser de baixa intensidade no tratamento de UP no ambiente hospitalar, relacionado também com a ausência do aparelho no ambiente hospitalar e a não padronização do seu uso em estudos envolvendo seres humanos21. Referências 9 1. BorghardAT, Prado TN, Bicudo SDS, Castro DS, Briguente MEO. Úlcera por pressão em pacientes críticos: incidência e fatores associados. Rev Bras Enferm [Internet] .2016;69(69)3:431-8. 2. Edsberg LE., Black JM, Golberg M, McNichol L, Moore L, Sieggreen M. Revised national pressure ulcer advisory panel pressure injury staging system: revised pressure injury staging system. 2016; 43(6);585-597. 3. Garber SL, Rintala DH. Pressure ulcers in veterans with spinal cord injury: a retrospective study. Journal of Rehabilitation Research and Development. 2003; 40:433-442. 4. Paul B, Keller JA. Pressure ulcers in intensive care patients: a review of risks and prevention. Intensive Care Med. 2002; 28:1379-1388. 5. Rogenski NMB. Kurcgant P. Incidência de úlceras por pressão após a implementação de protocolo de prevenção. 2012; 20(2):07 6. Araujo TM. Araújo MFM. Caetano JÁ. Comparação de escalas de avaliação de risco para úlcera por pressão em pacientes em estado crítico. Acta Paul Enferm. 2011;24(5):695-700. 7. Lima AFC, Castilho V. 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