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Roteiro Saúde Mental Filme NISE

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O filme retrata a insistência e força de vontade de uma médica psiquiatra que se opõe aos métodos tradicionais de tratamento da esquizofrenia. Após um período afastada de suas funções, a médica retorna às atividades no Hospital Psiquiátrico Nacional. Nise, então, presencia técnicas que violavam a condição humana dos pacientes, e que além disso, não havia comprovação científica de eficácia destas técnicas para tratamento da doença. 
A médica , por diversas vezes, questionou o métodos utilizados à fim de encontrar uma alternativa mais eficaz com a mudança da metodologia utilizada, porém, foi extremamente desacreditada por toda a equipe que a cercava. Nise acreditava na terapia ocupacional como uma possível saída não para a cura, mas para a melhora comportamental daqueles pacientes, tendo em vista que os pacientes eram submetidos a métodos cruéis e a um tratamento humano péssimo, pois seus cuidadores os tratavam como animais, incentivando brigas e dizendo frases de cunho ofensivo. Além de todo este cenário aterrorizante nos quais eram submetidos, o ambiente em que estavam inseridos era horripilante. Viviam em meio à sujeira, sem ter uma rotina pré estabelecida. 
Nise, então, assume um cargo no setor de terapia ocupacional (STO). Ao lado de uma enfermeira que lhe deu total apoio, a médica começa uma total revolução. Após retirar toda a sujeira do local, a psiquiatra estabelece rotinas para os internos. Nise implementou inicialmente um método humanizado, onde dava ao paciente um tratamento mais humano e próximo, livre de hostilidades. A médica começou com métodos terapêuticos voltados para às artes, onde estimulou o pensamento livre e sua exposição integral através da pintura. Além disso, começou a trabalhar com esculturas, hortinhas e atividades que fazia uma maior integração dos internos, substituindo totalmente a idéia de total descaso em que viviam anteriormente. 
Inicialmente, toda a mudança implementada não foi bem vista nem aceita pelos pacientes ou médicos. Nise seguia sendo desacreditada por toda a equipe e teve de lidar com altos e baixos. Uma hora via melhora significativa no quadro de alguns pacientes, outrora via a piora do comportamento em algumas situações. A médica não perdeu a fé na nova metodologia pois sabia que devido ao histórico de maus tratos sofridos pelos pacientes, seria difícil tratar de maneira rápida e totalmente eficaz as “seqüelas” psicológicas que permaneceram neles. Medo, insegurança, raiva e tristeza eram nítidas naquelas pessoas. A médica, sugere então a mudança do termo “paciente” para “cliente”, termo que dava a eles dignidade pois quis mostrar à equipe que os internos não eram inferiores e que eles, na posição de profissionais da saúde estavam ali inteiramente para tratar os enfermos e promover a dignidade. 
Após meses de tratamento, os pacientes vão aceitando de maneira favorável às terapias. Nise passou a trazer ainda mais inovações, como passeios, artes plásticas, terapia com animais, jogos interativos etc. O tratamento estava, agora, mostrando sua eficácia, não somente na descoberta de talentos, mas no comportamento dos internos. Eles agora tinham um comportamento e humor mais estável, houve a melhora do comportamento agressivo, quadros de isolamento. A médica, além de incentivar às artes, trouxe importância ao trabalho realizado pelos pacientes, trazendo a eles o sentimento de importância, dignidade e respeito. Alguns clientes conseguiram alta após o tratamento promovido por Nise, este que conseguiu resgatar em vários pacientes o comportamento mais próximo ao socialmente aceitável. 
O filme finalmente termina com uma cena muito forte. Mesmo com a melhora do quadro dos pacientes, durante uma festa junina, um paciente se desesperou ao saber da notícia de que uma mulher que ele considerava sua amiga iria deixar o Hospital. Após um surto de raiva, todos os pacientes se desesperaram junto com ele. O filme mostrou ali uma realidade dura, pois sabemos que nada é como nos contos de fadas, onde tudo ocorre bem e no final todos são felizes para sempre. O filme trata de pessoas que sofrem de uma doença progressiva que dá-se pela instabilidade psicológica e que não há cura, portanto, é compreensível que os pacientes de Nise teriam seus altos e baixos. Sendo assim, o filme mostrou como pode ser instável e sensível o estado mental destes pacientes, e que mesmo com um tratamento mais humano, crises serão inevitáveis. O filme deixou bem claro a melhora progressiva dos pacientes, mas também ressaltou suas fragilidades. Ao fim, pudemos observar a exposição das artes feitas pelos internos.
Devemos então chamar à atenção para os seguintes fatos: 
1- Mesmo que o tratamento de choque tivesse eficácia comprovada, seria benéfico ao paciente ter sua liberdade de escolha violada como no caso do rapaz que levou os choques à força?
2- A longo prazo, esse tratamento desumano traria melhora dos sintomas e comportamentos apresentados ou a total destruição do que é ser “humano”?
3- Um paciente que é submetido à um tratamento invasivo, sofre tortura psicológica, recebe a invalidação de sua dignidade e é obrigado a viver em ambiente inapto, pode ter melhora? Se não, porquê este era o antigo procedimento? Estes profissionais estavam realmente zelando pela vida e a melhora do paciente ou apenas tratando-os como uma patologia?
O questionamento que fica, é “Até onde houve ciência naquela metodologia?”. Os profissionais que estudam a saúde mental dos pacientes agiram como totais leigos e como pessoas desumanas e despreparadas. Não havia como esperar uma melhora do quadro uma vez que não havia humanização ou cuidados voltados ao “Eu” do paciente. Ali, quem deveria cuidar da melhora, apenas contribuiu para o total adoecimento do paciente.

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