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1ª av Antropologia Clássica (2018)

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE. 
ICHF – Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. 
Aluna: Mylena de Souza Correia – Matrícula: 118098021. 
Teoria Antropológica Clássica: 1º Semestre de 2018 – Código: GAP00149. 
 
1º AVALIAÇÃO DE TEORIA ANTROPOLÓGICA CLÁSSICA. 
 
I. Discuta a presença e o significado dos rituais em Marcel Mauss e Everett C. Hughes. 
Marcel Mauss busca mostrar através do estudo do ritual oral dos cultos funerários 
australianos, que um considerável número de expressões orais de sentimentos e emoções, têm 
unicamente o caráter coletivo. Mas todas as expressões coletivas, simultâneas, de valor moral 
e de força obrigatória dos sentimentos do indivíduo e do grupo, são mais que meras 
manifestações, são sinais de expressões entendidas, são uma linguagem. Os gritos são como 
frases e palavras. É preciso sim emiti-los, mas é preciso só porque o grupo os entende. É mais 
que uma manifestação dos próprios sentimentos, é um modo de manifestá-los aos outros, pois 
assim é preciso fazer. Os gritos e cantos pronunciados nos cultos funerários são sempre 
pronunciados em grupo. Em geral não são indivíduos que os lançam individualmente, mas sim 
em grupo. De acordo com ele, dentro desse meio, a natureza da dor é puramente obrigatória, 
pois não é comum a todos. 
Para Everett C. Hughes, toda cultura desenvolve um calendário, um ciclo de dias, luas, 
posições do sol e das estrelas. Ou ainda, os chamados ciclos da natureza (chuva e seca, calor e 
frio), e esses ciclos estão entrelaçados com o ciclo do trabalho e do lazer do homem e com seus 
movimentos de um lugar para outro. Segundo ele, uma tribo pode, com o uso de seus ritos mais 
poderosos obrigar o sol a parar seu vôo para o sul e muda-lo em direção ao norte, trazendo o 
verão de volta. A tribo pode combinar jejum, abstinência e arrependimento dos pecados com 
seus mais imponentes cerimoniais para fazer as chuvas chegarem antes que a terra se dissolva 
ou algo do tipo. Todas as culturas reconhecem e registram de maneiras as mais variadas o ciclo 
de vida biológico do ser humano também. Além disso, Everett diz que o modo pelo qual cada 
sociedade ou cada época lida com essa dialética é um de seus traços distintivos e é uma das 
coisas que irão determinar os tipos de enfermidades da alma dos quais os membros dessa 
sociedade ou dessa época sofrerão. 
 
II. Discuta os pontos centrais da crítica de Boas ao evolucionismo, por ele chamado de “método 
comparativo”. Observe como a classificação de diferentes elementos culturais tomados de todos 
os lugares do mundo passava a ser criticada como etnocêntrica, como fruto de uma perspectiva 
prisioneira dos pressupostos e valores da cultura do observador. 
Franz Boas acreditava que antes de supor que os fenômenos aparentemente semelhantes 
pudessem ser atribuídos às mesmas causas, como faziam os evolucionistas, era preciso 
perguntar, para cada caso, se eles não teriam se desenvolvido independentemente, ou se não 
teriam sido transmitidos de um povo a outro. Segundo ele, anteriormente, identidades ou 
similaridades culturais eram consideradas provas incontroversas de conexão histórica ou 
mesmo de origem comum, mas agora, com a nova escola, há uma recusa em considerá-las com 
esse ponto de vista e passaram a ser interpretadas como resultado do funcionamento uniforme 
da mente humana. 
Esse ponto de vista moderno está presente diante da observação de que os mesmos 
fenômenos étnicos ocorrem entre os mais diversos povos, ou, como diz Bastian, na espantosa 
monotonia das ideias fundamentais da humanidade em todo o planeta. Bastian acredita que as 
noções metafísicas do homem podem ser reduzidas a poucos tipos que têm distribuição 
universal. Mas de acordo com Franz, a descoberta dessas ideias universais seriam apenas o 
início do trabalho do antropólogo. Com a indagação científica, duas perguntas essenciais 
deveriam ser respondidas: primeiro, quais são suas origens? Segundo, como elas se afirmaram 
em várias culturas? 
A resposta para a segunda questão, considerada a mais fácil, seria que as ideias não se 
fundamentam de forma idêntica por toda parte, elas têm sim uma certa variação. E a causa 
dessas mudanças poderiam ser tanto externas – baseadas no ambiente em que se está –, quanto 
internas – fundadas sobre condições psicológicas. É a influência desses fatores externos e 
internos sobre as ideias elementares que traz o grupo de leis que governam o desenvolvimento 
da sociedade. Seria ideal, então, mostrar como tais fenômenos modificam essas ideias 
elementares. 
Segundo Franz, a falha no argumento do “método comparativo” está na suposição de 
que o mesmo fenômeno etnológico tenha se desenvolvido em todos os lugares da mesma 
maneira. A seguir, um dos exemplos expostos por Franz para sustentar sua crítica: 
 
Investigações recentes sobre arte primitiva têm mostrado que os desenhos 
geométricos originaram-se algumas vezes de formas naturalistas que foram 
gradualmente convencionalizadas, outras vezes, a partir de motivos técnicos, e ainda 
em outros casos, eram geométricos desde a origem, ou que derivaram de símbolos. As 
mesmas formas se desenvolveram a partir de todas essas fontes. Com base em 
desenhos representando diversos objetos surgiram, no curso do tempo, gregas, 
meandros, cruzes etc. Portanto, a ocorrência frequente dessas formas não prova 
nenhuma origem em comum, nem que elas tenham sempre se desenvolvido de acordo 
com as mesmas leis psíquicas. Pelo contrário, o mesmo resultado pode ter sido 
alcançado por quatro linhas diferentes de desenvolvimento e de um número infinito 
de partidas. (CASTRO, 2016, pdf. pp. 40-41). 
 
É se baseando nesse exemplo que pode-se notar que o mesmo fenômeno étnico pode se 
desenvolver a partir de diferentes fontes e quanto mais simples o fato observado for, mais 
provável é que ele possa ter se desenvolvido de uma fonte aqui e outra ali. E com isso, o novo 
método adotado pelos antropólogos modernos não pode ser aceito como verdade universal, pois 
não se pode dizer que a ocorrência do mesmo fenômeno se deve às mesmas causas, nem que 
ela prove que a mente humana obedece às mesmas leis em todos os lugares. As causas a partir 
das quais o fenômeno se desenvolveu devem ser sempre investigadas. As comparações, 
deveriam então, ser restringidas àqueles fenômenos que se provem ser efeitos das mesmas 
causas. 
Franz deixa explícito que os estudos comparativos tentam explicar costumes e ideias de 
notável similaridade encontradas em todos os lugares. Mas que também têm o plano de 
descobrir as leis e a história da evolução da sociedade humana. E o fato de que muitos aspectos 
fundamentais da cultura sejam universais, interpretados segundo a suposição de que os mesmos 
aspectos devem ter se desenvolvido sempre a partir das mesmas causas, leva ao ponto de vista 
de que a humanidade se desenvolveu dentro de um grande sistema em todos os lugares, e que 
todas as variações observadas não passam de detalhes menores dessa grande evolução. 
Essa tentativa de colocar a evolução da sociedade como um grande sistema se torna 
duvidosa, visto que teria que se provar também que os mesmos fenômenos se fundaram de uma 
origem única. E como isso não ainda não foi feito, o mais aceitável é considerar que é o 
desenvolvimento histórico pode ter seguido cursos variados. 
 
III. Discuta a relação entre indivíduo e sociedade para Durkheim. 
Émile Durkheim entendia que a sociedade era superior aos indivíduos, e, portanto, a 
sociedade existe independentemente do indivíduo. E que esse indivíduo seria apenas um 
receptor das regras sociais. Como o indivíduo vive em uma sociedade universal, com 
diversidade de raças, culturas, valores, conhecimentos, padrões sociais, estilos e maneiras de 
agir, a conduta desse ser acaba sendo influenciada diretamente por aqueles que estão ao seu 
redor. Vive-se em uma sociedade em que as ações individuais acabam por serem definidas não 
pela maneiraindividual de ver o mundo, mas pela forma que a sociedade quer que o mundo 
seja visto. 
Dentro desse contexto existe também a coação social, pois na maioria das vezes o 
indivíduo não quer se adequar à maneira de agir da sociedade, mas ir contra ao coletivo acaba 
criando reações sociais pelo fato da fuga aos padrões cotidianos pré-estabelecidos. E é aí que 
entra a coação social, o indivíduo é coagido a se portar da maneira que a sociedade determina 
e uma vez indo contra esse modo estabelecido, existe uma censura objetiva, que parte da 
sociedade para com esse ser, excluindo-o do grupo social, ou com uma censura subjetiva, que 
seria a imposição do medo no subconsciente individual que reprimiria determinadas práticas 
simplesmente para não ser excluído ou visto de modo negativo pelo grupo social em que está 
inserido. 
Partindo desse ponto de vista, pode-se concluir que os indivíduos são moldados para 
viver na sociedade seguindo os padrões impostos coercivamente a eles, sendo de maneira 
subjetiva ou objetiva, e essa modulação é iniciada desde o nascimento – isso pode ser visto na 
educação das crianças, por exemplo, que são ensinadas desde sempre a maneira com que devem 
se portar –. E o indivíduo é psicologicamente coagido a determinadas condutas ou pontos de 
vista de acordo com o grupo social em que se está encaixado. 
 
IV. Compare as visões de Durkheim e de Radcliffe-Brown a respeito dos ritos e cerimônias e a 
importância que têm para a compreensão da vida social. 
Émile Durkheim apresenta os ritos positivos, atribuindo-lhes um significado moral e 
social. Ele nos mostra que quando se pergunta aos indígenas qual a razão determinante das 
cerimônias, eles são unânimes em responder que é como os antepassados instituíram como as 
coisas devem ser e por isso, eles agem dessa maneira e não de outras. Mas segundo Durkheim, 
dizer que o rito é observado porque procede dos antepassados é reconhecer que sua autoridade 
se confunde com a autoridade da tradição, coisa social em primeiro lugar. Eles celebram para 
permanecer fiéis ao passado, para preservar a fisionomia moral da coletividade, e não pelos 
efeitos físicos que ele pode reproduzir. Assim, a maneira mesma pela qual os fiéis explicam 
deixa transparecer as razões profundas das quais procede. 
Foi observando dois tipos de povos distintos que Durkheim chegou a ponto de vista de 
que todo o conjunto de cerimônias se propõem unicamente a redespertar certa ideias e certos 
sentimentos, ligar o presente ao passado, o indivíduo a coletividade. De acordo com ele, “não 
só elas não podem servir a outros fins, como os próprios fiéis não lhes pedem nada além disso”. 
E essa é a prova de que o estado psíquico no qual se encontra o grupo reunido constitui 
claramente a única base sólida e estável do que se poderia chamar de mentalidade ritual. 
Durkheim estabeleceu uma relação entre os ritos e as recreações coletivas, dizendo que 
essas estão muito próximas uma da outra. Ele usa como exemplo os Warramunga, que detinham 
um totem “do rapaz que ri” e os ritos associados a esse totem são indiscerníveis dos que se 
relacionam aos totens animais ou vegetais. Consistia em uma série de quatro cerimônias que se 
repetiam mais ou menos umas às outras, mas que destinam unicamente a divertir, a provocar o 
riso pelo riso, em geral, manter a alegria e o bom humor no grupo que possui como que a 
especialidade dessas disposições morais. Nos Arunta, haviam totens ligados apenas as 
comemorações cujo objetivo é o de celebrar o passado e não poderiam comportar nenhum 
objetivo além dessa comemoração. Observando isso, o autor levou essas representações rituais 
como uma importante evidência da religião: o elemento recreativo e estético. 
Para ele, o parentesco entre esses ritos e as representações dramáticas, pois o objetivo 
de ambos é o mesmo: fazer os homens esquecerem do mundo real, transportando-os à outro 
mundo, em que sua imaginação está mais a vontade. Elas distraem. E têm, ainda, o aspecto 
exterior de uma recreação: os assistentes riem e se divertem abertamente. E a única diferença 
entre as cerimônias religiosas e as recreativas, seria o fato de que as cerimônias religiosas devem 
ser celebradas num local consagrado do qual as mulheres e os não iniciados estão excluídos. 
Durkheim disse ainda, que alguns ritos não servem para nada, correspondendo apenas a 
necessidade de agir, de se mover e de gesticular que os fiéis sentem. 
O autor deixa explícito que embora os ritos não sejam essenciais, o elemento irreal e 
imaginário não deixa de desempenhar papel em nada desprezível. Ele traz o sentimento de 
reconforto ao fiel que obtém o rito consumado, pois a recreação é uma faz formas desse 
restabelecimento moral que é o objetivo principal do culto positivo. É após cumprir os deveres 
rituais, retornando a vida profana com mais coragem e ardor, que percebe-se o quando a religião 
tem um encanto que não é um de seus menores atrativos, pois é através destes ritos que o ser se 
vê vivendo uma vida menos tensa, mais agradável e livre, mesmo que por alguns instantes. 
Conclui-se então que para Durkheim, os ritos são, antes de tudo, os meios pelos quais o 
grupo social se reafirma periodicamente. 
Radcliffe-Brown fundamentou sua análise na interpretação dos costumes e crenças 
Andamaneses. Nesta, podemos ver que cada uma das cerimônias serve para renovar ou 
modificar nas mentes dos que delas participam um ou mais dos sentimentos sociais. A 
cerimônia de restabelecimento da paz é um método pelo qual sentimentos de inimizade são 
trocados por sentimentos de amizade. O rito de casamento serve para despertar na mente do par 
que está se casando o sentido de suas obrigações como pessoas casadas, e para produzir na 
mente das testemunhas uma mudança de sentimentos em relação aos jovens. O choro e a troca 
de presentes quando amigos se reúnem é visto como um meio de renovar seus sentimentos 
mútuos de apego. O choro no casamento, na iniciação e na ocasião da morte é uma reação de 
defesa ou compensação quando os sentimentos de solidariedade são atacados por uma ruptura 
parcial dos laços sociais que unem duas pessoas. 
Segundo Radcliffe, cada tipo de organização social tem seu próprio sistema de costumes 
morais, e seria possível explica-los mostrando como eles servem para manter a existência da 
sociedade. Essa explicação seria de tipo psicológico, não histórico; ela não daria a causa 
originária de qualquer costume, mas sua função social. E para o autor, a necessária regulação 
da conduta numa dada sociedade depende da existência, em cada indivíduo, de um sistema 
organizado de sentimentos que serão diferentes em culturas diversas, assim como o sistema de 
regras é diferente em tipos distintos de sociedades. Com isso, pode-se dizer, que não importa 
como a sociedade está organizada, deve haver no indivíduo um forte sentimento de apego a seu 
próprio grupo, à divisão social (nação, aldeia, clã etc.) a que pertence. E para que uma cultura 
exista, portanto, esses sentimentos (e outros conectados com eles) devem existir na mente dos 
indivíduos de certas formas definidas, capazes de influenciar a ação no rumo exigido para 
manter a coesão da sociedade em sua base real de organização. Esta, podemos dizer, é a função 
social desses sentimentos. Conclui-se que a função social dos costumes, crenças e cerimônias 
(não só nas ilhas Andamão, mas em qualquer sociedade) é manter e transmitir entre as gerações 
a força moral que a sociedade impõe aos indivíduos, necessária para sua existência.

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