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Atos Infracionais e Crimes Praticados Contra as Crianças e os Adolescentes

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ATOS INFRACIONAIS E CRIMES 
PRATICADOS CONTRA AS CRIANÇAS E OS 
ADOLESCENTES 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
RESUMO DA UNIDADE 
 
A presente unidade analisa os atos inflacionais e crimes praticados contra criança e 
adolescente. Primeiro foi necessário percorrer sobre a evolução histórica abordando 
os princípios que norteiam as crianças e os adolescentes. Aprofundando sobre o 
assunto surgiu a necessidade de discutir os avanços nas famílias e seus 
desdobramento na questão da evolução do conceito de família e o reconhecimento 
dos novos arranjos familiares, bem como a presença da alienação parental e o 
abandono afetivo e suas consequências jurídicas. Dentro desse contexto, nota-se 
que as relações humanas sofreram uma violência psicológica que acabou causando 
impactos negativos no decorrer do tempo, basta analisar o fenômeno bullying, o 
trabalho infantil e ainda a questão do racismo e do preconceito presentes na 
sociedade contemporânea. Assim, conclui-se que essa unidade trará uma linha de 
estudo, debate e reflexão sobre a temática suscitada em torno das crianças e dos 
adolescentes. 
 
Palavras- chave: Criança e adolescente; Novos arranjos familiares; Alienação 
parental; Abandono afetivo, Bullying. 
 
 
 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO ............................................................................... 4 
CAPÍTULO 1 - A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO .............................................................................................................. 6 
1.1 Evolução histórica dos direitos das crianças e do adolescentes .................... 6 
1.2 Princípios que norteiam a criança e o adolescente ........................................ 8 
1.3 Ato infracional, das medidas de proteção e das medidas socioeducativas .. 12 
CAPÍTULO 2 – OS AVANÇOS NOS NOVOS DELINEAMENTOS DAS FAMÍLIAS 
CONTEMPORÂNEAS E SEUS DESDOBRAMENTOS ............................................ 15 
2.1 A evolução do conceito de família e o reconhecimento dos novos arranjos 
familiares ................................................................................................................... 15 
2.2 A alienação parental e seus efeitos no ordenamento jurídico brasileiro ...... 20 
2.3 O abandono afetivo e suas consequências psicológicas e jurídicas ............ 25 
CAPÍTULO 3 - AS RELAÇÕES HUMANAS E VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NO 
CONTEXTO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA ................................................ 30 
3.1 O fenômeno Bullying .................................................................................... 30 
3.2 O Trabalho Infantil ........................................................................................ 34 
3.3 O racismo na infância ................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42 
 
4 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO 
 
Este estudo está organizado a partir da apresentação da história dos direitos 
da criança e do adolescente, da inserção do Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA), dos avanços e desafios assegurados às crianças e aos adolescentes, com 
direitos e garantias também estabelecidos e assegurados pelo Código Civil e pela 
Constituição Federal de 1988. 
Primeiramente basta analisar que o conceito de família obteve algumas 
mudanças significativas no decorrer do tempo, e ainda vem sofrendo inúmeras 
transformações, alterando-se os valores, as tradições, culturas e os costumes. E 
compete à família desenvolver e transferir valores morais, afetivos e de assistência 
recíproca aos filhos. 
Importante destacar que a Constituição Federal de 1988, em seu 
artigo 226, caput, menciona que a: “[...] família, base da sociedade, tem especial 
proteção do Estado”. São evidentes, assim, o amparo e a proteção à família. 
Portanto, tem- se em vista que a família é o princípio de todo ser humano, é 
indispensável a sua construção, pois, é nesse meio que as crianças e os 
adolescentes terão os primeiros contatos com a vida em sociedade, que se 
exteriorizarão as emoções e aprendem sobre a vida. 
No entanto, a falta de afeto, amor e cuidado dos genitores, ausência de 
instrução e auxílio, podem gerar sequelas na personalidade de uma criança que está 
em pleno desenvolvimento. 
Sabe-se que a criança e o adolescente requerem atenção, cuidado, zelo e 
amor. E por essa razão é preciso abordar essa temática, que é de suma 
importância. 
Assim, o primeiro capítulo trata sobre a evolução histórica e o reconhecimento 
dos direitos das crianças e dos adolescentes, principalmente sobre os princípios, 
garantias e a proteção. Nesse modo, foi necessário tratar sobre o ato infracional, as 
medidas de proteção e as medidas socioeducativas, aplicados sobre as crianças e 
os adolescentes, com base no Estatuto da Criança e do Adolescentes. 
Sobre essa perspectiva, o segundo capítulo aborda os avanços das famílias 
contemporâneas e seus desdobramentos. Aprofundando mais nesse assunto, 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645133/artigo-226-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
5 
 
 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma 
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
trabalharemos sobre a evolução do conceito de família e os novos arranjos 
familiares. Além disso, outros motivos que assombram a maioria das famílias é a 
questão da alienação parental e o abandono afetivo, trazendo consequências 
negativas no ordenamento jurídico brasileiro, por isso, é de suma importância seu 
estudo e debate. 
No último capítulo será abordada a realidade social que se impõe diante das 
modificações normativas até então narradas. A preocupação é trabalhar as 
consequências das relações humanas e a violência psicológica no contexto da 
sociedade contemporânea, principalmente no que tange ao fenômeno conhecido 
como Bullying, o trabalho infantil, o racismo e preconceito presentes na infância e na 
sociedade em geral. 
Nota-se que houve um grande avanço quanto às relações familiares e sobre as 
crianças e os adolescentes, no entanto, há ainda muito o que melhorar. 
Assim, no presente estudo busca-se aprofundar sobre os aspectos que 
envolvem as crianças e os adolescentes na sociedade atual, trazendo seus 
desdobramento e consequências jurídicas e práticas. 
 
 
6 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
CAPÍTULO 1 - A CRIANÇA E O ADOLESCENTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO 
 
1.1 Evolução histórica dos direitos das crianças e do adolescentes 
 
Antigamente, as crianças e adolescentes não tinham tanta importância e esta 
indiferença advinha do alto índice de mortalidade precoce que assombrava aquela 
época. Assim, o adulto buscando se resguardar do sofrimento advindo da perda 
precoce, evitava afeto às crianças e aos adolescentes. Além do mais, antigamente 
estes não eram considerados como merecedores de proteção especial. 
Já no século XVIII, a criança tinha uma chance de ultrapassar o marco dos dois 
anos. A falta de cuidados e de higiene, a desnutrição e a deficiência da medicina, 
além dos abandonos de crianças quanto às condições econômicas precárias são 
alguns dos fatores que favorecem essa pavorosa mortalidade. 
Há registros de que desde o período da Antiguidade, as crianças e os 
adolescentes não possuíam seus direitos reconhecidos. Era um tempo em que 
vigorava o poder patriarcal, no qual mulheres e filhos deviam obedecer às regras 
impostas pela autoridade paterna. 
Na Grécia Antiga, as crianças, desde muito cedo, eram treinadas para que se 
tornassem grandes guerreiras. Havia uma grande valorização à forma física, em que 
o mais forte, o mais apto e o mais valente eram selecionados e tratados com certo 
diferencial, sendo que, as crianças vítimas de problemas genéticos ou qualquer 
outro problema físico, eram “descartadas”. 
Após a 1ª Guerra Mundial, a OIT (Organização Mundial do Trabalho), estipulou 
um limite de idade para que os jovens ingressassem no mercado de trabalho e 
participassem da vida econômica da época, sendo um dos primeiros manifestos em 
favor dos direitos da criança e do adolescente no âmbito internacional. 
No entanto, a criança e o adolescente passaram a ser considerados pela 
sociedade e pelo legislador como indivíduos carecedores e detentores de direitos e 
garantias fundamentais. Deixam de ser tratados como um “fardo” ou um “objeto” e 
passam, gradativamente, a serem vistos pela sociedade com olhar mais humano e 
indistinto. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Nesse contexto, as crianças e os adolescentes deixam de ser vistos como 
meros sujeitos passivos e passaram a ser vistos como sujeitos de direitos, ou seja, 
como sujeitos dotados de uma progressiva autonomia no exercício de seus direitos 
em função da sua idade, maturidade e desenvolvimento das suas capacidades. 
Podemos afirmar que a criança e o adolescente conquistaram já um estatuto de 
“cidadania social” incontornável. (MARTINS, 2004, p. 6). 
Assim, a evolução das crianças e dos adolescentes passou por algumas fases 
importantes, vejamos que em 1948 a Assembleia das Nações Unidas proclamou a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, incluindo os direitos e liberdades das 
crianças e adolescentes. Sendo que em 1969 tivemos a Conferência Interamericana 
sobre Direitos Humanos, em San José de Costa Rica. Desta forma, percebemos que 
a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança foi o marco e proporcionou 
a proteção integral, prevista no ECA (TAVARES, 2001, p 77-79). 
Após isso surgiu a Convenção de Direitos Humanos que buscou a proteção 
das crianças, que através da Constituição Federal Brasileira de 1988 acabou 
concretizando de fato os direitos da criança e do adolescente. Insta frisar que 
somente em 1990 foi criado o Estatuto da Criança e do Adolescente, formado pela 
Constituição Federal, pela Convenção Internacional dos Direitos da Criança e pela 
Declaração dos Direitos da Criança (DUPRET, 2010, p. 21). 
Até então, estava em vigor desde 1979 o Código de Menores, que foi 
substituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, onde se buscou 
aplicar a proteção integral. Nota-se que foi necessário um clamor popular e várias 
manifestações em diversos momentos da história para se chegar ao Estatuto de 
1990. 
Com efeito, surgiu a necessidade de previsão de princípios para conduzir o 
ECA, que são: princípio da proteção integral (art. 1º) e garantia de absoluta 
prioridade (art. 4º). Nesse sentido, em 1993 houve uma abordagem voltada às 
políticas de proteção integral para infância e juventude. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente veio pôr fim a estas situações e 
tantas outras que implicavam numa ameaça aos direitos da criança e dos 
adolescentes, suscitando, no seu conjunto de medidas, uma nova postura a 
ser tomada tanto pela família, pela escola, pelas entidades de atendimento, 
pela sociedade e pelo Estado, objetivando resguardar os direitos das 
crianças e adolescentes, zelando para que não sejam sequer ameaçados. 
(VERONESE,1999, p. 12) 
8 
 
 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Neste marco legal, a criança e o adolescente passaram a ser portadores de 
Direito e garantias conforme previsão no artigo 227 da Constituição Federal, sendo 
dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, o 
direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, entre outros. 
Ou seja, foi a partir da CF/1988, que começou a assegurar às crianças e aos 
adolescentes o acesso às políticas sociais básicas, como saúde e educação; à 
política de assistência social, em caso de risco e vulnerabilidade social; e às 
políticas de garantias de direitos, para as situações de ameaça ou violação de 
direitos. 
Contudo, temos que esse instituto acabou de tornando o alicerce e o suporte 
que protegem e garantem os direitos para o melhor desenvolvimento das crianças e 
dos adolescentes. 
 
1.2 Princípios que norteiam a criança e o adolescente 
 
Antigamente, a criança era vista como propriedade do chefe de família, não era 
detentora de direito, tendo que obedecer todas as vontades do líder familiar, que 
podia decidir sobre vida e morte de seus filhos. 
Com advento da Constituição Federal de 1988 e a criação do Estatuto da 
Criança e do Adolescente, houve fixação de formas de responsabilizar os infratores, 
surgindo princípios que os protegem. Conforme previsão do artigo 228 da Carta 
Magna, são inimputáveis penalmente os menores de dezoito anos, sendo concedido 
à criança e ao adolescente direitos preferenciais em relação aos maiores de dezoito 
anos. (SHECAIRA, 2008. p. 137). Nesse sentido, iremos discorrer sobre os 
princípios que norteiam o ECA. 
Primeiro, vamos analisar o PRINCIPIO DA PROTEÇÃO INTEGRAL, do art. 1º 
do ECA que diz: “esta lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao 
adolescente”. Ou seja, visa a proteção integral da criança e do adolescente, 
garantindo o pleno desenvolvimento físico, moral e religioso. (CURY, 2006, p. 115). 
Contudo, o artigo 227, §3º da CF menciona que o direito à proteção especial 
abrangerá: 
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o 
disposto no art. 7º, XXXIII; 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperaçãode dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; 
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à 
escola; IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de 
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por 
profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; 
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de 
qualquer medida privativa da liberdade; 
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos 
fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de 
guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; 
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao 
adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. 
 
Assim, nota-se que este princípio visa a proteção, resguardando os direitos e 
garantias, garantindo o desenvolvimento e priorizando a sua dignidade como pessoa 
humana. 
Aprofundando mais no assunto, trataremos sobre o segundo PRINCIPIO DA 
CONDIÇÃO PECULIAR DA PESSOA EM DESENVOLVIMENTO, estabelecido no 
art. 6º do ECA: 
“Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que a ela 
se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e 
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas 
em desenvolvimento”. 
 
Com efeito, sabemos que a criança e o adolescente não conhecem seus 
direitos na sua totalidade, pois, não possuem a capacidade de suprir suas 
necessidades essenciais e primordiais sozinhos. (COSTA, 2006, p. 55). 
Agora, como terceiro princípio, abordaremos sobre o PRINCÍPIO DA 
INTERVENÇÃO MNIMA, previsto no art. 37, b, do ECA que estabelece: 
Nenhuma criança seja privada de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrária. 
A detenção, a reclusão ou a prisão de uma criança, serão efetuadas 
conforme em conformidade com a lei e apenas com último recurso, e 
durante o mais breve período de tempo que for apropriado. 
 
Ou seja, na Carta Magna também prevê no seu art. 227, §3º, V este princípio 
que aborda “a obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer 
medida privativa da liberdade”. Bem como o art. 112 do ECA, que diz que a 
autoridade “poderá” aplicar ao adolescente as medidas nele previstas. Ou seja, é por 
meio deste princípio que há a intervenção nas punições, devendo ser imposto um 
castigo de acordo com a gravidade do crime. 
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Como quarto princípio a ser trabalhado, trata-se do PRINCÍPIO DA 
PROPORCIONALIDADE, que tem previsão nos art.1º, III; art.3º, I; art.5º, da CF, 
além do art. 227, §3º, IV do ECA. 
Assim, na intervenção punitiva, na aplicação da pena e na aplicação de medida 
socioeducativa, deve ser analisado este princípio em questão. Desta forma, cabe ao 
juiz, no instante de aplicação da pena, verificar se a medida deverá ser mais 
rigorosa ou mais branda, dependendo do caso concreto e das circunstâncias. 
(SHECAIRA, 2008. p. 150). 
O quinto trata-se do PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA, que visa 
garantir os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes e, para tanto, 
requer participação efetiva da família, sociedade como um todo e do Poder Público. 
Assim, parte da função se perfaz na adoção pelo Poder Executivo (União, Estados e 
Municípios) de políticas sociais que visem reduzir a pobreza, a fome e a injustiça 
social. 
As políticas sociais são de incumbência do Poder Executivo (União, Estados 
e Municípios), que deve reservar parte de seu orçamento na consecução 
desses objetivos. A omissão deste pode ser sanada por meio de ação civil 
pública em que o MP possui legitimidade para propô-la. (ISHIDA, 2013, 
p.21) 
 
Portanto, esses mecanismos executados pelo Poder Público têm como objetivo 
garantir os direitos à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à 
convivência familiar e à comunitária, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização e à proteção no trabalho. 
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente 
far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos 
municípios. 
 
Dessa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente, ao prever a 
descentralização das atividades por meio da municipalização do atendimento, 
alcança a coordenação e de execução das políticas e programas referentes à 
criança e ao adolescente. Em razão do Estatuto, passa a englobar também os 
municípios, em virtude de estarem mais próximos dos problemas envolvendo a 
infância e a juventude. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Temos também o sexto PRINCÍPIO DO ATENDIMENTO INTEGRAL, quando a 
criança e o adolescente têm direito de serem atendidos quanto às necessidades 
essenciais, ou seja, aquelas de extrema importância em sua formação no aspecto 
pessoal e seu aspecto profissional. 
Nesse sentido, foi necessário trazer o sétimo PRINCÍPIO DA REEDUCAÇÃO E 
REINTEGRAÇÃO DO MENOR, onde a criança e o adolescente agentes de algum 
ilícito tipificado no código penal, deverão ser inseridos em programas de reinserção 
social, promovendo socialmente suas famílias. Estabelecendo também um 
acompanhamento desta criança e deste adolescente. 
E como oitavo PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, conhecido 
como um dos maiores princípios constitucionais, em consonância com os 
artigos 1º, III, 5º, I, 226, § 6º, 227 da CF e 15 do ECA. Ou seja, é considerado a base 
da entidade familiar, advindo dele os sentimentos de respeito, compreensão, 
permitindo o desenvolvimento psicossocial de cada partícipe. 
Aprofundando mais no assunto, temos o nono PRINCÍPIO DO MELHOR 
INTERESSE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, que é uma garantia do 
desenvolvimento pleno dos direitos da personalidade do menor, considerada diretriz 
para solução de conflitos oriundos da separação dos pais. Originou-se pela 
Convenção Internacional dos Direitos da Criança, e posteriormente regulamentado 
no ECA. 
No tocante a isso, surgiu a necessidade de se discutir sobre o décimo 
PRINCÍPIO DA PREVALÊNCIA E CONVIVÊNCIA FAMILIAR, previsto no 
art. 227 da Constituição Federal e art. 19 do ECA. Tem-se que a criança e o 
adolescente são sujeitos de direitos, devendo ser tratadas como tal, e onde o Estado 
tem o papel de empreender diligências suficientes para amparo dos direitos e 
garantias fundamentais de sobrevivência e desenvolvimento humano destes 
infantes. 
Descarte, como décimo primeiro, temos o PRINCÍPIO DA AFETIVIDADE, que 
encontra respaldo no § 2º do art. 5º da Constituição Federal. Esse princípio fornece 
estrutura e apoio à concepção das diferentes formas de família existentes 
atualmente, tais como o reconhecimento da união estável, da família monoparental, 
das uniões homoafetivas. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641860/artigo-1-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731879/inciso-iii-do-artigo-1-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10731047/inciso-i-do-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10645133/artigo-226-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644875/par%C3%A1grafo-6-artigo-226-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618478/artigo-15-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1031134/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10644726/artigo-227-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10618045/artigo-19-da-lei-n-8069-de-13-de-julho-de-1990
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641425/par%C3%A1grafo-2-artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10641516/artigo-5-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
12 
 
 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
E por fim, o décimo segundo PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO 
DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, cujo direito dos menores são 
indisponíveis, imprescritíveis, podendo ser exercido contra aqueles que têm o direito 
sobre o menor, quando este princípio é ferido. 
 
1.3 Ato infracional, das medidas de proteção e das medidas socioeducativas 
 
No ordenamento jurídico pátrio, os crimes e as contravenções penais são 
atribuídos às pessoas imputáveis, que são maiores de 18 anos. No entanto, caso 
uma criança e adolescente cometa uma conduta ilícita, será considerado um ato 
infracional, em que merece a devida punição. Assim, podemos afirmar que o ATO 
INFRACIONAL é “ação condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos 
direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes” 
(AQUINO, 2012, p. 27). 
No entanto, crianças, ou seja, de até 12 anos de idade incompletos e, 
adolescentes de até 18 anos de idade, que cometem infrações penais, o ECA 
excluiu da aplicação de medidas socioeducativas e aplica medidas de proteção. Mas 
cabe ao Conselho Tutelar a aplicação das medidas de proteção conforme art. 136, I 
do ECA. Ainda, o Ministério Público pode propor a remissão ou ainda representar a 
autoridade judiciária, a fim de aplicar as medidas socioeducativas, conforme prevê o 
art. 180 do ECA. 
Com relação às MEDIDAS DE PROTEÇÃO, estas são aplicadas pela 
autoridade competente, ou seja, juízes, promotores, conselheiros tutelares, àqueles 
que tiveram seus direitos fundamentais ameaçados ou violados. (Art. 98 do ECA). 
No entanto, para aplicar tal medida é necessário a realização de um estudo 
pedagógico, visando priorizar os vínculos familiares conforme os artigos 100 e 101 
do ECA. 
No tocante às MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS, previstas no artigo 112 do 
ECA, ocorre quando há pratica de ato infracional, a autoridade competente poderá 
aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
I – advertência; 
II – obrigação de reparar o dano; 
III – prestação de serviços a comunidade; 
IV – liberdade assistida; 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
V – inserção em regime de semiliberdade; 
VI – internação em estabelecimento educacional; 
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
 
Antes de adentrar nessa temática, é de suma importância distinguir medidas 
socioeducativas de medidas de proteção. Assim, temos que objetivo das medidas 
socioeducativas é proporcionar a reeducação e ressocialização do infrator, a fim de 
impedir futuras condutas ilícitas. 
Portanto, de acordo com os arts. 114 e 115 do ECA, a ADVERTÊNCIA consiste 
na admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada, no entanto, é 
necessária prova da materialidade do fato e indícios suficientes de autoria. 
Já no caso da OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO, tem previsão no art. 116 
do ECA, onde a autoridade determina que o menor infrator restitua a coisa, 
promovendo o ressarcimento do dano, ou que compense o prejuízo da vítima. Esta 
medida socioeducativa pode ser substituída por outra medida mais adequada 
quando for necessário. 
Quanto à PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMUNIDADE, é a possibilidade de 
adquirir valores sociais positivos, por meio da vivência de relações de solidariedade. 
Suas características estão explicitadas no artigo 117 do ECA. 
Já quanto à LIBERDADE ASSISTIDA, tem previsão no artigo 118 do ECA, será 
adotada quando for a medida mais adequada, com o objetivo de acompanhar, 
auxiliar e orientar o menor. 
Assim, o infrator depois de entregue aos responsáveis ou após liberação do 
internato, será submetido à assistência (AQUINO, 2012, p.27). Sendo que essa 
medida será determinada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo ser 
prorrogada a qualquer tempo. Contudo, deve-se levar em consideração as 
condições, as circunstâncias e a gravidade da infração, de acordo com o que dispõe 
o artigo 112, § 2° do ECA. 
Temos ainda a medida socioeducativa DO REGIME DE SEMILIBERDADE, 
previsto no artigo 120 do ECA, que pode ser determinado no começo, ou como 
forma de transição para o meio aberto, possibilitando realização de atividades 
externas, independentemente de autorização judicial. Podemos afirmar que esta é a 
pena mais rigorosa da liberdade depois da internação. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
Já no tocante à INTERNAÇÃO, possui a capacidade pedagógica, com o 
objetivo de reinserção do menor infrator ao ambiente familiar e comunitário, bem 
como busca seu aperfeiçoamento profissional e intelectual, conforme o art. 121, 
caput, do ECA. 
No entanto, quando este atingir o limite de 3 anos, o adolescente deverá ser 
liberado, levando em consideração que a liberação compulsória é realizada aos 21 
anos de idade. Portanto, após essa idade não poderá ser aplicada qualquer medida 
socioeducativa (AQUINO, 2012. p.29). Contudo, cabe internação quando: 
I) quando se tratar de ato infracional cometido com grave ameaça ou 
violência a pessoa; 
II) reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
III) descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente 
imposta (art. 122 do ECA) 
 
 Em suma, apesar as condições e restrição prevista no ECA quanto à proteção 
do menor, há quem atribua caráter punitivo às medidas. 
 
 
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CAPÍTULO 2 – OS AVANÇOS NOS NOVOS DELINEAMENTOS DAS FAMÍLIAS 
CONTEMPORÂNEAS E SEUS DESDOBRAMENTOS 
 
2.1 A evolução do conceito de família e o reconhecimento dos novos arranjos 
familiares 
 
A família é considerada a mais importante instituição da sociedade humana, 
sendo que as transformações e a evolução ocorreram na construção do modelo 
familiar, que sofreu forte influência dos poderes político, econômico, religioso e 
social de cada época histórica vivida. 
Assim,em sua forma primitiva, é possível afirmar que a família brasileira tem 
como base a sistematização formulada pelo direito romano e pelo direito canônico. 
(WALD, 2004, p. 9.). 
Com base nisso, podemos afirmar que a família na época romana era 
submetida a um chefe: o "pater famílias", mais tradicionalmente abordada como a 
família patriarcal. Ate determinado momento a família era formada por meio dos 
costumes e sem regras legais. Assim, a família passou a exigir o casamento, uma 
vez que somente haveria família caso houvesse casamento. (LEITE, 1991, p. 57.) 
Com a chegada do Cristianismo, a Igreja impôs regras no casamento civil, 
considerando-o um sacramento. Assim, passou a ser incumbência do Direito 
Canônico regrar o casamento, fonte única do surgimento da família. (CAVALCANTI, 
2004, p. 31.) 
Antigamente, existiam três formas distintas de casamento: o casamento 
católico; o casamento misto (católico e acatólicos) e o casamento entre pessoas de 
seitas dissidentes. (PEREIRA, 1997, p. 40.) 
Conforme a Constituição de 1824, por haver vínculo entre a Igreja e o Estado, 
o casamento religioso era a única forma de constituição de uma família. Com a 
Constituição de 1891, assim como a Constituição de 1824, marcada pelo liberalismo, 
deu início ao Estado laico e, sendo assim, instituiu-se o casamento civil, cujo 
processo deveria ser gratuito. Passa este a ser, o único ato capaz de constituir uma 
família e não mais o casamento religioso, do qual se retira valor jurídico. 
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A legislação de 1916 conceituava a família como sendo patriarcal e 
hierarquizada, composta através do matrimônio, à qual realizava diversas atividades, 
priorizando a atividade econômica e financeira para sobrevivência, e sua formação 
era composta por graus de parentesco residindo todos no mesmo local ou muitas 
vezes trabalhavam juntos em prol do mesmo objetivo. (RODRIGUES, 2004, p. 190). 
Assim, a partir da Constituição de 1934, deu origem ao Estado social brasileiro, 
caracterizado pela intervenção do ente estatal nas esferas econômica e social. No 
entanto, no Brasil isso trouxe proteção perante a família, através do Estado, uma vez 
que este passou a ser mediador das relações desse instituto, determinando sua 
indissolubilidade, conforme previsto na Constituição de 1934: “Art 144. A família, 
constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado”. 
Nesse período, a família limitava-se aos componentes originados do 
casamento, e sua dissolução era proibida e discriminada, principalmente quando 
havia um filho envolvido, fruto desses relacionamentos. 
Deste modo, o que se pode notar é que no século XX, as alterações sociais 
foram gerando aos poucos mudanças na instituição familiar, ficando para trás a 
característica séculos anteriores, principalmente com a chegada da Constituição de 
1988, a qual aumentou o conceito de família, impondo novos modelos, não exigindo 
que esta se formasse apenas pelo casamento, mas também através da família 
monoparental formada por qualquer um dos pais e sua prole, e ainda a união estável 
também reconhecida como instituição familiar. 
Nota-se que os atuais contornos da família estão desafiando outra 
conceituação: os novos arranjos familiares. A família deixa de ser o núcleo 
econômico e de reprodução para dar espaço ao afeto e ao amor. 
A Constituição Federal de 1988, ao lado do casamento, trouxe o 
reconhecimento da União Estável e da Família Monoparental. No entanto, conforme 
analisamos, a família é a base da sociedade e recebe proteção do Estado, conforme 
artigo 226, caput, da Constituição Federal. 
Quando se pensa em família, sempre nos baseamos na formação de “um 
homem e uma mulher unidos pelo casamento e cercados de filhos”. Esta realidade 
mudou e surgiu novas modalidade de famílias. A consagração da igualdade, o 
reconhecimento da existência de outras estruturas de convívio, a liberdade de 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/155571402/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10673132/artigo-144-da-constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-de-1988
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reconhecer filhos havidos fora do casamento operaram verdadeira transformação na 
família. (DIAS, 2007, p. 34). 
 
IMPORTANTE 
Podemos classificar as espécies de família da seguinte forma: 
1- Família matrimonial ; 2- Cuncubinato; 3- União estável; 4- Família paralela; 5- 
Família monoparental; 6- Família anaparental, 7- Família pluriparental; 8-
Eudomonista; 9- Família homoafetiva; 10- Família unipessoal, 11- Família adotiva. 
 
Passemos à análise sucinta de cada um dos tipos de família. 
Dando inicio ao tópico de espécies de família, abordaremos primeiro sobre a 
FAMILIA MATRIMONIAL. 
Até a entrada em vigor da atual Constituição de 1988, a família matrimonial era 
a única forma admissível de formação de família. Para o Cristianismo, que tem forte 
influência nas famílias, as únicas relações afetivas aceitáveis eram as decorrentes 
do casamento entre um homem e uma mulher em face do interesse de procriação. 
Esse modelo de família está previsto no artigo 226 da CF. 
Nesse sentido, o Código Civil em seu artigo 1.514 ilustra que: “o casamento se 
realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua 
vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”. Ainda, a 
mesma legislação em seu artigo 1.566, delineia os direito e deveres de ambos os 
cônjuges: I – fidelidade recíproca; II – vida em comum, no domicílio conjugal; III – 
mútua assistência; IV – sustento, guarda e educação dos filhos; V – respeito e 
consideração mútuos. 
Assim, podemos afirmar que nessa espécie de família, o casamento é um ato 
solene, celebrado entre pessoas de diferente sexo, que se unem, sob a promessa 
de fidelidade e amor recíproco. 
O Código Civil denomina de CONCUBINATO a relação entre homem e mulher 
impedidos de casar, consagrado nos artigo do Código Civil, in verbis: 
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos 
de casar, constituem concubinato. Assim, são impedidos de casar: 
Art. 1.521. Não podem casar: 
 I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópiasou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o 
foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro 
grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
O Código Civil repudia o concubinato, tendo o artigo 1642, inciso V, apontado: 
reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro 
cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo 
esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos; 
(...) 
Sobre esse assunto, a autora Maria Helena Diniz afirma que: 
O concubinato impuro ou simplesmente concubinato dar-se-á quando se 
apresentarem relações não eventuais entre homem e mulher, em que um 
deles ou ambos estão impedidos legalmente de casar. Apresenta-se como: 
a) adulterino (...) se se fundar no estado de cônjuge de um ou de ambos os 
concubinos, p. ex., se homem casado, não separado de fato, mantiver ao 
lado da família matrimonial uma outra; ou b) incestuoso, se houver 
parentesco próximo entre os amantes. (DIAS, 2006, p. 1413) 
 
Logo, ao garantir a proteção a família, reconhece como entidade familiar a 
FAMILIA NA UNIÃO ESTÁVEL (artigo 226 § 3º CF), que essa modalidade passou a 
ser reconhecida como entidade familiar, a convivência pública, contínua e duradoura 
de um homem e uma mulher, vivendo sobre o mesmo teto, sem vínculo matrimonial, 
com objetivo de constituir família. (art. 1723, §§1º 2º da CC) 
Portanto, é uma união não passageira, existente entre pessoas unidas sobre 
um vínculo de afinidade, sem nenhuma formalidade para tanto. Nota-se que o 
Código Civil, em seu artigo 1723, §1º, considera união estável a relação existente 
entre aqueles que possuem casamento anterior não dissolvido formalmente. É o que 
se chama de separados de fato. 
Com segurança, só se pode afirmar que a união estável inicia de um vinculo 
afetivo. O envolvimento mutuo acaba transbordando o limite do privado, 
começando as duas pessoas a serem identificadas no meio social como um 
par. A visibilidade do vinculo o faz ente autônomo merecedor da tutela 
jurídica como uma entidade. (DIAS, 2005, 150). 
 
Nesse sentido, destaca-se que a união estável decorre de laços de afetividade, 
do desejo de constituir uma família. 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A FAMILIA PARALELA é aquela que afronta a monogamia, realizada por 
aquele que possui vínculo matrimonial ou de união estável. Portanto, na família 
paralela, um dos integrantes participa como cônjuge de mais de uma família. Afirma 
Maria Berenice Dias que a união paralela é um relacionamento de afeto, não aceito 
pela sociedade. Portanto, negar a existência de famílias paralelas – quer um 
casamento e uma união estável, quer duas ou mais uniões estáveis – é 
simplesmente não ver a realidade. (DIAS, 2007, p. 48) 
Já a FAMILIA MONOPARENTAL é aquela constituída por um dos pais e seus 
descendentes, ou seja, ou só o pai ou só mãe convivendo com seu(s) filho(s). 
Possui albergue constitucional, artigo 226, §4º CF: Entende-se, também, como 
entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
Em suma, é a relação existente entre um dos pais e sua descendência. 
Vale destacar que a monoparentalidade tem origem quando da morte de um 
dos genitores , ou pela separação ou pelo divórcio dos pais. Já a entidade familiar 
chefiada por algum parente que não um dos genitores, igualmente, constitui vínculo 
monoparental.(DIAS, 2005, p. 184). 
Logo, tem a FAMÍLIA ANAPARENTAL, que é a relação que possui vínculo de 
parentesco, mas não possui vínculo de ascendência e descendência. Como por 
exemplo, de irmãos ou primos que vivam juntos. 
A convivência entre parentes ou entre pessoas, ainda que não parentes, 
dentro de uma estruturação com identidade de propósito, impõe o 
reconhecimento da existência de entidade familiar batizada com o nome de 
família anaparental. (DIAS, 2007, p. 46) 
 
Ainda, tem a FAMÍLIA PLURIPARENTAL, que surgiu com o desfazimento de 
vínculos familiares anteriores e criação de novos vínculos. 
A especificidade decorre da peculiar organização do núcleo, reconstruído 
por casais onde um ou ambos são egressos de casamentos ou uniões 
anteriores. Eles trazem para a nova família seus filhos e, muitas vezes, têm 
filhos em comum. É a clássica expressão: os meus, os teus, os nossos.( 
DIAS, 2007, p. 47) 
 
Nessa linha, surgiu a FAMÍLIA EUDEMONISTA que é aquela decorrente do 
afeto, ou seja, eudemonismo: sistema de moral que tem por fim a felicidade do 
homem. 
O eudemonismo é a doutrina que enfatiza o sentido de busca pelo sujeito 
de sua felicidade. A absorção do principio eudemonista pelo ordenamento 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
altera o sentido da proteção jurídica da família, deslocando-o da instituição 
para o sujeito, como se infere da primeira parte do § 8º do art. 226 da CF: o 
Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
componentes que a integram. ( DIAS, 2007, p. 52/53) 
 
Com todo esse avanço da entidade familiar, surgiu a FAMÍLIA OU UNIÃO 
HOMOAFETIVA , aquela decorrente da união de pessoas do mesmo sexo, as quais 
se unem para a constituição de um vínculo familiar, por laços afetivos. 
A nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto pode-se deixar de 
conferir status de família, merecedora da proteção do Estado, pois, a Constituição 
(1º,III) consagra, em norma pétrea, o respeito à dignidade da pessoa humana. 
(DIAS, 2007, p. 45). 
Assim, onde houver uma união de pessoas ligadas por laços afetivos, sendo 
esta sua finalidade fundamental, haverá família. 
No entanto, tem-se a FAMÍLIA UNIPESSOAL que é a composta por apenas 
uma pessoa. Recentemente, o STJ lhe conferiu à proteção do bem de família, como 
se infere da súmula 364: O conceito de impenhorabilidade de bem de família 
abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
É importante destacar que para estabelecer uma família não trata-se de uma 
família ligada por consaguinidade, e sim de uma relação de afetividade e amor, ou 
seja, a FAMÍLIA ADOTIVA. 
A adoção para o ordenamento jurídico vigente é uma forma artificial de filiação, 
que tem a intenção de igualdade com a filiação natural. Consagrada pela 
Constituição Federal no artigo 227, §6º, conforme veremos melhor no último capítulo 
desta unidade. 
 
2.2 A alienação parental e seus efeitos no ordenamento jurídico brasileiro 
 
A Síndrome da Alienação Parental, conhecida também pela sigla SAP- 
"Implantação de Falsas Memórias", foi identificada em 1985 pelo médico psiquiatra 
norte-americano e professor especialista do Departamento de Psiquiatria Infantil da 
Universidade de Columbia e perito judicial, Richard Gardner, que se interessou pelos 
sintomas que as crianças desenvolviam nos divórcios litigiosos, publicando um artigo 
sobre as tendências em litígios de divórcio e guarda. 
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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou 
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
A Síndrome da Alienação Parental é um distúrbio da infância que aparece 
quase exclusivamente no contexto de disputa de custódias de crianças. Sua 
manifestação preliminar é a campanha denegatória contra um dos 
genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha 
nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor 
(o que faz a lavagem cerebral, programação, doutrinação) e contribuições 
da própria criança para caluniar o genitor alvo. Quando o abuso e/ou a 
negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da 
criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de 
Alienação Parental para a hostilidade da criança não é explicável”. 
(GARDNER, 1998, p.148). 
 
A síndrome seria induzida pelo genitor nomeado alienador, que na maioria dos 
casos se refere à figura do guardião, ou seja, a mãe. (GARDNER, 1991 apud 
SOUZA, 2010, p.15). Assim, com a separação conjugal, as mães que detêm a 
guarda de seus filhos acabam induzindo, através da manipulação emocional, a 
repudiarem e odiarem o outro genitor. De acordo com Gardner, nos casos 
considerados mais severos, as mães seriam portadoras de algum tipo de distúrbio 
ou transtorno de personalidade. (GARDNER, 1991 apud SOUZA, 2010). 
Portanto, a Alienação Parental ganhou disciplina própria através da Lei no 
12.318/2010, que prevê uma série de ferramentas jurídicas para que o 
comportamento inadequado do genitor alienador diminua, proporcionando ao 
magistrado condições de definir e perceber práticas de alienação parental, intervindo 
de forma positivada com maior segurança no ordenamento jurídico brasileiro. 
O conceito legal da Síndrome da Alienação Parental está disposto no artigo 2º 
da Lei 12.318 de 2010, da seguinte forma: 
Artigo 2º - Considera-se ato de alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou 
induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a 
criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância para 
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à 
manutenção de vínculos com este. 
 
A SAP é um transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto 
sintomático, através do qual um genitor, denominado cônjuge ou genitor alienador, 
modifica a consciência de seu filho, por meio de estratégias de atuação, com o 
objetivo de impedir ou destruir seus vínculos com o outro genitor, denominado 
cônjuge ou genitor alienado. O artigo 2º, parágrafo único da Lei 12.318/10, 
exemplifica alguns sintomas da síndrome: 
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Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além 
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados 
diretamente ou com auxílio de terceiros: I - realizar campanha de 
desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou 
maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar 
contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do 
direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a 
genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, 
inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa 
denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar 
ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar 
o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a 
convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares 
deste ou com avós 
 
A referida lei, que tutela especificamente a síndrome, chamando-a apenas de 
“Alienação Parental”, conceitua e, de forma exemplificativa, elenca alguns exemplos 
para identificação da síndrome, conforme artigo mencionado acima. 
Ainda no dizer do psiquiatra, a síndrome de alienação parental consiste em 
programar uma criança para que odeie o genitor sem justificar. Na verdade, o 
detentor da guarda, geralmente a mulher, usa o filho como instrumento de sua 
frustração pelo casamento terminado, para desmoralizar o parceiro genitor. Com 
isso, pretende minar o convívio do filho com o pai (ou mãe), que muitas vezes, se 
amam e passam a se odiar, devido à manipulação do outro genitor (pai ou mãe). 
“A Síndrome de Alienação Parental é uma condição capaz de produzir 
diversas consequências nefastas, tanto em relação ao cônjuge alienado 
como para o próprio alienador, masseus efeitos mais dramáticos recaem 
sobre os filhos” (DIAS, 2010, p. 24) 
 
Isto ocorre muitas vezes após a separação do casal, onde o alienador, no 
intuito de prejudicar e afastar o outro da prole, pode contar com a pactualização de 
outros entes familiares. Desse modo, a prole é induzida a odiar e a abdicar-se do 
outro genitor a quem ama, ocorrendo contradição de sentimentos, causando a 
destruição dos vínculos antes existentes. 
A Lei, ao invés de falar em síndrome, tratou de prática de "ato de alienação 
parental” e o fez propositalmente com o objetivo de que a constatação e o 
enfrentamento da alienação parental se dêem muito antes de instaurada 
uma síndrome (COSTA, 2012, p. 74) 
 
Desse modo, tem-se que a Alienação Parental não é um problema apenas da 
entidade familiar, ao contrário, é de toda a sociedade, uma vez que todos são 
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prejudicados. Entretanto, inegável é que o maior prejudicado seja a criança ou 
adolescente que vivencia tal alienação. 
Assim, as características ou sintomas da SAP- Síndrome da Alienação 
Parental, estão além do rol exemplificativo do artigo 2º da 12.318/10. 
“É a recusa de passar as chamadas telefônicas; passar a programação de 
atividades com o filho para que o outro genitor não exerça o seu direito de 
visita; apresentação do novo cônjuge ao filho como seu novo pai ou mãe; 
denegrir a imagem do outro genitor; não prestar informações ao outro 
genitor acerca do desenvolvimento social do seu filho; envolver pessoas 
próximas na lavagem cerebral dos filhos; tomar decisões importantes a 
respeito dos filhos sem consultar o outro genitor; sair de férias sem os filhos 
e deixá-los com outras pessoas que não o outro genitor, ainda que esteja 
disponível e queira cuidar do filho; ameaçar o filho para que não se 
comunique com o outro genitor.” (MOTTA, 2007, p. 44) 
 
O art. 3º do ECA, dispõe que a pessoa que pratica esta conduta fere direitos 
básicos da descendência. No art. 4º do mesmo dispositivo, em seu parágrafo único, 
vem assegurar o direito de visita entre os alienados. Já no art. 5º e parágrafos 
seguintes disciplinam os procedimentos da ação e da perícia para constatação da 
Alienação Parental. 
No art. 6º estão elencadas as possíveis sanções a serem aplicadas para obstar 
a conduta do alienador, onde a lei tenta conscientizar os progenitores que a conduta 
cometida é um abuso de poder, devendo o Estado intervir protegendo a criança ou o 
adolescente nos casos de constatação dos indícios da alienação. 
Esserol é apenas exemplificativo, e, o juiz deverá verificar qual a solução 
mais plausível no caso concreto. Nada impede que algumas dessas 
medidas sejam aplicadas cumulativamente (VENOSA, 2011, p. 321) 
 
O art. 7º faz referência que nos casos da não possibilidade da guarda 
compartilhada, a atribuição ou alteração desta poderá se dar ao progenitor que 
viabilizar a efetiva convivência da criança com o outro genitor. O art. 8º menciona 
que a alteração de domicílio da criança é irrelevante para a determinação da 
competência relacionada às ações fundadas em direito de convivência familiar, salvo 
se decorrente de consenso entre os genitores ou de decisão judicial. 
Assim, na prática reiterada ou conforme a necessidade, o magistrado poderá 
aplicar ao alienador as sanções, podendo, nos casos mais gravosos, decretar a 
suspensão ou até mesmo a destituição do poder familiar, afastando 
temporariamente o alienador e restabelecendo o infante ao convívio familiar com o 
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alienado, protegendo princípios constitucionais. Coleciona-se a partir de então, 
julgados acerca da Síndrome da Alienação Parental. 
No Brasil, a divulgação da SAP obteve maior atenção por parte do Poder 
Judiciário em 2003, quando surgiram as primeiras decisões reconhecendo esse 
fenômeno, muito comum e antigo nas relações familiares 
AÇÃO DE GUARDA – INDICÍOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL – 
REALIZAÇÃO DE PERÍCIA – PRESERVAÇÃO DO BEM ESTAR DO 
MENOR. Com fulcro na Lei nº 12.318/2010, havendo nos autos indícios da 
ocorrência da prática de ato de ALIENAÇÃO PARENTAL, o juiz pode 
determinar a realização de perícia psicológica ou biopsicossocial, a fim de 
se aproximar da verdade real, e, assim, obter novas condições para 
escolher o melhor guardião para a criança. A melhor doutrina e a atual 
jurisprudência, inclusive deste próprio Tribunal, estão assentadas no sentido 
de que, em se tratando de guarda de menor, “”o bem estar da criança e a 
sua segurança econômica e emocional devem ser a busca para a solução 
do litígio”” (Agravo nº 234.555-1, acórdão unânime da 2ª Câmara Cível, 
TJMG, Relator Des. Francisco Figueiredo, pub. 15/03/2002). Recurso 
provido. 
 
REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS – ACUSAÇÕES DE OCORRÊNCIA DE 
ABUSOS SEXUAIS DO PAI CONTRA OS FILHOS – AUSÊNCIA DE 
PROVA – SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL CARACTERIZADA – 
DESPROVIMENTO DO RECURSO. É indispensável a fixação de visitas ao 
ascendente afastado do constante convívio com os filhos, em virtude do fim 
do casamento dos pais, conforme prescreve os artigos 1589 e 1632 do 
Código Civil. A prática de abusos sexuais deve ser cabalmente 
comprovada, sob pena de inadmissível afastamento do pai da criação da 
prole, medida esta que culmina em graves e até mesmo irreversíveis 
gravames psíquicos aos envolvidos. O conjunto probatório que não 
demonstra o abuso sexual sustentado pela genitora, com autoria atribuída 
ao pai dos infantes, aliada às demais provas que comprovam a insatisfação 
dos filhos com o término do relacionamento do casal, inviabiliza a restrição 
do direito de visitas atribuído ao ascendente afastado da prole, mormente 
diante da caracterização da síndrome da alienação parental. 
 
A Lei 12.318/2010 possui o intuito de inibir a conduta do alienante, visando o 
melhor interesse da criança e por ser a Síndrome da Alienação Parental uma forma 
de abuso do poder familiar e de desrespeito aos direitos de personalidade da 
criança, por privá-la do convívio com o outro genitor, gerando consequências 
nocivas ao seu desenvolvimento, é necessário que tal conduta seja reprimida, visto 
que é cada vez mais presente nos lares brasileiros. Tal lei prevê medidas como o 
acompanhamento psicológico e a aplicação de multa, a inversão de guarda, e até 
mesmo a suspensão e perda do poder familiar. 
Assim como a Constituição Federal, o Código Civil e o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a Lei da Alienação Parental tem como objetivos proteger a criança e o 
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adolescente e os seus Direitos Fundamentais, preservar o seu direito ao convívio 
com a família e preservar a moralidade da criança ou adolescente diante da 
separação dos pais, fatos que por si já atingem emocionalmente, psicologicamente e 
socialmente. 
 
2.3 O abandono afetivo e suas consequências psicológicas e jurídicas 
 
O Direito de Família, passou por grandes mudanças, sobretudo após o advento 
da Constituição Federal, quando o ente estatal ampliou a tutela das relações 
familiares, tendo em vista que à margem dessa mudança, a realização pessoal no 
ambiente de convivência com base no afeto tornou-se a função básica da família 
contemporânea, pois, desempenham um papel importante devido a sua evolução 
em virtude da mudança de paradigma do Direito de Família. 
Atualmente no ordenamento jurídico existem vários dispositivos que 
evidenciam a existência do direito-dever dos genitores de cuidar e proteger seus 
filhos, não apenas em seu aspecto físico, mas também psíquico e moral. 
A Constituição Federal, no artigo 227, dispõe que é dever da família assegurar, 
o direito dos filhos à convivência familiar. Posteriormente, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente reafirmou o direito dos filhos de serem criados e educados no seio da 
sua família, presente no art. 19. Assim como o Código Civil elenca entre os deveres 
conjugais (art. 1.566) o sustento, guarda e educação e, em caso de separação ou 
divórcio dos pais, sempre se deve ter como princípio norteador o melhor interesse 
das crianças (artigos 1.584 e 1586). 
Não obstante, nota-se que a legislação enfatiza a importância da função dos 
genitores na formação e desenvolvimento dos filhos. Todavia, se a ausência 
injustificada do pai ou da mãe origina evidente dor psíquica e, consequentemente, 
prejuízos à formação da criança, caracterizaria o dano, causado através da omissão 
e infração aos deveres de assistência moral e proteção, impostos pelo poder 
familiar. 
Assim, cabe aos pais estabelecerem formas para a realização da educação 
dos filhos, ensinando-lhes o uso adequado da liberdade, de seus limites e das suas 
responsabilidades. Esse processo educativo ocorre através da convivência, onde 
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cria-se os laços afetivos e morais com a família e reflete na sociedade. Dentro desse 
contexto, temos que a afetividade, dentro do núcleo familiar, corresponde ao 
respeito à dignidade humana, em conformidade com o disposto no artigo 1º, III, da 
Constituição Federal. 
Contudo, tem-se que o ABANDONO AFETIVO consiste no afastamento 
pessoal cometido pelos genitores para com a prole. No entanto, o distanciamento 
não depende de ausência física, verificando-se, por laudo psicológico e social, uma 
vez que a irresponsabilidade consistente no abando afetivo e pode gerar diversas 
consequências negativas ao filho. 
É certo que o afeto é algo primordial na vida de qualquer ser humano, 
principalmente no período de formaçãoe desenvolvimento do ser humano, ou seja, 
no momento em que seu caráter e personalidade estão sendo moldados. 
Além do mais, a ausência da figura de um dos genitores acaba ocasionando 
danos, podendo gerar severas sequelas psicológicas e comprometendo seu 
desenvolvimento e crescimento. 
(...) a falta da figura do pai desestrutura os filhos, tirando-lhes o rumo da 
vida e debita- -lhes a vontade de assumir um projeto de vida, tornando-lhes 
pessoas inseguras e infelizes. No momento do julgamento da lide que tem 
por objeto a reparação de danos por abandono afetivo paterno-filial, o juiz 
decidirá através do conjunto probatório que buscará demonstrar o dano 
causado e sua extensão. Tal comprovação é facilitada pela 
interdisciplinariedade, que está cada vez mais presente no âmbito do direito 
de família e tem levado o conhecimento da obrigação indenizatória por dano 
afetivo. Ainda que a falta de afetividade não seja indenizável, o 
reconhecimento da existência deve servir, no mínimo, para gerar o 
comprometimento do pai com o pleno e sadio desenvolvimento do filho. Não 
se trata de impor um valor ao amor, mas reconhecer que o afeto é um bem 
muito valioso. (DIAS, 2007, p. 407- 408) 
 
A falta de convívio dos pais com os filhos, em face do rompimento do elo de 
afetividade, pode gerar severas sequelas psicológicas e comprometer seu 
desenvolvimento saudável. [...] A omissão do genitor em cumprir os 
encargos decorrentes do poder familiar, deixando de atender ao dever de 
ter o filho em sua companhia, produz danos emocionais merecedores de 
reparação, (DIAS, 2015, p. 416). 
 
O poder familiar deve ser exercido não somente para atender às necessidades 
materiais do menor, mas deve também suprir suas carências psicológicas e 
intelectuais. 
(...) a conduta de um genitor ausente, que não cumpre as responsabilidades 
intrínsecas ao poder familiar, enquadra-se perfeitamente entre os atos 
ilícitos, tendo ele descumprido seus deveres parentais perante o filho, 
inerentes ao poder familiar, esculpidos nos arts. 22 do Estatuto da Criança e 
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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
do Adolescente – ECA, 1.566, IV, 34 e 1.634, I e II, do CCB/02. (TEIXEIRA, 
2005, p.152) 
 
Dessa forma, uma vez reconhecido o abandono afetivo, ensejar-se-á dano 
moral e material, por força dos arts. 186, 229 e 1.634 do Código Civil. Além do mais, 
o abandono afetivo pode afetar a dignidade da pessoa humana visto que: ‘‘o 
argumento favorável à indenização está amparado na dignidade humana. Ademais, 
sustenta-se que o pai ou mãe tem o dever de gerir a educação do filho, conforme o 
artigo 229 da Constituição Federal e o artigo 1.634 do Código Civil’’.(TARTUCE, 
2015, p. 11) 
Portanto, o abandono afetivo, a falta de convivência sadia com um dos 
genitores, é capaz de gerar consequências psicológicas no filho, de acordo com 
entendimento jurisprudencial, pode gerar dano moral, nos seguintes termos: 
CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MORAIS. ABANDONO AFETIVO. 1. A indenização por danos morais 
decorrente de abandono afetivo somente é viável quando há um descaso, 
uma rejeição, um desprezo pela pessoa por parte do ascendente, aliado ao 
fato de acarretar danos psicológicos em razão dessa conduta. 2. O fato de 
existir pouco convívio com seu genitor não é suficiente, por si só, a 
caracterizar o desamparo emocional a legitimar a pretensão indenizatória. 3. 
Embargos desprovidos. (TJ-DF - EIC: 20120110447605, Relator: MARIO-
ZAM BELMIRO, Data de Julgamento: 26/01/2015, 2ª Câmara Cível, Data 
de Publicação: Publicado no DJE : 10/02/2015 . Pág.: 98. Fonte: http://tj-
df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/311027847/embargos-infringentes-civeis-
eic-20120110447605) 
 
INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS - RELAÇÃO PATERNO-FILIAL - 
PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA - PRINCÍPIO DA 
AFETIVIDADE. O dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, 
que o privou do direito à convivência, ao amparo afetivo, moral e psíquico, 
deve ser indenizável, com fulcro no princípio da dignidade da pessoa 
humana. (TJMG. AC 408.550-5. DES. UNIAS SILVA. DJ. 01/04/2004) 
 
Para a configuração do dano moral na seara do Direito de Família, a análise se 
dá de modo subjetivo, ou seja, deve haver o fato, nexo causal e o dano devidamente 
provados. Ou seja, será analisado o caso concreto, de acordo com as circunstâncias 
apresentadas. 
Ainda, o Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na Comarca de 
Capão da Canoa, se pronunciou sobre o assunto na decisão proferida pelo juiz 
Mário Romano Maggioni, condenando um pai por abandonar moralmente sua filha, 
ao pagamento de uma indenização, a título de danos morais, correspondente a 
duzentos salários mínimos, em sentença transitada em julgado em agosto de 2003. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10718759/artigo-186-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10713963/artigo-229-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10620733/artigo-1634-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
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O magistrado considerou que o pagamento pecuniário não irá reparar, na totalidade, 
o mal que a ausência do pai causou, mas amenizará a dor e dará condições para 
que se busque auxílio psicológico e outros confortos para compensar a falta do pai. 
Enquanto a pena ao pai será no sentido de lhe fazer refletir sobre a função de pai e 
afirma: “fa-lo-á repensar sua função paterna ou, ao menos, se não quiser assumir o 
papel de pai que evite ter filho no futuro” (BRASIL, 2004, online). 
(...) o descaso entre pais e filhos é algo que merece punição, é abandono 
moral grave, que precisa merecer severa atuação do Poder Judiciário, para 
que se preserve não o amor ou a obrigação de amar, o que seria 
impossível, mas a responsabilidade ante o descumprimento do dever de 
cuidar, que causa o trauma moral da rejeição e da indiferença. (AZEVEDO, 
2004, p. 14) 
 
Ainda há corrente doutrinária defendendo a reparação do dano psíquico 
causado ao filho destituído de afeto, através de condenação ao pagamento de 
tratamento psicológico ou psiquiátrico, para restituir a saúde emocional do filho 
abandonado. Contudo, isto acabaria gerando a reparação pelo uso abusivo de um 
direito, mas, em por outro lado, estaria evitando mercantilização do afeto. 
(COSTA,2005, p.20) 
Assim, resta claro que não basta a não convivência com um dos pais para que 
seja devida a indenização por abandono afetivo, mas deve ser analisada a situação 
específica de cada caso concreto, para ser o suficiente para gerar danos à formação 
psíquico-emocional do filho, lesão esta que deverá ser judicialmente provada através 
de auxílio dos psicólogos e demais profissionais. 
Não obstante, existem doutrinadores e juristas que se posicionam contrários à 
reparação do dano moral causado ao filho, em virtude da falta de afeto e convivência 
negada aos filhos, sob a argumentação de que o abandono afetivo do pai em 
relação ao filho não pode ensejar o direito à indenização por dano moral, por não 
haver no ordenamento jurídico obrigação legal de amar ou de dedicar amor. 
[...] Com a devida vênia, não posso, até repudio essa tentativa, querer 
quantificar o preço do amor.Ao ser permitido isso, com o devido respeito, 
iremos estabelecer gradações para cada gesto que pudesse importar em 
desamor: se abandono por uma semana, o valor da indenização seria “x”; 
se abandono por um mês, o valor da indenização seria “y”, e assim por 
diante.(Recurso Extraordinário 567164) (BRASIL, 2009, online) 
 
O Superior Tribunal de Justiça, em alguns casos, decidiu que não há como 
obrigar um pai a amar seu filho, e a indenização em nada contribuiria para a 
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reaproximação das relações familiares. Dessa forma, determinados julgadores 
repudiaram a tentativa de quantificação do amor. 
Portanto, os operadores do Direito devem ter cautela ao julgar os casos de 
indenização aplicados em casos de abandono afetivo, devendo ser priorizados os 
direitos fundamentais dos filhos, especialmente a convivência familiar, sendo 
necessário analisar caso a caso e suas especificações. 
 
 
 
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CAPÍTULO 3 - AS RELAÇÕES HUMANAS E VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NO 
CONTEXTO DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA 
 
3.1 O fenômeno Bullying 
 
A violência é um problema crescente e há muita maldade nos seres humanos 
que ferem a vida de todos na sociedade. A busca por uma caracterização da 
violência não é uma tarefa fácil, uma vez que se trata de um fenômeno multiforme 
em todos os seus aspectos e se transforma de acordo com a sociedade, alterando 
as relações entre os indivíduos. Sentimentos como respeito, solidariedade, amor, 
parecem estar sendo substituídos por ódio, intolerância, discriminação e violência. 
Seres da mesma espécie se destroem, se matam e se agridem. 
Com base nisso, surgiu o bullying que passou a ser estudado em todo o 
mundo, após pesquisadores e educadores de países da Escandinávia perceberem a 
forte ligação entre a violência vivenciada por alunos no ambiente escolar e uma série 
de ataques que ocorrem na sociedade. 
Assim, quanto ao conceito de bullying, tem origem inglesa, sendo possível 
obter diversos significados como, alguém que usa sua força ou poder para 
amedrontar ou machucar quem é mais fraco, ou pressionar alguém para obter o que 
se quer. (ORSINI, 2015, p. 287). Já no vocabulário brasileiro a palavra bully tem o 
significado de “ameaça”, “provocação”, “intimidação”, “maus tratos”. Assim, o bullying 
é um fenômeno novo, que vem sendo estudado nos últimos anos e despertando a 
atenção e preocupação. 
Diante desta diversidade de termos, temos uma definição do fenômeno: 
(...) conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem 
sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outro(s), 
causando dor, angústia e sofrimento. Insultos, intimidações, apelidos cruéis, 
gozações que magoam profundamente, acusações injustas, atuação de 
grupos que hostilizam, ridicularizam e infernizam a vida de outros alunos 
levando-os à exclusão, além de danos físicos, morais e materiais, são 
algemas das manifestações do comportamento bullying. (FANTE, 2005, 
p.28). 
 
Um dos autores que abordou essa temática foi o Norueguês Dan Olweus em 
1993, que investigou o comportamento das agressões nos ambientes escolares. 
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Para ele, as agressões estavam relacionadas a questões psicológicas dos 
agressores, como: a) a extrema necessidade de poder e dominação sobre o outro; 
b) condições familiares que fizeram o agressor crescer com hostilidades ao seu 
entorno, satisfazendo-se ao gerar danos e sofrimentos alheios; e c) obtenção de 
proveitos e vantagens, como dinheiro e presentes, coagindo outrem a sua vontade. 
(ORSINI, 2015, p. 288). 
 
IMPORTANTE: 
Nesta seara, o bullying pode ser dividido de duas formas: 
a) bullying direto: é realizado por meio de agressões físicas e humilhações, como 
socos, empurrões, chutes, apelidos, insultos e outras atitudes discriminatórias, nas 
quais se atinge de maneira imediata, física ou verbal, a vítima; 
b) bullying indireto: é por meio de intimidações psicológicas, que causam o 
isolamento da vítima, por meio de calúnias, injúrias, difamações, ou seja, a 
propagação de histórias danosas à imagem das vítimas. (RAZABONI JUNIOR; 
LAZARI, 2016, p. 55) 
Ou seja, esse tipo de violência é o chamado bullying. É por meio dele que a 
violência explícita é gerada. Trata-se de um fenômeno antigo presente em todo e 
qualquer espaço, onde ocorram relações interpessoais, podendo ocorrer no 
ambiente de trabalho, no espaço escolar, dentro das famílias, dentre outros. 
Admite-se que os que praticam o bullying têm grande probabilidade de se tornarem 
adultos com comportamentos anti-sociais e/ou violentos, podendo vir a adotar, 
inclusive atitudes delinqüentes ou criminosas. 
 
Voltado ao ambiente escolar, são várias as situações que parecem sem 
importância, mas que podem aumentar e vão aos poucos se agravando. Às vezes a 
pessoa sofre bullying e não tem conhecimento disso e muito menos das 
consequências psicológicas que isso pode ocasionar. 
Nota-se que a violência em ambiente escolar vem aumentando sua incidência 
nos últimos anos, lembrando dos alunos ou ex-alunos considerados "aluno-
problema”, munidos de drogas e armas, que destoem o patrimônio, brigam dentro ou 
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próximo ao colégio, praticam pequenos furtos e promovem o terror entre os 
estudantes. 
Ainda, podemos afirmar que os autores de bullying também podem estar 
presentes na relação de pais e filhos, professor e aluno. Sendo aqueles adultos que 
ironizam, ofendem, expõem as dificuldades perante o grupo, excluem, fazem 
chantagens, colocam apelidos preconceituosos e têm a intenção de mostrar sua 
superioridade e poder. 
Ou seja, os autores do bullying, independem do sexo e da faixa etária. No 
entanto, os meninos estão mais envolvidos com o bullying, tanto como autores, 
quanto como alvos. Já entre as meninas, o bullying é menor, se caracterizando 
como prática de exclusão ou difamação entre si. 
As formas de bullying denominando as ações de abusar, violentar, assediar 
sexualmente o outro como bullying sexual. Segundo a autora “este tipo de 
comportamento desprezível costuma ocorrer entre meninos e meninas, e 
meninos com meninos. Não raro o estudante indefeso é assediado e/ou 
violentado por vários ‘colegas’ ao mesmo tempo” (SILVA, 2010, p. 24). 
 
Ocorre que os envolvidos com bullying podem ser classificados em agressor, 
vítima, alvo/autor e testemunha. 
- Autores de bullying: são os indivíduos que praticam bullying; 
- Alvos de bullying: são os indivíduos que sofrem bullying; 
- Alvos/autores de bullying: são os indivíduos que ora sofrem,

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