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Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 Reanimação Neonatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04 Avaliação da vitalidade ao nascer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 Líquido amniótico meconial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06 Passos iniciais de estabilização/reanimação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07 Ventilação com pressão positiva (VPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 Ventilação com pressão positiva com cânula traqueal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 Massagem cardíaca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Ictéria e incompatibilidade ABO e RH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Sífilis congênita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Tuberculose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Sepse Neonatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Hipoglicemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Triagem Neonatal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Teste do pezinho básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Teste do Reflexo Vermelho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Triagem auditiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Teste do Coraçãozinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Teste da linguinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Índice 3META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Capítulo 1 Introdução A neonatologia é uma especialidade da pediatria que abrange um período relativamente curto, os primeiros 28 dias de vida de um bebê, porém com uma complexidade de cuidados, patologias e intervenções que devemos estar sempre atentos. Este é um período crucial para a diminuição da mortalidade infantil e também para ações que podem determinar a saúde e o desenvolvimento da criança. Um exemplo disto são as manobras que devem ser iniciadas nos primeiros 60 segundos de vida de um neonato que necessita de reanimação, tão impor- tante que é denominado “minuto de ouro”. Por toda esta complexidade e essa importância na vida da criança é que a neonatologia é um tema presente em todas as provas. Por isso, a Dra Sabrina Gois, professora do MEDCEL, não irá mostrar toda a matéria deste assunto, mas os principais pontos das últimas provas, inclusive as atualizações quanto a esses tópicos, já que houve algumas mudanças em 2019 e 2020. PROFA. SABRINA GOIS A Dra Sabrina é formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, fez Residência Médica em pediatria no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, possui título de especialista em pediatria, pós gra- duação em homeopatia pela Associação Paulista de Homeopatia, Título de especialista em homeopatia e é preceptora dos residentes de pediatria do Hospital Infantil Cândido Fontoura em atendimento em Unidade Básica de Saúde. 4META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Capítulo 2 Reanimação Neonatal As manobras de reanimação neonatal são de suma importância para diminuir a mortalidade neonatal, visto que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), quando são avaliados os “óbitos neonatais precoces associados à asfixia perinatal sem anomalias congênitas, observam-se 12 mortes evitáveis diárias de bebês, cinco delas em nascidos a termo.” Deste modo, este assunto é muito importante na prática diária do pediatra, e também assunto recorrente nas provas. A última atualização disponível da SBP é de 2016, e divide as condutas em RN < 34 semanas e RN ≥ 34 semanas. O fluxograma com o resumo das principais condutas que discutiremos segue na figura da próxima página >> 5META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA NASCIMENTO 60 segundos (minuto de ouro) Gestação a termo? Respirando ou chorando? Tônus muscular em flexão. Prover calor. Posicionar cabeça. Aspirar vias aéreas s/n Secas. FC< 100 bpm, apneia ou respiração irregular. Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Cuidados de rotina junto a mãe: prover calor, manter vias aéreas pérvias e avaliar a vitalidade de maneira contínua. Ventilação com pressão positiva monitorar SatO2. Considerar monitor para avaliar FC. Monitorar SatO2 pré-ductal. Considerar CPAP. MANTER NORMOTERMIA Adrenalina endovenenosa. Considerar hipovolemia. Entubação traqueal. Massagem cardíaca coordenada com ventilação adequada (3:1). Considerar O2 a 100%. Avaliar FC continua com monitor. Considerar cateterismo venoso. Minutos de vida Até 5 5 a 10 > 10 70 a 80% 80 a 90% 85 a 95% SatO2 pré-ductal Desconforto respiratório. FC< 100 bpm? FC< 60 bpm? FC< 60 bpm? Garantir adaptação face/máscara. Assegurar ventilação adequada com movimento do torax. Considerar Intubação. Observação: o uso de CPAP deve ser considerado em RNPT <34 semanas com respiração espontânea e FC >100 bpm, porém com desconforto respiratório e/ ou SatO2 abaixo da esperada na transição normal, logo após o nascimento. 6META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Avaliação da vitalidade ao nascer O primeiro procedimento a ser feito em sala de parto é a avaliação da vitalidade do recém-nas- cido. A frequência cardíaca (FC) é o principal fator determinante para o início das manobras de reanimação e, por isto, deve ser verificada rapidamente. Os métodos recomendados para a avaliação da FC são palpação do cordão umbilical, a ausculta do precórdio com estetoscópio, a detecção do sinal de pulso pela oximetria e da atividade elétrica do coração pelo monitor cardíaco. Para o RN ≥ 34 semanas, com FC > 100 bpm e respiração regular/chorando, com bom tônus, INDEPENDENTEMENTE DO ASPECTO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO, esse RN apresenta boa vita- lidade e pode continuar junto com a mãe após o clampeamento do cordão umbilical. Mesmo com a mãe, deve-se garantir a manutenção de calor, de permeabilidade de vias aéreas e deve ser mantida a avaliação da vitalidade. Já no caso dos RN < 34 semanas,obrigatoriamente os mesmos serão conduzidos à mesa de reanimação após o clampeamento do cordão. Líquido amniótico meconial Atualmente, não há recomendação de aspiração do líquido meconial das vias aéreas ao des- prendimento do polo cefálico do concepto, independentemente de sua viscosidade. No RN a termo com boa vitalidade, ele deve continuar junto da mãe após o clampeamento do cordão. Sé o RN é pré-termo tardio ou pós-termo ou não iniciou movimentos respiratórios regulares ou o tônus muscular está flácido, será necessário levá-lo à mesa de reanimação e realizar os passos iniciais, e nesta situação é prudente incluir a aspiração de vias aéreas superiores. CLAMPEAMENTO DO CORDÃO • RN ≥ 34 semanas: com respiração adequada e tônus muscular em flexão ao nascimento, clampear o cordão umbilical 1-3 minutos depois da sua extração completa da cavidade uterina; • RN < 34 semanas: RN começou a respirar ou chorar e está ativo, aguardar 30-60 segundos antes de clampear o cordão umbilical. MECÔNIO Segundo SBP, 2016, “no RN com líquido amniótico meconial que apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC <100 bpm, iniciar a VPP com máscara facial e ar ambiente nos primeiros 60 segundos de vida. Se após 30 segundos de ventilação efetiva, o neonato não melhora e há forte suspeita de obstrução de vias aéreas, pode-se indicar a retirada do mecônio residual da hipo- faringe e da traqueia sob visualização direta.” 7META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Passos iniciais de estabilização/reanimação Diante da resposta “não” a pelo menos uma das três perguntas iniciais: gestação a termo, respiração ou choro presente e tônus muscular em flexão, conduzir o RN à mesa de rea- nimação. O primeiro passo para a estabilização do neonato consiste na manutenção da temperatura corporal. MANUTENÇÃO DA TEMPERATURA • RN ≥ 34 semanas: manutenção da temperatura ambiente na sala de parto entre 23-26ºC, seca- gem do corpo e do segmento cefálico com compressas aquecidas e deixar o RN em contato pele-a-pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido. • RN < 34 semanas: além das medidas anteriores (temperatura da sala + secagem), uso do saco plástico transparente em todo o corpo, exceto a face, associado ao uso de touca dupla (cobrir o couro cabeludo com plástico e, por cima, colocar touca de lã ou algodão). Isso deve ser feito até estabilização da temperatura. Neste momento também deve ser mantida a permeabilidade das vias aéreas através do posi- cionamento do pescoço do RN com uma leve extensão do pescoço, evitando-se sempre hiperex- tensão ou flexão exagerada. Pode ser necessário o uso de coxim sob os ombros do paciente para melhorar este posicionamento. A seguir, deve-se avaliar a necessidade de aspiração. Atualmente, não há mais recomendação de aspiração em todos os RNS, ficando este procedimento reservado somente para os pacientes que apresentem excesso de secreção que esteja obstruindo as vias aéreas. Após estes passos iniciais, devem ser avaliadas a respiração e a FC. Independentemente da idade gestacional, se FC for <100 bpm ou o RN não apresenta movimentos respiratórios regulares, um profissional inicia a ventilação com pressão positiva (VPP) e outro fixa os três eletrodos do monitor cardíaco e o sensor do oxímetro ( no caso de RN < 34 semanas, o oxímetro já é locado durante as medidas iniciais). 35 36 37 38 39 40 41 42 8META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Ventilação com pressão positiva (VPP) Após a realização dos passos iniciais para estabilização do paciente, a presença de apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm indica a VPP, que deve ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (minuto de ouro), sendo este o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do RN em sala de parto. Inicialmente, a VPP está indicada através de máscara facial, sendo que para RN ≥ 34 semanas deve ser realizada a ventilação com balão autoinflável ou ventilador mecânico manual em T e, para RN < 34 semanas, somente é recomendado o ventilador mecânico manual em T. Ventilação com pressão positiva com cânula traqueal A ventilação por meio da cânula traqueal está indicada se: • Ventilação com máscara facial não efetiva (após verificar e corrigir técnica, FC < 100 bpm); • Ventilação com máscara facial prolongada; • Necessidade de massagem cardíaca. Lembrar também que, além dessas recomendações, para pacientes com hérnia diafragmática que necessitarem de VPP, está indicada a intubação traqueal e a inserção imediata de sonda gástrica. Outro ponto a ser lembrado é de que não há indicação precisa da intubação em sala de parto com o intuito de administrar o surfactante profilático nos prematuros. VPP • RN ≥ 34 semanas: iniciar VPP com ar ambiente (oxigênio a 21%); monitorar a oferta de O2 e suplementar pela oximetria de pulso. Se não houver melhora, SEMPRE verificar e corrigir a téc- nica da ventilação antes de oferecer oxigênio suplementar a fim de atingir a SatO2 desejável; • RN < 34 semanas: iniciar VPP com concentrações de oxigênio de 30%, titulando-se a fra- ção inspirada do gás de acordo com a monitoração da SatO2 pré-ductal. Caso não ocorra melhora, SEMPRE verificar e corrigir a técnica da ventilação antes de aumentar a oferta de oxigênio suplementar. IMPORTANTE: Independentemente da idade gestacional, o aumento de O2 deve ser feito por incrementos de 20%, aguardando cerca de 30 segundos para verificar a SatO2 e indicar novos incrementos. 9META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Massagem cardíaca Independentemente da idade gestacional, a massagem cardíaca está indicada se a FC estiver <60 bpm após 30 segundos de VPP com técnica adequada por meio da cânula traqueal e uso de concentração de oxigênio de 60-100%. Quando a FC permanece < 60 bpm, apesar da ventilação efetiva por cânula traqueal com oxigênio a 100% associada à massagem cardíaca adequada por no mínimo 60 segundos, está indicado o uso da adrenalina. A icterícia é uma manifestação frequente no período neonatal, sendo na maioria dos casos fisiológica. A icterícia fisiológica surge após as primeiras 24 horas de vida e a realização de fototerapia dependerá dos níveis séricos de bilirrubina associados a fatores de risco do RN. No entanto, icterícias que surgem nas primeiras 24 horas sugerem icterícia patológica, sendo uma das etiologias comuns tanto na vida real quanto nas provas a eritroblatose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido. A doença hemolítica do recém-nascido pode manifestar-se tanto por incompatibilidade ABO quanto por incompatibilidade Rh. A incompatibilidade ABO é a mais frequente e ocorre quando a mãe do grupo sanguíneo “O” tem um RN dos grupos “A”, “B” ou “AB”, pois o indivíduo do tipo sanguíneo “O” possui anticorpos anti-A e anti-B e estes podem acarretar a hemólise das hemácias do recémnascido com tipo sanguíneo “A”, “B” ou “AB”, levando a um quadro de icterícia. Capítulo 3 Icterícia e incompatibilidade ABO e RH A B AB 10META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA MÃE Sempre será tipo sanguíneo O RN A B AB INCOMPATIBILIDADE ABO CURIOSIDADE Você sabe por que a incompatibilidade ABO só ocorre nas mães tipo “O”, mas não ocorre em mãe tipo “A” ou “B”? (por exemplo, mãe “A” com filho “B”?) A produção dos anticorpos ocorre de maneira diferente no tipo sangúineo O. O que ocorre é que nos lactentes, a partir de 3 a 6 meses de idade, geralmente, podem-se detectar os aloanticorpos anti-A (em crianças B), anti-B (em crianças A) ou ambos os aloanticorpos (em crianças O), em decorrência principalmente da crescente microbiota intestinal. Nos indivíduos A e B, esses anticorpos naturais são predominantemente IgM, que não atravessa a barreira placentária e, por isto, não leva a um quadro de incompatibilidade. Já os indivíduos de grupo sanguíneo O possuem ainda outro tipo de anticorpo natural, designado anti-A,B, em conjunto, e esse anticorpo é do tipo IgG, que atravessa a placenta e leva ao quadro de hemólisepor incompatibilidade ABO. A incompatibilidade RH é habitualmente mais grave do que a incompatibilidade ABO e ocorre quando a mãe é Rh negativo e o recém-nascido RH positivo. As hemácias do filho RH +, com antígenos RH (D) na superfície, passam para a circulação da mãe, durante a gravidez e, principalmente, durante o parto. 11META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA O organismo da mãe, então, estimula a produção de anticorpos anti-Rh que levarão à destrui- ção de hemácias no recém-nascido, acarretando a eritoblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido. Geralmente, se a mãe não teve exposição prévia ao antígeno RH ( gestação pré- via com filho RH + sem profilaxia adequada, transfusão de sangue inadequada, etc ), o primeiro filho nascerá sem problemas, mas, em uma próxima gestação, os anticorpos concentrados no sangue da mãe, atravessam a placenta resultando na aglutinação das hemácias do feto. O risco da incompatibilidade Rh pode ser reduzido através da administração da imunoglobulina anti-D (rohgam) em gestantes Rh negativas não sensibilizadas na 28ª semana ou ente 28ª e 34ª semanas de gestação. Assim como as demais causas de hiperbilirrubinemia indireta, o tratamento deve ser feito por fototerapia e/ou exsanguineotransfusão. IMPORTANTE A incompatibilidade ABO protege o neonato da incompatibilidade Rh, visto que os anticorpos naturais maternos anti-A e/ou anti-B acabam hemolisando as células Rh+ do neonato, não permitindo o acesso destas células ao sistema imune materno o que impede a sensibilização para o antígeno D. 12META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Capítulo 4 Sífilis Congênita Nos últimos 5 anos, no Brasil, tem sido observado um aumento constante no número de casos de sífilis em gestantes, sífilis congênita e sífilis adquirida, que pode tanto ser atribuído ao aumento das testagens, quando à diminuição da prevenção, como a falta do uso de preservativos e a falta de penicilina para o tratamento adequado. Segundo a OMS (WHO,2014), a sífilis leva a 300 mil mortes fetais e neonatais em todo o mundo por ano. Neste tema, o que é importante você fixar para a sua prova é avaliar se a mãe foi adequada- mente tratada ou não e a conduta perante o RN. A sífilis congênita, pode ser dividida didaticamente em: • Sífilis congênita precoce: manifestações aparecem antes dos 2 anos de vida e deve ser diagnosticada através de investigação epidemiológica da situação materna e de avaliações clínica, laboratorial e de estudos de imagem na criança. Pode ser assintomática ou apresentar sinais e sintomas logo após o nascimento ou nos primeiros dois anos de vida, principalmente nas cinco primeiras semanas. • Sífilis congênita tardia: sinais e sintomas observados a partir do segundo ano de vida, geral- mente entre 5 a 20 anos de idade. Quando há uma suspeita diagnóstica de sífilis congênita tardia deve-se excluir a possibilidade de sífilis adquirida (agressão ou abuso sexual). Em primeiro lugar, todos os RN nascidos de mãe com diagnóstico de sífilis durante a ges- tação, independentemente do histórico de tratamento materno, deverão realizar teste não treponêmico no sangue periférico, sendo que a testagem materna simultânea auxilia na determinação diagnóstica. ATENÇÃO Segundo as Diretrizes do Ministério da Saúde, 2020, “No teste não treponêmico, um título maior que o materno em pelo menos duas diluições (ex.: materno 1:4, RN maior ou igual a 1:16) é indicativo de infecção congênita. No entanto, a ausência desse achado não exclui a possibilidade do diagnóstico de SC. 13META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA É considerado tratamento materno adequado para sífilis o registro do tratamento completo com benzilpenicilina benzatina, adequado para o estágio clínico, com primeira dose reali- zada até 30 dias antes do parto. Nota-se que nas recomendações de 2020, do Ministério da Saúde, não há mais necessidade de avaliar se o parceiro foi tratado ou não para definir se o tratamento da mãe é adequado. Definindo se a mãe foi adequadamente tratada ou não, seguimos conforme o fluxograma a seguir: Realizar teste rápido de sífilis em toda gestante que chega à maternidade, bem como nas mulheres em abortamento. Se teste rápido não reagente e ausência de infecção por sífilis: sem necesidade de condutas para a gestante e a criança. Se teste rápido reagente*: Avaliar histórico de tratamento de sífilis na gestante A mãe foi tratada de forma adequada durante a gestação? Sim Não Realizar teste não treponêmico sérico da mãe e do récem nascido, ao mesmo tempo. O teste não treponêmico da criança é pelo menos duas diluições MAIOR que o materno Notificar para sífilis congência e realizar teste não treponêmico sérico da mãe e do recém nascido, ao mesmo tempo. Realizar no recém nascido hemograma, glicemia e RX de ossos longos e coletar o liquor (solicitar celularidade, glicorraquia, proteinorraquia e VDRL). Não Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Não O exame físico da criança é normal O exame físico da criança é normal O exame físico da criança é normal Criança exposta à sifilis Sem necessidade de tratamento imadiato Realizar avaliação para STORCH O exame físico do recém nascido, o hemograma, o liquor e o RX de ossos longos Criança com sífilis congênita SEM neurossífilis Tratar com benzipenicilina cristalina ou benzilpenicilina procaúina, por 10 dias Criança com sífilis congênita COM neurossífilis Tratar com benzipenicilina cristalina por 10 dias Aplicar benzilpenicilina benzatina, 50.000 UI/kg, dose única intramuscular Notificar para sífilis congênita Para definição do tratamento seguir no fluxograma como criança nascida de mãe não adequadamente tratada Referenciar para seguimento cliníco e laboratorial na puericultura Legenda: TNT: Teste não treponêmico periférico. Insvestigação para STORCH (sifilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes vírus ) FONTE: Ministério da Saúde, 2020. 14META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA *Crianças nascidas de mulheres diagnosticadas com sífilis antes da gestação atual, com histó- rico documentado de tratamento adequado dessa sífilis anterior à gestação, com documenta- ção da queda da titulação em pelo menos duas diluições (ex.: antes, 1:16, depois, menor ou igual a 1:4), e que durante a gestação atual se mantiveram com títulos de teste não treponêmico baixos e estáveis, não são consideradas crianças expostas à sífilis, e não precisam coletar VDRL no momento do parto. As doses para os medicamentos descritos no fluxograma são: • Benzilpenicilina potássica/cristalina 50.000 UI/kg, intravenosa, de 12/12h na primeira semana de vida, de 8/8h após a primeira semana de vida, por 10 dias; • Benzilpenicilina procaína 50.000 UI/kg, intramuscular, uma vez ao dia, por 10 dias; • Benzilpenicilina benzatina 50.000 UI/kg, intramuscular, dose única. Crianças expostas à sífilis ou com diagnóstico de sífilis congênita devem fazer seguimento de rotina de puericultura e realizar teste não treponêmico (VDRL) com 1, 3, 6, 12 e 18 meses de idade. O seguimento laboratorial pode ser interrompido após dois testes não reagentes conse- cutivos ou queda do título em duas diluições. Capítulo 5 Tuberculose O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV considerados prioritários pela OMS para o controle da doença no mundo. Sendo assim, temos muitos casos no Brasil e, para a sua prova de neonatologia, um tópico bem importante é saber a conduta no RN que é coabitante de um paciente com tuberculose. 15META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Recém-nascidos coabitantes de casos de TB pulmonar ou laríngea podem ser infectados pelo M. tuberculosis (MTB) e desenvolver formas graves da doença. Por isto, nestes casos, é reco- mendada a prevenção da infecção pelo MTB, também denominada quimioprofilaxia primária, conforme fluxograma da figura a seguir. Figura - Quimioprofilaxia primária em recém-nascidos Legenda: Quimioprofilaxia (QP); Prova tuberculínica (PT); Isoniazida(H); Rifampicina(R) Fonte: Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ministério da Saúde, 2019. Recém-nascido coabitante de caso índice bacilífero Iniciar QP primária (H ou R) 3 meses depois fazer PT Manter o tratamento por mais três meses (H) ou um mês (R) e não vacinar com a BCG PT ≥ 5mm PT < 5mm Suspender o tratamento e vacinar para BCG IMPORTANTE O RN coabitante de casos de TB pulmonar ou laríngea não deverá ser vacinado com a BCG ao nascimento e deve iniciar a quimioprofilaxia primária. 16META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Outro ponto importante é em relação às recomendações quanto a amamentação, para a mãe portadora de tuberculose. • RN de mãe abacilífera ou tratada por 2 ou mais semanas antes do nascimento do seu filho, a amamentação está liberada sem qualquer restrição e a criança deve receber a vacina BCG logo após o nascimento; • Mães com sinais, sintomas e exames radiológicos sugestivos de tuberculose ativa devem restringir o contato com a criança devido à transmissão potencial da doença por meio das gotículas do trato respiratório. No entanto, o leite materno pode ser ordenhado e oferecido à criança, já que não há risco de passagem do Mycobacterium tuberculosis pelo leite materno. Quando a mãe iniciar o tratamento pode amamentar, porém com uso de máscara (cobrindo nariz e boca) nas primeiras 2 semanas e garantia de aderência materna ao tratamento. O RN deve iniciar quimioprofilaxia primária. • Mãe com tuberculose multidroga resistente, o RN deve ser separado da mesma pelo maior risco de infectividade e a amamentação suspensa até que a mãe se torne abacilífera. O leite ordenhado pode ser oferecido para a criança. • Na mastite tuberculosa o aleitamento materno deve ser suspenso até que o tratamento seja iniciado e a mãe seja considerada abacilífera. Nessa situação, a criança também deverá re- ceber isoniazida. Capítulo 6 Seopse Neonatal A sepse neonatal consiste num conjunto de sinais e sintomas de um quadro de infecção e/ ou isolamento de um patógeno no sangue de um neonato, ou seja, até 28 dias de vida. Cos- tuma ser dividida, didaticamente e também por mudanças etiológicas para cada período, em sepse neonatal precoce e tardia. Embora haja definições diferentes quanto ao tempo exato desta divisão, geralmente a sepse neonatal precoce é definida como aquela que ocor- re nas primeiras 48 a 72 horas de vida e está relacionada a fatores pré-natais maternos e do periparto. A exceção para sepse neonatal precoce é a sepse neonatal causada pelo Strep- tococcus agalactiae, que, embora seja de etiologia perinatal, pode surgir nos primeiros 7 dias de vida. A sepse neonatal tardia usualmente ocorre após as primeiras 48 a 72 horas de vida e relaciona-se com fatores pós natais como, por exemplo, procedimentos em UTI neo. 17META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Os patógenos mais envolvidos em cada período são: • Sepse precoce: □ Estreptococo do grupo B, Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Staphylococcuscoagulase negativo, Haemophylus influenzae; • Sepse tardia: □ Hospitalar: Estreptococo do grupo B, Staphylococcus coagulase negativo, Staphylococcus aureus, E. coli, gram-negativo multi-resistente (Pseudomonas, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Acinetobacter, etc), Candida, etc; □ Domiciliar: Estreptococo do grupo B, gram-negativo (E. Coli, por exemplo), Listeria mono- cytogenes, Staphylococcus aureus meticilinosensÌvel, herpes, etc. Dentre os fatores de risco para sepse neonatal, um fator muito importante e que frequente- mente cai nas provas é mãe portadora de estreptococo do grupo B, sem profilaxia intraparto ou profilaxia incompleta e, por isso, vamos recordar a conduta na figura a seguir. Sinais de sepse neonatal? Evolução diagnóstica completa Terapia antibiótica Corioamnionite materna? Evolução limitada Terapia antibiótica Profilaxia EGB indicada para mães? Mãe recebeu EV penincilina, ampicilina ou cefazolina₂ 4 horas antes do parto? Cuidados clínicos de rotina Observações ≥ 48 horas ≥ 37 semanas e membranarota < 18 horas? Observações ≥ 48 horas RN < 37 semanas ou bolsa rota ≥ 18h? Evolução limitada Observação ≥ 48 horas Sim Sim Não NãoSim Sim Sim Sim Não Não Não FONTE: Tratado da Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017. 18META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA As indicações para profilaxia pelo EGB neonatal são: • Recém-nascido prévio com doença pelo EGB; • Gestante com bacteriúria pelo EGB em qualquer trimestre da gestação atual; • Cultura para EGB positiva na gestação atual, com exceção se for realizada cesárea programada, paciente sem trabalho de parto, ou ruptura de membranas amnióticas; • Desconhecimento de colonização pelo EGB no início de trabalho de parto e nas seguintes condições: parto < 37 semanas; bolsa rota ≥ 18 h; temperatura intraparto ≥ 38°C; NAAT posi- tivo intraparto para EGB. A profilaxia não está indicada para: • Colonização pelo EGB em gestação anterior, exceto se paciente na gestação atual apresenta cultura positiva para EGB; • Bacteriúria pelo EGB em gestação anterior, exceto se há indicação profilática para o EGB na gestação atual; • Cultura negativa para EGB vaginal e retal no final da gestação atual, independentemente dos fatores de risco intraparto; • Cesárea programada na ausência de trabalho de parto ou ruptura de membranas amnióti- cas, independentemente da colonização pelo EGB ou idade gestacional. Independentemente do agente etiológico envolvido na sepse, vale lembrar aqui que o recém-nascido com sepse não tem um quadro clínico bem definido, podendo se apresentar com estase gástrica, instabilidade da temperatura, hipotermia, taquipneia, apneia, abaulamento de fontanela, convulsões, hipoatividade, vômitos, queda da saturação de oxigênio, hipotensão arterial, má perfusão e hipotonia, entre outros. O diagnóstico é clínico, sendo que o isolamento de uma bactéria pato- gênica na hemocultura confirma o diagnóstico. O tratamento específico, além das medidas de suporte, consiste na antibioticoterapia já na suspeita diagnóstica, logo após a coleta dos exames. Para os microrganismos implicados na sepse neonatal precoce é indicada a associação de ampicilina e um aminoglicosídeo (geralmente gentamicina). No caso de sepse neonatal tardia a cobertura da antibioticoterapia deve ser direcionada aos organismos relacionados a infecções hospitalares adquiridas, incluindo S. aureus, S. epidermidis e espécies de Pseudomonas. Usualmente dentre os antibióticos utilizados estão vancomicina, cefalosporinas (exceto ceftriaxona, pois aumenta o risco de kernicterus) e/ou aminoglicosídeos. 19META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Capítulo 6 Hipoglicemia E aqui um tema controverso em relação a valores de corte é a hipoglicemia neonatal. Vale lembrar que os valores considerados como hipoglicemia podem variar de acordo com a refe- rência a ser utilizada, porém todas são muito próximas. Seguem abaixo as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Primeiro, devemos saber quais são os RN que têm risco para hipoglicemia e devem ser triados. MATERNOS • Diabetes; • Administração de drogas à gestante (terbutalina, clorpro- pamida, hipoglicemiantes orais e diuréticostiazídicos); • Infusão intraparto de dextrose; • Hipertensão e pré-eclâmpsia. NEONATAIS • Prematuridade; • Restrição de crescimento intrauterino; • Hipóxia e isquemia; • Sepse; • PIG e GIG; • Hipotermia; • Policitemia; • Características sindrômicas (síndrome de Beckwith-Wiedemann); • Tumores produtores de insulina (nesidioblastose, adenoma ou dis- maturidade das células da ilhota); • Erros inatos do metabolismo; • Eritroblastose fetal. Fatores de risco para hipoglicemia FONTE: Adaptado do Tratado Brasileiro da SBP, 2017. 8:00 am 17/08/2018 5.5 mg/dl 20META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Para os recém-nascidos que não fazem parte do grupo de risco não há indicação de triagem de hipoglicemia, exceto se houver alguma alteração de sinais e sintomas que sugirama neces- sidade. Nos grupos que se encaixam nos fatores de risco citados anteriormente, o controle da glice- mia deve ser realizado: A partir deste controle, podemos definir o quadro de hipoglicemia. Segundo o Tratado Brasileiro de Pediatria, 2017, temos que os limites inferiores de glicemia são: • RN a termo saudáveis: – menos de 24 horas de vida: 30 a 35 mg/dL na primeira medição, elevando-se para 45 mg/dL após o início da alimentação; – após 24 horas de vida: 45 a 50 mg/dL; • RN com sinais ou sintomas clínicos anormais: 45 mg/dL; • RN assintomáticos com fatores de risco para hipoglicemia: 36 mg/dL. Se após a alimentação a glicemia permanecer abaixo desse nível ou surgirem sinais clínicos anormais, é necessária intervenção terapêutica; • em qualquer RN com níveis de glicemia entre 20 e 25 mg/dL, deve-se administrar glicose endovenosa (EV) em bolo para elevar a glicemia a níveis superiores a 45 mg/dL.” O tratamento preferencialmente será por via oral, leite materno ou fórmula a depender das condições. O tratamento endovenoso estará indicado quando houver intolerância à dieta oral, níveis de glicemia < 25 mg/dL, e quando a dieta oral não mantiver níveis adequados de glicemia. • Com 3, 6, 12 e 24 horas, e após, em intervalos de 8 a 12 horas, até 72 horas de vida para RN prétermo e RN PIG: • Com 1, 2, 3, 6, 12 e 24 horas, e após, a cada 8 horas, até 72 horas de vida, para filho de mãe diabética; • Com 3, 6, 12 e 24 horas, e após, a cada 8 horas, até 48 horas de vida, nos demais recém-nascidos não citados anteriormente. 21META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Capítulo 7 Triagem Neonatal A triagem neonatal é um conjunto de exames que devem ser realizados gratuitamente, por lei, após o nascimento, e que visam detectar doenças e/ou alterações precocemente nos bebês a fim de começar um tratamento o mais rápido possível e evitar problemas futuros. Atualmente, são obrigatórios e gratuitos os seguintes exames: Teste do Pezinho Básico O teste do pezinho consiste na realização de exame de triagem para fenilcetonúria, defi- ciência de biotinidase, hiperplasia adrenal congênita, fibrose cística, doença falciforme e hipotireoidismo congênito. O objetivo da realização do teste é o rastreamento de bebês portadores de doenças que tem um prognóstico mais favorável quando tratadas o mais precocemente possível. A recomendação é de que o exame deve ser coletado entre o 3º e 5º dias de vida, sendo que o RN deve ter recebido leite ou aminoácidos a fim de evitar um teste falso-negativo para fenilcetonúria, visto que esta doença consiste num erro do metabolismo dos aminoácidos. Se o teste for colhido precocemente pode gerar um resultado falso positivo para hipotireoidismo congênito, visto que nas primeiras 48 horas os níveis de TSH podem estar fisiologicamente aumentados, com posterior redução. Teste do Pezinho Básico Teste do Reflexo Vermelho Triagem auditiva Teste do Coraçãozinho Teste da Linguinha 22META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Teste do Reflexo Vermelho O teste do reflexo vermelho, popularmente conhecido como “Teste do olhinho” é um exame simples, rápido, indolor e de baixo custo realizado com o oftalmoscópio direto cuja luz projetada atravessa todas as estruturas transparentes do olho, atinge a retina e reflete no reflexo visto pelo examinador. O exame visa detectar precocemente problemas oculares congênitos que comprometem essa transparência dos meios oculares e que podem prejudicar o desenvolvimento visual cortical, como por exemplo catarata e glaucoma congênitos, tumores como retinoblastoma e inflamações intraoculares, entre outros. A recomendação é de que este teste seja realizado ainda na maternidade e, se não for possível, no máximo até 1 mês de vida. Os possíveis resultados para o exame são: • reflexo presente, ou seja, normal (Figura 1) • Ausente, como na presença de leucocoria (Figura 2) • duvidoso, quando há assimetria dor reflexo Figura 3) Na presença de uma resposta ausente ou duvidosa o RN deverá ser encaminhado ao oftalmologista para realizar um exame oftalmológico completo. 1. Reflexo vermelho presente (simétricos) em ambos os olhos: reflexo normal em ambos os olhos. 3. Reflexo vermelho duvidoso (assimétricos). Estrabismo: reflexo brilhante e mais claro no OE estrábico. 2. Leucocoria no olho direito. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2018. 23META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Triagem auditiva A triagem Auditiva Neonatal, mais conhecida como teste da orelhinha, deve ser realizada em todos os recém-nascidos, preferencialmente, nas primeiras 24 a 48 horas de vida, na maternidade, antes da alta, e, no máximo, durante o primeiro mês de vida. Este é o perí- odo recomendado, no entanto, caso haja impossibilidade da realização do mesmo neste período, é obrigatório que seja realizado nos 3 primeiros meses de vida, para atendimento apropriado por possível perda auditiva antes dos 6 meses. O exame de triagem recomendado para os bebês sem fatores de risco é o de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e nas crianças com Indicadores de Risco para a Deficiência Auditiva (IRDA) deve ser realizado o Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico – Au- tomático (PEATE-A). Os IRDA são: CONGÊNITOS a. História familiar de surdez permanente na infância de instalação precoce, progressiva ou tardia; b. UTI neonatal por mais de 5 dias; c. Hiperbilirrubinemia com exsanguineotrans- fusão independente de tempo de perma- nência em UTI; d. Uso de aminoglicosídeos por mais de 5 dias; e. Asfixia ou encefalopatia hipóxico-isquêmica; f. Uso de oxigenação extracorpórea; g. Infecções intraútero por toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus, herpes (TORCH) ou Zika; h. Malformações craniofaciais; i. Microcefalia congênita; j. Hidrocefalia congênita ou adquirida; k. Anormalidades do osso temporal; l. Síndromes que cursam com surdez. 24META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA PERINATAIS OU TARDIOS a. Infecções que cursam com surdez como meningites e encefalites bacterianas ou virais (especialmente vírus herpes e varicela); b. Trauma craniano (especialmente base de crânio e temporal); c. Quimioterapia; d. Suspeita familiar de surdez, alteração de fala ou linguagem e atraso ou regressão do de- senvolvimento. Caso a criança apresente falha na triagem auditiva neonatal universal (TANU), recomenda-se que ela faça um novo teste (chamado de RETESTE), 15 dias após a alta hospitalar. Se a criança apresentar falha novamente ao exame, deve ser encaminhada para investigação. O resumo das condutas por etapas do TANU está no fluxograma a seguir. TANU EOA PEATE-A Reteste em 15 dias Avaliação ORL e Audiológica Perda auditiva confirmada Audição dentro da normalidade Orientação e monitoramento Início da intervenção RN SEM INDICADOR DE RISCO PARA DEFICIENTE AUDITIVA RN SEM INDICADOR DE RISCO PARA DEFICIENTE AUDITIVA 1 3 6 Fluxograma da TANU e suas etapas em saúde auditiva (Etapas 1-3-6 meses) COMITÊ MULTI- PROFISSIONAL EM SAÚDE AUDITIVA - COMUSA, 2020. 25META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Teste do Coraçãozinho O teste do coraçãozinho visa o diagnóstico precoce de cardiopatias congênitas críticas e consiste na aferição da saturação do oxigênio pela oximetria, sendo obrigatório em todos os recémnascidos saudáveis com idade gestacional > 34 semanas. O teste do coraçãozinho não seria o método ideal para o diagnóstico de cardiopatia congênita, e sim o ecocardiograma com mapeamento de fluxo em cores, seja fetal ou pós- natal. Porém, como a utilização do ecocardiograma como ferramenta de triagem é inviável, este somente é utilizada nos prematuros ou em neonatos com algum fator de risco ou sintomatologia sugestiva de cardiopatia. Sendo assim, para os demais, deve-se realizar o teste do coraçãozinho. A orientação é de que o testeseja realizado entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. É considerado um resultado normal quando a saturação periférica é maior ou igual a 95% em ambas as medidas (membro superior direito e um dos membros inferiores) e a diferença é menor do que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior. Caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95%, ou se houver uma diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior, uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora. Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas seguintes. Triagem neonatal de cardiopatia congênita crítica Oximetra de pulso Membro superior direito e em um dos membros inferiores ou uma diferença ≥ 3% entre as medidas e uma diferença < 3% entre as medidas Realizar outra oximetria em 1 hora Realizar ecocardiograma Não alta até esclarecimento diagnóstico Seguimento neonatal de rotina SpO2 < 95% SpO2 <95% SpO2 ≥ 95% SpO2 ≥95% FONTE: Sociedade Brasileira de Pediatria, 2011. ou uma diferença ≥ 3% entre as medidas e uma diferença < 3% entre as medidas 26META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Teste da Linguinha O teste da linguinha consiste na avaliação do frênulo lingual usualmente realizado por profissionais da área de fonoaudiologia, cujo objetivo é o diagnóstico e tratamento precoce de limitações dos movimentos da língua que possam interferir na função da mesma, como por exemplo, inicialmente, na amamentação e posteriormente na mastigação e na fala. Esta avaliação é obrigatória no Brasil desde 2014. No entanto, em 2019, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) pediu a revogação desta lei afirmando que não há necessidade da realização do teste, visto que “a avaliação clínica adequada em conjunto com a observação completa de uma mamada poderiam ser suficientes para o diagnóstico de anquiloglossia”. No entanto, o teste permanece obrigatório até o momento. Capítulo 8 Referencias bibliográficas Aloimunização Rh na Gestação. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obste- trícia, outubro de 2011. Disponível em: https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/aloimuni- zacao_rh_na_gestacao.pdf. Acesso em 12 set 2020. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condi- ções Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Diagnóstico precoce de cardiopatia congênita crítica: oximetria de pulso como ferramenta de triagem neonatal. Departamentos de Cardiologia e Neonatologia da SBP, 07 de novembro de 2011. Disponível em: http://www.sbp.com.br/pdfs/diagnostico-precoce-oximetria.pdf. Acesso em 09 set 2020. Documento Científico do Grupo de Trabalho em Oftalmologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria. Teste do reflexo vermelho. Nº 1, Setembro de 2018. Disponível em: https://www. sbp.com.br/fileadmin/user_upload/__20958d-DC_No1_set_2018-_Teste_do_reflexo_vermelho. pdf . Acesso em 09 set 2020. 27META DE ESTUDOS | NEONATOLOGIA Guia Prático de Atualização Departamento Científico de Aleitamento Materno: “Doenças ma- ternas infecciosas e amamentação”. Nº 2, Agosto de 2017, Disponível em: https://www.sbp.com. br/fileadmin/user_upload/Aleitamento_-_DoencMat_Infec_e_Amam.pdf. Acesso em 13 set 2020. NOTA TÉCNICA - COMITÊ MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE AUDITIVA – COMUSA (Comitê Mul- tiprofissional em Saúde Auditiva (COMUSA): Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Acade- miaBrasileira de Audiologia (ABA), Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Sociedade Brasileira de Otologia (SOB) e a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). Junho 2020. Disponível em https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_ upload/NOTA_COMUSA_2020.pdf . Acesso em 09 set 2020. O que é o teste da linguinha? Disponível em http://www.testedalinguinha.com/#/home . Acesso em 09 set 2020. Oliveira, Maria Beatriz Siqueira Campos de (org.) Conceitos básicos e aplicados em imunohe- matologia. / Organização de Maria Beatriz Siqueira Campos de Oliveira, Flávia Coelho Ribeiro e Alexandre Gomes Vizzoni. - Rio de Janeiro: EPSJV, 2013. Disponível em http://www.epsjv.fiocruz. br/upload/Material/L226.pdf. Acesso em 12 set 2020. Reanimação do Prematuro <34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Bra- sileira de Pediatria 26 de janeiro de 2016. Disponível em www.sbp.com.br/reanimacao. Acesso em 13 set 2020. Reanimação do Recém-nascido ≥ 34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria 26 de janeiro de 2016. Disponível em www.sbp.com.br/reanimacao. Acesso em 13 set 2020. Referência Bibliográfica: Documento Científico Departamento Científico de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Hipotireoidismo Congênito: Triagem Neonatal. Nº 5, novem- bro de 2018. Disponível em https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_21369cDC_Hipoti- reoidismo_Congenito.pdf. Acesso em 09 set 2020. Sociedade Brasileira de Pediatria. SBP solicita ao Ministério da Saúde revogação da lei que torna obrigatório o Teste da Linguinha em recém-nascidos, abril de 2019. Disponível em https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-solicita-ao-ministerio-da-saude-revogacao- -dalei-que-torna-obrigatorio-o-teste-da-linguinha-em-recem-nascidos/. Acesso em 09 set 2020. Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria /[organizadores Dennis Alexander Rabe- lo Burns... [et al.]]. 4ed. Barueri, SP: Manole, 2017. The challenges of neonatal sepse management. J Pediatr (Rio J). 2020; 96 (S1): 80 – 86. Disponível em https://jped.elsevier.es/pt-pdf-S2255553619301971. Acesso em 10 set 2020. EXPERIMENTE GRÁTIS! A Medcel aprova 2x mais Acesse a plataforma gratuitamente por 7 dias e conheça os benefícios dos cursos 2021. 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