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Fundamentos da Zootecnia

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FUNDAMENTOS 
DA ZOOTECNIA
SUMÁRIO
• Fundamentos da Zootecnia
Mensagem do Fundador04
06
Nutrição
Animal
Importância Social e Econômica da 
Zootecnia no Brasil e no Mundo
22
40
64
78
Equinocultura
Avicultura de Corte
Avicultura de Postura
SUMÁRIO
96
119
• Fundamentos da Zootecnia
Bovinocultura de
Corte
Suinocultura
Reprodução dos Animais
Domésticos
Escrituração Zooteécnica/Serviço de 
Registro Genealógico dos Animais
Bovinocultura de
Leite
Ovinocultura
Caprinocultura
144
164
189
211
236
4
• Fundamentos da Zootecnia
MENSAGEM DO
FUNDADOR
O CESCAGE é uma instituição que 
acredita no poder transformador da 
educação. É muito mais do que ensinar; é 
abrir caminho para melhorar a qualidade 
de vida das pessoas.
Chegamos até aqui graças ao 
trabalho e dedicação de centenas de 
pessoas que oferecem o seu melhor para 
que o acadêmico receba uma formação 
completa e comprometida com o futuro. 
Temos orgulho de possuir mais de 3 mil 
alunos formados ao longo de 20 anos de 
existência.
Temos um compromisso sério com a 
sociedade. Nossa razão de ser é contribuir 
para que todos sejam atingidos direta 
e indiretamente com nosso trabalho. 
É maravilhoso visualizar o acadêmico 
interagindo com a sociedade através das 
clinicas de odontologia ou fisioterapia; sem 
falar da preciosa ajuda que a sociedade 
tem à disposição através do Núcleo de 
Prática Jurídica, totalmente de graça para 
todos que precisarem de apoio jurídico.
O CESCAGE recebe há vários anos o 
Selo Social Ouro, um reconhecimento da 
Prefeitura Municipal de Ponta Grossa pelo 
trabalho em responsabilidade social. É um 
tesouro imenso que recebe a cidade, os 
funcionários, os alunos e toda a região dos 
Campos Gerais.
Você tem nas mãos agora um 
poderoso instrumento: este material de 
apoio produzido pelo Núcleo de Ensino a 
Distância do CESCAGE. Desejamos que você 
possa aproveita-lo da melhor maneira, 
pois trouxemos o que há de melhor nas 
inovações gráficas e visuais para que você 
seja o principal privilegiado.
Nós acreditamos em você.E temos 
a certeza de que você tem todas as 
condições para ser um grande profissional. 
Bons estudos!
Prof. Tit. Pós Ph.D. Dr José Sebastião 
Fagundes Cunha Desembargador do TJPR 
Fundador do GRUPO CESCAGE.
5
• Fundamentos da Zootecnia
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS
Coordenador Geral Pedagógico: Prof. Titular Pós-Ph.D. Desembargador J.S. Fagundes Cunha
Coordenadora Geral: Drª Érika Zanoni Fagundes Cunha 
Ponta Grossa, 2020
6
• Fundamentos da Zootecnia
MÓDULO 1
Objetivo Específico
Conscientização do papel da Zootecnia como uma atividade agropecuária primordial 
para expansão da pecuária no Brasil e no mundo, suprindo informações relevantes 
ao conhecimento atualizado do potencial dessa 
forma de criação, dos nichos não explorados, das 
tendências e de suas potencialidades. 
O que é 
Empreendedorismo?
Introdução ao
Geoprocessamento
Noções de Floricultura: Aspectos Econômicos 
e Sociais da Floricultura, Sistemas de Produção 
de Plantas Ornamentais e Principais Espécies de 
Plantas Ornamentais
Planejamento e
Exploração de Aves
Importância Social e Econômica da 
Zootecnia no Brasil e no Mundo
7
• Fundamentos da Zootecnia
Evolução da Zootecnia
Institucionalização da Zootecnia
1.1
1.2
A criação dos animais domésticos foi 
uma das primeiras realizações do homem 
primitivo, na idade da Pedra Polida, cerca de 
7.000 anos a.C. De acordo com os estudos 
de Heiser Júnior (1977) a agricultura 
teve suas origens no Oriente Médio, 
nas regiões montanhosas e semiáridas, 
onde instrumentos de trabalhos como 
foices de sílex e moinhos de pedras foram 
encontrados indicando que antes de 8.000 
anos a.C. o homem começou a colher grãos 
naturais e cerca de mil anos depois, já 
cultivava esses grãos e possuía animais 
domésticos. 
Segundo Dominguez (1982) uma 
das primeiras realizações do homem 
primitivo foi criar animais, concomitante 
ao cultivo dos vegetais, quando deixou 
de ser nômade (caçador e pescador) e se 
tornou sedentário, passando a ser pastor 
e agricultor, com a finalidade de satisfazer 
a nutrição e proteger-se contra o frio. O 
primeiro contato pacífico do homem com 
os animais foi criá-lo com intuito religioso 
o Totemismo (zoolatria). Por outro lado, 
com a indisponibilidade de alimentos 
espontâneos (frutos silvestres, caça e 
peixe) próximos às aldeias, o homem 
primitivo começou a criar os animais para 
utilizá-los como alimento. A Arte de Criar 
apareceu com as primeiras necessidades 
da humanidade. No seu evoluir, a criação do 
gado passou primeiro por uma fase empírica 
e depois entrou em uma fase científica, que 
atualmente se encontra, na fase técnica de 
caráter científico. 
O ensino formal da produção animal 
nasceu em 1848 na França, com a criação 
do Instituto Agronômico de Versailles, 
pelo Conde de Gasparin, de uma disciplina 
destinada ao estudo dos animais domésticos 
como um corpo independente de doutrinas 
denominada como Zootechnie, do grego: 
zoon = animal, e technê = arte, Zootecnia 
no português, desligando-se do ensino 
vigente da Agricultura geral. Os candidatos 
às disciplinas de professor de Zootecnia 
deviam expor numa tese, os planos de ensino 
da matéria que desejavam lecionar; desta 
forma em fins de 1849, um jovem naturalista 
chamado Émile Baudement, conquistou a 
aprovação unânime dos membros do júri, 
pelas suas ideias inovadoras, explicando 
em sua dissertação, que a Zootecnia é uma 
ciência que explica os acontecimentos para 
constatar os fatos: »Dire que la Zootechnie 
est une science c´est exprimer un voeu et 
un besoin plutôt que constater un fat», 
8
• Fundamentos da Zootecnia
isto é: o animal doméstico é uma máquina 
viva transformadora e valorizadora dos 
alimentos. Portanto, a Zootecnia deixou de 
ser somente uma prática que se aprendia 
como “lida” com o gado, para ser também 
uma arte ou ciência aplicada que se 
apreende observando e experimentando, 
conforme definiu Cornevin em 1881. A 
Zootecnia então entendida como ciência 
complexa deveria evoluir sendo ensinada 
nas universidades e centros de altos 
estudos, dispersado pelo mundo civilizado 
(FERREIRA et al., 2006). 
A expressão Zootecnia veio 
inicialmente a ser adotada somente pelos 
povos de origem latina e alemã, porquanto 
os ingleses (nos países de língua Inglesa o 
termo foi substituído pela nomenclatura 
Animal Science). Na linguagem científica 
do século XIX e na primeira metade do XX 
passou-se a empregar com mais intensidade 
o termo Zootecnia (BAILEY.1989) 
Assim surgidas formalmente na 
Europa como consequência ao impulso 
dado pela Revolução Industrial, as Ciências 
Agrárias, incluindo a Zootecnia, definiram 
rapidamente seu objeto de trabalho 
tanto como Ciências da órbita acadêmica 
quanto como profissões específicas. Com 
o surgimento das profissões agrárias, 
nomeadas de agricultura científica 
gerada pela agricultura prática, tentava-
se articular os desenvolvimentos regidos 
nas ciências básicas (química, biologia, 
botânica, zoologia e genética) à solução dos 
problemas práticos próprios das atividades 
agropecuárias. 
Alguns autores têm sugerido que a 
consolidação das Ciências Agrárias e de 
suas profissões associadas, além das novas 
práticas agrícolas que surgiram a partir de 
seu desenvolvimento, foi possível porque 
a sociedade europeia estava procurando 
mudanças nas técnicas agropecuárias. 
A Zootecnia se revelou na sua própria 
evolução de significado, que como Ciência 
dedicada ao estudo da criação dos animais, 
tendo em vista a sua produção de bens 
e serviços para a sociedade, incluindo a 
industrialização dos mesmos, atinge mais 
que àqueles animais circunscritos como 
domésticos, permeia os animais úteis ao 
homem, inscrevendo-se além dos animais 
de produção ou de interesse econômico aos 
de preservação ou conservação. É definida 
como Ciência que estuda e revela os 
acontecimentos dos animais sem limites em 
função do bemestar do homem que assumiu 
uma alta relevância no desenvolvimentoda área de conhecimentos nas regiões 
tropicais do planeta: a adaptação dos 
animais ao clima (FERREIRA et al., 2006). 
A Zootecnia no Brasil é definida de 
modo diferente quando comparada com 
o outro hemisfério, para os brasileiros a 
Zootecnia, ela não é apenas “a ciência da 
produção e da exploração das máquinas 
vivas”, como a definiu Sanson. A Zootecnia 
dos trópicos, e que pode – se enunciar nos 
seguintes termos: “É a ciência aplicada que 
estuda e aperfeiçoa os meios de promover 
a adaptação econômica do animal ao 
ambiente criatório, e deste aquele” 
Domingues em 1929. 
Em 1929 a Zootecnia foi definida como: 
“Ciência aplicada, que estuda e aperfeiçoa 
os meios de promover a adaptação 
econômica do animal ao ambiente criatório, 
9
• Fundamentos da Zootecnia
e deste ambiente ao animal”. Portanto, é a 
ciência que estuda e aperfeiçoa os animais 
domésticos e ou de interesse zootécnico 
em seus aspectos genéticos, nutricionais e 
de ambiente, visando o aprimoramento da 
produção de maneira racional. Profissão que 
está inserida nas atividades econômicas 
(Produção x produtividade, rentabilidade ao 
produtor) e sociais (geração de empregos, 
fixação do homem no campo, produção de 
alimentos) mais importante do país (SALAS 
et al., 2010). 
Objetivo da Zootecnia
Zootecnia Geral
1.3
1.4
Utiliza-se de princípios teóricos e 
práticos para criar e orientar a produção de 
animais domésticos e outras espécies de 
interesse econômico, desde a sua origem 
e domesticação, multiplicação até a sua 
exploração econômica. 
Utiliza-se de outras ciências para 
alcançar seu objetivo, tais como: Biologia 
para compreender o que se relaciona 
com a vida do animal; Nutrição Animal 
para o estudo da formulação de rações 
para a alimentação animal; Bioquímica 
para atender aos processos bioquímicos 
que ocorrem nos animais; Ecologia para 
o estudo do meio ambiente; Agronomia 
para o estudo do solo; Forragicultura para 
o estudo das pastagens a serem usadas na 
alimentação; Matemática para o registro 
e análise das provas de desempenho; 
Estatística para estudar, analisar e 
correlacionar o comportamento dos 
fenômenos da produção; Agro-Climatologia 
para o conhecimento dos elementos com os 
quais se possa estabelecer a seleção dos 
animais e do meio ambiente (SALAS et al., 
2010). 
Para fins didáticos, a Zootecnia é 
subdividida em Zootecnia Geral e Zootecnia 
Especial (FERREIRA et al., 2006). 
Estuda os animais domésticos como 
seres vivos que sofreram evolução e 
passaram por um processo de domesticação; 
e apresentam características próprias 
de natureza étnica e zootécnica, que se 
deixam influenciar, como todos os seres 
vivos, pelos diversos fatores ambientais 
(clima) e artificiais (regulados pelo 
homem: alimentação e ginástica funcional 
produtiva) e se reproduzem conforme as leis 
da hereditariedade e, sujeitos a sofrerem 
melhoramento genético ou racial. Estuda 
as normas comuns a todas as espécies de 
interesse zootécnico. 
10
• Fundamentos da Zootecnia
1.4.1 Zootecnia Especial 
São estudados processos e regimes 
de criação, variáveis com a finalidade da 
exploração e o destino dos produtos, com a 
qualidade dos animais a multiplicar, e com 
as potencialidades do ambiente criatório. 
É o estudo individualizado, tendo cada 
espécie uma técnica ou cultura própria. 
Assim, surge a Zootecnia de 
cada espécie doméstica, cada uma 
com sua denominação particular: 
Bovinocultura, Bubalinocultura, Ovinocultura, 
Caprinocultura, Equideocultura, Suinocultura, 
Cunicultura, Avicultura, Estrutiocultura, 
Coturnicultura, Apicultura, Sericicultura, 
Piscicultura, Canicultura, Felinocultura 
ou mesmo, daquelas que, embora não 
ainda consideradas domésticas, sejam 
exploradas racionalmente, como por 
exemplo, a Ranicultura, ou criação de rãs; 
a Carcinicultura ou criação de crustáceos; 
a Minhocultura, ou criação de minhocas 
(SALAS et al., 2010).
Importância da Zootecnia
1.5
A Zootecnia como ciência investiga, por 
meio da observação e da experimentação, 
os fenômenos biológicos aos quais 
estão sujeitos os animais domésticos, 
em determinado ambiente natural ou 
artificial. Entretanto, não se trata de 
uma ciência pura, sendo dependente 
de outras ciências para desenvolver-se. 
Portanto, além do conhecimento individual, 
proporcionado pela Anatomia e Fisiologia 
Animal, a Zootecnia se fundamenta em 
ciências auxiliares quando da adaptação, 
alimentação, melhoramento e sanidade 
animal, gerenciamento da produção e 
tecnologia de alimentos, destacando-se na 
Adaptação (Climatologia - Zooclimatologia 
e Bioclimatologia), Etologia; Alimentação: 
Nutrição (Bromatologia), Forragicultura, 
Botânica, Bioquímica, Química e Edafologia; 
Melhoramento Genético Animal: Genética, 
Estatística, Bioestatística, Matemática 
e Informática; Sanidade: Medicina 
Veterinária; Gerenciamento da Produção: 
Economia e Administração; Tecnologia 
de Alimentos: Engenharia de Alimentos 
(SALAS et al., 2010). 
11
• Fundamentos da Zootecnia
Relação da Zootecnia com 
outras Ciências
1.6
Para o perfeito exercício das atividades 
na área de Zootecnia, exige-se identidade 
profissional, determinada pelo Núcleo 
de Conteúdos Profissionais Essenciais, 
integrando as subáreas de conhecimento 
que identificam atribuições, deveres e 
responsabilidades, segundo Fonseca 
(2001), assim constituído: Anatomia 
Descritiva dos Animais Domésticos; 
Agronomia; Bioclimatologia Zootécnica; 
Bioquímica; Biotecnologia Animal; 
Bromatologia; Comunicação e Extensão 
Rural; Construções Rurais; Economia e 
Administração Agrária; Ética e Legislação; 
Ezoognósia e Julgamento Animal; Fisiologia 
Animal; Pastagens e Forragicultura; 
Genética e Melhoramento Animal; 
Gestão de Recursos Ambientais; Gestão 
Empresarial e Marketing; Industrialização 
de Produtos de Origem Animal; Instalações 
e Equipamentos Zootécnicos; Matemática; 
Mecânica e Máquinas Agrícolas; 
Meteorologia e Climatologia Agrícola; 
Microbiologia Zootécnica; Nutrição, 
Alimentação e Formulação de Rações; 
Política e Desenvolvimento Agrário; 
Produção Animal; Profilaxia e Higiene 
Zootécnica; Reprodução Animal; Sociologia 
Rural; Solos e Nutrição de Plantas; Técnicas 
e Análises Experimentais (SALAS et al., 
2010). 
 
 
Fonte:http://zootecnistaz.blogspot.com.br/2012/05/voce-sabe-o-significado-do-simbolo-da.html 
 O êxito da Zootecnia é o resultado do 
processo de domesticação dos animais 
que acompanham os homens desde os 
primórdios de sua civilização. 
http://zootecnistaz.blogspot.com.br/2012/05/voce-sabe-o-significado-do-simbolo-da.html
12
• Fundamentos da Zootecnia
O Processo de Domesticação no 
Comportamento dos Animais de 
Produção
1.7
A domesticação é uma das maiores 
realizações da humanidade (Murphey 
e Ruiz-Miranda, 1998). No contexto 
histórico da domesticação, as reações 
emocionais dos animais em relação ao 
homem, como a tendência de fuga ou da 
agressão, provavelmente desempenharam 
importante papel na definição da espécie 
escolhida para ser domesticada. 
Diversas definições para domesticação 
podem ser encontradas na literatura dede 
1868 sugerido por Darwin a 2002 sugerido 
por Gillespie. Mas há um consenso que a 
domesticação é um processo que inclui 
contínua associação entre o homem e os 
animais (Haber e Dayan, 2004). Assim, 
observa-se uma dificuldade em formular 
uma definição para domesticação pelos 
muitos fatores que contribuem para esse 
processo, podendo ser significativo em 
termos evolutivo e biológico. 
De acordo com Bertoli (2008) a 
domesticação é o ato de tornar domésticos 
os animais selvagens. A expressão 
“doméstico” vem do latim Domus = Casa, 
domésticos, são os animais que convivem 
com o homem, na sua casa ou dependência, 
estabelecendo com ele uma simbiose 
permanente através das gerações. O homem 
proporciona a estes animais cuidados e 
alimentação e, em troca, recebe utilidades. 
Uma espécie é doméstica quando o homem 
conhece profundamente a sua biologia e 
sobre ela tem domínio, a ponto de poder 
reproduzi-la e/oumanipulá-la comercial ou 
cientificamente. 
É comum confundir-se animal 
doméstico com animal amansado, como é 
o caso de papagaios, macacos, cotia, entre 
outros. Porém estes não podem ser incluídos 
no grupo dos bois, cavalos, carneiros, 
cabras, cães, gatos, que são espécies 
verdadeiramente domésticas. O animal 
amansado é um indivíduo, e o doméstico 
é uma espécie inteira ou um grande grupo 
representativo. O animal amansado é um 
indivíduo que perdeu sua agressividade 
frente ao homem, ou por domínio da força 
ou por reconhecimento da falta de perigo 
que este passa a representar. 
O amestramento também não pode 
ser confundido com a domesticação uma 
vez que se resume a ensinar (amestrar – 
obedecer ao mestre) alguma ação a um 
animal, seja este doméstico ou selvagem, 
amansado ou bravio (BERTOLI, 2008). 
A domesticação foi uma consequência 
da própria criação dos animais, realizada 
pelo homem primitivo para satisfazer suas 
necessidades, entre elas, de companhia, 
de alimentação, de agasalho e religiosa, 
estando de acordo com Wilfordd (1958 
13
• Fundamentos da Zootecnia
apud Bertoli, 2008) que afirmou que a 
domesticidade está estreitamente ligada 
ao misticismo, com sacrifício de animais, 
como oferenda aos deuses, fornecendo 
carne para os banquetes cerimoniais. 
O homem primitivo, agindo mais por 
instinto do que por experiência (resultado 
do desenvolvimento da inteligência), 
estava mais próximo dos animais e lhe 
foi fácil conviver com eles, amansá-los, 
introduzindo-os na domesticidade. Este 
processo foi longo e atravessou gerações 
até estar concluído. 
O primeiro animal a ser domesticado 
pelo homem foi o cão, no período neolítico, 
na idade da pedra polida, na região da 
Dinamarca. O cão se aproximou do homem 
em busca dos restos de comida e foi utilizado 
pelos nossos ancestrais primeiramente 
como alimento. Posteriormente o homem 
percebeu que o cão era um bom caçador, 
passando a aprender técnicas de caça com 
ele. Na sequência foi utilizado como pastor 
e também como companhia. Atualmente, 
além destas funções o cão é utilizado 
como instrumento de defesa. Logo após, 
as cabras/bodes foram domesticados na 
Ásia, devido principalmente à produção de 
leite que serviria como alimento. Vieram 
então a ovelha/carneiro (Ásia e Europa), 
os bovinos (europeus – Europa, zebuínos 
– Ásia) e o búfalo (Ásia). Este último ainda 
não é considerado doméstico, mas semi-
doméstico, já que retorna facilmente ao 
estado selvagem quando restituído ao 
seu habitat original. Ainda no período 
neolítico (idade da pedra polida – 12 a 4 mil 
anos a.C.) o suíno foi domesticado na Ásia 
e Europa em busca de carne e banha e o 
burro domesticado no noroeste da África 
(BRUFORD et al., 2003). 
Mais tarde, já na idade do bronze os 
homens da Ásia e da Europa domesticaram 
o cavalo e no Tibet e Etiópia se tem indícios 
da domesticação do jumento. Não se tem 
muita informação sobre a domesticação 
americana do cavalo. O coelho foi 
domesticado bem mais recentemente, na 
península Ibérica pouco antes do início da 
Idade Média. Depois disso vieram a galinha, 
o marreco, o pato, o peru e a carpa (BERTOLI, 
2008). 
Fases da Domesticação
1.8
Para atingir o estado de domesticação 
a espécie animal deve passar por três fases: 
1ª - Prisão ou cativeiro - Na qual é 
tirada a liberdade do animal. Onde o homem 
mantém o animal preso, porém dele não 
obtém lucro ou serviço. É o caso dos 
mamíferos dos parques e jardins zoológicos, 
viveiros, gaiolas. 
2ª - Mansidão - Na qual o animal se 
sujeita ao homem. É a fase de convivência 
pacífica entre homens e animais, onde os 
animais já prestam serviços inestimáveis 
ao homem, embora não sendo domésticos. 
É o caso dos elefantes na Índia e na África, 
em estado bem próximo à domesticação, 
porém sua biologia não permite a transição 
para o próximo estágio. 
14
• Fundamentos da Zootecnia
3ª - Domesticidade - Na qual a 
espécie (não mais o indivíduo) se submete 
ao homem. É o estado de simbiose no 
qual se acham os animais domésticos e o 
homem. Domesticação é ao ato de tornar 
domésticos os animais selvagens. Neste 
estado os animais vivem voluntariamente 
presos ou quase são naturalmente mansos 
e presta serviços, de tal forma que, sem 
eles seria difícil a vida do homem civilizado 
Segundo Wilkens (1888 apud Salas et 
al., 2010) pode-se distinguir duas fases de 
domesticação 
- Fase Primária - chamada de remota 
que ocorreu na Pré-história. 
- Fase Secundária - recente já em 
plena civilização e diz respeito às 
espécies de menor importância. Ex: 
Abelha, pato, galinha, avestruz, faisão 
e coelho. Estes animais são chamados 
semi-domésticos. 
O Estado de Semi-Domesticidade é 
o estado transitório de certas espécies 
que, pelo seu comportamento, não podem 
ser considerados completamente como 
domésticos. É o caso do búfalo e rena, que 
voltam ao estado selvagem com relativa 
facilidade. Alguns estudiosos consideram 
duvidosa a domesticação de alguns animais 
como os peixes, ostras, abelhas e até o 
bicho da seda. 
A domesticidade é uma qualidade 
hereditária, inata a certas espécies e 
resultante de atributos, inerentes à 
espécie, que são: 1-Sociabilidade: viver em 
grupos 2-Mansidão: ausência do instinto 
selvagem hereditariedade 3-Fecundidade 
em Cativeiro: perpetuação da espécie em 
cativeiro 4-Função. 
Especializada: como carne, leite ou 
lã 5-Facilidade de adaptação Ambiental: 
mudanças de ambientes, que são comuns 
durante a domesticação. 
Sem satisfazer as condições acima, o 
animal não pode ser domesticado, como 
acontece com o elefante, que é sociável, 
de índole mansa, mas não se reproduz 
facilmente em cativeiro. O número de 
espécies domésticas é, limitado, havendo 
para cada 1000 selvagens, entre mamíferos 
e aves, apenas uma doméstica. No entanto, 
tentativas para aquisição de novas espécies 
domésticas continuam a ser feitas, como 
com no bisão americano, antílopes, veados, 
raposas, roedores, aves e peixes. 
Existem pelo menos duas hipóteses 
para explicar o modo como os animais foram 
domesticados pelo homem ao longo de sua 
história. Uns dizem que foi à força, enquanto 
outros creem que a domesticação se deu 
por meios pacíficos. A primeira hipótese 
se baseia em representações antigas, 
mostrando as várias fases do amansamento 
dos animais, e nas dificuldades que se 
encontram ainda hoje no adestramento de 
algumas espécies, como o cavalo (BERTOLI, 
2008). 
A segunda afirma que os animais 
domésticos eram naturalmente mansos, 
pois não tinham o homem como seu 
predador, sendo o homem o culpado pelo 
medo que hoje eles demonstram, por terem 
sido perseguidos e maltratados. Os animais 
herbívoros e mesmo o lobo (ancestral 
do cão), nas ocasiões de intempéries 
e escassez, teriam procurado abrigo e 
restos de comida junto aos homens, que 
os retiveram, a princípio por curiosidade 
15
• Fundamentos da Zootecnia
ou diversão e, descobrindo neles certas 
utilidades, teriam aprisionando-os, 
multiplicando-os em cativeiro. 
O mais provável é que ambas as teorias 
estejam corretas, onde em certos casos os 
animais se deixaram amansar facilmente 
e em outros tenha havido a necessidade 
do emprego da força. Ao longo do tempo 
algumas espécies sofreram profundas 
modificações morfológicas, fisiológicas e 
psicológicas, ao passo que em outras essas 
transformações foram pequenas. As causas 
das modificações foram, provavelmente, 
a mudança do meio e do regime, através 
da seleção natural e a seleção artificial 
exercida pelo homem (SALAS et al., 2010). 
Fatores que Influenciaram na 
Domesticação
1.9
Segundo Fox (1968) os principais 
fatores que influenciaram diretamente no 
comportamento e nos mecanismos inatos 
do processo de domesticação foram: 1 
Trocar o ambiente natural por um artificial 
ou similar ao natural, 2 Seleção genética: a – 
docilidade e manejo influenciam na escolha 
da espécie que poderá ser domesticada. As 
bases do temperamento e comportamento 
são herdadas e controladas por genes; b- 
seleção por adaptabilidadee/ou adaptação 
a diferentes ambientes domésticos, 
diferenças regionais, climáticas e 
nutricionais; c - seleção para aumentar 
as características econômicas desejáveis 
– alta fertilidade, rápido crescimento, 
eficiência em conversão alimentar e alta 
produção de leite; d seleção para prolongar 
o estado infantil; e- redução seletiva 
das características selvagens através de 
seleção dos neonatos; e f - cruzamento 
seletivo entre as raças mais produtivas e as 
raças mais adaptadas. 
Segundo Price (1984 e 1999) os 
mecanismos seletivos atuantes nesse 
processo de domesticação seriam: 1 a 
seleção artificial exercida intencionalmente 
ou não pelo domesticador (exemplo: a 
escolha para reprodução dos animais 
mais dóceis); 2 a diminuição da pressão 
seletiva que atua no ambiente natural 
(ainda que diminuída, esta pressão pode 
atuar em determinados comportamentos, 
como o comportamento reprodutivo); 3 os 
endocruzamentos e a restrição de trocas 
gênicas entre populações que favorecem 
uma ou poucas características, diminuindo 
a variabilidade gênica da população. 
Os efeitos da domesticação têm sido 
avaliados através de comparação em estudos 
transversais e longitudinais de espécies 
domesticadas e selvagens em condições 
padronizadas. As diferenças encontradas 
podem ser de caráter: 1 morfológico, como 
as mudanças no tamanho do corpo e no 
padrão de crescimento e internamente na 
16
• Fundamentos da Zootecnia
diminuição do intestino (Diamond, 2002; 
Haber e Dayan, 2004) 2 comportamental, 
como a sensação de medo reduzida e a 
sociabilidade aumentada (Price, 1999) e 3 
fisiológica, como as respostas endócrinas 
no ciclo reprodutivo e maturidade sexual 
precoce (SETCHELL, 1992; JENSEN, 2006). 
Em relação à morfologia, com o 
relaxamento da seleção natural e dos 
predadores na maioria das espécies 
domésticas, a cabeça e o tamanho do 
cérebro diminuíram e os órgãos do sentido 
ficaram menos aguçados do que nos 
animais selvagens. Cérebro desenvolvido 
e olhos com visão aguçada são essenciais à 
sobrevivência dos animais selvagens, mas 
para os animais domésticos representa 
um desperdício importante de energia 
(Diamond, 2002). Foram observados em 
bovinos uma redução contínua no tamanho 
do corpo, embora sem mudança na forma 
(HABER E DAYAN, 2004). 
Nos aspectos fisiológicos em relação 
ao processo de domesticação, Setchell, 
(1992) relatou mudanças nas respostas 
endócrinas e no ciclo estral dos animais de 
produção como bovinos, ovinos e suínos. 
Com respeito ao comportamento, 
pode ser discutido que a domesticação 
resultou principalmente dentro do 
aspecto quantitativo em lugar de 
mudanças qualitativas. Características 
do comportamento não aparecem e 
desaparecem, mas sim, as mudanças das 
expressões dos limiares (PRICE, 1999). 
Comportamento Reprodutivo na 
Domesticação
1.10
Em muitos aspectos, os 
animais domésticos diferem do seu 
comportamento dos animais selvagens. 
Alguns pesquisadores após trabalhar 
com animais selvagens observaram que 
os animais domésticos apresentaram 
uma degeneração, ou seja, perderam os 
rituais do comportamento sexual dos 
animais selvagens e ficaram mais juvenis 
(BEILHARZ, 1985). 
Os padrões comportamentais estão 
associados à corte e à cópula, ao nascimento, 
ao cuidado materno e às tentativas de 
amamentação do filhote recémnascido. 
Estes padrões de comportamento têm 
sido abandonados pela domesticação e 
restringidos ou modificados pelas condições 
impostas de acordo com as necessidades do 
manejo zootécnico. Tais manejos incluem 
o confinamento em piquetes, currais ou 
baias; a segregação sexual; as coberturas 
controladas; os partos por cesariana; a 
desmama forçada; a proximidade imposta 
com outros indivíduos; e a inevitável 
presença de humanos, cães e maquinaria 
ou equipamentos (HAFEZ e HAFEZ, 2004). 
O fato é que os animais 
domésticos mudaram rapidamente o 
17
• Fundamentos da Zootecnia
seu comportamento em curto tempo 
evolutivo. Beilharz (1985) relatou que o 
comportamento inato é capaz de mudar 
através das gerações e sofrer modificações 
ambientais. 
Esta mudança de comportamento dos 
animais domésticos é devido à crescente 
escolha dos reprodutores que é praticada 
de acordo com o manejo das propriedades, 
com isso não permitindo que os animais 
escolham o seu parceiro sexual e possam 
ter um namoro mais prolongado (BEILHARZ, 
1985). 
Os animais domésticos são 
mais precoces do que os selvagens 
(MignonGrasteau et al., 2005). Assim, 
os animais domésticos respondem 
espontaneamente à necessidade de se 
acasalar rapidamente com o companheiro 
escolhido pelo homem e frequentemente 
reproduzem em uma estação favorável de 
produção de alimentos (Beilharz, 1985). 
Na família Bovidae, um dos fatores que 
determinou a domesticação foi o fato deles 
serem poligâmicos. A poligamia foi uma 
característica favorável à domesticação 
por causa de poucos machos poderem 
emprenhar muitas fêmeas (MURPHEY e 
RUIZ-MIRANDA, 1998; HAFEZ e HAFEZ, 
2004). 
Em relação ao comportamento 
sexual das búfalas não foram observadas 
diferenças no comportamento das búfalas 
selvagens e das domesticadas (BARUSELLI, 
1992; TULLOCH, 1992). 
De acordo com Setchell (1992) 
os animais selvagens apresentam 
uma atividade reprodutiva estacional, 
condicionada pela necessidade de coincidir 
o parto e a desmama com uma estação 
climática que satisfaça as exigências de 
temperatura e alimento da prole. Esta 
característica se perde durante o processo 
de domesticação, mas ainda se encontra 
presente em algumas espécies (Bastianetto 
et al., 2005). As ovelhas domésticas são 
menos sazonais que as ovelhas selvagens, 
mas a maioria das raças domésticas ainda 
retém um padrão sazonal significativo 
(Setchell, 1992). Por outro lado, os búfalos 
apresentam estacionalidade reprodutiva 
mesmo quando estão em locais com boa 
disponibilidade de alimento durante todo 
o ano. A manifestação da estacionalidade 
reprodutiva nos búfalos é influenciada pelo 
aumento da distância da linha do Equador 
(ZICARELLI, 1997). 
Em bovinos, não há nenhum efeito 
sazonal nos animais domesticados, mas 
sabe-se que os selvagens eram sazonais. 
Na Europa, porcos selvagens têm um 
padrão sazonal de reprodução, em contraste 
à maioria dos porcos domésticados 
(SETCHELL, 1992). 
O comportamento reprodutivo é o que 
mais evidencia as mudanças ocorridas no 
processo de domesticação dos animais em 
relação aos seus antepassados selvagens. 
Essas mudanças podem ser explicadas 
pelas diversas biotécnicas reprodutivas 
que estão sendo utilizadas em animais de 
produção. 
18
• Fundamentos da Zootecnia
Comportamento Materno na 
Domesticação
1.11
Em animais selvagens o 
comportamento materno é essencial à 
sobrevivência dos filhotes e nos animais 
domesticados este comportamento não é 
tão essencial. Isto pode ser devido a que 
algumas práticas-padrão interferem nas 
ligações maternas entre fêmeas e filhotes 
como, por exemplo, a separação precoce do 
recém-nascido de sua mãe, como ocorre em 
gado leiteiro ou na produção de leitões, que 
induz à modificação do comportamento dos 
animais jovens (Mignon-Grasteau et al., 
2005). De acordo com os mesmos autores, 
na maioria das espécies de bovídeos 
selvagens as fêmeas parturientes deixam 
o rebanho e se isolam durante a parição 
e o período pós-natal imediato. A maior 
parte dos procedimentos de manejo após a 
domesticação impede a realização desses 
comportamentos e com isso aumenta 
as chances de interferência de outros 
membros do rebanho. 
Em ovelhas a domesticação diminuiu: 
a- o isolamento dos animais durante a 
parição; b- as lambidas imediatas nos 
cordeiros recém-nascidos; c- defesa dos 
cordeiros dos predadores; e d- teor de 
lipídio mais no colostro do que nas ovelhas 
selvagens segundo Dwyer e Lawrence 
(2005). Por outra lado, Dwyer et al., 
(1998) relataram que as ovelhas de uma 
linhagem pouco selecionada vocalizam 
mais em resposta ao afastamento de seus 
filhotes do que as ovelhas de uma linhagem 
altamente selecionada.Entretanto, os 
cordeiros de linhagem mais selecionada 
apresentaram maior taxa de vocalização 
em resposta à separação de suas mães 
do que os cordeiros de linhagens menos 
selecionadas. Outro padrão diferencial é 
que os cordeiros domesticados são mais 
lentos em ficar de pé e dar a primeira 
mamada e de reconhecer a mãe do que os 
selvagens (DWYER E LAWRENCE, 2005). 
O processo de domesticação dos suínos 
foi baseado na seleção pelo crescimento 
rápido, pela qualidade e quantidade de 
carne, pelo número de leitões desmamados 
por ano, mas teve pouca influência em 
relação à habilidade materna. Gustafsson 
et al., (1999) estudaram o comportamento 
materno das porcas, avaliaram a construção 
de ninho comparando porcas domésticas 
e selvagens, estes autores não encontram 
diferença entre a frequência ou padrão 
do comportamento na construção do 
ninho entre os animais selvagens e 
os domesticados. Contudo, as porcas 
domésticas permitiram que os leitões 
massageassem o úbere durante um tempo 
mais longo depois da expulsão do leite do 
que as porcas selvagens. 
Gustafsson et al., (1999) e 
Spinka et al., (2000) concluíram que 
19
• Fundamentos da Zootecnia
existem semelhanças significativas no 
comportamento materno das porcas 
selvagens e das porcas domésticas. Essas 
semelhanças poderiam indicar que as 
porcas selvagens se adaptaram à proteção 
humana e que a habilidade materna em 
porcas não foi modificada substancialmente 
pela domesticação. 
Comportamento Alimentar na 
Domesticação
Comportamento Social na 
Domesticação
1.12
1.13
Na natureza, os animais gastam grande 
parte do seu tempo e energia procurando 
comida e água. Assim, o comportamento 
alimentar apresenta um alto custo 
energético, induzindo estratégias que são 
otimizadas nas condições selvagens na 
busca por alimento. 
Nos animais domésticos estes custos 
foram reduzidos (Gustafsson et al., 1999; 
Andersen et al., 2006). A maioria dos 
animais em cativeiro é dependente do 
homem para providenciar a sua dieta 
apropriada, que é frequentemente 
uniforme e sazonal. Em cativeiro, a comida 
e a água são providas frequentemente em 
um único local e em suficientes quantidades 
de forma que o tempo e energia gastos para 
alimentar o animal, são aparentemente 
reduzidos, quando comparados ao dos 
animais selvagens (MIGNON-GRASTEAU et 
al., 2005). 
Gustafsson et al., (1999) estudaram 
porcos híbridos de animais selvagens 
(Holland Landracc x Wild boar) e porcos 
domésticos (Sus scrofa), identificando que 
os porcos híbridos tenderam a usar uma 
estratégia de procura de alimento mais 
exigente quando comparado com os porcos 
domésticos. Portanto, os porcos selvagens 
gastaram mais energia quando comparados 
aos porcos domésticos. 
A maioria das espécies domesticadas 
é constituída de animais naturalmente 
sociais que vivem em grupos numerosos, 
altamente organizados com uma hierarquia 
social estável. Pode-se observar essa 
hierarquia nas cabras (Barroso et al., 2000) 
nos búfalos (Tulloch, 1992) e nos bovinos 
(LAZO, 1994) 
As cabras selvagens possuem uma 
complexa e forte hierarquia linear e vivem 
em grupos sociais grandes (BARROSO et al., 
2000). 
Os búfalos africanos, (Syncerus 
caffer) (Sinclair, 1977 apud Lazo 1994) 
apresentaram grupos sociais altamente 
estáveis, aumentando provavelmente 
20
• Fundamentos da Zootecnia
os benefícios entre os indivíduos como 
à eficiência alimentar e nos processos 
biológicos como a reprodução. 
Nos bovinos há uma organização 
hierárquica, observando-se que os jovens 
machos são menos aderentes aos grupos 
femininos e as fêmeas permanecem mais 
perto das mães, concluindo uma relação 
matriarcal com afinidades específicas entre 
as fêmeas (Lazo, 1994). Para os animais 
domésticos, a estrutura do grupo social 
frequentemente inclui animais do mesmo 
sexo ou idade. 
A característica de organização 
dos animais em grupos sociais foi um 
atributo que favoreceu a domesticação, 
entretanto, resultou na interferência das 
relações sociais com o homem que controla 
a reprodução e a produção (MIGNON-
GRASTEAU et al., 2005). 
Os resultados destas interferências 
podem ser relatados no processo de 
seleção para aumentar crescimento de 
animais afetando comportamento social. 
Esse processo de seleção pode aumentar 
ou diminuir a agressão (BRANNAS et. al., 
2005). 
Em ovelhas e cabras domésticas, 
observou-se uma diminuição da resposta 
ao predador (ex. a distância de fuga mais 
curta, tempo de reação mais lenta) do que 
as ovelhas e as cabras selvagens (HANSEN 
et al., 2001; HEMMER, 1990). 
As causas destas modificações 
ainda não são totalmente conhecidas. 
Acredita-se que sejam de natureza 
endógena (mudanças na parte germinal 
ou hereditária dos animais - por seleção 
natural, mutação gênica ou cromossômica 
ou ainda recombinação) - cruzamentos 
das espécies e raças as causas diretas 
destas transformações. O meio ambiente 
e a seleção artificial realizada pelo homem 
seriam as causas indiretas. 
De todas as modificações sofridas 
pelos animais domésticos, as mais 
importantes são aquelas relacionadas 
com as funções de produção. Assim a 
precocidade e a velocidade de ganho de 
peso nos animais para corte; a aptidão 
leiteira altamente desenvolvida na vaca 
e na cabra; a postura elevada na galinha e 
na marreca; a prolificidade na porca e na 
coelha; a velocidade no cavalo de corrida; 
a força tratora no cavalo de tiro, no boi de 
canga e no burro; foram aptidões altamente 
especializadas com a domesticação, 
atingindo, às vezes, um ponto dificilmente 
ultrapassável. Estas aptidões, das quais 
resultam utilidade ou serviço para o homem, 
são chamadas funções econômicas. 
Com a domesticação, algumas forças 
existentes nas populações selvagens 
passaram a atuar mais intensamente. 
Tais forças ou mecanismos são: a 
consanguinidade, o cruzamento e a seleção. 
Além desses mecanismos, a 
interferência do homem sobre o ambiente 
criatório e/ou o transporte dos animais 
domésticos para outros ambientes provocou 
diferenças nos caracteres morfológicos e 
fisiológicos dos animais na medida em que 
os afastou de seu habitat de origem (SALAS 
et al., 2010). 
21
• Fundamentos da Zootecnia
Considerações Finais
1.14
A Zootecnia é uma fonte inesgotável 
de riqueza para o Brasil e para todo o mundo, 
por proporcionar qualidade de vida para 
as pessoas através da oferta de produtos 
comestíveis de alta qualidade, oriundos 
dos animais domésticos criados de forma 
racional, disponibilizando em suas mesas, 
alimentos ricos em proteínas, vitaminas, 
minerais, e outros nutrientes nobres. 
22
• Fundamentos da Zootecnia
Empreendedor,Empresário, 
Administrador, 
Empreendimento e Empresa
MÓDULO 2
Objetivo Específico
Compreender a importância sobre a nutrição animal e suas particularidades para 
que se possa ter maior entendimento na exploração racional das espécies animal 
de interesse econômico, através do conhecimento 
e adoção de estratégias de manejo para alcançar 
maior eficiência alimentar e econômica otimizando 
a produtividade. 
Softwere para o
Geoprocessamento
Noções de Floricultura: Ambiente 
Protegido, Formas de Propagação e 
Adubação das Plantas Ornamenitais
Produção de
Bezerras
Nutrição
Animal
23
• Fundamentos da Zootecnia
Histórico da Nutrição
2.1
Nestes últimos anos, a eficiência da 
produção dos rebanhos foi aumentada, 
devido às novas descobertas realizadas no 
campo da alimentação e da nutrição dos 
animais. 
A nutrição teve seu início com 
fundamentos de instintos, hábitos, 
experiências, conjecturas e folclores. 
Define-se como instinto os atributos 
congênitos, que não são hábitos e que 
levam o animal a atuar de uma forma 
determinada, sem prévia experiência. A 
fome é um instinto que nasce com o animal 
e permite a ele distinguir o comestível do 
não comestível. A nutrição vai ensiná-lo a 
separar o que deve e pode usar. 
Para atender às necessidades 
alimentares do homem, houve necessidade 
de domesticar e criar os animais. Esse fator 
aliadoà produtividade levou os criadores, 
a otimizar a criação, fazendo com que as 
exigências nutritivas fossem revisadas 
pelos pesquisadores e, a partir daí a 
nutrição deixou de ser apenas uma arte 
para se transformar numa ciência (MACIEL, 
2009). 
Começou com os químicos estudando 
a composição dos alimentos, os quais 
eram formados de entidades químicas com 
características nutritivas, denominadas 
nutrientes. Os alimentos não são 
completos em nutrientes e na sua maioria 
não estão balanceados. O que conduziu a 
necessidade de misturá-los para balancear 
adequadamente os nutrientes. Em seguida, 
os fisiologistas começaram a se interessar 
pelo conhecimento de como funciona a 
máquina biológica. O desenvolvimento 
dessa área de conhecimento permitiu 
estabelecer às necessidades do organismo 
em nutrientes. 
Funções como digestão, trabalho 
muscular, reprodução e lactação passaram 
a ser bem interpretadas, levando ao 
estabelecimento de relações como dieta-
saúde e dieta-produção animal. 
Foi observado que as reações são 
catalizadas por enzimas e o seu controle 
é endócrino, o que trouxe apoio para os 
enzimologistas e endocrinologistas. Os 
estudos para estabelecer a digestão dos 
carnívoros e herbívoros mostraram que 
a fibra é digerida pelos microrganismos, 
tornando importante o papel do 
bacteriologista. Animais de uma mesma 
categoria, recebendo um dado alimento, 
apresentavam respostas diferentes na 
produção, o que foi explicado mais tarde 
pelos geneticistas. Ao mesmo tempo, 
surgiram dúvidas quanto à interpretação 
e à quantificação das diferenças no 
desempenho de animais semelhantes 
que recebem a mesma dieta, que foram 
explicadas pelos estatísticos com o uso da 
matemática (MACIEL, 2009). 
A nutrição como ciência se baseia em 
várias disciplinas e qualquer técnico que 
tiver bom conhecimento de uma delas, 
aliado ao conhecimento geral das outras, 
poderá ser um bom nutricionista. Observe-
se que o interesse do nutricionista não é 
nos alimentos e sim nos nutrientes que 
constituem o mesmo. 
24
• Fundamentos da Zootecnia
Evolução do Uso de Alimentos e 
Nutrientes
Medidas do Valor Nutritivo dos 
Alimentos
2.2
2.3
A nutrição constitui a área mais 
importante da produção animal e o 
principal responsável pelo sucesso da 
exploração. Atualmente, as pesquisas são 
dirigidas para determinar requerimentos 
nutricionais em níveis mais econômicos e 
procurar alimentos alternativos, de forma 
a alimentar os animais e produzir a custos 
economicamente viáveis. 
Embora a nutrição animal seja 
considerada uma das ciências mais 
desenvolvidas no campo da Zootecnia, 
ainda existem fatores de produção para 
serem pesquisados. Segundo Scott et 
al., (2001), muitos nutrientes requeridos 
pelos frangos de corte já foram isolados e 
identificados, mas ainda existem fatores 
de crescimento não identificados. Segundo 
eles, os solúveis secos de destilarias, o soro 
em pó de leite, a levedura seca de cerveja 
e certos alimentos naturais têm sido 
mencionados como boas fontes de fatores 
de crescimento não identificados (MACIEL, 
2009). 
A análise dos alimentos é um dos 
principais pontos a serem observados 
na nutrição animal. O objetivo principal 
é conhecer a composição química, além 
de verificar a identidade e pureza, sejam 
elas de natureza orgânica ou inorgânica. 
Permite ainda o conhecimento das 
propriedades gerais (aspecto, aroma, 
sabor, alterações, estrutura microscópica) 
e, a determinação do teor das substâncias 
nutritivas, por intermédio das análises 
aproximativas. Além disso, o conhecimento 
da digestibilidade, (parte do alimento que 
está disponível para o animal) é de suma 
importância. 
O valor nutritivo de um alimento não 
é uma característica imutável, depende 
da composição da ração, isto é, dos outros 
alimentos que a constituem. 
Assim, o conceito de alimento é amplo, 
pois envolve todas as substâncias que 
podem ser incluídas nas dietas dos animais 
por conterem nutrientes. Estas substâncias 
compreendem não somente os produtos 
vegetais e animais e seus subprodutos, 
mas também substâncias nutritivas 
puras, quimicamente sintetizadas ou 
produzidas por outros processos, como as 
fermentações microbianas (MACIEL, 2009). 
25
• Fundamentos da Zootecnia
O alimento não pode conter 
substâncias tóxicas e deve ser 
considerado o grau de aceitação pelo 
animal. Existem substâncias cuja 
função é tornar aceitável pelo animal 
alimentos que, no estado natural, 
seriam rejeitados, contribuindo assim 
para ampliar a ingestão dos mesmos. 
É importante considerar como se 
encontram os nutrientes no alimento, seus 
fatores de flutuação e aqueles que maior 
interesse representam para a nutrição 
animal. Submetendo-se um alimento a 
105°C em uma estufa até peso constante, 
verifica-se que a quantidade inicial diminui 
em seu peso e volume. A esta temperatura, 
a perda sofrida pelo alimento foi seu teor 
em água. Assim, em uma primeira divisão 
pode-se dizer que os alimentos são 
constituídos por água (umidade) e matéria 
seca. Submetendo a matéria seca (MS) a 
650°C, e verificado a parte do alimento se 
queima e se volatiliza, restando um resíduo 
que é chamado de resíduo mineral ou 
cinzas. A parte que entra em combustão é a 
matéria orgânica do alimento e a cinza seu 
conteúdo mineral. O alimento contém teor 
em água, constituinte orgânico e mineral. 
Todo equilíbrio nutricional de uma ração é 
feito com base em nutrientes referidos à 
matéria seca, podendo variar de 5 a 95%, 
seu conteúdo em nutrientes (MACIEL, 
2009). 
Interessa-nos conhecer a composição 
química dos alimentos para melhor avaliá-
los em seu potencial em nutrientes. 
Posteriormente a avaliação se seguirá 
sob o aspecto biológico, isto é, do ponto 
de vista de sua utilização pelo animal: a 
digestibilidade, a absorção e o metabolismo 
intermediário, bem como a inter-relação 
entre nutrientes. 
Na matéria orgânica dos alimentos, 
encontra-se 4 grupos de substâncias 
diferenciadas por suas propriedades 
químicas, físico-químicas e biológicas que 
são: os glicídios ou carboidratos, os lipídios, 
as proteínas e as vitaminas. Na matéria 
mineral, por sua vez, encontram-se todos 
os elementos minerais conhecidos, mas 
em quantidade e formas variáveis. Certos 
minerais estão presentes na forma de traços 
(oligoelementos minerais, microelementos 
minerais, ou minerais traços), sob forma mal 
definida e, algumas vezes, em estado livre. 
Outros minerais existem em quantidades 
significativas, constituindo os chamados 
macro minerais, que podem ser encontrados 
em estado sólido cristalizado, ou em solução 
no meio celular ou nos líquidos intersticiais 
e circulantes, em estado ionizado ou não 
ionizados. 
Os minerais são divididos em grupos: 
o macro elementos e os microelementos 
minerais. Os macro minerais são: sódio, 
fósforo, cálcio, cloro, potássio, magnésio, 
enxofre, e os micro minerais são: ferro, 
iodo, cobre, flúor, manganês, zinco, cobalto, 
selênio, molibdênio (MACIEL, 2009). 
26
• Fundamentos da Zootecnia
Processo da Digestão
2.4
A ingestão dos alimentos obedece 
a diversos fatores bioquímicos que agem 
sobre o sistema nervoso (hipotálamo) 
promovendo a fome ou a saciedade. Têm 
fundamental importância, os órgãos dos 
sentidos (olfato, visão, gustação) além 
de informações mecânicas que podem 
partir do esôfago (deglutição) ou do 
próprio estômago (plenitude ou vacuidade 
gástrica). Outro elemento regulador pode 
ser o nível sanguíneo de glicose (glicemia) 
que informa ao hipotálamo ao circular pelo 
mesmo (ROCHA, 2016). 
Os alimentos se apresentam em 
formas combinadas de macro moléculas 
que para serem utilizadas necessitam ser 
transformadas em moléculas menores e 
absorvíveis. 
Os diversos e complexos processos 
que sofrem os alimentos desde a ingestão 
pelos animais até as transformações ao 
longo do tubo digestório e eliminação dos 
resíduos não absorvidos são conhecidos 
por Digestão. 
Durante o processo digestivo 
as substâncias alimentícias sofrem 
degradação e transformamem produtos 
com peso molecular menores, perdendo 
suas características originais, com a 
finalidade de dispor ao organismo animal os 
nutrientes que as compõem. 
A digestão é uma função vital 
composta por processos físicos e químicos, 
intimamente relacionados ao Sistema 
Nervoso e Humoral. 
2.4.1 Aparelho Digestivo 
 
O aparelho digestivo dos animais 
é constituído por reservatórios que se 
comunicam por tubos de calibre irregular, 
isolados com a presença de esfíncteres 
e órgãos anexos, os quais intervêm na 
apreensão dos alimentos, como os lábios, a 
língua e os dentes, e na digestão, como as 
glândulas anexas. 
O aparelho digestivo é constituído por 
um tubo musculo membranoso, polimorfo, 
que se estende da boca até o ânus. Na 
boca pode-se observar algumas estruturas 
como lábios, bochechas, palato duro, palato 
mole, faringe, que funciona como um 
órgão do aparelho digestivo e do aparelho 
respiratório, o esôfago, o estômago, 
intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) e 
intestino grosso (ceco, cólon e reto). 
Embora os processos digestivos 
sejam comparáveis em todos os animais 
superiores, as disposições anatômicas e as 
funcionalidades são diferentes nas várias 
espécies. Assim considerando os pontos 
de vista anatômicos e de regime alimentar, 
existem cinco tipos de aparelho digestivo 
nas espécies de interesse zootécnico: 1- 
Herbívoros: animais cuja alimentação é de 
origem vegetal. Apresentam no trato gastro 
intestinal (TGI) segmentos ampliados, 
que são particularmente importantes 
para a decomposição dos componentes 
da parede celular por microrganismos, 
entre eles: bovinos, caprinos e ovinos. 2- 
27
• Fundamentos da Zootecnia
Herbívoros de estômago simples: animais 
cuja fermentação microbiana acontece no 
intestino, tais como equinos e coelhos. 3 - 
Carnívoros: animais cuja alimentação é de 
origem animal. O TGI é proporcionalmente 
curto em relação ao comprimento do corpo 
(relação 1:5), sua alimentação consiste 
basicamente de alimentos ricos em 
nutrientes de alta digestibilidade. 
São os cães e gatos. 4 – Onívoros: são 
classificados em posição intermediária, pois 
sua alimentação pode ser de origem vegetal 
como animal. O TGI é consideravelmente 
mais longo que o dos carnívoros, e apresenta 
diferenciação como exemplar os suínos e as 
aves. 
Existem alguns fatores responsáveis 
pelo processo de digestão, tais como 
mecânicos ou físicos, como a preensão dos 
alimentos, e ainda secretórios e químicos, 
como a saliva e os sucos gástrico e intestinal. 
Fatores Físicos da Digestão
2.5
2.5.1 Digestão Bucal 
A captura dos alimentos está de acordo 
com as características de cada animal, 
de acordo com as estruturas e órgãos 
encarregados e responsáveis pela função 
de apreender o alimento, como os dentes, 
língua e lábios. Os equinos a tomada do 
alimento e a com ajuda do lábio superior que 
se assemelha a uma colher ou concha; os 
grandes ruminantes fazem a captação dos 
alimentos, no pasto, com ajuda da língua 
que funciona como uma “foice” puxando 
os alimentos para dentro da cavidade bucal 
(Rocha, 2016). Os pequenos ruminantes, 
como ovinos e caprinos, fazem a apreensão 
do pasto com os incisivos e corta mediando 
movimento lateral da cabeça e dos lábios. 
Nos ruminantes, animais que não possuem 
incisivos superiores, apreende o pasto 
com a língua, leva o alimento até a boca e 
corta ou arrancam por pressão dos incisivos 
inferiores. Os suínos possuem uma 
formação óssea, conhecida por focinho, 
estando esta estrutura relacionada com 
a busca e apreensão dos alimentos, 
principalmente os alimentos líquidos, como 
água. Os carnívoros capturam os alimentos 
com os incisivos e molares. Em uma 
alimentação pastosa há maior participação 
da língua e lábios e na alimentação líquida 
eles utilizam a língua exclusivamente. E a 
apreensão é realizada através da formação 
córnea, isto é, o bico. 
O alimento permanece na cavidade 
bucal por um período variável que é 
necessário à sua trituração e eventualmente 
digestão parcial. A permanência do alimento 
na cavidade bucal dos animais varia de zero 
até períodos longos. Assim, nas aves que 
ingerem o grão através de uma “bicada” o 
tempo será igual a zero, enquanto que os 
ruminantes e os equídeos podem realizar 
entre 70 e 90 movimentos mastigatórios 
por minuto (ROCHA, 2016). 
 
28
• Fundamentos da Zootecnia
2.5.2. Mastigação 
A mastigação depende diretamente 
da dentição de cada espécie, tendo como 
finalidade a fragmentação dos alimentos, 
aumentando a superfície de contato 
e garantindo a mistura com a saliva, 
facilitando a deglutição. 
Os ruminantes fazem duas 
mastigações, sendo a primeira mais rápida, 
que se segue após captura dos alimentos e, 
uma segunda mais demorada e completa, 
que ocorre após a regurgitação do conteúdo 
do rúmen. 
Nos equídeos e nos bovinos a 
mandíbula é mais estreita do que o maxilar, 
não havendo encaixe perfeito entre as duas 
estruturas; por tal razão é que se encontra 
o movimento de didução ou lateralidade. 
Tal movimento faz com que as duas 
estruturas ósseas deslizem lateralmente e 
o material é triturado. Além disso, os dentes 
apresentam uma forma em bisel (oblíquo), 
independente da presença de rugosidades 
formadas pela dentina, esmalte e cemento 
(ROCHA, 2016). 
 
2.5.3 Deglutição 
Os alimentos triturados e insalivados 
são deglutidos de maneira voluntária, 
terminando de maneira reflexa. A língua 
conduz o bolo alimentar até a entrada da 
faringe, provocando o reflexo deglutitório. 
A deglutição só ocorre quando existe 
material sólido ou líquido para desencadear 
o reflexo, e neste momento a faringe 
encontra-se fechada. 
A língua preenche a cavidade oral é 
uma estrutura muscular, possui funções: 
paladar e deglutição. Nos carnívoros 
contribuem na termorregulação, sendo rica 
em plexos venosos que facilita a dissipação 
do calor. Nos equinos ela é mais espessa 
devido a presença de tecido cartilaginoso. 
A língua possui as papilas linguais 
que se diferenciam por suas funções 
entre elas a função mecânica que confere 
aspereza, sendo mais desenvolvidas em 
felinos e ruminantes, entre elas estão 
às cônicas e as marginais (encontradas 
somente em carnívoros e suínos, sendo 
mais desenvolvidas durante a época da 
amamentação). As papilas gustativas são 
menos numerosas e contém no seu interior, 
receptores ou botões gustativos. A língua 
possui segmentos denominadas carúnculas 
sublinguais, pontos de abertura para os 
ductos das glândulas salivares sublinguais 
e mandibular. As carúnculas sublinguais são 
mais nítidas nos grandes animais, discretas 
nos carnívoros e inconstantes (facultativas) 
nos suínos (CARVALHO, 2011). 
A língua dos gatos tem um aspecto 
de lixa devido as papilas cobertas por 
queratina. Servem para remover sujeira, 
detritos e pelos soltos, além de soltar o 
músculo dos ossos de uma presa. 
 
2.5.4 Fatores Químicos da Digestão 
Os alimentos uma vez no esôfago são 
transportados ao estômago por contração 
(peristaltismo) da musculatura do esôfago. 
A partir deste momento ocorre a secreção 
de quatro tipos de substancias: 
29
• Fundamentos da Zootecnia
1 - Saliva 
2 - Suco gástrico formado por HCl, mucina, 
pepsina, lípase gástrica e renina. 
3 - Suco pancreático formado por enzimas 
proteolíticas, como tripsinogênio, 
quimiotripsinogênio e procarboxipeptidase, 
amilase pancreática, lípase pancreática, 
lecitase e colesterolesterase. 
4 - Suco entérico formado pelos sucos 
duodenal e intestinal. 
 
2.5.5 Saliva 
As glândulas salivares são três pares de 
glândulas secretoras de um produto misto 
O maior dos três pares está representado 
pela parótida e que apresenta uma secreção 
serosa; as outras duas (submandibulares e 
sublinguais) apresentam secreção mucosa. 
O estímulo para secreção vem do sistema 
nervoso parassimpático que aumenta o 
volume da saliva na cavidade bucal (ROCHA, 
2016). 
 
2.5.6 Volume Salivar 
Diariamente as glândulas salivares 
podem secretar 110 a 180 litros de saliva 
nos bovinosde grande porte; 10 a 20 litros 
nos ovinos e caprinos; 40 a 50 litros nos 
equinos; 15 litros nos suínos, e 7 a 25 mL 
nas aves. A quantidade não é constante, 
pois, varia de acordo com a presença de 
alimento na cavidade bucal e com o tipo 
de alimento; há ainda o estímulo causado 
pela observação e odores dos alimentos 
(secreção psíquica) que precede até mesmo 
a colocação do alimento na cavidade oral. 
O pH da saliva é normalmente alcalino nos 
herbívoros (média = 7,3 nos suínos; 7,5 nos 
equinos; 8,55 nos ruminantes). 
As funções mecânicas incluem a 
lubrificação do trato oro-esofágico, a 
lubrificação e aglutinação do bolo e do ponto 
de vista bioquímico pode-se citar a presença 
de uma enzima amilolítica (ptialina ou 
α-amilase) cuja função é desdobrar o amido 
em maltose, maltotriose e dextrinas. Tais 
fenômenos são o início do desdobramento 
do amido; nos animais domésticos sua 
função é limitada, pois, o tempo bucal zero 
não daria tempo para a ação enzimática e 
os alimentos celulósicos não permitiriam 
uma ação sobre o amido (revestidos pela 
celulose). Há que se considerar ainda a 
função excretora da saliva (substâncias 
diversas). Nos bovinos há uma função 
salivar de natureza bioquímica, mas, 
não para desdobramento de substância; 
ocorre a secreção para a saliva de 2,5 kg de 
bicarbonato de sódio e 1,5 kg de fosfato de 
sódio. A reingestão da mesma retorna ao 
rúmen e ajuda a manter o pH do mesmo, 
sem o que, seu interior seria extremamente 
ácido (pela formação de ácidos graxos – 
AGVs); desta forma a saliva concorre para 
a estabilização do pH do rúmen e para a 
sobrevivência dos microrganismos pela 
presença de ureia e os minerais, embora em 
pequena quantidade (ROCHA, 2016). 
 
2.5.7 Digestão Gástrica 
2.5.7.1 Suco Gástrico 
A digestão gástrica se inicia pela 
presença do alimento no estômago que 
desencadeia as secreções estomacais. 
30
• Fundamentos da Zootecnia
Como os alimentos são heterogêneos, 
alguns excitam mais do que outros as 
secreções gástricas além da presença de 
diferentes regiões da mucosa secretando 
produtos variados: muco (mucina), HCl, 
pepsina, gastrina, lipase gástrica e renina 
(ROCHA, 2016). 
MUCINA: Secretada pelas células mucoides. 
A secreção de mucina é importante, pois 
adere ao epitélio e aos alimentos evitando 
a ação do HCL sobre o epitélio da parede 
gástrica e enzimas, (absorve a pepsina), 
através da sua viscosidade. É mais viscosa do 
que a água em até 260 vezes (considerando 
a viscosidade da água = 1). 
HCI (ácido clorídrico): Tem uma 
concentração variável conforme o tipo 
de alimento ingerido pelo animal, grau 
de concentração deste alimento ingerido 
e quantidade de saliva presente no 
estômago. A solubilização de minerais e 
a ativação da pepsina são feitas pelo HCI, 
que determina também a secreção de 
secretina, responsável pela liberação do 
suco pancreático. 
 Exerce uma potente ação antisséptica 
sobre os microrganismos ingeridos 
acidentalmente junto com os alimentos. 
PEPSINA: É ativada pelo HCI. É um conjunto 
de enzima é na realidade um conjunto 
de enzimas (as pepsinas) e provêm do 
pepsinogênio. São várias enzimas pelo fato 
de que há vários valores de pH nos vários 
segmentos estomacais dos diferentes 
animais (2,0 a 3,5 em aves - e até 4,5; 
4,4 a 5,5 nos equídeos). O pH interfere 
diretamente na conversão de pepsinogênio 
em pepsina, razão pela qual o grau de acidez 
tem relação com o “tipo” de pepsina em cada 
animal; a função da pepsina é agir sobre as 
proteínas para um primeiro desdobramento 
das mesmas (ROCHA, 2016). 
LIPASE GÁSTRICA: Em geral hidrolisa 
apenas gorduras de baixo ponto de fusão e 
já emulsionadas. A ação sobre as gorduras 
da dieta é mais completa e mais eficaz pela 
lipase pancreática. 
RENINA OU LAB-FERMENTO: É secretada 
inativa, sendo ativada pelo HCI; é mais 
abundante no suco digestivo dos bezerros 
e demais ruminantes lactentes, tendo uma 
ação proteolítica sobre a caseína (proteína 
do leite). 
 
2.5.8 Digestão Intestinal 
2.5.8.1 Suco Intestinal 
É secretado pelas glândulas de 
Liberküm, é um líquido aquoso amarelado, 
claro, contendo uma pequena quantidade 
de sólidos constituídos por detritos 
celulares, entre ele, os bicarbonatos, 
cloretos, fosfatases de sódio, potássio e 
cálcio. A secreção intestinal resulta da ação 
estimulante exercida pelas substâncias 
alimentares e de uma ação humoral do suco 
duodenal e intestinal. 
É um líquido viscoso, turvo e ou 
amarelado, devido a seu teor em muco, bem 
como à presença de células de descamação 
da mucosa, sendo constituído por uma 
mistura dos sucos duodenal e intestinal. 
O suco duodenal é secretado pelas 
glândulas de Brünner, localizadas no 
duodeno, é um líquido transparente, incolor, 
rico em mucina, viscoso, e possui como 
enzima a enteroquinase (ativadora das 
31
• Fundamentos da Zootecnia
proteinases trípsicas do suco pancreático) 
e uma amílase. 
Para que possa ocorrer a digestão 
intestinal é necessário que o duodeno se 
torne alcalino. 
Após alcalinização o duodeno está 
apto a receber as secreções “digestivas” ou 
enzimáticas do pâncreas e ocorre a liberação 
de uma substância duodenal denominada 
pancreozimina que é liberada pela 
presença de ácidos graxos e aminoácidos 
na circulação sanguínea, desencadeando a 
liberação de suas enzimas (ROCHA, 2016). 
 
2.5.8.2 Suco Pancreático 
É secretado por estímulo nervoso 
e humoral, pelos ácidos pancreáticos, 
apresentando-se na forma de um fluido 
claro, sendo responsável pela presença de 
quase todas as enzimas necessárias para 
a degradação completa dos alimentos. 
A quantidade produzida é variável em 
função da espécie animal e sua atividade 
é consequência da presença de enzimas 
proteolíticas. Há três grupos de enzimas 
digestivas no suco pancreático: 
Amilase (para amiláceos); proteases 
(para proteínas) e lípases (para lipídeos). 
A amilase desdobra o amido cru ou 
cozido, atuando em ligações α-1,4, em pH 
4,0 até 11,0 e forma maltose, maltotriose e 
dextrinas (em ligações α-1,6). 
As lipases transformam os lipídeos 
em glicerol e ácidos graxos que podem 
ser absorvidos pelos vasos linfáticos 
das vilosidades intestinais, enquanto 
que os outros produtos (originários de 
proteínas e amido) são absorvidos por via 
venosa das mesmas vilosidades. O suco 
pancreático é capaz de se modificar em 
termos percentuais (enzimas proteolíticas, 
amilolíticas e lipolíticas) de acordo com a 
alimentação, ou seja, ele se adapta à dieta; 
assim, se predominar uma dieta rica em 
caseína ocorrerá um aumento de enzimas 
proteolíticas (ROCHA, 2016). 
TRIPSINA: Hidrolisa praticamente todos os 
tipos de proteínas, inclusive algumas que 
não são atacadas pela pepsina, digerindo 
mais facilmente aquelas proteínas já 
parcialmente desnaturadas e digeridas. 
QUIMIOTRIPSINA: Tem ação semelhante 
a tripsina. Atua na coagulação do leite de 
maneira semelhante à renina e pepsina; 
CARBOXIPEPTIDASE: Atua na ligação 
peptídica do aminoácido terminal com a 
carboxila livre. 
 
2.5.8.3 Secreção Biliar 
A bile é um líquido límpido, de sabor 
amargo, com coloração amareloesverdeada, 
com composição variável conforme a 
espécie animal. A secreção biliar pode ter 
dois trajetos distintos: nos animais com 
vesícula ela pode ir diretamente para o 
duodeno ou ser armazenada na vesícula 
biliar nos intervalos entre as refeições; 
nos animais sem vesícula, como o cavalo, 
ela tem fluxo constante para o duodeno 
(basal), mas, aumenta quando ocorre 
ingestão de alimentos. A bile dos animais 
sem vesícula é mais fluida do que aquela 
contida na vesícula; esta é mais xaroposa 
pela reabsorção de água (ROCHA, 2016). 
A função da bile é basicamente facilitar 
a digestão das gorduras, pois, ela emulsifica 
os lipídeos facilitando a ação das enzimas 
lipolíticas, oriundas do pâncreas. Atua na 
32
• Fundamentos da Zootecnia
digestão, na absorção e funciona ainda 
como via de excreção para substâncias 
como pigmentos biliares, resultantes do 
catabolismo da hemoglobina. 
O esvaziamentoda vesícula se dá 
por contração. A falta de bile prejudica 
a digestão de gorduras o que leva a 
eliminação de fezes “graxas” e descoradas 
uma vez que a coloração fecal depende de 
pigmentos biliares. 
 
2.5.8.4 Digestão no Intestino Grosso 
No intestino grosso há uma população 
microbiana, variável em quantidade e 
proporções conforme a espécie animal 
considerada. Ocorre diferenciação nos 
microrganismos, conforme as diferentes 
porções do intestino. Encontram-se 
bactérias formadoras do ácido lático 
(lactobacilos) e ainda uma numerosa flora 
de germes facultativos, que se modifica 
em função dos alimentos ingeridos. Fazem 
a degradação dos alimentos que escapam 
da digestão e da absorção nas porções 
anteriores do aparelho digestivo, como no 
caso dos glicídios, uma vez que a maioria 
dos glicídios solúveis são digeridos e 
absorvidos no intestino delgado. 
Parte da proteína que escapa à 
digestão nas porções anteriores do aparelho 
digestivo sofre processos de fermentação e 
putrefação. 
Ocorre a degradação da celulose 
por alguns microrganismos, sendo pouco 
significativa. 
A digestão no intestino grosso 
é realizada de forma mais eficaz nos 
herbívoros de estômago simples, como o 
cavalo, pela presença de microrganismos. 
Resultando como produtos finais 
os aminoácidos, ácidos graxos voláteis, 
que são fonte de energia para os animais, 
amônia e diversos gases como gás 
sulfídrico, metano, hidrogênio entre outros. 
A absorção que ocorre no intestino grosso é 
reduzida quando comparada com a digestão 
no intestino delgado. 
Processo Digestivo nas Aves
2.6
A cavidade bucal das aves e em 
especial à preensão dos alimentos pelo 
bico. Uma galinha tem seu bico curto com a 
valva superior mais longa do que a inferior e 
se alimenta tipicamente de grãos e por isso, 
são classificadas como granívoras, embora 
as galinhas caipiras possam ser onívora 
pelo fato de se alimentarem de diversos 
tipos de alimentos que lhes são oferecidos 
pelo criador. 
As galinhas, quando se alimentam de 
grãos, o fazem com rapidez e desta forma 
o tempo que o alimento permanece na 
cavidade oral é curto e assim denominado 
“tempo bucal zero”. A deglutição na galinha 
é feita com a ajuda de um movimento 
de cabeça, jogando-a para frente, o que 
desloca o grão para trás e, a partir daí o grão 
segue em direção ao papo por movimentos 
peristálticos; a ingestão de água e realizada 
33
• Fundamentos da Zootecnia
com a valva inferior do bico e em seguida 
“olha” para cima para que a água desça por 
gravidade (ROCHA, 2016). 
A apreensão dos alimentos é 
influenciada pela visão e sensações tácteis 
do bico. A cavidade oral das galinhas é 
ampla e não apresenta limites precisos 
pela ausência do palato mole. O palato 
duro apresenta uma fenda longitudinal. 
Tal comunicação está relacionada com 
a ventilação pulmonar forçada para 
termorregulação (polipnéia térmica das 
aves) que é feita com o bico aberto. Diversos 
autores não confirmam a presença de uma 
α-amilase (ptialina), enquanto outros dizem 
que sua presença é mínima e não teria ação, 
pois, alimentos granulados e revestidos de 
celulose não poderiam ser digeridos por 
uma amilase, além do tempo bucal ser curto. 
Assim, a saliva teria apenas uma função 
mecânica, ou seja, lubrificação da cavidade 
oral, umectação do alimento, lubrificação 
do esôfago, eliminação de substâncias 
diversas passadas pela corrente sanguínea. 
Das aves, a única saliva que contém amilase 
é a do ganso (ROCHA, 2016). 
O esôfago apresenta uma dilatação 
que constitui um reservatório: o papo ou 
inglúvio. 
É um divertículo do esôfago serve 
para receber o material proveniente da 
cavidade oral. Pode ser bem desenvolvido 
nas aves granívoras (como nas galinhas no 
pato e no pombo), mas, também pode ser 
rudimentar ou estar ausente em outras 
aves (como aves carnívoras), dependendo 
de sua maior ou menor função, que no caso 
é armazenamento de grãos ou folhas (aves 
folhívoras). No caso do armazenamento de 
grãos (galinhas) os alimentos sofrem um 
amolecimento durante sua permanência o 
que facilitará sua digestão posterior. Após 
um período variável dentro do papo, este 
inicia movimentos peristálticos (vagais) 
dirigindo os grãos para o proventrículo 
(estômago verdadeiro). No interior do 
papo não há nenhuma secreção digestiva 
própria e qualquer fenômeno bioquímico 
de desdobramento poderá ocorrer por 
conta de enzimas vindas de fora com os 
alimentos ou de microrganismos ingeridos 
com alimentos. Quanto à absorção, durante 
muito tempo se considerou o papo como 
incapaz de absorver qualquer substância. 
Entretanto, hoje admite-se a absorção 
de substâncias nutritivas e de baixo peso 
molecular como ácido lático, AGVs, álcool 
e outras. Pode haver pequena hidrólise de 
sacarose com absorção mínima ou duvidosa 
(ROCHA, 2016). 
As glândulas são praticamente 
ausentes na galinha. Os alimentos úmidos 
passam mais rapidamente pelo inglúvio 
que os secos. A movimentação do inglúvio 
é controlada pelo sistema nervoso, sendo 
as contrações mais fortes verificadas 
no repasto. As glândulas do inglúvio das 
galinhas, apesar de poucas, secretam, 
embebendo e homogeneizando os 
alimentos. 
O estômago das aves compreende 
duas partes distintas: uma parte glandular e 
outra muscular. A parte glandular, ventrículo 
ou também chamado de proventrículo, ou 
de estômago verdadeiro. É controlado pelo 
nervo vago e secreta o HCl, a pepsina, a 
gastrina (pouco conhecida sua função nas 
aves) e o muco nas aves. Dependendo da 
34
• Fundamentos da Zootecnia
ave, o pH pode variar o que também pode 
afetar a transformação do pepsinogênio em 
pepsina. Tendo em vista que as pepsinas 
não são exatamente iguais, cada ave pode 
funcionar com sua pepsina em diferentes 
valores de pH (ROCHA, 2016). 
Normalmente este compartimento 
é desenvolvido em aves carnívoras e, 
rudimentar em aves granívoras. Assim, ele é 
pequeno no pato, pombo e galinha e grande 
em albatroz e gaivotas. Histologicamente 
o proventrículo só apresenta um tipo 
celular (oxintico-pépticas) e que seriam 
responsáveis pelas secreções gástricas 
(HCl, pepsina e muco). O pH nas carnívoras 
tende a ser mais baixo do que nas granívoras. 
Alguns exemplos de pH são dados a 
seguir: galinhas = 4,8; faisão = 4,7; pombo 
= 1,4; pato = 3,4; perus = 47. Nas aves 
carnívoras o pH pode ser mais baixo (3,0) e 
há citações de até 2,6. 
A parte muscular do estômago, ou 
moela, é o estômago mecânico das aves 
pelo fato de fazer a digestão dos grãos, 
previamente amolecidos no papo, através 
da pressão exercida por seus músculos. 
A pressão pode atingir entre 100-150 
Torr (na galinha) ou 180 Torr (nos patos) 
comprimindo os grãos, fazendo uma 
verdadeira “moagem” dos mesmos; para 
isso, a moela ainda conta com a presença 
de “pedriscos” no seu interior o que ajuda 
a trituração. Tais pedriscos penetram 
no aparelho digestivo quando as aves 
fazem apreensão de seus alimentos em 
regime “aberto”, ou seja, aves silvestres 
ou domésticas que estão soltas e podem 
chegar a 10 gramas nos patos. Os pintos 
criados em sistema fechado não necessitam 
de tais pedriscos, pois sua ração (inicial) é 
um farelo e não necessita de trituração. A 
moela apresenta contrações musculares 
rítmicas a cada 2 ou 3 minutos e duram em 
média 20 a 30 segundos. O pH da moela 
varia de 2,0 a 3,5, mas, isto não quer dizer 
que seja por secreções locais e sim porque o 
material ácido provém do proventrículo (que 
fica situado próximo e antes da moela). Nas 
aves carnívoras a moela não necessita ser 
bem desenvolvida, pois, sua alimentação 
não é feita à base de grãos (ROCHA, 2016). 
O intestino delgado das aves está 
dividido em duodeno, íleo superior e íleo 
inferior. No duodeno desembocam os 
canais biliares e pancreáticos. Em geral o 
intestino das aves é mais curto do que o dos 
mamíferos e ainda ocorrem diferenças entre 
aves granívoras e carnívoras; o intestino 
das herbívoras e granívoras é mais longo do 
que o das carnívoras, e pelo que se deduz 
a digestãode vegetais (celulose) é mais 
lenta do que as proteínas; as vilosidades 
das carnívoras são mais desenvolvidas do 
que as das herbívoras. 
O Intestino grosso apresenta uma 
grande variedade entre as aves pelo fato 
de poder existir um único ceco, dois cecos, 
ceco rudimentar ou ausente e ceco bem 
desenvolvido, de acordo com a espécie. Nas 
galinhas, pombos e patos o ceco é duplo e 
bem desenvolvido, sendo que no gênero 
Gallus o ceco pode ter em média 15 cm em 
aves adultas. No final do intestino delgado 
há uma entrada para os dois cecos e estão 
separados por válvulas que controlam a 
entrada do alimento para o ceco bem como 
seu retorno para passar ao segmento 
posterior que é colón-reto (ceco é um 
35
• Fundamentos da Zootecnia
segmento). O colón-reto é o segmento final 
do intestino grosso e desemboca na cloaca, 
não havendo distinção para dividi-lo em 
dois segmentos (colón e reto) como nos 
mamíferos. 
Os cecos servem para absorção de 
água, digestão da fibra bruta (celulose e 
ainda a lignina que pode ser utilizada entre 
10 e 40% do total) além da síntese de 
vitaminas do complexo B e vitamina K. Ao 
final do intestino grosso ainda se encontra 
a cloaca que recebe ductos deferentes 
(macho), oviduto (fêmea em postura), 
fezes, ureteres (que podem vir direto dos 
rins - galinha) ou a partir da bexiga (como 
na avestruz). Há ainda sobre a cloaca a 
bolsa (bursa) de Fabrício, responsável pelos 
chamados linfócitos B (ROCHA, 2016). 
Processo Digestivo nos Equinos
2.7
O processo digestivo começa com a 
apreensão dos alimentos pelos lábios e 
língua, sendo também utilizados os dentes 
incisivos na ingestão de substâncias mais 
firmes como tubérculos e ramos. Na boca, 
especificamente com dentes molares e 
prémolares, esmagam e moem os alimentos, 
disponibilizando proteínas e carboidratos 
que podem ser prontamente digeridos no 
estômago e intestino delgado. O processo 
mastigatório dos equinos é eficiente, 
tornando-se assim um processo metódico 
e completo. Neste processo os carboidratos 
estruturais, aqueles constituintes 
da parede celular, são quebrados em 
partículas menores, o que facilitará a ação 
da microbiota cecal no intestino grosso. A 
saliva, presente também neste momento, 
tem o papel estritamente de umidificar os 
alimentos para facilitar a deglutição devido 
ao seu baixo teor enzimático e pequeno 
tempo de atuação, com ação pré-gástrica 
restrita (FAGUNDES, 2005). 
No esôfago o alimento é forçado para 
baixo através de ondas peristálticas ou 
através de contrações da musculatura. A 
deglutição no cavalo é feita de maneira 
irreversível em razão do desenvolvimento 
do véu palatino que impede o retorno do 
bolo alimentar do esôfago para a boca 
e também impede a expulsão pelas vias 
nasais. 
Devido ao pequeno estômago do 
cavalo, em torno de 8 a 18 litros ou 10% 
do trato digestivo, os alimentos não 
permanecem no estômago por mais de duas 
horas, esvaziando-se de 6 a 8 vezes por dia 
e o bolo alimentar é estratificado, sendo 
que a ordem de chegada dos alimentos 
é condicionada pela ordem de saída, 
permanecendo somente o último terço do 
bolo que sofrerá com maior intensidade a 
ação do suco gástrico. 
Apesar de no estômago não ocorrer 
digestão significativa, o funcionamento 
deste como regulador do trânsito intestinal 
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• Fundamentos da Zootecnia
é um dos fatores determinante à digestão 
do amido e das proteínas no intestino 
delgado (FAGUNDES, 2005). 
Fagundes, (2005) citou que a parede 
do intestino delgado é musculosa, rígida 
e ricamente enervada, propiciando a 
geração de fortes ondas de contração, 
facilitando assim a progressão do conteúdo 
intestinal associada a sua grande fluidez 
resultante do sinergismo das secreções 
salivar, gástrica, pancreática, biliar e 
entérica. O intestino delgado possui na 
sua porção inicial (duodeno) uma mucosa 
constituída de vilosidades, que por sua vez 
possuem microvilosidades com função de 
aumentar a superfície de absorção. Esta 
mucosa apresenta inúmeras glândulas, 
que secretam suco entérico e um produto 
mucóide. O pâncreas secreta seu suco que, 
com produção constante, porém de baixa 
concentração de enzimas, ajuda na digestão 
dos nutrientes. O suco pancreático, devido à 
presença de álcalis e bicarbonatos, funciona 
como tampão para neutralizar os ácidos 
oriundos do estômago e os produzidos no 
cólon. A bile é liberada de forma contínua 
sem concentração prévia, pois falta no 
cavalo a vesícula biliar. O fluxo do intestino 
delgado gira em torno de 20 cm/minuto, 
demorando aproximadamente uma hora 
e meia para percorrê-lo, dependendo 
da quantidade de fibra ingerida sendo 
que, quanto maior a porcentagem de 
concentrado maior o tempo de trânsito. 
Segundo Fagundes, (2005), é no intestino 
delgado que o cavalo digere a maior parte 
do amido e das proteínas alimentares. 
O intestino grosso do cavalo 
compreende seções volumosas, bem 
articuladas e compartimentalizadas. O 
número de microrganismos no conteúdo do 
intestino grosso do equino é semelhante 
ao encontrado no rúmen e retículo 
dos ruminantes. O intestino grosso, 
considerando volume de aproximadamente 
130 litros para animais de 500 kg e tempo 
de retenção entre 36 e 46 horas, é o 
mais significativo seguimento do trato 
digestivo dos equinos, o suficiente para 
ação da digestão microbiana. O ceco e 
a porção anterior do cólon são câmaras 
de fermentação das quais, semelhantes 
aos pré-estômagos dos ruminantes, 
onde bactérias, e protozoários no ceco, 
degradam carboidratos estruturais não 
digeridos no intestino delgado. O número 
desses microrganismos é semelhante aos 
dos pré-estômagos dos ruminantes. Sua 
atividade depende principalmente do tipo 
e da quantidade de substrato proveniente 
do intestino delgado, da velocidade de 
trânsito e da capacidade de tamponamento 
de lúmen. 
Os microrganismos são capazes 
de sintetizar uma parte das vitaminas 
hidrossolúveis, tendo o equino uma 
boa capacidade de aproveitamento das 
vitaminas do complexo B e vitamina K 
(FAGUNDES, 2005). 
No intestino grosso chegam 
apenas cerca de 30% dos carboidratos 
solúveis e do amido da dieta, pois são 
principalmente digeridos e absorvidos no 
intestino delgado. A maioria dos glicídios 
que chegam ao intestino grosso é do tipo 
fibroso, ou seja, fibras insolúveis como a 
celulose, hemicelulose e lignina. No ceco, 
principalmente, ocorre a produção de 
37
• Fundamentos da Zootecnia
ácidos graxos voláteis (acético, propiônico 
e butírico). O excesso de celulose na 
dieta pode prejudicar a digestão gástrica 
e intestinal e a sua falta pode ocorrer 
uma alteração no transito intestinal, com 
permanência excessiva do bolo alimentar 
no ceco e cólon, com produção de gases em 
grande quantidade e formação de aminas 
tóxicas. No intestino grosso a microflora 
utiliza uma parte do nitrogênio disponível 
para elaborar sua própria proteína, ou seja, 
a proteína microbiana. Os microrganismos 
catabolizam o substrato nitrogenado 
até a fase de aminoácidos livres e de 
amoníaco que, juntamente com glicídios 
prontamente utilizáveis, são necessários 
à sua proteossíntese. Os compostos 
nitrogenados não proteicos tais como a 
ureia, de um modo geral, não podem ser 
dados aos equinos por serem hidrolisados 
e absorvidos antes de alcançar o intestino 
grosso, provocando a intoxicação pela 
amônia. 
Processo Digestivo nos
Ruminantes
2.8
O ruminante apresenta várias 
particularidades no seu processo digestivo, 
quando comparado a outras espécies 
animais. Eles se alimentam basicamente de 
forragens, e são considerados herbívoros. 
A maior diferenciação do aparelho 
digestivo dos ruminantes está no estômago, 
que é multicavitário e diferenciado, sendo 
composto pelo rúmen, retículo, omaso 
e abomaso, sendo os três primeiros 
compartimentos classificados como 
préestômagos e o quarto como estômago 
glandular ou verdadeiro (digestão química), 
semelhante ao estômago das outras 
espécies. 
A digestão se inicia por uma mastigação 
rápida até que os alimentos sejam

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