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Introducao a Liturgia 2

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Prévia do material em texto

EA
D
Aproximação 
Fenomenológica da 
Celebração 
Litúrgica 2
1. OBJETIVOS
•	 Identificar	 os	 elementos	 antropológicos	 que	 estão	 na	
base	da	liturgia	cristã.
•	 Distinguir	os	elementos	 teológicos	próprios	da	natureza	
da	liturgia.
•	 Reconhecer,	por	meio	de	uma	aproximação	fenomenoló-
gica,	as	estruturas	e	elementos	constitutivos	da	celebra-
ção	litúrgica.
2. CONTEÚDOS
•	 Quem	celebra	–	a	assembleia	celebrante:	epifania	da	Igre-
ja.
•	 Celebração	litúrgica	como	celebração	festiva	e	eclesial.
•	 Características	eclesiais	da	assembleia	litúrgica.
•	 Tensões	presentes	na	assembleia	celebrante.
© Introdução à Liturgia34
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
•	 Onde	se	celebra	–	espaço	sagrado.
•	 Quando	se	celebra	–	tempo	litúrgico.
•	 Como	se	celebra.	
•	 Estruturas	da	liturgia.
•	 Elementos	constitutivos	da	celebração	litúrgica:	leituras,	
homilia,	orações	e	cantos.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE 
Antes	de	 iniciar	o	estudo	desta	unidade,	é	 importante	que	
você	leia	as	orientações	a	seguir:
1)	 Para	enriquecer	o	seu	estudo	sobre	os	outros	ministé-
rios	(diferentes	do	ministério	da	presidência).	Leia:	VAL-
LE,	S.	Autores	da	celebração	litúrgica.	São	Paulo:	Edições	
Loyola,	1999.	Este	texto	apresenta	uma	visão	prática	dos	
ministérios	 litúrgicos,	 partindo	 do	 cotidiano	 de	 nossas	
celebrações.
2)	 É	 importante	 aprofundar	 seus	 conhecimentos	 sobre	 o	
tema:	Preparando	passo	a	passo	a	celebração.	Um	mé-
todo	para	as	equipes	de	celebração	das	 comunidades,	
de	 autoria	BARONTO,	 L;	 E.	 P.	 São	Paulo:	 Paulus,	 1997;	
BUYST,	I.	–	Equipe	de	liturgia.	São	Paulo:	Paulinas,	2006.	
3)	 Também	será	importante	saber	mais	sobre	o	Rito	de	De-
dicação	da	Igreja	e	do	Altar	com	o	qual	se	consagram	as	
igrejas?	Confira	as	obras	a	seguir:	
•	 JOHNSON,	C.;	JOHNSON,	S.	O espaço litúrgico da celebra-
ção.	Guia	 litúrgico	prático	para	a	reforma	das	Igrejas	no	
espírito	do	Concílio	Vaticano	II.	São	Paulo:	Edições	Loyola,	
2006.	
•	 PASTRO,	C.	Guia do espaço sagrado.	 São	Paulo:	Edições	
Loyola,	1999.		
4)	 Para	ampliar	seus	conhecimentos	sobre	o	tema	tratado	
nas	citações	referenciadas	no	texto	principal	consultan-
do	as	seguintes	referências:
35© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
•	 FARNÉS	SCHERER,	P.	Construir e adaptar as igrejas.	Barce-
lona:	Editorial	Regina,	1989.	In:	CELAM.	Manual de litur-
gia.	A	celebração	do	mistério	pascal.	Fundamentos	teoló-
gicos	e	elementos	constitutivos.	São	Paulo:	Paulus,	2005.	
v.	2.	p.	346.	
•	 FINK,	P.	E.	(Org.)	The New Dictionary of Sacramental Wor-
ship	-	The	Liturgical	Press.	Collegeville,	1990.	In:	CELAM.	
Manual de Liturgia.	A	celebração	do	mistério	pascal.	Fun-
damentos	teológicos	e	elementos	constitutivos.	São	Pau-
lo:	Paulus,	2005.	v.	2.	p.	343.
5)	 Interessante	também	ler	a	obra,	Cristo e o tempo. Tempo	
e	história	no	cristianismo	primitivo,	de	autoria	de	CULL-
MANN,	O.	São	Paulo:	Editora	Custom,	2003.	
6)	 Outro	 assunto	 importante,	 que	merece	 atenção	 espe-
cial,	é	a	temática	sobre	o	ano	litúrgico	poderá	ser	apro-
fundada	na	leitura	da	obra,	Cristo, festa da Igreja.	Histó-
ria,	teologia,	espiritualidade	e	pastoral	do	ano	litúrgico,	
de	autoria	de,	BERGAMINI,	A.	São	Paulo:	Paulinas,	1994.	
7)	 Também	será	interessante	ler	a	obra,	O domingo.	Festa	
primordial	dos	cristãos,	de	autoria	de	AUGÉ,	M.	São	Pau-
lo:	Editora	Ave	Maria,	2000.		
8)	 Outro	assunto	importante	é	o	tempo	pascal	e	o	tempo	
de	manifestação,	para	isso	leia	as	obras	a	seguir:
•	 BUYST,	I.	Preparando a Páscoa.	Quaresma,	Tríduo	Pascal.	
São	Paulo:	Paulinas,	2002.
•	 BUYST,	 I.	Preparando Advento e Natal. São	Paulo:	Pauli-
nas,	2002.
9)	 Para	aprofundar	seu	conhecimento	sobre	a	Liturgia	da	
Palavra,	leia	as	obras:	
•	 DEISS,	L.	A Palavra de Deus celebrada.	Teologia	da	cele-
bração	da	Palavra	de	Deus.	Petrópolis:	Vozes,	1998.	
•	 QUIRINO,	A.	T.	Palavra, pão da vida.	 Teologia	e	história	
da	mesa	da	palavra.	Uberlândia:	Editora	A	Partilha,	2007.
10)	 Interessante	também	saber	mais	sobre	o	tema:	Oração 
cristã e litúrgica	poderá	ser	aprofundado	com	a	seguinte	
© Introdução à Liturgia36
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
leitura:	AUGÉ,	M.	A oração: um	mistério	a	revelar.	São	
Paulo:	Ave	Maria,	1995.
11)	Também	aprofunde	seus	estudos	com	o	tema	dos	cantos	
e	a	liturgia,	lendo:	
•	 CNBB.	Canto e música na liturgia.	 Princípios	 teológicos,	
litúrgicos,	 pastorais	 e	 estéticos.	 2.	 ed.	 Brasília:	 Edições	
CNBB,	2006.
•	 ALCALDE,	A.	Canto e música litúrgica.	Reflexões	e	suges-
tões.	São	Paulo:	Paulinas,	1995.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta	unidade,	 você	 será	 convidado	a	estudar	os	 recursos	
antropológicos	que	representam	a	base	da	liturgia	cristã.	Além	dis-
so,	vamos	refletir	sobre	os	subsídios	teológicos	próprios	da	natu-
reza	da	liturgia	e	sobre	as	estruturas	e	elementos	que	constituem	
uma	 celebração	 litúrgica.	 Isso	quer	dizer	que	procuraremos	 res-
ponder	a	indagações	como:	
1)	 Em	uma	celebração	litúrgica,	quem	é	o	celebrante?	
2)	 A	celebração	 litúrgica	pode	ser	um	momento	 festivo	e	
eclesial?	
3)	 Quais	são	as	características	eclesiais	da	assembleia	litúr-
gica?	
4)	 Qual	é	o	espaço,	a	forma	e	o	momento	adequados	para	
a	realização	da	celebração	litúrgica?	
5)	 Quais	são	as	estruturas	da	liturgia?
6)	 Que	elementos	constituem	a	celebração	litúrgica?
Como	 você	 pôde	 notar,	 são	 inúmeras	 as	 dúvidas	 que	 nos	
rodeiam	sobre	a	fenomenologia	da	celebração	 litúrgica.	Todavia,	
construir	esses	conhecimentos	será	uma	tarefa	indispensável	para	
continuação	de	seus	estudos	e	para	sua	formação	como	bacharel	
em	Teologia.
Desejamos	êxito	nesta	caminhada!
37© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
5. QUEM CELEBRA? ASSEMBLEIA CELEBRANTE – EPI-
FANIA DA IGREJA 
Celebração litúrgica – celebração festiva e eclesial
Sempre	 que	 se	 fala	 em	 celebrar	 (tornar	 célebre),	 há	 uma	
referência	a	uma	ação	festiva	e	comunitária	com	a	finalidade	de	
solenizar,	 de	 romper	 com	 o	 cotidiano,	 de	 destacar	 pessoas	 ou	
acontecimentos	significativos	para	uma	determinada	comunidade	
(BUYST;	SILVA,	2002).
Toda	celebração	começa	e	consiste	numa	reunião.	Isto	acon-
tece	porque	a	festa	que	rompe	com	o	cotidiano	e	expressa	um	mo-
tivo	de	celebração	não	pode	acontecer	senão	quando	um	grupo	de	
pessoas	está	reunido.	
As	pessoas	que	participam	dessa	reunião	sentem-se	unidas	
pelos	 vínculos	 de	 conhecimento,	 afeto	 e	 amizade.	 Há	 casos	 em	
que	elas	chegam	até	a	fazer	uma	viagem	para	se	reunirem	e,	as-
sim,	poder	exprimir,	de	maneira	sensível,	a	sua	unidade	e	alegria	
ao	festejar	aquele	evento,	seja	ele	um	aniversário,	um	casamento,	
uma	formatura,	o	nascimento	de	uma	criança	etc.
Mas	e	a	celebração	cristã?	Ela,	também,	precisa	das	referi-
das	características	das	celebrações	em	geral?	
Para	compreendermos	a	celebração	cristã,	precisamos	partir	
desta	base	antropológica,	ou	seja,	a	celebração	cristã	(a	celebra-
ção	litúrgica)	não	é	diferente	daquilo	que	as	pessoas	fazem	quan-
do	se	reúnem	para	festejar.	
Os	cristãos	vivem	separados	em	suas	casas	e	trabalhos,	mas	
se	reúnem	para	celebrar	a	sua	fé	a	cada	semana.	Por	isso,	desde	os	
primórdios	da	vida	da	Igreja,	surgiram	termos	para	expressar	esta	
realidade,	ou	seja,	esta	assembleia	celebrante:	
© Introdução à Liturgia38
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
1)	 sinagoga;
2)	 convocação;
3)	 congregação;
4)	 sinaxe	etc.
Um	termo,	no	entanto,	permanecerá	como	central	para	de-
signar	essa	assembleia	dos	cristãos:	é	termo	grego	ekklesia, que	
depois	passou	para	o	latim	como	ecclesia	e	chegou	até	nós	como	
Igreja.	
 
No início, a palavra “Igreja" significava a comunidade dos cristãos 
reunida para a celebração. Com o passar do tempo, passou a de-
signar a comunidade eclesial na sua totalidade, pois esta comuni-
dade é “con-vocada" pela Palavra para formarem uma com-união 
ou re-união. 
	Dessa	forma,	o	sujeito	da	celebração	litúrgica	é	um	sujeito	
coletivo	–	a	assembleia	celebrante,	que	é	epifania	da	Igreja.	
Isto	quer	dizer	que,	cada	vez	que	a	assembleia	dos	cristãos	
está	reunidapara	celebrar,	é	a	Igreja	que	está	se	manifestando	em	
sua	totalidade	e	na	melhor	forma	de	se	expressar	no	mundo.	É	por	
isso	que	a	festa	litúrgica	não	pode	ser	celebrada	por	uma	ou	duas	
pessoas	(o	padre,	os	ministros...)	e	nem,	tampouco,	por	uma	parte	
da	comunidade	(a	equipe	de	liturgia,	os	catequistas	etc.).
A	Constituição	sobre	a	Liturgia	do	Vaticano	2º,	denominada	
Sacrosanctum Concilium	(SC),	menciona	que:
As	ações	litúrgicas	não	são	ações	privadas,	mas	celebrações	da	Igre-
ja,	que	é	o	 'sacramento	da	unidade',	 isto	é,	o	povo	santo,	unido	
e	ordenado	sob	a	direção	dos	bispos.	Por	 isso,	estas	celebrações	
pertencem	a	todo	o	Corpo	da	Igreja,	e	o	manifestam	e	afetam,	mas	
atingem	a	cada	um	dos	membros	de	modo	diferente,	conforme	a	
diversidade	de	ordens,	ofícios	e	da	participação	atual	(SC	26).
Assim, podemos observar que:
[...]	a	ação	 litúrgica	é	uma	celebração	da	ecclesia,	da	assembléia	
reunida.	Todos	os	seus	membros	estão	e	devem	estar	comprometi-
dos,	implicados	na	ação	celebrativa.	Esta	tem	como	objeto-sujeito,	
39© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
como	protagonista,	todo	o	corpo	eclesial,	quer	dizer,	aqueles	que	
se	reúnem	enquanto	conjunto	de	indivíduos	(MALDONADO	apud	
BOROBIO,	1990,	p.	165).
A	celebração	é	a	ação	de	todo	o	povo	santo	de	Deus	reunido	
em	assembleia.	Esta	foi	a	grande	virada	eclesiológica	do	Concílio	
Vaticano	2º	para	a	liturgia.	Dizemos	que	é	uma	virada	eclesiológica	
porque	envolve	um	determinado	"modelo"	de	Igreja.	
Figura	1	Celebração
Há vários “modelos" de Igreja e em cada um a liturgia é vista de 
uma forma. Por exemplo, quando o modelo de Igreja era clerical, a 
liturgia também era clerical e nela o padre celebrava para o povo; 
ele era o celebrante. 
A	Igreja,	com	o	Concílio	Vaticano	2º,	passa	a	ser	vista	como	
mistério	 (sacramento)	 (LG	7-8),	como	povo	de	Deus,	como	povo	
sacerdotal,	profético	e	régio	(1	Pd	2,	45,	9-10)	nascido	das	águas	
do batismo.
O sacerdócio do batismo é reconhecido como fundamental para o 
povo de Deus que, por meio dele, participa no único sacerdócio de 
Jesus Cristo. Esse sacerdócio é, portanto, a base para a participa-
ção na liturgia (BUYST, 2002, p. 92-93).
© Introdução à Liturgia40
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Desse	modo,	a	Igreja	como	"povo	reunido	na	unidade	do	Pai,	
do	Filho	e	do	Espírito	Santo"	(LG	4)	é	com	Cristo	o	sujeito	da	ação	
litúrgica.
Vejamos,	agora,	as	características	da	assembleia	litúrgica.	
Características da assembleia litúrgica
Quais	são	as	características	de	uma	assembleia	litúrgica?	
Como	a	assembleia	litúrgica	(ou	celebrante)	é	sinal	da	Igreja,	
ela	se	diferencia	das	demais	pelas	notas	características	da	 Igreja	
(MALDONADO	apud	BOROBIO,	1990).	Isso	significa	que	ela	precisa	
se	apresentar	como	uma	assembleia:	
É importante lembrar-se de que as assembleias podem ser: 
• crente (apostólica);
• aberta (católica);
• reconciliada (una);
• ativa ou dinâmica (santa).
Crente: o motivo central que leva a comunidade cristã a se reunir 
é a fé que recebeu dos apóstolos. Toda celebração litúrgica é uma 
profissão de fé em Jesus Cristo que a Igreja faz publicamente. 
Sem a fé, a reunião da comunidade poderia acontecer por motivos 
sociológicos ou ideológicos?
Há celebrações que parecem ter mais uma finalidade social que 
eclesial (celebrar a fé da comunidade reunida).
•	 Aberta:	 o	 único	 requisito	para	participar	 da	 assembleia	
celebrante	é	a	fé.	Por	essa	razão,	ela	precisa	ser	aberta,	ou	
seja,	heterogênea,	plural,	expressão	da	universalidade	do	
amor	do	Pai.	Não	deveriam	ocorrer	discriminações	que	
excluem	pessoas	da	comunidade,	seja	por	causa	da	idade,	
seja	pela	classe	social	etc.	
A assembleia litúrgica fechada em pequenos círculos, como por 
exemplo, a missa da catequese, a missa do movimento X etc. 
anuncia profeticamente a unidade como característica fundamental 
da Igreja? Por quê? 
41© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
•	 Reconciliada:	 é	 a	 assembleia	 que	 congrega	 na	 unidade	
todos	os	que	têm	fé.	Tal	assembleia	reconhece em cada 
pessoa um irmão	ao	qual	se	deve	amar.	Por	isso,	durante	
a	 celebração,	 todos	 participam	unidos	 e	manifestam-se	
reconciliados	nos	gestos,	nos	cantos,	nas	orações	e,	parti-
cularmente,	no	abraço	da	paz	e	na	comunhão.
•	 Ativa:	é	uma	assembleia	eclesial,	isto	é,	con-vocada	pela	
Palavra,	pelo	Espírito	que	nela	manifesta	seu	dinamismo.	
Tal	dinamismo	pode	ser	percebido	mais	claramente	nos	
carismas,	por	meio	dos	quais	cada	um	intervém	durante	a	
celebração:	presidindo,	proclamando	as	leituras,	cantan-
do	etc.	Além	disso,	é	a	presença	do	Espírito	que	une,	na	
profissão	de	fé,	todos	os	membros	da	assembleia	litúrgi-
ca.
Ao	 reconhecer	 as	 características	 da	 assembleia	 litúrgica,	
você	pode	se	perguntar:	há	tensões	nessas	assembleias?	Quais?
Vamos	descobrir	com	o	estudo	proposto	a	seguir!
Tensões presentes na assembleia litúrgica
Como	a	assembleia	litúrgica	é	composta	por	pessoas,	nume-
rosas	e	diferentes,	que	têm	muita	coisa	em	comum,	sem,	no	entan-
to,	perderem	suas	características	individuais,	pode-se	perceber,	às	
vezes,	tensões	que	dificultam	o	desenvolvimento	da	comunidade	
celebrante.	Dentre	elas,	podemos	citar	(AUGÉ,	1996,	p.	76-77	ou	
LEBON,	1993,	p.	48-49):
1)	 Uma	assembleia	que	reúne	pessoas	que	tem	fé	no	Deus	
de	Jesus	Cristo,	mas,	ao	mesmo	tempo,	precisam	se	con-
verter	 novamente	 e	 procurar	 novos	 rumos.	 As	 assem-
bleias	litúrgicas	se	apresentam	heterogêneas	não	só	no	
que	 se	 refere	 a	 estratificação	 social,	mas	 também	 em	
relação	à	participação	na	vida	eclesial.
2)	 Uma	outra	tensão	pode	ser	observada	partindo	da	rea-
lidade	teológica	da	santidade	do	Corpo	de	Cristo.	Nes-
se	 sentido,	a	assembleia	é	 santa,	assim	como	a	 Igreja,	
© Introdução à Liturgia42
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Corpo	de	Cristo,	é	santa.	No	entanto,	a	assembleia	não	
é	uma	elite	de	puros	e	perfeitos,	mas	um	povo	de	peca-
dores	que	precisa	se	penitenciar	e	se	converter.
3)	 A	tensão	dialética	entre	a	unidade	e	a	pluralidade	na	as-
sembleia.	De	um	lado,	ela	é	acolhedora	de	todos,	sem	
exceção.	 Por	 outro,	 permanecem	 simultaneamente	 as	
diferenças	pessoais,	de	idade,	de	classe	social	etc.,	assim	
como,	 o	 modo	 diverso	 de	 participação	 na	 assembleia	
enquanto	catecúmenos,	catequizandos,	crismandos	etc.	
Contudo,	apesar	das	diferenças	pessoais,	a	comunidade	
celebrante	é	chamada	a	formar	um	só	corpo	em	Cristo.
4)	 A	assembleia	é	carismática	e	hierárquica	e,	ao	mesmo	
tempo,	não	é	uma	massa	de	indivíduos	anônimos	e	im-
pessoais,	pois	nela	se	fazem	presentes	carismas	e	dons	
que	a	estruturam	numa	hierarquia	de	serviços	e	de	ca-
ridade	(1Cor	12,	4-11;	Ef	4,	11-16).	Encontramos,	 tam-
bém,	na	assembleia	celebrante	os	mais	variados minis-
térios litúrgicos	e	de	caridade.	
5)	 A	assembleia	busca	superar	as	tensões	entre	o	indivíduo	
e	o	grupo,	entre	o	subjetivo	e	o	objetivo,	entre	o	particu-
lar	e	o	que	é	patrimônio	comum,	entre	o	que	é	local	e	o	
que	é	universal	etc.	Na	assembleia	litúrgica	não	se	anula,	
mas	se	integra	aquilo	que	é	pessoal	e	comunitário.	Além	
disso,	ela	busca	integrar	o	que	é	histórico	e	contingente	
com	aquilo	que	é	transcendente	e	eterno.	
6)	 A	assembleia	polariza	e	proporciona	modalidades	para	
que	todas	as	pessoas	presentes	possam	expressar	e	co-
municar	seus	sentimentos,	por	mais	contrastantes	que	
possam	ser.	Nela,	cada	um	manifesta	seus	sentimentos	
de	alegria	e,	na	ação	de	graças	ou	na	súplica,	apresen-
tam	sua	dor	ou	tristeza.
7)	 A	assembleia	é	sempre	uma	realidade	local,	circunscrita	
e	particular.	Além	disso,	é	definida	em	limites	geográfi-
cos	e	temporais	e	compõe-se	de	um	número	limitado	de	
pessoas.	No	entanto,	nela	se	torna	presente	e	se	mani-
festa	a	Igreja	de	Jesus	Cristo	na	sua	universalidade	(ca-
tolicidade)	e	abertura	a	 todas	as	pessoas	em	 todos	os	
tempos.	
43© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
 
O rito da missa apresenta a ideia de universalidade da Igreja de 
Jesus Cristo quando situa a assembleia celebrante no aqui e agora(como por exemplo: missa das dez horas, domingo, Igreja do Bom 
Jesus), mas, ao mesmo tempo, por meio de suas orações (feitas 
no plural e trazendo para a celebração as intenções de todos os 
cristãos e não-cristãos), permite a união com a Igreja universal.
8)	 A	 última	 tensão	 apresenta-se	 entre	 assembleia	 e	mis-
são.	Todo	o	trabalho	missionário	e	pastoral	da	Igreja	está	
direcionado	à	liturgia	e	sua	celebração.	Entretanto,	é	da	
participação	litúrgica	que	brota	o	impulso	missionário	e	
pastoral	da	Igreja.	Sobre	esta	questão	a	SC	(10)	mencio-
na	que	 a	 "liturgia	 é	 o	 cume	para	 o	 qual	 tende	 a	 ação	
da	Igreja	e,	ao	mesmo	tempo,	é	a	fonte	de	onde	emana	
toda	a	sua	força".	Assim,	por	exemplo,	a	catequese,	as	
pastorais	sociais	e	a	evangelização	estão	endereçadas	à	
celebração	litúrgica,	da	qual	brotará,	pela	celebração	do	
mistério	de	Cristo	na	fé,	a	força	para	catequizar,	evange-
lizar	etc.
Ministérios na assembleia celebrante
Como	você	pôde	observar,	a	assembleia	litúrgica	é	uma	ma-
nifestação	(epifania)	da	Igreja	e,	por	essa	razão,	é	convocada	pela	
Palavra	 e	 pelo	 Espírito	 Santo.	Além	disso,	 constitui-se	 como	um	
povo	sacerdotal,	profético	e	real,	no	qual	os	dons	e	carismas	desse	
mesmo	Espírito	se	fazem	presentes.
São	esses	carismas	que	estão	na	base	dos	ministérios	ecle-
siais	que	nós	encontramos	de	maneira	tão	diversificada	na	assem-
bleia	litúrgica.
	Isso	evidencia	que	a	ação	litúrgica	é	ação	do	Espírito,	e,	por	
esse	motivo,	Ele	é	invocado	várias	vezes	durante	a	celebração,	so-
bretudo	quando	se	fazem	as	epícleses	durante	a	Oração	Eucarís-
tica.
© Introdução à Liturgia44
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Vale lembrar que estamos nos referindo a uma Igreja ministerial 
carismática, que é impulsionada pelo Espírito Santo. 
No	entanto,	percebemos	que	na	liturgia	nem	tudo	pode	ser	
realizado	por	todos	ou	por	qualquer	um	indistintamente.	Nem	to-
dos	terão	as	mesmas	tarefas,	pois	não	receberam	os	mesmos	dons	
do	Espírito	Santo.	Dessa	forma,	vemos	que	algumas	ações	cabem	
aos	ministros	 ordenados;	 outras	 aos	ministros	 não	ordenados	 e	
outras	pertencem	a	toda	a	assembleia.
Quanto	a	isso,	a	SC	(28)	afirma:	"Nas	celebrações	litúrgicas,	
cada	qual,	ministro	ou	fiel,	ao	desempenhar	sua	função,	faça	tudo	
e	só	aquilo	que	pela	natureza	da	coisa	ou	pelas	normas	litúrgicas	
lhe	compete".	
Não	 cabe	 ao	 presidente	 da	 celebração	 coordenar	 os	 can-
tos,	nem	fazer	leitura;	o	leitor	não	dever	substituir	o	acólito,assim	
como	não	cabe	ao	comentarista,	como	leigo,	assumir	funções	que	
são	próprias	do	ministério	ordenado.
Diversidade de ministérios
Ministério da presidência
Por	ser	um	grupo	estruturado,	a	assembleia	litúrgica	articu-
la-se	em	torno	de	diversas	atividades	específicas	distribuídas	entre	
seus	diversos	membros.	Tal	articulação	supõe	uma	coordenação	
para	alcançar	sua	finalidade,	que	é	a	participação	de	todos	no	mi-
nistério	celebrado.
Mas,	quem	deve	ser	esse	coordenador?	
Essa	 coordenação	 cabe	 ao	 presidente	 da	 celebração,	 cujo	
ministério	já	aparece	nos	escritos	mais	antigos,	como	em	Justino	
(APOLOGIA	I,	65-67)	que	descreve	algumas	das	suas	funções.
45© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
A	SC	33	assim	apresenta	as	duas	dimensões	do	ministério	da	
presidência:	
•	 1ª Dimensão:	o	sacerdote	preside	 in persona Christi	(na	
pessoa	de	Cristo)	indicando	que	ele	não	é	apenas	um	de-
legado	da	assembleia.	Contudo,	ele	o	 faz	em	função	de	
sua	ordenação,	que	lhe	permite	realizar	os	gestos	presi-
denciais,	recitar	as	orações	presidenciais,	dirigir	o	conjun-
to	da	ação	celebrativa,	 sendo	 responsável	por	 todo	seu	
dinamismo.	Por	essa	razão,	sua	função	é,	ao	mesmo	tem-
po,	funcional	e	mística.	
A função do sacerdote é funcional, pois cabe a ele conduzir a 
assembleia para uma celebração litúrgica mais plena e é mística, 
por tornar Cristo visível como cabeça da Igreja, presente e atuante 
no meio da comunidade celebrante.
•	 2ª Dimensão:	o	sacerdote	também	preside	in nomine ec-
clesia (em	nome	da	Igreja)	enquanto	representa	a	assem-
bleia	da	qual	ele	também	é	membro	e	em	cujo	nome	a	
anima	para	participar	ativamente	da	ação	celebrativa.
Além	 do	ministério	 da	 presidência,	 encontramos	 em	 cada	
celebração	 litúrgica	uma	série	de	outros	ministérios	que	colabo-
ram	para	o	bom	êxito	da	celebração.	Vamos	estudá-los	a	seguir!
Outros ministérios
Os	outros	ministérios,	diferentes	do	ministério	da	presidên-
cia,	possuem	uma	característica	 institucional,	 como	é	o	 caso	do	
diácono,	que	recebeu	o	sacramento	da	ordem	e	que	exerce	o	ser-
viço	em	íntima	consonância	com	o	presidente	da	celebração:	cabe	
a	ele	suscitar,	motivar	a	oração	da	comunidade,	por	meio	de	exor-
tações,	indicações	e	intenções.	Além	disso,	ele	é	responsável	por	
proclamar	o	Evangelho	durante	a	celebração	litúrgica.	
Além	do	diácono,	 são	 instituídos	os	ministérios	do	 leitor	e	
do	acólito.	
© Introdução à Liturgia46
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Quais	são	as	funções	do	leitor	e	do	acólito?
Compete	ao	leitor	proclamar	as	leituras	do	Antigo	e	do	Novo	
Testamento	durante	as	celebrações	e	ao	acólito	servir	ao	altar	du-
rante	a	apresentação	das	oferendas	de	modo	particular.		
Apesar dos ministérios do leitor e do acólito serem instituídos, eles 
são, na maioria dos casos, desempenhados por pessoas, homens 
e mulheres, que não receberam tal instituição.
Encontramos,	 ainda,	 outros	 ministérios	 litúrgicos	 que	 não	
exigem	a	ordenação.	São	eles:	
1)	 salmistas;
2)	 cantores;
3)	 instrumentistas;
4)	 dirigentes	do	canto;
5)	 libríferos;
6)	 turiferários;
7)	 crucíferos;
8)	 equipes	de	acolhida;
9)	 presidentes	das	celebrações	dominicais	da	Palavra;
10)	 comentaristas;
11)	padrinhos	do	batismo	e	da	crisma;
12)	 testemunhas	do	matrimônio;
13)	ministros	extraordinários	da	comunhão	eucarística	etc.	
Considerando	a	diversidade	de	ministérios	litúrgicos,	é	pre-
ciso	enfatizar	a	importância	que	tem	a	equipe	de	pastoral	litúrgica	
e	a	equipe	de	celebração:	
•	 À	pastoral	litúrgica	compete	organizar	a	vida	litúrgica	na	
comunidade,	 isto	 é,	 preparar	 as	 celebrações	 segundo	
cada	 tempo	 litúrgico	ou	 festa,	escolhendo	as	modalida-
des	celebrativas,	redigindo	os	comentários	e	orações	dos	
fiéis.
47© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
•	 A	 equipe	de	 celebração	 é	 responsável	 por	 executar	 em	
cada	celebração	específica	a	programação	litúrgica,	como,	
por	exemplo,	a	missa	das	dez	horas	contará	com	o	presi-
dente	X,	os	leitores	Y	e	Z,	comentarista	fulano	etc.	
Observe	 que	 essa	 organização	 permitirá	 que	 a	 celebração	
aconteça	de	maneira	festiva	e	com	a	participação	ativa	de	todas	as	
pessoas	da	assembleia	celebrante	que	tornam	presente,	naquele	
momento,	a	Igreja	celebrante.
6. ONDE E QUANDO SE CELEBRA – O TEMPO E O ES-
PAÇO NA LITURGIA
Templo, a casa da Igreja
Como	você	observou,	a	assembleia	celebrante	é	o	sujeito	da	
celebração.	No	entanto,	ela	é	também	o	espaço	humano	no	qual	
a	celebração	acontece.	Isso	ocorre	porque	a	celebração	litúrgica	é	
uma	festa	da	comunidade	reunida	e,	portanto,	onde	essa	comuni-
dade	está	reunida,	ali	é	o	espaço	celebrativo,	o	lugar	litúrgico.
 
Desse modo, podemos afirmar que a comunidade celebrante pre-
valece sobre a realidade local físico-geográfica, arquitetônica. 
Para	os	cristãos	o	 templo	em	si	não	é	o	 lugar	da	presença	
de	Deus	(Jo	4,23),	mas	sim	o	 lugar	no	qual	a	assembleia	se	reú-
ne	e	Deus	se	faz	presente	no	meio	de	seu	povo	reunido.	Assim,	a	
assembleia	eclesial,	que	é	uma	comunidade	de	fiéis	reunidos	ao	
redor	de	Cristo,	é	que	representa	o	novo	templo	(Ef	2,19-22;	1Pd	
2,5).	Entretanto,	o	local	onde	a	comunidade	se	reúne	precisa	ser	
analisado	em	sua	função	litúrgica.
Vamos	entender	melhor?
Em	primeiro	lugar,	é	preciso	recordar	que,	nos	primórdios	do	
cristianismo,	o	templo	recebeu	o	nome	de	“domus ecclesiae".	Com	
© Introdução à Liturgia48
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
o	passar	do	tempo,	este	lugar	passou	a	ser	chamado	de	Igreja,	en-
quanto	expressava	a	ideia	de	que	ali	é	que	a	assembleiase	reúne	
para	celebrar.
 
O templo, no entanto, não pode ser visto somente em sua funcio-
nalidade de fornecer um abrigo para a comunidade eclesial duran-
te as celebrações e, fora delas ser usado para outras finalidades, 
tais como reuniões, aulas etc. Ele tem uma dimensão simbólica, 
que é exprimir o mistério profundo da presença de Deus no meio 
de seu povo, sobretudo, quando está reunido para celebrar sua fé 
em Jesus Cristo. 
 
Por	essa	razão,	o	templo	precisa	ser	construído	partindo	de	
seu	sentido	simbólico,	bem	como	ser	ornamentado	artisticamen-
te,	a	fim	de	que	se	expresse	mais	plenamente	a	realidade	mística	
da	Igreja	que	nele	se	reúne.	
Assim,	a	divisão	do	espaço	litúrgico	possui	três	pólos	ao	re-
dor	 dos	 quais	 a	 assembleia	 se	 congrega.	 Representam	 sinais	 da	
presença	de	Cristo	no	alimento	consagrado,	no	sacerdote	e	na	Pa-
lavra.	São	eles:	
•	 o	altar;	
•	 a	sede;	
•	 o	ambão.	
Você	sabia	que,	após	a	 reforma	 litúrgica	no	Vaticano	2º,	o	
templo	recuperou	o	lugar	onde	a	assembleia	celebrante	se	reúne	
e,	por	isso,	a	sua	estrutura	arquitetônica	precisa	favorecer	a	par-
ticipação	de	todos	na	liturgia.	Por	essa	razão,	hoje	muitas	Igrejas	
são	construídas	em	novos	formatos	arquitetônicos	visando	tal	par-
ticipação.	
O	atual	Rito	de	Dedicação	da	Igreja	e	do	Altar,	com	o	qual	se	
consagram	as	Igrejas,	é	muito	rico	em	suas	orações,	leituras	e	sím-
bolos,	para	expressar	a	realidade	da	assembleia	celebrante	como	
lugar	da	presença	de	Deus	e	o	templo	como	realidade	simbólica	
desta	Igreja-povo.	
49© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
Para	completar	essa	ideia,	vejamos	duas	citações:
Primordialmente,	o	lugar	da	celebração	não	é,	pois,	nem	um	mo-
numento	artístico,	nem	um	templo	em	que	Deus	habita,	nem	um	
lugar	 onde	 se	 veneram	 imagens	 ou	 se	 custodiam	 com	 respeito	
diversos	elementos	sagrados,	nem	um	espaço	dedicado	à	oração	
pessoal	e	ao	contato	íntimo	com	Deus.	É	inegável	que	o	lugar	da	
celebração	pode	servir	também	a	essas	finalidades;	mas,	de	todo	
modo,	é	necessário	reconhecer	que	se	tratará	apenas	de	aspectos	
secundários.	
A	assembléia	litúrgica,	ao	ocupar	um	lugar	e	situar	os	móveis	nes-
te	espaço,	estabelece	um	padrão	de	percepção	acústica,	visual	e	
cinestésica.	Os	lugares	formam	ambientes	que	acolhem	a	ação	da	
liturgia.	Pode-se	dizer	que	cada	espaço	–	e	sua	organização	interior	
–	contêm	propriedades	estéticas	específicas,	fomentando	certos	ti-
pos	de	ação	específicos	e	desencorajando	outros	(P.	FARNÉS	1989,	
p.	14).		
Celebrar no tempo
Quando	a	celebração	litúrgica	acontece?
Quando	o	tempo	une-se	ao	"onde"	(o	espaço)	chega-se	ao	
ponto	convergente	da	plenitude	da	celebração.	Toda	celebração	
tem	o	seu	lugar	e	o	seu	dia,	como,	por	exemplo,	a	missa	dominical	
das	dez	horas	na	Igreja	Bom	Jesus.
É	 importante	perceber	que	o	"quando"	também	tem	a	ver	
com	o	momento	no	qual	a	assembleia	 se	 reúne.	Esse	momento	
festivo	é	a	hora	em	que	todos	celebram,	na	alegria,	a	presença	de	
Cristo,	que	nos	salvou	em	sua	páscoa.
De	forma	análoga	ao	espaço,	a	comunidade	cristã	não	sacra-
liza	dias,	nem	datas,	pois	isso	poderia	limitar	a	ação	salvadora	de	
Deus.	O	que	ela	faz	é	reconhecer,	no	transcorrer	dos	dias	e	horas,	
momentos	nos	quais	Deus	continua	se	manifestando	ao	seu	povo,	
o	que	fica	evidente	quando	se	faz	a	memória	dos	eventos	salvíficos	
em	cada	celebração	litúrgica.
Esses	momentos	no	tempo	recebem	o	nome	de kairós,	pois	
são,	segundo	a	origem	grega	desta	palavra,	um	tempo	favorável,	
um	momento	temporal	no	qual	convergem	as	ações	salvíficas	de	
Deus	que	se	revela	na	história	da	salvação.	
© Introdução à Liturgia50
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
É	 a	 festa	 celebrada	 nesses	momentos	 que	permite	 ao	 ho-
mem	recuperar,	de	maneira	mais	plena	e	profunda,	a	dimensão	
de	mistério	que	sua	existência	temporal	possui.	Isso	nem	sempre	
é	percebido	quando	ele	está	 imerso	nas	atividades	rotineiras	de	
seu	cotidiano.
Desse	modo,	a	festa	possibilita	ao	homem	dar	sentido	àquilo	
que	 lhe	 é	 digno.	 Isso	 porque,	 por	meio	 dela,	 entra	 em	 contado	
com	o	Transcendente,	que	nem	sempre	é	percebido	no	devir	da	
temporalidade.
Note	que,	desde	suas	origens,	o	homem	tem	buscado	com-
preender	ou	dar	um	sentido	ao	tempo.	É	dessa	forma	que	deve-
mos	compreender	as	várias	categorias	temporais	que,	desde	a	an-
tiguidade,	tem	marcado	o	sentido	do	tempo	para	a	humanidade.	
Dentre	essas	categorias	temporais,	aparece,	em	primeiro	lu-
gar,	o	tempo	cíclico	(tempo	cósmico)	–	ligado	ao	devir	da	natureza	
com	os	 ciclos	 solar,	 lunar,	 as	 estações	 do	 ano	 etc.	 Contudo,	 há,	
também,	o	tempo	histórico	ligado	à	reflexão	que	o	homem	faz	com	
base	na	sucessão	dos	acontecimentos	que	transcorrem	no	seu	dia-
-a-dia,	caracterizando-se,	portanto,	como	um	tempo	linear.
Os	cristãos	buscam	o	sentido	do	 tempo	exatamente	nesse	
tempo	histórico,	que	é	o	tempo	que	predomina	na	Bíblia,	pois	a	
revelação	de	Deus	se	dá	por	meio	dos	acontecimentos	de	salvação	
que	marcam	a	história	da	humanidade	e	que,	por	isso,	se	torna	a	
história	da	salvação.
Nessa	história	da	salvação,	o	evento	Cristo	–	sua	encarnação,	
morte	e	ressurreição	-	ocupa	o	lugar	de	plenitude	da	revelação	de	
Deus	e	da	salvação	que	Ele	realiza	na	história	dos	homens.	
É	por	 isso	que	a	 liturgia	 celebra	no	 tempo	a	memória	dos	
eventos	salvíficos	que	têm	sua	centralidade	e	plenitude	no	misté-
rio	da	páscoa	de	Cristo,	o	qual	é	responsável	por	organizar	o	seu	
calendário	litúrgico	(SC	102).	
51© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
Domingo – festa semanal da páscoa
A	organização	da	 celebração	do	mistério	pascal	pelos	 cris-
tãos	 começa	 com	 a	 reunião	 festiva	 num	 dia	 fixo,	 determinado	
como	"primeiro	dia	da	semana"	(Mt	28,1),	o	qual	recebeu,	poste-
riormente,	o	nome	de	dies dominicus,	que	pode	ser	traduzido	por	
“dia	senhorial"	ou	domingo	(Ap	1,10).
Neste	dia,	os	cristãos	celebram	o	dia	memorial	da	ressurrei-
ção	de	 Jesus,	de	sua	exaltação	e	constituição	como	Senhor,	que	
está	vinculado	ao	grande	mistério	da	ressurreição	dos	mortos.	To-
davia,	está	ligado	ao	encontro	que	os	discípulos	tiveram	com	Jesus	
ressuscitado	(Mt	28,1;	Mc	16,	1-2.9;	Lc	24,1-13;	Jo	19,31;	20,1-19).
Assim,	o	domingo	é	o	dia	de	festa	primordial	dos	cristãos	e	
tem	um	sentido	simbólico	como	o	dia	que,	por	meio	da	eucaristia,	
celebra-se	a	ressurreição	de	Jesus	e,	mais	ainda,	a	sua	presença	
viva	no	meio	dos	seus.	É	por	isso	que	o	domingo	é	o	fundamento	e	
o	núcleo	do	ano	litúrgico	(SC	106).	
Festa da páscoa anual
A	celebração	anual	da	páscoa	–	mistério	da	morte	e	ressur-
reição	de	Jesus	será	para	os	cristãos,	juntamente	com	a	páscoa	se-
manal	(o	domingo),	um	momento	de	exaltar	a	salvação	que	Deus	
realizou	em	seu	Filho.
Essa	festa	encontra	no	cristianismo	uma	síntese	entre	tempo	
histórico	(celebra-se	a	história	da	salvação)	e	o	tempo	cósmico	(no	
equinócio	da	primavera	–	festa	da	lua	cheia),	momento	em	que	a	
natureza	e	a	vida	renascem	após	o	inverno	e	o	Cristo	é	ressuscita-
do	dos	mortos.	
A festa da páscoa tem sua origem nos povos cananeus, depois no 
povo hebreu e no judaísmo.
© Introdução à Liturgia52
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
É	por	isso	que	a	celebração	anual	do	Tríduo	Pascal	assinala	
a	centralidade	desse	mistério	durante	o	ano	litúrgico.	Os	demais	
tempos	 irão	 se	 ordenando	 segundo	 a	 data	 dessa	 festa,	 ou	 seja,	
segundo	a	quaresma,	como	tempo	penitencial	de	preparação	para	
a	páscoa,	e	segundo	o	tempo	pascal,	que	prolonga	por	cinquenta	
dias	a	alegria	pascal.	
Ciclo solar
Além	da	festa	anual	da	páscoa	e	das	demais	festas	que	a	se-
guem	segundo	o	ciclo	lunar,	a	liturgia	considera,	também,	o	ciclo	
solar	na	organização	do	ano	litúrgico.	
 
O centro das celebrações relacionadas ao ciclo solar é ocupado 
pela festa do Natal do Senhor, a qual formará, junto com o Advento 
e as demais festas desse período, o tempo da manifestação do 
Senhor. 
Nesse	ciclo,	as	festas	são	celebradas	num	dia	fixo	do	calen-
dário	gregoriano	e,	por	isso,	não	são	móveis,	como	acontece	com	
o	ciclo	lunar,no	qual	se	seguem	as	fases	da	lua.
Agora	que	já	sabemos	onde	e	quando	são	realizadas	as	cele-
brações	litúrgicas,	eu	lhe	pergunto:	quais	são	as	estruturas	e	as	leis	
da	celebração	litúrgica?
Vamos	descobrir!
7. COMO SE CELEBRA – ESTRUTURAS E LEIS DA CELE-
BRAÇÃO LITÚRGICA
As	celebrações	litúrgicas	acontecem	em	diversas	formas:	
•	 celebrações	sacramentais;
•	 celebrações	não-sacramentais;	
•	 em	tempos	e	lugares	diversos.	
53© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
Essa	variedade	celebrativa,	por	sua	vez,	é	marcada	por	algo	
que	identifica	as	múltiplas	formas	celebrativas	como	ações	litúrgi-
cas.	A	que	estamos	nos	referindo?
Aquilo	que	dá	a	especificidade	litúrgica	a	tais	celebrações	são	
as	estruturas	e	leis	que	são	próprias	da	liturgia,	de	sua	natureza.	
Os	 exemplos	 a	 seguir,	 podem	 nos	 ajudar	 a	 compreender	
melhor	esse	tema	das	estruturas	e	leis	da	celebração:	as	casas	ou	
edifícios	 têm	 ampla	 variedade	 de	 formas,	 para	 tanto,	 em	 todos	
eles	há	estruturas	que	dão	sustentação;	o	mesmo	acontece	com	
a	língua	escrita	e	falada	–	as	frases	obedecem	a	leis	e	à	estrutura	
sintática	da	língua,	sem	a	qual	a	mensagem,	composta	por	vários	
elementos	linguísticos,	não	pode	se	compreendida	plenamente.
Da	mesma	forma,	em	cada	celebração	litúrgica	há	um	enca-
deamento	de	elementos	com	base	em	suas	estruturas	e	leis	ine-
rentes	à	natureza	da	liturgia.
Estrutura verbal-simbólica
Uma	primeira	forma	de	estrutura	litúrgica	pode	ser	vista	na	
bipolaridade	presente	em	cada	celebração:	a	palavra	e	o	símbolo.
O	pólo	verbal	(palavra)	é	responsável	por	tudo	o	que	se	re-
fere:
1)	 às	leituras	bíblicas;
2)	 às	orações;
3)	 aos	salmos;
4)	 aos	cânticos;
5)	 à	homilia.
Já	o	pólo	simbólico	refere-se	aos	gestos	e	aos	movimentos	
corporais.	Com	ele,	os	elementos	materiais	assumem	um	sentido	
simbólico.
Podemos	perceber	essa	estrutura	nas	duas	partes	da	missa:
© Introdução à Liturgia54
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
•	 Liturgia	da	Palavra.
•	 Liturgia	Eucarística.	
É	importante	saber	que	isso	não	acontece	somente	na	missa,	
mas	também	em	cada	celebração	litúrgica.	
A missa é uma celebração litúrgica, mas que esta não se resume 
à missa. 
Estrutura dialógica 
Outra	forma	de	ver	a	estrutura	litúrgica	é	por	meio	do	diá-
logo	que	se	realiza	entre	Deus	e	o	seu	povo	em	cada	celebração,	
como	nos	diz	a	SC	7	e	84.	
Essa	estrutura	dialogal	nos	apresenta	elementos	teológicos	
específicos	da	natureza	profunda	da	liturgia	cristã,	pois,	em	cada	
celebração,	é	retomado	de	maneira	memorial	o	diálogo	que	Deus	
mantém	 com	 seu	 povo	 durante	 toda	 a	 história	 da	 Salvação	 até	
chegar	o	momento	em	que	nos	falou	por	meio	de	seu	Filho,	o	Ver-
bo	(a	Palavra)	encarnado.
Essa	estrutura	pode	ser	percebida	na	Liturgia	da	Palavra	da	
missa:	
1)	 Deus	fala:	primeira	leitura.
2)	 Povo	responde:	salmo	responsorial.
3)	 Deus	fala	novamente:	segunda	leitura.
4)	 Resposta	do	povo:	aclamação	ao	Evangelho.	
5)	 Cristo	fala:	Evangelho.
6)	 Resposta	da	comunidade:	profissão	de	fé	e	preces.
Observe	que	esse	diálogo	não	se	reduz	a	essa	parte	da	cele-
bração,	mas	toda	ela	é	um	alternar	de	orações,	cânticos	e	gestos	
que	mantêm	a	 comunicação	da	 assembleia	 com	Deus,	 que	está	
presente	em	seu	meio.
55© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
Descobrindo os elementos dinâmicos da celebração litúrgica
Serão	analisados,	nesta	parte,	os	elementos	que	estão	pre-
sentes	de	maneira	particular	no	pólo	verbal	da	celebração.
Leituras
A	palavra	de	Deus	ocupa	um	lugar	fundamental	em	cada	ce-
lebração	litúrgica,	pois,	possibilita,	por	meio	das	Sagradas	Escritu-
ras,	tornar	presente,	em	memória,	os	grandes	acontecimentos	da	
História	da	Salvação.
Esta	palavra	possui	características	que	merecem	ser	analisa-
das.	Em	primeiro	lugar,	a	assembleia	celebrante	é	uma	comunida-
de	convocada	pela	Palavra,	visto	que,	desde	o	Antigo	Testamento,	
o	povo	de	Deus	tem	consciência	de	ser	um	povo	convocado	pela	
sua	Palavra	que	salva.
Ainda	na	 liturgia,	a	comunidade	descobre	que	esta	Palavra	
é	 eficaz,	 pois	 atua	 e	 realiza	 aquilo	 que	 anuncia,	 ou	 seja,	 ela	 faz	
acontecer	"aqui	e	agora"	a	salvação:	Cristo	"presente	está	pela	sua	
palavra,	pois	é	Ele	mesmo	que	fala	quando	se	 lêem	as	Sagradas	
Escrituras	na	Igreja.	(SC	7	e	23).	
 “Como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam, sem 
terem regado a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, 
dando semente ao semeador e pão ao que come, tal ocorre com 
a palavra que sai da minha boca: ela não torna a mim sem fruto; 
antes, ela cumpre a minha vontade e assegura o êxito da missão 
para a qual a enviei" (Is 55,10-11).
Em	cada	celebração	litúrgica,	a	Palavra	de	Deus	é	proclama-
da	e	celebrada	segundo	uma	ordem	que	evidencia	o	modo	como	
Deus	 foi	 se	 revelando	na	História	da	Salvação	até	que	nos	 falou	
pelo	seu	Filho,	Jesus	Cristo.	
Lêem-se	textos	do	Antigo	Testamento	(o	profeta)	que	anun-
ciam	e	prefiguram;	o	 salmo	que	 responde	de	maneira	poética	a	
mensagem	proclamada.	 Lemos,	 também,	o	Novo	Testamento	 (o	
© Introdução à Liturgia56
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
apóstolo)	 que	manifesta	 a	 vivência	 da	 Palavra	 pela	 comunidade	
dos	fiéis	(a	Igreja)	e,	por	fim,	o	Evangelho	que	é	o	ponto	alto,	por	
trazer	diretamente	as	palavras	e	ações	de	Jesus.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Você pode pensar: porque a leitura dos textos é organizada dessa maneira?
O modo como esses textos da Sagrada Escritura estão organizados seguem 
uma tradição que vem do judaísmo: a leitura sequencial e a leitura temática da 
Palavra de Deus. A leitura sequencial é leitura semi-contínua ou seguida de um 
livro bíblico – toma-se, por exemplo, o Evangelho de Marcos no Ano A e a sua 
leitura se faz capítulo após capítulo. A leitura temática (ou própria) é aquela que 
escolhe os textos bíblicos de acordo com o tempo litúrgico, por exemplo – Ad-
vento, Quaresma ou segundo a festa litúrgica - uma celebração mariana ou um 
dos sacramentos. 
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
A	reforma	litúrgica	do	Vaticano	2º	recuperou	a	importância	
da	Palavra	de	Deus	na	liturgia	e,	por	isso,	os	lecionários	foram	re-
novados	segundo	uma	nova	organização	que	permitisse	ler	mais	
abundantemente	a	Sagrada	Escritura	nas	celebrações.	
O	resultado	disso	é	organização	dos	Anos	A	(Mc),	B	(Mt)	e	
C	 (Lc)	das	 leituras	bíblicas	para	os	domingos	e	dos	Anos	Pares	e	
Ímpares	para	as	leituras	durante	a	semana.	Há,	também,	os	lecio-
nários	próprios	para	as	celebrações	dos	santos	e	de	cada	um	dos	
sacramentos.
Homilia
A	 homilia	 é	 feita	 logo	 após	 a	 proclamação	 da	 Palavra	 de	
Deus.	Ela	tem	uma	relação	íntima	com	as	leituras	e	provém	da	tra-
dição	judaica,	da	sinagoga	(Lc	4,16-21).
Existem	na	 Igreja	várias	 formas	de	pregação	da	Palavra	de	
Deus,	como,	por	exemplo,	o	querigma	(anúncio	missionário),	que	
tem	a	finalidade	de	despertar	a	fé	e	motivar	para	a	conversão	e	o	
seguimento	de	Jesus	Cristo;	ou	a	catequese	que,	por	meio	de	um	
caminho	pedagógico,	traduz	em	detalhes	o	conteúdo	central	da	fé	
cristã.	
57© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
A	homilia	 também	é	 uma	 forma	 de	 pregação,	mas	 é	 uma	
pregação	litúrgica,	pois	só	acontece	durante	a	celebração.	Não	há	
homilia	em	outros	contextos,	é	por	isso	que	ela	é	um	acontecimen-
to	celebrativo.
Por	ser	elemento	próprio	da	liturgia,	cabe	à	homilia	manifes-
tar	o	mistério	pascal	do	qual	se	faz	a	memória	pela	Palavra	e	pelos	
sinais	sacramentais.	
Por	isso,	a	homilia	não	é	um	sermão,	nem	uma	aula	de	teo-
logia,	nem	catequese,	nem	pregação	de	uma	doutrina	moral.	Ela	
anuncia	 no	 "hoje"	 celebrativo	 a	 realização	 da	 salvação	 de	 Jesus	
Cristo	–	"Hoje	se	cumpriu	a	Escritura	que	vocês	acabaram	de	ou-
vir"	(Lc	4,	21).
A	homilia	possui	várias	dimensões:	
1)	 Querigmática.
2)	 Catequética.
3)	 Profética.
4)	 Mistagógica.
Note	que	a	homilia	não	se	reduz	a	nenhuma	dessas	dimen-
sões.	Ela	faz	a	ponte	entre	a	Liturgia	da	Palavra	e	a	Liturgia	Euca-
rística	 (ou	 sacramental)	 –aquilo	 que	 foi	 proclamado	durante	 as	
leituras	se	faz	sacramento	de	salvação.	
O	texto	de	Lc	24,	que	traz	a	cena	dos	discípulos	de	Emaús,	
ajuda	a	compreender	bem	essa	realidade:	ali	há	uma	proclamação	
da	Palavra	enquanto	caminham	e	depois	eles	reconhecem	a	Jesus	
ao	partir	o	pão	e	percebem	que	seu	coração	ardia	enquanto	eles	
escutavam	as	Escrituras	–	é	isso	o	que	acontece	em	cada	celebra-
ção	litúrgica,	e	a	homilia	é	que	indica	esta	realidade.
Orações
Algo	que	pode	surpreender	no	estudo	da	liturgia	é	que	a	co-
munidade	celebrante	reza	durante	a	celebração.	A	oração	litúrgica	
está	intimamente	unida	à	Palavra	de	Deus,	proclamada	durante	a	
© Introdução à Liturgia58
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
celebração	à	qual	se	responde	com	a	oração.	Essa	oração	situa-se	
na	dimensão	dialogal	da	liturgia.
A	 oração	 litúrgica	 tem	 algumas	 características	 particulares	
que	fazem	dela	uma	escola	de	oração	cristã:	
•	 É eficaz:	porque	é	 feita	em	nome	de	 Jesus.	Ele	é	quem	
reza	conosco	ao	Pai.	Por	 isso	é	que	a	oração	litúrgica	(e	
a	oração	 cristã)	 é	dirigida	 "ao	Pai,	 por	Cristo,	 no	Espíri-
to	Santo".	Por	meio	da	memória	da	páscoa	de	Jesus,	seu	
mistério	 de	 salvação,	 é	 que	 rezamos	 ao	 Pai	 inspirados	
pelo	Espírito	de	Jesus,	seu	Filho	que	nos	faz	clamar	Abba!	
Pai!	(Rm	8,14-15.26-26).
•	 É teológica:	a	oração	cristã	fala	a	Deus,	a	quem	pode	cha-
mar	de	Pai	em	Jesus	Cristo,	mas	fala	de	Deus,	recordando	
tudo	o	que	fez	em	favor	de	seu	povo	na	História	da	Salva-
ção	e	continua	a	fazer,	hoje,	para	seus	filhos	e	filhas.
Configuração da oração litúrgica
As	orações	litúrgicas	que	estão	contidas	nos	livros	litúrgicos	
atuais	provêm	de	uma	longa	tradição	da	vida	de	oração	da	Igreja	e	
que,	aos	poucos,	foi	sendo	fixada	nos	formulários	litúrgicos.	
O	conjunto	dessas	orações	recebe	o	nome	de	eucologia.	Po-
de-se	dizer,	por	isso:	a	eucologia	das	missas	do	Natal,	a	eucologia	
das	celebrações	marianas	etc.	
A	eucologia	pode	ser	dividida	em	orações:
•	 presidenciais:	referindo-se	às	orações	que	são	feitas	pelo	
presidente	 da	 celebração	 -	 como	 a	 oração	 da	 coleta,	 a	
oração	eucarística	etc.
•	 não-presidenciais:	aquelas	que	são	feitas	por	toda	a	as-
sembleia,	como	é	o	caso	da	Oração	dos	fiéis	(oração	uni-
versal).
Veja	 que	 as	 orações	 litúrgicas,	 apesar	 dos	 elementos	 co-
muns,	podem	se	diferenciar,	ainda,	pela	simplicidade	ou	complexi-
dade	em	sua	estrutura	e	no	seu	conteúdo,	em:
59© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
•	 Eucologia maior:	envolve	as	orações	que	são	mais	simples	
quanto	à	sua	estrutura	e	conteúdo	como	são,	por	exem-
plo,	as	seguintes	orações	da	missa:	coleta	(oração	do	dia),	
oração	sobre	as	oferendas,	oração	depois	da	comunhão.
•	 Eucologia menor:	refere-se	às	chamadas	orações conse-
cratórias	que	possuem	estrutura	e	conteúdo	mais	amplos	
e	complexos.	
Em	todas	as	orações	litúrgicas encontra-se,	na	estrutura	ge-
ral,	as	seguintes	partes:
•	 Anamnética:	 que	 faz	memória	 e	 recorda	 as	maravilhas	
que	Deus	realizou	em	favor	de	seu	povo.
•	 Epiclética (de epíclesis – invocação):	invoca-se	a	força	do	
Espírito	 Santo,	 a	 força	 de	Deus	 ou	 a	 sua	 presença	 para	
que	Ele	atue	novamente	em	favor	de	seu	povo	reunido	e	
disperso	por	todo	o	mundo.
Como	exemplo,	veja	a	oração	da	coleta	na	Missa	da	Noite	de	
Natal:
Ó	Deus,	que	fizestes	resplandecer	esta	noite	santa	com	a	claridade	
da	verdadeira	luz,	concedei	que,	tendo	vislumbrado	na	terra	este	
mistério,	possamos	gozar	no	céu	de	sua	plenitude.	Por	nosso	Se-
nhor	Jesus	Cristo,	vosso	Filho,	na	unidade	do	Espírito	Santo.	Amém.
Vamos	entender	melhor	esta	oração:	
1)	 Invocação:	Ó	Deus.
2)	 Parte	anamnética	(memória):	que	fizestes	resplandecer	
esta	noite	santa	com	a	claridade	da	verdadeira	luz,
3)	 Parte	epiclética	(súplica,	invocação):	concedei	que,	ten-
do	vislumbrado	na	terra	este	mistério,	possamos	gozar	
no	céu	de	sua	plenitude.
4)	 Conclusão	trinitária:	Por	Nosso	Senhor	Jesus	Cristo...	(ao	
Pai,	por	Cristo,	no	Espírito).
5)	 Homologação	(adesão	da	assembleia):	Amém.
Vejamos,	agora,	os	cantos	e	sua	importância	na	celebração	
litúrgica.		
© Introdução à Liturgia60
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
Cantos
Os	cantos	marcam	a	celebração	litúrgica	em	seu	aspecto	fes-
tivo	e	alegre,	motivando	a	assembleia	a	participar	plenamente	do	
mistério	celebrado.	No	entanto,	para	que	isso	aconteça,	é	preciso	
analisar	alguns	aspectos	da	relação	entre	a	música	e	a	liturgia.
Em	primeiro	lugar,	é	preciso	saber	que	não	é	qualquer	mú-
sica	ou	qualquer	canto	que	pode	ser	usado	durante	a	celebração	
litúrgica.	A	música	ou	o	canto	tem	uma	função	ministerial,	ou	seja,	
estão	à	serviço	daquilo	que	a	liturgia	está	celebrando	(SC	112).	
Por	isso,	é	preciso	distinguir	entre	a	música	religiosa	(ou	sa-
cra)	e	música	ritual	(ou	litúrgica).	Há	músicas	e	cantos	que	são	re-
ligiosos	porque	expressam	a	relação	da	pessoa	ou	de	sua	comuni-
dade	com	Deus.	Dentre	tais	músicas,	podemos	citar	obras	clássicas	
como	Cantatas de Bach ou	cantos	religiosos	que	animam	os	en-
contros,	reuniões	etc.	No	entanto,	apesar	de	religiosas,	não	foram	
compostas	para	serem	usadas	na	celebração	litúrgica	e,	por	isso,	
não	servem	para	expressar	o	mistério	celebrado.
A	música	própria	para	a	celebração	litúrgica	é	a	música	ritu-
al,	ou	seja,	aquela	que	foi	composta	para	o	momento	celebrativo	e	
com	uma	função	ritual.	Por	exemplo:	o	canto	de	entrada	na	missa,	
que	tem	como	finalidade	motivar	a	comunidade	para	celebrar	um	
determinado	mistério	 litúrgico	na	comunhão	e	na	alegria;	assim	
como	o	canto,	a	apresentação	das	oferendas	enfocará	o	tema	do	
pão	e	do	vinho	e	da	oferta	que	a	assembleia	apresenta	a	Deus	ao	
mesmo	tempo	em	que	invoca	sua	bênção.	
Reflita sobre a seguinte frase de Beethoven e relacione-a com os 
conteúdos estudados sobre o canto litúrgico: “A música é a revela-
ção superior a toda sabedoria e filosofia". 
Além	desses	cânticos,	a	liturgia	serve-se	dos	salmos,	hinos	e	
cânticos	bíblicos,	como	é	o	caso	do	salmo	responsorial	na	missa,	
o	cântico	de	Maria	(magnificat)	na	oração	da	tarde,	na	liturgia	das	
horas,	e	outros.
61© Aproximação Fenomenológica da Celebração Litúrgica
Desse	modo,	é	importante	enfatizar	a	importante	função	do	
ministério	dos	cantores	na	celebração	litúrgica	(a	equipe	de	can-
to),	enquanto	encarregados	de	animar	toda	a	assembleia	para	can-
tar	as	maravilhas	de	Deus,	das	quais	 se	 faz	a	memória	em	cada	
celebração.
8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira,	a	seguir,	as	questões	propostas	para	verificar	o	seu	
desempenho	no	estudo	desta	unidade:
1)	 Consegui	atingir	os	objetivos	propostos	para	este	estudo?		
2)	 Busquei	informações	em	outras	fontes,	como	livros,	sites,	revistas	etc.?	Tais	
informações	contribuíram	para	ampliar	meus	conhecimentos	em	relação	à	
liturgia?
3)	 Vou	 poder	 utilizar	 os	 conhecimentos	 adquiridos	 neste	 estudo	 em	minha	
atuação	profissional?	Como?
9. CONSIDERAÇÕES 
Nesta	 unidade,	 você	 pôde	 construir	 conhecimentos	 sobre	
questões	como:	
•	 Quais	são	os	elementos	antropológicos	que	estão	na	base	
da	liturgia	cristã?
•	 Quais	são	os	elementos	teológicos	próprios	da	natureza	
da	liturgia?
•	 Quais	são	as	estruturas	e	os	elementos	constitutivos	da	
celebração	litúrgica?
Com	tais	conhecimentos,	você	está	apto	a	estudar,	na	tercei-
ra	unidade,	a	dimensão	simbólica	da	liturgia.	Até	lá!	
© Introdução à Liturgia62
 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO
10. E-REFERÊNCIA
CATECISMO	 DA	 IGREJA	 CATÓLICA.	 Índice analítico.	 Disponível	 em:	 <http://catecismo.
catequista.net/conteudo/a-z/a/a.html#ambao>.	Acesso	em:	10	ago.	2012.	
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUGÉ,	M.	Liturgia	-	História,	celebração,	teologia,	espiritualidade.	São	Paulo:	AM	Edições,	
1986.
BOROBIO,	D.	(Org.)	A celebração na Igreja	–	1.	Liturgia	e	sacramentologia	fundamental.	
São	Paulo:	Edições	Loyola,	1990.
BUYST,	I.;	SILVA,	J.	A.	O mistério celebrado:	Memória	e	compromisso	I.	Valencia:	Siquem	
Ediciones,	2002	(Coleção	Livros	Básicos	de	Teologia	9).
CELAM.	Manual de Liturgia - A celebração do mistériopascal:	Os	sacramentos,	sinais	do	
mistério	pascal.	São	Paulo:	Paulus,	2005.	
FARNÉS	SCHERER.	Construir e adaptar as igrejas.	Barcelona:	Editorial	Regina,	1989.
LEBON,	J.	Para viver a liturgia.	São	Paulo:	Edições	Loyola,	1993.
VATICANO	 II.	 Constituição	 "Sacrosanctum	 Concilium"	 sobre	 a	 Sagrada	 Liturgia.	 In:	
VATICANO	II.	Compêndio do Vaticano II.	11.	ed.	Petrópolis:	Vozes,	1977.

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