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TCC Priscila Schmidt

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0 
 
 
 
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DCJS – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
PRISCILA SCHMIDT 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE INTERVENÇÃO DE ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E 
AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE PANAMBI/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IJUÍ/RS 
2013 
 
1 
 
 
 
PRISCILA SCHMIDT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE INTERVENÇÃO DE ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E 
AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE PANAMBI/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profa. Me. Marisa Camargo 
 
 
 
 
Ijuí/RS 
2013 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso 
de Graduação em Serviço Social do Departamento de 
Ciências Jurídicas e Sociais – DCJS da Universidade 
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
– UNIJUÍ, como requisito para a obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
'Deficiente' é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando 
as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter 
consciência de que é dono do seu destino. 
'Louco' é quem não procura ser feliz com o que possui. 
'Cego' é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de 
miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores. 
'Surdo' é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um 
amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o 
trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês. 
'Mudo' é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por 
trás da máscara da hipocrisia. 
'Paralítico' é quem não consegue andar na direção daqueles que 
precisam de sua ajuda. 
'Diabético' é quem não consegue ser doce. 
'Anão' é quem não sabe deixar o amor crescer. 
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois: 
'Miseráveis' são todos que não conseguem falar com Deus. 
Mario Quintana 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, autor e 
consumador da minha fé. 
Também aos meus pais, Guido e Siegried, sem 
pelos quais, meus sonhos não se realizariam. 
 
4 
 
 
 
PRISCILA SCHMIDT 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE INTERVENÇÃO DE ESTÁGIO 
SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E 
AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE PANAMBI/RS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação 
 em Serviço Social apresentado para a obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
 
 
 
 
COMISSÃO EXAMINADORA: 
 
 
_________________________________________ 
Profa. Me. Marisa Camargo (Orientadora) 
UNIJUÍ 
 
 
_________________________________________ 
Profa. Me. Solange Emilene Berwig 
UNIJUÍ 
 
 
 
 
 
 
 
Ijuí/RS, ______ de dezembro de 2013. 
 
5 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que esteve presente em todos os momentos da minha 
vida e nesta conquista também, afinal, DELE, POR ELE e PARA ELE são todas as coisas. 
Obrigada à minha querida mãe e ao meu pai. Meu pai, pelo amor e apoio, por batalhar por 
mim, pela emoção que eu sei que vai sentir na hora da formatura, pelo apoio financeiro, pelo 
coração verdadeiro e carinhoso. Minha mãe, aquela que mais acreditou em mim, a pessoa que 
mais me deu forças, que mais acreditou no SERVIÇO SOCIAL, procurou entender o que é 
SER ASSISTENTE SOCIAL, por perceber a importância desta profissão e me impulsionar a 
seguir em frente, nem tenho palavras para expressar o quanto foi importante e essencial nessa 
jornada, por perceber minha dedicação e meu esforço. 
Agradeço meu namorado, futuro noivo e esposo que sempre me ama, que me buscou da 
faculdade todas as noites durante quatro anos. Especial e essencial na minha vida, o 
verdadeiro presente de Deus. 
A minha amiga da faculdade, Camila Madruga, que compartilhou com afinco as angústias, 
alegrias e conquistas dessa fase, por compartilhar conhecimentos e por, sobretudo, me 
entender! A colega que se tornou amiga! Muito obrigada. 
Agradeço também minha supervisora de campo Natalia, que me recebeu muito bem no campo 
de estágio, um exemplo de profissional, alguém que realmente ama o que faz. À APAE 
Panambi, toda a equipe de profissionais dedicados que a instituição possui em especial 
Bianca, Mariana e Valéria, que me acolheram no projeto institucional ―Clínica precoce: 
brincar enquanto o futuro não vem‖, que me auxiliaram na aprendizagem interdisciplinar, em 
especial no meu projeto de intervenção. Á todas as mães e crianças que participaram do meu 
projeto de intervenção, muito obrigada! 
Agradeço todos os professores, inclusive pré-escola, ensino fundamental e médio, que 
passaram todo seu conhecimento para mim! Meus queridos mestres e doutores, os quais 
sempre farão parte de minhas lembranças e aprendizados, sem eles não me tornaria 
ASSISTENTE SOCIAL! Em especial minha orientadora Marisa Camargo, pela paciência e 
competência em me orientar. 
Enfim, aos meus amigos e irmãos do coração, a todos que de uma forma ou de outra 
participaram da minha formação, obrigada, cada um tem um lugar especial no meu coração. 
Também, as amigas que fiz ao longo da faculdade, todas! Sentirei muitas saudades, obrigada 
pelos momentos compartilhados! Amo todos vocês! 
 
6 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) trata sobre o projeto de intervenção de 
Estágio Supervisionado em Serviço Social, tendo como objetivo identificar as contribuições 
do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social junto ao projeto 
institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖ da Associação de Pais e 
Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS, a fim de garantir a inserção do assistente 
social nas atividades desenvolvidas, tendo em vista o acesso e a garantia de direitos sociais e a 
interdisciplinaridade. Está embasado numa pesquisa de campo e documental, com abordagem 
e descrição qualitativa, fundamentada na Teoria Social Crítica e no Método Dialético Crítico, 
bem como nas categorias do método historicidade, totalidade e contradição, que teve como 
sujeitos as dez (10) famílias das crianças com deficiência de 0 a 06 anos de idade que 
participaram do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social. Para a 
coleta de dados, utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário composto de 
questões abertas e fechadas sobre o tema da pesquisa, complementado pela análise 
documental dos materiais elaborados pela autora durante o Estágio Supervisionado em 
Serviço Social, a exemplo do diário de campo e relatório final. Para tanto, resgata-se, nesse 
contexto, a contextualização histórica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
(APAE) no Brasil e no município de Panambi/RS, apresentando-se também, o processo de 
inserção do Serviço Social no contexto institucional, discorre-se sobre o processo de Estágio 
Supervisionado em Serviço Social e o projeto de intervenção de Estagio Supervisionado em 
Serviço Social e, por fim, os resultados alcançados com a pesquisa, que consistem na 
identificação do perfil das famílias participantes do projeto de intervenção e nas contribuições 
para as famílias e a equipe multiprofissional. Conclui-se ser inegável a importância do 
assistente social no projeto institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não 
vem‖, pois além de contribuir para as famílias participantes do projeto de intervenção, 
também contribuiu de forma interdisciplinar para a equipe multiprofissional, para a própria 
profissão e para a população usuária, na construção de novos aprendizados e qualificação nos 
serviços prestados. Percebe-se, porém, que o trabalho em equipemultiprofissional apresenta 
inúmeros desafios, que envolvem desde o planejamento da ação profissional até a avaliação 
dos resultados alcançados. 
 
Palavras-chave: Estágio Supervisionado em Serviço Social; Projeto de Intervenção; Pessoa 
Com Deficiência. 
 
 
7 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This Final Paper is about an intervention project of Supervised Training in Social Work, 
aiming to identify the contributions of the intervention project of Supervised Training in 
Social Work with the institutional project "Early Clinic: play while the future does not come" 
from the Parents and Friends Association of Exceptional Children (APAE) in Panambi / RS, 
in order to ensure the inclusion of a social worker in the activities developed to access and 
guarantee the social rights and interdisciplinarity. It is based in a field and documentary 
research, with description and qualitative approach, grounded in Critical Social Theory and 
Critical Dialectical Method, as well as the categories of the historicity method, totality and 
contradiction, which had as subjects the ten (10) families of children with disabilities from 0 
to 06 years old who participated in the intervention project of Supervised Training in Social 
Work. To collect data, it was used as a research tool a questionnaire consisting of open and 
closed questions on the topic of research, supplemented by documentary analysis of materials 
prepared by the author during the Supervised Internship in Social Work, an example of a field 
journal and final report. Therefore, it is recalled, in this context, the historical 
contextualization of the Parents and Friends Association of Exceptional Children (APAE) in 
Brazil and in Panambi / RS, presenting also the process of insertion of Social Service in the 
institutional context, it talks about the process of Supervised Internship in Social Work and 
project intervention Supervised Internship in Social Work and, finally, the results achieved 
with the research, which involves identifying the profile of families participating in the 
intervention project and contributions for families and the multidisciplinary team. It is 
concluded to be undeniable the importance of a social worker in the institutional project 
"Early Clinic: play while the future does not come", because besides contributing to families 
participating in the project intervention, it also contributed in an interdisciplinary approach to 
the multidisciplinary team, to the profession itself and the user population, to the construction 
of new learning and skills in services. It is clear, however, that the multidisciplinary teamwork 
presents numerous challenges, which involve since the planning of professional action to the 
evaluation of results. 
 
Keywords: Supervised Training in Social Work; Intervention Project; Disabled People. 
 
8 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
FIGURA A – Símbolo da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)..............13 
FIGURA B – Organograma organizacional da APAE de Panambi/RS...................................17 
GRÁFICO A – Número total de usuários por faixa etária atendidos no mês de março de 2012 
na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS..........................18 
QUADRO 1 – Principais elementos da pesquisa que subsidiou o Trabalho de Conclusão do 
Curso (TCC) em Serviço Social................................................................................................46 
GRÁFICO B – Comparação da escolaridade da mãe e escolaridade do pai das famílias que 
participaram do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social na 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS...............................51 
QUADRO 2 – Renda familiar das famílias que participaram do projeto de intervenção de 
Estágio Supervisionado em Serviço Social na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais 
(APAE) de Panambi/RS............................................................................................................53 
 
9 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................10 
 
1. A ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE 
PANAMBI/RS: ESPAÇO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL........12 
1.1 Processo histórico, estrutura organizacional e dinâmica da instituição..............................12 
1.2 O trabalho do assistente social na instituição......................................................................20 
 
2. O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM 
SERVIÇO SOCIAL................................................................................................................28 
2.1 O processo de Estágio Supervisionado em Serviço Social.................................................28 
2.2 O projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social...........................35 
 
3. OS RESULTADOS ENCONTRADOS COM O PROJETO DE INTERVENÇÃO DE 
ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL................................................45 
3.1 Contextualização da pesquisa sobre o projeto de intervenção de Estágio Supervisionado 
em Serviço Social......................................................................................................................45 
3.2 Contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social...55 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................62 
 
REFERÊNCIAS......................................................................................................................65 
 
ANEXOS..................................................................................................................................74 
Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)..........................................75 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) trata sobre as contribuições do 
projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social realizado na Associação 
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS, no período de março a junho de 
2013. O projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social foi 
desenvolvido a partir da introdução de ações voltadas para a área do Serviço Social, 
observando-se a possibilidade de contribuir na perspectiva interdisciplinar, bem como, 
trabalhar questões relacionadas à prevenção da violência, pouco abordadas até então. 
Para tanto, o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Serviço Social está 
estruturado em três capítulos. No primeiro capítulo resgata-se a constituição histórica da 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no Brasil, abordando-se o processo 
de fundação, a estrutura organizacional e a dinâmica da instituição na cidade de Panambi/RS, 
apresentando-se também o processo de inserção do Serviço Social no contexto institucional, o 
objeto, o instrumental e os resultados obtidos no trabalho desenvolvido pelo assistente social. 
No segundo capítulo, enfatiza-se o processo de Estágio Supervisionado em Serviço 
Social, apresentando conceitos de estágio, um breve resgate histórico e a legislação que o 
rege, destacando sua importância para a formação profissional. Também, explicita-se o 
projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social realizado junto ao 
projeto institucional ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖, no período de 
março a junho de 2013. 
No terceiro capítulo contextualiza-se a pesquisa que subsidiou o presente Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC), abordando o percurso metodológico utilizado para desenvolvê-la. 
Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratória, de campo e documental, com abordagem 
qualitativa. Fundamenta-se na Teoria SocialCrítica e no Método Dialético Crítico e suas 
categorias: historicidade, totalidade e contradição, tendo como problema da pesquisa: ―Quais 
as contribuições do projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social 
realizado junto ao projeto ―Clínica precoce: brincar enquanto o futuro não vem‖ da 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS?‖ Abordam-se ainda 
as questões norteadoras, o objetivo geral, os objetivos específicos e as categorias do método, 
bem como, os resultados alcançados com a pesquisa, referente ao perfil das famílias 
participantes e as contribuições do projeto de intervenção estas e a equipe multiprofissional. 
11 
 
 
 
Por fim, tecem-se as considerações finais com a síntese dos principais resultados 
encontrados com a pesquisa, reforçando-se a necessidade de um processo contínuo de 
formação profissional e a proposição de novos estudos em torno da temática. 
 
12 
 
 
 
1 A ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) DE 
PANAMBI/RS: ESPAÇO SÓCIO-OCUPACIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL 
 
Este capítulo está organizado em dois subitens. No primeiro retoma-se o processo 
histórico da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no Brasil, enfatizando a 
fundação, estrutura organizacional e dinâmica da instituição na cidade de Panambi/RS. No 
segundo item, apresenta-se o processo de inserção do Serviço Social no contexto institucional, 
bem como, o objeto, o instrumental e os resultados obtidos no trabalho desenvolvido pelo 
assistente social nesse espaço sócio-ocupacional. 
 
 
1.1 PROCESSO HISTÓRICO, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E DINÂMICA DA 
INSTITUIÇÃO 
 
O denominado movimento APAEano teve origem no Brasil no século XIX. As 
primeiras ações para atender as pessoas com deficiência coincidem com o contexto histórico 
no qual o país dava seus primeiros passos após a independência, forjava sua condição de 
nação e esboçava as linhas de sua instituição cultural. Anteriormente, as pessoas com 
deficiência eram confinadas pela família ou recolhidas às Santas Casas ou às prisões 
(JÚNIOR; MARTINS, 2010). 
O período imperial do Brasil (1822-1889), marcado pela sociedade aristocrática, elitista, 
rural, escravocrata e com limitada participação política, mostrou-se pouco propício à 
assimilação das diferenças, principalmente as das pessoas com deficiência. O Decreto n° 82, 
de 18 de julho de 1841, determinou a fundação do primeiro hospital ―destinado 
privativamente para o tratamento de alienados‖, o Hospício Dom Pedro II, vinculado à Santa 
Casa de Misericórdia, o Rio de Janeiro/RJ. Durante o século XIX, os cegos e os surdos eram 
contemplados com ações para a educação. Somente em 1904, instalou-se o primeiro espaço 
destinado para crianças com deficiência. 
 
Na primeira metade do século XX, o Estado não promoveu novas ações para as 
pessoas com deficiência e apenas expandiu, de forma modesta e lenta, os institutos 
de cegos e surdos para outras cidades. [...] Diante desse déficit de ações concretas do 
Estado, a sociedade civil criou organizações voltadas para a assistência nas áreas de 
educação e saúde, como as Sociedades Pestalozzi (1932) e as Associações de Pais e 
Amigos dos Excepcionais (APAE) (1954) [...] (JÚNIOR; MARTINS, 2010, p. 22). 
 
13 
 
 
 
A primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi fundada em 
1954, no Rio de Janeiro/RJ, motivada pela chegada de Beatrice Bemis, membro do corpo 
diplomático norte-americano, que se admirava por não existir no Brasil uma fundação para 
pessoas com deficiência. Nos Estados Unidos da América (EUA), havia participado da 
fundação de mais de duzentas e cinquenta associações de pais e amigos. A fundação foi 
protagonizada por um grupo constituído por pais, amigos, professores e médicos de pessoas 
com deficiência, sendo a primeira reunião do Conselho Deliberativo realizada em 1955, na 
sede da Sociedade de Pestalozzi, que colocou à disposição parte de um prédio para a 
instalação de uma escola para crianças com deficiência (FENAPAES, 2008). 
 Em 1962 totalizavam-se dezesseis APAEs no Brasil. Destas, doze encontraram-se em 
São Paulo/SP para a realização da primeira reunião nacional de dirigentes APAEanos. Para 
uma melhor articulação criaram em novembro do mesmo ano a Federação Nacional das 
APAEs. Com a aquisição da sede própria, a Federação Nacional foi transferida de São Paulo 
para Brasília/DF (FENAPAES, 2008). Adotou-se como símbolo, o disponível na Figura A. 
 
Figura A – Símbolo da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). 
Fonte: FENAPAES (2013). 
 
A figura da flor ladeada por duas mãos em perfil, desniveladas, representam uma a 
posição de amparo e a outra de proteção (FENAPAES, 2008). O movimento APAEano se 
expandiu para outras capitais e depois para o interior dos Estados. O crescimento vertiginoso 
se deu graças à atuação da Federação Nacional e das Federações Estaduais, que permitiram e 
incentivaram a formação de novas APAEs. 
14 
 
 
 
Em Panambi/RS
1
, a APAE iniciou suas atividades em 22 de agosto de 1979. A 
Coordenadoria Municipal de Educação externou sua preocupação com a qualidade de vida 
das pessoas com deficiência e então, em uma reunião com lideranças da comunidade: Rotary 
Club, Lions Club, Poder Executivo, pais e empresários, iniciou-se o movimento comunitário 
frente à demanda existente e a falta de acesso à educação pública para pessoas com 
deficiência intelectual (APAE, 2010). Inicialmente, esteve instalada em um imóvel cedido 
pela Prefeitura Municipal. Porém, o mesmo passou a ser inadequado para os usuários, o que 
ocasionou a busca por sede própria com infraestrutura adequada. 
 
[...] Inicialmente com área construída de 677,48 m.², em terreno de 2000m², doado 
pela Prefeitura Municipal de Panambi [...] atualmente a área total do terreno é de 
13.600 m.² com área construída e ampliada para 969,41 m.², estando situada à Rua 
Carlos Frederico Lehsten, nº168, no bairro Arco Íris (APAE, 2010, p.4). 
 
A instituição atua no município há 34 anos, tendo reconhecimento na comunidade pelo 
trabalho desenvolvido, na formação de parcerias com os Poderes Públicos e instituições do 
setor privado. Conta, efetivamente, com a participação de voluntários da sociedade civil na 
composição de suas diretorias e nas ações desenvolvidas. Tem como missão promover e 
articular ações de defesa de direito, prevenção, orientação, prestação de serviços, apoio à 
família, direcionados à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência e construção 
de uma sociedade justa e solidária. É constituída por número ilimitado de associados, 
administrada por diretoria eleita através da Assembleia Geral Ordinária, conforme 
determinado pela Federação Nacional das APAEs, adequada ao novo Estatuto Social, tendo 
em composição 30% de pais e 70% de amigos das pessoas com deficiência (APAE, 2010). 
A APAE atende usuários com deficiência intelectual ou múltipla. As pessoas com 
deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual, 
ou sensorial (visão e audição) os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir 
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais 
pessoas. É um cidadão com os mesmos direitos de autodeterminação e usufruto das 
oportunidades disponíveis na sociedade. A pessoa com deficiência possui limitação ou 
incapacidade para o desempenho de atividades, podendo apresentar uma ou mais deficiências, 
percebida ao nascimento ou adquirida ao longo da vida (ONU, 2007). 
 
1
 Emancipado no dia 15 de dezembro de 1954 com instalação oficial em 28 de fevereiro de 1955, o município 
situa-se no planalto rio-grandense, a 360 km da capital Porto Alegre, região caracterizada pelos campos serranos, 
fazendo divisa com os municípios de Condor, Santa Bárbara do Sul, Pejuçara, Bozano e Ajuricaba(PREFEITURA MUNICIPAL DE PANAMBI, 2013). 
http://www.saude.curitiba.pr.gov.br/index.php/programas/pessoa-deficiencia/quem-e-a-pessoa-com-deficiencia
15 
 
 
 
A expressão ―deficiência intelectual‖ foi introduzida oficialmente em 1995, pela 
Organização das Nações Unidas (ONU). Até a metade do século XIX, a deficiência 
intelectual era considerada uma forma de loucura e tratada em hospícios. Os primeiros 
estudos realizados no Brasil sobre a etiologia da deficiência intelectual datam do começo do 
século XX. A deficiência intelectual, à época denominada ―idiotia‖, passou a ser tratada na 
perspectiva educacional com tratamento diferenciado em relação aos hospícios do século 
XIX. Ao longo do tempo, a pessoa com deficiência intelectual foi denominada de 
―oligofrênica‖, ―cretina‖, ―imbecil‖, ―idiota‖, ―débil mental‖, ―mongoloide‖, ―retardada‖, 
―excepcional‖ e ―deficiente mental‖. A expressão ―deficiência intelectual‖ significa que há 
um déficit no funcionamento do intelecto, mas não da mente (JÚNIOR; MARTINS, 2010). 
A APAE é uma instituição filantrópica
2
, sem fins econômicos, pertencente ao 
denominado terceiro setor, este considerado ―[...] um setor ‗não-governamental‘, ‗não-
lucrativo‘ e ‗esfera pública não-estatal‘ materializado pelo conjunto de ‗organizações da 
sociedade civil consideradas de interesse público‘‖ (ALENCAR, 2009, p.8). A expansão do 
terceiro setor no Brasil, remonta à década de 1990, quando o país passou a orientar-se pelo 
neoliberalismo
3
 e à consequente redução da atuação do Estado, nas políticas sociais, 
justificada nas exigências postas pela globalização e pela crise fiscal do Estado. Com a 
redefinição do papel do Estado, observa-se a transferência de uma considerável parcela de 
políticas e serviços sociais para a sociedade civil, caracterizando-se a desresponsabilização do 
Estado e do Capital com as respostas da questão social
4
 (ALENCAR, 2009). 
A publicização e a regulamentação do terceiro setor, Organizações Não-
Governamentais (ONGs) e instituições filantrópicas para atuar no social, repercutiram na 
privatização, focalização e descentralização das políticas sociais, esta última entendida não 
como compartilhamento de poder entre as esferas públicas, mas como mera transferência de 
responsabilidade para entes da federação ou para instituições privadas (BEHRING; 
 
2
 Dentre as fontes de financiamento para a manutenção das atividades da instituição estão subvenções, serviços e 
convênios com a Prefeitura Municipal de Panambi e Condor/RS, Governo Federal, campanhas, telemarketing, 
promoções, eventos, doações, parcerias e aprovação de projetos apresentados a pessoas físicas e jurídicas da 
comunidade local, de acordo com o Art. 45 do Estatuto Social (APAE, 2010). 
3
As origens do neoliberalismo, enquanto doutrina econômica e política remontam ao livro ―O Caminho da 
Servidão‖ (1944), de Friedrich Hayek, que criticava veementemente os mecanismos de regulação do Estado 
sobre o mercado. [...] Com a crise do capital nos anos 1970, as ideias liberais retornam ao debate político e 
econômico através do neoliberalismo, propondo limites ao Estado intervencionista, este visto como um dos 
vetores principais da crise contemporânea do capitalismo (ALENCAR, 2009, p. 2). 
4
 A questão social é indissociável da forma de organização capitalista. As diversas expressões da questão social 
são geradas pelo desenvolvimento do modo de produção capitalista, tais como fome, desemprego, violência, 
desigualdade e exclusão social, que são vivenciadas pelos indivíduos ―[...] em suas relações sociais quotidianas, 
às quais respondem com ações, pensamentos e sentimentos‖ (IAMAMOTO, 2007, p. 100). 
16 
 
 
 
BOSCHETTI, 2011). Nesse contexto, observa-se o deslocamento do direito social para o 
―direito moral‖, sob os princípios abstratos da ―ajuda mútua‖ e ―solidariedade‖, cujas 
contradições também podem ser observadas na APAE: 
 
[...] Aponta-se a transferência dos serviços sociais para a sociedade civil, sob o 
discurso ideológico da ―autonomia‖, ―solidariedade‖, ―parceria‖ e ―democracia‖, 
enquanto elementos que aglutinam sujeitos diferenciados. No entanto, vem se 
operando a despolitização das demandas sociais, ao mesmo tempo em que 
desresponsabiliza o Estado e responsabiliza os sujeitos sociais pelas respostas às 
suas necessidades sociais [...] o que gera os processos de remercantilização dos 
serviços sociais e a refilantropização das respostas à questão social; na focalização 
do atendimento, sendo esse voltado para parcelas de segmentos sociais e serviços 
pontuais, da qual decorre a completa fragmentação das políticas sociais agora 
destinadas a pequenas parcelas da população; a implementação descoordenada de 
programas sociais, dada a ausência de uma instância de coordenação das políticas 
sociais (MONTAÑO, 2002 apud ALENCAR, 2009, p. 7-8). 
 
De maneira semelhante, Souza
5
 (1987) ao expor o histórico de lutas das pessoas com 
deficiência e as contradições identificadas nas instituições do terceiro setor, no que diz 
respeito à desresponsabilização do Estado com as respostas da questão social, critica que 
coube às instituições de cunho assistencialistas e paternalistas no Brasil, histórica e 
atualmente, ―[...] desafogar a consciência pesada, coletiva, do sistema ―feudal‖ e capitalista 
emergente, provocada pela miséria progressiva e a crescente perda do valor do ser humano, 
em prol do culto à máquina, ao capital‖ (apud JÚNIOR; MARTINS, 2010, p. 69). 
A APAE de Panambi/RS presta serviços em três áreas: assistência social, educação e 
saúde. Em acordo com as políticas sociais e as legislações que perpassam essas áreas, bem 
como a Legislação da Pessoa com Deficiência sobre a integração social, os benefícios da 
Previdência Social, a cota de vagas para pessoas com deficiência nas empresas privadas, a 
promoção da acessibilidade e a Língua Brasileira de Sinais (Libras), abrange: 
1- Assistência social: os serviços prestados são de garantia e defesa de direitos, apoio e 
orientação à família, promoção da cidadania, prevenção e inclusão (APAE, 2010). 
2- Educação: diz respeito à parte pedagógica. Na Escola de Educação Especial Girassol 
a estrutura de atuação está organizada com turmas de escolarização (educação infantil e 
Educação de Jovens e Adultos – EJA), profissionalização, socialização e convivência, além de 
projeto extraclasse, sociocultural e de expressão artística (APAE, 2010). 
3- Saúde: se refere à Clínica Interdisciplinar de Saúde que compreende o atendimento 
de fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, atendimento pedagógico especializado, 
 
5
 Coordenador da Organização Nacional de Instituições de Deficientes Físicos (ONEDEF), escolhido pelo 
movimento para defender a Emenda Popular na Assembleia Nacional Constituinte (JÚNIOR; MARTINS, 2010). 
17 
 
 
 
fonoaudiologia, serviço social, pediatria, psiquiatria, neurologia, projetos e projetos especiais 
de prevenção. Todos os serviços são oferecidos gratuitamente por profissionais credenciados 
conforme prerrogativas do Sistema Único de Saúde (SUS) (APAE, 2010). 
Atualmente, são desenvolvidos os planos, programas e projetos, dispostos no 
organograma organizacional, conforme a Figura B, a seguir: 
 
Figura B – Organograma organizacional da APAE de Panambi/RS. 
Fonte: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS (2010, p. 10). 
18 
 
 
 
A coordenação está organizada em três diferentes âmbitos: a direção da Escola de 
Educação Especial Girassol que coordena as questões relacionadas à parte pedagógica; a 
direção administrativa que rege a esfera financeira e administrativa; e a direção clínica que 
conduz as demandas da Clínica Interdisciplinar de Saúde. As ações são planejadas 
anualmente, na elaboração de um Plano de Ação, contando com a participação dos 
funcionários, usuários,diretoria e familiares. Ademais, cada profissional planeja as suas ações 
dentro de suas particularidades profissionais. Também ocorrem reuniões mensais com equipe 
da Clínica Interdisciplinar de Saúde e Escola de Educação Especial Girassol para a realização 
de planejamento e monitoramento das ações. 
Segundo Barbosa (1980) o planejamento é um processo de reflexão que instrumenta 
transformações na realidade social, além disso, ―é o processo pelo qual tentamos aumentar a 
probabilidade dos resultados futuros desejados, além e acima da probabilidade de que isso 
aconteça por acaso‖ (GIEGOLD, 1980, p.35). Nesse sentido, o planejamento é fundamental, 
pois pode dar maior eficiência às atividades para se obter as metas preestabelecidas, além de 
auxiliar no estabelecimento de prioridades para as tomadas de decisões. 
Os usuários que acessam a instituição com deficiência intelectual ou múltipla, são 
encaminhados por profissionais, pela rede regular de ensino ou pela procura da própria 
família. Quando a instituição é acessada, realiza-se uma avaliação com a equipe de 
profissionais para identificar quais as necessidades de atendimento do usuário. São atendidos 
usuários de ambos os sexos e diversas faixas etárias. Em levantamento realizado pelo Serviço 
Social na instituição através das fichas de identificação dos usuários em atendimento no mês 
de março de 2012, identificou-se a frequência de faixa etária, conforme consta no Gráfico A: 
 
 
Gráfico A – Número total de usuários por faixa etária atendidos no mês de março de 2012 na 
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS. 
Fonte: Stahlhöfer (2012). 
8 
6 
15 
10 
13 
14 
52 
0 a 3 anos
4 a 6 anos
7 a 10 anos
11 a 14 anos
15 a 18 anos
19 a 25 anos
acima de 26 anos
19 
 
 
 
No mesmo levantamento, em relação ao perfil socioeconômico, observou-se que o que 
prevalece são famílias cujo usuário atendido na instituição recebe Benefício de Prestação 
Continuada (BPC) e o pai e/ou mãe estão desempregados (STAHLHÖFER, 2012). Percebe-se 
assim, que a vulnerabilidade econômica dos usuários é preponderante. Para Abramovay 
(2002), a noção de vulnerabilidade social é recente na América Latina, desenvolvida para 
ampliar a análise dos problemas sociais, tentando incluir a população no que diz respeito à 
renda e a posse de bens materiais. Ser vulnerável não é o mesmo que ser incapaz, ―[...] 
significa ter por direito a condição de superar os fatores de risco que podem afetar o seu bem-
estar‖ (SIERRA; MESQUITA, 2006, p.150). 
Cabe registrar que há iniciativas importantes para a promoção e a defesa dos direitos 
humanos no Brasil e, de maneira especial, dos direitos das pessoas com deficiência, porém, os 
desafios ainda são muitos. O início do século XXI consagra o discurso dos direitos humanos 
que considera as diferenças, mas vai além das questões específicas. Pessoas com deficiência 
são sujeitos de direitos – cidadãos e cidadãs: 
 
[...] A sociedade, que via esse segmento populacional como alvo de caridade, passa 
a entender que se busca tão somente a promoção e a defesa de seus direitos, em 
bases iguais com os demais cidadãos. É irrelevante se as pessoas apresentam ou não 
algum grau de limitação funcional. O que está em jogo são a equiparação de 
oportunidades e a nova interface entre o indivíduo e o ambiente sem obstáculos [...] 
(JÚNIOR; MARTINS, 2010, p. 109). 
 
O desafio que permanece é o de garantir que os instrumentos legais conquistados, sejam 
efetivados na vida cotidiana, superando-se as situações de violações de direitos sociais de 
crianças, adolescentes, idosos com ou sem deficiência, na construção de uma sociedade mais 
justa e igualitária. O foco das discussões deve ser o modo como e para quem a sociedade 
organiza o cotidiano, as cidades, os bens e serviços disponíveis de educação, cultura, trabalho, 
saúde, proteção social, habitação, transporte, lazer, esporte, turismo e outros aspectos da vida 
comunitária, pois ―igualdade na diferença‖, é a proposta (JÚNIOR; MARTINS, 2010). 
No corrente ano de 2013, as APAEs brasileiras enfrentaram uma polêmica discussão em 
torno do seu fechamento. Isto porque, a proposta original da quarta meta do Plano Nacional 
de Educação (PNE) traçado pelo Ministério da Educação (MEC) para 2011-2020 previa a 
inclusão de alunos de 4 a 17 anos com deficiência na educação básica, com garantia de 
suporte público para escolas especializadas e entidades sem fins lucrativos que realizassem 
esse tipo de atendimento, porém, de forma indireta, o repasse do Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) a entidades como a APAE, não seriam 
20 
 
 
 
mais repassados a partir de 2016. Em consequência, muitas APAES teriam de fechar suas 
portas (IHOSHI, 2013). 
Diante da repercussão pública da informação, o MEC informou que irá propor uma 
nova redação para a quarta meta da PNE, sem definir uma data para o fim dos repasses do 
FUNDEB às instituições que oferecem ensino especial, a exemplo da APAE (AGÊNCIA 
SENADO, 2013). Nesse sentido, entende-se que é preciso haver consonância entre a escola 
regular de ensino e as escolas especiais da APAE, pois ambos os espaços educativos visam à 
inclusão social das pessoas com deficiência, até que a rede pública regular de ensino tenha 
efetivamente condições adequadas e profissionais preparados tecnicamente para atendê-las. 
 
1.2 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA INSTITUIÇÃO 
 
Desde a emergência do Serviço Social no século XIX, a assistência e o assistencialismo 
conjugavam-se entre si, pelo fato da profissão ter relação com a ação social da Igreja Católica. 
A assistência social antes de se tornar uma política pública, era caracterizada por 
assistencialismo, clientelismo, caridade, voluntariado (PESTANO; REIS, 2008). 
Segundo Montaño (2007) há duas teses que fundamentam a natureza do Serviço Social 
na sua gênese, a perspectiva endogenista e a perspectiva histórico-crítica. A primeira, sustenta 
o surgimento do Serviço Social na evolução e profissionalização das formas de ajuda, 
caridade e filantropia, em cuja perspectiva a profissão é vista a partir de si mesma. A segunda, 
surge em oposição à anterior, entendendo o aparecimento da profissão como o resultado da 
síntese dos projetos político-econômicos que ocorreram num dado momento do 
desenvolvimento histórico. Considera o assistente social como um profissional que 
desempenha um papel político, cuja função não se explica por si mesma, mas pela posição 
que ocupa na divisão do trabalho. 
Por ser a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) uma instituição de 
assistência social, o processo de inserção do Serviço Social está intimamente ligado, para 
além do próprio processo histórico de constituição da profissão, às práticas caracterizadas 
inicialmente pelo assistencialismo, caridade e voluntariado. Nesse sentido, a ação do Serviço 
Social iniciou-se com um cunho assistencialista, entretanto, no decorrer da renovação da 
profissão, o assistencialismo foi cedendo espaço à assistência social: 
 
[...] A contextualização da Assistência Social como direito e não como ajuda cresce 
não só no âmbito do Serviço Social, mas em uma conjuntura mobilizadora de classes 
21 
 
 
 
no decorrer da década de 80. E em meio a um cenário de crises econômicas e de luta 
por abertura política, em 05 de outubro de 1988, é promulgada a nova Constituição 
da República Federativa do Brasil, introduzindo um conceito abrangente de proteção 
social, compreendendo um conjunto integrado de iniciativas dos Poderes Públicos e 
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e á 
assistência social (GUEDES; RODRIGUES, 2011, p. 2). 
 
No âmbito da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, ao lado da saúde 
e da previdência social, a assistência social passou a compor a seguridade social, como 
política pública não contributiva.Portanto, é direito do cidadão e dever do Estado, pois: ―as 
ações da política de assistência social são organizadas para promover o fortalecimento dos 
vínculos familiares e comunitários, a capacidade de proteção da família, a autonomia e o 
protagonismo dos indivíduos, famílias e comunidades‖ (BRASIL, 2008, p. 35). A assistência 
social como direito social é regulamentada pela Lei n.º 8.742 de 1993, intitulada Lei Orgânica 
de Assistência Social (LOAS), que dispõe sobre a organização desta e dá outras providências. 
Ambas as instituições jurídico-formais representam um marco na luta pela redefinição 
da assistência social (STOPA; MUSTAFA, 2009). Através de seus princípios e diretrizes, a 
LOAS regulamentou a assistência social no Brasil, baseando-se nos princípios da 
Constituição Federal de 1988, que determina a descentralização político-administrativa e 
participação popular, responsabilizando o Estado na organização das políticas sociais, em 
cada esfera de governo, prevendo ainda, programas, projetos e benefícios (BRASIL, 1988). 
Tendo em vista materializar as diretrizes da LOAS, aprovou-se a Política Nacional de 
Assistência Social (PNAS), através da Resolução nº 15, de 15 de outubro de 2004. A PNAS, 
expressa a materialidade da Assistência Social como um pilar do sistema de proteção social 
brasileiro, no âmbito da seguridade social (BRASIL, 2004). A PNAS determina como público 
alvo para a política de assistência social, aqueles cidadãos que se encontram em situação de 
vulnerabilidade social, divididos em grupos de pessoas com fragilidade em seus vínculos 
familiares e de pertencimento a sociedade, como famílias, idosos e crianças. 
Em atendimento à demanda de universalizar as ações da assistência social e materializar 
a LOAS, iniciou-se a implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), um 
sistema descentralizado e participativo, no ano de 2005 através da aprovação da Norma 
Operacional Básica do Sistema Único da Assistência Social (NOB/SUAS) com a Resolução 
nº 130 de 15 de julho deste mesmo ano e Lei n.º 12.435 sancionada em 06 de julho de 2011. 
De acordo com a PNAS, o SUAS: 
 
Define e organiza os elementos essenciais e imprescindíveis à execução da política 
de assistência social possibilitando a normatização dos padrões nos serviços, 
22 
 
 
 
qualidade no atendimento, indicadores de avaliação e resultado, nomenclatura dos 
serviços e da rede socioassistencial e, ainda, os eixos estruturantes e de subsistemas 
conforme aqui descritos: 
I - Matricialidade sociofamiliar. 
II - Descentralização político-administrativa e territorialização. 
III - Novas bases para a relação entre Estado e Sociedade Civil. 
IV - Financiamento. 
V - Controle social. 
VI - O desafio da participação popular/cidadão usuário. 
VII - A Política de Recursos Humanos. 
VIII - A informação, o monitoramento e a avaliação (BRASIL, 2004, p. 39). 
 
Seguindo a lógica de organização das ações e da territorialização, com o SUAS, a 
assistência social tem suas ações organizadas em dois tipos de proteção de acordo com suas 
especificidades, a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial, tendo como foco 
prioritário, a proteção à família. O atendimento especializado a pessoas com deficiência e suas 
famílias desenvolvido pela APAE de Panambi/RS, diz respeito à Proteção Social Especial, a 
qual é dividida em níveis de média e alta complexidade, de acordo com os serviços ofertados, 
sob a coordenação dos Centros de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS). 
Coerentemente com a legislação social da política de assistência social, o trabalho 
desenvolvido pelos assistentes sociais no âmbito das APAEs superou o cunho caritativo das 
ações, passando a orientar-se pela centralidade na família, através da mediação do acesso às 
condições necessárias para a efetivação dos direitos sociais. No entanto, quanto à inserção do 
Serviço Social especificamente na APAE de Panambi/RS, ainda que as comunicações orais 
indiquem a presença de assistentes sociais desde o início das atividades, não há registros 
escritos a respeito: 
 
[...] Todo processo de registro e avaliação de qualquer ação é um conhecimento 
prático que se produz, e que não se perde, garantindo visibilidade e importância à 
atividade desenvolvida. [...] É dar uma história ao Serviço Social, uma história ao(s) 
usuário(s) atendido(s), uma história da inserção profissional do assistente social 
dentro da instituição – é essencial para qualquer proposta de construção de um 
conhecimento sobre a realidade social (SOUSA, 2008, p. 129). 
 
Atualmente, o Serviço Social da APAE de Panambi/RS é representado por um 
assistente social, que trabalha na instituição desde o ano de 2010. O trabalho do assistente 
social na sociedade capitalista produz ―[...] um valor de uso (o serviço oferecido ao usuário, 
aos grupos, à comunidade, às organizações e às instituições) e um valor de troca (preço pago 
por este serviço no mercado de trabalho)‖ (PRATES, 2003, p. 108). Os assistentes sociais 
23 
 
 
 
atendem a necessidades humanas, recebendo em troca disto, um salário. Produzem serviços 
que tem determinado significado para alguém, mas não produz mais-valia (GUERRA, 1995). 
O Serviço Social é uma especialização do trabalho coletivo, profissão inserida na 
divisão sócio-técnica do trabalho e inscrita em processos de trabalho. O assistente social trata-
se de um trabalhador que participa de processos de trabalho. Segundo Marx (1989, p. 202), 
são componentes do processo de trabalho: ―1) a atividade adequada a um fim, isto é o próprio 
trabalho; 2) a matéria a que se aplica o trabalho, o objeto de trabalho; 3)os meios de trabalho, 
o instrumental de trabalho‖. O trabalho é expressão da vida humana, a relação do homem com 
o objeto: 
 
[...] Atividade dirigida com fim de criar valores-de-uso, de apropriar os elementos 
naturais às necessidades humanas, é condição necessária do intercâmbio material 
entre o homem e a natureza, é condição natural eterna da vida humana, sem 
depender, portanto, de qualquer forma dessa vida, sendo antes comum a todas as 
suas formas sociais (MARX, 1989, p. 208). 
 
Os processos de trabalho são realizados por trabalhadores coletivamente, portanto não 
pode haver um ―processo de trabalho do assistente social‖. Os trabalhadores inserem-se em 
processos de trabalho imprimindo-lhe particularidades, mas condicionados pela venda de sua 
força de trabalho, ou seja, pelas condições de assalariamento e pelos rebatimentos da 
organização e gestão do trabalho na divisão social técnica do mesmo (recessão, desemprego 
estrutural, fragilidade de espaços organizativos dos trabalhadores, condições de trabalho 
precárias, etc.) (PRATES, 2011). 
Todo e qualquer trabalho pressupõe a existência de: objeto, instrumental e produto. O 
objeto de trabalho do assistente social são as expressões da questão social, tanto na 
manifestação das desigualdades sociais
6
 como das resistências sociais
7
 empreendidas pelos 
sujeitos, contradição que se materializa de modo diverso em diferentes áreas, segmentos 
sociais e âmbitos da vida social, exigindo diferentes estratégias e processos coletivos de 
enfrentamento. O fato de ser objeto de uma profissão não impede que outras áreas incidam 
sobre ele (PRATES, 2011). As expressões da questão social são geradas pelo modo de 
produção capitalista, fruto da relação social capital-trabalho, gerado entre a compra 
(detentores dos meios de produção) e a venda da força de trabalho (trabalhadores): 
 
6
 Falta de acesso a bens, serviços, oportunidades, participação, valorização, reconhecimento, precarizações, 
fragilidades, desmantelamentos nas mais diversas formas de organização e áreas da vida social (PRATES, 2011). 
7
 Organizações, mobilizações, utilização de apoios, políticas e estratégias de ordens diversas que tem por 
objetivo enfrentar asdesigualdades seja para não sucumbir a elas ou para tentar superá-las (PRATES, 2011). 
24 
 
 
 
 
A matéria-prima do trabalho do assistente social (ou da equipe interprofissional em 
que se insere) encontra-se no âmbito da questão social em suas múltiplas 
manifestações – saúde da mulher, relações de gênero, pobreza, habitação popular, 
urbanização de favelas etc. – tal como vivenciadas pelos indivíduos sociais em suas 
relações sociais cotidianas, às quais respondem com ações, pensamentos e 
sentimentos. Tais questões são abordadas pelo assistente social por meio de 
inúmeros recortes, que contribuem para delimitar o ―campo‖ ou objeto do trabalho 
profissional no âmbito da questão social (IAMAMOTO, 2007, p. 100). 
 
As expressões da questão social são atendidas nas instituições a partir de recortes, ou 
seja, há uma delimitação do objeto de intervenção profissional. Nesse sentido, o objeto de 
trabalho do assistente social nas APAEs constitui-se em expressões como vulnerabilidade 
social, violência, conflito familiar, negligência, etc. As ações profissionais frente às demandas 
são voltadas para o resgate de vínculos familiares fragilizados envolvendo a família e as 
pessoas com deficiência. Para a materialização das ações profissionais, frente às demandas 
apresentadas, o assistente social: 
 
[...] Deverá imprimir em sua intervenção profissional uma direção, sendo necessário, 
para isto, conhecer e problematizar o objeto de sua ação profissional, construindo 
sua visibilidade a partir de informações e análises consistentes — atitude 
investigativa. Concomitantemente, o trabalho do AS deverá ser norteado por um 
plano de intervenção profissional objetivando construir estratégias coletivas para o 
enfrentamento das diferentes manifestações de desigualdades e injustiças sociais, 
numa perspectiva histórica que apreenda o movimento contraditório do real 
(FRAGA, 2010, p. 45). 
 
Nesse sentido, deve-se conhecer o objeto, desvendando suas múltiplas expressões, 
dando-lhe visibilidade a partir de dados concretos e a partir daí planejando, executando e 
gerindo estratégias de enfrentamento. Para tanto, é fundamental o uso de um instrumental (ou 
meios de trabalho). Os meios de trabalho são ―uma coisa ou conjunto de coisas que o 
trabalhador insere entre si mesmo e o objeto de trabalho e lhe serve para dirigir sua atividade 
sobre este objeto [...] de acordo com o fim que tem em mira‖ (MARX, 1989, p. 202). Embora 
os meios não participem diretamente do processo de trabalho, quando não se conta com eles o 
trabalho fica ―total ou parcialmente impossibilitado de concretizar-se‖ (MARX, 1989, p. 205). 
O instrumental utilizado pelo assistente social não é específico da profissão, mas 
apresenta particularidades que são caracterizadas pelo modo como os media, imprimindo-lhe 
peculiaridades (PRATES, 2011). Os conhecimentos, as políticas sociais, as estratégias, o 
planejamento, a investigação, os planos de trabalho, as redes de serviços, as estratégias de 
comunicação, informação, vinculação, além de técnicas e instrumentos fazem parte do 
conjunto de meios utilizados no trabalho do assistente social. 
25 
 
 
 
Segundo Prates (2003, p. 6) os instrumentos e técnicas são na verdade ―[...] estratégias 
sobre as quais se faz a opção de acordo com o contexto e o conteúdo a ser mediado para se 
chegar a uma finalidade‖. Dentre os instrumentos e técnicas utilizados pelo assistente social, 
incluem-se: a visita domiciliar, a entrevista, os grupos, as reuniões com outros serviços de 
distintas políticas públicas para discussão e planejamento de ações em atendimentos prestados 
para usuários em comum, os pareceres técnicos, os estudos sociais, os relatórios, etc. 
No final, o produto do trabalho é um valor-de-uso, ―o trabalho está incorporado ao 
objeto sobre o que atuou [...] Ele teceu e o produto é um tecido [...] Meio e objeto de trabalho 
são meios de produção e o trabalho é trabalho produtivo‖ (MARX, 1989, p. 205). Neste 
sentido, são produtos do trabalho: projetos, planos, análises, avaliações, diagnósticos, artigos 
científicos, sínteses, estudos sociais, perícias sociais, laudos sociais, encaminhamentos, 
relatórios, atas, prontuários, processos (os produtos são também instrumentos dependendo do 
lugar que ocupam na cadeia produtiva) (PRATES, 2011). 
O produto do trabalho, nem sempre resulta da ação de um único trabalhador, portanto 
resulta de trabalhos coletivos, muitas vezes provenientes de áreas diversas. As demandas do 
mundo do trabalho cada vez mais exigem produtos provenientes de ações interdisciplinares 
(PRATES, 2011). O assistente social ingressa na instituição empregadora ―[...] como parte de 
um coletivo de trabalhadores que implementa as ações institucionais, cujo resultado final é 
produto de um trabalho combinado ou cooperativo, que assume perfis diferenciados nos 
vários espaços ocupacionais‖ (IAMAMOTO, 2007, p. 421). 
O atual profissional de Serviço Social da APAE de Panambi/RS, além de exercer a 
função de assistente social desempenha a fundão de direção da Clínica Interdisciplinar de 
Saúde. Partindo do pressuposto de que a interdisciplinaridade é ―[...] o princípio da máxima 
exploração das potencialidades de cada ciência, mas, acima de tudo, o princípio da 
diversidade e da criatividade‖ (ETGES, 1993 apud JANTASCH; BIANCHETTI, 1995, p.14), 
é impossível pensar o trabalho do assistente social fora dessa relação. O trabalho do assistente 
social no âmbito da gestão deve embasar-se na promoção de ações que visem à 
interdisciplinaridade, a partir da participação e contribuição dos profissionais de diversas 
áreas. Segundo Rodrigues (1995, p.157): 
 
[...] Para o Serviço Social, a interação com outras áreas é particularmente 
primordial: seria fatal manter-se isolado ou fazer-se cativo. A interdisciplinaridade 
enriquece-o e flexiona-o, no sentido de romper com a univocidade de discurso, de 
teoria, para abrir-se à interlocução diferenciada com outros. Isto implica romper com 
dogmatismos muitas vezes cultivados no interior da profissão. 
26 
 
 
 
 
Segundo o Código de Ética Profissional dos/das Assistentes Sociais constitui-se dever 
profissional, dentre outros: ―d) incentivar, sempre que possível, a prática profissional 
interdisciplinar‖ (BRASIL, 1993, art. 10º, p.6). Este dever está diretamente relacionado com 
um dos princípios fundamentais do assistente social, referente ao compromisso com a 
qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na 
perspectiva da competência profissional. Ademais, com a interdisciplinaridade, o Serviço 
Social tem a oportunidade de garantir maior visibilidade à profissão. 
Ainda em relação à interdisciplinaridade, para o Serviço Social, a articulação com a 
rede de serviços constitui-se em estratégia necessária para a garantia de direitos e inclusão 
social. O termo rede sugere ―[...] a ideia de articulação, conexão, vínculos, ações 
complementares, relações horizontais entre parceiros, interdependência de serviços para 
garantir a integralidade da atenção aos segmentos sociais vulnerabilizados ou em situação de 
risco social e pessoal‖ (BOURGUIGNON, 2001, p.4). A articulação e manutenção das redes 
internas e externas de serviços são um caminho para fazer valer a garantia dos direitos sociais 
e o enfrentamento das expressões da questão social. 
Cabe ainda registrar os desafios enfrentados pelo assistente social, tanto na APAE de 
Panambi/RS, como nos distintos espaços sócio-ocupacionais nos quais se insere, pois os 
valores e os princípios ético-políticos que norteiam a ação profissional dos assistentes sociais 
têm passado por significativas mudanças. A consolidação do projeto ético-político 
profissional em construção exige ―[...] remar na contracorrente, andar no contra vento, 
alinhando forças que impulsionem mudanças na rota dos ventos e das marés na vida em 
sociedade‖ (IAMAMOTO, 2007, p.141). 
Nessesentido, torna-se necessário legitimar a profissão, ampliando competências e 
ocupando espaços, sem perder de vista as suas particularidades; dar visibilidade ao trabalho 
profissional e aos produtos do trabalho; valorizar e fortalecer os espaços coletivos e a 
organização profissional; acompanhar o debate profissional e o contexto mundial, nacional e 
local, comprometendo-se com a formação permanente. Além disso, devem-se assumir os 
compromissos e lutas definidos como centrais pela categoria, a democracia, a qualidade das 
políticas públicas, a superação das desigualdades, o fortalecimento dos trabalhadores e a luta 
contra qualquer forma de violação de direitos individuais e coletivos (PRATES, 2011). 
Portanto, ao atuar na realidade social, não se pode perder de vista o processo contínuo e 
dinâmico de desafios, mudanças e contradições engendrados na sociedade capitalista 
neoliberal, pois é neste contexto que se consolidam os espaços de resistência nos quais o 
27 
 
 
 
assistente social trabalha, reconhecendo e construindo respostas profissionais às demandas 
emergentes. Para tanto, o assistente social deve articular o projeto profissional a um processo 
de enfrentamento aos pressupostos neoliberais, partindo da premissa de que o terceiro setor 
não substitui as responsabilidades do Estado. 
 
[...] O assistente social deve manter os princípios de universalidade, 
incondicionalidade e solidariedade das políticas sociais, denunciando e enfrentando, 
com competência intelectual e coragem política, o modelo de reforma neoliberal, 
onde não há espaços para respostas estatais universais e centralizadas à ‗questão 
social‘ [...] (MONTAÑO, 1999, p. 77). 
 
Assim, o assistente social necessita atualizar-se e qualificar-se, a fim de construir 
posicionamentos críticos em relação às demandas emergentes, sabendo o papel que o terceiro 
setor cumpre na sociedade capitalista neoliberal. Diante dos desafios apresentados 
cotidianamente ao assistente social, reforça-se a necessidade de um processo de formação 
profissional de qualidade, capaz de formar profissionais críticos e comprometidos com a 
transformação da realidade social. Nessa perspectiva, entende-se que, durante a formação 
profissional, uma das possibilidades apresentadas é o processo de Estágio Supervisionado em 
Serviço Social, entendido como ―[...] um espaço de aprendizagem do fazer concreto do 
Serviço Social, onde um leque de situações, de atividades de aprendizagem profissional se 
manifestam para o estagiário, tendo em vista sua formação‖ (BURIOLLA, 2003, p.13), tema 
que será abordado no próximo capítulo. 
 
28 
 
 
 
2 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM 
SERVIÇO SOCIAL 
 
Este segundo capítulo está dividido em dois subitens. Primeiramente, aborda-se o 
processo de Estágio Supervisionado em Serviço Social, apresentando os conceitos de estágio, 
um breve resgate histórico e a legislação que rege o Estágio Supervisionado em Serviço Social, 
demonstrando seu significado e importância para a formação profissional. No segundo item, 
apresenta-se o projeto de intervenção, enquanto parte fundamental do processo de Estagio 
Supervisionado em Serviço Social, contextualizando sobre o projeto de intervenção realizado 
na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS. 
 
 
2.1 O PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
O estágio é o momento de aprendizado prático, em meio a gama de conhecimentos 
teóricos vivenciado nas universidades. Bianchi (2002) refere que está imbricado no estágio, 
além da vivência prática, um estudo que engloba em seu desfecho: supervisão, revisão, 
correção e exame. Dessa maneira, o estágio supervisionado é parte integrante do processo de 
formação profissional dos acadêmicos das mais diversas áreas. 
O estágio é componente fundamental do processo de formação profissional a exemplo 
do Serviço Social, pois permite ao acadêmico o contato direto com a realidade social 
concreta, os desafios e as possibilidades que se apresentam à futura profissão. Para o 
acadêmico, o estágio significa uma primeira aproximação vivencial no mundo do trabalho, no 
qual desenvolve habilidades e competências profissionais. O estágio é o espaço de 
aprendizagem do fazer concreto do Serviço Social (BURIOLLA, 2003). 
Desde a criação das primeiras escolas de Serviço Social, em 1936 em São Paulo e um 
ano depois no Rio de Janeiro, na década de 1930, o estágio é parte integrante e obrigatória dos 
cursos de graduação (BURIOLLA, 2003; LEWGOY, 2009). Na década de 1940, com o fim 
da II Guerra Mundial, confirma-se a hegemonia econômica dos Estados Unidos da América 
(EUA) e sua influência no cenário latino-americano. Estreitam-se os laços entre o Brasil e os 
Estados Unidos da América (EUA): o próprio Serviço Social brasileiro passa a receber 
influência norte-americana, através da utilização das abordagens de Serviço Social de Caso, 
Grupo, Comunidade e Supervisão de Estágios (IAMAMOTO; CARVALHO, 2009). 
29 
 
 
 
 
Em virtude do contexto socioeconômico e político, emergiu tanto a necessidade 
quanto a demanda de uma formação qualificada ao ensino em Serviço Social no 
Brasil, o que delineou um novo contorno à supervisão na década de 1940. Esse 
período demarcou a criação e o desenvolvimento das grandes instituições 
assistenciais estatais [...] Foi o momento em que se ampliou o mercado de trabalho 
para a profissão [...] (LEWGOY, 2009, p. 71). 
 
Enquanto processo de formação, o estágio se propunha a atender a demanda de 
profissionais especializados, munidos de novos meios e formas de execução do trabalho, 
exigido pela ampliação do mercado de trabalho. Ao Serviço Social, a partir de então, é 
permitido romper ―[...] com suas origens confessionais e transformar-se numa atividade 
institucionalizada [...]‖ (SILVA, 1995 apud LEWGOY, 2009, p.71). Com a regulamentação 
do ensino em Serviço Social (1953), o estágio passou a exigir legislação específica, tendo em 
vista a garantia da qualidade na formação e a regulamentação da prática (BURIOLLA, 200). 
A primeira legislação específica do Serviço Social relacionada ao estágio foi a Lei N.º 
1.889/53, regulamentada pelo Decreto N.º 35.311/54 que dispõe sobre a normatização do 
ensino, organização dos cursos e oferta de componentes. Os cursos de Serviço Social, cuja 
duração era de três anos, deveriam organizar o ensino em três etapas: 1ª) parte teórica, 2ª) 
mediação entre a teoria e a prática; 3ª) preponderância da prática. Em 1957, regulamentou-se 
a profissão de assistente social, através da Lei N.º 3.252, a partir da qual se definem as 
atribuições do assistente social. No Art. 5º da Lei N.º 3.252/57, consta a supervisão de alunos 
em trabalhos teóricos e práticos do Serviço Social, garantindo que somente profissionais 
assistentes sociais desempenhem a função de supervisor (BURIOLLA, 2003). 
Na década de 1970, é regulamentado o Currículo Mínimo do Curso de Serviço Social, 
através da Resolução N.º 242/70 do Conselho Federal da Educação (CFE). No Art. 7º consta 
que à teoria do Serviço Social cabe proporcionar uma visão integrada com vistas à ação 
social, unindo a ordem teórica à ordem prática. No Art. 9º consta que os estágios práticos, 
base profissional do curso deveriam articular-se com os estudos teóricos (BURIOLLA, 2003). 
Na década seguinte, é regulamentado o Novo Currículo Mínimo do Curso de Serviço 
Social, através do Parecer N.º 412/1982 do Conselho Federal da Educação (CFE) homologado 
pela Resolução N.º 06/1982. O Art. 1º preconiza que o estágio supervisionado obrigatório 
com a duração de, no mínimo 10% de duração do curso. No Art. 2º, orienta a duração mínima 
do curso de 2.700 horas e do estágio de 270 horas. No mesmo período, com a regulamentação 
da Lei N.º 6.494, através do Decreto N.º 87.497/80, o estágio recebe maior preocupação e 
atenção, determinando-se que sejam realizados convênios e acordos entre asentidades de 
30 
 
 
 
ensino, e os campos de estágio, garantindo o cumprimento de um termo de compromisso 
(BURIOLLA, 2003). 
Em 1993, é aprovada a Lei N.º 8.662 de Regulamentação da Profissão e o novo Código 
de Ética Profissional dos/das Assistentes Sociais com a Resolução do Conselho Federal de 
Serviço Social (CFESS), Nº. 273. A supervisão de estágio emerge como atribuição privativa 
do assistente social, através do ―treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de 
Serviço Social‖ (BRASIL, 1993b, p. 02), sendo vedado: 
 
[...] d) Compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive nos casos de 
estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos profissionais; 
e) Permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço Social em Instituições 
Públicas ou Privadas que não tenham em seu quadro assistente social que realize 
acompanhamento direto ao aluno estagiário (BRASIL, 1993a, p. 05). 
 
 
Em 1996, no contexto de aprovação das Diretrizes Curriculares para os cursos de 
formação em Serviço Social pela Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) 
e pelo Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço Social (CEDEPSS), 
o estágio é definido como uma atividade curricular obrigatória, que se configura com a ―[...] 
inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do 
trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática‖ (CRESS, 2009, p. 56). Assim, 
a supervisão deve ser realizada pelo professor supervisor e o profissional do campo, através 
da ―[...] reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio, 
elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade de Campo de Estágio, tendo 
como referência o Código de Ética Profissional (1993)‖ (CRESS, 2009, p. 56). A partir da 
aprovação das Diretrizes Curriculares de 1996 ―[...] a supervisão passou a ter a visão de 
processualidade na formação do assistente social‖ (LEWGOY, 2009, p.89). 
No contexto geral, o estágio é regido pela denominada Lei dos Estágios N.º 11.788, que 
abrange todos os cursos e áreas do conhecimento, em nível federal, revogando as leis 
anteriores e dispondo sobre a definição, classificação e relação do estágio de estudantes. 
Nesse ínterim, o estágio é dividido em obrigatório – aquele definido como tal no projeto do 
curso –, e não obrigatório – desenvolvido como atividade opcional –, sendo considerado o 
―[...] ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à 
preparação para o trabalho produtivo de educandos [...]‖ (BRASIL, 2008, p. 1, Art. 1º). 
No âmbito da profissão, com base na Lei dos Estágios, a Resolução Nº. 533/2008 do 
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) regulamenta a supervisão direta de Estágio no 
31 
 
 
 
Serviço Social, que deve se estabelecer na relação entre a unidade acadêmica e a instituição 
que recebe o acadêmico. A supervisão direta de estágio em Serviço Social é prerrogativa de 
assistente social funcionário do quadro de recursos humanos da instituição campo de estágio, 
devendo ser realizado ―[...] na mesma instituição e no mesmo local onde o estagiário executa 
suas atividades de aprendizado, assegurando seu acompanhamento sistemático, contínuo e 
permanente, de forma a orientá-lo adequadamente‖ (CFESS, 2008, Art. 5º). 
O estágio pode ser desenvolvido em órgãos públicos e/ou privados, instituições de 
ensino, dentre outros. Na condição de atividade curricular-obrigatória pressupõe o 
acompanhamento e a orientação profissional, através do processo de supervisão acadêmica e 
de campo, configurando um dos princípios que fundamentam a formação profissional. Dessa 
forma, conforme Oliveira (2004, p. 10), o Estágio Supervisionado em Serviço Social adquire 
importância ímpar no processo de formação profissional, oportunizando ―[...] não somente 
aproximações no processo de capacitação teórico-metodológica para o exercício profissional, 
mas também o conhecimento das diferentes relações que compõem o complexo tecido social‖. 
Em 2010 foi aprovada a Política Nacional de Estágio (PNE), produto da discussão 
iniciada com o lançamento, em maio de 2009, do documento base
8
 que subsidiou um debate 
coletivo em todo o País. As propostas recebidas para a versão final foram discutidas em 
oficinas regionais de graduação da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço 
Social (ABEPSS, 2010). 
Em seu conteúdo constam: os princípios norteadores do estágio; as atribuições dos 
sujeitos e instâncias envolvidas; a construção de parâmetros quantitativos da relação 
professor/aluno na supervisão acadêmica do estágio supervisionado obrigatório; orientações 
quanto ao estágio não obrigatório; estratégias de operacionalização do estágio supervisionado, 
bem como, uma discussão sobre as tensões e desafios do estágio. Apresenta um caráter 
mobilizador na defesa do projeto de formação profissional como instrumento de luta contra a 
precarização do ensino superior, em um período em que tem crescido a demanda de 
articulação das entidades representativas da categoria em torno da garantia de um estágio 
qualificado (ABEPSS, 2010). Quanto à supervisão acadêmica e de campo, prevê: 
 
[...] A indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, em que o 
estágio, enquanto atividade didático pedagógica, pressupõe a supervisão acadêmica 
e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, acompanhamento e 
 
8
 Elaborado pelo Grupo de Trabalho (GT) da Política Nacional de Estágio (PNE) da Associação Brasileira de 
Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), instituído em sua primeira Reunião Ampliada da Diretoria 
eleita para a Gestão 2009-2010, nos dias 16 a 18 de março de 2009, no Rio de Janeiro (ABEPSS, 2010). 
32 
 
 
 
avaliação do processo de ensino-aprendizagem e do desempenho do(a) estudante, na 
perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, apreender 
criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social (ABEPSS, 2010, 
p. 13). 
 
Desse modo, a supervisão no ensino de Serviço Social envolve duas dimensões 
distintas, mas não excludentes de acompanhamento e orientação profissional: a supervisão 
acadêmica – prática docente sob a responsabilidade do professor supervisor no contexto do 
curso – e a supervisão de campo – diz respeito ao acompanhamento das atividades práticas do 
acadêmico pelo assistente social no campo de estágio. Segundo Buriolla (2003), a supervisão 
em Serviço Social é um dos componentes do exercício profissional. Trata-se de um processo 
educativo, de ensino-aprendizagem, que se relaciona ao conjunto de conhecimentos referentes 
à formação para o Serviço Social. 
Ao profissional assistente social, supervisor de campo no campo de estágio é conferida 
a responsabilidade pelo ―ensino da prática‖ (OLIVEIRA, 2004, p.13). Ao professor, 
supervisor acadêmico e/ou responsável pelo componente curricular de Estágio Supervisionado 
em Serviço Social no âmbito da instituição de ensino, incumbe articular os conhecimentos 
teóricos à prática profissional vivenciada no estágio. 
 
A supervisão de estágio, na conjuntura atual acadêmica, busca legitimar a interação 
entre os sujeitos assistentes sociais de campo, alunos estagiários e supervisor 
acadêmico, intrinsecamente envolvidos num projeto coletivo e interdisciplinar e que 
compõem, assim, uma tríade representativa do universo da instituição à qual 
pertencem. Nessa ótica, a supervisão caracteriza-se como espaço, por excelência, de 
intermediação entre os centros de formação e as organizações que oferecem campos 
de aprendizagem, intrinsecamente envolvida como elemento constitutivo e 
constituinte desse processo (LEWGOY, 2009, p. 08). 
 
Na supervisão, materializa-se o momento de articulação entre a instituição de ensino e o 
campo de estágio. O supervisor acadêmicoe o supervisor de campo devem ter uma ação 
integrada, a partir da qual possam discutir as diretrizes e o percurso metodológico que 
orientam o processo de ensino, objetivando a qualificação profissional do aluno-estagiário. 
Supervisor de campo, acadêmico e estagiário compõem a denominada tríade do processo de 
estágio (LEWGOY, 2009). O assistente social supervisor, tanto acadêmico como de campo, 
tem um papel fundamental na garantia de um estágio que imprima confiança e maturidade ao 
estagiário, contribuindo para a formação profissional do futuro assistente social. 
O ensino-aprendizagem ocorre ao longo do processo de estágio através da troca entre 
estagiário e supervisor, sendo o processo de supervisão ―[...] não como algo predeterminado e 
inalterado, mas como dinâmico, como lugar e tempo de concretização do ensino-
33 
 
 
 
aprendizagem‖ (LEWGOY; SCAVONI, 2002, p.4). É nesse prisma de entrega incondicional à 
vivência da realidade, incorporação das finalidades, dedicação de estagiários e supervisores e 
compromisso das instituições de ensino e campo que o estágio se torna um diferencial no 
processo de formação profissional. 
No curso de graduação em Serviço Social do Departamento de Ciências Jurídicas e 
Sociais (DCJS) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
(UNIJUÍ), o processo de estágio está organizado em três componentes curriculares que unem 
teoria e prática, intitulados de: Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, 
respectivamente. De acordo com o Regimento de Estágio Supervisionado em Serviço Social, 
o componente curricular de estágio atende às condicionalidades: 
 
Art. 5º. O Estágio Supervisionado compreende a realização de 525 horas de 
atividades, subdivididas em três componentes curriculares, ofertados em três 
semestres letivos subseqüentes, conforme PPC [Projeto Político-Pedagógico] [...]. 
§ 2º. Cada componente curricular prevê a realização de 175 horas, sendo 75 horas de 
atividade teórica, em sala de aula, e 100 horas de atividade prática, em campo de 
estágio. 
Art. 6º. Para matricular-se no componente curricular de Estágio Supervisionado em 
Serviço Social I e iniciar a realização do Estágio Supervisionado do Curso de 
Graduação em Serviço Social o(a) acadêmico(a) deve ter integralizado uma carga 
horária mínima de 945 horas/aula (UNIJUÍ, 2011, p. 39). 
 
Essa proposta está de acordo com as Diretrizes Curriculares de 1996 para os cursos de 
formação em Serviço Social (ABESS/CEDEPSS, 1997), em nível nacional. O curso de 
graduação em Serviço Social da UNIJUÍ prevê a realização de 100 horas práticas no campo 
de estágio sob a supervisão direta de um profissional assistente social do quadro de recursos 
humanos da instituição campo de estágio e 75 horas teóricas sob a supervisão acadêmica de 
um profissional assistente social, docente da Unidade de Formação Acadêmica (UFA), para 
cada um dos três componentes curriculares. Anteriormente ao ingresso no campo de estágio, 
faz-se necessário, uma articulação do conhecimento através do conjunto de componentes 
curriculares. Os componentes curriculares vêm ao encontro do objetivo da formação teórica 
para apreensão do conjunto de características da profissão, para então, concretizá-las através 
da prática, no estágio curricular supervisionado (CRESS, 2009). 
No Estágio Supervisionado em Serviço Social I ocorre a inserção do estagiário no 
espaço sócio-ocupacional do assistente social, a realização do reconhecimento institucional, a 
identificação das demandas e dos usuários e a operacionalização do instrumental do Serviço 
Social. O processo é centrado na observação da ação profissional realizada pelo assistente 
social supervisor de campo, com supervisão de campo e acadêmica (UNIJUÍ, 2011). 
34 
 
 
 
O Estágio Supervisionado em Serviço Social II prevê a apreensão, a reflexão e a 
operacionalização dos elementos constitutivos dos processos de trabalho nos quais se inscreve 
o assistente social, demanda atitude investigativa, propositiva e criativa, construção do objeto, 
análise e reflexão do contexto social relacionando-o com a realidade local-regional. Nesse 
contexto, ocorre também a elaboração do projeto de intervenção, onde são definidas as ações, 
metodologia, metas, bem como, o cronograma, avaliação, objetivos e justificativa, que são 
orientadores da ação no Estágio Supervisionado em Serviço Social III (UNIJUÍ, 2011). 
No Estágio Supervisionado em Serviço Social III se efetiva o exercício da prática 
profissional propriamente dito, lançando-se mão dos conhecimentos construídos até então, por 
meio da articulação teoria-prática (UNIJUÍ, 2011). Assim, o estagiário não apenas observa, 
mas, realiza intervenções contemplando a execução, o monitoramento e a avaliação do projeto 
de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social construído no estágio anterior, 
com supervisão de campo e acadêmica e maior autonomia. 
O projeto de intervenção de Estágio Supervisionado em Serviço Social é a primeira 
ação profissional com a ―identidade‖ do acadêmico, pois a proposição parte da necessidade 
identificada junto ao campo de estágio, após a realização do reconhecimento institucional. 
Bianchi (2002) define que o projeto consiste no caminho prévio de desenvolvimento das 
atividades, de forma clara, detalhada e rigorosa, e que tem por finalidade guiar os passos do 
aluno e demonstrar em linhas gerais o que se pretende fazer. Nesse momento, o acadêmico 
dispõe de autonomia para escolher o tema e elaborar a proposta de intervenção, com o auxílio 
dos supervisores de campo e acadêmico, o que não vai ocorrer no exercício profissional. Os 
projetos de intervenção são cruciais no estágio, ―divisores de águas‖ entre a formação 
profissional e a ação profissional. Por isso, deve-se dar atenção aos projetos de intervenção no 
estágio, desde sua elaboração e execução, até chegar a sua avaliação final (SILVA, 2008). 
Portanto, o Estágio Supervisionado em Serviço Social exerce um papel fundamental no 
processo de formação profissional do estagiário, pois lhe proporciona o contato direto com o 
exercício profissional, com a natureza interventiva do assistente social, e, consequentemente, 
permite a apropriação da profissão. O desafio do Estágio Supervisionado em Serviço Social é 
centrar-se na compreensão dos elementos históricos e conceituais apreendidos no curso de 
Serviço Social, buscando respostas profissionais a situações reais cotidianas, na tentativa de 
compreendê-las em suas múltiplas determinações e na realidade político-institucional, sugerir 
criativamente possíveis formas de enfrentamento no âmbito profissional (OLIVEIRA, 2004). 
 
35 
 
 
 
2.2 O PROJETO DE INTERVENÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO 
SOCIAL 
 
Contemplando a proposta do curso de graduação em Serviço Social do Departamento de 
Ciências Jurídicas e Sociais (DCJS) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio 
Grande do Sul (UNIJUÍ), conforme explicitado anteriormente, foram realizados os três níveis 
de estágio na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Panambi/RS. No 
Estágio Supervisionado em Serviço Social II, realizado no período de agosto a novembro de 
2013, elaborou-se o projeto de intervenção operacionalizado no Estágio Supervisionado em 
Serviço Social III, no período de março a junho de 2013. Segundo a ABEPSS (2001) o 
projeto de intervenção pode ser considerado como um trabalho de síntese entre conhecimento 
e ação, voltada para o enfrentamento de questões que requerem respostas técnicas e políticas, 
guiadas por uma ―ética de emancipação humana‖. 
Dentre as ações desenvolvidas pela APAE de Panambi/RS, na área da saúde, situa-se na 
Clínica Interdisciplinar de Saúde o projeto ―Clínica Precoce: brincar enquanto o futuro não 
vem‖, em cujo contexto inseriu-se o projeto de intervenção. As oficinas do projeto 
institucional ―Clínica Precoce: brincar enquanto o

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