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Atos dos Apostolos 3

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EA
D
Atos dos Apóstolos: 
Passos Fundamentais 
da Igreja 3
1. OBJETIVOS
•	 Apresentar	alguns	gêneros	literários	presentes	na	Bíblia	e	
o	gênero	literário	dos	Atos.	
•	 Evidenciar	os	diversos	"atos"	dentro	do	livro	de	Atos dos 
Apóstolos.
•	 Ler	o	texto	sobre	o	Concílio	de	Jerusalém	e	compreender	o	
seu	significado	no	tempo	de	Atos	e	na	sequência	da	história.
•	 Compreender	o	passo	decisivo	em	direção	ao	mundo	pa-
gão	e	as	implicações	disso	para	a	teologia	e	a	história.
•	 Analisar	alguns	textos	dos	Atos	dentro	de	seu	contexto	de	
consolidação	da	comunidade	dos	fiéis.	
2. CONTEÚDOS
•	 Gêneros	literários.
•	 Diversos	"atos"	dentro	de	Atos dos Apóstolos.
© Atos dos Apóstolos92
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
•	 Sumários	de Atos.
•	 O	texto	de	Atos dos Apóstolos.
•	 Teologia	de	Atos dos Apóstolos.
•	 Amostra	de	interpretação.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 A	melhor	descrição	de	cada	gênero	literário	do	Novo	Tes-
tamento	podemos	encontrar	na	obra:	BERGER,	Klaus. As 
formas literárias do Novo Testamento.	São	Paulo:	Loyola,	
1998.	p.	27–330	(Coleção	Bíblica	Loyola,	nº	23).
2)	 Para	um	comentário	(extenso)	dentro	de	uma	perspecti-
va	teológica,	sugerimos:	KÜMMEL,	Werner	Georg.	Intro-
dução ao Novo Testamento.	Paulinas:	São	Paulo,	1982.	
p.	199-219.
3)	 A	 respeito	 dos	 sumários,	 confira	 os	 comentários	 de	 J.	
Dupont	na	obra:	DUPONT,	J.	Estudos sobre os Atos dos 
Apóstolos.	São	Paulo:	Paulinas,	1974.	(Coleção	Bíblica,	n.	
17)	p.	41-42.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta	unidade,	estudaremos	alguns	conceitos	relacionados	
aos	passos	fundamentais	da	Igreja,	os	quais	estão	embasados	em	
Atos dos Apóstolos.	
Desse	modo,	veremos	alguns	gêneros	literários,	ou	seja,	mo-
dos	de	escrever	que	determinam	os	textos	bíblicos,	dando-lhes	ca-
racterísticas	específicas.	Em	seguida,	veremos	que,	dentro	de	Atos 
dos Apóstolos,	há	diversos	"atos"	de	Apóstolos	e	discípulos;	estes	
textos	 serão	 indicados.	Observaremos,	 também,	os	 sumários	de	
Atos,	que	resumem	em	poucas	palavras	os	fatos	que	ocorriam	e	a	
evolução	das	comunidades	primitivas.	
93© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
Outro	momento	importante	dos	Atos,	a	ser	estudado	nesta	
unidade,	 será	o	Concílio	de	 Jerusalém	ou	Assembleia	de	 Jerusa-
lém,	que	está	referenciado	no	capítulo	15.	Lá,	os	Apóstolos	e	os	
demais	membros	 da	 Igreja	 decidem	em	 conjunto	 algumas	 posi-
ções	a	respeito	dos	cristãos	de	origem	pagã.	
Veremos,	também,	os	dois	acentos	dos	Atos:	o	anúncio	e	a	
catequese.	Em	seguida,	o	discurso	de	Paulo	em	Atenas	nos	ajudará	
a	compreender	esta	dimensão	de	anúncio	e	catequese.
5. GÊNEROS LITERÁRIOS
Os	textos	bíblicos	apresentam-se	em	diversos	gêneros.	Des-
se	modo,	o	assunto	"gêneros	literários	bíblicos"	é	muito	rico.	Con-
siderando	que	 são	muitos	os	 tais	 gêneros,	 podemos	elencar,	de	
um	modo	resumido,	os	seguintes:	
Gêneros no Antigo Testamento 
Gêneros	literários	quanto	ao	conteúdo teológico:
•	 Torah	e	textos	legislativos	(Pentateuco).
•	 Profetas:	textos	oraculares	(textos	proféticos).
•	 Escritos:	textos	de	sabedoria	(livros	sapiências).	
Estilos ou formas literárias
1)	 Narração.
2)	 Profetismo.
3)	 Apocalipsismo.
4)	 Poesia	e	Cântico.
5)	 Carta.
6)	 Listas	e	genealogias.
7)	 Exortações.	
© Atos dos Apóstolos94
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Gêneros no Novo Testamento
Gêneros	literários	quanto	ao	conteúdo teológico:
1)	 Evangelhos	ou	Narrações	teológicas.
2)	 Descrições.
3)	 Listas	e	genealogias.
4)	 Cartas	ou	Epístolas.
5)	 Apocalipses.
Estilos ou	formas	literárias:
1)	 Querigma.
2)	 Catequese.
3)	 Hino.
4)	 Carta.
O	gênero	que	é	chamado	evangelho	apresenta	característi-
cas	muito	peculiares.	A	palavra	evangelho	vem	da	língua	grega,	eu-
angélion,	"boa	notícia",	"boa	nova",	mais	especificamente	"remu-
neração	para	quem	traz	uma	boa	notícia",	ou,	simplesmente,"boa	
notícia".	É	neste	sentido	que	a	palavra	irá	ser	usada	no	Novo	Tes-
tamento.	Não	é	 apenas	um	 conceito	 interessante	que	os	 textos	
expressam.	 É,sobretudo,uma	 ação,	 uma	 atividade	 que	 antes	 foi	
vivenciada	e	contada	de	pessoa	para	pessoa.	Agora,	é	algo	escrito,	
ou	seja,	uma	atitude	escrita:	anuncia-se	a	Pessoa	e	a	Missão	de	
Jesus	Cristo.	É	Ele	mesmo,	Jesus	Cristo,	a	boa	nova,	o	Evangelho,	
que	deve	ser	anunciado.
Não	foi	o	Cristianismo	que	inventou	a	palavra	ou	o	conceito	
evangelho.	Ele	já	existia	na	antiguidade.	Quando	um	general,	um	
imperador	ou	alguém	de	notável	 importância	 realizava	um	 feito	
também	grandioso,	isso	era	anunciado	e,	antes	do	herói	chegar	a	
uma	cidade,	um	arauto,	um	mensageiro	ia	à	frente	e	anunciava	o	
que	havia	acontecido	e	quem	havia	feito.	Este	era	o	evangelho,	a	
boa	notícia	ou	o	fato	de	anunciar	a	boa	notícia.
Se	a	palavra	"evangelho"	e	o	seu	conceito	não	foram	inven-
tados	 pelo	 Cristianismo,	 o	gênero literário evangelho foi usado 
95© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
pela primeira vez por ele.	Assim,	os	quatro	evangelhos	são	os	pri-
meiros	textos	identificados	como	tais	na	literatura.	
O	gênero	evangelho	é	complexo,	com	diversos	outros	gêne-
ros	constituintes.	Para	efeito	de	simplificação,	ele	é	um	gênero	nar-
rativo.	Quando	se	fala	de	narração,	o	conceito	que	surge	esponta-
neamente	é	o	de	crônica,	de	descrição	de	fatos	e	apresentação	de	
pessoas,	chegando-se	muito	facilmente	à	ideia	de	biografia.	
É	muito	comum	que	apareça	alguma	questão	a	respeito	de	
por	que	não	se	narra	toda	a	vida	de	Jesus	nos	quatro	evangelhos	
canônicos.	Pode-se,	também,	ampliar	a	questão	perguntando:	por	
que	 são	narrados	apenas	alguns	 fatos	da	vida	e	ação	dos	Após-
tolos	no	livro	de	Atos dos Apóstolos?	Não	seria	o	caso	de	o	texto	
chamado	justamente	Atos dos Apóstolos	ser	sobre	"os	Apóstolos"?	
No	entanto,	têm-se	apenas	alguns	deles	apresentados	lá!	Também	
nos	evangelhos:	por	que	não	apresentar	mais	detalhes	da	vida	de	
Jesus,	por	que	não	prolongar	certas	narrações?	Porque	o	gênero	
evangelho	 não	 é	 biografia!	 É	 uma	narração,	mas	 não	 é	 crônica,		
jornal	 ou	 biografia.	 O	 livro	 de	Atos dos Apóstolos também	 está	
nesta	linha.	Pode-se	incluí-lo	junto	aos	evangelhos	sinóticos	e	ao	
evangelho	de	João,	portanto,	entre	os	textos	narrativos	do	Novo	
Testamento.	Os	outros	textos	são	missivos	(cartas)	e	apocalípticos	
(o	Apocalipse).	
Tais	textos	põem	à	mostra	não	apenas	a	ação	de	um	ou	mais	
personagens.	Não	é	uma	descrição,	uma	história	mítica	ou	coisa	
parecida,	 tampouco	 é	 uma	narração	 sistemática,	 uma	biografia,	
como	dissemos.	É	uma	narração	mais	teológica,	e	as	melhores	ex-
pressões	para	identificar	esta	narração	teológica	são	querigma e	
catequese.	
Atos dos Apóstolos	é	um	texto	narrativo,	no	sentido	que	tam-
bém	os	textos	dos	Sinóticos	e	João	o	são.	Contudo,	Atos,	que	é	nar-
rativo	e	com	a	qualidade	teológica,	expressa	não	uma	história	da	
Igreja	primitiva,	mas	um	conjunto	de	catequeses	e	querigmas	que	
eram	feitos	nos	mais	diversos	lugares	e	não	em	todos	os	lugares,	
© Atos dos Apóstolos96
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
tampouco	por	todos	os	tais	apóstolos.	Atos dos Apóstolos	é,	por-
tanto,	sob	o	ponto	de	vista	literário,	muito	seletivo,	demonstrando	
ou	narrando	poucos	 fatos	e	ações	de	poucos	protagonistas.	Fica	
muito	difícil	indicar	Atos como	uma	"história	da	Igreja	primitiva".	
6. DIVERSOS "ATOS" DENTRO DE ATOS DOS APÓS-
TOLOS
Dissemos,	nas	unidades	anteriores,	que	Atos dos Apóstolos	
apresentam	relatos	e	dados	com	mais	destaque	sobre	dois	Após-
tolos:	Pedro,	na	primeira	parte,	e	Paulo,	na	segunda	parte	do	tex-
to.	A	maioria	dos	outros	Apóstolos,	identificados	em	1,13,	não	são	
citados,	e	os	que	são	aparecem	em	poucos	versículos,	consideran-
do	que	tais	apóstolos	têm	alguma	importância	que	deve	ser	ana-
lisada.	
Na	realidade,	pode-se	dividir	o	Livro	Atos dos Apóstolos	ten-
do	em	vista	o	foco	que	é	lançado	sobre	os	personagens,	além	de	
Pedro	e	de	Paulo.	É	assim	que	encontramos,	dentro	de	Atos,	os	
assim	chamados:	
1)	 Atos	de	Pedro.
2)	 Atosde	Felipe.	
3)	 Atos	de	João.
4)	 Atos	de	Paulo.
5)	 Diário	de	viagem.
Vamos	compreender	melhor.	
Os	Atos	de	Pedro	já	nos	são	conhecidos,	conforme	estudados	na	
Unidade	1.	Eles	compõem	uma	parte	importante	de	Atos,	do	capítulo	
1	ao	capítulo	12,	com	um	intervalo	entre	os	capítulos	6-8.	Os	Atos	de	
Pedro	são	completados	com	a	indicação	dos	fatos	e	da	sua	atuação	na		
Assembleia	de	Jerusalém,	no	capítulo	15.	Indicamos,	aqui,	os	pas-
sos	em	que	encontramos	o	Apóstolo	Pedro	em	destaque:
97© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
Atos de Pedro (1) e Primeiros acontecimentos: 2,1—5,42
1)	 2,1-13	 Pentecostes.
2)	 2,14-36	 1º	Discurso	de	Pedro.
3)	 2,37-41	 Primeiras	conversões.
4)	 2,46-47	 Sumário:	Primeira	Igreja.
5)	 3,1-10	 Pedro	cura	um	aleijado.
6)	 3,11-26	 2º	Discurso	de	Pedro.
7)	 4,1-22	 Pedro	e	João	perante	o	Sinédrio.
8)	 4,23-31	 Oração	Apostólica.
9)	 4,32-37	 Sumário:	Primeira	Igreja.
10)	5,1-11	 Crise	na	Igreja:	Uma	fraude.
11)	5,12-16	 Sumário:	Situação	da	Igreja	original.
12)	5,17-20	 Crise	na	Igreja:	perseguição.
13)	5,21-42	 Testemunho	perante	o	Sinédrio.
Atos de Pedro (2) Os gentios entram na Igreja: 9,32—12,25
1)	 9,32-35	 Pedro	em	Lida.
2)	 9,36-43	 Pedro	em	Jope.
3)	 10,1-33	 Pedro	batiza	Cornélio	em	Cesareia.
4)	 10,34-43	 3º	Discurso	de	Pedro.
5)	 10,44-48	 Segundo	Pentecostes:	entre	os	gentios.
6)	 11,1-18	 Pedro	em	Jerusalém.
7)	 11,19-26	 A	Igreja	em	Antioquia:	os	Cristãos.
8)	 11,27-30	 Paulo	e	Barnabé	em	Jerusalém.
9)	 12,1-19	 Prisão	e	libertação	de	Pedro.
10)	12,20-23	 Morte	de	Herodes.
11)	12,	24-25	 Sumário.
Concílio de Jerusalém: 15,1–35 
1)	 15,1-6	 Crise.
2)	 15,7-12	 4º	Discurso	de	Pedro.
3)	 15,13-21	 Discurso	de	Tiago.
4)	 15,22-29	 Carta	dos	Apóstolos.
5)	 15,30-35	 Em	Antioquia.
© Atos dos Apóstolos98
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Atos de Estêvão: 6,1—8,3
Compõe-se	das	informações	sobre	a	escolha	dos	"diáconos"	
e	da	descrição	dos	fatos	relativos	a	Estêvão:	sua	prisão,	seu	teste-
munho	e	morte.	
1)	 6,1-6	 Os	sete.
2)	 6,7	 	 Sumário.
3)	 6,8-15	 Prisão	de	Estêvão.	
4)	 7,1-54	 Testemunho	de	Estêvão.
5)	 7,55—8,3					Martírio	de	Estêvão.
Atos de Filipe: 8,4-40
Apenas	alguns	versículos	nos	apresentam	a	atuação	de	um	
dos	diáconos,	Filipe.	Ele	exerce	atividade	missionária	logo	após	a	
morte	de	Estêvão.		
•	 8,4-8	 	 Ida	para	Samaria.
•	 8,9-25	 Crise	na	Samaria.
•	 8,26-40	 Filipe	e	o	eunuco.
Atos de Paulo
Os	Atos	de	Paulo	preenchem	a	segunda	grande	parte	do	livro	
de	Atos dos Apóstolos.	É	dividido	em:	(1)	Vocação	de	Paulo	(9,1-
30);	(2)	1ª	viagem	(13,1—14,28);	(3)	2ª	viagem	(15,36—18,22);	(4)	
3ª	viagem	(18,23—21,14);	 (5)	Em	Jerusalém	e	Cesareia	 (21,15—
26,32);	(6)	4ª	viagem	(27,1—28,31).
Paulo é vocacionado: 9,1-30
É	a	primeira	aparição	destacada	de	Paulo	no	texto	de	Atos.	
Paulo	é	chamado	para	ser	Apóstolo	de	forma	repentina,	quase	vio-
lenta,	de	acordo	com	a	imagem	de	perseguidor	que	antes	lhe	fora	
dada	(8,3).
1)	 9,1-19	 Conversão	de	Paulo.
2)	 9,20-25	 Pregação	de	Paulo	e	crise	em	Damasco.
99© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
3)	 9,26-30	 Paulo	em	Jerusalém.
4)	 9,31		 Sumário.
Primeira Viagem Missionária: 13,1—14,28
A	primeira	viagem	tem	início	com	a	liderança	de	Barnabé.	Co-
meça	como	uma	viagem	de	visitas	e	evolui	para	a	pregação.	O	relato	
é	interrompido	pela	apresentação	do	Concílio	de	Jerusalém.	
1)	 13,1-3	 Missão	de	Paulo	e	Barnabé.	
2)	 13,4-12	 Em	Chipre.
3)	 13,13-15	 Em	Antioquia	da	Pisídia.
4)	 13,16-43	 Paulo	prega	aos	Judeus.
5)	 13,44-52	 Paulo	prega	aos	gentios.
6)	 14,1-7	 Em	Icônio.
7)	 14,8-10	 Uma	cura.
8)	 14,11-17	 Crise.
9)	 14,18-20	 Crise.
10)	14,21-28	 Conclusão	da	missão.
Segunda Viagem Missionária: 15,36—18,22
Paulo	assume	a	liderança	da	missão,	especialmente	pela	se-
paração	de	Barnabé.	Esta	viagem	segue	à	carta	apostólica	de	15,	
22-28.
1)	 15,36-40	 Paulo	e	Barnabé	se	separam.
2)	 15,41—16,4	Em	Licaônia.	Timóteo.
3)	 16,5		 	Sumário.
4)	 16,6-10	 	Na	Ásia	Menor.
5)	 16,11-15	 	Em	Filipos.
6)	 16,16-24	 	Prisão	de	Paulo	e	Silas.
7)	 16,25-40	 	Libertação	de	Paulo	e	Silas.
8)	 17,1-9	 	Em	Tessalônica.	Crise.
9)	 17,10-15	 	Na	Bereia.	Crise.
10)	17,16-21	 	Em	Atenas.
© Atos dos Apóstolos100
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
11)	17,22-34	 	Discurso	de	Paulo.	Crise.
12)	18,1-11	 	Em	Corinto.
13)	18,12-17	 	Crise.
14)	18,18-22	 	Em	Antioquia.
Terceira Viagem Missionária: 18,23—21,14
A	terceira	viagem	missionária	é	uma	viagem	de	consolidação	
e,	de	 certa	 forma,	expressa	a	maturidade	em	Paulo.	 Ele	decide,	
nesta	viagem,	fazer	uma	visita	a	Jerusalém,	consciente	das	dificul-
dades	que	seguramente	irá	encontrar	por	lá.	
1)	 18,23	 	Início	da	Terceira	Viagem	Missionária.
1)	 18,24-28		Apolo.
2)	 19,1-12				Em	Éfeso:	fundação	da	Igreja.
3)	 19,13-20		Crise:	exorcistas	judeus.
4)	 19,21-22		Decisão	de	ir	para	Jerusalém.
5)	 19,23-40		Crise:	os	ourives	em	Éfeso.
6)	 20,1-6	 	Em	Éfeso:	partida.
7)	 20,7-12	 	Paulo	ressuscita	um	morto.
8)	 20,13-16		De	Trôade	a	Mileto.
9)	 20,17-38		Em	Éfeso:	despedida.
10)	21,1-14	 	Ida	para	Jerusalém.
Em Jerusalém e Cesareia: 21,15—26,32
Estes	 são	 capítulos	 que	 fogem	 do	 esquema	 tradicional	 de	
Atos.	Até	agora	o	que	foi	apresentado	era	a	sequência	de	expansão	
da	Igreja	por	meio	de	seus	líderes,	Apóstolos	e	discípulos.	A	par-
tir	deste	momento,	o	texto	enfoca	Paulo	em	um	embate	pessoal	
contra	as	autoridades.	Primeiro	 com	as	do	próprio	Cristianismo,	
depois	com	as	autoridades	judaicas.	Mas	é,	sobretudo,	com	as	au-
toridades	romanas	que	a	história	tem	desenvolvimento.	No	final,	a	
decisão	de	ir	a	Roma	é	o	que	de	mais	importante	poderia	aconte-
cer,	iniciando	a	última	parte	do	projeto	de	Lucas–Atos.
101© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
1)	 21,15-26	 	 Em	 Jerusalém.	 Chegada,	 diálogos,	 ida	 ao	
Templo.
2)	 21,27-40	 	Crise	em	Jerusalém.	Prisão	de	Paulo.
3)	 22,1-21										Defesa	de	Paulo.
4)	 22,22-29	 		Intervenção	de	Roma.
5)	 22,30—23,10		Paulo	perante	o	Sinédrio.
6)	 23,11	 			Paulo	é	confirmado	pelo	Senhor.
7)	 23,12-22	 			Complô	contra	Paulo.
8)	 23,23-35	 			Em	Cesareia.
9)	 24,1-9	 			Acusação	de	Paulo.
10)	24,10-21									Defesa	de	Paulo.
11)	24,22-26	 			Prisão	de	Paulo.
12)	24,27	 			Saída	de	Félix	e	entrada	de	Pórcio	Festo.
13)	25,1-12	 			Paulo	apela	para	César.
14)	25,13-27	 			Paulo	e	o	rei	Agripa.
15)	26,1-23	 			Paulo	se	defende	e	faz	o	querigma.
16)	26,24-32	 			Reações.
Quarta Viagem Para Roma. Em Roma: 27,1—28,31
Não	é	uma	viagem	missionária,	mas	uma	"viagem	do	cativei-
ro".	O	livro	de	Atos	narra	algumas	etapas	desta	viagem	demons-
trando	o	testemunho	de	Paulo.	Em	todas	as	páginas	de	Atos dos 
Apóstolos	 encontramos	 a	 ideia	 fundamental	 do	 "testemunho",	
afirmado	 como	programa	original	 em	1,8.	A	quarta	 viagem	 tem	
início,	mas	 não	 tem	 término.	 Paulo	 estará	 em	 Roma	 dois	 anos,	
anunciando	 sem	 impedimento	 o	 Reino	 conforme	 a	 proposta	 de	
Jesus	Cristo.	É	assim	que	o	 livro	Atos dos Apóstolos	é	concluído:	
abruptamente!
1)	 27,1-8	 Paulo	parte	para	Roma.
2)	 27,9-44	 Viagem,	tempestade,	naufrágio	e	salvação.
3)	 28,1-10	 Em	Malta.
4)	 28,11-16	 Até	Roma.	Chegada	em	Roma.
5)	 28,17-22	 Com	os	Judeus	de	Roma.
© Atos dos Apóstolos102
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
6)	 28,23-28	 Reação	dos	Judeus	e	decisão	de	Paulo.
7)	 28,30-31	 Paulo	em	Roma.	Final	de	Atos.
7. SUMÁRIOS DE ATOS
Os	 sumários	 (resumos)	 são	 textos	muito	 comuns	 na	 Escri-
tura.	 São	poucos	versículos	que	 "resumem",	 fazem	uma	"suma"	
(resumo)	de	muitos	fatos,	ditos,	sequências	que,	se	fossem	todos	
escritos,	ocupariam	muito	espaço	e	não	iriam	corresponder	ao	pla-
no	literário	do	autor	do	livro.	Assim,	em	Atos	encontramos	muitos	
sumários.	Eles	ocupam	um	lugar	que	pode	ser	indicador	de	divisão	
do	texto.	Até	o	sumário	tem	um	tema	ou	uma	sequência	que	deve	
ser	considerada	como	um	conjunto,	assim,	depois	do	sumário,	co-
meça	outro	tema	ou	outra	sequência.	
Esta	não	é	uma	característica	dos	sumários	de	Atos dos Após-
tolos	somente,	visto	que	outros	 livros	bíblicos	também	possuem	
sumários.Mas	em	Atos	os	sumários	têm	uma	forte	conotação	de	
divisão	 de	 texto,	 por	 isso	 os	 indicamos	 aqui.	 Além	disso,	 os	 su-
mários	indicam	situações	específicas	da	Igreja	primitiva	e	dão-nos	
uma	noção	de	conjunto	do	que	ocorria	em	cada	etapa	na	qual	eles	
estão	inseridos.	Temos,	então:
1)	 2,42-47:"Frequentavam	com	assiduidade	a	doutrina	dos	
apóstolos,	as	reuniões	em	comum,	o	partir	do	pão	e	as	
orações.	De	todos	apoderou-se	o	medo	à	vista	dos	muitos	
prodígios	e	 sinais	que	 faziam	os	apóstolos.	E	 todos	que	
tinham	fé	viviam	unidos,	tendo	todos	os	bens	em	comum.	
Vendiam	as	propriedades	e	os	bens	e	dividiam	o	dinheiro	
com	todos,	segundo	a	necessidade	de	cada	um.	Todos	os	
dias	se	reuniam	unânimes	no	Templo.	Partiam	o	pão	nas	
casas	e	 comiam	com	alegria	e	 simplicidade	de	 coração,	
louvando	a	Deus	entre	a	simpatia	de	todo	o	povo.	Cada	dia	
o	Senhor	lhes	ajuntava	outros	a	caminho	da	salvação."
2)	 4,32-35:"A	multidão	dos	fiéis	era	um	só	coração	e	uma	só	
alma.	Ninguém	considerava	sua	propriedade	o	que	pos-
suía.	Tudo	entre	eles	era	comum.	Com	grande	efeito	os	
103© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
apóstolos	davam	testemunho	da	ressurreição	do	senhor	
Jesus	e	todos	os	fiéis	gozavam	de	grande	estima.	Não	ha-
via	entre	eles	indigentes.	Os	proprietários	de	campos	ou	
casas	vendiam	tudo	e	iam	depositar	o	preço	do	vendido	
aos	pés	dos	apóstolos.	Repartia-se,	então,	a	cada	um	se-
gundo	sua	necessidade."5,12-16:"Muitos	eram	os	sinais	
e	prodígios	que	se	realizavam	entre	o	povo	pelas	mãos	
dos	apóstolos.	Estavam	todos	de	comum	acordo	no	Pór-
tico	de	Salomão.	Ninguém	dos	outros	ousava	unir-se	a	
eles,	mas	o	povo	os	tinha	em	grande	estima.	Aumenta-
va	cada	vez	mais	a	multidão	de	homens	e	mulheres	que	
acreditavam	no	 Senhor,	 até	 o	 ponto	 de	 trazerem	para	
as	ruas	os	doentes,	colocando-os	nos	leitos	e	em	macas	
para	que,	chegando	Pedro,	ao	menos	sua	sombra	os	co-
brisse.	Também	das	cidades	vizinhas	de	Jerusalém	afluía	
muita	gente,	 trazendo	os	enfermos	e	os	atormentados	
de	espíritos	 impuros,	 e	 todos	 ficavam	curados."6,7:	 "E	
a	palavra	de	Deus	se	difundia	e	aumentava	de	maneira	
extraordinária	 o	 número	dos	 discípulos	 em	 Jerusalém.	
Também	grande	multidão	de	sacerdotes	aderia	à	fé".
3)	 9,31:	"A	Igreja	gozava,	então,	de	paz	por	toda	a	Judéia,	
Galiléia	e	Samaria.	Ela	se	fortalecia,	andava	no	temordo	
Senhor	e,	pelo	impulso	do	Espírito	Santo,	aumentava	em	
número".
4)	 12,24:"A	palavra	do	Senhor	crescia	e	se	espalhava	cada	
vez	mais".
5)	 16,5:"Assim	 as	 Igrejas	 eram	 confirmadas	 na	 fé	 e	 cres-
ciam	em	número	de	dia	para	dia".
6)	 19,20:"Assim	 ia	 crescendo	e	 se	 confirmando	a	palavra	
do	Senhor".
8. O TEXTO DE ATOS DOS APÓSTOLOS
O	livro	de Atos dos Apóstolos	apresenta	momentos	decisivos	
nas	primeiras	décadas	da	Igreja.	Um	desses	momentos	é	o	chama-
do	Concílio	ou	Assembleia	apostólica	de	Jerusalém,	em	Atos	15.	
Veremos	parte	por	parte	deste	episódio.	
© Atos dos Apóstolos104
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
O Concílio de Jerusalém: Atos 15
A	terceira	parte	de	Atos dos Apóstolos,	centrada	em	Paulo,	
apresenta	 no	 capítulo	 15	uma	 ruptura	 textual:	muda-se	 o	 argu-
mento,	o	enfoque	e	os	personagens	com	suas	ações.	Trata-se	de	
um	passo	interessante	e	significativo,	não	tanto	pelos	resultados	
que	expressa,	mas	pela	motivação,	pelo	processo	de	solução	e	pela	
participação.	Trata-se	do	assim	chamado	"Concílio"	ou	Assembleia	
de	Jerusalém.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A palavra "concílio" significa reunião de notáveis, especialmente reunião de Bis-
pos. Na ocasião do "Concílio" de Jerusalém não podemos ainda dizer que havia 
Bispos como nós os conhecemos hoje. Tampouco que a ideia de colegialidade, 
que dá forma ao concílio, existisse. Dessa forma, é um pouco anacrônico cha-
mar este fato de "concílio", mas em muitas obras de comentaristas é assim que 
encontramos. O que podemos dizer é que foi uma assembleia de grande impor-
tância, pois reuniu os primeiros discípulos e alguns Apóstolos que deviam decidir 
caminhos.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A controvérsia
O	Concílio	ou	Assembleia	de	Jerusalém	aconteceu	em	fun-
ção	de	uma	controvérsia.	Ela	surgiu	em	Antioquia,	mas	certamente	
era	difundida	em	muitos	lugares	pelos	cristãos	de	origem	judaica	
ou	"judaizantes".	
Em	Atos	15,1	há	a	informação	de	que	"[...]	haviam	descido	
alguns	da	Judéia	e	começaram	a	ensinar	aos	irmãos:	'Se	não	vos	
circuncidardes	segundo	a	norma	de	Moisés,	não	podereis	salvar-
vos'	".	
Em	Gálatas	2,12,	Paulo	cita	"[...]	alguns	vindos	da	parte	de	
Tiago	 [...]",	 referindo-se	 aos	 que	 tinham	 ligação	 com	 este	 líder,	
Tiago,	chamado	também	de	"irmão	do	Senhor".	Ele	tinha	a	 lide-
rança	entre	aqueles	de	origem	judaica.	Estes,	com	ou	sem	o	con-
sentimento	de	seu	líder,	manifestavam	uma	proposta	de	compor-
tamento	 que	 Paulo,	 muito	 claramente,	 considera	 inadequada	 e	
desnecessária.	Para	eles,	os	chamados	judaizantes,	era	necessário	
105© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
observar	a	lei	de	Moisés,	a	Torah	e,	 inclusive,	cumprir	os	ritos	lá	
prescritos,	especialmente,	a	circuncisão.	
Neste	ponto	temos	uma	grande	crise	que	somente	será	re-
solvida	quando	da	separação	entre	a	Igreja,	comunidade	dos	dis-
cípulos	de	Jesus,	e	o	Judaísmo,	o	que	ocorrerá	no	final	do	século	
1º.	No	livro	de	Atos dos Apóstolos	encontramos	o	problema	ainda	
muito	vivo.	
Na	Igreja	de	Antioquia	a	controvérsia	causava	agitação,	sen-
do	decidido	que	Paulo	e	Barnabé	iriam	até	Jerusalém	para	tentar	
solucionar	o	problema	com	os	Apóstolos	e	anciãos	(15,2).	Percebe-
se	que,	 junto	aos	Apóstolos,	haviam	outros	que	também	tinham	
experiência	e	autoridade	na	comunidade.	É	quando	Paulo	e	Bar-
nabé	apresentam	a	todos	os	que	estavam	lá	presentes	os	fatos	de	
seu	ministério	e	a	forma	como	as	coisas	têm	acontecido,	deixando	
claro,	especialmente,	que	foram	coisas	que	Deus	fez	por	meio	de-
les	(15,3).	
A	apresentação	de	Paulo	e	Barnabé,	contudo,	não	convence	
e	entram	em	cena,	como	diz	Atos,	 "[...]	alguns	que	antes	de	 ter	
abraçado	a	fé	eram	da	seita	dos	fariseus".	Segundo	Atos,	eles	afir-
mavam	que	"[...]	era	necessário	circuncidar	os	pagãos	e	impor-lhes	
a	observância	da	Lei	de	Moisés"	(10,5).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A prática da circuncisão é a inserção no povo de Israel. Ela é o sinal da Aliança 
e a distinção de uma escolha mútua: Deus escolheu seu povo e este povo deve 
escolhê-lo como seu Deus. No entanto, ocorre que esta relação nem sempre foi 
amistosa ou serena. 
A circuncisão não era costume unicamente dos judeus. Outros povos também 
a praticavam (e ainda hoje a praticam). Os judeus, contudo, tinham esta prática 
como elemento e identidade religiosa. Os primeiros discípulos, quase todos de 
origem judaica, não poderiam pensar diferente: a circuncisão era um elemento 
necessário para entrar no grupo! Quando Paulo insiste que não há necessidade 
disso, surge a ruptura e as dificuldades aparecem de modo muito evidente. 
Esta situação somente será superada quando Igreja e Sinagoga (metáfora para o 
Judaísmo) se separarem em definitivo, o que se deu, como já aludimos, no final 
do século 1º.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
© Atos dos Apóstolos106
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Em	Atos	15,8,	lemos:	"Reuniram-se	os	apóstolos	e	os	anciãos	
para	tratar	desta	questão".	Atos	coloca	em	plano	de	igualdade	os	
Apóstolos	e	esta	figura:	os	"anciãos"	ou	"presbíteros",	em	uma	tra-
dução	mais	literal	do	grego.	Parece	que	eram	pessoas	de	destaque	
da	comunidade,	que	tinham	prestígio	e	liderança.	Talvez	a	institui-
ção	dos	"diáconos"	tenha	se	desenvolvido	e	até	se	ramificado	em	
outras	funções	e	neste	sentido	formado	o	grupo	dos	"anciãos",	os	
quais	têm	poder	de	debater	a	situação.	De	qualquer	forma,	é	prati-
camente	impossível	identificar	quem	eram	estes	"anciãos",	senão	
que	tinham	poder	e	influência.
O	que	os	Apóstolos	(dos	quais	não	se	citam	os	nomes)	e	os	
anciãos	debatem	acaba	em	"acesadiscussão"	(15,7)	e	Pedro,	 le-
vantando-se,	intervém.	Esta	entrada	de	Pedro,	assim	súbita	e	sem	
qualquer	anúncio,	o	coloca	novamente	no	centro	da	comunidade.	
Ele	havia	sido	deixado	de	lado	na	metade	do	capítulo	12,	depois	
de	sua	libertação	milagrosa.	Agora	ele	aparece	repentinamente	e,	
com	autoridade	de	Apóstolo,	relembra	fatos	e	situações	que	foram	
decisivas,	das	quais	ele	participou	em	primeira	pessoa.	
O discurso de Pedro: 15, 7–11
Pedro	discursa	em	15,7b–11.	Este	discurso,	o	quarto	e	der-
radeiro	do	Apóstolo,	 foi	decisivo	no	momento	da	Assembleia	de	
Jerusalém,	embora	pareça	que	não	tenha	realmente	solucionado	
a	questão.	Esse	discurso	pode	ser	dividido	em	três	partes:
1)	 Primeira	-	 introdução	e	motivação:	15,7b.	"Irmãos,	vós	
sabeis	que	 já	há	muito	 tempo	Deus	me	escolheu	den-
tre	vós,	para	que	da	minha	boca	os	pagãos	ouvissem	a	
palavra	do	Evangelho	e	cressem."	Pedro	recorda	o	que	
ocorrera	e	que	 fora	citado	em	Atos,	 capítulo	10,	espe-
cialmente	quando	Cornélio	aceita	e	adere	à	fé	de	modo	
livre	e	decidido.	Mas	parece	que	não	bastou	a	fé	e	a	ade-
são:	 foi	 necessário	o	 "selo",	 a	 confirmação	do	Espírito	
Santo	que	Pedro	irá	alegar	na	segunda	parte.	Contudo,	
é	de	se	notar	neste	versículo	a	declaração	de	Pedro	de	
que	foi	ele	quem	deu	o	passo	inicial.	Este	passo	é	identi-
107© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
ficado	como	escolha	de	Deus	e	anúncio	aos	pagãos,	por	
meio	do	qual	acontece	a	fé.	Parece	que	Pedro	toma	para	
si	a	 responsabilidade	 inicial	da	 fé	que	agora	os	pagãos	
demonstram.
2)	 Segunda	 -	 A	 ação	 de	 Deus	 nos	 gentios:	 15,8-9.	 "Ora,	
Deus,	que	conhece	os	corações,	testemunhou	a	seu	res-
peito,	dando-lhes	o	Espírito	Santo,	da	mesma	forma	que	
a	nós.	9	Nem	fez	distinção	alguma	entre	nós	e	eles,	pu-
rificando	pela	fé	os	seus	corações."	Estes	dois	versículos	
evidenciam	a	ação	de	Deus,	identificado	por	Pedro	como	
o	 "conhecedor	 dos	 corações",	 subentende-se	 dos	 "co-
rações	pagãos".	Este	conceito	"corações",	que	podemos	
entender	como	a	pessoa	inteira,	seus	valores,	história	e	
identidade,	é	colocado	em	paralelo	com	os	judeus	que	
Pedro	aponta	como	"nós".	Dessa	forma,	Deus	deu	a	eles	
(pagãos)	o	mesmo	Espírito	Santo	que	a	nós	(judeus),	pu-
rificando	a	 realidade	deles	 (pagãos).	Parece	que	Pedro	
iguala,	nivela	os	dois	grupos,	o	judeu	e	o	pagão,	em	fun-
ção	da	graça	ou	dom	do	Espírito	Santo.	Ele	lança	as	bases	
para	a	consideração	fundamental	da	igualdade	na	Igreja.	
Deste	ponto	de	vista,	ele	evolui	seu	argumento	para	o	
passo	seguinte.
3)	 Terceira	-Questionamento	e	declaração:	15,10-11.	"Por	
que,	 pois,	 provocais	 agora	 a	Deus,	 impondo	 aos	 discí-
pulos	um	jugo	que	nem	nossos	pais	nem	nós	pudemos	
suportar?	Nós	cremos	que	pela	graça	do	Senhor	 Jesus	
seremos	 salvos,	 exatamente	 como	 eles."	 Assim,	 se	 há	
igualdade	 no	 chamado	 de	 pagãos	 e	 judeus,	 por	 que	
"tentar	a	Deus"	quanto	à	imposição	dos	costumes	judai-
cos	sobre	os	pagãos?	O	mais	interessante	aqui,	porém,	
é	a	afirmação	que	pode	passar	quase	despercebida:	Pe-
dro	informa	que	estes	costumes	e	práticas,	que	não	de-
vem	ser	impostos	aos	pagãos	nem	aos	antepassados	dos	
apóstolos,	 nem	 eles	 próprios	 conseguiram	 suportar…	
Parece	que	a	observância	dos	costumes	e	ritos	judaicos	
não	era	uma	situação	tão	marcante	e	difundida	assim.	
Em	seguida,	Pedro	faz	um	anúncio	aos	que	o	ouvem,	de-
clarando	que	é	pela	graça	do	Senhor	Jesus,	aceita	pela	
liberdade	e	adesão,	que	acontece	a	salvação.	Este	anún-
© Atos dos Apóstolos108
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
cio	do	versículo	11	é	a	conclusão	deste	importante	dis-
curso.	Pedro	afirma	a	nova	ordem	estabelecida	por	Jesus	
Cristo.	E,	ao	deixar	isto	claro,	determina	a	face	futura	da	
Igreja:	não	mais	uma	unidade	pela	carne	ou	sangue,	isto	
é,	descendência,	grupo	cultural	ou	étnico,	mas	sim	pela	
graça	do	Senhor	Jesus.	
A	reação	do	grupo	foi	de	atenção	a	Pedro,	o	que	deu	possibi-
lidade	de	Paulo	e	Barnabé,	enviados	da	Igreja	de	Antioquia,	relata-
rem	o	que	havia	acontecido	em	meio	aos	pagãos.	Atos	15,12	é	um	
pouco	evasivo	na	formulação,	pois	sugere	que	os	ouvintes	aceitam	
a	narração	dos	sinais	e	prodígios	operados	por	Paulo	e	Barnabé	
entre	os	pagãos,	mas	não	que	tenham	manifestado	 interesse	na	
argumentação	de	Pedro,	muito	menos	aderido	a	ela.	
O discurso de Tiago: 15, 13-21
Entra	em	cena	Tiago,	importante	figura	da	Igreja	de	Jerusa-
lém.	 Em	12,17,	 Pedro,	 depois	 de	 sua	 libertação	da	prisão,	 pede	
que	avisem	a	Tiago	do	fato	e,	em	seguida,	vai	para	outro	lugar.	Este	
Tiago	tem,	como	sugere	Gálatas	2,9,	um	notável	destaque	junto	a	
Pedro	e	João.	
Tiago	toma	a	palavra	e,	citando	Simeão	(Pedro)	na	sua	expo-
sição,	afirma	que	Deus	dignou	escolher	os	gentios	para	que	conhe-
cessem	seu	Nome.	Isto	é	uma	imagem	metafórica,	pois	"conhecer	
o	Nome	de	Deus",	é	estar	em	comunhão	com	Ele.	Em	seguida,	Tia-
go	afirma	a	abertura	aos	pagãos	como	uma	profecia,	citando	Amós	
9,	11-12.	Tiago,	então,	declara-se	favorável	à	aceitação	dos	pagãos	
no	grupo	de	cristãos,	os	convertidos	a	Deus.	Acrescenta,	depois,	
apenas	algumas	normas	de	natureza	universal:	que	os	convertidos	
não	consumam	carnes	sacrificadas	aos	ídolos,	isto	é,	animais	mor-
tos	em	cultos	pagãos,	o	que	configura	uma	participação	no	sacrifí-
cio	aos	deuses.	As	carnes	sufocadas	e	o	sangue	reduzem-se	a	um	
ponto:	o	animal	sufocado	retém	o	sangue,	e	ele	é	a	fonte	da	vida.	
Assim,	não	se	deve	consumir	o	sangue,	nem	a	carne	sufocada.	As	
uniões	ilegítimas	são	um	elemento	de	influência	ritual,	fruto	dos	
109© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
costumes	judaicos	de	pureza	e	impureza,	mas,	dentro	do	contexto	
da	controvérsia,	tudo	isso	é	de	menor	importância	e	parece	que	a	
situação	será	solucionada	assim.	
O	que	não	fica	bem	explicado	aqui	é	o	porquê	de	Tiago	ter	de	
fazer	um	discurso,	sendo	que	Pedro	já	tinha	feito	o	seu.	Está	bem	
evidente	que	este	Tiago	detinha	sobre	os	cristãos	de	origem	judai-
ca	uma	notável	autoridade.	E	mais:	na	realidade,	a	situação	ain-
da	não	está	solucionada,	como	se	pode	ler	em	Gálatas	2,	em	que	
Paulo	apresenta	sua	versão	deste	Concílio	de	Jerusalém	com	bem	
menos	reverência	às	autoridades	(e	até	com	uma	ponta	de	ironia).	
Ele	recorda	que	depois	das	decisões,	quanto	ao	comportamento	
de	cristão–judeus	e	cristão–gregos,	Pedro	comportou-se	de	modo	
ambíguo	em	uma	situação	que	poderia	causar	contradição.	Como	
já	falamos	em	outro	passo,	esta	situação	somente	será	soluciona-
da	com	a	separação	definitiva	entre	a	Igreja	e	a	Sinagoga.	
Note bem que as expressões "Igreja" e "Sinagoga", usadas aqui, 
são metáforas. "Igreja" não é a instituição, mas é o grupo cristão, 
com suas realidades concretas, bem como "Sinagoga" não é a 
construção material para reuniões nem a reunião em si, mas o Ju-
daísmo e seus valores e realidades. De tal forma, separação entre 
Igreja e Sinagoga quer dizer ruptura entre os dois grupos e o que 
eles representam e são. 
A carta apostólica: 15, 22-33 
A	solução	encontrada	pelo	grupo	é	expressa	em	uma	carta,	
dirigida	aos	irmãos	"gentios"	ou	"pagãos"	que	moravam	em	Antio-
quia,	na	Síria	e	na	Cilícia.	Imediatamente	a	carta	cita	"alguns	dos	
nossos",	isto	é,	da	parte	dos	Apóstolos	e	dos	anciãos.	Estes	"alguns	
dos	 nossos"	 foram	 sem	mandato	 deles,	 os	Apóstolos	 e	 anciãos,	
anunciar	 os	 costumes	 judaicos	 como	 necessários	 aos	 pagãos.	 A	
carta	informa	que	o	grupo	de	Apóstolos	e	anciãos	enviou	Paulo	e	
Barnabé,	que	antes	vieram	com	o	problema	para	ser	exposto,	para	
os	pagãos	com	as	informações	necessárias.	Os	dois,	Paulo	e	Barna-
bé,	são	reconhecidos	como	homens	que	expuseram	sua	vida	pelo	
© Atos dos Apóstolos110
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
nome	do	Senhor	Jesus	Cristo	(versículo	26).	Judas	e	Silas	também	
são	enviados	pelo	grupo	de	Apóstolos	e	anciãos	de	Jerusalém	para	
afirmar	e	confirmar	a	decisão.	
Esta	 decisão	 implica	 algo	 notável,	 pois,	 em	 15,28,	 lemos:	
"[...]	pareceu	bem	ao	Espírito	Santo	e	a	nós	não	vos	impor	nenhum	
outro	peso	além	destas	coisas	necessárias".	As	tais	"coisasneces-
sárias"	já	sabemos	o	que	são:	a	abstenção	das	carnes	imoladas	aos	
ídolos,	do	sangue,	carnes	sufocadas	e	uniões	ilegítimas.	O	que	cha-
ma	a	atenção,	e	é	realmente	importante	aqui,	é	a	formulação:	"pa-
receu	bem	ao	Espírito	Santo	e	a	nós".	Já	não	se	alega	a	autoridade	
da	Torah,	mas	sim	a	presença	do	Espírito	Santo	e	a	autoridade	de	
"nós",	isto	é,	o	grupo	de	Apóstolos	e	anciãos.	
O	que	ocorreu	aqui	é	que	aqueles	cristãos	das	origens,	com	
todos	os	seus	limites	e,	em	muitos	casos,	visões	estreitas,	deixam	
de	seguir	a	Torah	(ao	menos	como	fonte	única	de	autoridade)	e	
começam	a	fazer,	eles	próprios,	a	"didaké",	 isto	é,	a	 instrução,	a	
determinação,	a	orientação	que	vem	do	fato	de	terem	o	dom	do	
Espírito	e	serem	discípulos	de	Jesus.	É	neste	sentido	que	este	epi-
sódio,	 o	Concílio	 ou	 a	Assembleia	Apostólica	de	 Jerusalém,	 tem	
uma	notável	importância.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
 A expressão "didaké" é o nome de uma obra, provavelmente do século2º. "Di-
daké: doutrina dos Apóstolos", é um texto atribuído aos Apóstolos, embora não 
seja realmente de origem direta deles. Aqui, a palavra "didaké" significa o proces-
so de transmitir o conhecimento e a adesão da fé de um modo magistral, isso é, 
no ensino com autoridade de quem viveu antes o que apresenta. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
9. TEOLOGIA DE ATOS DOS APÓSTOLOS
A	Igreja,	no	tempo	de	Atos dos Apóstolos,	não	era	o	que	hoje	
conhecemos.	Em	nossos	dias	há	 ritos,	planos	pastorais,	ministé-
rios	definidos,	organização	etc.Entretanto,	nos	tempos	de	Atos dos 
Apóstolos	não	havia	estes	elementos,	mas	apenas	uma	novidade	
111© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
que	deveria	ser	partilhada	com	a	vida:	Jesus	Cristo,	sua	Pessoa	e	
Missão.	Os	Apóstolos	e	discípulos	que	haviam	conhecido	Jesus	po-
diam	partilhar	isso	com	seus	ouvintes.	Esta	partilha	é	o	que	cha-
mamos	de	"Anúncio"	e	"Catequese".
Anúncio 
O	anúncio	é	a	declaração	 solene,	 forte	e	decidida	de	uma	
notícia	muito	importante.	A	palavra	"anúncio"	é	a	tradução	da	pa-
lavra	grega	"kerigma"ou	"querigma".	Trata-se	de	uma	atitude	que	
insiste	no	destaque,	na	valorização	da	notícia	que	se	deseja	trans-
mitir	e,	no	caso	bíblico,	valorização	da	Pessoa	que	se	anuncia.	
O	que	se	anuncia	é	o	Evangelho,	conceito	que	já	foi	estudado	
por	nós.	Recordemos	que	esta	palavra	significa	"boa	nova",	"boa	no-
tícia"	e	outras	possíveis	combinações	cujo	sentido	último	é	sempre	
este:	algo	bom,	alegre,	válido	e	de	grande	repercussão	que	aconte-
ceu	e	deve	ser	difundido.	Visto	desta	forma,	Evangelho	não	tem	uni-
camente	uma	conotação	"religiosa"	ou	"de	fé",	mas	é	toda	notícia	
boa.	Desta	notícia	boa	se	faz	o	querigma,	isto	é,	o	anúncio.	
O	anúncio	é	também	a	difusão	da	notícia.	Em	Atos dos Após-
tolos	e	nos	Evangelhos,	bem	como	em	todo	o	Novo	Testamento,	a	
ideia	de	anúncio	é	o	pano	de	fundo	para	todos	os	textos.	De	diver-
sas	maneiras	e	sob	muitos	estilos,	o	Novo	Testamento,	em	seus	27	
livros,	é	um	conjunto	de	fórmulas	de	anúncio,	sendo	que	o	grande	
e	decisivo	anúncio	é	a	ressurreição	de	Jesus	Cristo.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A ideia de anúncio ou querigma é um ponto de grande importância para a com-
preensão dos textos bíblicos. Enquanto eles são lidos como biografia, perde-se 
a força de sua expressão e o seu conteúdo pode se diluir em vagas noções de 
ação e reação de personagens. Se os mesmos textos forem observados como 
querigma, então o que sobressai é a novidade de uma presença ou a proposta 
de um jeito novo, inédito de ser, agir e pensar. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	sociedade	daqueles	tempos	era	marcada	pela	morte.	Esta	
acontecia	não	como	nos	nossos	dias,	muitas	vezes	restrita	às	UTI's	
© Atos dos Apóstolos112
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
de	hospitais.	A	morte	acontecia	dentro	de	casa,	com	enfermidades	
que	são	combatidas	hoje	com	simples	comprimidos.	Havia,	tam-
bém,	um	desprezo	pela	vida	humana	e,	por	isso,	não	era	fora	do	
comum	ver	a	luta	armada	em	praça	ou	como	forma	de	diversão.	
Recordemos	dos	jogos	que	ocorriam	nos	estádios	romanos,	onde	
a	vida,	tanto	de	animais	como	de	seres	humanos,	em	geral	escra-
vos,	era	colocada	à	disposição	do	humor	da	multidão.	Além	disso,	
havia	também	o	costume	hediondo	de	abandonar	crianças	recém-
nascidas	no	lixo.
Isso	tudo	fazia	que	a	mensagem	cristã,	o	anúncio	de	Jesus	Cris-
to	morto	e	ressuscitado,	fizesse	sucesso	entre	as	pessoas,	especial-
mente,	entre	as	mais	marcadas	pela	fragilidade	de	seu	físico	e	sua	
realidade	e	assustadas	com	a	opressão	da	sociedade,	em	especial	
a	do	 Império	Romano.	Era,	portanto,	uma	"sociedade	de	morte",	
de	forma	que	o	anúncio	do	Ressuscitado	se	apresentava	como	uma	
possibilidade	de	vida	e	um	caminho	de	esperança	de	salvação.			
Pedro	declara	em	Atos	2,22-24:	
[...]	Jesus	de	Nazaré,	homem	de	quem	Deus	deu	testemunho	diante	
de	vós	com	milagres,	prodígios	e	sinais,	que	Deus	por	ele	realizou,	
como	vós	mesmos	o	sabeis	depois	de	ter	sido	entregue,	segundo	os	
desígnios	da	presciência	de	Deus,	vós	o	crucificastes	e	o	matastes	
por	mãos	dos	ímpios.	Mas	Deus,	desfazendo	as	angústias	da	morte,	
o	ressuscitou,	pois	não	era	possível	que	a	morte	o	mantivesse	em	
seu	poder.
Esta	palavra	decidida	de	Pedro,	tantas	vezes	repetida	entre	
os	discípulos	e	exposta	por	outros	cristãos,	marca	o	anúncio.	Note	
que	 todo	 o	 Novo	 Testamento	 está	 assinalado	 pela	 presença	 do	
anúncio.	
Este	anúncio,	porém,	diz	respeito	não	apenas	a	Jesus	Cristo,	
mas	envolve	também	seus	discípulos.	Se	o	Mestre	morreu	e	res-
suscitou,	quem	está	vivendo	em	uma	sociedade	de	morte	poderá	
também,	mesmo	morto,	 encontrar	 a	 vida	pela	 ressurreição.	 Por	
isso	o	Cristianismo	fez	sucesso	no	início:	pela	proposta	da	vida	que	
apresentava.	
113© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
Catequese 
A	palavra	"catequese"	significa	"ensino",	"instrução".	Pode-
se	entender	catequese,	também,	como	caminho	a	ser	percorrido	
mediante	uma	instrução.	É	a	apresentação	do	modo	de	ser	cristão,	
de	caminhar	e	crescer	na	fé	e	na	experiência	de	Deus.	O	ponto	de	
partida	é	a	aceitação	de	Jesus	Cristo,	morto	e	ressuscitado	e	a	pos-
sibilidade	de,	com	Ele,	também	ressuscitar.	
Os	textos	que	apresentam	catequeses	em	Atos dos Apóstolos	
e	em	todo	o	Novo	Testamento	são	de	fundamental	 importância.	
Eles	são	os	testemunhos	de	como	a	Igreja	das	origens	apresentava	
o	mistério	de	Jesus	Cristo	e	o	propunha	para	ser	seguido	e	compre-
endido	pelos	seus	ouvintes.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Juntamente com querigma ou anúncio a expressão catequese é de notável im-
portância para a compreensão dos textos bíblicos. Catequese é a proposta de 
um caminho, de um roteiro; pode ser o próprio roteiro de ensinamento. Moderna-
mente este conceito passou a referir-se à instrução religiosa e à reprodução de 
fórmulas, o que esvaziou muito o sentido original. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Diversos	 são	 os	 textos	 "catequéticos"	 presentes	 em	 Atos.	
Estas	"catequeses"	acontecem	em	forma	narrativa:	conta-se	uma	
história,	um	fato	de	modo	articulado,	que	manifesta	um	caminho	
cristão.	O	texto	existe	para	ensinar	a	seguir	o	Senhor	de	um	modo	
coerente,	conforme	uma	proposta	específica.	Por	exemplo,	em	al-
guns	dos	textos	que	já	vimos	em	Atos	10,	1-33	há	o	episódio	de	
Pedro	e	Cornélio.	Temos	ali	uma	catequese	sobre	a	abertura	do	
Cristianismo	a	todos	os	povos,	lembrados	pelo	romano	Cornélio.	
O	texto	seguinte,	Atos	10,34-43,	apresenta	Pedro	demonstrando	
sua	convicção	de	que	o	que	aconteceu,	a	abertura	dos	pagãos	na	
aceitação	da	fé,	é	um	dado	que	merece	um	anúncio	de	Jesus	Cris-
to.	Então,	Pedro	faz	um	anúncio	mais	longo	nos	versículos	34–43,	
apresentando	a	Cornélio,	e	aos	outros	que	com	ele	estavam,	a	pos-
sibilidade	de	entrar	no	grupo	cristão	e	motivo	pelo	qual	isso	seria	
bom	para	eles.	
© Atos dos Apóstolos114
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
A	catequese	completa	e	preenche	o	anúncio	e	é	introduzidapor	ele,	que	a	torna	aceitável	e	possível.	Estes	dois	conceitos,	ca-
tequese	e	anúncio,	são	os	que	mais	se	destacam	em	todo	o	Novo	
Testamento.	Em	Atos dos Apóstolos,	especialmente	na	prática	de	
Paulo,	expressa	na	segunda	parte	do	livro,	vemos	claramente	como	
isto	acontecia.	
Na	segunda	viagem	missionária	de	Paulo,	ele	chega	a	Filipos.	
Atos	16,11-15	apresenta-nos	em	poucos	versículos	o	que	lá	acon-
teceu	e	nos	dá	uma	ideia	da	ação	apostólica.	Inicialmente,	Paulo	
e	seus	companheiros	ficam	na	cidade	e	observam.	No	Sábado,	dia	
de	oração	dos	judeus,	Paulo	vai	até	o	rio	que	passa	pela	cidade.	Se-
gundo	Atos	16,13	eles	haviam	observado	que	lá	se	reunia	um	gru-
po	para	a	oração.	Ao	que	tudo	indica,	era	um	grupo	unicamente	de	
mulheres	que	ouviu	o	anúncio	de	Jesus	Cristo.	Dentre	elas	sobres-
saiu	Lídia,	uma	negociante	de	púrpura	que	aceitou	o	anúncio	de	
Jesus	Cristo	e	começou	um	processo	de	conversão	de	todos	de	sua	
casa,	como	podemos	ler	em	Atos 16,15.	O	texto	é	concluído	com	
a	informação	de	que	Paulo	e	seus	companheiros	hospedaram-se,	
depois,	na	casa	de	Lídia.	
Este	foi	o	passo	inicial,	com	um	anúncio	e	uma	catequese	pe-
quena,	mas	já	esboçada	no	texto.	Esta	estadia	de	Paulo	em	Filipos	
não	foi	muito	proveitosa,	pois	acabou	em	perseguição.	Todavia,	o	
"caminho",	nome	pelo	qual	o	Cristianismo	era	conhecido,	come-
çou	a	ser	"percorrido",	vivido	pelos	filipenses.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Esta expressão "caminho", aplicada ao Cristianismo e ao grupo de discípulos, é o 
modo de indicar não apenas a conduta do fiel que tem uma "direção" ética, mas 
sobretudo é a adesão a quem se declarou, ele próprio, como sendo O Caminho. 
Em João 14,6 Jesus se identifica como "caminho, verdade e vida". Estar no Ca-
minho é identificar-se com o Senhor e fazer parte de um grupo específico. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Um	pouco	mais	adiante,	em	Atos	17,16-34,	vemos	Paulo	indo	
a	Atenas,	 importante	 cidade	da	Grécia,	onde	percorre	as	 ruas	e	
tenta	compreender	a	mentalidade	dos	gregos.	Em	17,22-33	Paulo	
115© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
faz	uma	catequese	e	um	anúncio	de	Jesus	Cristo,	o	ressuscitado.	O	
livro	de	Atos	mostra	o	fracasso	deste	empenho	paulino,	quando	os	
atenienses	o	deixaram,	alegando	que	o	ouviriam	outra	vez	(17,32).	
De	um	aparente	fracasso,	surgiu	uma	pequena	semente.	Em	17,33	
lemos	que	a	fé	foi	abraçada	por	alguns:	Dionísio,	o	aeropagita	(mo-
rador	do	"areópago",	um	lugar	de	Atenas)	com	sua	esposa,	Dama-
ris,	e	outros	com	eles.	
Assim	é	que	o	Evangelho	era	difundido:	pela	apresentação	do	
anúncio	e	da	catequese.	Atos dos Apóstolos	e	os	Evangelhos,	bem	
como	todo	o	Novo	Testamento,	são	diversos	conjuntos	de	anúncio	
e	 catequese	e	devem	ser	 lidos	desta	 forma,	não	como	biografia	
de	Jesus	(caso	dos	Evangelhos)	ou	da	Igreja	(caso	de	Atos).	É	uma	
narração	de	índole	teológica	que	expressa,	em	diversos	passos	e	
situações,	o	anúncio	de	Jesus	Cristo,	morto	e	ressuscitado,	e	como	
segui-lo.	
10. AMOSTRA DE INTERPRETAÇÃO
Discurso de Paulo em Atenas (Atos 17,22-31)
O	discurso	de	Paulo	em	Atenas	marca	um	passo	importante	
na	segunda	viagem	missionária.	Ele	se	dirige	ao	mundo	grego,	isto	
é,	à	cultura	dominante	da	época.	Ir	até	esta	cultura	é	abrir	a	comu-
nicação	com	a	língua,	os	costumes,	estruturas	e	o	modo	de	pensar	
que	marcava	toda	a	bacia	do	Mediterrâneo.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O grego era a língua franca daqueles tempos, um pouco como o inglês é hoje em 
dia. Isto teve início com as conquistas de Alexandre Magno, três séculos antes 
de Cristo. Ele expandiu o modo de pensar e falar da Hélade (Grécia) por todo o 
Mediterrâneo, passando pelo Egito e pela Palestina, chegando até o rio Indo.
Com a sua morte prematura, suas conquistas foram divididas entre os generais 
que o acompanhavam e que continuaram o processo de helenização. Todo este 
processo foi dramático para os Judeus e suas tradições: basta recordar os dois 
livros dos Macabeus. A opressão helênica foi seguida pela conquista romana, 
mas a sociedade era basicamente dominada pela cultura grega, inclusive a lín-
gua. O próprio Judaísmo precisou adaptar-se e foi em Alexandria, no Egito, que 
© Atos dos Apóstolos116
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
o texto hebraico das Escrituras foi traduzido para a língua grega, formando o que 
se chama de "Septuaginta" ou Bíblia dos "Setenta" (LXX).
Este é um dos fatores que fez o Cristianismo nascente se difundir rapidamente: 
a língua, as possibilidades de comunicação em grego, conhecido por muitos, ao 
invés do hebraico, conhecido apenas pelas comunidades da Judeia. A Septua-
ginta era o texto de referência na pregação entre os pagãos. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Paulo	dirige-se	aos	pensadores	e	políticos	gregos,	bem	como	
à	 gente	do	povo,	 os	 quais	 estavam	preocupados	 com	o	 estilo	 de	
vida,	as	facilidades	e	as	vantagens	comerciais	que	uma	boa	aparên-
cia	e	ideias	claras	poderiam	dar.	Paulo	explora	a	cidade	de	Atenas	
e	vê,	cheio	de	um	tipo	de	sentimento	difícil	de	identificar	(17,16)	o	
quanto	os	gregos	eram	apegados	aos	deuses	e	à	sua	idolatria.	Ele	
faz	então	a	tentativa	inédita	de,	partindo	de	supostos	argumentos	
racionais,	próximos	da	filosofia,	apresentar	Jesus	Cristo	como	cami-
nho	de	vida.	
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A filosofia nasceu na Grécia. Antes dela, o que havia eram os mitos: explica-
ções fantásticas para a realidade, para a vida, o mundo, o homem etc. O mito 
fazia referência aos deuses e semideuses. A filosofia tenta explicar as mesmas 
realidades (vida, mundo, homem) racionalmente, encontrando padrões e conse-
quências. Primeiro, é a natureza que os filósofos tentam explicar; depois o ser 
humano e, por último, vem Deus. Simplificando este argumento, vem depois o 
"Ser". Com Platão e Aristóteles a busca da compreensão do "Ser" atinge uma 
altura notável. 
Paulo conheceu filósofos, como o texto de Atos informa em 17,18 (epicureus e 
estóicos), mas parece que os argumentos paulinos não lograram sucesso. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
O	discurso	pode	ser	dividido	em	três	partes:
1)	 Uma	introdução	(17,22-23).
2)	 Argumentos	sobre	a	criação	(17,24-28).
3)	 Anúncio	de	Jesus	Cristo	e	da	ressurreição	(17,29-31).
Vamos	compreender	melhor	cada	uma	das	partes
Introdução: 17,22-23
Paulo	entra	em	cena	de	modo	solene.	No	areópago,	na	praça	
central	de	Atenas,	Paulo	chama	a	atenção	dos	homens	livres,	dos	
117© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
pensadores	 e	 políticos.	 Recordemos	 que	 não	 estamos	mais	 nas	
épocas	gloriosas	daquela	cidade	e	de	seus	habitantes,	bem	como	
não	temos	os	grandes	filósofos	ali	presentes.	
Paulo	inicia	a	argumentação	tentando	criar	em	seus	ouvin-
tes	algum	interesse,	o	que	parece	muito	lógico:	entre	os	Judeus	o	
interesse	já	existia,	pois	havia	as	profecias,	mas	entre	os	pagãos,	
Paulo	deve	apresentar	outros	argumentos.	Ele	escolhe	o	argumen-
to	 religioso,	 evidenciando	o	 grupo	de	deuses	que	os	 atenienses	
cultuavam.	Talvez	Paulo	devesse	não	ter	partido	deste	argumento,	
e	sim	ido	ao	encontro	das	pessoas	falando	da	sabedoria	de	Deus	
em	agir	na	história	das	pessoas.	
Paulo	 anuncia	 então	 sua	 proposta,	 afirmando	 que	 encon-
trou,	entre	os	altares	e	estátuas	de	deuses,	uma	dedicada	ao	"deus	
desconhecido".	É	aqui	que	Paulo	entra	em	seu	verdadeiro	assunto.	
No	final	de	20,23,	ele	diz	claramente:	"O	que	adorais	sem	o	conhe-
cer,	eu	vo-lo	anuncio!"
Sobre a Criação: 17,24-28
Paulo	inicia	afirmando	que	Deus	fez	tudo	o	que	há	no	mundo.	
Em	uma	sociedade	marcada	pelo	mito	de	diversos	deuses	e	semi-
deuses,	Paulo	apresenta	um	Deus	único,	independente	de	templos	
feitos	pela	mão	humana	(17,24-25).	Paulo	estabelece	uma	relação	
de	proximidade	entre	 este	Deus	 criador	 supremo	e	 sua	 criatura	
humana	(17,27-28),	sugerindo	uma	aliança	com	toda	a	natureza	e	
com	o	ser	humano,	seja	ele	de	que	nação	for.	É	uma	mensagem	ou	
um	testemunho,	sem	dúvida,universalista.	
Paulo	conclui	citando	alguns	poetas	gregos,	como	ele	mes-
mo	anuncia,	que	afirmaram	sobre	si	mesmos:	"nós	também	somos	
de	tua	raça	 [...]"	 (17,28).	Dá	a	entender	que	também	os	gregos,	
isto	é,	pagãos,	poderão	compreender	a	mensagem	da	salvação,	do	
Cristo	que	é	Jesus	e	que	Paulo	está	para	anunciar.	
© Atos dos Apóstolos118
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Anúncio de Jesus Cristo e da Ressurreição: 17, 29-31
Paulo	preparou	este	momento	e	chega	a	ele	com	intensida-
de	de	orador,	convencido	de	que	 irá	apresentar	a	grande	verda-
de	da	 vida	e	da	história.	Declara,	 finalmente,	 que	 todos	podem	
ter	acesso	ao	conhecimento	da	verdade	que	antes	lhes	havia	sido	
impossível	compreender.	Esta	compreensão,	que	Paulo	supõe	ser	
desejada	pelos	gregos,	vem	por	meio	de	Jesus	Cristo,	aquele	que	
Deus	ressuscitou,	isto	é,	fez	levantar	da	morte.	
Infelizmente,	 a	 reação	dos	 ouvintes	 não	 é	 das	melhores	 e	
Paulo	sai,	aparentemente,	 frustrado	com	o	anúncio	 feito	e	a	 re-
cepção	dos	atenienses.	Sabemos,	contudo,	que	as	sementes	darão	
frutos	e	dali	sairá	muito	do	que	hoje	somos	como	tradição	cristã,	e	
do	que	temos	como	símbolos	e	expressões.	
11. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	na	sequência,	as	questões	propostas	para	verificar	
seu	desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Os	 gêneros	 literários	 são	de	grande	 importância	para	o	entendimento	da	
Bíblia.	Sem	seu	conhecimento	corre-se	o	risco	de	ler	todos	os	textos	do	mes-
mo	modo	e,	assim,	entendê-los	erroneamente.	Quais	são	os	principais	gê-
neros	 literários	da	Bíblia?	Observação:	A	resposta	para	esta	questão	pode	
ser	bem	simples,	bastando	consultar	as	listas	nesta	unidade.	Contudo,	o	que	
você	deve	fazer	não	é	reproduzir	as	listas,	mas	sim,	partindo	delas,	tentar	
identificar	os	textos	bíblicos	em	seus	grupos	maiores.	Por	exemplo:	gênero	
literário	de	"poesia":	Livro	dos	Salmos,	e	assim	por	diante.	
2)	 Descreva	o	gênero	literário	"evangelho"	e	o	sentido	que	ele	expressa,	tanto	
no	mundo	antigo	quanto	na	literatura	bíblica.	
3)	 Quais	aspectos	são	mais	distintos	(diferentes)	entre	a	biografia	e	o	gênero	
evangelho?
4)	 Como	é	composto	o	texto	de	Atos dos Apóstolos?	De	uma	única	narração	
com	um	único	foco	e	personagem	ou	com	vários	focos	e	personagens?	São	
vários	os	"atos	de	apóstolos"	dentro	de	"Atos dos Apóstolos"?
5)	 O	que	são	"sumários"	e	qual	a	sua	importância	dentro	do	texto	de	Atos?
6)	 Quantas	viagens	missionárias	de	Paulo	encontram-se	indicadas	em	Atos?
119© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
7)	 Voltando	para	os	 conceitos	 fundamentais	 sobre	Atos,	apresentados	ainda	
em	outras	unidades,	qual	é	o	projeto	teológico	fundamental	da	obra	de	Lu-
cas–Atos?
8)	 O	Concílio	ou	Assembleia	apostólica	de	 Jerusalém	foi	motivado	por	ques-
tões	particulares.	Quais	 foram	estas	questões?	E	quais	 foram	as	 soluções	
apresentadas?
9)	 Mesmo	que	 o	 Concílio	 ou	Assembleia	 de	 Jerusalém	não	 tenha	 tido	 êxito	
como	 se	esperava,	 algo	 importante	 aconteceu.	A	 carta	de	Tiago	expressa	
este	 ponto	 importante,	 não	na	 solução	dos	 problemas,	mas	 no	modo	de	
expor	a	solução.	Qual	é	este	ponto?
10)	Como	articular	os	conceitos	"anúncio"	e	"catequese"	no	texto	de	Atos dos 
Apóstolos?	Qual	 o	 sentido	de	 cada	um	destes	 termos	e	 como	devem	 ser	
compreendidos?
12. CONSIDERAÇÕES 
O	livro	dos	Atos dos Apóstolos	faz	parte	do	gênero	narrativo	
teológico.	Junto	aos	Evangelhos Sinóticos	e	João,	Atos dos Após-
tolos	evidencia	o	anúncio	e	a	Catequese	sobre	Jesus	Cristo	e	sua	
ação	salvadora.	Embora	o	texto	tenha	o	título	de	"Atos	dos	Após-
tolos",	nem	todos	os	tais	Apóstolos	têm	lá	sua	ação	anotada,	mas	
podemos	encontrar	a	relação	de	fatos	e	ditos	de	alguns	persona-
gens	importantes.	O	que	o	livro	de	Atos	apresenta	é	uma	seleção	
de	fatos	escolhidos	e	significativos.	O	autor	selecionou	o	que	lhe	
parece	mais	importante	e	necessário	para	o	anúncio	e	a	catequese	
que	desejava	apresentar.	
Desse	modo,	encontram-se	diversos	elementos	 interessan-
tes	em	Atos	que	sinalizam	a	evolução	da	Comunidade	Cristã	e	que	
vimos	nesta	unidade.	O	Concílio	de	Jerusalém,	no	capítulo	15,	tam-
bém	chamado	de	assembleia	apostólica	de	Jerusalém,	que	anali-
samos	nesta	unidade,	é	um	momento	decisivo	no	texto.	Aqui,	as	
tensões	entre	o	Cristianismo	de	origem	pagã	e	o	de	origem	judaica	
são	evidenciadas	e	alguma	solução	é	tentada.	Pedro	tem	notável	
importância	nisto	tudo,	embora	muitas	vezes	não	apareça	em	pri-
meiro	plano	sozinho,	mas	acompanhado	por	Tiago.	O	que	se	nota	
é	uma	liderança	partilhada	ou	dois	grupos	que	vão	aos	poucos	se	
© Atos dos Apóstolos120
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firmando.	Pedro	é	o	que	primeiro	dá	o	passo	em	direção	ao	mun-
do	pagão,	como	já	vimos	na	unidade	anterior.	Depois	dele	outros	
poderão	fazer	o	trabalho	da	evangelização.
A	Assembleia	de	Jerusalém	(capítulo	15)	e	a	entrada	de	Pau-
lo	no	mundo	grego	(capítulo	17,	analisado	anteriormente)	marcam	
a	nova	etapa	da	expansão	do	Evangelho.	Vemos	claramente	que	o	
autor	do	texto	evidencia	o	testemunho	indo	até	os	confins	da	ter-
ra,	conforme	o	"versículo	programático"	de	1,8.	Isso	tudo	é	muito	
notável	e	até	surpreendente.	Vejamos:	
1)	 O	anúncio	de	Jesus	como	Messias,	Cristo	em	grego,	isto	
é,	pessoa	escolhida	(Cristo:	ungido,	marcado	com	o	sinal	
da	 unção,	 portanto	 escolhido,	 determinado	 para	 uma	
identidade	e	missão)	deveria	interessar	inicialmente	aos	
judeus.	Afinal,	eles	são	o	povo	da	Aliança,	herdeiro	das	
Promessas	do	Antigo	Testamento.	
2)	 No	entanto,	este	anúncio	não	se	limitará	ao	mundo	ju-
daico.	Felizmente,	devemos	dizer,	pois	a	grande	evolu-
ção	da	Igreja	se	dará	no	mundo	pagão.	
3)	 A	aceitação	do	Cristianismo	no	mundo	pagão	transfor-
mou	 a	 figura	 de	 Jesus.	 Ele	 não	 era	 apenas	 o	Messias	
esperado	por	 Israel,	mas	passou	a	ser	o	realizador	das	
esperanças	humanas,	respondendo	não	somente	às	ex-
pectativas	judaicas,	mas	às	necessidades	mais	interiores	
do	ser	humano.	
4)	 Além	disso,	Paulo	e	os	evangelizadores	do	mundo	pagão	
souberam	apresentar	Jesus	sem	os	elementos	muito	liga-
dos	ao	Judaísmo,	o	que	o	fez	ser	mais	facilmente	aceito.	
Lamentavelmente,	a	Assembleia	de	Jerusalém	não	solucio-
nou	os	problemas	evidentes	na	evangelização,	o	problema	da	con-
vivência	entre	cristãos	de	origem	pagã	e	os	de	origem	judaica	per-
manecerão	por	muito	tempo.	Somente	com	a	separação	definitiva	
entre	o	Judaísmo	e	o	Cristianismo	pôde	haver	mais	segurança	na	
evangelização.
Talvez	o	mais	importante	em	tudo	isso	é	que,	na	Assembleia	
ou	Concilio	de	Jerusalém	os	apóstolos	deixaram	de	apenas	ouvir	e	
121© Atos dos Apóstolos: Passos Fundamentais da Igreja
seguir	a	Torah	e	passaram	a	fazer	as	suas	decisões,	a	"didaké",	en-
sinamento.	Este	é	um	dos	elementos	a	ser	evidenciados	no	texto	
de	Atos	dos	Apóstolos:	a	catequese,	precedida	pelo	anúncio.
13. E-REFERÊNCIA
BASÍLICA	SÃO	PAULO.	São Paulo fora dos muros.	Disponível	em:	<http://www.vatican.va/
various/basiliche/san_paolo/po/san_paolo/concilio.htm>.	Acesso	em:	11jun.	2011.
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGER,	K.	As formas literárias do Novo Testamento.	São	Paulo:	Loyola,	1998.		(Coleção	
Bíblica	Loyola,	nº	23).
BÍBLIA	DE	JERUSALÉM.	Atos dos Apóstolos.	Introdução.	São	Paulo:	Paulus,	2006.	BÍBLIA	DO	
PEREGRINO.	Atos dos Apóstolos.	Introdução.	São	Paulo:	Paulus,	2002.	BÍBLIA.	Tradução 
Ecumênica.	Atos	dos	Apóstolos.	Introdução.	São	Paulo:	Loyola,	1994.	
CARMONA,	A.	R.	Obra	de	Lucas	 (Lucas	 -	Atos).	 In:	MONASTERIO,	R.	A.;	CARMONA,	A.	
R. Evangelhos sinóticos e Atos dos Apóstolos.	 São	 Paulo:	 Ave	 Maria,	 2000.	 (Coleção	
Introdução	ao	estudo	da	Bíblia,	v.	6).
DUPONT,	 J.	Estudos sobre os Atos dos Apóstolos.	 São	 Paulo:	 Paulinas,	 1974.	 (Coleção	
Bíblica,	n.	17).	
KÜMMEL,	W.	G.	Introdução ao Novo Testamento.	Paulinas:	São	Paulo,	1982.	MAROCCO,	
G.;	GHIDELLI,	C.	Atos	dos	Apóstolos.	In:	BALLARINI,	T.	et	al.	Atos e as grandes epístolas 
paulinas.	Petrópolis:	Vozes,	1974.	v.	1.		
SCHREINER,	J.;	DAUTZENGERG,	G.	Forma e exigências do Novo Testamento.	São	Paulo:	
Paulinas,	1977.Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO

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