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A DOR PASSA. A APROVAÇÃO FICA! 1 AZUL 1º DIA CADERNO SIMULADO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 90 questões numeradas de 01 a 90 e a Proposta de Redação, dispostas da seguinte maneira: a) questões de número 01 a 45, relativas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; b) Proposta de Redação; c) questões de número 46 a 90, relativas à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. ATENÇÃO: as questões de 01 a 05 são relativas à língua estrangeira. Você deverá responder apenas às questões relativas à língua estrangeira (inglês ou espanhol) escolhida no ato de sua inscrição. 2. as instruções anteriores. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para estas provas é de cinco horas e trinta minutos. 5. 6. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 7. Somente serão corrigidas as redações transcritas na FOLHA DE REDAÇÃO. 8. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA/FOLHA DE REDAÇÃO. 9. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar término das provas. 10 DE OUTUBRO DE 2020 .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) ................................................................................... Questão 01 A tira, definida como um segmento de história em qua- drinhos, pode transmitir uma mensagem com efeito de humor. A presença desse efeito no diálogo entre Jon e Garfield acontece porque a) Jon pensa que sua ex-namorada é maluca e que Gar- field não sabia disso. b) JodelI é a única namorada maluca que Jon teve, e Garfield acha isso estranho. c) Garfield tem certeza de que a ex-namorada de Jon é sensata, o maluco é o amigo. d) Garfield conhece as ex-namoradas de Jon e consi- dera mais de uma como maluca. e) Jon caracteriza a ex-namorada como maluca e não entende a cara de Garfield. ................................................................................... Questão 02 Na fase escolar, é prática comum que os professores passem atividades extraclasse e marquem uma data para que as mesmas sejam entregues para correção. No caso da cena da charge, a professora ouve uma es- tudante apresentando argumentos para a) discutir sobre o conteúdo do seu trabalho já entre- gue. b) elogiar o tema proposto para o relatório solicitado. c) sugerir temas para novas pesquisas e relatórios. d) reclamar do curto prazo para entrega do trabalho. e) convencer de que fez o relatório solicitado. ................................................................................... Questão 03 War Until the philosophy which holds one race superior And another inferior Is finally and permanently discredited and abandoned, Everywhere is war — Me say war. That until there is no longer First class and second class citizens of any nation, Until the color of a mans skin Is of no more significance than the color of his eyes — Me say war. [...] And until the ignoble and unhappy regimes that hold our brothers in Angola, in Mozambique. South Africa, sub-human bondage have been toppled, Utterly destroyed – WeII, everywhere is war — Me say war. War in the east, war in the west, War up north, war down south — War- war - Rumors of war. And until that day, the African continent wiII not know peace. We. Africans, will fight — we find it necessary — And we know we shall win As we are confident in the victory. MARLEY. B. Disponível em: http://www.sing365.com. Acesso em: 30 jun. 2011 (fragmento). Bob Marley foi um artista popular e atraiu muitos fãs com suas canções. Ciente de sua influência social, na .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. música War, o cantor se utiliza de sua arte para alertar sobre a) a inércia do continente africano diante das injustiças sociais. b) a persistência da guerra enquanto houver diferenças raciais e sociais. c) as acentuadas diferenças culturais entre os países africanos. d) as discrepâncias sociais entre moçambicanos e an- golanos como causa de conflitos. e) a fragilidade das diferenças raciais e sociais como justificativas para o início de uma guerra. ................................................................................... Questão 04 How’s your mood? For an interesting attempt to measure cause and effect try Mappiness, a project run by the London School of Economics, which offers a phone app that prompts you to record your mood and situation. The Mappiness website says: ‘Were particularly inter- ested in how peoples happiness is affected by their lo- cal environment air pollution, noise, green spaces, and so on — which the data from Mappiness will be abso- lutely great for investigating.” Will it work? With enough people, it might. But there are other problems. We’ve been using happiness and well-being interchangeably. Is that ok? The difference comes out in a sentiment like: “We were happier dur- ing the war.’ But was ourwell-being also greater then? Disponível em: http:www.bbc.co.uk. Acesso n: 27 jun. 2011 (adaptado). O projeto Mappiness, idealizado pela London School of Economics, ocupa-se do tema relacionado a) ao nível de felicidade das pessoas em tempos de guerra. b) à dificuldade de medir o nível de felicidade das pes- soas a partir de seu humor. c) ao nível de felicidade das pessoas enquanto falam ao celular com seus familiares. d) à relação entre o nível de felicidade das pessoas e o ambiente no qual se encontram. e) à influência das imagens grafitadas pelas ruas no au- mento do nível de felicidade das pessoas. ................................................................................... Questão 05 Going to university seems to reduce the risk of dying from coronary heart disease. An American study that involved 10 000 patients from around the world has found that people who leave school before the age of 16 are five times more likely to suffer a heart attack and die than university graduates. Word Repat News. Magazine Speak Up. Ano XIV, n 170. Editora Cameot, 2001. Em relação às pesquisas, a utilização da expressão uni- versity graduates evidencia a intenção de informar que a) as doenças do coração atacam dez mil pacientes. b) as doenças do coração ocorrem na faixa dos dezes- seis anos. c) as pesquisas sobre doenças são divulgadas no meio acadêmico. d) jovens americanos são alertados dos riscos de doen- ças do coração. e) maior nível de estudo reduz riscos de ataques do co- ração. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05(opção espanhol) ................................................................................... Es posibile reducir la basura En México se producen más de 10 millones de m3 de basura mensualmente, depositados en más de 50 mil tiraderos de basura legales y clandestinos, que afectan de manera directa nuestra calidad de vida, pues nues- tros recursos naturales son utilizados desproporcional- mente, como materias primas que luego desechamos y tiramos convirtiéndolos en materiales inútiles y focos de infección. Todo aquello que compramos y consumimos tiene una relación directa con lo que tiramos. Consumiendo raci- onalmente, evitando el derroche y usando sólo lo .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. indispensable, directamente colaboramos con el cui- dado del ambiente. Si la basura se compone de varios desperdícios y si como desperdicios no fueron basura, si los separamos adecuadamente, podremos controlarlos y evitar poste- riores problemas. Reciclar se traduce en importantes ahorros de energia, ahorro de agua potable, ahorro de materias primas, menor impacto en los ecosistemas y sus recursos naturales y ahorro de tiempo, dinero y es- fuerzo. Es necesario saber para empezar a actuar... Disponível em: http://www.tododecarton.com. Acesso em: 27 abr. 2010 (adaptado) A partir do que se afirma no último parágrafo: Es nece- sario saber para empezar a actuar. ..“, pode-se consta- tar que o texto foi escrito com a intenção de a) informar o leitor a respeito da importância da reci- clagem para a conservação do meio ambiente. b) indicar os cuidados que se deve ter para não consu- mir alimentos que podem ser focos de infecção. c) denunciar o quanto o consumismo é nocivo, pois é o gerador dos dejetos produzidos no México. d) ensinar como economizar tempo, dinheiro e esforço a partir dos 50 mil depósitos de lixo legalizados. e) alertar a população mexicana para os perigos causa- dos pelos consumidores de matéria-prima reciclável. ................................................................................... Questão 02 Bienvenido a Brasília El Gobiemo de Brasil, por medio del Ministerio de la Cultura y del instituto del Patrimonio Histórico y Artis- tico Nacional (IPHAN), da la bienvenida a los participan- tes de la 34ª Sesión dei Comité del Patrimonio Mundial, encuetro realizado por la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO). Respaldado por la Convención del Patrimonio Mundial, de 1972, ei Comité reúne en su 34ª sesión más de 180 delegaciones nacionales para deliberar sobre las nue- vas candidaturas y el estado de conservación y de riesgo de los bienes ya declarados Patrimonio Mundial, con base en los análisis del Consejo Internacional de Monumentos y Sitios (Icomos), del Centro Internacio- nal para el Estudio de la Preservación y la Restauración del Patrimonio Cultural(ICCROM) yde la Unión Interna- cional para la Conservación de la Naturaleza (IUCN). Disponível em: http://www.34whc.brasilia2010.org.br. Acesso em: 28 jul. 2010. O Comitê do Patrimônio Mundial reúne-se regular- mente para deliberar sobre ações que visem à conser- vação e á preservação do patrimônio mundial. Entre as tarefas atribuídas às delegações nacionais que partici- param da 34ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mun- dial, destaca-se a a) participação em reuniões do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios. b) realização da cerimônia de recepção da Convenção do Patrimônio Mundial. c) organização das análises feitas pelo Ministério da Cultura brasileiro. d) discussão sobre o estado de conservação dos bens já declarados patrimônios mundiais. e) estruturação da próxima reunião do Comitê do Pa- trimônio Mundial. ................................................................................... Questão 03 ‘Desmachupizar’ el turismo Es ya un lugar común escuchar aquello de que hay que desmachupizar el turismo en Perú y buscar visitantes en las demás atracciones (y son muchas) que tiene el país, naturales y arqueológicas, pero la ciudadela inca tiene un imán innegable. La Cámara Nacional de Turismo consi- dera que Machu Picchu significa el 70% de los ingresos por turismo en Perú, ya que cada turista que tiene como primer destino la ciudadela inca visita entre tres y cinco lugares más (la ciudad de Cuzco, la de Arequipa, las líneas de Nazca, el Lago Titicaca ylia selva) y deja en el país un promedio de 2 200 dólares (unos 1 538 euros). Carlos Canales, presidente de Canatur, señaló que la ciu- dadela tiene capacidad para recibir más visitantes que en la actualidad (un máximo de 3 000) con un sistema plani- ficado de horarios y rutas, pero no quiso avanzar una ci- fra. Sin embargo, la Unesco ha advertido en varias ocasi- ones que el monumento se encuentra cercano al punto de saturación y el Gobierno no debe emprender ninguna politica de captación de nuevos visitantes, algo con lo que coincide el viceministro Roca Rey. Disponível em: http://www.elpais.com. Acesso em: 21 jun. 2011. A reportagem do jornal espanhol mostra a preocupa- ção diante de um problema do Peru, que pode ser re- sumido pelo vocábulo “desmachupizar”, referindo-se a) à escassez de turistas no país. b) ao difícil acesso ao lago Titicaca. c) à destruição da arqueologia no país. d) ao excesso de turistas na terra dos incas. e) à falta de atrativos turísticos em Arequipa. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Questão 04 Los fallos de software en aparatos médicos, como mar- capasos, van a ser una creciente amenaza para la salud pública, según el informe de Software Freedom Law Center (SFLC) que ha sido presentado hoy en Portland (EEUU), en la Open Source Convention (OSCON). La ponencia “Muerto por el código: transparencia de software en los dispositivos médicos implantables” aborda el riesgo potencialmente mortal de los defectos informáticos en los aparatos médicos implantados en las personas. Según SFLC, millones de personas con condiciones cró- nicas del corazón, epilepsia, diabetes, obesidad e, in- cluso, la depresión dependen de implantes, pero el sof- tware permanece oculto a los pacientes y sus médicos. La SFLC recuerda graves fallos informáticos ocurridos en otros campos, como en elecciones, en la fabricácion de coches, en las líneas aéreas comerciales o en los mercados financeiros. Disponível em: http://www.elpais.com. Acesso em: 24 jul. 2010 (adaptado). O título da palestra, citado no texto, antecipa o tema que será tratado e mostra que o autor tem a intenção de a) relatar novas experiências em tratamento de saúde. b) alertar sobre os riscos mortais de determinados sof- twares de uso médico para o ser humano. c) denunciar falhas médicas na implantação de softwa- res em seres humanos. d) divulgar novos softwares presentes em aparelhos médicos lançados no mercado. e) apresentar os defeitos mais comuns de softwares em aparelhos médicos. ................................................................................... Questão 05 El tango Ya sea como danza, música, poesía o cabal expresión de una filosofia de vida, el tango posee una larga y va- liosa trayectoria, jalonada de encuentrosy desencuen- tros, amores y odios, nacida desde lo más hondo de la historia argentina. El nuevo ambiente es el cabaret, su nuevo cultor la clase media porteña, que ameniza sus momentos de di- versión con nuevas composiciones, sustituyendo el ca- rácter malevo del tango primitivo por una nueva poesia más acorde con las concepciones estéticas provenien- tes de Londres y París. Ya en la década del ‘20 el tango se anima incluso a tras- pasar las fronteras del país, recalando en lujosos salo- nes pansinos donde es aclamado por públicos selectos que adhieren entusiastas a la sensualidad del nuevo baile. Ya no es privativo de los bajos fondos porteños; ahora se escucha y se baila en salones elegantes, clubs y casas particulares. El tango revive con juveniles fuerzas en ajironadas ver- siones de grupos rockeros, presentaciones en elegan- tes reductos de San Teimo, Barracas y La Boca y pelícu- las foráneas que lo divulgan por el mundo entero. Disponível em: http://www.elpovorin.over-blog.es. Acesso em: 22 jun.2011 (adaptado). Sabendo-se que a produção cultural de um país pode influenciar, retratar ou, inclusive, ser reflexo de acon- tecimentos de sua história, o tango, dentro do con- texto histórico argentino, é reconhecido por a) manter-se inalterado ao longo de sua história no país. b) influenciar os subúrbios, sem chegar a outras regi- ões. c) sobreviver e se difundir, ultrapassando as fronteiras do país. d) manifestar seu valor primitivo nas diferentes cama- das sociais. e) ignorar a influência de países europeus, como Ingla- terra e França. Questões de 06 a 45 ................................................................................... Questão 06 Para o Mano Caetano O que fazer do ouro de tolo Quando um doce bardo brada a toda brida, Em velas pandas, suas esquisitas rimas? Geografia de verdades, Guanabaras postiças Saudades banguelas, tropicais preguiças? A boca cheia de dentes De um implacável sorriso Morre a cada instante Que devora a voz do morto, e com isso, Ressuscita vampira, sem o menor aviso [...] .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo Tipo pra rimar com ouro de tolo? Oh, Narciso Peixe Ornamental! Tease me, tease me outra vez1 Ou em banto baiano Ou em português de Portugal De Natal [...] 1Tease me (caçoe de mim, importune-me). LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado). Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem: a) “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2) b) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3) c) “Que devora a voz do morto” (v. 9) d) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11- 12) e) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14) ................................................................................... Questão 07 O CANTO DO GUERREIRO Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. - Ouvi-me, Guerreiros, - Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? - Guerreiros, ouvi-me; - Quem há, como eu sou? Gonçalves Dias. MACUNAÍMA (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomân- golo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lu- gares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadou- ros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói? Mário de Andrade. Considerando-se a linguagem desses dois textos, veri- fica-se que a) a função da linguagem centrada no receptor está au- sente tanto no primeiro quanto no segundo texto. b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem for- mal. c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo me- nos uma palavra de origem indígena. d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no se- gundo, no relato de informações reais. e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro. ................................................................................... Questão 08 Leia o trecho do conto “Pai contra mãe”, de Machado de Assis (1839-1908), para responder à(s) ques- tão(ões). A escravidão levou consigo ofícios e aparelhos, como terá sucedido a outras instituições sociais. Não cito alguns aparelhos senão por se ligarem a certo ofí- cio. Um deles era o ferro ao pescoço, outro o ferro ao pé; havia também a máscara de folha de flandres. A máscara fazia perder o vício da embriaguez aos escra- vos, por lhes tapar a boca. Tinha só três buracos, dois para ver, um para respirar, e era fechada atrás da ca- beça por um cadeado. Com o vício de beber, perdiam a tentação de furtar, porque geralmente era dos vinténs do senhor que eles tiravam com que matar a sede, e aí ficavam dois pecados extintos, e a sobriedade e a http://vagalume.uol.com.br/ .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. honestidade certas. Era grotesca tal máscara, mas a or- dem social e humana nem sempre se alcança sem o grotesco, e alguma vez o cruel. Os funileiros as tinham penduradas, à venda, na porta das lojas. Mas não cui- demos de máscaras. O ferro ao pescoço era aplicado aos escravos fujões. Imaginai uma coleira grossa, com a haste grossa também, à direita ou à esquerda, até ao alto da cabeça e fechada atrás com chave. Pesava, naturalmente, mas era menos castigo que sinal. Escravo que fugia assim, onde quer que andasse, mostrava um reincidente, e com pouco era pegado. Há meio século, os escravos fugiam com fre- quência. Eram muitos, e nem todos gostavam da escra- vidão. Sucedia ocasionalmente apanharem pancada, e nem todos gostavam de apanhar pancada. Grande parte era apenas repreendida; havia alguém de casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A fuga repetia-se, entretanto. Casos houve, ainda que raros, em que o es- cravo de contrabando, apenas comprado no Valongo, deitava a correr, sem conhecer as ruas da cidade. Dos que seguiam para casa, não raro, apenas ladinos, pe- diam ao senhor que lhes marcasse aluguel, e iam ga- nhá-lo fora, quitandando. Quem perdia um escravo por fuga dava algum dinheiro a quem lho levasse. Punha anúncios nas folhas públicas, com os sinais do fugido, o nome, a roupa, o defeito físico, se o tinha, o bairro por onde andava e a quantia de gratificação. Quando não vinha a quantia, vinha promessa: “gratificar-se-á generosamente” – ou “receberá uma boagratificação”. Muita vez o anúncio trazia em cima ou ao lado uma vinheta, figura de preto, descalço, correndo, vara ao ombro, e na ponta uma trouxa. Protestava-se com todo o rigor da lei contra quem o acoitasse. Ora, pegar escravos fugidios era um ofício do tempo. Não seria nobre, mas por ser instrumento da força com que se mantêm a lei e a propriedade, trazia esta outra nobreza implícita das ações reivindicadoras. Ninguém se metia em tal ofício por desfastio ou es- tudo; a pobreza, a necessidade de uma achega, a inap- tidão para outros trabalhos, o acaso, e alguma vez o gosto de servir também, ainda que por outra via, da- vam o impulso ao homem que se sentia bastante rijo para pôr ordem à desordem. (Contos: uma antologia, 1998.) A perspectiva do narrador diante das situações e dos fatos relacionados à escravidão é marcada, sobretudo, a) pelo saudosismo. b) pela indiferença. c) pela indignação. d) pelo entusiasmo. e) pela ironia. ................................................................................... Questão 09 A questão a seguir focaliza uma passagem de um artigo de José Francisco Botelho e uma das ilustrações de Carlo Giovani a esse artigo. Compaixão Considerada a maior de todas as virtudes por religiões como o budismo e o hinduísmo, a compaixão é a capacidade humana de compartilhar (ou experi- mentar de forma parcial) os sentimentos alheios — principalmente o sofrimento. Mas a onipresença da mi- séria humana faz da compaixão uma virtude potencial- mente paralisante. Afogados na enchente das dores alheias, podemos facilmente cair no desespero e na inação. Por isso, a piedade tem uma reputação contur- bada na história do pensamento: se alguns a aponta- ram como o alicerce da ética e da moral, outros viram nela uma armadilha, um mero acréscimo de tristeza a um Universo já suficientemente amargo. Porém, vale lembrar que as virtudes, para funcionarem, devem se encaixar umas às outras: quando aliado à temperança, o sentimento de comiseração pelas dores do mundo pode ser um dos caminhos que nos afastam da cratera de Averno*. Dosando com prudência uma compaixão potencialmente infinita, é possível sentirmos de forma mais intensa a felicidade, a nossa e a dos outros — como alguém que se delicia com um gole de água fresca, lembrando-se do deserto que arde lá fora. Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato é que a denún- cia da compaixão segue um raciocínio bastante rigo- roso. O sofrimento — e todos concordam — é algo ruim. A compaixão multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com que a dor de uma criatura seja sentida também por outra. E o que é pior: ao passar a infelici- dade adiante, ela não corrige, nem remedia, nem alivia a dor original. Como essa infiltração universal da tris- teza poderia ser uma virtude? No século 1 a.C., Cícero escreveu: “Por que sentir piedade, se em vez disso po- demos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem”. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. * Os romanos consideravam a cratera vulcânica de Averno, situada perto de Nápoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos, governado por Plutão. Na ilustração apresentada logo após o texto, os ele- mentos visuais postos em arranjo representam a) o dilema dos filósofos no considerar a compaixão vir- tude ou defeito. b) uma imagem de acolhimento caridoso e ajuda ao que sofre. c) a falsidade e a hipocrisia de todos os seres humanos. d) uma negação de todas as ideias manifestadas no ar- tigo. e) uma paródia visual que debocha da capacidade hu- mana de sentir compaixăo. ................................................................................... Questão 10 TEXTO I Também chamados impressões ou imagens fotogra- máticas [...], os fotogramas são, numa definição gené- rica, imagens realizadas sem a utilização da câmera fo- tográfica, por contato direto de um objeto ou material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz. Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de modelo a muitas discussões sobre a ontolo- gia da imagem fotográfica, foi profundamente trans- formada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras dé- cadas do século XX. Representou mesmo, ao lado das colagens, foto montagens e outros procedimentos téc- nicos, a incorporação definitiva da fotografia à arte mo- derna e seu distanciamento da representação figura- tiva. COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: as expe- riências de Man Ray. Studium, n. 2, 2000. TEXTO II No fotograma de Man Ray, o “distanciamento da re- presentação figurativa” a que se refere o Texto I mani- festa-se na a) ressignificação do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas. b) imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista. c) composição experimental, fragmentada e de contor- nos difusos. d) abstração radical, voltada para a própria linguagem fotográfica. e) imitação de formas humanas, com base em diferen- tes objetos. ................................................................................... Questão 11 A questão a seguir aborda um texto de um site especi- alizado em esportes com instruções de treinamento para a corrida olímpica dos 1 500 metros. Corrida – Prova 1500 metros rasos A prova dos 1 500 metros rasos, juntamente com a da milha (1 609 metros), característica dos paí- ses anglo-saxônicos, é considerada prova tática por excelência, sendo muito importante o conhecimento do ritmo e da fórmula a ser utilizada para vencer a prova. Os especialistas nessas distâncias são conside- rados completos homens de luta que, após um pe- noso esforço para resistir ao ataque dos adversários, recorrem a todas as suas energias restantes a fim de manter a posição de destaque conseguida durante a corrida, sem ceder ao constante assédio dos seus per- seguidores. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. [...] Para correr essa distância em um tempo aceitável, deve-se gastar o menor tempo possível no primeiro quarto da prova, devendo-se para tanto sair na frente dos adversários, sendo essencial o completo domínio das pernas, para em seguida normalizar o ritmo da corrida. No segundo quarto, deve-se diminuir o ritmo, a fim de trabalhar forte no restante da prova, sempre procurando dosar as energias, para não correr o risco de ser surpreendido por um adversário e ficar sem condições para a luta final. Deve ser tomado cuidado para não se deixar enganar por algum adversário de condição inferior, que normalmente finge possuir energias que real- mente não tem, com o intuito de minar o bom corre- dor, para que o companheiro da mesma equipe possa tirar proveito da situação e vencer a prova. Assim sendo, o corredor experiente saberá manter regular- mente as suas passadas, sem deixar-se levar por esse tipo de artimanha. Conhecendo o estado de suas con- dições pessoais, o corredor saberá se é capaz de um sprint nos 200 metros finais, que é a distância ideal para quebrar a resistência de um adversário pouco ex- periente. O corredor que possui resistência e velocidade pode conduzir a corrida segundo a sua conveniência, impondo os seuspróprios meios de ação. Finalmente, ao ultrapassar um adversário, deve-se fazê-lo decidida e folgadamente, procurando sempre impressioná-lo com sua ação enérgica. Também deve-se procurar manter sempre uma boa descontração muscular du- rante o desenvolvimento da corrida, nunca levar a ca- beça para trás e encurtar as passadas para finalizar a prova. http://treino-de-corrida.f1cf.com.br Observando as seguintes passagens do texto apresen- tado, marque a alternativa em que as duas palavras em negrito são utilizadas como advérbios: a) “não correr o risco de ser surpreendido”. b) “finge possuir energias que realmente não tem”. c) “deve-se fazê-lo decidida e folgadamente”. d) “nunca levar a cabeça para trás”. e) “forte no restante da prova, sempre procurando do- sar”. ................................................................................... Questão 12 Linotipos O Museu da Imprensa exibe duas linotipos. Trata-se de um tipo de máquina de composição de tipos de chumbo, inventada em 1884 em Baltimore, nos Estados Unidos, pelo alemão Ottmar Mergenthaler. O invento foi de grande importância por ter significado um novo e fundamental avanço na história das artes gráficas. A linotipia provocou, na verdade, uma revolu- ção porque venceu a lentidão da composição dos tex- tos executada na tipografia tradicional, em que o texto era composto à mão, juntando tipos móveis um por um. Constituía-se, assim, no principal meio de compo- sição tipográfica até 1950. A linotipo, a partir do final do século XIX, passou a produzir impressos a baixo custo, o que levou informação às massas, democrati- zou a informação. Promoveu uma revolução na educa- ção. Antes da linotipo, os jornais e revistas eram escas- sos, com poucas páginas e caros. Os livros didáticos eram também caros, pouco acessíveis. Disponível em: http://portal.in.gov.br. Acesso em: 23 fev. 2013 (adaptado). O texto apresenta um histórico da linotipo, uma má- quina tipográfica inventada no século XIX e responsá- vel pela dinamização da imprensa. Em termos sociais, a contribuição da linotipo teve impacto direto na a) produção vagarosa de materiais didáticos. b) composição aprimorada de tipos de chumbo. c) montagem acelerada de textos para impressão. d) produção acessível de materiais informacionais. e) impressão dinamizada de imagens em revistas. ................................................................................... Questão 13 A questão tomam por base uma modinha de Domingos Caldas Barbosa (1740-1800). Protestos a Arminda 1Conheço muitas pastoras Que beleza e graça têm, Mas é uma só que eu amo Só Arminda e mais ninguém. Revolvam meu coração 2Procurem meu peito bem, Verão estar dentro dele Só Arminda e mais ninguém. De tantas, quantas belezas Os meus ternos olhos veem, Nenhuma outra me agrada Só Arminda e mais ninguém. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Estes suspiros que eu solto 3Vão buscar meu doce bem, É causa dos meus suspiros Só Arminda e mais ninguém. Os segredos de meu peito Guardá-los nele convém, 4Guardá-los aonde os veja Só Arminda e mais ninguém. Não cuidem que a mim me importa 5Parecer às outras bem, Basta que de mim se agrade Só Arminda e mais ninguém. Não me alegra, ou me desgosta Doutra o mimo, ou o desdém, Satisfaz-me e me contenta Só Arminda e mais ninguém. Cantem os outros pastores Outras pastoras também, Que eu canto e cantarei sempre Só Arminda e mais ninguém. (Viola de Lereno, 1980.) Assinale a alternativa que indica duas estrofes em que o termo “Arminda” surge como paciente da ação ex- pressa pelo verbo da oração de que faz parte. a) Primeira e terceira estrofes. b) Sétima e oitava estrofes. c) Primeira e oitava estrofes. d) Terceira e quarta estrofes. e) Terceira e quinta estrofes. ................................................................................... Questão 14 Isto Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê! PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997. Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não en- controu limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente. Com base no texto e na temática do poema Isto, con- clui-se que o autor a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto. b) considera fundamental para a poesia a influência dos fatos sociais. c) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta. d) apresenta a concepção do Romantismo quanto à ex- pressão da voz do poeta. e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico. ................................................................................... Questão 15 Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a desco- brir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por ex- pressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da pro- blemática ecológica centrada na Amazônia, ou da pro- blemática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifesta- ção de um país mestiço, será fácil para nós defini-la como expressão de um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária e par- ticular tradição cultural. É esse, para nós, no início do século XXI, o novo estilo brasileiro. STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. Rio de Ja- neiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado). No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em parti- cular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e linguístico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante desse pressuposto, e levando em consideraçãoo texto e as diferentes etapas de consolidação da cultura brasileira, constata-se que a) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais, assim como usos originais do idioma, con- forme ilustra o caso do escritor Machado de Assis. b) a Europa reconheceu a importância da língua portu- guesa no mundo, a partir da projeção que poetas brasi- leiros ganharam naqueles países, a partir do século XX. c) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidi- ficação da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos. d) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma na- ção culturalmente mestiça, embora a expressão do- minante seja aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em especial aquela ligada às telenovelas. e) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união bastante significativa entre as diversas matrizes culturais advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar na obra de Paulo Coelho. ................................................................................... Questão 16 O hipertexto permite — ou, de certo modo, em alguns casos, até mesmo exige — a participação de diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor e leitor e a revisão dos modelos tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme potencial para se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvi- mento de trabalhos coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a aquisição de informação de ma- neira cooperativa. Embora haja quem identifique o hipertexto exclusiva- mente com os textos eletrônicos, produzidos em deter- minado tipo de meio ou de tecnologia, ele não deve ser limitado a isso, já que consiste numa forma organizaci- onal que tanto pode ser concebida para o papel como para os ambientes digitais. É claro que o texto virtual permite concretizar certos aspectos que, no papel, são praticamente inviáveis: a conexão imediata, a compa- ração de trechos de textos na mesma tela, o “mergu- lho” nos diversos aprofundamentos de um tema, como se o texto tivesse camadas, dimensões ou planos. RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. Considerando-se a linguagem específica de cada sis- tema de comunicação, como rádio, jornal, TV, internet, segundo o texto, a hipertextualidade configura-se como um(a) a) elemento originário dos textos eletrônicos. b) conexão imediata e reduzida ao texto digital. c) novo modo de leitura e de organização da escrita. d) estratégia de manutenção do papel do leitor com perfil definido. e) modelo de leitura baseado nas informações da su- perfície do texto. ................................................................................... Questão 17 Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, fazendo a porcelana estalar. Joaquim, meu primo, continuava com o queixo suspenso, batendo com o garfo nos lá- bios, esperando a resposta. Beatriz ecoou a palavra como pergunta, “o que é lésbica?”. Eu fiquei muda. Jo- aquim sabia sobre mim e me entregaria para a vó e, mais tarde, para toda a família. Senti um calor letal su- bir pelo meu pescoço e me doer atrás das orelhas. Previ a cena: vó, a senhora é lésbica? Porque a Joana é. A vergonha estava na minha cara e me denunciava antes mesmo da delação. Apertei os olhos e contrai o peito, esperando o tiro. [...] [...] Pensei na naturalidade com que Tais e eu leváva- mos a nossa história. Pensei na minha insegurança de contar isso à minha família, pensei em todos os colegas e professores que já sabiam, fechei os olhos e vi a boca da minha vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar de todos os impedimentos. Eu quis saber mais, eu quis saber tudo, mas não consegui perguntar. POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Porto Alegre: Não Editora. 2015 (fragmento). .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. A situação narrada revela uma tensão fundamentada na perspectiva do a) conflito com os interesses de poder. b) silêncio em nome do equilíbrio familiar. c) medo instaurado pelas ameaças de punição. d) choque imposto pela distância entre as gerações. e) apego aos protocolos de conduta segundo os gêne- ros. ................................................................................... Questão 18 A questão focaliza um trecho de uma crônica do escri- tor Graciliano Ramos (1892-1953). Para chegar ao soberbo resultado de transfor- mar a banha em fibra, aí vem o futebol. Mas por que o futebol? Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estran- geirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exem- plo? Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não. No caso afirmativo, seja muito bem-vinda a ins- tituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um fi- lho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-me que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve. Para que um costume intruso possa estabele- cer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai rece- ber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão. 1O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de mi- lho, que nossos amadores 2mambembes jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sport- man britânico de queixo caído. Os campeões brasileiros não teriam feito a fi- gura triste que fizeram em Antuérpia se a bola figu- rasse nos programas das Olimpíadas e estivessem a dis- putá-la quatro sujeitos de pulso. Apenas um re- presentante nosso conseguiu ali distinguir-se, no tiro de revólver, o que é pouco lisonjeiro para a vai- dade de um país em que se fala tanto. Aqui seria muito mais fácil o indivíduo salientar-se no tiro de espingarda umbiguda, emboscado atrás de um pau. Temos esportes em quantidade. Para que me- termos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos. As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão. As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; nós somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda e galego. Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam 3liamba. 2mambembe: medíocre, reles, de baixa condição. 3liamba: cânhamo, maconha. (Linhas tortas, 1971.) No contexto da crônica, “transformar a banha em fi- bra” significa converter a) amadores em profissionais. b) um esporte em outro. c) gordura em músculo. d) força em agilidade. e) sossego em atividade. ................................................................................... Questão 19 Era uma vez Um rei leão que não era rei. Um pato que não fazia quá-quá. Um cão que não latia Um peixe que não nadava. Um pássaro que não voava. Um tigre que não comia. Um gato que não miava. Um homem que não pensava... E, enfim, era uma natureza sem nada. Acabada.Depredada. Pelo homem que não pensava. Laura Araújo Cunha CUNHA, L. A. In: KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estraté- gias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2011. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. São as relações entre os elementos e as partes do texto que promovem o desenvolvimento das ideias. No po- ema, a estratégia linguística que contribui para esse de- senvolvimento, estabelecendo a continuidade do texto, é a a) escolha de palavras de diferentes campos semânti- cos. b) negação contundente das ações praticadas pelo ho- mem. c) intertextualidade com o gênero textual fábula infan- til. d) repetição de estrutura sintática com novas informa- ções. e) utilização de ponto final entre termos de uma mesma oração. .................................................................................. Questão 20 Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem a) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos. b) o uso de orações subordinadas condicionais e tem- porais. c) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo. d) a construção de figuras metafóricas e o uso de repe- tição. e) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato. Questão 21 Texto I Principiei a leitura de má vontade. E logo emperrei na história de um menino vadio que, dirigindo-se à escola, se retardava a conversar com os passarinhos e recebia deles opiniões sisudas e bons conselhos. Em seguida vi- nham outros irracionais, igualmente bem-intenciona- dos e bem falantes. Havia a moscazinha que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, desobedecendo às ordens maternas, e tanto voou que afinal caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o [livro] Barão de Macaúbas. Infelizmente um doutor, utilizando bichi- nhos, impunha-nos a linguagem dos doutores. — Que- res tu brincar comigo? O passarinho, no galho, respon- dia com preceito e moral, e a mosca usava adjetivos co- lhidos no dicionário. A figura do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia que era dele o pedantismo atribuído à mosca e ao passarinho. Ridí- culo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipi- lar conselhos, zumbir admoestações. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1986 (adaptado). Texto II Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que atua com toda sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa con- duta. E a sociedade não pode senão escolher o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, en- frentando ainda assim os mais curiosos paradoxos, pois mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de inevitável contrabando é um dos meios por que o jo- vem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe. CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades. São Paulo: Ed. 34, 2002 (adaptado). Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abor- dam um mesmo problema, que se refere, simultanea- mente, ao campo literário e ao social. Considerando-se a relação entre os dois textos, verifica-se que eles têm em comum o fato de que a) tratam do mesmo tema, embora com opiniões diver- gentes, expressas no primeiro texto por meio da fic- ção e, no segundo, por análise sociológica. b) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em defesa de uma mesma tese: a literatura, muitas vezes, é nociva à formação do jovem estudante. c) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que apresentam um mesmo ponto de vista: a litera- tura deixa ver o que se pretende esconder. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. d) a linguagem figurada é predominante em ambos, embora o primeiro seja uma fábula e o segundo, um texto científico. e) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os textos, em que se defende o caráter pedagógico da literatura. ................................................................................... Questão 22 A biosfera, que reúne todos os ambientes onde se de- senvolvem os seres vivos, se divide em unidades meno- res chamadas ecossistemas, que podem ser uma flo- resta, um deserto e até um lago. Um ecossistema tem múltiplos mecanismos que regulam o número de orga- nismos dentro dele, controlando sua reprodução, cres- cimento e migrações. DUARTE, M. O guia dos curiosos. São Paulo: Companhia das Le- tras, 1995. Predomina no texto a função da linguagem a) emotiva, porque o autor expressa seu sentimento em relação à ecologia. b) fática, porque o texto testa o funcionamento do ca- nal de comunicação. c) poética, porque o texto chama a atenção para os re- cursos de linguagem, d) conativa, porque o texto procura orientar compor- tamentos do leitor. e) referencial, porque o texto trata de noções e infor- mações conceituais. ................................................................................... Questão 23 Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. - É aqui! Buenos Aires é aqui! - Tinham trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pa- vilhão comum em São Paulo. - Buenos Aires é aqui! - Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do mato por estra- das esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas donde acabava de sair o braço escravo. Formavam mi- litarmente nas madrugadas do terreiro homens e mu- lheres, ante feitores de espingarda ao ombro. Oswald de Andrade. "Marco Zero II - Chão". Rio de Janeiro: Globo, 1991. Levando-se em consideração o texto de Oswald de An- drade e a pintura de Antonio Rocco reproduzida acima, relativos à imigração europeia para o Brasil, é correto afirmar que a) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto, otimista. b) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigra- ção de argentinos para o Brasil. c) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao Brasil. d) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigra- ção, destacando o pioneirismo do imigrante. e) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos ex-escravos. ................................................................................... Questão 24 O que é bullying virtual ou cyberbullying? É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circu- lando por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), re- des sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar epesquisa- dora da Faculdade de Educação da Universidade Esta- dual de Campinas (Unicamp). Disponível em http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado). .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Segundo o texto, com as tecnologias de informação e comunicação, a prática do bullying ganha novas nuan- ces de perversidade e é potencializada pelo fato de a) atingir um grupo maior de espectadores. b) dificultar a identificação do agressor incógnito. c) impedir a retomada de valores consolidados pela ví- tima. d) possibilitar a participação de um número maior de autores. e) proporcionar o uso de uma variedade de ferramen- tas da internet. ................................................................................... Questão 25 Não há crenças que Nelson Leirner não destrua. Do di- nheiro à religião, do esporte à fé na arte, nada resiste ao deboche desse iconoclasta. O principal mérito da retrospectiva aberta em setembro na Galeria do SESI- SP é justamente demonstrar que as provocações arqui- tetadas durante as últimas cinco décadas pelo artista quase octogenário continuam vigorosas. Bravo, n. 170, out. 2011 (adaptado). Um dos elementos importantes na constituição do texto é o desenvolvimento do tema por meio, por exemplo, do encadeamento de palavras em seu inte- rior. A clareza do tema garante ao autor que seus obje- tivos — narrar, descrever, informar, argumentar, opi- nar — sejam atingidos. No parágrafo do artigo informa- tivo, os termos em negrito a) evitam a repetição de termos por meio do emprego de sinônimos. b) fazem referências a outros artistas que trabalham com Nelson Leirner. c) estabelecem relação entre traços da personalidade do artista e suas obras. d) garantem a progressão temática do texto pelo uso de formas nominais diferentes. e) introduzem elementos novos, que marcam mudança na direção argumentativa do texto. ................................................................................... Questão 26 A série de obras produzida por Lygia Clark, com o nome de Os bichos, evidencia uma possibilidade de expressão da arte contemporânea, a qual a) solicita a interação do público com a obra. b) enfatiza a visão sobre os demais sentidos corporais. c) privilegia a representação de elementos da natureza. d) provoca o resgate de técnicas tradicionais da escul- tura. e) requer do observador o reconhecimento do objeto representado. ................................................................................... Questão 27 Ó meio-dia confuso, ó vinte-e-um de abril sinistro, que intrigas de ouro e de sonho houve em tua formação? Quem ordena, julga e pune? Quem é culpado e inocente? Na mesma cova do tempo cai o castigo e o perdão. Morre a tinta das sentenças e o sangue dos enforcados... — liras, espadas e cruzes pura cinza agora são. Na mesma cova, as palavras, o secreto pensamento, as coroas e os machados, mentira e verdade estão. [...] MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972. (fragmento) .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. O poema de Cecília Meireles tem como ponto de par- tida um fato da história nacional, a Inconfidência Mi- neira. Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico determinado. No poema de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética de- sassociada da história nacional. b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histó- rico, transformado em batalha épica que exalta a força dos ideais dos Inconfidentes. c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a derrota, a prisão e a morte dos Inconfidentes. d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, al- cança sua dimensão histórica mais profunda. e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes. ................................................................................... Questão 28 A questão aborda um fragmento de um artigo de Mô- nica Fantin sobre o uso dos tablets no ensino, postado na seção de blogues do jornal Gazeta do Povo em 16.05.2013: Tablets nas escolas Ou seja, não é suficiente entregar equipamen- tos tecnológicos cada vez mais modernos sem uma perspectiva de formação de qualidade e significativa, e sem avaliar os programas anteriores. O risco é de co- meter os mesmos equívocos e não potencializar as boas práticas, pois muda a tecnologia, mas as práticas continuam quase as mesmas. Com isso, podemos nos perguntar pelos desa- fios da didática diante da cultura digital: o tablet na sala de aula modifica a prática dos professores e o cotidiano escolar? Em que medida ele modifica as condições de aprendizagem dos estudantes? Evidentemente isso pode se desdobrar em inúmeras outras questões sobre a convergência de tecnologias e linguagens, sobre o acesso às redes na sala de aula e sobre a necessidade de mediações na perspectiva dos novos letramentos e alfabetismos nas múltiplas linguagens. Outra questão que é preciso pensar diz res- peito aos conteúdos digitais. Os conteúdos que estão sendo produzidos para os tablets realmente oferecem a potencialidade do meio e sua arquitetura multimídia ou apenas estão servindo como leitores de textos com os mesmos conteúdos dos livros didáticos? Quem está produzindo tais conteúdos digitais? De que forma são escolhidos e compartilhados? Ou seja, pensar na potencialidade que o tablet oferece na escola — acessar e produzir imagens, ví- deos, textos na diversidade de formas e conteúdos di- gitais — implica em repensar a didática e as possibili- dades de experiências e práticas educativas, midiáticas e culturais na escola ao lado de questões econômicas e sociais mais amplas. E isso necessariamente envolve a reflexão crítica sobre os saberes e fazeres que estamos produzindo e compartilhando na cultura digital. (Tablets nas escolas. www.gazetadopovo.com.br. Adaptado.) No último parágrafo, ao afirmar que é preciso repensar a didática, opina a autora que a) as bases da didática devem passar por um processo de análise e crítica. b) o aluno é capaz de aprender sozinho muito mais do que lhe ensinam. c) a didática deve ser completamente abandonada, por estar ultrapassada. d) o melhor método de ensino é aquele que se funda- menta na improvisação. e) é preciso criar técnicas mais eficazes para o aluno estudar em casa. ................................................................................... Questão 29 No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação his- tórica, composição étnica, costumes, modismoslin- guísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nos- sos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as ca- racterísticas locais. CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros en- saios. São Paulo: Ática, 2003. Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. a) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temá- tica essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de carac- terísticas locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia. b) José de Alencar, representante, sobretudo, do ro- mance urbano, retrata a temática da urbanização das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças. c) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentu- ado realismo no uso do vocabulário, pelo temário lo- cal, expressando a vida do homem em face da natu- reza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos. d) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expo- entes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raí- zes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo. e) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemá- tica do homem urbano em confronto com a moder- nização do país promovida pelo Estado Novo. ................................................................................... Questão 30 O sertão e o sertanejo Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vice- jante tapete de relva, quando lavra o incêndio que al- gum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na tou- ceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a lín- gua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alon- gam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento len- çol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspecti- vas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado). O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para cons- trução da identidade da nação é a a) possibilidade de apresentar uma dimensão desco- nhecida da natureza nacional, marcada pelo subde- senvolvimento e pela falta de perspectiva de reno- vação. b) consciência da exploração da terra pelos colonizado- res e pela classe dominante local, o que coibiu a ex- ploração desenfreada das riquezas naturais do país. c) construção, em linguagem simples, realista e docu- mental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natu- reza brasileira. d) expansão dos limites geográficos da terra, que pro- moveu o sentimento de unidade do território nacio- nal e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros. e) valorização da vida urbana e do progresso, em detri- mento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burgue- sia brasileira. ................................................................................... Questão 31 Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catari- nense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Os elementos formais e temáticos relacionados ao con- texto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em re- lação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o trata- mento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano ................................................................................... Questão 32 A questão a seguir focaliza uma passagem do romance ֱágua-mãe, de José Lins do Rego (1901-1957). Água-Mãe Jogava com toda a alma, não podia compreender como um jogador se encostava, não se entusiasmava com a bola nos pés. Atirava-se, não temia a violência e com a sua agilidade espantosa, fugia das entradas, dos ponta- pés. Quando aquele back1, num jogo de subúrbio, ati- rou-se contra ele, recuou para derrubá-lo, e com tama- nha sorte que o bruto se estendeu no chão, como um fardo. E foi assim crescendo a sua fama. Aos poucos se foi adaptando ao novo Joca que se formara nos campos do Rio. Dormia no clube, mas a sua vida era cada vez mais agitada. Onde quer que estivesse, era reconhe- cido e aplaudido. Os garçons não queriam cobrar as despesas que ele fazia e até mesmo nos ônibus, quando ia descer, o motorista lhe dizia sempre: — Joca, você aqui não paga. Quando entrava no cinema era reconhecido. Vinham logo meninos para perto dele. Sabia que agradava muito. No clube tinha amigos. Havia porém o antigo center-forward2 que se sentiu roubado com a sua che- gada. Não tinha razão. Ele fora chamado. Não se ofere- cera. E o homem se enfureceu com Joca. Era um joga- dor de fama, que fora grande nos campos da Europa e por isso pouco ligava aos que não tinham o seu cartaz. A entrada de Joca, o sucesso rápido, a maravilha de agi- lidade e de oportunismo, que caracterizava o jogo do novato, irritava-o até ao ódio. No dia em que tivera que ceder a posição, a um menino do Cabo Frio, fora para ele como se tivesse perdido as duas pernas. Viram-no chorando, e porisso concentrou em Joca toda a sua raiva. No entanto, Joca sempre o procurava. Tinha sido a sua admiração, o seu herói. 1 Beque, ou seja, o zagueiro de hoje. 2 Centroavante. (Água-Mãe, 1974.) Atitude que, no último parágrafo, melhor sintetiza a re- ação do antigo center-forward ao sucesso de Joca: a) rancor. b) cavalheirismo. c) colaboração. d) admiração. e) indiferença. ................................................................................... Questão 33 Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto da campanha publicitária e o da charge apresentam, res- pectivamente, composição textual pautada por uma estratégia a) expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta inter- câmbio verbal entre dois personagens. b) descritiva, pois descreve ações necessárias ao com- bate à dengue; e narrativa, pois um dos personagens conta um fato, um acontecimento. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. c) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque esta- belece uma interação oral. d) narrativa, visto que apresenta relato de ações a se- rem realizadas; e descritiva, pois um dos persona- gens descreve a ação realizada. e) persuasiva, com o propósito de convencer o interlo- cutor a combater a dengue; e dialogal, pois há a in- teração oral entre os personagens. ................................................................................... Questão 34 O cordelista por ele mesmo Aos doze anos eu era forte, esperto e nutrido. Vinha do Sítio de Piroca muito alegre e divertido vender cestos e balaios que eu mesmo havia tecido. Passava o dia na feira e à tarde regressava levando umas panelas que minha mãe comprava e bebendo água salgada nas cacimbas onde passava. BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histórias de cordel. Porto Alegre: LP&M, 2003 (fragmento). Literatura de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia, tematicamente, histórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar cer- tas crenças e ações destacadas nas sociedades locais. A respeito do uso das formas variantes da linguagem no Brasil, o verso do fragmento que permite reconhecer uma região brasileira é a) “muito alegre e divertido”. b) “Passava o dia na feira”. c) “levando umas panelas”. d) “que minha mãe comprava”. e) “nas cacimbas onde passava”. ................................................................................... Questão 35 A carreira do crime Estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sobre adolescentes recrutados pelo trá- fico de drogas nas favelas cariocas expõe as bases soci- ais dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as di- ficuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime organizado. O trafico oferece aos jovens de escolaridade precária (nenhum dos entrevistados havia completado o ensino fundamental) um plano de carreira bem estru- turado, com salários que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000 mensais. Para uma base de comparação, convém notar que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da população brasileira com mais de dez anos que declara ter uma ati- vidade remunerada ganha no máximo o ‘piso salarial’ oferecido peto crime. Dos traficantes ouvidos pela pes- quisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000 mensais; já na po- pulação brasileira essa taxa não ultrapassa 6%. Tais rendimentos mostram que as políticas so- ciais compensatórias, como o Bolsa-Escola (que paga R$ 15 mensais por aluno matriculado), são por si só in- capazes de impedir que o narcotráfico continue alici- ando crianças provenientes de estratos de baixa renda: tais políticas aliviam um pouco o orçamento familiar e incentivam os pais a manterem os filhos estudando, o que de modo algum impossibilita a opção pela delin- quência. No mesmo sentido, os programas voltados aos jovens vulneráveis ao crime organizado (circo-es- colas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol) são im- portantes, mas não resolvem o problema. A única maneira de reduzir a atração exercida pelo e a repressão, que aumenta os riscos para os que escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos adolescentes provam isso: eles são elevados precisa- mente porque a possibilidade de ser preso não é des- prezível. É preciso que o Executivo federal e os estadu- ais desmontem as organizações paralelas erguidas pe- las quadrilhas, para que a certeza de punição elimine o fascínio dos salários do crime. Editorial. Folha de São Paulo. 15 jan. 2003. No Editorial, o autor defende a tese de que “as políticas sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no tráfico não terão chance de sucesso enquanto a remu- neração oferecida pelos traficantes for tão mais com- pensatória que aquela oferecida pelos programas do governo”. Para comprovar sua tese, o autor apresenta a) instituições que divulgam o crescimento de jovens no crime organizado. b) sugestões que ajudam a reduzir a atração exercida pelo crime organizado. c) políticas sociais que impedem o aliciamento de cri- anças no crime organizado. d) pesquisadores que se preocupam com os jovens en- volvidos no crime organizado. e) números que comparam os valores pagos entre os programas de governo e o crime organizado. .................................................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................................................. Questão 36 A foto mostra integrantes de um grupo de choro to- cando instrumentos de diferentes classificações. Nessa formação, o instrumento que representa a família a) das madeiras é a flauta transversal. b) das cordas friccionadas é o bandolim. c) dos metais é o pandeiro. d) das percussões com membrana é o afoxé. e) das cordas percurtidas é o cavaquinho. ................................................................................... Questão 37 Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se que, nessa peça publicitária, predominan- temente, busca-se a) conseguir a adesão do leitor à causa anunciada. b) reforçar o canal de comunicação com o interlocutor. c) divulgar informações a respeito de um dado assunto. d) enfatizar os sentimentos e as impressões do próprio enunciador. e) ressaltar os elementos estéticos, em detrimento do conteúdo veiculado. ................................................................................... Questão 38 A escrita é uma tecnologia intelectual que vem auxiliar o trabalho biológico. É como uma nova memória, situ- ada fora do sujeito, e ilimitada. Com ela não é mais ne- cessário reter todos os relatos – este auxiliar cognitivo vem, portanto, relativizar a memória para que a mente humana possa desviar sua atenção consciente para ou- tros recursos e faculdades. Se é arriscado associar diretamente o surgimento da ci- ência ao da escrita, podemos, de qualquer forma, afir- mar que a escrita deu impulso e desempenhou um pa- pel fundamental na construção do discurso científico. O distanciamento possibilitado pela grafia no papel traz o registro das experiências e das hipóteses, o co- nhecimento especulativo, o documentário de compro- vações, a compilação
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