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UNIVERDIDADE PAULISTA- UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA O EFEITO DA ELETROTERAPIA COMO TRATAMENTO DE BURSITE EM OMBROS MANAUS-AM 2021 N405236 D982GB4 D997FD0 D99DCD7 N503DC8 D98GJB5 DAYANE DA SILVA PEREIRA ISABELLY BARBOSA DE SOUZA MARIA DIVANILDA ARAÚJO LOPES SANTIAGO RAIMUNDO LIMA DA CUNHA JUNIOR RENATA AMORIM GOMES VIVIANNE DA SILVA SANTOS O EFEITO DA ELETROTERAPIA COMO TRATAMENTO DE BURSITE EM OMBROS Trabalho apresentado como requisito avaliativo da disciplina de ELETROTERAPIA, do curso de FISIOTERAPIA, orientado pela Professora MSc. Adria Sadala. MANAUS-AM 2021 SUMÁRIO 1. Introdução ...................................................................................................... 03 2. Objetivo .......................................................................................................... 05 2.1. Objetivo geral ...................................................................................... 05 2.2. Objetivo específico .............................................................................. 05 3. Bursite ............................................................................................................ 06 3.1. Etiologia .............................................................................................. 06 3.2. Sinais e sintomas ................................................................................ 07 3.3. Diagnóstico ......................................................................................... 07 3.4. Tratamento .......................................................................................... 08 4. Ultrassom ....................................................................................................... 09 4.1. Efeitos térmicos ................................................................................... 10 4.2. Efeitos mecânicos ............................................................................... 11 4.3. Indicações para uso do ultrassom terapêutico .................................... 12 4.4. Contraindicações para uso do ultrassom terapêutico .......................... 12 5. Resultado da pesquisa................................................................................... 13 6. Conclusão ...................................................................................................... 15 7. Referências bibliográficas .............................................................................. 17 3 1. INTRODUÇÃO O ombro doloroso pode ser ocasionado por várias etiologias, muitas vezes associadas, sendo originadas das estruturas da cintura escapular ou irradiadas de outras regiões (BOLLARIN & HOMBRO, 1974). A cintura escapular é composta de três articulações verdadeiras (esterno-clavicular, acrômio-clavicular e glenoumeral) e duas pseudoarticulações (escapulo-torácica e subacromial). As articulações trabalham junto em um ritmo harmônico, o que permite a movimentação global do ombro. O ombro é uma juntura móvel, com uma fossa glenóide rasa, com mínimo em suporte ósseo e a estabilidade da articulação depende dos tecidos moles como músculos, ligamentos e cápsula articular (HOPPENFELD, 1934). Segundo Zorzetto (2003), o ombro doloroso é a segunda região do corpo mais acometida por distúrbios músculo-esqueléticos ficando atrás somente das lombalgias. Reis; Moro; Sobrinho (2003), explicam que o ombro é formado por um conjunto de articulações que funciona de forma harmônica com a atuação de diversos tendões e músculos, sendo que a contração sincronizada destes músculos proporciona uma alta mobilização da articulação glenoumeral, o que pode ocasionar várias lesões, principalmente quando o braço, em sua atividade de trabalho for elevado acima do nível dos ombros. Reis; Moro; Sobrinho (2003), explicam que os movimentos excessivos de abdução acima de 90º graus predispõem o indivíduo ao surgimento da bursite subacromial, devido à compressão mantida e repetitiva desta região, desencadeando dor e restrição da amplitude de movimento (ADM). A Tecnologia Tens é um recurso fisioterapêutico que utiliza correntes elétricas de baixa intensidade para aliviar dores e conseguir efeitos específicos, como a analgesia, a diminuição de edemas, o relaxamento e o fortalecimento muscular (HEALTHCARE, 2021). Esse tratamento é usado como um coadjuvante no processo de reabilitação de diversas patologias (HEALTHCARE, 2021). Para realizá-lo, o fisioterapeuta posiciona diretamente sobre a pele do paciente eletrodos que emitem e viabilizam a passagem de correntes elétricas de baixa intensidade. Esse procedimento é realizado em sessões de fisioterapia mediante o uso de um equipamento de Tecnologia Tens (HEALTHCARE, 2021). O equipamento apresenta vários níveis de intensidade, que pode ser regulada conforme a necessidade de cada pessoa e de acordo com a etapa do tratamento em 4 que ela se encontra (HEALTHCARE, 2021). A corrente elétrica ocorre por meio de um fluxo de elétrons entre as extremidades de um aparelho condutor, que atuam de forma ordenada quando essas partículas se submetem a uma diferença de potencial (HEALTHCARE, 2021). A Tecnologia Tens também atua no impedimento e redução do estímulo nervoso, ativando e sintetizando substâncias de caráter endógeno, como é o caso das endorfinas, o que proporciona um efeito de analgesia (HEALTHCARE, 2021). O tratamento de fisioterapia com ultrassom pode ser feito para tratar inflamação das articulações e dor lombar, por exemplo, já que é capaz de estimular a cascata inflamatória e diminuir a dor, o inchaço e os espasmos musculares (PINHEIRO, 2020). A fisioterapia com ultrassom pode ser usada de duas formas: Ultrassom contínuo, onde as ondas são emitidas sem interrupções e que produz efeitos térmicos, alterando o metabolismo e a permeabilidade das células, auxiliando na cicatrização das feridas e diminuindo o inchaço, sendo também mais eficaz no tratamento de lesões crônicas (PINHEIRO, 2020); Ultrassom pulsátil, ondas as ondas são emitidas com pequenas interrupções, o que não produz efeitos térmicos, mas também é capaz de estimular a cicatrização e diminuir os sinais inflamatórios, sendo mais indicado no tratamento de lesões agudas (PINHEIRO, 2020). A fisioterapia com ultrassom é feita com o objetivo de aumentar o fluxo sanguíneo local e assim favorecer a cascata inflamatória, reduzindo o inchaço e estimulando as células inflamatórias, promovendo assim a cicatrização, remodelação do tecido e diminuindo o edema, dores e os espasmos musculares (PINHEIRO, 2020). 5 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo geral Demonstrar a eficiência da Eletroterapia no tratamento da bursite na articulação subacromial. 2.2. Objetivo específico Promover analgesia; Favorecer a melhoria na amplitude de movimento. 6 3. BURSITE Bursas são cavidades parecidas com uma pequena bolsa ou cavidades potenciais, que contêm líquido e estão em locais onde ocorre fricção (p. ex., onde tendões ou músculos passam sobre proeminências ósseas). As bursas minimizam a fricção entre as partes que se movem e facilitam o movimento. Algumas se comunicam com as articulações. A bursite pode ocorrer no ombro (bursite subacromial ou subdeltoideana), particularmente em pacientes com tendinite do manguito rotador, que costuma ser a lesão primária do ombro. Outras bursas comumente acometidas são a do olécrano (cotovelo de minerador), pré-patelar (joelho de empregada doméstica) ou suprapatelar, retrocalcânea, iliopectínea (iliopsoas), isquial (fundodo tecelão), trocanter maior, pata de ganso e bursa da cabeça do primeiro metatarso (joanete). Ocasionalmente, a bursite causa inflamação na articulação com que se comunica. (J. BIUNDO, 2018). 3.1. Etiologia A bursite pode ser causada por: Lesão; Excesso de uso e/ou pressão crônicos; Artrite inflamatória (p. ex., gota, espondilite ou artrite reumatoideartrite psoriática); Infecção aguda ou crônica (p. ex., organismos piogênicos, particularmente Staphylococcus aureus). Causas idiopáticas e traumáticas são, de longe, as mais comuns. A bursite aguda pode acontecer após exercício incomum ou estiramento, e normalmente causa derrame da bursa. As bursas olecranianas e pré-patelares são as bursas mais frequentemente atingidas quando há infecção. A bursite crônica pode ocorrer após crises prévias de bursite ou trauma repetitivo. A parede da bursa encontra-se espessada, com proliferação de sua membrana sinovial; podem se desenvolver aderências bursais, formação de vilosidades e depósitos de cálcio. (J. BIUNDO, 2018). https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/les%C3%B5es-intoxica%C3%A7%C3%A3o/les%C3%A3o-nos-esportes/les%C3%A3o-do-manguito-rotador-bursite-subacromial https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/artrite-induzida-por-cristais/gota https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-articulares/espondilite-anquilosante https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-articulares/artrite-reumatoide-ar https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-articulares/artrite-reumatoide-ar https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/doen%C3%A7as-articulares/artrite-psori%C3%A1tica 7 3.2. Sinais e sintomas A bursite aguda causa dor, particularmente quando a bursa é comprimida ou alongada com o movimento. Edema, às vezes com outros sinais de inflamação (p. ex., eritema), é comum se a bursa for superficial (p. ex., pré-patelar, olecraniana). O edema pode ser mais proeminente do que a dor no caso da bursite do olécrano. A bursite induzida por cristal ou bactéria costuma ser acompanhada por eritema, edema depressível, dor e calor na área acima da bursa. A bursite crônica pode durar muitos meses e ter recorrências múltiplas. Os episódios podem durar de poucos dias a várias semanas. Se a inflamação persistir perto da articulação, a amplitude de movimento pode ficar limitada. Limitação prolongada do movimento pode levar à atrofia muscular. (J. BIUNDO, 2018). 3.3. Diagnóstico Avaliação clínica; Ultrassonografia ou RM para bursite profunda; Aspiração se houver suspeita de infecção, hemorragia (devido a trauma ou anticoagulantes) ou bursite induzida por depósitos de cristais. A bursite superficial deve ser suspeitada em pacientes com edema ou sinais de inflamação sobre bolsa. Bursite profunda é suspeita em pacientes com dor inexplicável que piora com movimento em um local compatível com bursite. Em geral, bursite pode ser diagnosticada clinicamente. Ultrassonografia ou RM pode ajudar a confirmar o diagnóstico quando bursas profundas não estão facilmente acessíveis para inspeção, palpação ou punção. Esses exames são realizados para confirmar um diagnóstico suspeito ou excluir outras possibilidades. Tais técnicas de imagem aumentam a precisão da identificação das estruturas envolvidas. Se o edema for particularmente doloroso, avermelhado ou quente, ou se a bursite envolver olécrano ou bursa pré-patelar, devem ser excluídas infecção e doença induzida por cristais, por meio da punção da bursa. Com uso de anestesia local, o líquido é retirado da bursa por meio de técnicas estéreis; a análise engloba a celularidade, coloração de Gram com cultura e pesquisa microscópica de cristais. A coloração de Gram, embora útil, não é específica, e a contagem de leucócitos na infecção pode ser mais baixa que nas articulações sépticas. Os cristais de urato são facilmente vistos por microscopia de luz polarizada, porém os cristais de apatita típicos https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e-musculoesquel%C3%A9tico/artrite-induzida-por-cristais/vis%C3%A3o-geral-de-artrite-induzida-por-cristais 8 da tendinite calcificada aparecem apenas como porções brilhantes que não são birrefringentes. Radiografias devem ser feitas se a bursite for persistente ou se houver suspeita de calcificação. Bursite aguda deve ser diferenciada de hemorragia em uma bursa, que deve ser considerada particularmente quando um paciente que toma varfarina desenvolve bursite aguda. Bursite hemorrágica pode causar manifestações similares porque o sangue é inflamatório. O líquido sinovial na bursite traumática costuma ser serossanguinolento. A celulite pode causar sinais inflamatórios, porém normalmente não é a causa do derrame na bursa; a celulite sobre a bursa é uma contraindicação relativa à punção da bursa através da celulite, mas se houver forte suspeita de bursite séptica, a punção aspirativa pode ser feita. (J. BIUNDO, 2018). 3.4. Tratamento Repouso; Doses altas de AINEs; Tratamento de doença induzida por cristais ou infecção; Ocasionalmente, infiltração com corticoides. Em caso de infecção, deve-se administrar inicialmente antibióticos empíricos eficazes contra S. aureus (ver tratamento da infecção por estafilococos). A escolha subsequente do antibiótico é determinada pelos resultados do exame direto com coloração de Gram e cultura. Além da administração de antibióticos, a bursite infecciosa requer drenagem ou excisão. A bursite aguda asséptica é tratada com repouso temporário ou imobilização, doses altas de AINEs e, em alguns casos, com outros analgésicos. O movimento voluntário deve aumentar à medida que a dor diminuir. Os exercícios pendulares são úteis para a articulação do ombro. (J. BIUNDO, 2018). https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-dermatol%C3%B3gicos/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-da-pele/celulite https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-gram-positivos/infec%C3%A7%C3%B5es-estafiloc%C3%B3cicas#v1005331_pt 9 4. ULTRASSOM Ultrassom é definido como uma forma de onda acústica, cujas frequências são superiores a 20 KHz (ECRI,1999). A primeira aplicação do ultrassom foi na década de 50, desde então vem evoluindo rapidamente. Atualmente, a energia ultrassônica é uma das mais utilizadas pelos profissionais fisioterapeutas, atuando no tratamento das mais diversas patologias (DIONÍSIO, 1999; FUIRINI & LONGO; GUIRRO et al., 1996). As ondas ultrassônicas podem ser aplicadas por dois métodos conhecidos como contínuo e pulsado (BASSOLI, 2001; GUIRRO & GUIRRO, 2002). A diferença nos dois modos está na continuidade da emissão da onda ultrassônica que resulta principalmente na geração de calor nos tecidos biológicos (BASSOLI, 2001). Os efeitos térmicos produzidos pelo ultrassom contínuo ocorrem pela vibração mecânica constante dos tecidos incididos. Fato que não ocorre no modo pulsado, pois a emissão é interrompida intercalando pausas, proporcionando assim que o calor seja dissipado (AGNE, 2004). As agitações mecânicas que ocorrem durante a aplicação do ultrassom, acaba produzido efeitos denominados térmicos e mecânicos. No entanto, BAKER et al., 2001, afirma que durante a terapia é improvável que ocorra apenas um efeito, e sim que os dois efeitos não podem ser separados, admitindo que efeitos mecânicos sempre apresentaram algum aquecimento. Quanto às frequências, variam de 0,5 a 5 MHz, sendo que as mais utilizadas são asde 1 MHz e 3 MHz (ABNT, 1998). Quanto maior a frequência, maior a absorção e menor a profundidade de penetração (HAAR, 1999). Entre as intensidades, o ultrassom apresenta doses entre 0,125 W/cm² – 5 W/cm² (LEUNG, 2004). Porém, para a aplicação do ultrassom terapêutico, é importante que se respeite e tenha conhecimento das contra-indicações: útero na gravidez, áreas de tromboflebite, áreas préoperatórias, sistema nervoso central, coração e portadores de marcapasso, cérebro e globo ocular, gônadas, infecções agudas, áreas tratadas por radioterapia, tumores malignos, epífises de crescimento, estados febris, perda da 10 sensibilidade (áreas anestésicas), embora muitas destas contra-indicações tenham sido incluídas nesta lista sem que houvesse embasamento sem qualquer evidência científica significativa (YOUNG, 1998). Diante de tantas incertezas, vários estudos foram desenvolvidos, para tentar esclarecer realmente se a utilização de ultrassom é prejudicial em casos de algumas contra indicações. Entre as contra indicações as mais investigadas são: Áreas com implantes metálicos, útero gravídico e epífises de crescimento (LACERDA, CASAROTTO, BALSAN, 2004; OLIVEIRA, 2007; SOUSA et al.,2005), entre vários outros. 4.1. Efeitos térmicos Os efeitos térmicos, ou de calor, são produzidos pela fricção criada pelas ondas que passam através do tecido (ARNOULD-TAYLOR, 1999), ou seja a vibração celular e de suas partículas provoca um atrito entre elas, produzindo assim o efeito térmico. Segundo Dyson (1987) a produção de calor é maior nas áreas limítrofe músculo/osso. O aumento da temperatura induzida pelo Ultrassom terapêutico depende de diversos fatores, como frequência, duração do pulso, intensidade e tempo de exposição, aliados à propriedades do tecido insonado. De maneira geral, o efeito térmico está associado a altas intensidades de onda e ao modo contínuo (DALECKI, 2004); além desses fatores, Williams (1983), cita outros fatores determinantes para a geração de calor, técnica de aplicação (estacionária ou móvel), dimensões do corpo aquecido e a presença de superfícies refletoras na frente ou atrás do tecido de interesse. Agne (2009), completa dizendo que a dose de aplicação e as interfaces que separam os tecidos também interferem no efeito térmico. Existe uma relação diretamente proporcional entre a absorção do ultrassom e quantidade de proteína no tecido. Ou seja, quanto maior a concentração de proteína, maior será a absorção da onda sonora e maior o calor gerado (JOHNS, 2002) , assim como quanto maior a intensidade, maior a produção de calor nos tecidos (AMÂNCIO, 2003). Tecidos com alto conteúdo de proteína absorvem o ultrassom mais prontamente do que aqueles com conteúdo de gordura mais alto, e quanto maior a frequência maior a absorção (KITCHEN, 2003). Para que ocorra o efeito exclusivamente térmico é necessário o aumento da temperatura entre 40º a 45º, por no mínimo cinco minutos, acima de 45º, o efeito se 11 torna lesivo ao tecido, podendo causar queimaduras (LOW & REED, 2001). Starkey (2001), relata que, um ultrassom de 3Mhz aquece três a quatro vezes mais rápido que um aparelho de 1MHz, embora os efeitos do US de baixa frequência possam durar mais tempo, o tratamento com intensidades de saída menores exige uma duração maior para elevar a temperatura do tecido ao nível desejado. Os efeitos fisiológicos provenientes do aquecimento tecidual incluem: aumento da circulação sanguínea, despolarização das fibras nervosas aferentes, efeitos sobre os nervos periféricos, aumento da extensibilidade em tecidos ricos em colágeno como tendões, ligamentos e cápsulas articulares, redução de espasmos musculares, alivio da dor e a resolução de processos inflamatórios crônicos (FUIRINI & LONGO, 2002; ROMANO, 2001; STARKEY, 2001), Campos (2000), acrescenta como efeitos da ação térmica o relaxamento, aumento do metabolismo tecidual e da permeabilidade das membranas. 4.2. Efeito mecânico Os tratamentos com efeitos mecânicos envolvem a produção de baixos níveis de calor, que possivelmente sejam convertidos em alterações químicas no interior da célula (KITCHEN; PARTRIDGE, 1990; RODRIGUES; GUIMARÃES, 1998). A produção de efeitos biofísicos e térmicos ocorre no modo contínuo, enquanto que no modo pulsado ocorre a redução dos efeitos térmicos devido à interrupção cíclica da emissão da energia, mantendo os efeitos biológicos (FERREIRA et al. 2006). Os autores Baker, Robertson & Duck (2001), no entanto, sugerem ser inadequado associar que os efeitos biofísicos térmicos correspondam à exposição à onda contínua, e os efeitos mecânicos à onda pulsada, pois estes efeitos ocorrem simultaneamente. Compartilhando desta mesma linha de idéia Lacerda et al. 2004, define que o termo atérmico ou não térmico usado para tratar dos efeitos mecânicos, não são termos apropriados, pois independente do uso ser contínuo ou pulsado, sempre haverá produção de calor nos tecidos, no entanto no modo pulsado a geração de calor é dissipado pelos tecidos Os efeitos mecânicos do ultrassom terapêutico incluem: massagem (GARCIA, 2000; PRENTICE & VOIGHT, 2003), estimulação da regeneração dos tecidos; reparo 12 de tecido mole, reparo ósseo, fluxo sanguíneo em tecidos cronicamente isquêmicos (YOUNG, 1998), além desses efeitos Fuirini & Longo (2002), acrescentam: regeneração tissular, síntese de proteína, diminuição de espasmos, normalização de tônus, ativação do ciclo de cálcio, estimulação das fibras nervosas aferentes. 4.3. Indicações para uso do ultrassom terapêutico A lista de indicações para uso do USt é consideravelmente extensa. Entre as mais mencionadas podemos citas as seguintes: Traumatismo do tecido ósseo; Traumatismo de articulações e músculos; Distensões; Luxações; Fraturas; Contraturas; Espasmos musculares; Neuroma; Pontos gatilho; Distúrbios do sistema nervoso simpático; Transtornos circulatórios; Processos inflamatórios agudos e crônicos; Reparo de lesões; Fibro edema geloide; Cicatrização de feridas. (FUIRINI & LONGO 1996; GUIRRO e GUIRRO, 2002; HAYES, 2002; MACHADO, 1991; STARKEY, 2001). 4.4. Contraindicações para uso do ultrassom terapêutico Dependendo de como é aplicada, a terapia por ultrassom pode apresentar riscos ou benefícios ao paciente. De modo geral deve-se estar atento às contra indicações que não devem ser expostas às ondas ultrassônicas : Áreas isquêmicas; Alterações circulatórias tromboflebites, tromboses, varizes (risco de promover embolias); Alterações sensitivas (Risco de queimaduras); Aplicada diretamente em endopróteses (Alta absorção do acrílico e seus componentes podem sofrer ações devido ao efeito térmico); Aplicada diretamente em implantes metálicos (Pode ocorrer aumento no índice de reflexão do feixe ultrassônico); Útero gravídico (possibilidade de ocorrer cavitação no líquido amniótico e dano potencial ao feto como; malformação devido ao efeito térmico) ; Neoplasias (Aceleramento do crescimento e/ou metástases); Processos infecciosos (Podem ser acelerados pelo calor) ; Área cardíaca (Possível modificação no potencial de ação e de suas propriedades contráteis); Globo ocular (Dano à retina pelo possível efeito da cavitação); Placas epifisárias( Bloqueio do crescimento) ; Gônadas (Possível esterilidade); Sistema nervoso (FUIRINI & LONGO 2002; GUIRRO & GUIRRO, 2002; HAYES, 2002; KITCHEN, BAZIN & 2001; LOW, REED, 2001; STARKEY, 2001; YOUNG, 1998). 13 5. RESULTADO DA PESQUISA O estudo foi realizado com paciente do sexo masculino, 71 anos de idade, com diagnóstico de bursite. Foram realizadas dez sessões, cinco vezes por semana, as sessões tiveram duração de cinquenta minutos, sendo realizado os acompanhamentos entre os meses de março e abril de dois mil e dezessete. O paciente foi submetido a uma avaliação inicial e uma ao final das sessões. Assessões eram compostas inicialmente pela aferição da pressão arterial e a quantificação da dor relatada pela paciente de acordo com a escala visual analógica de dor (EVA), em seguida era realizada a aplicação da estimulação elétrica nervosa transcutânea com frequência de 10 Hz intensidade de 100 μA por 20 minutos e ao final eram realizados os exercícios cinesioterapêuticos por 30 minutos. A figura mostra os resultados obtidos em relação à evolução da diminuição da dor apresentada pelo paciente durante o tratamento, utilizando a escala visual de dor. (EVA). Observa-se que o paciente teve uma diminuição significativa da dor, reduzindo a zero ao final das dez sessões, em consequência da aplicação do TENS juntamente com a realização da cinesioterapia. 14 A dor apresentada pelo paciente na primeira avaliação era de grau 8, mantendo essa graduação na segunda sessão, nessas primeiras sessões foram utilizados recursos para analgesia e ganho de ADM. Na terceira sessão apresentou grau 3, nesta sessão foram mantidos os recursos utilizados e foram acrescentados exercícios para fortalecimento, porém na quarta sessão o paciente chegou queixando-se de dor, apresentando grau 7, o exercício de fortalecimento foi suspenso, sendo realizado somente TENS para analgesia. A partir da quinta sessão até a nona sessão o paciente apresentou grau 2, no qual foram realizados os recursos analgésicos, alongamentos e fortalecimentos. Na última sessão apresentou grau 0, significando a ausência da dor. A dor é considerada segundo colaboradores (2008), um sinal vital muito importante tal como os outros sinais vitais, e deve ser empregada no ambiente clínico, para a realização de um tratamento ou conduta terapêutica. Esses dados condizem com o estudo de Paula e Moraes (2006) que as dores e limitações dos movimentos são as principais características apresentadas pelos pacientes com bursite. 15 6. CONCLUSÃO O ultrassom é provavelmente um dos recursos físicos mais utilizados entre os profissionais de fisioterapia, no entanto pouco se conhece dele, quando nos referimos sobre suas contraindicações. Muitos autores referem à necessidade de mais estudos sobre o ultrassom terapêutico devido este aparelho ser extremamente aplicado na prática da fisioterapia. Foi possível através desse trabalho de revisão bibliográfica perceber que diante de estudos realizados sobre o ultrassom terapêutico, ainda permanecem dúvidas durante os tratamentos referentes principalmente aos parâmetros que devem ser utilizados, resultando muitas vezes em um tratamento ineficaz. Da mesma forma que precisamos conhecer as patologias em que nos deparamos durante a prática clínica, é necessário tal empenho para conhecermos os recursos que nos são disponíveis para o programa de reabilitação. Observa-se que esse desconhecimento não se restringe simplesmente ao equipamento, mas aos efeitos produzidos pela interação do ultrassom com os tecidos biológicos. Os próprios autores dos trabalhos desenvolvidos confirmam a complicada compreensão exata do mecanismo envolvido na interação do ultrassom terapêutico com os tecidos biológicos. Tais efeitos produzidos pela aplicação do ultrassom dependem do modo utilizado (pulsado X contínuo), da intensidade, frequência, duração de aplicação e estado fisiológico do tecido. Outras pesquisas confirmaram que não existem parâmetros estabelecidos referentes a dosimetrias nas terapias com US e que seus efeitos vêm sendo investigados baseando-se na experiência de cada terapeuta. Ao se revisar os principais estudos do ultrassom terapêutico e seus efeitos térmicos sobre regiões com implantes metálicos, encontraram-se posições distintas em relação ao tema. Esse assunto se mostra tão controverso entre os profissionais da fisioterapia, principalmente, devido a essa discordância: se a estimulação ultrassônica pode causar ou não danos ao tecidos próximos a implantes metálicos. O tratamento de bursite no ombro é realizado primeiramente com a onda TENS para a analgesia, o tratamento segue com cinesioterapia e finalizado com o uso de ULTRASSOM, pois como foi visto, esse tipo de onda atua diretamente no processo anti-inflamatório da bursa. 16 Ponto importante é o relato de diferentes posições quanto ao uso do UST nas principais contraindicações: áreas com implantes metálicos, útero na gravidez e epífises de crescimento, ocasionando várias controvérsias entre os profissionais atuantes na fisioterapia. A variedade de resultados encontrados referente as contraindicações, talvez seja esclarecida pelas diferentes metodologias desenvolvidas nas pesquisas, nem sempre compatíveis com a clínica. Diante dos achados, ressalta-se a necessidade de um consenso quanto aos parâmetros para o desenvolvimento de pesquisas, para que assim possa se confirmar ou excluir se a utilização de ultrassom é capaz de provocar alterações ou produzir lesões aos pacientes, pois somente quando realizarem estudos com metodologias iguais poderemos saber realmente quais efeitos são produzidos aos tecidos considerados contraindicados. 17 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGNE, J. E. Ultra-som. Eletrotermoterapia teoria e prática. Santa Maria: Orium Editora & Comunicação ltda, p 282-308. 2004. ALENCAR, Indiara. Efeito do ultrassom terapêutico: Uma abordagem geral no aparelho e nas principais contra indicações. Faculdade Ávila, p. 2-13.2016. ARNOULD-TAYLOR, W. Princípios e prática de fisioterapia. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, p. 236. 1999. ASSOCIAÇÃO BRASELEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Ultrasom: Sistemas de fisioterapia: prescrições para desempenho e métodos de medição na faixa de freqüências de 0,5 MHz a 5 MHz, NBR IEC 1689. Rio de Janeiro;1998. BIGLIANI LU, Nicholson GP, Flatow EL. Arthroscopic resection of the distal clavicle. Orthop Clin North Am. 24(1):133-41; 1993. BOLLARIN P, Callis F. Ombro doloroso em enfermidades reumáticas. Barcelona: Marisa; p. 415-22. 1974. CIÊNCIA RURAL, Santa Maria, v.38, n.4, p.1199-1207, jul, 2008. CIPRIANO JJ. Testes ortopédicos do ombro. In: Cipriano JJ. Manual fotográfico de testes ortopédicos e neurológicos. 1 ed. São Paulo: Manole, 1999, pp. 71-112. CLINICA UB, Bursite no ombro: Benefícios do Ultrassom. Disponível em: clinicaub.com.br/bursite-no-ombro-beneficios-do-ultrassom. Acesso em 02 de maio de 2021. FISIOTERAPIA EM MOVIMENTO, Curitiba, v.18, n.3, p. 11-21, jul./set., 2005. 18 HOPPENFELD S. EXAMINATION OF SHOULDER. IN: Hoppenfeld S, Hutton R, Thomas H. Physical examination of the spines and extremities. New York: AppletonCentury-Crofts; p. 1-34. J. BIUNDO, JOSEPH, Manual MSD, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/distúrbios-dos-tecidos-conjuntivo-e- musculoesquelico /bursite. PINHEIRO, Marcelle. 2021. Disponível em: https://www.tuasaude.com/fisioterapia- com-ultrassom. Acesso em: 01 de maio de 2021. REIS, P. F.; MORO, A. R. P.; SOBRINHO, F. P. N. 3º Congresso Internacional de Ergonomia e Usabilidade de Interfaces Humano-Tecnologia. 2003. YOUITI M, Ernesto. O ombro em uma linha de produção: estudo clínico e ultrassonográfico; p. 2-6, 2009. ZORZETTO, A. A. A ecografia no diagnóstico das lesões músculo-tendinosas do ombro. Radiol Bras., v. 36, n. 4, 2003.
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