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DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 3 Saneamento E Água Potável Somos parte de um mundo demasiadamente populoso, onde as condições de vida não são iguais para todos. A água, por exemplo, deveria ser um bem universal, mas milhares de pessoas ainda passam sede. E isso acontece longe ou perto de você. Fontes da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram que cerca de meio milhão de civis de Mossul, no Iraque, sofrem com a escassez de água potável hoje. A cidade foi dominada pelo Estado Islâmico (EI) e está entrando em um colapso, já que a população também têm dificuldades para encontrar alimento. No Brasil, uma pesquisa divulgada pelo Datafolha – em parceria com o Instituto Máquina – informou à falta de água para consumo como sendo um dos fatores que mais preocupam os brasileiros. Acredite ou não, mais de 30 milhões de pessoas não possuem acesso a água potável no país. No mapa abaixo, é possível verificar o risco de escassez de água na América Latina. Outro ponto importante do estudo é que 78% dos habitantes considera a ausência de rede de esgoto como sendo o problema principal de infraestrutura. De acordo com o Instituto Trata Brasil, apenas “48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto e mais de 100 milhões de brasileiros não têm o serviço”. O Instituto aponta também um descaso nas 100 maiores cidades do país: “cerca 3 milhões de pessoas despejam esgoto irregularmente, mesmo tendo redes coletoras disponíveis”. E se falarmos em escala mundial, existem 2,4 bilhões de pessoas vivendo sem acesso a banheiros. “17% das mortes no trabalho são causadas por transmissão de doenças. Isso serve de incentivo para as companhias investirem em acesso apropriado a saneamento com o objetivo de evitar perdas globais de 260 bilhões de dólares por ano”, alerta a ONU. Abastecimento de Água O abastecimento de água potável consiste na retirada da água de um determinado corpo hídrico para que a mesma seja fornecida à população com quantidade e qualidade e compatíveis e suficientes para o atendimento de suas necessidades. A Lei n° 11.445/2007 conceitua abastecimento de água potável como o conjunto de atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação, até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. Até chegar às torneiras dos consumidores, a água percorre um longo caminho, iniciado na captação. Depois de tratada, a água é bombeada até reservatórios para armazenamento, de onde será retirada e distribuída ao consumidor. Durante todo esse processo, deve ser realizado um rígido controle de qualidade por meio de análises DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 4 laboratoriais para atender aos padrões de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde.O acesso à água é mais do que uma questão de saúde, é um direito humano essencial. Lei do Saneamento Básico garante direitos aos usuários de serviços de água e esgoto Abastecimento E Tratamento Para poder contar com recursos federais na área, municípios devem elaborar Planos Municipais de Saneamento Básico Os usuários de serviços de água e esgoto têm desde 2007 uma série de direitos assegurados pela Lei do Saneamento Básico. A legislação federal prevê a universalização dos serviços de abastecimento de água e tratamento da rede de esgoto para garantir a saúde dos brasileiros. Além disso, estabelece as regras básicas para o setor ao definir as competências do governo federal, estados e prefeituras para serviços de saneamento e água, além de regulamentar a participação de empresas privadas no saneamento básico: • Governo Federal – Estabelece diretrizes gerais, formula e apoia programas de saneamento em âmbito nacional; • Estados – Opera e mantém sistemas de saneamento, além de estabelecer as regras tarifárias e de subsídios nos sistemas operados pelo estado; • Prefeituras – Compete ao município prestar, diretamente ou via concessão a empresas privadas, os serviços de saneamento básico, coleta, tratamento e disposição final de esgotos sanitários. As prefeituras são responsáveis também por elaborar os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), que são os estudos financeiros para prestação do serviço, definição das tarifas e outros detalhes. O município que não preparar o plano fica impedido de contar com recursos federais disponíveis para os projetos de água e esgoto. O abastecimento de água é constituído pelas atividades e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. Já o esgotamento sanitário contempla as ações de coleta, transporte, tratamento e a disposição final adequada dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. As empresas que prestam serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto devem detalhar metas progressivas e graduais de expansão dos serviços, de qualidade, eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais. Esses serviços são fiscalizados por diversas agências reguladores estaduais. Essas agências definem normas sobre qualidade, quantidade e regularidade dos serviços prestados aos usuários, alterações de tarifas, organização de sistema para prestadores que atuam em mais de uma cidade, dentre outras atribuições. Em relação à qualidade da prestação dos serviços, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Sinis) coleta e sistematiza todos os dados a respeito. Assim, permite e facilita o monitoramento e avaliação da eficiência dos serviços de saneamento básico prestados no Brasil. Os dados estão disponíveis na internet. A Lei do Saneamento garante ainda subsídios para quem não consegue arcar com a tarifa básica. Estão previstas também regras para o corte dos serviços de saneamento em casos de inadimplência. No entanto, hospitais, asilos, escolas, e penitenciárias têm a garantia do fornecimento do serviço. As cidades com população superior a 50 mil habitantes contam com a atuação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). Já os municípios com menos de 50 mil habitantes são atendidos com recursos não onerosos (que não exigem retorno, apenas contrapartida do Estado), pelo Orçamento Geral da União (OGU). DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 5 O abastecimento de água potável no conceito jurídico de saneamento básico: regime jurídico de direito fundamental Sumário: 1.Breve diagnóstico da atual situação do saneamento básico 2.Conceito de saneamento básico 3.Direito à água um diálogo com o direito ao saneamento: universalização de acesso à todos 4. Direito de águas e direito de saneamento: integralidade para a gestão 5.Conclusão Breve diagnóstico da situação atual do saneamento básico: A ONU – Organização da Nações Unidas – recentemente, divulgou que, entre a população mundial – atualmente 7 bilhões de pessoas –, 6 bilhões têm telefones celulares. No entanto, apenas 4,5 bilhões têm acesso a banheiros ou latrinas, o que significa que 2,5 bilhões de pessoas – principalmente em áreas rurais – não têm saneamento adequado. Além disso, 1,1 bilhão de pessoas ainda defecam a céu aberto. Aproximadamente 2 milhões de crianças menores de 5 anos morrem devido a doenças transmitidas pela água contaminada, como a diarreia. A taxa de mortalidade infantil, portanto, é um indicador diretamente relacionado com saneamento básico. No Brasil, o Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB - mostra o déficit em saneamento básico da população brasileira: 37,7% não tem abastecimento de água potável adequado; 53,2%, não tem esgotamento sanitário, sendo que, do esgoto coletado, apenas 15% é tratado e 40,4% não tem manejo de resíduos. Nesse sentido, Vicente Andreu, diretor-presidente da ANA – Agência Nacional de Águas –, declarou em entrevista no 22 de Março de 2013 - Dia Mundial da Água - que “talvez hojeo principal problema ambiental do Brasil seja dar o tratamento adequado aos lançamentos de esgoto, principalmente os lançamentos de esgoto das principais cidades brasileiras”. A previsão do diretor-presidente é que, até 2025, mais de 50% dos municípios brasileiros, inclusive São Paulo, terão problema de abastecimento de água. O saneamento básico, de acordo com a Lei 11.445/2007, é um fator determinante para a melhoria da qualidade de vida, para a promoção da saúde, para o combate e a erradicação da pobreza, para o desenvolvimento urbano e regional e para a proteção ambiental. A análise dos diagnósticos revela a urgência na implementação efetiva dos propósitos da Lei. Conceito de saneamento básico Saneamento, na linguagem usual, está relacionado apenas com esgoto. O conceito terminológico de saneamento, vem do latim sanu, “são”, ato ou efeito de sanear, tornar são, habitável, respirável. Para a OMS – Organização Mundial da Saúde –, saneamento é o gerenciamento ou controle de fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem prejudicando o seu bem-estar físico, mental e social. O conceito legal brasileiro de saneamento básico está instituído no Art. 3º da Lei 11.445/2007 – Política de Saneamento –, que estabelece: “I – saneamento básico: conjunto de serviços, infraestrutura e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 6 b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte e tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo de águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas;” O conceito jurídico de saneamento básico é composto de elementos interdependentes, logo, complexo. Segundo Clarissa Ferreira Macedo D`Isep “água é um substância provida de múltiplas funções, de manifestações mutantes e propriedades variadas”. As múltiplas formas da água são evidenciadas no ciclo hidrológico. O saneamento básico tanto depende do ciclo hidrológico – abastecimento de água potável - quanto insere-se nele – esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas pluviais. Tendo como vetor a análise do abastecimento de água potável nesse conceito complexo identificam-se, nas palavras de Clarissa Ferreira Macedo D’Isep,o Direito à Água e o Direito de Águas. Direito à água e direito ao saneamento um diálogo: universalização do acesso de todos à agua O direito à agua decorre do direito à vida . A água é essencial à vida, “renunciar ou não ter acesso à agua é dispor da própria vida”. A vida tutelada pela Constituição federal brasileira é a vida a digna (art.1º,II e art.5º, caput). Entende-se por vida digna aquela que tem proteção à incolumidade física, psíquica, social, econômica e ambiental. Deve-se, portanto, ter acesso à água potável. Água potável é “a água para o consumo humano, cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e não ofereçam riscos à saúde”. Sendo, “ a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação”, conforme positivado na Constituição Federal brasileira nos Arts. 6º e 196. O índice de mortalidade infantil está diretamente relacionado com o saneamento básico, ressaltando-se a relação entre saúde e saneamento básico. Visando reforçar a tutela da saúde , o Código Penal tipificou (art.270 e 271) a poluição de água potável, porque além da degradação da água é necessário que a água se torne imprópria para o consumo ou nociva à saúde. O direito à água revela 2 aspectos: materiais – direito subjetivo de acesso à água e instrumentais – direito ao objeto água e a instrumentalização do seu acesso – direito ao saneamento. No contexto do direito ao saneamento o direito de acesso á agua potável tem o condão de atribuir natureza jurídica de direito fundamental ao saneamento básico, o que vincula o Poder Público no dever da sua implementação. Além disso, uma das características de direito fundamental é a sua universalidade , isto é, todos os seres humanos são titulares desse direito que deve ser respeitado. A manifestação da universalidade do direito humano fundamental de direito à água se instrumentaliza na Lei nº 11.445/2007 como o princípio fundamental de universalização de acesso. Os serviços públicos de saneamento básico – abastecimento e água potável, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas pluviais - devem ser todos prestados com base no princípio fundamental de universalização do acesso. A universalização está definida na referida Lei, no Art. 3º, III como: “Ampliação progressiva do acesso de todos os domicílios ocupados ao saneamento básico”. Domicílio deve ser entendido no sentido de habitação residencial ou não, porque a própria Lei 11.445/2007, no Art. 9º, Parágrafo 1º, equipara os efluentes industriais e os resíduos originários de atividades comerciais, industriais e de serviços em quantidade e qualidade similares às dos resíduos domésticos. Segundo Luiz Henrique Antunes Alochio: DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 7 “O serviço de saneamento não é um fim em si mesmo. Ele é um vetor para a obtenção de salubridade ambiental, de condições de vidas dignas e outras tantas situações. Se o saneamento fosse um fim em si mesmo, bastaria a mera generalidade para colocá-lo à disposição dos usuários. Porém, no caso da universalidade, é preciso que o serviço seja efetivamente acessado e usufruídopara que se atinjam os objetivos maiores: v.g.,a salubridade ambiental e condições de saúde para os cidadãos, como já referido”. Do princípio da universalização do acesso, decorre a adoção de subsídios, que é um instrumento econômico de política social que tem como objetivo garantir a universalização do acesso ao saneamento básico, especialmente para populações de baixa renda. Conforme Art. 29, Parágrafo 2º, da Lei 11.445/2007: “poderão ser adotados subsídios tarifários e não tarifários para os usuários e localidades que não tenham capacidade de pagamento ou escala econômica suficiente para cobrir o custo integral dos serviços”. O princípio da universalização de acesso não admite que um usuário não tenha acesso a um dos serviços que compõe o saneamento básico, seja pelo fato que sua situação econômica não permite que ele pague pelos serviços ou por não existir em determinada região escala de demanda suficiente. A universalidade de acesso deve promover a igualdade real e a equidade. De acordo com o Art. 48, I da Lei nº 11.445/2007, a política de saneamento básico tem como diretriz: “a prioridade para ações que promovam a equidade social e territorial no acesso ao saneamento”. Destaca-se, então, um dos efeitos do princípio da universalização do acesso: a integração social. Todos devem ter acesso à agua, entretanto, deve-se ressaltar as características da água a que se tem direito. Neste sentido Clarissa Macedo D’Isep: “A água a que se tem direito é a água com qualidade– portanto, potável; em quantidade – logo, suficiente à sobrevivência humana, prioritária – o que justifica a prioridade do acesso do ser humano, em caso de penúria hídrica; gratuita – sendo a água elemento responsável pela vida, pela existência, isto implica no seu acesso gratuito, ao menos no que diz respeito ao mínimo necessário para a sobrevivência humana. Enfim, há de ser alcançada a dignidade hídrica”. A qualificação da água a que se tem direito reflete na qualificação do acesso á água que está determinada na Lei nº 11.445/2007 como o princípio da segurança, qualidade e regularidade ( art.2º, XI). O princípio da segurançadetermina que a água não ofereça riscos à saúde , isto é, a água deve ser potável. O abastecimento deverá ser qualitativamente verificado, cabendo ao Ministério da Saúde definir os parâmetros e padrões de potabilidade da água, bem como estabelecer os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano. O princípio da regularidade deve garantir a continuidade da prestação do serviço, a ininterrupção. Quando o abastecimento de água potável não é regular, tanto em frequência, quanto em quantidade, a população busca alternativas que nem sempre são seguras podendo colocar em risco à saúde pública. A Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei nº 9.433/97 hierarquiza o consumo, estabelecendo que em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano (Art.1º,III). Direito de águas e direito de saneamento : integralidade para a gestão A água, elemento natural, realiza o seu ciclo hidrológico ou ciclo da água. O ciclo da hidrológico envolve a constante mudança de estado físico desse elemento. A água dos mares, oceanos, rios, lagos etc. evapora - passa do estado líquido para o estado gasoso - por causa da energia solar. Com o vapor, a água forma as nuvens. Quando a condensação aumenta nas nuvens, o vapor-d’agua se precipita sob forma de chuva, gelo ou neve. Os processos físicos do ciclo formam um movimento constante que assegura a renovação da água. O ciclo dosaneamento básico insere-se no ciclo hidrológico. A água, recurso natural, é captada de um manancial e tratada, transformando-se assim em água potável que será distribuída pela rede de abastecimento até os domicílios para ser consumida. Depois de utilizada, a água as características físicas, químicas e biológicas da água são alteradas são chamadas águas servidas ou esgoto. De acordo com a publicação da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA - “o esgoto doméstico é aquele que provém principalmente de residências, estabelecimentos comerciais, instituições ou quaisquer edificações que DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 8 dispõem de instalações de banheiros, lavanderia e cozinha. Compõe-se essencialmente de água de banho, excretas, papel higiênico, restos de comida, sabão, detergentes e águas de lavagem”.Esse esgoto bruto deverá ser coletado e tratado antes de ser lançado no corpo receptor, garantindo a autodepuração do corpo hídrico mantendo a sua qualidade. O direito de águas busca proteger o ciclo hídrico. Nesse sentido, Clarissa Ferreira Macedo D’Isep: “A complexidade do conceito, manifestações e funções da água, evidenciadas no seu ciclo, refletiu o seu status, natureza jurídica e regimes jurídicos distintos, ressaltando a sua metamorfose. Daí o seu tratamento jurídico diferenciado das nascentes, águas da chuva, águas correntes e não correntes, águas subterrâneas, superficiais, litorâneas etc., advindo do fato de água ser, ainda, tratada de forma recortada, setorizada e inserida em diferentes normas e ramos jurídicos (direito civil, penal, sanitário, urbanístico etc.). Isso revela, quando de sua abordagem jurídica, a necessidade da composição da cartografia hidrojurídica.” Os serviços de saneamento básico tanto dependem do ciclo hidrológico (abastecimento de água potável) quanto inserem-se no ciclo hidrológico podendo alterá-lo (esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos e drenagem e manejo de águas pluviais). Para garantir a ocorrência do ciclo hidrológico e consequentemente o acesso à água potável é necessária a gestão dos recursos hídricos . Os recursos hídricos, entretanto, não integram os serviços de saneamento básico, conforme a Lei 11.445/2010: Art.4º , Parágrafo único: “A utilização de recursos hídricos na prestação de serviços públicos de saneamento básico, inclusive para a disposição ou diluição de esgotos e outros resíduos líquidos, é sujeita à outorga de direito de uso, nos termos da Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, de seus regulamentos e das legislações estaduais. Quanto ao saneamento básico a Lei nº 9.433/1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos , estabelece no Art. 12:” Estão sujeitos à outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos: I – derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo; III – lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos e gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final; [...].” A outorga é um dos instrumentos estabelecidos pela referida Lei, Art.11: “o regime de outorga de direitos de uso de recursos tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água”. Complementando com as palavras de Paulo Afonso Lemme Machado “ Essa norma legal é vinculante para a ação governamental federal e estadual na outorga dos direitos de uso. Os Governos não podem conceder ou autorizar usos que agridam a qualidade e a quantidade das águas, assim como não podem agir sem equidade no darem acesso à água”. A outorga não é definitiva, o prazo máximo é de 35 anos podendo haver renovação. A outorga também poderá ser suspensa total ou parcialmente, em definitivo ou prazo determinado dependendo das circunstâncias. A gestão dos recursos hídricos deve estar fundamentada no princípio do desenvolvimento sustentável positivado na Constituição federal brasileira Art.225 e na Lei nº 9.433/2007 - Política Nacional de Recursos Hídricos - , nos Incisos I e II, do Art.2º: “São objetivos da Política Nacional dos Recursos Hídricos: DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 9 I – assegurar à atual e as futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável”. A gestão dos recursos hídricos deve assegurar o ciclo hidrológico e consequentemente o direito de acesso à agua potável, concretizando a dignidade humana. Ao lado do princípio da universalidade de acesso – quantidade de pessoas que acessam o saneamento –, está o princípio da integralidade – todos os serviços contidos no conceito jurídico de saneamento básico. O princípio da integralidade é compreendido como conjunto de todas as atividades e componentes de cada um dos diversos serviços de saneamento básico – abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas – propiciando à população o acesso ao saneamento básico na conformidade de suas necessidades e maximizando a eficácia das ações e dos resultados. Nesse sentido, Luiz Henrique Antunes Alochio: “Devemos esclarecer que a expressão na conformidade de suas necessidades, referida no inciso II do Art. 2º, não significa uma desculpa para a redução da prestação de serviços; não significa que as necessidades sejam medidas nas pessoas dos usuários, não é isso. A medida das necessidades é decorrente dos próprios serviços prestados. Se o serviço for “necessário” – ainda que o usuário não o reconheça, ou que não possa remunerá-lo –, o princípioda integralidade demandará a sua prestação (efetiva ou potencial = colocação à disposição). Quanto à maximização da eficácia das ações e dos resultados, temos a primeira justificativa para a gestão regionalizada do saneamento, que será muito citada na legislação.” O princípio da integralidade traz como efeito a unidade do conceito complexo de saneamento básico. Todos os serviços e atividades do conceito, são partes que se complementam para formar uma unidade. Tendo como vetor o abastecimento de água potável, o princípio da integralidade toca cada um dos elementos do conceito e tem como um dos resultados a garantia o ciclo hidrológico. Conforme citado no início deste artigo, a poluição dos recursos hídricos por esgotos domésticos é um dos principais problemas ambientais no país justamente por interferir no ciclo hidrológico comprometendo o abastecimento de água potável. Conforme disposto na Lei nº 10.445/2007 o serviço de esgotamento sanitário é constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais, coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados, desde as ligações prediais até o seu lançamento no meio ambiente. Somente quando todas as atividades do esgotamento sanitário forem realizadas - princípio da integralidade - o esgoto não causará poluição preservando ciclo hidrológico. O IBGE – Instituto brasileiro de Geografia e Estatística - diferencia nas suas pesquisas o esgotamento – esgoto bruto - do esgotamento sanitário – esgoto tratado para não causar poluição e contaminação ambiental. Atualmente no Brasil 47% da população brasileira tem coleta de esgoto, entretanto apenas 15% deste esgoto coletado é tratado. Fere o princípio da integralidade que o esgoto seja coleta e não seja tratado. A limpeza urbana e o manejo de resíduos é outra espécie do saneamento básico, considerado o conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. Assim como no esgotamento sanitário, o manejo de resíduos envolve todo o seu ciclo desde a produção até a destinação final. A disposição inadequada dos resíduos causa poluição. A decomposição do “lixo” gera o chorume ou líquido percolado, que é um líquido escuro e contém alta carga poluidora podendo atingir tanto um corpo d’água quando lençóis freáticos subterrâneos, comprometendo o abastecimento de agua potável. Em 2 de agosto de 2010, foi promulgada a Política Nacional de Resíduos Sólidos – Lei nº 12.305. Essa lei mudou o paradigma sobre o “lixo” diferenciando rejeitos de resíduos sólidos. Rejeitos são os resíduos que não apresentam outras possibilidades que não a disposição final ambientalmente adequada, isto é, a disposição em aterro sanitário. Os resíduos deverão ter uma destinação ambientalmente adequada que dependendo das suas características pode ser: a reutilização; a reciclagem; a compostagem; a recuperação e aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 10 O princípio da integralidade deve fundamentar cada uma das atividades da limpeza urbana e manejo de resíduos bem como a gestão e o gerenciamento dos resíduos instituídos na Lei nº 12.305/2010, maximizando a eficácia das ações e resultados. O último serviço que integra o conceito de saneamento básico é a drenagem e o manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de água pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas. As água pluviais podem ser consideradas sob vários pontos de vista: tanto como um problema de saúde pública – transmissão de doenças durante as enchentes, contaminação de água potável – quanto um problema de ameaça à segurança à vida e ao patrimônio público e privado de lesão à propriedade – danos causados pelas enchentes nas propriedades. Segundo Luiz Henrique Antunes Alochio, a drenagem e o manejo de águas pluviais é o “patinho feio” do saneamento por ser, em regra, destituído de conteúdo econômico. O Art. 2º, inciso III, da Lei 11.445/2007, estabelece como princípio fundamental: “disponibilidade em todas as áreas urbanas, de serviços de drenagem e manejo de águas pluviais adequados à saúde pública e à segurança da vida e do patrimônio público e privado”. A disponibilidade em todas as áreas contempla tanto o princípio da universalidade de acesso, quanto o princípio da integralidade, pois garante que todo o conjunto de serviços do saneamento básico seja realizado e acessado. Conclusão A Lei 11.445/2007 considera saneamento básico o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza e manejo de resíduos, e drenagem e manejo de águas pluviais. A partir do momento que, por determinação legal, o abastecimento de água potável faz parte do conceito de saneamento básico e este deve ser prestado com base nos fundamentos dos princípios da universalidade e da integralidade, significa que todos devem ter acesso, à todos os serviços contidos no conceito legal de saneamento básico. O abastecimento de água potável traz para o conceito de saneamento básico o direito à água e o direito de águas. O direito à água é um direito fundamental concretizado no direito ao saneamento como o direito de acesso à água potável. O abastecimento de água potável tem o condão de atribuir o regime jurídico de direito fundamental ao saneamento básico. Por ser direito fundamental deverá ser vinculado, o Poder Público tem o dever de implementá-lo, então o ditado corrente “Saneamento não dá voto, pois manilha e galeria ficam debaixo da terra e não aparecem para o eleitor” não pode mais ser admitido porque saneamento básico não depende da discricionariedade do Poder Executivo. Além disso, o acesso à água potável deve ser universal, todos devem ter acesso. O princípio da universalidade de acesso à água à todos instrumentaliza o direito universal à água. O princípio da integralidade determina a unidade do conceito de saneamento básico. Todos os serviços são partes que se complementam e formam um todo. O direito de águas tem como objetivo garantir o ciclo hidrológico. O saneamento básico tanto depende do ciclo hidrológico quanto insere-se neste. O princípio da integralidadegarantirá que todos os serviços de saneamento básico sejam realizados tendo como um dos resultados a proteção do ciclo hidrológico, viabilizando a água potável, garantida constitucionalmente. Saneamento - Esgotamento Sanitário O saneamento, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o gerenciamento ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu bem-estar físico, mental e social. Outra definição é a trazida pela Lei do Saneamento Básico (apelido dado para a Lei Ordinária N.º 11.445 de 05 de janeiro de 2007 que estabelece as diretrizes básicas nacionais para o saneamento), que o define como o “conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de:” abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 11 O saneamento básico está intimamente relacionado ás condições de saúde da população e mais do que simplesmente garantir acesso aos serviços, instalações ou estruturas que citam a lei, envolvem, também, medidas de educação da população em geral e conservação ambiental. A poluição decorrente das condições inadequadas de saneamento ambiental e crescimento urbano desordenado tem comprometido o abastecimento de água potável e o sistema de drenagem, criando condições para o desencadeamento de agravos à saúde,expondo as populações ao dengue, febre tifóide, hepatite, diarréias, entre outros. Sistema de Esgotamento Sanitário A Funasa, por meio do Departamento de Engenharia de Saúde Pública, financia a implantação, ampliação e/ou melhorias em sistemas de esgotamento sanitário nos municípios com população de até 50.000 habitantes. Esta ação tem como objetivo fomentar a implantação de sistemas de coleta, tratamento e destino final de esgotos sanitários visando o controle de doenças e outros agravos, assim como contribuir para a redução da morbimortalidade provocada por doenças de veiculação hídrica e para o aumento da expectativa de vida e da melhoria na qualidade de vida da população. Nesta ação, são financiadas a execução de serviços tais como rede coletora de esgotos, interceptores, estação elevatória de esgoto, estação de tratamento de esgoto, emissários, ligações domiciliares, etc. Os projetos de esgotamento sanitário deverão seguir as orientações técnicas contidas no manual Apresentação de Projetos de Sistemas de Esgotamento Sanitário , disponível na página da Funasa na Internet, clique aquipara visualizar. Não serão passíveis de financiamento os sistemas de esgotamento sanitário dos municípios que estejam sob contrato de prestação de serviço com empresa privada; É exigido da entidade pública concessionária do serviço de esgotamento sanitário o aval ao empreendimento proposto, mediante documento, e ainda termo de compromisso para operar e manter as obras e os serviços implantados; Os projetos devem incluir programas que visem a sustentabilidade dos sistemas implantados e contemplem os aspectos administrativos, tecnológicos, financeiros e de participação da comunidade; A proposta deve contemplar a construção de estação de tratamento de esgoto, salvo se for apresentada a documentação técnica que comprove que tais unidades estão construídas e em operação; A proposta deve conter documento de licenciamento ambiental ou a sua dispensa, quando for o caso, em conformidade com a legislação específica sobre a matéria. Os proponentes deverão promover ações de educação em saúde e de mobilização social durante as fases de planejamento, implantação e operação das obras e serviços de engenharia como uma estratégia integrada para alcançar os indicadores de impacto correspondentes, de modo a estimular o controle social e a participação da comunidade beneficiada. ESGOTO SANITÁRIO – Coleta, Transporte, Tratamento e Reúso Agrícola O esgoto sanitário, segundo definição da norma brasileira NBR 9648 (ABNT, 1986) é o “despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária”. Essa mesma norma define ainda: – esgoto doméstico é o “despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades fisiológicas humanas; – esgoto industrial é o “despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos; DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 12 – água de infiltração é “toda água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações”; – contribuição pluvial parasitária é “a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário”. Por elas mesmas, essas definições já estabelecem a origem do esgoto sanitário que, dadas tais parcelas, pode ser designado simplesmente como esgoto. Apesar das definições acima serem inequívocas, algumas considerações podem ser feitas. O esgoto doméstico é gerado a partir da água de abastecimento e, portanto, sua medida resulta da quantidade de água consumida. Esta é geralmente expressa pela “taxa de consumo per capita”, variável segundo hábitos e costumes de cada localidade. Tratamento de esgoto sanitário Aeróbio (ETE Aeróbia). Finalidade Estação para Tratamento do Esgoto Sanitário em indústrias de diversos segmentos e portes, condomínios residenciais e comerciais, hotéis, e outros. Fabricamos a estação em reatores de PRFV num sistema modular que permite adicionarmos novos reatores conforme o aumento da população (moradores, funcionários, hóspedes, etc). Utilizamos somente o Processo Aeróbio de Tratamento e assim garantimos, através laudos laboratoriais, a eficiência necessária para que água tratada fique apta para descarte do corpo receptor sem emissão de odores e gases nocivos. Este tipo de Tratamento requer menor área útil instalada pois não utiliza dois tipos diferentes de reatores, o processo é todo realizado dentro do mesmo reator que recebe uma programação de trabalho baseada em normas ambientais vigentes. Nosso grande diferencial hoje é a garantia da eficiência na remoção da DBO e a possibilidade de implantação de um Painel de Controle Inteligente (produto opcional). O Painel de Controle Inteligente registra todo o histórico de trabalho da ETE, gera relatórios, sinaliza a necessidade de alguma manutenção prevenindo assim falha na operação e possibilita o Acompanhamento Remoto pela nossa área de assistência técnica. Não tenha mais preocupações com o tratamento de esgoto da sua empresa, nós cuidamos de tudo para você! Vantagens Ausência de odor, gases nocivos e insetos Elevada eficiência na remoção de DBO: Acima de 90% Apta para remoção de Nitrogênio (até 10 mg/l) e Fósforo (até 1 mg/l) Atendimento à legislação brasileira (ABNT NBR 13.969 e CONAMA 430 art.21) Adequação aos planos de gestão ambiental do empreendimento Capacidade de absorção de altas cargas orgânicas e vazões Processo totalmente automatizado Possibilidade de controle remoto do processo DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 13 Garantia de 1 ano Opcionais: Peneira rotativa (pré tratamento para remoção de sólidos) Sistema para reuso (pós tratamento da ETE que possibilita a reutilização da água tratada) Painel de controle inteligente Serviço de acompanhamento remoto da operação O que é um Sistema de Esgotamento Sanitário (SES)? Você sabe para onde vai o esgoto depois que ele deixa a sua casa? Utilizamos água para grande parte das nossas atividades domésticas, especialmente as que estão relacionadas à higiene. Mas quando tomamos banho, lavamos a louça do almoço ou limpamos a calçada, a água passa por grandes transformações químicas e não pode ser simplesmente devolvida à natureza sem um tratamento adequado. Para garantir que isso não aconteça é que foi criado o Sistema de Esgotamento Sanitário (SES). De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), SES “é o conjunto de condutos, instalações e equipamentos destinados a coletar, transportar, condicionar e encaminhar somente o esgoto sanitário a uma disposição final conveniente, de modo contínuo e higienicamente seguro”. Quando um imóvel não está ligado a uma rede desse tipo, descartes indevidos aumentam significativamente, comprometendo a saúde e o meio ambiente. A preocupação com o destino adequado do esgoto produzido por uma casa deve começar no momento em que ela é projetada. Para além da escolha de chuveiros, vasos sanitários e pias, quem constrói também precisa pensar em outros aspectos hidrosanitários, como a rede de tubulação interna e de saída. Por fim, é fundamental que a residência seja legalmente conectada à rede de esgoto. Limpeza Urbana E Manejo De Resíduos Sólidos A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos constituem um conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas. Segundo a atual legislação brasileira, todas as prefeituras têm por obrigação elaborar o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – PMGIRS, que estabelece as diretrizes para limpeza urbana e rural, controle e regulação dos aterros sanitários, descarte de materiais industriais, hospitalares, reciclados,entre outros. A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi instituída pela Lei nº 12.305/10 e regulamentada pelo Decreto nº 7.404/10. Com base nesse marco legal, os municípios devem alcançar a universalização dos serviços e manejo de resíduos sólidos, prestados com eficiência e realizados de forma adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente. Limpeza Urbana E Manejo Dos Resíduos Sólidos DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 14 Caminhão Compactador A Lei Federal nº 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos) e a Lei Distrital nº 5.418/2014 instituem os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão integrada dos resíduos sólidos. Existem resíduos sólidos de diferentes tipos e, quanto à origem, podem ser classificados em: resíduos sólidos urbanos (domiciliares e de limpeza urbana); comerciais e de prestadores de serviços; de serviços públicos de saneamento básico; de serviços de saúde; de serviços de transportes; de mineração; da construção civil; agrossilvopastoris; e industriais. Os serviços públicos de limpeza urbana compreendem os resíduos sólidos urbanos, enquanto os resíduos de outras origens devem ser gerenciados pelos próprios geradores, cabendo a estes a responsabilidade pela coleta, transporte, tratamento e destinação final adequada, compatível com a natureza dos resíduos. Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: Não geração: consiste em técnicas de eficiência em toda a cadeia de produção e de serviços, utilizando tecnologias modernas e inovadoras com objetivo de prevenir a geração de resíduos; Redução: associada à mudança do comportamento quanto ao consumo, compreendendo práticas e produtos que evitem o uso excessivo de embalagens e que tenham maior durabilidade. Trata-se do consumo consciente; Reutilização: consiste no aproveitamento de materiais em sua forma original, para a mesma ou outra finalidade, sem alteração de suas características; Reciclagem: consiste na reintrodução dos resíduos no ciclo de produção através de um processo de transformação dos materiais com alteração de suas propriedades físicas, químicas e/ou biológicas, com vistas à fabricação de novos produtos; Tratamento: consiste no uso de tecnologias apropriadas com o objetivo de reduzir o impacto dos resíduos no meio ambiente e para a saúde humana, possibilitando sua reutilização, reciclagem ou até mesmo uma disposição final adequada, e; Disposição final ambientalmente adequada: disposição dos rejeitos em aterro sanitário, observando normas operacionais específicas para evitar danos à saúde pública e minimizar os impactos ambientais adversos. Para a adequada gestão dos resíduos, respeitando-se a ordem de prioridade, é essencial o envolvimento de todos os geradores de modo a minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, além de possibilitar a reciclagem dos resíduos secos com a separação para a coleta seletiva e a compostagem dos orgânicos. Já resíduos da limpeza pública, decorrentes dos serviços de varrição, capina, podas de árvores, entre outros, são de responsabilidade do poder público, e devem ter seu tratamento e destinação final em conformidade com a legislação vigente. Todavia, a população também deve fazer sua parte para a manutenção da limpeza da cidade. Os serviços públicos de limpeza urbana compreendem os resíduos sólidos urbanos, enquanto os resíduos de outras origens devem ser gerenciados pelos próprios geradores, cabendo a estes a responsabilidade pela coleta, transporte, tratamento e destinação final adequada, compatível com a natureza dos resíduos. Existem resíduos sólidos de diferentes tipos e, quanto à origem, podem ser classificados em: resíduos sólidos urbanos (domiciliares e de limpeza urbana); comerciais e de prestadores de serviços; de serviços públicos de saneamento básico; de serviços de saúde; de serviços de transportes; de mineração; da construção civil; agrossilvopastoris; e industriais. Serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 15 No Brasil, o Serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos é definido por Lei da seguinte forma: Lei 11.445/207 Art. 7o Para os efeitos desta Lei, o serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos é composto pelas seguintes atividades: 1. de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; 2. de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei; 3. de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana. O art. 3o define Saneamento Básico em quatro segmentos, sendo a alínea c do inciso I um deles como mostrado abaixo: Lei 11.445/207 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se: Saneamento Básico: conjunto de serviços, infra-estruturas e instalações operacionais de: a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição; b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente; c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas; d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas; Na figura abaixo é possível visualizar melhor o conceito de Serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos de acordo com a Lei 11.445/207 brasileira: A legislação federal prevê a universalização dos serviços de abastecimento de água e tratamento da rede de esgoto para garantir a saúde dos brasileiros. Na figura abaixo é possível visualizar uma Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da empresa pública Rhein Main Deponiepark de Flörsheim na Alemanha DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 16 Central de Tratamento de Resíduos Sólidos de Flörsheim na Alemanha Além disso, estabelece as regras básicas para o setor ao definir as competências do governo federal, estados e prefeituras para serviços de saneamento e água, além de regulamentar a participação de empresas privadas no saneamento básico: Governo Federal – Estabelece diretrizes gerais, formula e apóia programas de saneamento em âmbito nacional; Estados – Opera e mantém sistemas de saneamento, além de estabelecer as regras tarifárias e de subsídios nos sistemas operados pelo estado; Prefeituras – Compete ao município prestar, diretamente ou via concessão a empresas privadas, os serviços de saneamento básico, coleta, tratamento e disposição final de esgotos sanitários. As prefeituras são responsáveis também por elaborar os Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB), que são os estudos financeiros para prestação do serviço, definição das tarifas e outros detalhes. O município que não preparar o plano fica impedido de contar com recursos federais disponíveis para os projetos de água e esgoto. O abastecimento de água é constituído pelas atividades e instalações necessáriasao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição. Já o esgotamento sanitário contempla as ações de coleta, transporte, tratamento e a disposição final adequada dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente. Central de Tratamento de Esgoto da cidade de Hagen na Alemanha com tratamento anual de 27.618.159 m³/a de esgoto (Fonte Ruherverband Wissen, Werte, Wasser) As empresas que prestam serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto devem detalhar metas progressivas e graduais de expansão dos serviços, de qualidade, eficiência e de uso racional da água, da energia e de outros recursos naturais. Esses serviços são fiscalizados por diversas agências reguladores estaduais. Essas agências definem normas sobre qualidade, quantidade e regularidade dos serviços prestados aos usuários, alterações de tarifas, organização de sistema para prestadores que atuam em mais de uma cidade, dentre outras atribuições. Em relação à qualidade da prestação dos serviços, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Sinis) coleta e sistematiza todos os dados a respeito. Assim, permite e facilita o monitoramento e avaliação da eficiência dos serviços de saneamento básico prestados no Brasil. Os dados estão disponíveis na internet. A Lei do Saneamento garante ainda subsídios para quem não consegue arcar com a tarifa básica. Estão previstas também regras para o corte dos serviços de saneamento em casos de inadimplência. No entanto, hospitais, asilos, escolas, e penitenciárias têm a garantia do fornecimento do serviço. As cidades com população superior a 50 mil habitantes contam com a atuação da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA). Já os municípios com menos de 50 mil habitantes são atendidos com DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 17 recursos não onerosos (que não exigem retorno, apenas contrapartida do Estado), pelo Orçamento Geral da União – OGU (Portal Brasil). Drenagem E Manejo Das Águas Pluviais Urbanas É um sistema composto por estruturas e instalações nas vias urbanas destinadas ao escoamento das águas das chuvas, tais como: sarjetas,bueiros, galerias, dentre outras. Esse sistema canaliza a água de modo a reaproveitar e redirecionar o fluxo para tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas, principalmente nas localidades em que possam ocorrer enxurradas e inundações. Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas Boca de Lobo O sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas se apresenta como o conjunto de obras, equipamentos e serviços projetados para receber o escoamento superficial das águas de chuva que caem nas áreas urbanas, fazendo sua coleta nas ruas, estacionamentos e áreas verdes, e encaminhando- os aos corpos receptores (córregos, lagos e rios). No entanto, essas mesmas águas de chuva (pluviais) podem causar transtornos e até desastres em áreas urbanas que possuem problemas de planejamento e falta de infraestrutura. Um sistema adequado de drenagem urbana proporciona uma série de benefícios à população e ao meio ambiente, prevenindo os danos causados por alagamentos, enchentes, enxurradas, deslizamentos e erosões, bem como a contaminação dos recursos hídricos através de lançamentos de esgotos sanitários, resíduos sólidos (lixo) e poluição difusa (lavagem superficial das áreas impermeabilizadas das cidades). Microdrenagem: pistas de rolamento, sarjetas, bocas-de-lobo, poços de visita e rede coletora (geralmente até 1,00 m de diâmetro); Macrodrengem: tubulações acima de 1,00 m de diâmetro, galerias, canais abertos, dissipadores de energia, bacias de retenção e contenção, e; Dispositivos de infiltração, detenção e retenção das águas pluviais: reservatórios de qualidade e quantidade, valas e trincheiras de infiltração e pavimentos permeáveis. Para manter o sistema em funcionamento, algumas ações simples são essenciais: evitar o descarte de lixo nas ruas; não fazer ligações de esgoto na rede pluvial e manter áreas permeáveis nos lotes. Com isso, a qualidade dos corpos hídricos melhora, consequentemente elevando a qualidade de vida da população. ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 18 Controle de Vetores/Inseticidas e Larvicidas O controle de vetores em Saúde Pública engloba uma série de metodologias para limitar ou eliminar insetos ou outros artrópodes que transmitem patógenos causadores de doenças. O controle vetorial pode ser dividido principalmente em controle biológico, mecânico ou ambiental e químico. Dengue Chagas Malária Leishmaniose Você já deve ter ouvido falar em vetores alguma vez. Mas você sabe exatamente do que se trata? DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 19 Vetores são os insetos ou animais que vivem nas grandes cidades, como pulgas, cupins, formigas, baratas, ratos, etc, que transmitem doenças para nós, humanos. E, as doenças transmitidas por estes vetores necessitam de um animal ou inseto como intermediários para serem passadas para outros animais ou para as pessoas. Ou seja, as doenças de vetores não são transmitidas diretamente para nós por meio de bactérias, como as gripes e as viroses. Muito pelo contrário, elas são passadas por meio dos próprios animais ou insetos, como as pulgas, as baratas, os cupins, os ratos, entre outros. Principais doenças transmitidas por vetores urbanos As principais doenças transmitidas pelos vetores urbanos atualmente são: >> Carrapatos: Lyme, febre maculosa, babésia, erlichiose, entre outras; >> Mosquitos: Leishmaniose, dengue, dirofilariose, febre amarela, entre outras; >> Pulgas: Dipilidium, micoplasma, etc; >> Moscas: Bernes, miíases, etc; >> Ratos: Leptospirose, entre outras diversas. Infelizmente aqui no Brasil e no restante do mundo, muitas destas doenças transmitidas por vetores, como as mencionadas acima, causam a morte e problemas sérios de saúde para muitas pessoas. Estas doenças são consideradas problemas sérios de saúde pública. No Brasil, a dengue, por exemplo, é um problema considerado amplo, pois já atinge a maioria dos Estados e das cidades. Mas existem outras doenças que são consideradas locais, pois atingem somente algumas regiões, como é o caso do vírus Oroupoche, que tem bastante incidentes no Pará. Clima Como você há de perceber, o clima atualmente está mudando consideravelmente. Não temos mais aquela frequência de estações do ano regulada, como primavera, verão, outono e inverno. Ultimamente um dia pode estar aquele calorão e no outro dia você precisa colocar um agasalho porque a temperatura caiu drasticamente. E, com essa mudança climática, existe uma preocupação relacionada à incidência de transmissão de doenças causadas pelos vetores. Pois o ciclo de vida dos vetores está bastante ligado à dinâmica dos ecossistemas onde existem variáveis como umidade, temperatura, precipitação e até cobertura do solo. E muitos estudos comprovam que a mudança climática apresenta forte influência diretamente ligada à biologia e à ecologia dos vetores. Com isso existe um risco maior desses vetores urbanos transmitirem doenças. Somente o clima não é um fator que causa toda a transmissão mas ele é um componente importante e que deve ser bastante considerável. Pois quando o clima está muito quente ou muito frio pode retardar ou acelerar a sobrevivência de muitos insetos que são considerados vetores e, consequentemente, o período de incubação de alguns patógenos. Controle de vetores O controle de vetores é dividido da seguinte forma abaixo: 1. Controle Biológico de Vetores Neste tipo de controle utiliza-se parasitas, predadores naturais ou patógenos para controlarpopulação de alguns vetores. 2. Controle Ambiental de Vetores DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 20 Neste controle são utilizados métodos que ajudam a eliminar ou reduzir áreas onde os vetoresse desenvolvem. É o caso do mosquito Aedes aegipty onde eliminamos toda aquela água parada em pneus, vasos de plantas, etc, que servem de criadouros do mosquito. Também podem ser utilizados nesse caso barreiras que limitam o contato do humano com o vetor, como é o caso de telas em janelas (mosquitos) ou roupas protetoras (ebola). 3. Controle Químico de Vetores Este é um caso bastante utilizado. É o caso do uso de inseticidas para o controle de insetos, como baratas, por exemplo. É preciso saber que somente uma empresa de controle de pragas e vetores idônea saberá dizer qual é o melhor método para cada caso específico. E também essa empresa determinará a quantidade de produtos químicos, se for o caso, a ser adotada. As medidas de controle de vetores também incluem o manejo, como é o caso de pombos e morcegos. Ou seja, são utilizadas técnicas para fazer com que aqueles animais saiam de um certo local. Outro ponto que a empresa de controle de pragas e vetores levará em consideração é a forma como cada família, condomínio, empresa, comércio ou indústria vive. E, certamente, serão apresentados os melhores métodos para cada situação. Além disso, para o controle de vetores deve-se levar em conta ações educativas que ajudem as pessoas a viverem melhor e evitarem a presença deles, como a forma que elas se alimentam, a forma como é eliminado o lixo daquele local, entre outros pontos a serem considerados. Controle de Vetores O controle vetorial pode ser dividido principalmente em controle biológico, mecânico ou ambiental e químico. Controle Biológico É o uso de parasitas, patógenos ou predadores naturais para o controle de populações do vetor, tais como Bacillus thuringiensis istraelensis (BTI) ou peixes que comem as larvas do mosquito como Gambusia affinis. Controle mecânico ou ambiental Utilizam-se métodos que eliminam ou reduzem as áreas onde os vetores se desenvolvem como a remoção da água estagnada, a destruição de pneus velhos e latas que servem como criadouros de mosquito. Ou podem ser utilizados métodos que limitam o contato homem-vetor como mosquiteiros, telas nas janelas das casas ou roupas de proteção. Controle Químico É o uso de inseticidas para controlar as diferentes fases dos insetos. Para o controle de insetos vetores de doenças utilizam-se produtos que são formulados de acordo com a fase e os hábitos do vetor. Os inseticidas podem ser classificados como larvicidas, cujo alvo são as fases larvárias, ou adulticidas direcionados a controlar os insetos adultos, para o qual se utilizam aplicação residual ou aplicação espacial. Características do reservatório Entende-se por reservatório o hábitat de um agente infeccioso, no qual este vive, cresce e se multiplica. Aceita-se que a característica que distingue o reservatório da fonte de infecção diz respeito ao fato de o reservatório ser indispensável para a perpetuação do agente, ao passo que a fonte de infecção é a responsável eventual pela transmissão. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 21 Podem comportar-se como reservatório ou fontes de infecção: o homem os animais o ambiente Reservatório humano Boa parte das doenças infecciosas tem o homem como reservatório. Entre as doenças de transmissão pessoa a pessoa incluem-se o sarampo, as doenças sexualmente transmissíveis, a caxumba, a infecção meningocócica e a maioria das doenças respiratórias. Existem dois tipos de reservatório humano: pessoas com doença clinicamente discernível; portadores. Portador é o indivíduo que não apresenta sintomas clinicamente reconhecíveis de uma determinada doença transmissível ao ser examinado, mas que está albergando e eliminando o agente etiológico respectivo. Os portadores podem se apresentar na comunidade de diferentes formas, entre elas: Portador ativo convalescente: indivíduo que se comporta como portador durante e após a convalescença de uma doença infecciosa. É comum esse tipo de portador entre pessoas acometidas pela febre tifóide e difteria. Portador ativo crônico: indivíduo que continua a albergar o agente etiológico muito tempo após a convalescença da doença. O momento em que o portador ativo convalescente passa a crônico é estabelecido arbitrariamente para cada doença. No caso da febre tifóide, por exemplo, o portador é considerado como ativo crônico quando alberga a Salmonella thyphi por mais de um ano após ter estado doente. Portador ativo incubado ou precoce: indivíduo que se comporta como portador durante o período de incubação de uma doença. Portador passivo: indivíduo que nunca apresentou sintomas de determinada doença transmissível, não os está apresentando e não os apresentará no futuro; somente pode ser descoberto por meio de exames adequados de laboratório. Em termos práticos os portadores, independentemente da sua posição na classificação acima, podem comportar-se de forma eficiente ou não, ou seja, participando ou não da cadeia do processo infeccioso, o que nos permite classificá-los ainda em: Portador eficiente: aquele que elimina o agente etiológico para o meio exterior ou para o organismo de um vetor hematófago, ou que possibilita a infecção de novos hospedeiros. Essa eliminação pode se fazer de maneira contínua ou intermitente. Portador ineficiente: aquele que não elimina o agente etiológico para o meio exterior, não representando, portanto, um perigo para a comunidade no sentido de disseminar o microrganismo. Em saúde pública têm maior importância os portadores do que os casos clínicos, porque, muito freqüentemente, a infecção passa despercebida nos primeiros. Os que apresentam realmente importância são os portadores eficientes, de modo que na prática o termo portador se refere quase sempre aos portadores eficientes. Reservatório animal As doenças infecciosas que são transmitidas em condições normais de animais para o homem são denominadas zoonoses. Via de regra, essas doenças são transmitidas de animal para animal, atingindo o DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 22 homem só acidentalmente. Como exemplo, poderíamos citar: leptospirose (reservatórios: roedores e eqüinos), raiva (reservatórios: várias espécies de mamíferos), doença de Chagas (reservatórios: mamíferos silvestres), etc. Reservatório ambiental As plantas, o solo e a água podem comportar-se como reservatórios para alguns agentes infecciosos. Como exemplo, podemos citar: o fungo (Paracoccidioides brasiliensis) responsável pela blastomicose sul- americana, cujos reservatórios são alguns vegetais ou o solo; a bactéria causadora da doença-dos- legionários (Legionellae pneumophila) tem a água como reservatório, sendo encontrada com certa freqüência em sistemas de aquecimento de água, tais como na água de torres de refrigeração existente em sistemas de circulação de ar, umidificadores, etc.; o reservatório do Clostridium botulinum, produtor da toxina botulínica, é o solo. Ecologia médica: meio ambiente, reservatórios e vetores de doenças Veja como as questões ecológicas podem estar diretamente relacionadas à maioria das doenças, inclusive o câncer. É notória a relação íntima entre o homem e animais de estimação, sobretudo por mamíferos, como cães e gatos. O primeiro animal domesticado foi o cão e isso se deu por volta do ano 10.000 a.C., seguido por gato, ovelha, cabra, porco, ganso, galinha, gado, cavalo e burro. Em 4.000 a.C., todos esses animais conviviam em proximidade ao domicílio humano. Existe uma infinidade de doenças causadas por vírus, bactérias, fungos, protozoários e ectoparasitas de origem animal e que podem acometer o homem. Inúmeras são as possibilidades de transmissão de doenças ao homem pela ingestão e/ou inalação de líquidos orgânicos,excretas, carnes e produtos em geral. A convivência social é crescente quanto ao número de animais e ao convívio familiar, principalmente com cães e gatos. O hábito de ter esses animais como companhia tornou-se comum. Atualmente, algumas famílias criam seus animais com costumes muito próximos aos dos proprietários, o que aumenta o risco de transmissão de doenças, como a leishmaniose visceral e a toxoplasmose. Um excelente exemplo de como as questões ecológicas estão diretamente relacionadas à transmissão de determinadas doenças são as leishmanioses visceral e tegumentar. Inicialmente, a transmissão das leishmanioses era estritamente silvestre ou concentrada em pequenas áreas rurais. Porém, as transformações ambientais, o desmatamento, os processos migratórios e a crescente urbanização, vêm expondo mais o homem ao risco de contrair essas enfermidades. A espécie vetora da leishmaniose visceral, o inseto flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, tem ampla associação com áreas de cerrados, caatingas e áreas desmatadas. Na região litorânea sul do Estado da Bahia, onde ainda se fazem presentes remanescentes de Mata Atlântica, e em áreas cacaueiras, a longipalpis não foi encontrada. Aí não ocorre essa forma clínica de leishmaniose. Esse tipo de área florestada, após a supressão vegetacional, favorece a adaptação da L. longipalpis, sendo o desmatamento um importante fator predisponente para a sua dispersão. Por outro lado, os casos humanos da leishmaniose tegumentar predominam em áreas florestadas. Aí existem seus vetores e reservatórios específicos, que vivem exclusivamente nesse tipo de ecossistema. Para a leishmaniose visceral, são conhecidos mais distintamente seus animais reservatórios, silvestres e domésticos e as espécies vetoras. No ambiente urbano, o cão infectado, mesmo quando assintomático, é considerado o principal reservatório para a infecção da vetora L. longipalpis. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 23 Outro excelente exemplo de como as questões ecológicas estão diretamente relacionadas à transmissão de determinadas doenças é a doença de Chagas. O protozoário T. cruzi, descrito em 1909, por Carlos Chagas, fez, em 2009, cem anos de descoberta. Durante esse século, foram adquiridos inúmeros conhecimentos sobre a ecoepidemiologia da doença de Chagas e desse hemoparasita, seus vetores e reservatórios. Existem várias maneiras de adquirir a doença e, a principal é a vetorial, transmitida pelas fezes dos triatomíneos (barbeiros), seus hospedeiros invertebrados. Predominante no continente americano em relação a outras partes do mundo, a doença tem como reservatórios vertebrados uma enorme diversidade de mamíferos, incluindo o homem. Alguns pesquisadores chamam a atenção para os distintos elementos atinentes à moléstia de Chagas, considerando-a uma “doença ecológica” e às múltiplas possibilidades de interação dos diferentes partícipes da enfermidade. Segundo esses autores, o caráter marcadamente antropocêntrico e a consideração do ser humano acima ou fora da natureza – “ecologia rasa” – contribuem substancialmente para sua perpetuação. Ao invadir as matas e produzir o desequilíbrio ecológico no ambiente silvestre, o homem aproximou o T. cruzi do ambiente doméstico, surgindo, assim, a doença de Chagas humana. Quanto aos seus hospedeiros invertebrados, os triatomíneos da família Reduviidae, é sabido que, dentre cerca de 140 espécies descritas, todas são suscetíveis a transmitir a doença entre os animais e o homem. Porém, são aquelas que vivem mais próximas do homem (antropófilas) e do seu ambiente domiciliar (domiciliadas) as principais vetoras da doença. São exemplos as espécies Triatomainfestans, Panstrongylusmegistus, Triatomabrasiliensis e algumas do gênero Rhodnius. As alterações ambientais têm importante influência na emergência e reemergência de doenças. O município de Salvador, na Bahia, encontra-se em processo de expansão imobiliária, com intenso desmatamento de áreas remanescentes de Mata Atlântica. Isto favorece a diminuição das fontes alimentares para os triatomíneos, principais responsáveis pela transmissão da doença de Chagas, que acabam por invadir domicílios em busca de abrigo e alimento. Nas áreas profundamente perturbadas pelo homem, rompe-se o equilíbrio intra e interespecífico, os mecanismos controladores ou estabilizadores das populações deixam de operar, e o incremento e a redução demográficos tornam-se imprevisíveis e desordenados. Dessa condição surgem as epizootias e as epidemias. No entanto, quando pesquisadores e especialistas detêm conhecimentos no âmbito da ecologia médica sobre determinados agentes, hospedeiros, meio ambiente e doenças, existe a possibilidade de prever certos acontecimentos. Assim, torna-se mais fácil aplicar medidas preventivas, e o controle é menos oneroso aos cofres públicos e à sociedade. As infecções ou doenças transmitidas naturalmente entre animais vertebrados e o homem são denominadas zoonoses. Somam mais de 150 as doenças mais importantes que afetam o homem e outros vertebrados. A respeito desse assunto, as arboviroses (viroses transmitidas por mosquitos) estão entre as mais importantes doenças infecciosas emergentes na saúde pública mundial do terceiro milênio. Existem cerca de 534 arboviroses catalogadas e transmitidas por mosquitos e carrapatos, das quais 134 são causas de morte em humanos. O Brasil, mesmo com os avanços nos indicadores socioeconômicos, ainda se apresenta desigual, situação fruto de um desenvolvimento historicamente excludente. Para alcançar o desenvolvimento sustentável e com qualidade de vida, a melhora dos indicadores de saneamento e de educação deve ser uma prioridade para o Brasil, afirmam Carneiro e colaboradores. O caráter multifatorial dos problemas de saúde demanda estratégias para reduzir a exposição a fatores de risco do meio ambiente. O que se observa atualmente no processo saúde-doença é a separação prática entre o meio ambiente e a saúde humana, com os profissionais de saúde e as políticas públicas, em geral, limitando-se principalmente ao tratamento e aos cuidados dos doentes, ficando a prevenção em segundo plano. São necessárias, portanto, abordagens e atitudes para a promoção de saúde, qualidade de vida e prevenção de enfermidades associadas ao meio ambiente, pelos profissionais da saúde. Nesse contexto, a ecologia médica se expressa como a ciência que estuda as doenças e seus fatores relacionados ao homem, meio ambiente e seus desequilíbrios. Aos profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros, municiados pelas informações obtidas por meio dos estudos de ecologia médica, seria possível recomendar à comunidade e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco e das doenças ou outros agravos relacionados à vigilância sanitária e ambiental. DOMINA CONCURSOS WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 24 O ser humano não está isolado do meio ambiente, mas é parte integrante dele. Sua saúde depende exclusivamente dessa relação direta. É preciso difundir conhecimentos e estratégias estudados na ecologia médica. Quando a população compreende o processo saúde-doença, ela aceita, utiliza e participa dele de forma efetiva e positiva. Os conhecimentos interdisciplinares e multissetoriais da ecologia médica são fundamentais no sucesso de programas de saúde e na educação médica. Os profissionais da saúde, principalmente de Medicina e Enfermagem, devem estar preparados para uma análise crítica dos desafios apresentados nessa área, para que sejam agentes de mudanças e profundas transformações no processo saúde, meio ambiente e prevenção de doenças humanas, com base nos princípios e reflexões da ecologia médica. ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________
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