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1 2 Comissão NaCioNal de eNergia NuClear A Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN, sediada no Rio de Janeiro, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, MCTI, desde 1999. As suas funções principais são regular e fomentar o uso da energia nuclear no Brasil. Para isso, conta com 14 unidades distribuídas por nove estados brasileiros. O foco da CNEN é fazer com que os benefícios da energia nuclear cheguem a um número cada vez maior de brasileiros, sempre com total segurança na operação de fontes de radiação. Sede Administrativa da CNEN: Rua General Severiano, 90 - Botafogo - Rio de Janeiro/RJ - tel (21) 2173 2000. Cep: 22290-901 Dr. Ângelo Fernando Padilha Presidente da CNEN O Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, CDTN, é uma das unidades da CNEN. O CDTN possui como missão: gerar e difundir conhecimentos, disponibilizar produtos e serviços de pesquisa e desenvolvimento na área nuclear e em áreas correlatas. Avenida Presidente Antônio Carlos nº 6627 - Campus UFMG - Pampulha - CEP 31270-901 Caixa Postal 941 - tel (31) 3069 3261 ou 3263 Belo Horizonte - Minas Gerais Diretor CDTN: Dr João Roberto L. de Mattos auTores - eQuiPe CdTN Elton Gomes Mário Bianchini Tetsuaki Wakabayashi Thessa Cristina Alonso Coordenação de Produção do material Pedagógico Avante Brasil Informática e Treinamentos Ltda. diretor de Planejamento Carlos Henrique Ferraz de Vasconcelos diretor Comercial Rômulo Moura Afonso gerente de Projetos Ricardo Cassemiro Coordenadora da equipe de Produção do material Pedagógico e design instrucional Telas Web Gislene do Carmo Braz Alves design instrucional material impresso Silvane Friebel ilustrações e diagramação Aurélio Marcos de Macedo 3 APRESENTAÇÃO DO MÓDULO – PROTEÇÃO RADIOLÓGICA Olá! O Curso de Proteção Radiológica, baseado na apostila educativa - Energia Nuclear e Suas Aplicações – é uma iniciativa do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, CDTN, que é uma instituição de pesquisa, desenvolvimento, produção, serviços e ensino, com atuação na área nuclear e correlatas. O Centro está subordinado à Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN. Coordenado pelo Serviço de Proteção Radiológica (SEPRA) juntamente com o Serviço das Radiações Aplicadas à Saúde (SERAS), aborda de forma simples e com linguagem acessível às pessoas que não atuam em áreas técnicas, os conceitos de energia, energia nuclear, radioatividade, segurança nuclear e radioproteção. Além disto, mostra as aplicações da energia nuclear e das radiações em benefício da sociedade. 4 ÍCoNes orgaNiZadores UNIDADE DE ESTUDO É utilizada para definir os assuntos que serão estudados. CONCEITO É utilizado ao definir conceitos e significados. RESUMO É utilizado para sintetizar assuntos abordados, a fim de facilitar a visão geral dos mesmos. ATENÇÃO Serão destacados conceitos, ideias e lembretes importantes. Por isto, sempre que vir este símbolo, preste ATENÇÃO. SAIBA MAIS Aprofundamento de ideias, curiosidades, links de sites e textos complementares. AVALIAÇÃO Momento de realizar exercícios e avaliações para consolidar o aprendizado. EXEMPLO Utilizado no momento em que se exemplificam conteúdos ou ideias. 5 Termo Definição Irradiação É a exposição de um objeto ou de um corpo à radiação, sem que haja contato direto com a fonte de radiação. Radioterapia É o tratamento com fontes de radiação. A radioterapia teve origem na aplicação do elemento rádio pelo casal Curie, para destruir células cancerosas, e foi inicialmente conhecida como “Curieterapia”. Posteriormente, outros radioisótopos passaram a ser usados, apresentando um maior rendimento. Reator nuclear Para liberação de energia em grande escala devido à fissão, este evento, ocorrido na instalação conhecida como reator nuclear, deve provocar outras fissões, de modo que o processo se espalhe por todo o combustível nuclear atingindo uma determinada velocidade. O fato de que mais nêutrons são produzidos que consumidos na fissão, leva à possibilidade de uma reação em cadeia, com cada nêutron liberado dando origem a outra fissão. Como em cada fissão mais de um nêutron é liberado, é necessário que o reator nuclear contenha materiais absorvedores de nêutrons, em uma proporção tal que se possa manter, o funcionamento do reator nuclear, com uma reação nuclear controlada. Em cada fissão nuclear haverá liberação de energia térmica. Esta aquece a água que circula por um circuito primário do reator e transforma em vapor a água que circula no circuito secundário do reator. O vapor move as pás de uma turbina e gera energia elétrica em um gerador elétrico acoplado à turbina, devido a um fenômeno chamado indução eletromagnética. Detectores de radiação São dispositivos (aparelhos) capazes de indicar a presença de radiação, convertendo a energia da radiação em um sinal elétrico, luz ou reação química. A utilização de um detector depende do tipo da radiação presente: um detector muito eficiente para radiação gama é inadequado para partículas alfa. Fissão nuclear É a quebra do núcleo de um átomo de 235-U em dois outros núcleos menores. Estes dois outros núcleos emitem dois ou três nêutrons que irão dar origem a outras fissões em outros núcleos de átomos de 235 U. O esquema de uma reação típica de fissão é: 235 U + n → 236 U → 140 Xe + 94 Sr + 2n, onde os símbolos da equação têm os seguintes significados: 235 U – Urânio 235; 236 U – Urânio 236; 140 Xe – Xenônio 140; 94 SR – Estrôncio 94; n - nêutron. glossÁrio 6 Usina nuclear É uma instalação industrial empregada para produzir eletricidade a partir de energia nuclear, que se caracteriza pelo uso de materiais radioativos que, através de uma reação nuclear, produzem calor. As usinas nucleares usam este calor para gerar vapor, que é usado para girar turbinas que são acopladas a um gerador onde energia elétrica é produzida por meio de um fenômeno chamado indução eletromagnética. Resíduo radioativo Chamado de forma popular de Lixo atômico, é formado por resíduos com elementos químicos radioativos que não têm ou deixaram de ter utilidade. É gerado em processos de produção de energia nuclear, armamentos, podendo ainda ser oriundo de outros usos, tais como tratamentos e diagnósticos radiológicos e pesquisa científica. Fonte: Wikipedia Meia-vida É o tempo necessário para a atividade de um elemento radioativo ser reduzida à metade da atividade inicial. Radiação É a propagação de energia, na forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas. Energia Luminosa e Energia Térmica Luz e Calor são duas outras modalidades de energia: Energia Luminosa e Energia Térmica, fáceis de serem “sentidas”. Energia Magnética (ímã) Pode ser percebida por meio da atração de um ímã sobre alguns materiais, como o ferro. Energia Potencial É armazenada num corpo material ou numa posição no espaço. Pode ser convertida em energia sensível a partir de uma modificação em seu estado. Podem ser citadas como exemplo, a Energia Potencial Gravitacional, Energia Química, Energia de combustíveis e a energia existente nos átomos. Energia Cinética Associada ao movimento dos corpos. Energia Pode ser definida como a capacidade de realizar trabalho ou como o resultado da realização de um trabalho. Na prática, a energia é melhor “sentida” do que definida. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação de que ele é dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite constantemente. 7 SUMÁRIO UNIDADE I – ENERGIA Energia 9 Formas de Energia 9 Energia Cinética 9 Energia Potencial 10 Energia Luminosa e Energia Térmica 10 Energia Magnética (ímã) 10 Matéria e Energia 11 Uso da Energia 11 Conversão de Energia 12 Conversão em Energia Elétrica 13 Central Térmica 14 Estrutura da Matéria 15 O Átomo 15 Estrutura do Núcleo e Energia Nuclear 16 Os Isótopos 18 Liberação da EnergiaNuclear 19 Fissão Nuclear 19 Reação em Cadeia 20 Controle da Reação de Fissão Nuclear em Cadeia 20 Urânio Enriquecido 21 Enriquecimento de Urânio 22 Exercícios de 1 a 10 - 24 UNIDADE II – RADIOATIVIDADE Radioatividade 28 Partícula Alfa ou Radiação Alfa 29 Partícula Beta ou Radiação Beta 29 Radiação Gama 30 Radiação 30 Decaimento Radioativo 32 Atividade de uma Amostra 32 Unidade de Atividade 33 Meia -Vida 33 Um Exemplo “Doméstico” 34 Um Exemplo Prático 36 Radiação Natural - Séries Radioativas Naturais 37 Penetração das Radiações na Matéria 40 Rejeitos Radioativos - O Lixo Atômico 41 Tratamento de Rejeitos Radioativos 41 Deposição dos Rejeitos Radioativos do Acidente de Goiânia 43 Exercícios 11 a 20 - 44 UNIDADE III - SEGURANÇA NUCLEAR Segurança Nuclear 48 Varetas de Combustível 48 Vaso de Pressão 49 A Contenção 50 Edifício do Reator 51 Independência entre os Sistemas de Refrigeração 52 Filosofia de Segurança 52 Sistemas Ativos de Segurança 53 Segurança no Projeto de uma Usina Nuclear 53 Segurança na Operação de Reatores Nucleares 53 Reator Nuclear e Bomba Atômica 54 Acidente Nuclear 55 Acidente Nuclear em Three Miles Island 55 O Reator Nuclear de Chernobyl 56 O Acidente de Chernobyl 58 Comparação do Reator de Chernobyl com os Reatores PWR de Angra 59 Exercícios 21 a 30 - 60 UNIDADE IV - Radioproteção (Proteção Radiológica) Radioproteção (Proteção Radiológica) 65 Objetivos da Radioproteção 65 Grandezas e Unidades Radiológicas 66 Limites de dose 67 Irradiação e Contaminação 67 Efeitos das Radiações no Ser Humano 68 Como se Proteger das Radiações - Dosimetria 71 Detectores de Radiações 72 Monitoramento 73 Detector/Contador Geiger-Müller (GM) 73 Exercícios 31 a 40 - 75 UNIDADE V As Aplicações da Energia Nuclear e das Radiações 79 Vantagens e Desvantagens no Uso da Energia Nuclear 80 Traçadores Radioativos 81 A Medicina Nuclear 81 Os Radioisótopos na Medicina 82 A Radioterapia 83 Aplicações na Agricultura 85 Aplicações na Indústria 87 A Preservação de Alimentos por Irradiação 89 Os Raios X 90 A descoberta dos Raios X 91 Identificação da Presença de Radiação 92 Exercícios 41 a 52 - 93 Referências Bibliográficas 98 8 UNIDADE I - ENERGIA ENERGIA FoRmAs DE ENERGIA ENERGIA CINÉTICA ENERGIA PoTENCIAL ENERGIA LUmINosA E ENERGIA TÉRmICA ENERGIA mAGNÉTICA (ÍmÃ) mATÉRIA E ENERGIA Uso DA ENERGIA CoNvERsÃo DE ENERGIA CoNvERsÃo Em ENERGIA ELÉTRICA CENTRAL TÉRmICA EsTRUTURA DA mATÉRIA o ÁTomo EsTRUTURA Do NúCLEo E ENERGIA NUCLEAR os IsóToPos LIbERAçÃo DA ENERGIA NUCLEAR FIssÃo NUCLEAR REAçÃo Em CADEIA CoNTRoLE DA REAçÃo DE FIssÃo NUCLEAR Em CADEIA URâNIo ENRIqUECIDo ENRIqUECImENTo DE URâNIo EXERCÍCIos DE 1 A 10 9 UNIDADE I – ENERGIA De um modo geral, a energia pode ser definida como a capacidade de realizar trabalho ou como o resultado da realização de um trabalho. Na prática, a energia é melhor sentida do que definida. Quando se olha para o sol, tem-se a sensação de que ele é dotado de muita energia, devido à luz e calor que emite constantemente. FoRmAs DE ENERGIA Existem várias formas ou modalidades de energia: a) Energia Cinética: associada ao movimento dos corpos. 10 b) Energia Potencial: é a energia de um corpo ou de um sistema em repouso e depende de sua posição no espaço, podendo ser transformada em outro tipo de energia a partir da modificação em seu estado. c) Luz e Calor são duas outras modalidades de energia: Energia Luminosa e Energia Térmica, fáceis de serem sentidas. d) Energia Magnética (ímã): pode ser percebida por meio da atração de um ímã sobre alguns materiais, por exemplo, o ferro. 11 mATÉRIA E ENERGIA Se um carro, a uma velocidade de 30 km/h, bater em um muro, vai ficar todo amassado e quase nada vai acontecer com o muro. Mas se um caminhão carregado, também a 30 km/h, bater no mesmo muro, vai danificá-lo e o caminhão quase nada sofrerá. Isso significa que, quanto maior a massa, maior a energia associada ao movimento. Uso DA ENERGIA A energia elétrica é muito importante para as indústrias, porque torna possível a iluminação dos locais de trabalho, o acionamento de motores, equipamentos e instrumentos de medição. 12 Para todas as pessoas, entre outras aplicações, a energia elétrica serve para iluminar as ruas e as casas, para fazer funcionar os aparelhos de televisão, os eletrodomésticos e os elevadores dos edifícios. Sem energia elétrica seria muito incômodo construir e habitar edifícios de mais de três andares. Por todos estes motivos, é interessante converter outras formas de energia em energia elétrica. CoNvERsÃo DE ENERGIA Um bom exemplo de conversão de uma forma de energia em outra é o nosso corpo. A energia liberada pelas reações químicas que ocorrem nos diversos órgãos (estômago, intestinos, fígado, músculos, sangue etc.) é convertida em ações ou movimentos (andar, correr, trabalhar etc.). Nesses casos, a energia química é convertida em energia cinética. 13 Quando suamos, estamos eliminando o excesso de energia recebida pelo nosso corpo (exposição ao sol, por exemplo) ou gerado por uma taxa anormal de reações químicas dentro dele, para que sua temperatura permaneça em um valor constante de 36,5 oC. Esse calor é o resultado da transformação da energia química em energia térmica. CoNvERsÃo Em ENERGIA ELÉTRICA Numa Usina Hidroelétrica, converte-se em eletricidade a energia do movimento das correntes de água. O dispositivo de conversão é formado por uma turbina acoplada a um gerador. 14 Uma turbina para geração de energia elétrica é constituída de um eixo, dotado de pás. Estas podem ser acionadas por água corrente e, então, o seu eixo entra em rotação e move a parte interna de um gerador, fazendo aparecer, por um fenômeno denominado indução eletromagnética, uma corrente elétrica nos fios de sua parte externa. CENTRAL TÉRmICA Se as pás forem movidas por passagem de vapor, obtido por aquecimento de água em uma grande caldeira, tem-se, então, uma usina Termelétrica. O calor pode ser gerado pela queima de óleo combustível, carvão ou gás. 15 EsTRUTURA DA mATÉRIA O ferro é um material, ou, um elemento químico bastante conhecido e fácil de ser encontrado. Se triturarmos uma barra de ferro, obteremos pedaços cada vez menores, até atingirmos um tamanho mínimo, que ainda apresentará as propriedades químicas do ferro. Essa menor estrutura, que apresenta ainda as propriedades de um elemento químico, é denominada ÁTOMO, que em grego significa indivisível. / o ÁTomo Por muito tempo, pensou-se que o átomo seria a menor porção da matéria e teria uma estrutura compacta. Atualmente, sabemos que o átomo é constituído por partículas menores (subatômicas), distribuídas de uma forma que lembra o Sistema Solar. Existe um Núcleo, onde fica concentrada a massa do átomo e minúsculas partículas que giram em seu redor, denominadas elétrons. Os elétrons são partículas de carga negativa e massa muito pequena. A comparação com o sistema solar, embora sirva para dar uma ideia visual da estrutura do átomo, destacando os “grandes espaços vazios”, não exprime a realidade. No sistema solar, os planetas se distribuem quase todos num mesmo plano de rotação ao redor do Sol. No átomo, os elétrons se distribuem em vários planos em torno do núcleo. 16 EsTRUTURA Do NúCLEo E ENERGIA NUCLEAR O Núcleo do átomo é constituído de partículas de carga positiva, chamadas prótons, e de partículas de mesmo tamanho, mas sem carga, denominadas nêutrons. Aqui seguem algumas características das três partículas fundamentais que constituem o átomo: Massa do próton = 1,67 x 10-27 Kg Massa do nêutron = 1,68 x 10-27 Kg Massa do elétron = 9,11 x 10-31 Kg Carga do próton = 1,6 x 10-19 C (Coulomb) Carga do nêutron = 0 Os prótons têm a tendência de se repelirem, porque têm cargas positivas. Por eles estarem juntos no núcleo, comprova-se a existência de energia nos núcleos dos átomos com mais de uma partícula:a energia de ligação dos nucleons (prótons e nêutrons) - energia nuclear. 17 Denomina-se nuclídeo qualquer configuração nuclear, mesmo que transitória. Num átomo neutro o número de prótons é igual ao número de elétrons. O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico, comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. O elemento natural mais simples, o hidrogênio, possui apenas um próton; um dos mais complexos, o urânio, tem 92 prótons, sendo o elemento químico natural mais pesado. 18 os IsóToPos O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga elétrica. Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos. O hidrogênio tem 3 isótopos: o hidrogênio, o deutério e trítio. O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma de 3 isótopos: 235-U, com 143 nêutrons (0,7%); 238-U, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%); 234-U, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível). 19 LIbERAçÃo DA ENERGIA NUCLEAR Uma vez constatada a existência da energia nuclear, restava descobrir como utilizá-la. A forma imaginada para liberar a energia nuclear baseou-se na possibilidade de partir-se ou dividir-se o núcleo de um átomo pesado, isto é, com muitos prótons e nêutrons, em dois núcleos menores, através de um choque com um nêutron. A energia que mantinha esses núcleos menores juntos, antes constituindo um só núcleo maior, seria liberada, na maior parte, em forma de calor (energia térmica). FIssÃo NUCLEAR A divisão do núcleo de um átomo pesado, por exemplo, do 235-U, em dois menores, quando atingido por um nêutron, é denominada Fissão Nuclear. Seria como jogar uma bolinha de vidro (um nêutron) contra várias outras agrupadas (o núcleo). 20 REAçÃo Em CADEIA Em cada reação de fissão nuclear resultam, além dos núcleos menores, dois a três nêutrons, em consequência da absorção do nêutron que causou a fissão. Torna-se, então, possível que esses nêutrons atinjam outros núcleos de 235-U, liberando muito calor. Tal processo é denominado Reação de Fissão Nuclear em Cadeia ou, simplesmente, Reação em Cadeia. CoNTRoLE DA REAçÃo DE FIssÃo NUCLEAR Em CADEIA Descoberta a grande fonte de energia no núcleo dos átomos e a forma de aproveitá-la, restava saber como controlar a reação em cadeia, que normalmente não pararia, até consumir quase todo o material físsil (= que sofre fissão nuclear), no caso o 235-U. Como já foi visto, a fissão de cada átomo de 235-U resulta em 2 átomos menores e 2 a 3 nêutrons, que irão fissionar outros tantos núcleos de 235-U. A forma de controlar uma reação em cadeia consiste na eliminação de determinado número de nêutrons, 21 mantendo outra quantidade de nêutrons disponiveis para causar um número de fissões, que dê origem a uma reação nuclear em cadeia CONTROLADA, que viabilize o funcionamento, por exemplo, de um reator nuclear. Alguns elementos químicos, por exemplo o boro, na forma de ácido bórico ou de metal, e os metais cádmio, prata e índio contidos em barras metálicas, chamadas barras de controle, têm a propriedade de absorver nêutrons (mais a frente, você verá com mais detalhes a função das barras de controle). Porque seus núcleos podem conter ainda um número de nêutrons superior ao existente em seu estado natural, dão origem a isótopos de boro, cádmio, prata e índio. A grande aplicação do controle da reação de fissão nuclear em cadeia é nos Reatores Nucleares, para geração de energia elétrica. URâNIo ENRIqUECIDo A quantidade de 235-U contida no urânio natural é muito pequena. Aproximadamente, em 1.000 átomos de urânio natural, 7 átomos são de 235-U e 993 são de 238-U (a quantidade dos demais isótopos é desprezível). Para ser possível a ocorrência de uma reação de fissão nuclear em cadeia é necessário haver uma quantidade suficiente de 235-U, que é fissionado por nêutrons de qualquer energia, preferencialmente os de baixa energia, denominados nêutrons térmicos (“lentos”). Em um evento típico de fissão do 235-U, um núcleo de 235-U absorve um nêutron térmico dando origem a um núcleo de 236-U altamente excitado. É esse núcleo que realmente sofre fissão. Ele se divide em dois fragmentos chamados produtos de fissão, 140-Xe e 94-Sr, e rapidamente emite 3 nêutrons. Durante a ocorrência desta reação há liberação de energia, em forma de calor (energia térmica). Nos Reatores Nucleares do tipo Angra I (“Pressurized Water Reactor” = Reator a Água Pressurizada) são 22 necessários arranjos de átomos de urânio com as proporções de, aproximadamente, 25, 28, 31 átomos de 235-U para cada 1000 átomos de urânio natural. Para você obter os enriquecimentos dos arranjos deve dividir 25/1000 = 2,5%, 28/1000 = 2,8% e 31/1000 = 3,1% respectivamente). Mais na frente você verá que cada arranjo deste é o que se chama elemento combustível. Ao todo Angra I possui 121 arranjos, ou elementos combustíveis. Já o Reator Nuclear de Angra II possui aproximadamente 19; 25; 32 e 42 átomos de 235-U em cada 1000 átomos de urânio natural. (Tente calcular o enriquecimento em 235-U para cada tipo de elemento combustível). Angra II possui 193 arranjos, ou seja, 193 elementos combustíveis. O urânio natural precisa ser tratado industrialmente com o objetivo de aumentar a proporção (concentração) de 235-U e diminuir a de 238-U. ENRIqUECImENTo DE URâNIo O processo físico de retirada de 238-U do urânio natural, aumentando, em consequência, a concentração de 235-U, é conhecido como Enriquecimento de Urânio. 23 Caso o grau de enriquecimento seja muito elevado, aproximadamente 90% em 235-U, pode ocorrer uma reação em cadeia muito rápida e de difícil controle mesmo para quantidades relativamente pequenas de urânio. Este grau de enriquecimento é usado em armas nucleares. Há atualmente em escala industrial, dois métodos usados para o enriquecimento de urânio: o método da difusão gasosa e o da centrifugação; em fase de pesquisa existe ainda um processo a Laser. Por se tratarem de tecnologias sofisticadas e estratégicas, os países que as têm dificultam para que outras nações tenham acesso a elas. 24 Com o auxílio dos textos e também com base em seus conhecimentos sobre Energia, julgue os itens em Verdadeiro (V) ou Falso (F). 1. Energia pode ser definida como a capacidade de realizar trabalho ou como o resultado da realização de um trabalho. 2. A energia elétrica é muito importante para as indústrias, porque apenas ela torna possível a iluminação dos locais de trabalho, o acionamento de motores, equipamentos e instrumentos de medição. 3. Se triturarmos uma barra de ferro, obteremos pedaços cada vez menores, até atingirmos um tamanho mínimo, que ainda apresentará as propriedades químicas do ferro. Essa menor estrutura, que apresenta ainda as propriedades de um elemento químico, é denominada átomo. 4. Os prótons, por sua natureza, não se repelem, porque têm carga positiva. 5. A divisão do núcleo de um átomo pesado, por exemplo, do 235-U, em dois menores, quando atingido por um nêutron, é denominada Fusão Nuclear. 6. Fissão nuclear é: a) Liquefação dos núcleos 25 b) Quebra de núcleos formando núcleos menores. Reunião de núcleos formando núcleos maiores c) Passagem do núcleo do estado sólido para o estado líquido d) Divisão do núcleo de um átomo pesado, em dois menores, quando atingido por um nêutron 7. O elemento químico utilizado para a obtenção de energia nuclear em um Reator PWR ( Reator a Água pressurizada ) é: a) Urânio b) Césio c) Hidrogênio d) Tório 8. O processo físico de retirada de 238-U do urânio natural, aumentando, em consequência, a concentração de 235-U, é conhecido como: a) Enriquecimento de Urânio b) Concentração de Urânio c) Urânio empobrecido d) Todas as alternativas estão corretas 9. Sobre aspectos positivos da Energia Nuclear, assinale as respostas corretas:a) As reservas de combustível nuclear são muito maiores que as reservas de combustíveis fósseis. b) Comparada às usinas de combustíveis fósseis, a usina nuclear requer menores áreas para sua instalação. c) As usinas nucleares possibilitam maior independência energética para os países importadores de petróleo e gás. d) Os custos de construção e operação das usinas são muito baixos; 26 10. Sobre aspectos negativos da Energia Nuclear, assinale as respostas corretas: a) Não contribui para o efeito estufa. b) Possibilidade de construção de armas nucleares. c) Destinação do lixo atômico. d) Acidentes que resultam em liberação de material radioativo. 27 UNIDADE II – RADIOATIVIDADE RADIOATIVIDADE PARTícUlA AlfA OU RADIAçãO AlfA PARTícUlA BETA OU RADIAçãO BETA RADIAçãO GAmA RADIAçãO DEcAImENTO RADIOATIVO ATIVIDADE DE UmA AmOsTRA UNIDADE DE ATIVIDADE mEIA -VIDA Um ExEmPlO “DOmésTIcO” Um ExEmPlO PRáTIcO RADIAçãO NATURAl - séRIEs RADIOATIVAs NATURAIs PENETRAçãO DAs RADIAçõEs NA mATéRIA REjEITOs RADIOATIVOs - O lIxO ATômIcO TRATAmENTO DOs REjEITOs RADIOATIVOs DEPOsIçãO DOs REjEITOs RADIOATIVOs DO AcIDENTE DE GOIâNIA ExERcícIOs DE 11 A 20 28 UNIDADE II – RADIOATIVIDADE O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou a descoberta de um fenômeno interessante: o filme foi marcado por algo que saía da rocha, denominado radiação. Outros elementos pesados, com massas próximas a do urânio, por exemplo, o rádio e o polônio, também apresentavam a mesma propriedade. O fenômeno foi denominado radioatividade e os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de elementos radioativos. Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas. 29 PARTícUlA AlfA OU RADIAçãO AlfA Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da emissão de um grupo de partículas, constituídas por dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. São as radiações alfa ou partículas alfa, na realidade núcleos de hélio (He), um gás chamado nobre, por não reagir quimicamente com os demais elementos. As partículas α (alfa) possuem carga +2. PARTícUlA BETA OU RADIAçãO BETA Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de nêutrons em relação a prótons, é através da emissão de uma partícula negativa, um elétron, com carga -1, resultante da conversão de um nêutron em um próton. É a partícula beta negativa ou, simplesmente, partícula beta. No caso de existir excesso de cargas positivas (prótons), é emitida uma partícula beta positiva, chamada pósitron, resultante da conversão de um próton em um nêutron. Em resumo, a radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo, quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de prótons em nêutrons (pósitrons). 30 RADIAçãO GAmA Radiação gama é a energia em forma de onda eletromagnética, de natureza semelhante à da luz, e sem carga elétrica. Essa radiação ocorre, em geral, após um núcleo instável emitir partículas alfa ou beta, gerando novo núcleo, que tende a se estabilizar; caso a estabilização não ocorra, o processo de emitir as partículas se repete, pode haver a emissão de raios gama, caso o núcleo não tenha se tornado, ainda, estável. RADIAçãO Radiação é a propagação de energia, na forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas. 31 ONDAS ELETROMAGNÉTICAS PARTÍCULAS Não possuem massa e se propagam com a velocidade de 300.000 km/s, para qualquer valor de sua energia. São da mesma natureza da luz e das ondas de transmissão de rádio e TV. Possuem massa, carga elétrica e se propagam com diferentes velocidades, portanto têm valores diferentes de energia associadas à elas. A identificação destes tipos de radiação foi feita utilizando-se uma porção de material radioativo, com o feixe de radiações passando por entre duas placas, polarizadas por um forte campo elétrico. A onda eletromagnética é uma forma de energia, constituída por campos elétricos e campos magnéticos, variáveis e oscilando em planos perpendiculares entre si, capaz de propagar-se no espaço. No vácuo, sua velocidade de propagação é de 300.000 km/s. No espaço material sua velocidade depende do meio em que estiver se propagando. Considera-se radiação ionizante qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria, libera elétrons dos átomos ou de moléculas, transformando- os em íons, direta ou indiretamente. Assim, as partículas alfa e beta, a radiação gama, emitidas por fontes radioativas, os Raios X, emitidos pelos respectivos aparelhos e também os nêutrons são radiações ionizantes. No processo de transferência de energia de uma radiação incidente sobre a matéria, as radiações que têm carga, como elétrons, partículas alfa e fragmentos de fissão, atuam principalmente por meio de seu campo elétrico e transferem sua energia para muitos átomos ao mesmo tempo. São denominadas radiações diretamente ionizantes. As radiações que não possuem cargas, como as radiações eletromagnéticas e os nêutrons, são chamadas de radiações indiretamente ionizantes, pois interagem individualmente transferindo sua energia para elétrons que irão provocar novas ionizações. 32 DEcAImENTO RADIOATIVO Conforme foi visto, um núcleo com excesso de energia tende a estabilizar-se, emitindo partículas α ou β. Em cada emissão de uma dessas partículas, há uma variação do número de prótons no núcleo, isto é, o elemento se transforma ou se transmuta em outro, de comportamento químico diferente. Se o núcleo ainda apresentar excesso de energia, há a emissão de radiação gama. Essa transmutação também é conhecida como desintegração radioativa, designação não muito adequada, porque dá a ideia de desagregação total do átomo e não apenas da perda de sua integridade. Um termo mais apropriado é decaimento radioativo, que sugere a diminuição gradual de massa e atividade. ATIVIDADE DE UmA AmOsTRA Nos núcleos instáveis de um mesmo elemento químico, porém com massas diferentes, denominados radioisótopos, as transformações não ocorrem ao mesmo tempo. As emissões de radiação são feitas de modo imprevisto e não se pode adivinhar o momento em que um determinado núcleo irá emitir radiação. Entretanto, para a grande quantidade de átomos existente em uma amostra de material radioativo, é razoável esperar-se um certo número de emissões ou transformações em cada segundo. Essa taxa de transformações é denominada atividade da amostra. 33 UNIDADE DE ATIVIDADE No Sistema Internacional (SI), a atividade de uma amostra com átomos radioativos ou fonte radioativa é medida em Becquerel. O símbolo dessa unidade é Bq; 1 Bq equivale a uma desintegração por segundo. Há outra unidade de medida da radioatividade. É uma unidade prática, criada no começo do séc. XX e que, embora não pertencendo ao SI, ainda é muito utilizada. Trata-se do curie (leia-se quirri), em homenagem ao casal Pierre e Marie Curie. A equivalência entre as duas unidade é 1 Ci = 3,7 x 1010 Bq, ou seja, 1 Ci equivale a 37 bilhões de desintegrações por segundo. mEIA -VIDA Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, transmuta-se, desintegra-se ou decai a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar a duração (ou a vida) de uma amostra radioativa foi preciso estabelecer uma forma de comparação. Quanto tempo leva para uma amostra radioativa ter sua atividade reduzida à metade da atividade inicial ? Esse tempo foi denominado meia-vida da amostra. Isso significa que, para cada meia-vida que passa, a atividade vai sendo reduzida à metade da anterior, até atingir um valor insignificante, que não permite mais distinguir suas radiações das do meio ambiente. Meia-vida é o tempo necessário para a atividade de uma amostra radioativaser reduzida à metade da atividade inicial. 34 Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas utilizadas em laboratórios de análise e pesquisa, após 10 (dez) meias-vidas, atingi-se esse valor. Entretanto, não se pode confiar totalmente nesta “receita”, pois, em várias fontes usadas na indústria e na medicina, mesmo após 10 meias-vidas, a atividade dessas fontes ainda é alta. Um ExEmPlO “DOmésTIcO” Um exemplo “caseiro” pode apresentar, de forma simples, o conceito de meia-vida: uma família de 4 pessoas tinha 4 kg de açúcar para seu consumo normal. Logicamente, a função do açúcar é adoçar o café, o refresco, bolos e sucos. Adoçar é a função do açúcar da mesma forma que emitir radiação é a função dos elementos radioativos. Por falta de açúcar no supermercado, foi preciso fazer um racionamento, até a situação ser normalizada, da seguinte forma: na primeira semana, foram consumidos 2 kg, metade da quantidade inicial, e foi possível fazer dois bolos, um pudim, refrescos, sucos, além de adoçar o café da manhã. 35 Na segunda semana, foi consumido 1 kg, metade da quantidade anterior e ¼ da inicial. Então já não deu para fazer os bolos. Na terceira semana, só foi possível adoçar os refrescos, sucos e café, utilizando 0,5 kg, do 1 kg que sobrou da semana anterior. Procedendo da mesma forma, na décima semana restariam cerca de 4g de açúcar, que não adoçariam um cafezinho. Essa quantidade de açúcar não faria mais o efeito de adoçar e nem seria percebida. No exemplo citado, a meia-vida do açúcar é de uma semana e, decorridas 10 semanas, praticamente não haveria mais açúcar, isto é, a atividade adoçante do açúcar não seria notada. No entanto, se, ao invés de 4 Kg, a família houvesse feito um estoque de 200 kg, após 10 meias-vidas, ainda restaria uma quantidade considerável de açúcar. Se o racionamento fosse de sal, a meia-vida do sal seria maior, por que a quantidade de sal que se usa na cozinha é muito menor do que a de açúcar. De fato, leva-se muito mais tempo para gastar 4 kg de sal do que 4 kg de açúcar, para uma mesma quantidade de pessoas (consumidores). 36 Um ExEmPlO PRáTIcO O 131-iodo, utilizado em Medicina Nuclear para exames de tireoide, possui a meia-vida de oito dias. Isso significa que, decorridos 8 dias, a atividade ingerida pelo paciente será reduzida à metade. Passados mais 8 dias, cairá à metade desse valor, ou seja, ¼ da atividade inicial e assim sucessivamente. Após 80 dias (10 meias- vidas), atingirá um valor cerca de 1000 vezes menor. Entretanto, se fosse necessário aplicar uma quantidade maior de 131-iodo no paciente, não se poderia esperar por 10 meias- vidas (80 dias), para que a atividade na tireoide tivesse um valor desprezível. Isso inviabilizaria os diagnósticos que utilizam material radioativo, já que o paciente seria uma fonte radioativa ambulante e não poderia ficar confinado durante todo esse período. 37 Para nossa felicidade, o organismo humano elimina rápida e naturalmente, via fezes, urina e suor, muitas das substâncias ingeridas. Dessa forma, após algumas horas, o paciente poderá ir para casa, sem causar problemas para si e para seus familiares. Assim, ele fica liberado, mas o iodo-131 continua seu decaimento normal na urina armazenada no depósito de rejeito hospitalar, até que possa ser liberado para o esgoto comum. RADIAçãO NATURAl - séRIEs RADIOATIVAs NATURAIs Na natureza existem elementos radioativos que decaem sucessivamente até que o núcleo atinja uma configuração estável. Em cada decaimento, os núcleos emitem radiações dos tipos alfa, beta e/ou gama e cada um deles é mais organizado que o núcleo anterior. Estas sequências de núcleos são denominadas SÉRIES RADIOATIVAS OU FAMÍLIAS RADIOATIVAS NATURAIS. 38 No estudo da radioatividade, constatou-se que existem apenas 3 séries ou famílias radioativas naturais, conhecidas por Série do Urânio, Série do Actínio e Série do Tório. A Série do Actínio, na realidade, inicia-se com o 235-urânio e tem esse nome, porque se pensava que ela começava pelo 227-actínio. As três séries naturais terminam em isótopos estáveis do chumbo, respectivamente, 206-chumbo, 207-chumbo e 208-chumbo. Alguns elementos radioativos têm meia vida muito longa, por exemplo, os elementos iniciais de cada série radioativa natural (235-U - 713 milhões de anos; 238-U - 4,5 bilhões de anos e 232-Th - 13,9 bilhões de anos). Isto explica porque o 235-U decai muito mais rapidamente que o 238-U e 232-Th; Com o desenvolvimento de reatores nucleares e máquinas aceleradoras de partículas, muitos radioisótopos puderam ser produzidos, utilizando-se isótopos estáveis como matéria prima. Com isso, surgiram as Séries Radioativas Artificiais, algumas de curta duração. 39 Os principais elementos das séries acima mencionadas são apresentados no quadro ao lado nas SÉRIES RADIOATIVAS NATURAIS. 40 PENETRAçãO DAs RADIAçõEs NA mATéRIA As partículas α são as radiações mais ionizantes; possuem carga + 2, massa mais elevada que a massa da partícula β, por exemplo, e sua penetração na matéria é pequena. Não consegue atravessar uma simples folha de papel e percorre poucos centímetros no ar. As partículas β, que são elétrons de origem nuclear, conforme sua energia, podem percorrer até poucos metros no ar e têm um poder de ionização bem menor que as partículas α. Já os Raios X e os raios γ são as radiações mais penetrantes e seu poder de ionização é baixo em relação às partículas α e β. Os nêutrons se comportam de uma forma mais complexa ao atravessar a matéria. Não interagem por meio de força coulombiana (força elétrica). Os nêutrons com grande energia (nêutrons rápidos) atravessam materiais mais densos sem perderem muita energia. Contudo, átomos pequenos, por exemplo átomos de hidrogênio, são capazes de diminuir muito a energia dos nêutrons rápidos. Estes se transformam então em nêutrons térmicos, que podem ser capturados por um núcleo, alterando sua estrutura. Torna-o radioativo, capaz de emitir radiação γ de alta energia. 41 REjEITOs RADIOATIVOs Os materiais radioativos produzidos em instalações nucleares – Reatores nucleares, Usinas de Beneficiamento de minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do Combustível Nuclear – além de laboratórios e hospitais, produzem materiais radioativos nas formas sólida, líquida e gasosa, que ao serem descartados, não podem ser simplesmente jogados fora no lixo. Estes materiais contém, em geral, resíduos de radioatividade e, por isso são chamados de rejeitos radioativos. TRATAmENTO DE REjEITOs RADIOATIVOs Os rejeitos radioativos precisam ser tratados antes de irem para o depósito final. Os rejeitos radioativos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos e são classificados, quanto à atividade, em rejeitos de baixo, médio e alto nível de radiação. 42 Todos os rejeitos de baixo e médio nível de radiação são compactados ou imobilizados em cimento ou betume (asfalto) e ficam guardados em segurança dentro de depósitos especiais. O combustível que já foi utilizado e retirado dos reatores nucleares é chamado combustível irradiado. Ele ainda poderá ser utilizado após reprocessamento, que gera rejeitos de alto nível. Isso ainda não é feito no Brasil, então o combustível irradiado fica armazenado em piscinas dentro das usinas nucleares. Dependendo da meia-vida, os rejeitos podem permanecer radioativos por dezenas, centenas ou milhares de anos. Os rejeitos que têm meia-vida menor que 60 dias ficam guardados até que seu nível de radiação seja próximo ao ambiental, quando podem ser liberados. 43 DEPOsIçãO DOs REjEITOs RADIOATIVOs DO AcIDENTE DE GOIâNIA Após o acidente radioativo de Goiânia, ocorrido em 1987 com uma fonte de césio-137, a CNEN estabeleceu uma série de procedimentos para a construção de dois depósitos com a finalidade de abrigar, de forma segura e definitiva, os rejeitos radioativos decorrentes deste acidente. O primeiro, denominado Contêiner de GrandePorte (CGP), foi construído em 1995, dentro dos padrões internacionais de segurança, para os rejeitos menos ativos. O segundo depósito destinado a armazenar rejeitos com atividade mais alta foi concluído em 1997. Este depósito será mantido sob controle institucional da CNEN por 50 anos, a qual realizou um programa de monitoração do ambiente de forma a assegurar que não haja impacto ambiental, no presente e no futuro. 44 Com o auxílio dos textos e também com base em seus conhecimentos sobre Radioatividade, julgue os itens em Verdadeiro (V) ou Falso (F). 11. O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou à descoberta interessante denominado radioatividade. Os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de radioativos. 12. A radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo, quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de prótons em nêutrons (pósitrons). 13. A onda eletromagnética é uma forma de energia, constituída por campos elétricos e campos magnéticos, variáveis e oscilando em planos paralelos entre si, capaz de propagar-se no espaço. 14. Nos núcleos instáveis de um mesmo elemento químico, porém com massas diferentes, denominados radioisótopos, as transformações ocorrem todas ao mesmo tempo. 15. Em cada decaimento, os núcleos emitem radiações dos tipos alfa, beta e/ou gama e cada um deles é mais organizado que o núcleo anterior. Essas sequências de núcleos são denominadas séries radioativas ou famílias radioativas naturais. 45 16. Sobre emissões radiativas, assinale os itens verdadeiros: a) Raios alfa são núcleos de átomos de hélio, formados por 4 prótons e 4 nêutrons. b) O poder de penetração da radiação α é menor que o poder de penetração da radiação γ. c) Os raios beta são elétrons emitidos pelos núcleos dos átomos dos elementos radiativos. d) Os raios beta possuem massa desprezível. 17. Assinale as afirmações corretas: a) As partículas alfa são constituídas por 2 prótons e 2 nêutrons. b) As partículas β têm um poder de penetração maior que o poder de penetração das partículas α. c) As emissões gama são ondas eletromagnéticas. d) Ao emitir uma partícula beta, o átomo terá o seu número atômico aumentado de uma unidade. 18. Entende-se por radiação gama: a) Partículas constituídas por 2 prótons e 2 nêutrons. b) Partículas constituídas por núcleos do elemento hélio - He. c) Ondas eletromagnéticas emitidas por um núcleo instável, que continua ainda instável, após a emissão de partículas α e β. d) partículas constituídas por elétrons, como consequência da desintegração neutrônica. 19. Relacione as radiações naturais alfa, beta e gama com suas respectivas características: 1. alfa (α) 2. beta (β) 3. gama (γ) Possui alto poder de penetração, podendo causar danos irreparáveis ao ser humano. São partículas leves, com carga elétrica negativa e massa desprezível. São radiações eletromagnéticas semelhantes aos Raios X, não possuem carga elétrica nem massa. São partículas pesadas de carga elétrica positiva que, ao incidirem sobre o corpo humano, depositam toda sua energia na pele. 46 A sequência correta é: a) 1, 2, 3, 2 b) 2, 1, 2, 3 c) 1, 3, 1, 2 d) 3, 2, 3, 1 20. Período de semidesintegração (meia vida) de uma amostra radioativa é o tempo no qual: a) a metade da quantidade inicial dos átomos radioativos da amostra se desintegra b) todos os átomos do elemento se desintegram c) 6,02x1023 átomos do elemento se desintegram d) 1 mol do elemento se desintegra 47 UNIDADE III - SEGURANÇA NUCLEAR SEGURANÇA NUCLEAR VAREtAS DE CombUStíVEL VASo DE PRESSão A CoNtENÇão EDIfíCIo Do REAtoR INDEPENDêNCIA ENtRE oS SIStEmAS DE REfRIGERAÇão fILoSofIA DE SEGURANÇA SIStEmAS AtIVoS DE SEGURANÇA SEGURANÇA No PRojEto DE UmA USINA NUCLEAR SEGURANÇA NA oPERAÇão DE REAtoRES NUCLEARES REAtoR NUCLEAR E bombA AtômICA ACIDENtE NUCLEAR ACIDENtE NUCLEAR Em thREE mILES ISLAND o REAtoR NUCLEAR DE ChERNobyL o ACIDENtE DE ChERNobyL ComPARAÇão Do REAtoR DE ChERNobyL Com oS REAtoRES PWR DE ANGRA EXERCíCIoS DE 21 A 30 48 UNIDADE III - SEGURANÇA NUCLEAR A construção de uma Usina Nuclear envolve vários aspectos de segurança, desde a fase de projeto até a construção civil, montagem dos equipamentos e operação. Reatores Nucleares do tipo Angra I ou Angra II são conhecidos como “PWRs (Pressurized Water Reactors)”, Reatores a Água Pressurizada, porque operam com água sob alta pressão. O urânio enriquecido é colocado em forma de pastilhas de 1 cm de diâmetro, dentro de tubos (varetas) de 4m de comprimento, feitos de uma liga especial de zircônio, denominada “zircalloy”. VAREtAS DE CombUStíVEL As varetas contendo o urânio, conhecidas como varetas de combustível, são agrupadas em feixes, cada feixe sendo uma estrutura chamada elemento combustível. O 235-U, por analogia é chamado de combustível nuclear, porque pode substituir o óleo, o carvão, a fonte hidrelétrica e outras formas de fontes de energia, para gerar calor. As varetas são fechadas, com o objetivo de não deixar escapar o material nelas contido (o urânio e os elementos resultantes da fissão) e podem suportar altas temperaturas. 49 VASo DE PRESSão Os Elementos Combustíveis são colocados dentro de um grande vaso de aço. É um enorme recipiente, denominado Vaso de Pressão do Reator. Fica montado sobre uma estrutura de concreto, que possui cerca de 5 m de espessura na base. A Vareta de Combustível é a primeira barreira que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. 50 A CoNtENÇão O Vaso de Pressão do Reator e o Gerador de Vapor são instalados em uma grande carcaça de aço, com 3,8 cm de espessura em Angra I. Esse envoltório, construído para manter contidos os gases ou vapores possíveis de serem liberados durante a operação do Reator, é denominado Contenção. O Vaso de Pressão do Reator é a segunda barreira física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. A Contenção é a terceira barreira que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. 51 EDIfíCIo Do REAtoR O edifício do reator, construído em concreto, com um metro de espessura, envolvendo a contenção de aço é a quarta e última barreira, que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente e, além disto, protege contra impactos externos (quedas de avião e explosões). CIRCUITO PRIMÁRIO O Vaso de Pressão contém a água de refrigeração do núcleo do reator; esta circula quente pelo gerador de vapor, em circuito fechado. Em Angra I estão instalados dois geradores, enquanto que em Angra II, quatro. Além disto, a água que circula no Circuito Primário é usada, também, para aquecer outra corrente de água que passa pelos geradores de vapor. CIRCUITO SECUNDÁRIO A outra corrente de água aquecida é transformada em vapor, passa pela turbina, acionando-a. Em seguida é condensada e bombeada de volta para o gerador de vapor. Este sistema é chamado Circuito Secundário, e constitui um sistema de refrigeração independente do Circuito Primário. 52 INDEPENDêNCIA ENtRE oS SIStEmAS DE REfRIGERAÇão A independência entre o Circuito Primário e o Circuito Secundário tem o objetivo de evitar que, danificando- se uma ou mais varetas, o material radioativo (urânio e produtos de fissão) passe para o Circuito Secundário. É interessante mencionar que a própria água do Circuito Primário é radioativa (figura anterior). fILoSofIA DE SEGURANÇA O perigo potencial na operação dos Reatores Nucleares é representado pela alta radioatividade dos produtos da fissão do urânio e sua liberação para o meio ambiente. A filosofia de segurança visa projetar, construir e operar com os mais elevados padrões de qualidade para que tenham condições de alta confiabilidade. 53 SIStEmAS AtIVoS DE SEGURANÇA As barreiras físicas citadas constituem um Sistema Passivo de Segurança, isto é, atuam independentementede qualquer ação. Para a operação do Reator, Sistemas Ativos de Segurança são projetados para atuar de forma redundante. Na falha de algum deles, pelo menos outro sistema atuará, comandando, se for o caso, o desligamento do reator. SEGURANÇA No PRojEto DE UmA USINA NUCLEAR Na fase de projeto, são imaginados diversos acidentes que poderiam ocorrer em um Reator Nuclear, assim como a forma de contorná-los, por ação humana ou, em última instância, por intervenção automática dos sistemas de segurança projetados com essa finalidade. São, ainda, avaliadas as consequências em relação aos equipamentos, à estrutura interna do Reator e, principalmente, em relação ao meio ambiente. Fenômenos da natureza: tempestade, vendavais, terremotos e outros fatores de risco, por exemplo, quedas de avião e sabotagem, são levadas em consideração no dimensionamento e cálculo das estruturas. SEGURANÇA NA oPERAÇão DE REAtoRES NUCLEARES A complexidade e as particularidades de uma Usina Nuclear exigem uma preparação adequada do pessoal que irá operá-la. Existe em Mambucaba, município de Angra dos Reis, um Centro de Treinamento para operadores de Centrais Nucleares, que é uma simulação das salas de controle de Reatores do tipo de Angra I e II, capaz de simular todas as 54 operações destas usinas, inclusive a atuação dos sistemas de segurança. Para se ter uma ideia do padrão dos serviços prestados por este Centro, conhecido como Simulador, deve-se ressaltar que nele foram e ainda são treinados operadores para Reatores da Espanha, Argentina e da própria República Federal da Alemanha, responsável pelo projeto e montagem do Centro. Os instrutores são todos brasileiros que, periodicamente, fazem estágios em Reatores alemães, para atualização de conhecimentos e introdução de novas experiências nos cursos ministrados. REAtoR NUCLEAR E bombA AtômICA Um reator Nuclear é fabricado para gerar energia elétrica. Os enriquecimentos dos elementos combustíveis nas Centrais de Angra I e Angra II são baixos, variam de 1,9 a 4,2%, aproximadamente. Desta forma, a reação em cadeia se processa com uma velocidade tal, que não é possível ocorrer uma explosão nestes reatores. Além disto, dentro do reator existem materiais absorvedores de nêutrons, que controlam e até acabam com a reação em cadeia, porque é o caso, no desligamento do reator. A bomba atômica é fabricada para explodir; neste caso a reação em cadeia é rápida, e o enriquecimento de urânio é de pelo menos 90%. Além disto, toda a massa de urânio deve ficar junta, caso contrário não ocorrerá a reação em cadeia de forma explosiva. 55 ACIDENtE NUCLEAR Um acidente é considerado nuclear quando envolve reações nucleares descontroladas ocorridas em um reator nuclear ou em outra instalação nuclear. Um acidente com uma fonte radioativa, como o do césio-137, é um acidente radioativo. Duzentos e quarenta e dois reatores nucleares do tipo Angra (PWR) já foram construídos e estão em operação, tendo ocorrido em um deles um acidente nuclear grave, sem consequências para os trabalhadores e o meio ambiente. Foi o acidente de Three Miles Island (TMI), nos Estados Unidos. ACIDENtE NUCLEAR Em thREE mILES ISLAND – tmI Nesse acidente, vazaram água e vapor do Circuito Primário, mas ambos ficaram retidos na Contenção. Com a perda da água que fazia a refrigeração dos elementos combustíveis, estes esquentaram demais e fundiram-se parcialmente, mas permaneceram confinados no Vaso de Pressão do Reator. Houve evacuação parcial (constatada, posteriormente, desnecessária) da Cidade. O Governador recomendou a saída de mulheres e crianças, que retornaram às suas casas no dia seguinte. Ao contrário do esperado, muitas pessoas quiseram ver o acidente de perto, sendo contidas por tropas militares. Embora o Reator Angra I seja do mesmo tipo do de TMI, ele não corre mais o risco de sofrer um acidente semelhante, porque já foram tomadas as medidas preventivas que impedem a repetição das falhas humanas causadoras daquele acidente. O mesmo acidente não poderia ocorrer em Angra II, porque o projeto já prevê essas falhas e os meios de 56 evitar que elas aconteçam. Na figura se vê como ficou o vaso de pressão de Three Miles Island após o acidente; notam-se os elementos combustíveis e as barras de controle fundidos e o vaso sem danos. o REAtoR NUCLEAR DE ChERNobyL O Reator de Chernobyl é de um tipo diferente dos reatores instalados em Angra. As principais diferenças são: a existência de grafite no núcleo e a falta de contenção de aço no reator de Chernobyl. Em ambos, o combustível é o 235-U e o controle da reação de fissão nuclear em cadeia é feito por meio de barras de controle absorvedoras de nêutrons, devendo-se salientar que em Angra existe também boro, que é absorvedor de nêutrons, diluído na água. As varetas de combustível são colocadas dentro de blocos de grafite, por onde passam os tubos da água usada para refrigerar estas varetas; estes vão receber calor aumentando, assim, a temperatura da água que entrará em ebulição produzindo vapor para acionar a turbina: portanto não há necessidade de um dispositivo para gerar vapor. 57 As dimensões do Vaso do Reator são muito maiores que as dos reatores do tipo Angra, por causa da montagem dos blocos de grafite, e isso torna impraticável a construção de uma contenção de aço. o REAtoR DE ChERNobyL Não tEm CoNtENÇão DE AÇo. Como o Vaso é bem maior, o Edifício do Reator também é bem maior e funciona como contenção única, mas não é lacrado. A parte superior do compartimento do Vaso do Reator é uma enorme tampa de concreto, de 1.000 toneladas, que pode ser deslocada. Apesar de operacionalmente seguro, esse Reator permite que o Sistema de Segurança Automático, isto é, o desligamento automático, possa ser bloqueado e o Reator passa a ser operado manualmente, não se desligando automaticamente, em caso de perigo ou falha humana. Até aqui, já foi possível notar a diferença, em termos de Segurança Ativa e Barreiras Passivas, entre o Reator do tipo Chernobyl e o Reator do tipo Angra. 58 o ACIDENtE DE ChERNobyL O Reator estava em procedimento de parada (desligamento) para manutenção periódica anual. O Setor de engenharia elétrica da central queria fazer testes, na parte elétrica, com o Reator quase se desligando, isto é, funcionando a pequena potência. Para fazer esses testes, era preciso desligar o Sistema Automático de Segurança, caso contrário, o Reator se desligaria automaticamente para qualquer mudança que levasse a uma situação crítica de perigo. Os engenheiros eletricistas que conduziam os testes na turbina não tinham controle sobre a operação do Reator. Os operadores da Sala de Controle do Reator perderam o controle da operação, em face das experiências que estavam sendo conduzidas pelos engenheiros eletricistas. A temperatura aumentou rapidamente e não houve água de refrigeração suficiente para resfriar os elementos combustíveis. A água que circulava nos tubos foi total e rapidamente transformada em vapor, de forma explosiva. Houve, portanto, uma explosão de vapor, que danificou os tubos, os elementos combustíveis e os blocos de grafite. A explosão foi tão violenta que deslocou a tampa de concreto e destruiu o teto do prédio, que não fora previsto para aguentar tal impacto, deixando o Reator aberto para o meio ambiente. Como o grafite aquecido entra em combustão, seguiu-se um grande incêndio, arremessando para fora grande parte do material radioativo que estava nos elementos combustíveis, danificados na explosão de vapor. 59 ComPARAÇão Com oS REAtoRES PWR DE ANGRA Em resumo, é absolutamente impossível ocorrer um acidente dessa natureza em Reatores do tipo PWR (Angra), porque: • Sistema Automático de Segurança não pode ser bloqueado para permitir a realização de “testes”; • Os Reatores PWR não usam grafite; • Reator PWR, por ser de menor tamanho, permite a construção da Contenção de Aço; • O Vaso de Pressão do Reator PWRé muito mais robusto; • O Edifício do Reator (ou Contenção de Concreto) é uma estrutura de segurança e não simplesmente um prédio industrial convencional, como o de Chernobyl. 60 Com o auxílio dos textos e também com base em seus conhecimentos sobre Sistema de Segurança, julgue os itens em Verdadeiro (V) ou Falso (F). 21. A construção de uma Usina Nuclear envolve vários aspectos de segurança, desde a fase de projeto até a construção civil, montagem dos equipamentos e operação. 22. O Vaso de Pressão do Reator e o Gerador de Vapor são instalados em uma grande carcaça de aço, com 3,8 cm de espessura em Angra I. Esse envoltório, construído para manter contidos os gases ou vapores possíveis de serem liberados durante a operação do Reator, é denominado Contenção. 23. A independência entre o Circuito Primário e o Circuito Secundário tem o objetivo apenas de evitar que, danificando-se uma ou mais varetas, o material radioativo (urânio e produtos de fissão) passe para o Circuito Secundário. 24. Para a operação do Reator, Sistemas Ativos de Segurança são projetados para atuar de forma redundante: na falha de algum deles pelo menos outro sistema atuará, comandando, se for o caso, o desligamento do Reator. 25. A bomba atômica é fabricada para explodir: neste caso a reação em cadeia é rápida e o enriquecimento de 235-U é de pelo menos 90%. 61 26. Assinale a alternativa incorreta. ( ) – Uma usina nuclear é provida de vários sistemas de segurança, que entram em ação automaticamente em casos de mau funcionamento. O principal deles é o sistema que neutraliza a fissão nuclear dentro do reator, constituído por barras fabricadas com materiais absorvedores de nêutrons. ( ) – As principais desvantagens de uma usina nuclear são que, mesmo com todos os sistemas de segurança, há sempre o risco de acidente, com liberação de radioatividade para o meio ambiente e não existem ainda soluções definitivas para tratamento do lixo radioativo. ( ) – Os reatores nucleares liberam gás carbônico e, por isso, os ambientalistas dizem que a geração de energia elétrica não está livre das emissões dos gases que provocam o efeito estufa, porque a relação entre a quantidade de gás carbônico emitido e a energia produzida é maior para a energia nuclear do que para as energias renováveis. ( ) - Além de ser segura, a energia nuclear tem a vantagem de ser considerada limpa, isto é, não provoca emissões de gases que causam efeito estufa. A área ocupada por uma usina nuclear é pequena se comparada à área de uma usina convencional, construída para gerar mesma quantidade de energia gerada pela nuclear. A quantidade de resíduos gerados também é menor do que em outras atividades industriais. 27. Sobre Bomba Atômica, assinale as alternativas corretas: ( ) A bomba atômica é fabricada para explodir; neste caso a reação em cadeia é rápida e o enri- quecimento de 235-U é de pelo menos 90%. Além disso, toda a massa de urânio deve ficar junta, caso contrário não ocorrerá a reação em cadeia de forma explosiva. ( ) A bomba atômica é uma arma cuja energia liberada tem o poder de destruir cidades. Durante o processo de fissão nuclear outros nêutrons são liberados e irão bombardear outros núcleos 62 desencadeando uma reação em cadeia (descontrolada). A energia liberada neste processo é muito grande. ( ) A bomba atômica é uma arma cuja energia liberada tem o poder de destruir cidades. Neste tipo de bomba os núcleos dos átomos de urânio ou plutônio são bombardeados por nêutrons, separando os átomos em outros dois de menor massa. Neste processo de fissão nuclear outros nêutrons são liberados e irão se chocar com outros núcleos, desencadeando uma reação em cadeia (descontrolada). A energia liberada neste processo é imensamente grande. 28. A construção de uma Usina Nuclear envolve vários aspectos de segurança, desde a fase de projeto até a construção civil, montagem dos equipamentos e operação. De acordo com o assunto, associe a 2ª coluna de acordo com a primeira. a) Vareta de Combustível b) Vaso de Pressão do Reator c) Contenção d) Edifício do Reator ( ) É a primeira barreira física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. ( ) É construído em concreto e é um invólucro da contenção de aço. É a quarta barreira física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente e, além disso, protege contra impactos externos (queda de aviões e explosões). ( ) É a terceira barreira física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. ( ) É a segunda barreira física que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. 29. Assinale as alternativas verdadeiras: ( ) As varetas, contendo urânio, conhecidas como Varetas de Combustível, são montadas em feixes, numa estrutura denominada elemento combustível. ( ) O 235-U é chamado combustível nuclear, porque por analogia pode substituir o óleo, o carvão, a fonte hidrelétrica e outras formas de energia para gerar calor. ( ) As varetas de combustível são fechadas, com o objetivo de não deixar escapar o material nelas 63 contido (o urânio e os elementos resultantes da fissão) e podem suportar altas temperaturas. ( ) A Vareta de Combustível é a primeira barreira que serve para impedir a saída de material radioativo para o meio ambiente. 30. Levando em consideração a Comparação dos reatores tipo Chernobyl com os Reatores PWR de Angra, assinale as respostas corretas. a) Os Reatores PWR não usam grafite. b) Reator PWR, por ser de menor tamanho, permite a construção da Contenção de Aço. c) O Vaso de Pressão do Reator PWR é muito mais robusto. d) Edifício do Reator (ou Contenção de Concreto) é uma estrutura de segurança e não simplesmente um prédio industrial convencional, como o de Chernobyl. 64 UNIDADE Iv - RADIOPROTEÇÃO (PROTEÇÃO RADIOLÓGICA) RADIOPROTEÇÃO (PROTEÇÃO RADIOLÓGICA) OBJETIvOS DA RADIOPROTEÇÃO GRANDEzAS E UNIDADES RADIOLÓGICAS LImITES DE DOSE IRRADIAÇÃO E CONTAmINAÇÃO EfEITOS DAS RADIAÇõES NO SER HUmANO COmO SE PROTEGER DAS RADIAÇõES - DOSImETRIA DETECTORES DE RADIAÇõES mONITORAmENTO DETECTOR/CONTADOR GEIGER-mÜLLER EXERCÍCIOS 31 A 40 65 UNIDADE Iv - RADIOPROTEÇÃO (PROTEÇÃO RADIOLÓGICA) A Proteção Radiológica tem por objetivo evitar ou reduzir os efeitos maléficos das radiações sobre o ser humano, sejam elas de origem natural ou sejam de fontes produzidas artificialmente. OBJETIvOS DA RADIOPROTEÇÃO Os objetivos podem ser atingidos, aplicando-se os chamados três Princípios Básicos de Radioproteção, prescritos nas Diretrizes Básicas de Radioproteção da CNEN: • PRINCÍPIO DA JUSTIfICAÇÃO Qualquer atividade que acarrete exposição à radiação deve ser justificada. Isto significa que no caso de se obter resultados iguais com material radioativo ou não radioativo deve-se usar este último. • PRINCÍPIO DA OTImIzAÇÃO Uma vez justificado o uso de material radioativo ou de fontes radioativas, aplica-se o princípio da radioproteção ocupacional. O projeto de instalações que processem ou utilizem materiais radioativos ou fontes radioativas, o planejamento do uso desses materiais ou fontes, bem como a respectiva operação, devem garantir que as exposições às radiações sejam tão baixas quanto razoavelmente exequíveis (executáveis). O Princípio da Otimização é também conhecido como Princípio ALARA, em inglês As Low As Reasonably Achievable (tão baixa quanto razoavelmente exequível). 66 • PRINCÍPIO DA LImITAÇÃO DA DOSE INDIvIDUAL As doses (quantidades de radiação) individuais de trabalhadores que utilizam materiais radioativos e de indivíduos do público não devem exceder os limites anuais estabelecidos na Norma CNEN-NE-3.01 - Diretrizes Básicas de Radioproteção. GRANDEzAS E UNIDADES RADIOLÓGICAS • Exposição (grandeza definida apenas para Raios X ou gama, no ar): quantidade de íons gerados por unidade de massa. Trata-se de uma grandeza prática, definida nocomeço do séc. XX e não empregada no SI – Sistema Internacional. Sua unidade é o röntgen (símbolo: R) (lê-se rôntgen ou rêntgen). • Dose absorvida (grandeza definida para qualquer tipo de radiação em qualquer meio): quantidade de energia por unidade de massa. Sua unidade no SI é o Gray (Gy) (lê-se grei). • Dose equivalente (grandeza definida para qualquer tipo de radiação em órgãos do corpo humano): dose absorvida num determinado órgão por unidade de massa, multiplicada por um fator que considera a capacidade da radiação em transferir sua energia para o órgão. Sua unidade no SI é o Gray (Gy) (lê-se grei). • Dose equivalente efetiva: dose equivalente multiplicada por um fator de ponderação que considera a sensibilidade de um dado órgão e o risco de mortalidade associado. Sua unidade no SI é o Sievert (Sv) (lê-se sivert) ). 67 LImITES DE DOSE Deve-se ressaltar que nenhum trabalhador deve ser exposto à radiação sem que seja necessário, sem ter conhecimento dos riscos radiológicos decorrentes desse tipo de trabalho e sem que esteja treinado para o desempenho seguro de suas funções. Outros profissionais que ocasionalmente trabalham com radiação também estão sujeitos à norma do parágrafo anterior. São considerados indivíduos do público qualquer membro da população não exposto ocupacionalmente à radiação. IRRADIAÇÃO E CONTAmINAÇÃO Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença indesejável de um material em determinado local, onde não deveria estar. A irradiação é a exposição de um objeto ou de um corpo à radiação, sem que haja contato direto com a fonte de radiação. 68 Irradiar, portanto, não significa contaminar. Contaminar com material radioativo, no entanto, implica em irradiar o local, onde esse material estiver. Irradiação não contamina, mas contaminação irradia. A descontaminação radiológica consiste em retirar o contaminante (material indesejável) da região onde se localizou. A partir do momento da remoção do contaminante radioativo, não há mais irradiação no local. Importante: a irradiação por fontes de césio-137, cobalto-60 e similares (emissores alfa, beta e gama), usadas na medicina e na indústria não torna os objetos ou o corpo humano radioativos. Isso só é possível em reatores nucleares e aceleradores de partículas. EfEITOS DAS RADIAÇõES NO SER HUmANO As partículas alfa e beta são facilmente bloqueadas: causam danos apenas na pele ou internamente em razão da ingestão do radionuclídeo que as emite. Motivo de preocupação maior, no entanto, são as radiações eletromagnéticas - radiação gama e Raios X. 69 Os efeitos biológicos, quando ocorrem, são precedidos de efeitos físicos e químicos. a) Efeitos Físicos • Absorção de energia • Excitação • Ionização: produção de íons e radicais livres • Quebra de ligações químicas b) Efeitos Químicos • Mobilização e neutralização dos íons e radicais livres • Restauração do equilíbrio químico • Formação de novas substâncias c) Efeitos Biológicos • Armazenamento de informações • Aberração cromossomial • Alteração de metabolismo local • Restauração de danos • Morte celular Os efeitos biológicos das radiações podem ser ainda, considerados: Efeitos Estocásticos A probabilidade de ocorrência do dano é proporcional à dose recebida, mesmo que a dose seja pequena e abaixo dos limites de radioproteção. O dano devido a esses efeitos, no caso o câncer, pode levar até 40 70 anos para ser detectado. Efeitos Determinísticos São produzidos por doses elevadas de radiação, causando danos com prejuízos certos e detectáveis comprometendo o funcionamento do tecido ou órgão irradiado. A severidade do dano cresce com o aumento da dose. Efeitos Somáticos Causam dano nas células do corpo. Efeitos Imediatos Ocorrem em poucas horas, até em algumas semanas após a exposição. Efeitos Retardados ou Tardios Aparecem depois de alguns anos. Observações importantes: 1. A exposição à uma fonte de radiação não implica na ocorrência de, por exemplo, um câncer, e sim uma probabilidade, que pode ser remota ou não, de ocorrência. 2. Um dano biológico causado em uma pessoa não é transmitido a outra, ou seja, não é uma doença contagiosa. 3. A mesma dose que causou um efeito biológico em uma pessoa pode não causar efeito algum em outra pessoa. 71 COmO SE PROTEGER DAS RADIAÇõES - DOSImETRIA As radiações externas (radiações provenientes de fontes fora do corpo humano) podem ser controladas administrativamente pelas variáveis tempo e distância e bloqueadas pela blindagem. a) tempo - a dose absorvida por uma pessoa é diretamente proporcional ao tempo em que ela permanece exposta à radiação. Qualquer trabalho em uma área controlada deve ser cuidadosamente programado e realizado no menor tempo possível. b) distância - para as fontes radioativas normalmente usadas na indústria (fontes “pontuais”) pode-se considerar que a dose de radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância, isto é, decresce com o quadrado da distância da fonte à pessoa. É chamada lei do inverso do quadrado e pode ser escrita da seguinte forma: D D2 r22 r12 1 = Onde: D1 é a taxa de dose à distância r1 da fonte; D2 é a taxa de dose à distância r2 da fonte. . . Isto significa que se a taxa de dose medida a 1 metro for 400 μSv/h, a dose esperada a: * 2 m será 100 μSv/h * 5 m será 16 μSv/h * 10 m será 4 μSv/h . . 72 c) blindagem - é o modo mais seguro de proteção contra as radiações ionizantes, uma vez que as duas formas anteriores dependem de um controle administrativo contínuo dos trabalhadores. Barreira primária ou blindagem primária, é a blindagem fabricada com espessura suficiente, capaz de reduzir a um nível aceitável as taxas de dose equivalente transmitidas a áreas acessíveis. Além das barreiras primárias, barreiras secundárias são necessárias para prover uma blindagem eficiente para as radiações secundárias. As radiações secundárias são aquelas que são desviadas (por reações de espalhamento) do feixe primário (feixe útil) ou que passam através das blindagens das fontes, ou dos equipamentos emissores de radiação (radiações de fuga). DETECTORES DE RADIAÇõES São dispositivos (aparelhos) capazes de indicar a presença de radiação, convertendo a energia da radiação em um sinal elétrico, luz ou reação química. A utilização de um detector depende do tipo da radiação presente: um detector muito eficiente para radiação gama é inadequado para partículas alfa. Monitores de radiação são detectores construídos e adaptados para um determinado tipo de radiação. Dosímetros são monitores que medem uma grandeza radiológica com resultados relacionados ao corpo humano inteiro ou a um órgão ou tecido. mONITORAmENTO 73 Monitoramento Radiológico - medição de grandezas relativas à Radioproteção, para fins de avaliação e controle das condições radiológicas de locais onde existe ou se pressupõe a existência de radiação. Monitoramento de área - avaliação e controle das condições radiológicas das áreas de uma instalação industrial, incluindo medição de grandezas relativas a: a) campos externos de radiação; b) contaminação de superfícies; c) contaminação do ar. Monitoramento individual - monitoramento de pessoas com dispositivos individuais (dosímetros) colocados sobre o corpo. DETECTOR/CONTADOR GEIGER-mÜLLER (Gm) É um dos dispositivos mais antigos para detectar e medir radiação, onde existe ou se pressupõe a sua ocorrência. Foi desenvolvido por Geiger e Müller em 1928 e é muito usado atualmente por sua simplicidade, baixo custo e facilidade de operação. Os detectores GM podem ser usados para medir grandezas, por exemplo, dose e exposição, nas áreas de uma instalação qualquer através de artifícios de instrumentação e metrologia. Para a taxa de exposição, a 74 escala é normalmente calibrada para a energia do 60-Co. 75 Com o auxílio dos textos e tambémcom base em seus conhecimentos sobre Radioproteção, julgue os itens em Verdadeiro (V) ou Falso (F). 31. A Proteção Radiológica tem por objetivo evitar ou reduzir os efeitos maléficos das radiações sobre o ser humano, sejam elas de origem natural ou de fontes artificiais. 32. Uma contaminação, radioativa ou não, caracteriza-se pela presença desejável de um material em determinado local, onde não deveria estar. 33. As radiações externas (radiações provenientes de fontes fora do corpo humano) podem ser controladas pelas variáveis tempo, distância e blindagem. 34. Dosímetros são monitores que medem uma grandeza radiológica com resultados relacionados ao corpo humano inteiro ou a um órgão ou tecido. 35. Detectores de Radiações são dispositivos (aparelhos) capazes de indicar a presença de radiação, convertendo a energia da radiação em um sinal elétrico, luz ou reação química. A utilização de um detector independe do tipo da radiação presente. 36. Marque a alternativa que contém os Requisitos Básicos de Proteção Radiológica: (A) Distância, Tempo e Blindagem. (B) Justificação, Blindagem e Monitoração individual. (C) ALARA, Limiar de dose e Distância. (D) Justificação, Limitação de dose individual e Otimização. 37. Sobre os princípios do Sistema de Proteção Radiológica, assinale as alternativas corretas: a) Monitoramento Radiológico - medição de grandezas relativas à Radioproteção, para fins de avaliação e controle das condições radiológicas de locais onde existe ou se pressupõe a ocorrência 76 de radiação. b) Monitoramento de área - avaliação e controle das condições radiológicas das áreas de uma instalação, incluindo medição de grandezas relativas a: a) campos externos de radiação; contaminação de superfícies; c) contaminação do ar. c) Monitoramento individual - monitoramento de pessoas com dispositivos individuais (dosímetros) colocados sobre o corpo. d) Todas as alternativas estão incorretas. 38. Em relação a efeitos de radiações ionizantes assinale as observações verdadeiras a seguir: a) A exposição a uma fonte de radiação não significa a certeza de haver danos irreversíveis ao indivíduo e sim a probabilidade de haver danos, que, na maioria dos casos, são corrigidos naturalmente pelo organismo. b) Um dano biológico produzido em uma pessoa não se transmite a outra pessoa, ou seja, não é uma doença contagiosa. c) A mesma dose que causou um efeito biológico em uma pessoa pode não causar efeito algum em outra pessoa. d) Todas as alternativas estão incorretas. 39. A proteção radiológica dos trabalhadores ocupacionalmente expostos à radiação ionizante (diagnósticos por meio de Raios X, Medicina Nuclear, Radioterapia e Odontologia) é essencial para minimizar o surgimento de efeitos deletérios das radiações. As formas de se reduzir a possível exposição dos trabalhadores são: Tempo, Distância e Blindagem. Associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª. a) Tempo b) Distância c) Blindagem ( ) Para as fontes radioativas normalmente usadas na indústria (fontes “pontuais”) pode-se considerar que a dose de radiação é inversamente proporcional ao quadrado da distância, isto é, 77 decresce com o quadrado da distância da fonte à pessoa. ( ) A dose absorvida por uma pessoa é diretamente proporcional ao tempo em que ela permanece exposta à radiação. Qualquer trabalho em uma área controlada deve ser cuidadosamente programado para ser realizado no menor tempo possível. ( ) É o modo mais seguro de proteção contra as radiações ionizantes, uma vez que as duas formas anteriores dependem de um controle administrativo contínuo dos trabalhadores. 40. Sobre efeitos biológicos das radiações no ser humano, associe a 2ª coluna de acordo com a 1ª. a) Efeitos Estocásticos b) Efeitos Determinísticos c) Efeitos Somáticos d) Efeitos Imediatos ( ) Causam dano nas células do corpo. ( ) A probabilidade de ocorrência do dano é proporcional à dose recebida, mesmo que a dose seja pequena e abaixo dos limites de radioproteção. O dano devido a esses efeitos, no caso o câncer, pode levar até 40 anos para ser detectado. ( ) Ocorrem em poucas horas, até algumas semanas após a exposição. ( ) São produzidos por doses elevadas, onde a gravidade do dano aumenta com a dose recebida. O dano não é provável, é previsível. 78 UNIDADE v As AplIcAçõEs DA ENErgIA NUclEAr E DAs rADIAçõEs vANTAgENs E DEsvANTAgENs NO UsO DA ENErgIA NUclEAr TrAçADOrEs rADIOATIvOs A MEDIcINA NUclEAr Os rADIOIsóTOpOs NA MEDIcINA A rADIOTErApIA AplIcAçõEs NA AgrIcUlTUrA AplIcAçõEs NA INDúsTrIA A prEsErvAçãO DE AlIMENTOs pOr IrrADIAçãO Os rAIOs X A DEscObErTA DOs rAIOs X IDENTIfIcAçãO DA prEsENçA DE rADIAçãO EXErcÍcIOs 41 A 52 79 As AplIcAçõEs DA ENErgIA NUclEAr E DAs rADIAçõEs Infelizmente são pouco divulgados os grandes benefícios da energia nuclear. A cada dia, novas técnicas nucleares são desenvolvidas nos diversos campos da atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis de serem realizadas por meios convencionais. A aplicação de maior vulto é a conversão da energia nuclear em energia elétrica, o que se obtém nos Reatores Nucleares de Potência, como os de Angra, já mencionados. Simplificando, um Reator Nuclear é uma instalação nuclear onde se processam fissões nucleares. A energia térmica liberada em cada fissão é utilizada para produzir energia elétrica. Os isótopos radioativos ou radioisótopos são muito usados na medicina, na agricultura e na indústria, porque possuem a propriedade de emitir radiações. Estas podem atravessar a matéria ou serem absorvidas por ela; a absorção, embora seja altamente prejudicial aos seres vivos é usada em seu benefício, quando empregada para destruir células ou microorganismos nocivos. A propriedade de penetração das radiações possibilita identificar a presença de radioisótopos em determinado local. 80 vANTAgENs E DEsvANTAgEM DO UsO DA ENErgIA NUclEAr Vantagens Desvantagens • não contribui para o efeito estufa; • não polui o ar com gases de enxofre, nitrogênio, particulados etc.; • não utiliza grandes áreas de terreno: a central requer pequenos espaços para sua instalação; • não depende da sazonalidade climática (nem das chuvas, nem dos ventos); • pouco ou quase nenhum impacto sobre a biosfera; • grande disponibilidade de combustível; • é a fonte mais concentrada de geração de energia; • a quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente pequena e compacta; • a tecnologia do processo é bastante conhecida; • o risco de acidente no transporte do combustível é pequeno quando comparado ao do óleo e do gás. • risco de acidente nuclear; • necessidade de armazenar o resíduo nuclear em locais isolados e protegidos*; • necessidade de isolar a central após o seu encerramento; • O custo de instalação de usinas nucleares é maior do que o de instalações de usinas convencionais para geração de energia; • os resíduos produzidos emitem radiatividade durante muitos anos; • dificuldades no armazenamento dos resíduos, principalmente em questões de localização e segurança; • consequências severas em caso de acidente nuclear. * Esta desvantagem deverá perdurar ainda algumas décadas; nesse ínterim espera-se que sejam desenvolvidas tecnologias para reciclagem e aproveitamento dos resíduos radioativos. Fonte: http://energiaeambiente.wordpress.com 81 TrAçADOrEs rADIOATIvOs As radiações são capazes de atravessar a matéria, dependendo da energia que possuem. O deslocamento do radioisótopo pode ser acompanhado e seu percurso traçado num mapa do local. Por esse motivo recebe o nome de traçador radioativo. Traçadores Radioativos - Radioisótopos que, mesmo usado em quantidades muito pequenas, podem ser monitorados por detectores de radiações. A MEDIcINA NUclEAr A Medicina Nuclear é a área da medicina onde são utilizados os radioisótopos, tanto em diagnósticos quanto em terapias. Radioisótopos administrados a pacientes emitem suas radiações, a partir dos órgãos, nos quais
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