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APOSTILA 3 Direito Processual do Trabalho

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FACULDADE DE DIREITO MAUÁ 
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO I 
Professor: Paulo Roberto 
APOSTILA 3 
 
 
 1.ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 1.1.INTRODUÇÃO 
 1.2.VARAS DO TRABALHO 
 1.2.1.Garantias do juiz 
 1.2.2.Formação técnica e jurídica do juiz 
 1.3.TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 
 1.4.TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 
 1.5.ÓRGÃOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 1.5.1.Secretaria 
 1.5.2.Oficiais de justiça 
 1.5.3.Distribuidor 
 1.5.4.Contadoria 
 
1.1.INTRODUÇÃO 
 A justiça do Trabalho foi instalada em 1º de maio de 1941, quando entrou 
em funcionamento. 
 A partir da Constituição de 1946, pode-se efetivamente falar na inclusão 
da Justiça do Trabalho como órgão do Poder Judiciário. 
 A organização da Justiça do Trabalho apresenta aspectos comuns e 
peculiares em relação aos demais tribunais do Poder Judiciário. 
 Os aspectos comuns são os de que os tribunais trabalhistas são 
espalhados pelo Brasil todo. Algumas regiões têm até dois tribunais, como 
ocorre com o Estado de São Paulo, com a 2ª região e a 15ª Região (Campinas). 
Os tribunais trabalhistas também são superpostos, havendo uma pluralidade de 
graus de jurisdição. Seus juízes são dotados de garantias, visando a 
independência de seus pronunciamentos. Os tribunais trabalhistas são regidos 
por seus regimentos internos, assim como ocorre em relação aos demais 
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tribunais integrantes do Poder Judiciário. Na primeira instância, há um juízo 
monocrático e não um colegiado. 
 Como aspectos peculiares da Justiça do Trabalho, temos os seguintes: 
a) Dá efetividade ao Direito do Trabalho; 
b) Não há divisão em entrâncias nas Varas; 
c) Na primeira instância não existem órgãos ou Varas especializadas, 
como ocorre na Justiça Comum. Nesta existem Varas especializadas 
em questões de família, causas criminais, falências, fazenda pública, 
etc. Todas as Varas de trabalho julgam as mesmas matérias. 
d) Os tribunais têm sido criados por regiões e não por Estados; 
 
1.2.VARAS DO TRABALHO 
 A Emenda Constitucional nº 24/99 extinguiu a representação classista, 
transformando as Juntas de Conciliação e Julgamento em Varas. 
 Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular (ar. 
116 da constituição). É o juízo monocrático. 
 Os juízes do trabalho ingressam na magistratura do trabalho como juízes 
substitutos. 
 O candidato deve ser bacharel em Direito. Deve ter, no mínimo, três anos 
de atividade jurídica (art. 93, I, da Constituição). Não está escrito três anos de 
atividade jurídica depois da obtenção do título de bacharel em Direito. Não faz 
referência a três anos de exercício da advocacia. Como se fala em atividade 
jurídica, a comprovação de estágio, ou de trabalho em atividades forenses, como 
por exemplo como funcionário público, faz com que o candidato atenda o 
requisito constitucional. O STF entende que os três anos são contados do 
término do curso de graduação e não da colação de grau. 
 Tem-se entendido que não há mais a exigência de idade mínima para 
inscrição ao concurso de juiz do trabalho, apenas a idade máxima não poderá 
ser superior a 65 anos. 
 A nomeação e a posse do juiz substituto serão feitas pelo presidente do 
TRT. O critério objetivo de promoção é a antiguidade. 
 A aferição do merecimento é feita pelo desempenho e pelos critérios 
objetivos de produtividade e da presteza no exercício da jurisdição e pela 
frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de 
aperfeiçoamento. Uma forma de aferir o aperfeiçoamento dos magistrados é o 
fato de terem concluído especialização, mestrado ou doutorado, com 
apresentação de dissertação ou tese, que são cursos reconhecidos oficialmente 
e trazem aperfeiçoamento profissional. 
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 Afirma Vantuil Abdala que a escolha do promovido por merecimento deve 
ser adequada, pois, quando se escolhe o ruim, exalta-se a ruindade; quando se 
promove o capaz, exalta-se a capacidade. 
 Conforme entendimento do STF, um quinto da composição dos Tribunais 
Regionais Federais será de advogados oriundos da advocacia e do Ministério 
Público Federal. 
 
1.2.1.Garantias do Juiz 
 
 Os juízes gozam das garantias inerentes à magistratura: vitaliciedade, 
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (art. 95 da Constituição). 
 O juiz do trabalho também se torna vitalício, em primeiro grau, após dois 
anos do exercício da magistratura. A perda de seu cargo só poderá ser feita por 
sentença judicial transitada em julgado. 
 O juiz goza de inamovibilidade, só podendo ser removido por interesse 
público. 
 Os subsídios do juiz do trabalho são irredutíveis, sendo permitido o 
desconto de imposto de renda na fonte ( art. 95, III, da Constituição). 
 
1.2.2.Formação técnica e jurídica do juiz 
 
 O juiz, ao ingressar na magistratura, vai deparar com certas dificuldades 
que não tinha quando exercia a função anteriormente desempenhada, 
normalmente decorrente da falta de prática em proferir sentenças, despachos, 
etc., que a faculdade não lhe ensinou. Até bem pouco tempo atrás eram poucas 
– e continuam sendo – as faculdades que oferecem ao aluno a matéria Direito 
Processual do Trabalho. Em anos anteriores, dizia-se que uma das causas do 
menor aproveitamento dos candidatos nos exames da magistratura era o 
desconhecimento da referida matéria. O que se nota é que, em todos os anos 
em que são feitos concursos, as vagas não são totalmente preenchidas, em 
razão de um despreparo geral. 
 Nem sempre o concurso seleciona um excelente juiz. Pode ocorrer de 
certa pessoa muito preparada não ter sido aprovada no exame, em virtude de 
não ter tido sorte quanto aos pontos sorteados: caíram justamente os que não 
sabia, ou ficou nervosa nos exames, ou não demonstrou o que sabia. 
 O exame psicotécnico não revela também a real capacidade da pessoa 
de ser ou não juiz, não avaliando-a efetivamente, mas apenas reflete uma 
situação em dado momento, dependendo de outros fatores, como se a pessoa 
dormiu bem, se fez refeições, se está cansada ou não. 
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 Com a escola da magistratura também não se pode dizer que haverá uma 
verdadeira preparação do juiz. Ficar seis meses na referida escola não que dizer 
que irá a pessoa tornar-se um bom juiz. Pode isso demonstrar, de certa forma, 
a aptidão do candidato a juiz. 
 Não se pretende dizer que, ao findar do concurso de ingresso, o 
magistrado estará apto a desenvolver a judicatura. No que diz respeito ao 
processo, ao julgar, há necessidade de experiência, de enxergar de imediato 
aquilo que se está discutindo nos autos, o que só se adquire com o tempo, 
praticando com a experiência de ter analisado muitos outros processos , 
experiência essa que só o tempo poderá fornecer. 
 Necessita o juiz, contudo, de constante aprimoramento, daí por que se 
falar em férias de 60 dias, que é a ocasião em que o juiz muitas vezes irá 
atualizar-se, pôr em ordem suas leituras, fazer um curso. 
 O juiz, no ato de julgar, submete-se exclusivamente à sua consciência. 
Deve, também ter humildade. A magistratura não é apenas uma carreira, mas 
também uma grande missão. O que se pode dizer com certeza é que ninguém 
nasce juiz. O juiz se forma no decorrer do tempo. 
 Para se conhecer o Direito, como qualquer ciência, é preciso imbuir´se de 
firme determinação e de hábitos metódicos de estudo, que nem sempre são 
possíveis ao juiz, dada sua carga de trabalho. 
 
1.3.TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO 
 
 Os Tribunais Regionais do Trabalho têm como antecedentes os 
Conselhos Regionais do Trabalho (Decreto-lei nº 1237/39), que tinham um 
presidente (jurista) e quatro vogais, sendo um representante dos empregados, 
outro dos empregadores e dois membros alheios aos interesses das partes que 
eram especialistas em questões econômicas e sociais. O Exercício era de dois 
anos. 
 A redação original do art. 112 da Constituição de 1988, previa a existência 
de pelo menos um Tribunal Regional do Trabalhoem cada Estado da Federação 
e no Distrito Federal. Essa determinação em muitos casos não se justificava, 
pois existem Estados em que o número de processos é muito pequeno. A 
redação atual do dispositivo não mais faz referência de um tribunal regional por 
Estado. Isso indica que pode não haver um tribunal regional por Estado. Isso se 
deve ao fato de que é possível a criação de câmaras regionais, o que possibilita 
a redução de despesas de estrutura volumosa, como de grandes tribunais. 
 
 
1.3.1. Regiões 
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 Os Tribunais Regionais do Trabalho, estão divididos nas seguintes 
regiões: 
1ª Região: Estado do Rio de Janeiro, com sede no Rio de Janeiro; 
2ª Região: Estado de São Paulo, com sede em São Paulo; 
3ª Região: Estado de Minas Gerais, com sede em Belo Horizonte; 
4ª Região: Estado do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre; 
5ª Região: Estado da Bahia, com sede em Salvador; 
6ª Região: Estado de Pernambuco, com sede em Recife; 
7ª Região: Estado do Ceará, com sede em Fortaleza; 
8ª Região: Estados do Pará e Amapá, com sede em Belém; 
9ª Região: Estado do Paraná, com sede em Curitiba; 
10ª Região: Distrito Federal, com sede em Brasília, abrangendo o Distrito 
 Federal e o Estado de Tocantins; 
11ª Região: Estados do Amazonas e de Roraima, com sede em Manaus; 
12ª Região: Estado de Santa Catarina, com sede em Florianópolis; 
13ª Região: Estado da Paraíba, com sede em João Pessoa; 
14ª Região: Estados de Rondônia e Acre, com sede em Porto Velho; 
15ª Região: Estado de São Paulo ( na área não abrangida pela jurisdição 
 Estabelecida para a 2ª Região), com sede em Campinas; 
16ª Região: Estado do Maranhão, com sede em São Luis; 
17ª Região: Estado do Espirito Santo, com sede em Vitória; 
18ª Região: Estado de Goiás, com sede em Goiânia; 
19ª Região: Estado de Alagoas, com sede em Maceió; 
20ª Região: Estado de Sergipe, com sede em Aracajú; 
21ª Região: Estado do Rio Grande do Norte, com sede em Natal; 
22ª Região: Estado do Piauí, com sede em Teresina; 
23ª Região: Estado do Mato Grosso, com sede em Cuiabá (Lei 8.430/92); 
24ª Região: Estado de Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande (Lei 
 8431/92). 
 Pode se dizer que hoje só não têm tribunais os Estados do Amapá (8ª 
Região), Roraima (11ª Região), Acre (14ª Região), que eram os antigos 
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territórios, e o Estado de Tocantins, que foi criado pela Constituição de 1988 (art. 
13 da ADCT), pertencendo à 10ª Região. 
1.3.2.Composição e funcionamento 
 As vagas dos juízes são preenchidas por juízes de carreira, advogados e 
membros do Ministério Público do Trabalho. 
 Composição é o número de juízes integrantes do órgão. Funcionamento 
é o número de juízes necessário para serem feitos os julgamentos. 
 Os magistrados dos tribunais regionais serão juízes do trabalho, 
escolhidos por promoção, alternadamente, por antiguidade e por merecimento. 
 Nos tribunais regionais também um quinto deverá ser proveniente de 
membros do Ministério Público do Trabalho e de advogados. 
 Os tribunais regionais do trabalho são compostos de, no mínimo, 7 juízes 
do trabalho. 
 As turmas só podem funcionar estando presentes três juízes ( § 2º do art. 
941 do CPC). 
 A ordem das sessões será estabelecida no regimento interno dos tribunais 
(art. 673 da CLT). 
 Nos tribunais regionais que têm Turmas, pode haver uma Seção de 
Dissídios Coletivos e de Seções de Dissídios Individuais. Estas irão julgar 
mandados de segurança, ações rescisórias e habeas corpus. 
 Cabe a cada Tribunal Regional do Trabalho, no âmbito de sua região, 
mediante ato próprio, alterar e estabelecer a jurisdição das Varas do Trabalho, 
bem como transferir-lhes a sede de acordo com a necessidade de agilização da 
prestação jurisdicional trabalhista (art. 28 da Lei 10.770/03). 
 
1.4.TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO 
 
 O Conselho Nacional do Trabalho foi instituído pelo Decreto nº 16.027/23 
no âmbito do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era integrado por 
12 membros. Tinha a finalidade de órgão consultivo do Ministério, de funcionar 
como instância recursal em matéria previdenciária e atuar como órgão 
autorizador de dispensas dos empregados que, no serviço público, gozavam de 
estabilidade. 
 Surgiu o TST em 1946, quando a justiça do Trabalho foi integrada ao 
Poder Judiciário. 
 A Emenda Constitucional nº 45/2004 acrescentou o art. 111-A à 
Constituição, estabelecendo que o TST é composto de 27 membros, restaurando 
o número anterior após a saída dos classistas. 
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 São os ministros escolhidos entre brasileiros com mais de 35 anos e 
menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente da República, após prévia 
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, onde são sabatinados. 
Não há necessidade de que os ministros sejam brasileiros natos, podendo ser 
naturalizados. A Lei não faz menção de que tenham de ter reputação ilibada e 
notório saber jurídico, mas pode-se entender que tal orientação está implícita no 
§ 1º do art. 111 da Lei Suprema, como ocorre com os Ministros do STJ e do 
STF. 
 Dos 27 membros: (a) um quinto dos ministros será proveniente de 
advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade funcional e membros do 
Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício. Assim, 
21 são escolhidos entre juízes de carreira, três de advogados e três entre 
membros do Ministério Público do Trabalho. 
 
1.5.ÓRGÃOS AUXILIARES DA JUSTIÇA DO TRABALHO 
 
 Os órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho são a Secretaria, o 
Distribuidor e a Contadoria. 
 O Oficial de justiça não é exatamente órgão, mas cargo. Entretanto, auxilia 
tanto na primeira instância, como nos tribunais. 
 
1.5.1.Secretaria 
 
 Na Justiça do Trabalho, usa-se a denominação secretaria e não cartório, 
que é utilizada na justiça comum. 
 A Vara possui uma secretaria. Esta recebe as petições, faz autuações e 
demais serviços determinados pelo Juiz Presidente. 
 
1.5.2.Oficiais de justiça 
 
 Antigamente os oficiais de justiça eram denominados oficiais de 
diligências. 
 Os oficiais de justiça desempenham os atos determinados pelo juiz da 
Vara. Normalmente fazem as citações nas execuções, mas podem notificar 
testemunhas, trazê-las a juízo, ou fazer as citações nos processos de 
conhecimento onde haja problemas de endereços incorretos, tentativa da parte 
em criar embaraços à realização de notificações, etc. 
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 Na Justiça do Trabalho, assim como na Justiça Federal, o nome dado 
aqueles servidores é de oficial de justiça avaliador. Este faz a penhora de bens, 
avaliando-o logo em seguida. Prescinde-se, portanto, do perito avaliador. 
 
1.5.3.Distribuidor 
 
 Existindo mais de uma vara na localidade, haverá um distribuidor para a 
distribuição equitativa dos processos entrados. Os distribuidores podem fornecer 
certidões ou recibos da distribuição. Nos tribunais também há distribuidor, 
visando distribuir o mesmo número de processos para cada um dos juízes. 
 
1.5.4.Contadoria 
 
 O contador faz os cálculos de juros, correção monetária e outras 
determinações atribuídas pelo juiz. 
 Deveria existir o cargo de um contador por vara. Em algumas regiões, já 
está sendo implementada esta ideia, porque na maioria dos casos de execução 
a discussão é a respeito do quantum devido, pois o direito já está assegurado 
pela sentença, tornando necessária a participação de um funcionário que só faça 
cálculos, que é o contador. 
 Nas Varas do TRT da 8ª Região, já existe, há muitos anos, um Setor de 
Cálculos vinculado à Seção de Execução. Este setor já se utiliza de um software 
desenvolvido pelo Centro de Processamento de Dados do Tribunal, tornando as 
liquidações de sentença mais céleres.

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