Buscar

3-DUPLICATA (1)

Prévia do material em texto

DIREITO EMPRESARIAL III
PROFESSORA: SARAH JAMEL MATRAK 
DUPLICATA – Lei 5.474/68
1. CONCEITO
	
“Duplicata é um título que é emitido pelo credor, declarando existir a seu favor um crédito de determinado valor em moeda corrente, fruto, obrigatoriamente de um negócio empresarial de compra e venda de mercadorias ou de prestação de serviços, cujo pagamento é devido em determinada data”.
“Duplicata é um título de crédito à ordem extraído pelo vendedor ou prestador de serviço, que visa à documentar o saque fundado sobre crédito decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, que tem como pressuposto a extração de uma fatura.”
Duplicata Mercantil, de acordo com as preleções de Rubens Requião (2008, p.565): “é um título de crédito formal, circulante por meio de endosso, constituindo um saque fundado sobre crédito proveniente de contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços, assimilado aos títulos cambiários por força de lei”.
Trata-se de um título com modelo oficial aprovado pelo Conselho Monetário Nacional, segundo a Resolução nº 102/68 do Bacen.
A duplicata é uma ordem de pagamento, desta feita terá a figura do SACADOR, que é aquele que dá a ordem, tem a figura do SACADO, que é aquele que recebe a ordem e a figura do TOMADOR BENEFICIÁRIO que é o “primeiro credor” dessa duplicata. 
A duplicata tem que ser analisada com esse dado importantíssimo: a duplicata É UM TÍTULO CAUSAL. E por que é um título causal? Porque só pode ser emitida mediante ocorrência de uma dessas causas: compra e venda mercantil ou então uma prestação de serviços.
	Para entender mais sobre as figuras do sacador, sacado e tomador vamos à um exemplo:
 José tem uma empresa que vende aço e Laura tem uma empresa que faz elevadores e comprou 1 tonelada de aço da empresa de José. Em todo contrato de compra e venda ou de prestação de serviço, é necessária a emissão de uma fatura, que é obrigatória. Mas a emissão de duplicata não é obrigatória. Isso e pergunta de prova. Emissão de duplicata não é obrigatória. O empresário emite duplicata se ele quiser. 
A fatura TEM QUE SER EMITIDA e esta corresponde à um crédito referente a essa compra e venda que foi realizada. Desse crédito decorrente da fatura, nós podemos extrair uma duplicata que pode corresponder a esse crédito relacionado na fatura.
CONCEITO DE FATURA: 
Fatura é palavra que provém de fazer, indica, portanto, um apanhado do que foi feito: aquilo que, uma vez contratado, foi realizado pelo empresário, seja por entrega de mercadorias, seja por prestação de serviços, ou combinação de ambos elementos.
É o documento representativo do contrato de compra e venda mercantil, de emissão obrigatória pelo empresário, por ocasião da venda de produto ou de serviço, descrevendo o objeto do fornecimento, quantidade, qualidade e preço além de outras circunstâncias de acordo com os usos da praça.
Segundo José Xavier Carvalho de Mendonça fatura: “é escrita unilateral do vendedor e acompanha as mercadorias, objeto do contrato, ao serem entregues ou expedidas. Ela não é mais do que a nota descritiva dessas mercadorias, com indicação da qualidade, quantidade, preço e outras circunstâncias de acordo com os usos da praça. Não é título representativo da praça”.
Já segundo as preleções de Gladston Mamede (2006, p.303-4), é: “uma relação escrita do que se entregou ou fez e o valor correspondente, que deverá ser pago pelo comprador ou por quem se beneficiou do serviço prestado. Uma conta que se assina, reconhecendo a existência do negócio e, se não há o respectivo pagamento, do crédito correspondente”.
A fatura caracteriza-se como um documento pertencente ao contrato de compra e venda. Em consonância com Rubens Requião (2008, p.564): “O vendedor extrairá a respectiva fatura para a apresentação ao comprador, em todo o contrato de compra e venda mercantil que for efetuado entre partes no território nacional, com prazo não inferior de trinta dias, contados da data da entrega ou despacho das mercadorias”.
Esse prazo de 30 dias qualifica-se como sendo uma venda a prazo, posto que menos do que este tempo determinado considera-se como sendo uma venda à vista.
NOTA FISCAL x FATURA: É o documento que resultou do convênio firmado, em 1970, entre o Ministério da Fazenda e as Secretarias de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, pelo qual a nota fiscal passa a funcionar, também, como fatura comercial contendo as informações necessárias às finalidades tributárias.
Desta forma, distingue-se da chamada nota fiscal, no qual representa simplesmente a ocorrência de uma venda, salvo no caso de haver a inserção, na mesma, de elementos essenciais de uma fatura, passando-se a ser denominada de nota fiscal-fatura. Na ocorrência de NF-fatura, é imprescindível a sua emissão em todas as operações realizadas, mesmo nos casos de venda não a prazo.
Nas palavras de Fábio Ulhoa Coelho (2007, p.286): “O comerciante que adota este sistema pode emitir uma única relação de mercadorias vendidas, em cada operação que realizar, produzindo, para o direito comercial, os efeitos da fatura mercantil e, para o direito tributário, os da nota fiscal”.
A DUPLICATA é emitida para que o credor possa cobrar esse crédito decorrente da fatura. Uma das formas que existe para se cobrar esse crédito relacionado na fatura é emitindo uma duplicata. 
O caput do art. 2º diz que: “... no ato de emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata...”. Não implica que a mesma deva ser emitida concomitantemente à fatura, a data da fatura é apenas o limite temporal mínimo de emissão da duplicata, ou seja, essa só não pode ser emitida com data anterior à fatura.
Quando você emite a duplicata (que não é obrigatória, repito, SALVO SE O COMERCIANTE OPERA POR MEIO DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA), você pode cobrar a fatura por meio dela, porque ela é a representação do crédito e pode ser utilizada para executar o crédito caso não ocorra o adimplemento voluntário da mesma, garante a possibilidade de circulação do crédito e a dívida pode ser objeto do protesto.
Analise a seguinte situação: alguém vai ter que dar a ordem. E quem é esse alguém? É o vendedor. Ele vendeu a mercadoria e agora quer receber o valor da fatura. Então, ele vai dar uma ordem para o comprador pagar para quem, se foi ele que entregou a mercadoria? Para ele, vendedor, receber. O sacador da ordem (vendedor) deu uma ordem para aquele que comprou a mercadoria pagar determinada quantia, num determinado dia, para ele mesmo, vendedor.
	E se fosse prestação de serviço? Eu dou uma ordem para quem recebeu a prestação do serviço efetuar o pagamento para mim, que sou o prestador de serviço.
Exige-se que a fatura discrimine a natureza dos serviços prestados, bem como o respectivo valor, visto que a soma da duplicata corresponderá aos serviços prestados.
Os profissionais liberais, pela natureza das atividades, não são considerados empresários, por isso não emitem duplicatas, como foi permitido às sociedades, não comerciais de que trata o art. 20. 
O art. 22: equipara àquelas entidades, os profissionais liberais e as pessoas que prestem serviços de caráter eventual... a Lei não lhes faculta a possibilidade de emitir duplicatas, mas simplesmente de extraindo faturas dos serviços prestados, fazer com que essa fatura tenha valor jurídico semelhante ao da duplicata, desde que seja Registrada no Cartório de Títulos e Documentos, que se não paga autoriza protesto e execução.
 Quer dizer que o sacador só pode ser o vendedor ou o prestador do serviço? Pergunta de concurso: o sacador de uma duplicata sempre será o vendedor ou o prestador do serviço? Exatamente! Sempre! Sempre, porque a duplicata só pode ser emitida mediante uma compra e venda mercantil ou uma prestação de serviço.
Exceção: Se a venda foi contratada por um consignatário ou comissário e faturada em nome do consignante ou comitente, a emissão se faz no nome do último. Art. 4º Lei de Duplicatas (regra geral). Se foi vendida por conta do consignatário, a emissão da fatura e da duplicata faz em seu nome, estando obrigado,por força do art. 5º, a comunicar a venda ao consignante. Recebida a comunicação do consignante expedirá fatura e duplicata correspondente a venda e essa será assinada pelo consignatário.
2. REQUISITOS DE EMISSÃO DA DUPLICATA
Os requisitos estão previstos na Lei 5.474/68 (art. 2o) e a mesma Lei no art. 27 atribuiu poder e competência ao Conselho Monetário Nacional (CMN), por proposta do Ministério da Indústria e do Comércio baixar normas para padronização formal dos títulos e documentos referidos pelo legislador. Deu-se base jurídica para edição da Resolução nº 102/68 do Banco Central do Brasil estabelecendo os modelos.
a) Nome duplicata; 
b) Data de Emissão;
c) Número de Ordem, o que obriga a ter um Registro de Duplicatas. O livro de duplicatas não é livro obrigatório, desde que a empresa não emita duplicatas. A Lei 5.474/68 permite que o livro seja substituído por qualquer sistema mecanizado. Art. 19 da Lei de Duplicatas harmoniza-se com o art. 1.179 CC e art. 1.180 CC. A falsificação do Livro de Duplicatas é punido com detenção de 2 a 4 anos e multa, por força do art. 172, parágrafo único do CP.
d) Número da Fatura:
A duplicata representa o crédito relacionado em uma fatura. Magistratura? PR, MG já fez a seguinte pergunta: você pode colocar numa duplicata uma ordem para pagar duas ou mais faturas ou a duplicata só pode representar uma única fatura? Vamos o art. 2º, § 2º, da Lei 5474/68:
	§ 2º Uma só duplicata não pode corresponder a mais de uma fatura.
	Então, a duplicata só pode representar uma única fatura. Ela está sempre representando uma única compra e venda, uma única prestação de serviço. Isso cai em prova! Mas eu posso ter uma fatura que tenha várias duplicatas? Como assim? Vamos imaginar uma compra e venda no valor de 100 mil reais. Aí eu emitir uma fatura dessa compra e venda. Será que eu posso emitir mais de uma duplicata? Vamos supor que eu tenha dividido esse valor em 4 vezes, em 4 parcelas de 25 mil reais. Eu posso emitir 4 duplicatas, cada uma com um vencimento diferente. Uma fatura pode ter várias duplicatas, mas uma duplicata não pode representar várias faturas. Cuidado com isso, que é pegadinha de concurso, para você não errar a questão.
e) Vencimento: 
A duplicata, ou é a à VISTA OU COM DATA CERTA. Significa que, com relação ao vencimento não pode ser a certo termo de vista ou a certo termo de data. A Lei é clara ao estabelecer data certa e não contempla a hipótese de prazo certo, se a data não corresponde ao ajustado a duplicata pode ser recusada pelo devedor.
f) Qualificação do Vendedor e do Comprador e Lugar de Pagamento:
A indicação precisa do nome do sacador e sacado (nome, CPF e CNPJ, Inscrição Estadual...) é requisito indispensável para a validade do título, o que não ocorre com o endereço, só dificulta, não desqualifica.
g) Importância à pagar: 
Por disposição do art. 3º Caput, pode haver desconto sobre o valor a pagar, que não se confunde com desconto da compra. Parcelamento pode constar em uma única duplicata ou em várias.
h) Praça do Pagamento: 
Via de regra domicílio do devedor, nada impede que seja modificado. Se foi remetido para cobrança bancária, pode ser pago de acordo com as indicações do boleto.
i) Clausula à ordem: A Lei 5474/68 NÃO CONTEMPLA A POSSIBILIDADE de inserção de CLÁUSULA NÃO À ORDEM.
j) Assinatura do emitente: Pode ser assinada pelo emitente ou por representante legal, desde que tenha poderes específicos para assinar.
 
Sob pena de não-reconhecimento, no caso de saque de duplicata, é imprescindível o acato destas regras. Segundo averba Requião (2008, p.583): “A duplicata que não seguir o padrão oficial não será duplicata, não podendo ser operada em negócios de crédito com instituições financeiras. Não são documentos nulos, porém perdem as prerrogativas legais de título de crédito, passando a ser simples papel de uma obrigação comercial, regida pelo direito comum”. 
2.1 ACEITE E RECUSA	
Nós temos, na duplicata, a figura do sacador, do sacado e do tomador beneficiário. Quando analisamos Letra de Câmbio vimos que se o sacado concordar com a ordem do pagamento, ele vai dar um ato chamado de aceite. Até dei o exemplo do Renato que deu o aceite e se tornou o devedor principal. Então, o sacado, quando concorda com essa ordem de pagamento, dá um ato cambiário chamado de aceite. E qual é a dúvida? E o mais importante sobre duplicata vem agora: na Letra de Câmbio, vimos que o aceite é facultativo. O sacado não está obrigado a dar o aceite. E na duplicata? Será que é obrigatório? Na letra de câmbio, eu disse que o sacador dá uma ordem para o sacado. Se o sacado recusar o aceite, vimos que temos que ignorar o sacado e que um dos efeitos dessa recusa é tornar o sacador o devedor. Se o sacado dá o aceite, ele é o devedor principal, mas se ele recusa o aceite, temos que ignorá-lo (é como se ele não existisse), ele não tem obrigação cambiária nenhuma em quem vai ser responsabilizado é o sacador.
	Isso é possível na duplicata? Utilizando o mesmo mecanismo da Letra de Câmbio para a duplicata teríamos a seguinte situação: o sacado recusa o aceite e o sacador vai ser o devedor? Mas quem é o sacador? É o vendedor que entrega uma mercadoria ou prestador de serviços que entrega o “serviço” e, assim, caso o sacado não aceite, o sacador ( vendedor ou prestador de serviços) torna-se devedor dele mesmo? Não é possível! Por isso que na duplicata, eu quero que você anote em letras garrafais: O ACEITE É OBRIGATÓRIO NA DUPLICATA. Na letra de cambio, ele é facultativo. Na duplicata é obrigatório. Não dá para não saber isso!
	Então, quer dizer que o sacado que é aquele que comprou a mercadoria ou recebeu a prestação do serviço está obrigado a dar o aceite. Há alguma situação em que ele pode se recusar?
Hipóteses legais de recusa do aceite:
	São hipóteses exemplificativas (para alguns doutrinadores seria taxativa).
Se não estiver presente uma dessas hipóteses o sacado TEM QUE DAR ACEITE E NÃO PODE RECUSAR. São três hipóteses previstas nos arts. 8.º e 21, da Lei de Duplicata: 
	a)	Em caso de avaria/não recebimento da mercadoria/não prestação dos serviços, desde que sua expedição e transporte não estivessem sobre a responsabilidade do comprador
	b)	Em caso de vício/defeito de quantidade ou qualidade do produto ou serviço.
	c)	Divergências quanto a prazo, preço e condições de pagamento.
	Nessas três hipóteses, o sacado pode não dar o aceite, mas tem que justificar: “não dou o aceite em razão da divergência de valores”. “Não dou o aceite porque há diferença na quantidade”. “Não dou o aceite porque não concordo com o prazo.” Não basta não dar o aceite. Ele tem que motivar a recusa do aceite.
	Como funciona a duplicata? Se você tem uma compra e venda ou prestação de serviço, a lei exige que você emita uma fatura da qual poderá ser extraída uma duplicata. Se isso acontecer, quando a duplicata for emitida, preenchida, criada, o que vai acontecer? Eu criei o título. Fiz a duplicata no computador e tudo o mais. Está pronto. 
2.2 REMESSA E DEVOLUÇÃO
Depois da criação da duplicata, a lei diz que eu tenho 30 dias para fazer a remessa dessa duplicata para o sacado. E quem é ele? Aquele que comprou a mercadoria ou recebeu a prestação do serviço. Então, emitiu a duplicata, eu tenho 30 dias para fazer a remessa. O sacado, a princípio, tem que concordar com o aceite, mas poderá fazer a recusa do aceite, desde que motive a recusa na forma do que você anotou. O sacado tem dez dias para devolver a duplicata para o sacador.
	“Após a emissão da duplicata, o sacador terá prazo de 30 dias para fazer a remessa dessa duplicata ao sacado, salvo se feita por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou correspondentes, em que o prazo será de 10 dias. O sacado, ao receber a duplicata, terá prazo de 10 dias para dar o aceite ou recusá-lo de forma motivada, e devolver a duplicata ao sacador.”
	Então, em dez dias ele tem que dar ou recusar o aceite e devolver a duplicata ao sacador. Por que essa informação é importante? Porque nós temos três modalidades de protestona duplicata e sabendo isso, fica fácil de lembrar na hora da prova. 
2.3 ENDOSSO E AVAL
Tudo o que vimos sobre o endosso e sobre o aval também ser aplica para duplicata. Tudo o que vimos: endosso parcial nulo, endosso em preto, em branco, endosso póstumo, etc. Tudo o que se aplica ao endosso na Letra de Câmbio, também se aplica à duplicata. 
E o aval, é mesma coisa? Não. Praticamente tudo o que vimos sobre aval, endosso, se aplica também para a duplicata, com a EXCEÇÃO QUE NÃO SE ADMITE AVAL PARCIAL NA DUPLICATA, estando em acordo com o art.897CC. E o art. 12 cria uma situação especial, que não havendo indicação do avalizado subentende-se como sendo a favor daquele cuja firma o avalista lança assinatura, se ninguém, regra geral que estaria avalizando o sacado.
2.4 REFORMA E PRORROGAÇÃO:
A reforma da duplicata é faculdade do credor, que pode prorrogar o prazo do vencimento.
3. TRIPLICATA
Uma questão interessante sobre a duplicata é a seguinte: muita gente não sabe o que é uma triplicata. A triplicata é a segunda via da duplicata. Só que o que temos que saber? Art. 23, da Lei de Duplicata, diz o quê? Que eu só posso emitir triplicata nas hipóteses definidas na lei:
		Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela.
	Então, só tem extração de triplicata em caso de perda ou extravio. Só nesses dois casos é que a lei permite a emissão da segunda via da duplicata que se chama de triplicata.
4. ADIMPLEMENTO: 
Deve ser realizado no dia do vencimento ou caso queiram antecipadamente. O pagamento parcial é um direito do devedor, art. 902, parágrafo 1º do CC.
5. PROTESTO E AÇÃO DE COBRANÇA
A duplicata poderá ser protestada por falta de aceite, por falta de devolução e por falta de pagamento. O prazo para protesto é de 30 dias a contar da data do vencimento. O protesto pode ocorrer mediante a prova de Remessa ou Entrega de mercadoria. Essa forma de protesto supre a falta de aceite, podendo servir de subsídio para fundamentar a ação de execução, pois é sabido que, de acordo com a Lei 5.474/68, a duplicata é Título Executivo Extrajudicial.
Modalidades de protesto na duplicata:
1. Protesto por falta de aceite
2. Protesto por falta de devolução
3. Protesto por falta de pagamento
1º Caso: Depois que a duplicata foi emitida, o prazo para fazer remessa ao sacado é de 30 dias e se foi emitida por instituição financeira, o prazo será de 10 dias. Ao receber a duplicata, o sacado é obrigado a dar o aceite, se não for à vista, no prazo de 10 dias. Se o sacado recusa a dar aceite terá que motivar. Só que você fez a remessa no prazo de 30 dias, o sacado não deu o aceite, devolveu a duplicata e não disse por que não deu o aceite. O que eu faço? Protesto por falta de aceite. Ele tinha que dar o aceite ou recusar motivadamente. Não fez nem um e nem outro, então, eu protesto por falta de aceite.
2ª Caso: O sacado recebe a duplicata e tem que devolver em dez dias. Passado o prazo da duplicata sem devolução, o que eu faço? Protesto por falta de devolução. 
Em determinados casos, o sacado por usar seu direito de RETENÇÃO da duplicata.
O direito de retenção permite ao sacado reter a duplicata até a data do vencimento do título desde que haja concordância expressa do sacador (= vendedor) e da instituição financeira, devendo o sacado comunicar por escrito que a aceitou e que irá retê-la.
Caso na data do vencimento o sacado não pagar a importância devida, poderá o sacador promover a ação executiva ou protestar o título, fundado na comunicação do sacado que aceitou o título e irá retê-lo. Esta comunicação substitui a duplicata retida, para essas finalidades.
3º Caso: Quantos dias eu tenho para fazer a remessa? 30 se emitida pelo empresário e 10 se emitida pela instituição financeira. E para o sacado devolver? 10. Ele devolve com o aceite, mas não faz o pagamento na data do pagamento. Aí eu protesto por falta de pagamento.
	Então, são três modalidades de protesto na duplicata previstas no art. 13, da Lei de Duplicata.
	Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite, de devolução ou de pagamento. 
	
	Só que quando uma duplicata não teve o seu pagamento, nós podemos ajuizar ação de execução. Para receber uma duplicata não paga dentro do prazo prescricional, tem ajuizar uma ação de execução. O que o examinador pergunta em prova? Se é possível a execução de duplicata sem aceite. É possível executar uma duplicata que não teve aceite? E a resposta é dada pela própria Lei de Duplicata, no art. 15, II. Eu posso, sim, só que preciso preencher os requisitos da lei. E quais são eles?
· 1º Requisito:	Tem que ter protesto – Duplicata sem aceite, eu só posso executar se tem protesto
· 2º Requisito :	Tem que ter comprovante da entrega da mercadoria ou da prestação de serviços.
	Tem que ter um comprovante que a mercadoria foi entregue ou que o serviço foi prestado. A pegadinha está no examinador, na hora da prova perguntar: “para a execução de uma duplicata sem aceite é necessário:” E traz na alternativa: “Protesto e contrato de compra e venda ou contrato de prestação de serviço.” Contrato comprova entrega de mercadoria ou que o serviço foi prestado? Não! Para executar uma duplicata você não precisa de contrato. O que você precisa, se ela não tem aceite é o comprovante apenas de que a mercadoria foi entregue ou de que o serviço foi prestado. Não há necessidade de contrato. É só o protesto e comprovante. Aquele canhotinho que você assina quando a mercadoria é entregue é o conhecimento de transporte, o conhecimento de frete. Aquele conhecimento de transporte comprova que a mercadoria foi entregue.
	Agora, no tocante à prestação do serviço é complicado porque eu tenho que fazer outro tipo de prova. Vai depender da questão. Imagina uma universidade que quer executar uma duplicata, vai ter que comprovar que o aluno estava presente na sala, que fez prova. O cara é fotógrafo e tem todas as fotos do aniversário. Aquilo é o comprovante de que o serviço foi prestado. Então, você precisa de comprovante e protesto.
A ação fundada na duplicata é a Ação de Execução, conforme o disposto no art. 784, I do Novo CPC.
		Art. 15. A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil ,quando se tratar: 
		I - de duplicata ou triplicata aceita, protestada ou não;
		II - de duplicata ou triplicata não aceita, contanto que, cumulativamente:
		a) haja sido protestada;
		b) esteja acompanhada de documento hábil comprobatório da entrega e recebimento da mercadoria;
		c) o sacado não tenha, comprovadamente, recusado o aceite, no prazo, nas condições e pelos motivos previstos nos artigos 7º e 8º desta Lei.
6. PRESCRIÇÃO
O prazo de prescrição da ação de cobrança da duplicata é de:
· 3 anos - contra o sacado e respectivos avalistas, contados da data do vencimento do título;
· 1 ano - contra endossante e seus avalistas, contado da data do protesto;
· 1 ano, de qualquer dos coobrigados, contra os demais exercendo o direito de regresso, contado da data em que haja sido efetuado o pagamento do título.
7. DUPLICATA SIMULADA
É aquela expedida e/ou aceita sem que, efetivamente, tenha correspondência à uma mercadoria vendida em quantidade ou qualidade ou a um serviço prestado.
CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA DA EXPEDIÇÃO OU DA ACEITAÇÃO DA DUPLICATA SIMULADA: aquele que expedir ou aceitar duplicata simulada, bem como o que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas, incorrerá no crime de emissão de duplicata simulada, delito tipificado no art. 172 do Código Penal.
Protesto de Duplicata Simulada: Essencialmente, a duplicata simulada é a representação de um ato nulo, seja por ter objeto ilícito (art. 166, II CC), seja por ter por objetivo fraudar a lei imperativa (art. 166, VI CC) seja porque a lei o define como ato ilícito (art. 166, VII CC). E o que é nulo não geraefeitos. Temos aqui um problema, a Lei de Duplicatas art. 13 parágrafo 4º exige o protesto do título para que o endossatário possa voltar-se contra o endossante. A nossa legislação não se preparou para a duplicata fria, além da tipificação, é preciso alterar os art.13 e 14 para tornar dispensável o protesto para o exercício do direito de regresso. Consolidada está a Responsabilidade do Emitente e Endossatário quando for endosso translatício, afastando no caso de endosso mandato. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 833.814/SP:
 “Procedendo o Banco Réu o protesto da duplicata, mediante endosso translativo, torna-se responsável pelo ato ilícito causador do dano, assumindo o risco negocial. O Banco não atuou como mandatário, pois não recebeu a duplicata pura e simplesmente para a cobrança, mas sim fez uma operação de desconto, o pagamento ao sacador foi feito antecipadamente ao endossatário que recebeu o título para cobrá-lo em interesse próprio”.
10

Continue navegando