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HIGIENE OCUPACIONAL QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO À HIGIENE OCUPACIONAL ................................................................... 5 Histórico da Higiene Ocupacional .............................................................................. 5 Histórico da Higiene Ocupacional no Brasil ............................................................. 10 Siglas da Higiene Ocupacional ................................................................................. 14 Definição de Higiene Ocupacional ........................................................................... 14 2 ETAPAS E RAMOS DA HIGIENE OCUPACIONAL ........................................................ 16 Etapas da Higiene Ocupacional ............................................................................... 16 2.1.1 Antecipar é ....................................................................................................................... 16 2.1.2 Reconhecer é .................................................................................................................... 16 2.1.3 Avaliar é ........................................................................................................................... 19 2.1.4 Controlar é ....................................................................................................................... 20 Ramos da Higiene Ocupacional ............................................................................... 21 2.2.1 Higiene Teórica ................................................................................................................ 21 2.2.2 Higiene Analítica .............................................................................................................. 21 2.2.3 Higiene Operativa ............................................................................................................ 22 2.2.4 Higiene de Campo/Prática ............................................................................................... 22 3 RISCOS OCUPACIONAIS ............................................................................................ 23 3.1 Riscos Ocupacionais ............................................................................................... 23 3.1.1 Riscos físicos .................................................................................................................... 23 3.1.2 Riscos químicos ................................................................................................................ 23 3.1.3 Riscos biológicos .............................................................................................................. 23 3.1.4 Riscos de acidentes .......................................................................................................... 23 3.1.5 Riscos ergonômicos .......................................................................................................... 24 3.2 Consequências dos Riscos Ambientais .................................................................... 24 3.2.1 Riscos físicos .................................................................................................................... 24 3.2.2 Riscos químicos ................................................................................................................ 27 3.2.3 Riscos biológicos .............................................................................................................. 28 3.3 Doenças Do Trabalho X Doenças Ocupacionais ....................................................... 29 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres ............................................................. 29 3.4.1 Análise Qualitativa .......................................................................................................... 31 3.4.2 Análise Quantitativa ........................................................................................................ 31 3.4.3 Outros Fatores Considerados na Higiene Ocupacional.................................................... 32 3.4.4 Legislação e Diretrizes ..................................................................................................... 33 4 SOM E RUÍDO ............................................................................................................ 34 Conceitos Básicos.................................................................................................... 34 4.1.1 Frequência do som ........................................................................................................... 34 4.1.2 Velocidade do som ........................................................................................................... 35 4.1.3 Pressão Sonora ................................................................................................................ 35 Efeitos dos Ruídos no Ser Humano ......................................................................... 36 Audiometria ............................................................................................................ 37 4.3.1 Tipos de Ruídos ................................................................................................................ 38 4.3.2 Ciclo de Trabalho ............................................................................................................. 38 QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 3 Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído ........................................................ 39 4.4.1 Normas e Limites de exposição ........................................................................................ 39 4.4.2 Dose de Ruído .................................................................................................................. 40 4.4.3 Medição de Ruído ............................................................................................................. 41 Medidas de Controle ................................................................................................ 42 4.5.1 EPI - Equipamentos de proteção individual ..................................................................... 42 4.5.2 EPC – Equipamentos de proteção coletiva ....................................................................... 45 5 VIBRAÇÕES EM AMBIENTES DE TRABALHO ............................................................ 46 5.1 Origem da Vibração ................................................................................................. 46 5.2 Premissas sobre Vibrações ...................................................................................... 46 Vibrações no Corpo Humano ................................................................................... 47 Tipos de Vibrações .................................................................................................. 49 Como Identificar Vibrações ...................................................................................... 52 Normas de Exposição à Vibração ............................................................................. 53 5.6.1 NR-15, Anexo VII8 ............................................................................................................ 53 5.6.2 ISO 5349 - Vibração em Mão e Braços ............................................................................. 53 5.6.3 ISO 2631 - Vibrações de Corpo Inteiro ............................................................................. 54 Vibração de Corpo Inteiro – VCI ............................................................................... 54 Vibração Localizada ou Vibraçãomão e braço - VMB .............................................. 55 Medição de Vibrações .............................................................................................. 57 Medidas de Controle de Vibração ........................................................................... 57 5.10.1 Medidas administrativas ............................................................................................... 57 5.10.2 Medidas preventivas para reduzir a vibração que atinge o corpo ................................. 58 5.10.3 Medidas preventivas médicas ....................................................................................... 58 5.10.4 Aconselhar as pessoas expostas à vibração ................................................................. 58 5.10.5 Comunicação com fabricantes de equipamentos ........................................................... 59 5.10.6 Equipamentos de proteção ............................................................................................. 59 6 FRIO E CALOR ........................................................................................................... 60 6.1 Frio ......................................................................................................................... 60 6.1.1 Frio Interno – Ambientes fechados ................................................................................... 61 6.1.2 Frio Externo – Ambientes abertos .................................................................................... 61 6.1.3 Efeitos da Exposição ao Frio ............................................................................................ 62 6.1.4 Legislação ........................................................................................................................ 65 6.1.5 Vestimentas Apropriadas ................................................................................................. 66 6.1.6 Exames Médicos .............................................................................................................. 67 6.1.7 Aclimatação ...................................................................................................................... 67 6.1.8 Orientações e Treinamento .............................................................................................. 67 6.2 A Exposição ao Calor ............................................................................................... 67 6.2.1 Calor – Avaliação ............................................................................................................. 67 6.2.2 Procedimento de Avaliação .............................................................................................. 71 6.2.3 Limites de Tolerância para exposição ao Calor ................................................................ 72 6.2.4 Efeitos do Calor ................................................................................................................ 73 7 RISCOS QUÍMICOS .................................................................................................... 75 7.1 Conhecendo os Riscos Químicos ............................................................................. 75 Limites de Exposição Ocupacional ........................................................................... 77 QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 4 Vias de absorção do agente no organismo ............................................................... 79 FISPQ – Ficha Internacional de Segurança de Produto Químico .............................. 83 Métodos de Coleta ................................................................................................... 84 Tipos de Amostragem .............................................................................................. 85 7.6.1 Amostragem Passiva ........................................................................................................ 86 7.6.2 Amostragem Ativa ............................................................................................................ 86 8 RISCOS BIOLÓGICOS ................................................................................................ 89 8.1 Conhecendo os Riscos Biológicos............................................................................. 89 Meio de Transmissão ............................................................................................... 89 Identificação e Avaliação de Riscos .......................................................................... 89 Plano de Prevenção .................................................................................................. 90 8.4.1 Medidas Preventivas Coletivas ........................................................................................ 91 8.4.2 Medidas Preventivas Individuais ..................................................................................... 91 8.4.3 Comitê .............................................................................................................................. 91 8.4.4 NR 32 ............................................................................................................................... 91 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 93 QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 5 1 INTRODUÇÃO À HIGIENE OCUPACIONAL 1.1 Histórico da Higiene Ocupacional Os acidentes e doenças ocupacionais são problemas que têm acompanhado o desenvolvimento das atividades do homem através dos tempos. O homem primitivo teve sua integridade física ameaçada e sua capacidade produtiva diminuída pelos acidentes próprios da caça, da pesca e da guerra, atividades que eram as mais importantes da sua época. Mais tarde, o caçador que habitava as cavernas, transformou-se em artesão e passou a trabalhar em minas e com os metais, gerando as primeiras doenças do trabalho, provocadas pelos próprios materiais utilizados na sua atividade laboral. As primeiras referências escritas, relacionadas com estes problemas, encontram- se num papiro Egípcio, que data de 2360 a.C., o chamado Papiro Seller II, e que dizem: “Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que eu vejo sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O pedreiro exposto a todos os ventos, enquanto a doença à espreita, constrói sem agasalho, seus dois braços se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos, ele se come a si mesmo, porque só tem como pão os seus dedos. O barbeiro cansa os seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido, joelho ao estômago, ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a morrinha do peixe; seus olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes vivem em desalinho”. Na mitologia grega e romana, Hygieia era uma das filhas do Deus da Medicina, Asclepius. Ela era a deusa da saúde, da limpeza e do saneamento, e teve um papel importante na cultura de seu pai. Enquanto ele estava diretamente associado com a cura, ela estava associada com a prevenção de doenças e com a continuidade do bem- estar. Por este motivo, seu nome deu origem a palavra “Higiene”. Em 460 a.C., Hipócrates, considerado o pai da medicina, também fala dos acidentes e doenças do trabalho. Quatro séculos mais tarde, Plínio (23-79 d.C.), após visitar alguns locais de trabalho, principalmente galerias de minas, descreve impressionado o aspecto dos trabalhadores expostos ao chumbo, ao mercúrioe às poeiras. Menciona então a QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 6 iniciativa dos escravos em utilizarem à frente do rosto, à guisa de máscaras, panos ou membranas (de bexiga de carneiro) para atenuar a inalação de poeiras. Em 1556, um ano após a sua morte, Georg Bauer, mais conhecido pelo seu nome latino de Georgius Agricola, publica em latim seu livro De Re Metallica. Após estudar diversos aspectos relacionados à extração de metais argentíferos e auríferos e à sua fundição, dedica o último capítulo aos acidentes do trabalho e às doenças mais comuns entre os mineiros. Agrícola dá destaque especial à chamada “asma dos mineiros”, provocada por poeiras que descreveu como “corrosivas”. A descrição dos sintomas e a evolução da doença fazem lembrar a silicose. Segundo as observações de Agrícola, em algumas regiões extrativas, as mulheres chegavam a casar sete vezes, roubadas que eram de seus maridos, pela morte prematura encontrada na ocupação que exerciam. Onze anos mais tarde, surge a publicação de Paracelso (Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim): “Dos Ofícios e das Doenças da Montanha”. Seu autor nasceu e viveu durante muitos anos em um centro mineiro da Boêmia, e são numerosas as suas observações relacionando métodos de trabalho ou substâncias manuseadas com doenças, sendo de destacar-se, por exemplo, que, em relação à intoxicação pelo mercúrio, os principais sintomas dessa doença profissional encontram-se ali assinalados, bem como da silicose. Em 1700, era publicada em Módena, na Itália, a primeira edição do livro De Morbis Artificum Diatriba, escrito pelo médico Bernadino Ramazzini (1633 - 1714). Nesta obra fundamental que lhe valeu o epíteto de “Pai da Medicina do Trabalho”, Ramazzini descreve com rara sensibilidade e grande erudição literária, doenças que ocorrem em trabalhadores de mais de cinquenta ocupações. Às perguntas Hipócraticas, fundamentais na anamnese, propõe Ramazzini que se acrescente mais uma: QUAL É A SUA OCUPAÇÃO? A partir do séc. XVIII, profundas alterações tecnológicas são iniciadas pela humanidade, e sua importância é de tal magnitude que foi chamada de Revolução Industrial. São inventados a máquina a vapor (James Watts - 1781) e o regulador automático de velocidade (1785), inventos estes que deram ao homem a independência das fontes localizadas de energia (rios) e o uso de uma nova forma controlável (de energia), de baixo custo e abundante. A organização das primeiras indústrias foi uma tragédia para as classes trabalhadoras, dadas as condições sub-humanas nas quais desenvolviam-se as QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 7 atividades fabris. Os acidentes do trabalho e as doenças provocadas pelas substâncias e ambientes do trabalho geravam grande número de doentes e mutilados. As primitivas máquinas de fiação e tecelagem necessitavam de força motriz para acioná-las, e esta foi encontrada na energia hidráulica; daí o nome de “mill”, pelo qual, até hoje, são conhecidas as fiações nos países de língua inglesa. A descoberta da máquina a vapor, porém, veio permitir a instalação de fábricas em quaisquer lugares e, muito naturalmente, as grandes cidades, onde era abundante a mão de obra. Assim, galpões, estábulos, velhos armazéns eram rapidamente transformados em "fábricas", colocando-se, no seu interior, o maior número possível de máquinas de fiação e tecelagem. Como mulheres e crianças podiam cuidar das máquinas e receber menos que os homens, deram-lhes trabalho, enquanto o homem ficava em casa, frequentemente sem poder trabalhar. A princípio, os donos de fábricas compravam o trabalho das crianças pobres, nos orfanatos; mais tarde, como os salários do pai operário e da mãe operária não eram suficientes para manter a família, também as crianças que tinham casa foram obrigadas a trabalhar nas fábricas e minas. Intermediários inescrupulosos percorriam as grandes cidades inglesas, arrebanhando crianças, que lhes eram vendidas por pais miseráveis, e revendidas a £ 5 (Libras Esterlinas) por cabeça, aos empregadores que, ansiosos por obter um suprimento inesgotável de mão-de-obra barata, se comprometiam a aceitar uma criança débil mental para cada 12 crianças sadias. A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída principalmente por crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os acidentes do trabalho eram numerosos, provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas por correias expostas, e as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes. Inexistindo limites de horas de trabalho, homens, mulheres e crianças iniciavam suas atividades pela madrugada, abandonando-as somente ao cair da noite; em muitos casos continuava mesmo durante a noite, em fábricas parcamente iluminadas por bicos de gás. As atividades profissionais eram executadas em ambientes fechados, onde a ventilação era precaríssima. Não é, pois, de estranhar-se que doenças de toda a ordem disseminassem entre os trabalhadores, especialmente entre as crianças (principalmente as infectocontagiosas, como o tifo europeu, que era chamado de “febre das fábricas”, cuja disseminação era facilitada pelas más condições QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 8 do ambiente de trabalho e pela grande concentração e promiscuidade dos trabalhadores). Tal dramática situação dos trabalhadores não poderia deixar indiferente a opinião pública, e por essa razão criou-se, no parlamento britânico, sob direção de sir Robert Peel, uma comissão de inquérito que, após longa e tenaz luta, conseguiu que em 1802 fosse aprovada a primeira lei de proteção aos trabalhadores: a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano, e tornava obrigatória a ventilação destas. Em 1830, quando as condições de trabalho das crianças ainda se mostravam péssimas, a despeito dos diversos documentos legais, o proprietário de uma fábrica inglesa, que se sentia perturbado diante das péssimas condições de trabalho dos seus pequenos trabalhadores, procurou Robert Baker, famoso médico inglês, pedindo-lhe conselhos sobre a melhor forma de proteger a saúde dos mesmos. Baker dedicava parte do seu tempo a visitar fábricas e tomar conhecimento das relações entre trabalho e doença, o que levou o governo britânico, quatro anos mais tarde, a nomeá-lo Inspetor Médico de Fábricas. Assim, diante do pedido do empregador inglês, aconselhou-o a contratar um médico da localidade em que funcionava a fábrica de modo a visitar diariamente o local de trabalho e estudar a sua possível influência sobre a saúde dos pequenos operários, que deveriam ser afastados de suas atividades profissionais tão logo fosse notado que estas estivessem prejudicando a sua saúde. Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo. Em 1831, uma comissão parlamentar de inquérito, sob a chefia de Michael Saddler, elaborou um cuidadoso relatório, que concluía da seguinte maneira: “Diante desta Comissão desfilou longa procissão de trabalhadores – homens e mulheres, meninos e meninas. Abobalhados, doentes, deformados, degradados na sua qualidade humana, cada um deles era clara evidência de uma vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do homem para com o homem, uma impiedosa condenação daqueles legisladores que, quando em suas mãos detinham poder imenso, abandonaram os fracos à capacidadedos fortes”. O impacto deste relatório sobre a opinião pública foi tremendo, e assim, em 1833, foi baixado o Factory Act, que deve ser considerada como a primeira legislação realmente eficiente no campo da proteção ao trabalhador. Aplicava-se a todas as empresas têxteis onde se usasse força hidráulica ou a vapor; QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 9 proibia o trabalho noturno aos menores de 18 anos e restringia as horas de trabalho destes, a 12 por dia e 69 por semana; as fábricas precisavam ter escolas, que deviam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos, e um médico devia atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondesse à sua idade cronológica. O divisor de águas para higiene e a medicina industrial veio com o Factory Act britânico de 1901, que iniciou a regulamentação das ocupações perigosas. As regulamentações criaram ímpeto para a investigação dos riscos dos locais de trabalho e fiscalização de medidas de controle. Tem sido sugerido, também, que a higiene industrial não emergiu como um campo individualizado de atuação até que as avaliações quantitativas do ambiente tornaram-se disponíveis. Nos Estados Unidos destaca-se em 1910 a Dra. Alice Hamilton, como pioneira no campo da doença ocupacional, campo que era totalmente inexplorado até então. O seu trabalho individual, que compreendia não só o reconhecimento da doença, mas a avaliação e o controle dos agentes causadores, deveria ser considerada como o início da prática da higiene industrial nos EUA. Deve ser observado que muitos dos praticantes iniciais de higiene industrial eram médicos, que não estavam interessados apenas na diagnose e tratamento da doença, mas também no controle dos riscos, para prevenir casos futuros. Esses médicos trabalhavam com engenheiros e outros cientistas interessados em saúde pública e riscos ambientais. Dessa forma, iniciaram um processo incubado desde Hipócrates, visando deliberadamente modificar os ambientes de trabalho com o objetivo de prevenir doenças ocupacionais. Em 1919 foi criada a OIT, como parte do Tratado de Versalhes. Tendo objetivo de promover justiça social. Em 1925, elabora sua primeira lista constando apenas 3 doenças: saturnismo (chumbo), hidragismo (mercúrio) e carbúnculo (antraz). Sendo que em 1934, essa lista foi ampliada para 10 doenças profissionais e em 1964 para 29. Nos últimos 20 anos a OIT – Organização Internacional do Trabalho – tem formulado várias convenções de segurança e saúde ocupacional. O Brasil é signatário de várias delas. Desde a criação da União Europeia, várias diretivas prevencionistas QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 10 para os ambientes de trabalho, baseadas em critérios modernos de caracterização de riscos. 1.2 Histórico da Higiene Ocupacional no Brasil Embora em menores proporções, não seria despropósito afirmar que o período vivido pelo Brasil, basicamente Rio de Janeiro e São Paulo, de 1880 a 1920, guarda grande similitude com o período da “Revolução Industrial” da Inglaterra de cem anos antes. Nos seus aspectos positivos, mas também na repetição dos problemas desencadeados pela industrialização. Mas algumas marcos podemos destacar da história da Higiene Ocupacional no Brasil: Sec. XX - Oswaldo Cruz – Doenças infecciosas relacionadas ao trabalho (construção de ferrovias e portos) 1919 - 1ª lei de proteção ao trabalhador (o trabalhador acidentado não precisava obter qualquer prova de culpa do patrão para ter direito a indenização) 1930 - Início do desenvolvimento do processo industrial brasileiro. Criação do Ministério do Trabalho e da jornada de trabalho. 1943 - CLT (Decreto Lei 5452 de 01/05/1943) 1960 – 70 - Campeão Mundial de Acidentes de Trabalho De 1970 - Evolução da Saúde Ocupacional para a Saúde dos Trabalhadores 1965 - Oficialmente anunciada a criação da Fundação Centro Nacional de Segurança e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO), no Brasil 1974 – Vinculação da FUNDACENTRO ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 1978 – regulamentação da Lei 6514 – 1978 Portaria 3214 (NRs) 1994 – Evolução das ações de gerenciamento da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil, através da Portaria nº 25, de 29/12/94, que institui o PPRA (Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais) Os primeiros passos do prevencionismo brasileiro tiveram origens reais nos primeiros anos da década de 1930, depois da criação do ministério do trabalho. Desta década datam as primeiras tentativas para despertar os responsáveis pelo QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 11 desenvolvimento industrial do Brasil, autoridades, empresários e trabalhadores, para a prevenção dos acidentes e doenças do trabalho. O país contava desde 1919 com uma lei de acidentes do trabalho, a qual foi reformulada em 1934, mas apesar da reformulação, ambas leis foram deficientes no aspecto prevencionista, preocupando-se de preferência com a compensação ao acidentado, ou seja, atuava uma vez que o acidente acontecia. No Governo Getúlio Vargas foi implantada a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – em 1943, com um capítulo (V) para a segurança e higiene do trabalho. Foi também prevista a eliminação da insalubridade através de medidas de controle e por consequência o não pagamento dos respectivos adicionais. Neste mesmo ano, o Governo resolveu estender às outras classes operárias as medidas de proteção ao trabalho. Nesse ano, o ministro do trabalho, Sr. Marcondes Filho, lançou as bases da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, que até hoje vem se desenvolvendo. O fim dos anos 60 e início da década de 70 foram marcados por grande crescimento industrial e econômico. Falava-se no “milagre brasileiro”, e as taxas de crescimento eram de até 10% ao ano. Isto, naturalmente, quer dizer também que não havia formação profissional que suprisse adequadamente trabalhadores devidamente treinados, não só para as tarefas requeridas, mas também para a prevenção. Somando isso a um crescimento relativamente desordenado das empresas, o resultado só poderia ser um: muitos acidentes. E o Brasil recebeu o título de Campeão de acidente no trabalho. A evolução dos índices oficiais pode ser observada a seguir: QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 12 QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 13 Observação: considerando-se apenas os números oficiais do INSS que engloba apenas trabalhadores com carteira profissional assinada. Tabela 1: Índice de acidentes do trabalho Fonte: Anuário do INSS Em 1972, quase 1/5 da força de trabalho formal (inscrita na previdência) havia se acidentado e isso foi a pior marca na história acidentária do Brasil. Considerando- se ainda: A grande quantidade de trabalho informal; Que o índice é médio, ou seja, para as atividades de alto risco as cifras seriam ainda mais altas; E a eventual subnotificação de acidentes. Tratava-se não apenas de um grande holocausto de vítimas fatais, mutilados e alijados da sociedade produtiva, mas também uma sangria imensa do PIB, pelas horas não produtivas, perdas econômicas e recursos de previdência desviados necessariamente para fazer frente a indenizaçõese pensões. Um grande drama humano, mas também uma perda de riqueza do país, que poderia estar sendo dirigida a outras prioridades. A criação veio decretada, a partir da Portaria 3237, de 1972, dentro do que se chamou de PNVT – Plano Nacional de Valorização do Trabalhador. Tal era a urgência, que as profissões foram criadas no âmbito do Ministério do Trabalho, que outorgava a profissão, o que perdurou até os anos 80, quando passaram para a esfera do Ministério da Educação. O então “Supervisor de Segurança”, nos primeiros tempos, poderia formar-se apenas com o ginásio, atualmente conhecido como ensino fundamental, sendo exigido posteriormente o 2° grau (atualmente ensino médio). Em 1978 ocorre a regulamentação da Lei 6514, que cria as Normas Regulamentadoras – NRs. E em 1994, acontece a evolução das ações de gerenciamento da Segurança e Saúde Ocupacional no Brasil, através da Portaria nº 25, de 29/12/94, que institui o PPRA (Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais). Vale salientar que já na CLT de 1943 aparecia a denominação “segurança e higiene do trabalho”. Na Constituição Brasileira de 1988 a higiene do trabalho ou ocupacional é um direito dos trabalhadores, conforme o artigo 7°. Na revisão do QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 14 Capítulo V da CLT, em 1977, criou-se o binômio Segurança e Medicina do Trabalho, desprezando a importância da disciplina que estuda os riscos ambientais. 1.3 Siglas da Higiene Ocupacional Junto com o desenvolvimento progressivo da Higiene Ocupacional e sua legislação foram aparecendo diversas entidades, algumas de origem privada e outras de caráter oficial, tendo por objetivo o ensino, divulgação e pesquisas no âmbito da segurança, higiene e medicina do trabalho. ACGIH – fundada em 1938, com 76 higienistas de 24 estados. Em 1996 possuía 5400 membros. A AIHA foi formada em 1939. Havia 160 membros em 1940, e mais de 13.000 em 1996. Possui 93 seções locais nos EUA e em 3 outros países. A revista (AIHA Journal) apareceu em 1946. OMS – Organização Mundial da Saúde OMS/OIT – Recomendação 97 sobre a “Proteção da Saúde dos Trabalhadores” NIOSH – Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional dos EUA NHO – Norma de Higiene Ocupacional OSHA - Occupational Safety and Health Administration ABHO – Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais. Fundada em 23 de agosto de 1994, congrega os higienistas ocupacionais no país e é a única organização brasileira dessa categoria profissional reconhecida pela IOHA. 1.4 Definição de Higiene Ocupacional Vimos o histórico dos acidentes e doenças, sua percepção e prevenção através dos tempos; vimos também um histórico específico da higiene ocupacional. Está na hora de conhecermos seu conceito, conforme Portaria SSST n.º 25, de 29 de dezembro de 1994 NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS: É a ciência e arte dedicada à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores ou estresses ambientais que possam causar doenças, alterações de saúde ou desconforto significativo a QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 15 trabalhadores no ambiente de trabalho, enquanto considera os possíveis impactos sobre o meio ambiente em geral. Outra definição de Higiene Ocupacional é a ciência que preserva a saúde dos trabalhadores e promove a saúde financeira da empresa, com a redução de custos relacionados a insalubridade e passivos trabalhistas. (Collaziol, 2012) Através da implantação de boas práticas de higiene ocupacional, com ANTECIPAÇÃO, RECONHECIMENTO, AVALIAÇÃO E CONTROLE (ARAC) de riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho, que afetam e podem causar severos danos à saúde e bem-estar dos trabalhadores, das comunidades circunvizinhas e meio ambiente (Collaziol, 2012). QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 16 2 ETAPAS E RAMOS DA HIGIENE OCUPACIONAL 2.1 Etapas da Higiene Ocupacional As Etapas da Higiene ocupacional são formadas pelo ARAC, ou seja, ANTECIPAÇÃO, RECONHECIMENTO, AVALIAÇÃO E CONTROLE. Que formam as boas práticas em relação aos riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho. Vamos entender cada uma delas: 2.1.1 Antecipar é Essa etapa se refere a adiantar-se aos riscos, seja numa linha de produção já existente ou num projeto de nova instalação. Por isso precisamos: Trabalhar com equipes de projeto, modificações ou ampliações (ou pelo menos analisando em momentos adequados o resultado desse trabalho), visando a detecção precoce de fatores de risco ligados a agentes ambientais, adotando opções de projeto que favoreçam a sua eliminação ou controle; Estabelecer uma "polícia de fronteira" na empresa, rastreando e analisando todo novo produto químico a ser utilizado (isso inclui as amostras de vendedores); Ditar normativas preventivas para evitar exposições inadvertidas a agentes ambientais causadas pela má seleção de produtos, materiais e equipamentos, para compradores, projetistas e contratadores de serviços. Por exemplo, um dispositivo para espantar roedores de galerias de cabos elétricos parece ótimo, mas é necessário saber que é um emissor de ultrassom. 2.1.2 Reconhecer é Conhecer de novo! Isso significa que se deve ter conhecimento prévio dos agentes do ambiente de trabalho, ou seja, saber reconhecer os riscos presentes nos processos, materiais, operações associadas, manutenção, subprodutos, rejeitos, produto final e insumos: Também, deverá estudar o processo, atividades e operações associadas e processos auxiliares, não apenas com os dados existentes na empresa (e inquirindo os técnicos, projetistas, operadores...), mas também conhecendo a literatura ocupacional QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 17 específica a respeito deles, pois mesmo os técnicos dos processos podem desconhecer os riscos ambientais que os mesmos produzem. Podem omitir, frequentemente, detalhes que não julgam importantes para o higienista, justamente ligados a um risco. O solícito técnico da máquina empacotadora de leite longa vida pode lhe dar uma explicação precisa e detalhada do seu funcionamento, omitindo que a caixinha é selada por radiofrequência; Além de transitar e observar incessantemente pelo local de trabalho (não se faz higiene sem ir a campo), observando o que lhe é mostrado e o que não é. Andar "atrás" das coisas, em subsolos, casas de máquinas, porões de serviço pode ser bastante instrutivo e revelador de riscos ambientais (cuidado com os riscos de acidentes nesses locais). Buscando realizar essa etapa precisamos atentar alguns procedimentos utilizar e seguir: 1. Conhecimento da Produção Tecnologia de produção: • Processos usados • Fluxogramas • Parâmetros (pressão, temperatura, etc.) • Sistemas manuais ou automáticos Layout das instalações industriais: • Dimensões dos locais de trabalho • Áreas sob influência potencial dos contaminantes Inventário das matérias primas 2. Conhecimento do Processo Organização do processo de produção (fluxos): • Características (contínuo ou descontínuo) • Tipos de equipamentos (fechado, aberto, ou periodicamente aberto) Fontes potenciais de contaminantes: - Circunstâncias que podem originar vazamento de contaminantes • Possibilidades de se criarem condições perigosas • Disposição de máquinas 3.Conhecimento das Condições Climáticas Direção e intensidade das correntes de ar QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 18 Temperatura Umidade Pressão atmosférica 4. Conhecimento das Propriedades Físico-Químicas dos Produtos Envolvidos Pressão de vapor Densidade Reatividade 5. Conhecimento da Toxicologia dos Produtos em Uso Vias de penetração no organismo Meia-vida biológica Limites de exposição Reconhecimento 6. Estabilidade das matérias-primas, produtos intermediários, finais e auxiliares 7. Conhecimento das Atividades do Trabalhador Tipo de exposição (contínua, intermitente ou esporádica) - Exigências físicas do trabalho realizado Tipo de jornada (turno, ciclo de trabalho) - Número de trabalhadores em relação às máquinas - Número de trabalhadores por operação 8. Conhecimento dos Programas de Manutenção Preventiva - Corretiva (procedimentos adotados) 9. Conhecer a Natureza e Resultados de Avaliações Existentes Avaliação ambiental Avaliação biológica Avaliação clínica 10. Conhecer as Proteções Adotadas Coletivas (aplicadas na fonte ou na propagação do agente) - Individuais (uso de EPIs) Procedimentos (métodos de trabalho para minimizar exposições) 11. Conhecer a Empresa do Ponto de Vista de suas Ações CIPA SESMT Ações Fiscais Ações Judiciais 12. Utilização de Índices Sensoriais QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 19 Índices olfativos Índices auditivos - Índices visuais 2.1.3 Avaliar é Emitir um juízo de tolerabilidade sobre uma exposição a um agente ambiental. Em forma simples, avaliar é poder emitir um juízo de tolerabilidade sobre uma exposição a um agente ambiental. Atualmente, a avaliação está inserida dentro de um processo que se convenciona chamar de Estratégia de Amostragem, o que é, evidentemente, muito mais que avaliar no sentido instrumental. O juízo de tolerabilidade é dado pela comparação da informação de exposição ambiental (que pode ter vários graus de confiabilidade) com um critério adequado. O critério é genericamente denominado de "limite de exposição ambiental", ou limite de exposição (Legalmente falando, "limite de tolerância". Este conceito será detalhado adiante). A avaliação deverá determinar a intensidade dos agentes físicos e concentração dos agentes químicos o dimensionamento da exposição dos trabalhadores. A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessário para comprovar o controle da exposição ou existência dos riscos identificados na etapa de reconhecimento. A avaliação deverá considerar as seguintes atividades: Definir e planejar a estratégia dos riscos, baseando-se nos dados e informações coletadas na etapa de reconhecimento; Quantificar a concentração ou intensidade através de equipamentos e instrumentos compatíveis aos riscos e utilizando de técnicas de avaliação dos agentes; Verificar se os valores encontrados estão em conformidade com os limites de tolerância e tempo de exposição dos trabalhadores; Verificar se as medidas de controle implantadas são suficientes. Os tipos de Amostragem são: Amostra única de período completo: • Tomada sobre toda a base de tempo do limite • Segunda forma mais indicada, se existir metodologia para isso QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 20 Amostras consecutivas de período completo: • Várias amostras que abrangem a base de tempo do limite • Melhor forma de estimativa, com maior benefício estatístico • Maiores custos Amostras consecutivas de período parcial: • Para uma base de limite de 8 horas, devem cobrir de 4 a 8 horas • São consecutivas no sentido em que são superpostas, porém não são, necessariamente, adjacentes • Terceira melhor forma • Dificuldade de como lidar com o período não amostrado • Para uma boa representatividade, deve-se tomar 70% a 80% da base de tempo do limite Amostras pontuais de curta duração (GRAB SAMPLES): • Podem tomar até alguns segundos, se obtidas de • Instrumentos de leitura direta • Opção menos apropriada • Produz limites de confiança muito amplos • A duração da amostragem pontual não interfere na precisão da estimativa, porém deve permitir coletar amostra suficiente para o método analítico 2.1.4 Controlar é Adotar medidas de engenharia sobre as fontes e trajetória do agente, atuando sobre os equipamentos e realizando ações específicas de controle, como projetos de ventilação industrial; Intervir sobre operações, reorientando-as para procedimentos que possam eliminar ou reduzir a exposição; Definir ações de controle no indivíduo, o que inclui, é claro, mas não está limitado a proteção individual; As medidas de controle podem estar relacionadas ao ambiente de trabalho ou ao trabalhador. A hierarquia dos controles deve ser: Controle na fonte do risco – melhor forma de controle. Deve ser a primeira opção, envolve substituição de materiais e/ou produtos, manutenção, substituição ou modificação de processos e/ou equipamentos. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 21 Controle na trajetória do risco (entre a fonte e o receptor) – quando não for possível o controle na fonte, podemos utilizar barreiras na transmissão do agente, tais como: barreiras isolantes, refletoras, sistemas de exaustão, etc. Controle no receptor (trabalhador) – as medidas de controle no trabalhador só devem ser implantadas quando as medidas de controle na fonte e na trajetória forem inviáveis, ou em situações emergenciais. Como exemplo, podemos citar: educação, treinamento, equipamentos de proteção individual, higiene, limitação da exposição, rodízio de tarefas, etc. Serão dados mais à frente os elementos gerais de ações de controle em higiene ocupacional. Em cada matéria, serão dadas ações específicas de controles. 2.2 Ramos da Higiene Ocupacional Os ramos da Higiene Ocupacional são: Higiene Teórica Higiene Analítica Higiene Operativa Higiene de Campo e Prática 2.2.1 Higiene Teórica Estuda a relação dose-resposta, isto é, a relação contaminante x tempo de exposição, e estabelece valores de referência, ou seja, limites de tolerância para os quais a maioria das pessoas expostas não sofre qualquer tipo de alteração funciona. 2.2.2 Higiene Analítica Realiza a identificação qualitativa e quantitativa dos contaminantes presentes no ambiente. A avaliação dos contaminantes químicos consiste na determinação quantitativa através de métodos padronizados. Os métodos analíticos devem permitir obter resultados que expressem efetivamente as condições avaliadas, representando, o mais fielmente possível, a exposição do trabalhador. Exemplos de Higiene Analítica Metodologia para Mediação de Ruído: para as dosimetrias de ruído os valores são apresentados diretamente no aparelho, que são comparados com o Limite de Tolerância apresentado na NR-15, Anexo I. Metodologia para Mediação de Químicos: para os agentes químicos, os coletores são encaminhados para um laboratório que quantifica as amostras coletadas de acordo com a metodologia específica para cada agente coletado (NIOSH). QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 22 2.2.3 Higiene Operativa Realiza os estudos para a minimização,neutralização ou eliminação dos riscos ambientais presentes no ambiente de trabalho. Propõe correções a serem adotadas, de modo a conseguir condições ambientais que permaneçam dentro dos limites de tolerância estabelecidos pelos órgãos reguladores. São vários os critérios que podem ser adotados para alcançar esse objetivo, tais como: Substituição de substâncias ou processos perigosos Diminuição do tempo de exposição e captação local de contaminantes Definição de uso de EPC ou EPI. Exames médicos periódicos e outros 2.2.4 Higiene de Campo/Prática Esta é a fase onde se obtém, no local de trabalho, os dados para estudos dos problemas dentro do ambiente de trabalho, e faz a distribuição nos diferentes ramos da higiene ocupacional. Verifica as situações in loco, buscando: Reconhecer os contaminantes, Medir tempo de exposição, Amostras dos contaminantes Limites de tolerância Com isso esse ramo da Higiene obtém resultados para emitir, posteriormente, conclusões e recomendações, com vista a solucionar o problema em questão. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 23 3 RISCOS OCUPACIONAIS 3.1 Riscos Ocupacionais Os riscos no ambiente laboral podem ser classificados em cinco tipos, de acordo com a Portaria nº 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978. Esta portaria contém uma série de normas regulamentadoras que consolidam a legislação trabalhista, relativas à segurança e medicina do trabalho. Os riscos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, sendo divididos em: Riscos Físicos: Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos de Ergonômicos Riscos de Acidentes 3.1.1 Riscos físicos Consideram-se agentes de risco físico os agentes que se apresentam nas seguintes formas de energia: ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração, etc. 3.1.2 Riscos químicos Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou que seja, pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. 3.1.3 Riscos biológicos Consideram-se como agentes de risco biológico as bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros. 3.1.4 Riscos de acidentes Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação vulnerável e possa afetar sua integridade, e seu bem-estar físico e psíquico. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 24 3.1.5 Riscos ergonômicos Qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc. 3.2 Consequências dos Riscos Ambientais 3.2.1 Riscos físicos RUÍDOS As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio e longo prazos provocar sérios prejuízos à saúde. Dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão manifestar-se imediatamente ou gradualmente. Quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição ocupacional. O ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando: fadiga nervosa; alterações mentais: perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias; hipertensão; modificação do ritmo cardíaco; modificação do calibre dos vasos sanguíneos; modificação do ritmo respiratório; perturbações gastrointestinais; diminuição da visão noturna; dificuldade na percepção de cores. Além destas consequências, o ruído atinge também o aparelho auditivo causando a perda temporária ou definitiva da audição. VIBRAÇÃO Na indústria é comum o uso de máquinas e equipamentos que produzem vibrações, as quais podem ser nocivas ao trabalhador. Vibração é o movimento de um ponto oscilando em torno de um ponto de referência. A amplitude do movimento é indicada em milímetros ou polegadas. O número de vezes que ocorre o movimento completo em determinado tempo é chamado de frequência em geral indicada em Hertz (Hz. As vibrações mecânicas podem ser medidas em aceleração (unidade SI: metros por segundo ao quadrado), velocidade (unidade SI: metros por segundo) ou deslocamento (unidade SI: metros). QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 25 A Vibração em excesso, irá ocasionar no organismo: cansaço, irritação, dores nos membros, dores na coluna, doença do movimento, artrite, problemas digestivos, lesões ósseas, lesões dos tecidos moles. RADIAÇÃO IONIZANTE Alguns acidentes ocorreram ao redor do mundo com fontes radioativas que foram parar em depósitos de sucatas. Os casos mais graves envolvendo mortes ocorrem sempre com fontes que emitem radiação gama de alta energia e com atividade alta, geralmente de Cobalto-60 ou Césio-137, utilizadas em equipamentos para radioterapia em pacientes com câncer. Nos últimos 25 anos, ocorreram 23 mortes de pessoas relacionadas ao trabalho com sucatas metálicas ao redor do mundo. O maior acidente radioativo aconteceu em Goiânia em setembro de 1987. Caracterizam-se como efeitos da exposição à radiação ionizante: as alterações celulares, câncer, fadiga, problemas visuais, acidente do trabalho. RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE As radiações não ionizantes, a luz ultravioleta, são aquelas menos energéticas. A luz ultravioleta compreende a porção do espectro que vai de 150 a 3900 A, porém o comprimento de onda que possui maior atividade bactericida está ao redor de 2650 A. A luz solar tem poder microbicida em algumas condições, pois a energia radiante da luz do sol é composta basicamente de luz ultravioleta e na superfície terrestre o comprimento de onda desta varia de 2870 a 3900 A, as de comprimento mais baixo são filtradas pela camada de ozônio, pelas nuvens e pela fumaça. A radiação não ionizante é absorvida por várias partes celulares, mais o maior dano ocorre nos ácidos nucléicos, que sofrem alteração de suas pirimidas. Formam-se dímeros de pirimida e se estes permanecem (não ocorre reativação) a réplica do DNA pode ser inibida ou podem ocorrer mutações. Além de ocasionar queimaduras, lesões nos olhos, na pele e em outros órgãos. CALOR Temperatura e calor são dois conceitos bastante diferentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma coisa. No entanto, o entendimento desses dois conceitos se faz necessário para o estudo da termologia. Também chamada de termofísica, a termologia é um ramo da física que estuda as relações de troca de calor e manifestações de qualquer tipo de energia que é capaz de produzir aquecimento, resfriamento ou mudanças de estado físico dos corpos, quando esses ganham ou cedem calor. Temperatura: É a grandeza física associada ao estado de movimento ou a agitação das partículas que compõem os corpos. No cotidiano é muito comum as http://www.brasilescola.com/fisica/temperatura-calor.htm QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino –Cursos Técnicos Pág. 26 pessoas medirem o grau de agitação dessas partículas através da sensação de quente ou frio que se sente ao tocar outro corpo. No entanto não podemos confiar na sensação térmica. Para isso existem os termômetros, que são graduados para medir a temperatura dos corpos. Calor: É definido como sendo energia térmica em trânsito e que flui de um corpo para outro em razão da diferença de temperatura existente entre eles. Altas temperaturas podem provocar: desidratação; erupção da pele; câimbras; fadiga física; distúrbios psiconeuróticos; problemas cardiocirculatórios; insolação. FRIO O ser humano é um animal homeotérmico, ou seja, existe uma estreita faixa de temperaturas que fica ao redor dos 36,1ºC dentro da qual nosso corpo consegue funcionar adequadamente, regulando as funções de nossas células; fora desta faixa, problemas graves podem ocorrer e até mesmo ocasionar a morte. Para evitar que nossa temperatura corporal saia fora dessa estreita faixa, nosso organismo criou mecanismos de defesa. Cobertores não "esquentam" ninguém! Eles apenas aprisionam uma boa camada de ar ao nosso redor e, como o ar aprisionado é um bom isolante térmico, impede a perda de calor do corpo para o ambiente. Baixas temperaturas podem provocar: feridas; rachaduras e necrose na pele; enregelamento: ficar congelado; agravamento de doenças reumáticas; predisposição para acidentes; predisposição para doenças das vias respiratórias. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 27 UMIDADE As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, são situações insalubres e devem ter a atenção dos prevencionistas por meio de verificações realizadas. Podendo ocasionar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças da pele, doenças circulatórias. 3.2.2 Riscos químicos POEIRAS São partículas sólidas geradas mecanicamente por ruptura de partículas maiores. As poeiras são classificadas em: Poeiras minerais. Ex: sílica, asbesto, carvão mineral. Consequências: silicose (quartzo), asbestose (amianto), pneumoconiose dos minérios de carvão (mineral). Poeiras vegetais. Ex: algodão, bagaço de cana-de-açúcar. Consequências: bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar) etc. Poeiras alcalinas. Ex: calcário Consequências: doenças pulmonares obstrutivas crônicas, enfisema pulmonar. FUMOS Partículas sólidas produzidas por condensação de vapores metálicos. Ex: fumos de óxido de zinco nas operações de soldagem com ferro. Consequências: doença pulmonar obstrutiva, febre de fumos metálicos, intoxicação específica de acordo com o metal. NÉVOAS Partículas líquidas resultantes da condensação de vapores ou da dispersão mecânica de líquidos. Ex: névoa resultante do processo de pintura a revólver, monóxido de carbono liberado pelos escapamentos dos carros. GASES Estado natural das substâncias nas condições usuais de temperatura e pressão. Ex: GLP, hidrogênio, ácido nítrico, butano, ozona, etc. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 28 VAPORES São dispersões de moléculas no ar que podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em condições normais de temperatura e pressão. Ex.: nafta, gasolina, naftalina, etc. As Névoas, gases e vapores podem ser classificados em: Irritantes: irritação das vias aéreas superiores. Ex.: ácido clorídrico, ácido sulfúrico, soda cáustica, cloro, etc. Asfixiantes: dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte. Ex.: hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono, monóxido de carbono, etc. Anestésicos: (a maioria solventes orgânicos). Ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos órgãos, ao sistema formador de sangue (benzeno), etc. Ex.: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, percloritileno, xileno, etc. 3.2.3 Riscos biológicos Existem diferentes vias de penetração no organismo humano, com relação à ação dos riscos biológicos: Cutânea. Ex.: a leptospirose é adquirida pelo contato com águas contaminadas pela urina do rato; Digestiva. Ex.: ingestão de alimentos deteriorados; Respiratória. Ex.: a pneumonia é transmitida pela aspiração de ar contaminado. Entre as inúmeras doenças profissionais provocadas por microrganismos incluem-se: tuberculose, malária, febre amarela, etc. Para que essas doenças possam ser consideradas doenças profissionais é preciso que haja exposição do funcionário a estes microrganismos. São necessárias medidas preventivas para que as condições de higiene e segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 29 3.3 Doenças Do Trabalho X Doenças Ocupacionais Entende-se por doença do trabalho aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Doença profissional ou ocupacional é aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade, ambas deverão constar no Anexo II do Regulamento da Previdência Social – RPS (Decreto 3048/99). 3.4 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres A NR 15 define Limite de Tolerância, também chamado de limite de exposição, como a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. A NR 15 considerada atividades ou operações insalubres aquelas nas quais ocorre a exposição do trabalhador acima dos limites de tolerância quantitativos ou qualitativos, de acordo com a natureza dos agentes e os métodos e as técnicas de avaliações das condições de exposição disponíveis. Os pontos importantes da NR-15: O exercício do trabalho em condições de insalubridade, assegura ao trabalhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário mínimo da região e de acordo com a classificação da insalubridade em grau: o Máximo (40%) o Médio (20%) o Mínimo (10%). Tabela: Adaptação NR 15 – Anexos Atividades Insalubres Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego, Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho. NR 15 - Atividades e Operações insalubres. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 30 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento adicional respectivo. Isto pode ocorrer: a) com a adoção de medidas de ordem geral que conserve o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância; b) com utilização de equipamentos de proteção individual. Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde do trabalhador, comprovada a insalubridade, por laudo técnico realizado por profissional devidamente habilitado, fixar o adicional devido aos empregados. Apresenta-se a seguir um quadro demonstrativo dos possíveis percentuais de insalubridade para as atividades ou operações que exponham o trabalhador aos perigos e os correspondentes Anexos constantes da Norma Regulamentadora – NR 15. Fonte: http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf. A avaliação de uma atividade insalubre é feita de duas maneiras de acordo com a NR- 15 da Portaria 3.214/78do Ministério do Trabalho: Análise Qualitativa QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 31 Análise Quantitativa 3.4.1 Análise Qualitativa O método de avaliação elaborado a partir da relação de atividades e operações envolvendo agentes considerados insalubres em decorrência de inspeção, realizada no local de trabalho. Como exemplo destacamos: área do lavador em postos de gasolina, trabalhos em hospitais, serviços de coleta de lixo, etc. Para se realizar uma análise qualitativa deverá ser considerado: Número de Trabalhadores Jornada de Trabalho Horário de trabalho Matéria Prima Produtos Químicos utilizados no processo Máquinas e Processos Tipos de Energia Controles Existentes Presença de Poeiras, Fumos e seus pontos de origem Uso de EPI por parte do trabalhador 3.4.2 Análise Quantitativa A análise quantitativa tem o objetivo de determinar o nível exato da exposição a dado risco. É o tipo de análise que é feito com base em números, ou seja, nesse caso, estabelecemos a quantidade numérica com ajuda de um equipamento. A Higiene Ocupacional se apoia na análise quantitativa para atingir seus objetivos. Usando equipamentos específicos para determinar a exposição do trabalhador a determinado risco. Alguns equipamentos que auxiliam na medição na análise quantitativa são o decibelímetro, o dosímetro, a bomba gravimétrica, o termômetro de bulbo, o detector de gases, entre outros. Quando for realizada a análise quantitativa se faz necessário realizar o planejamento considerando os seguintes pontos: O que amostrar Onde amostrar. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 32 Como amostrar. Quem amostrar. Por quanto tempo. Quantas amostras. Em que período Utilizamos a análise quantitativa em diversos laudos e programas, podemos destacar: PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde PCMAT - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho, na Indústria da Construção PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos LTCAT - Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho 3.4.3 Outros Fatores Considerados na Higiene Ocupacional Outros fatores que devem ser levados em considerados numa avaliação são: Limite de Tolerância Nível de Ação Valor Teto Nexo Causal Limite de Tolerância Limite de Tolerância (LT) é definido como a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. No momento em que estudamos agentes físicos, químicos e biológicos, devemos sempre fazer uma comparação entre os limites nacionais e internacionais, pelo caráter prevencionista da profissão. A atualização anual dos limites de tolerância internacionais os transforma em referência necessária para os profissionais prevencionistas. Nível de Ação Valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições ao ruído causem prejuízos à audição do trabalhador e evitar que o limite de exposição seja ultrapassado. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 33 Geralmente o nível de ação é a metade do limite de tolerância. Valor Teto É o valor que não pode ser ultrapassado, em hipótese alguma, pois oferece risco iminente à saúde do trabalhador. Na estratégia para verificação de um “Limite Valor Teto” deverá ser considerado: A amostragem não é aleatória, mas sim “tendenciosa”, buscando o momento mais crítico de exposição Importante: experiência e conhecimento da situação de trabalho pelo higienista Tempos de amostragem devem ser curtos, para incluir os picos de exposição e não “aplainar” o valor máximo Podem ser tomadas várias amostras dentro de um máximo de 15 minutos, e pelo menos 3 amostras por turno Estatisticamente, será usado o maior valor e não a média das determinações Nexo Causal Na execução de suas atividades os trabalhadores estão expostos a riscos e, dessa exposição, podem aparecer as doenças ocupacionais. O nexo causal é a comprovação da relação direta entre a doença e o exercício do trabalho. O aparecimento da doença ocupacional pode indicar uma deficiência na eficácia de uma medida de proteção fornecida pelo empregador, isto é, uma falha nas medidas adotadas que não conseguiram, efetivamente, eliminar, ou atenuar a exposição aos riscos ambientais. 3.4.4 Legislação e Diretrizes Importante vermos as legislações aplicáveis a cada um dos riscos que encontramos no ambiente do trabalho. Químicos – NR 09 (PPRA), NR 15 (Agentes insalubres) e NR 32 (proteção médica) Físicos – NR 09 (PPRA), NR 15 (Agentes insalubres) Biológicos – NR 09 (PPRA), NR 15 (Agentes insalubres) QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 34 4 SOM E RUÍDO Por sua enorme ocorrência e visto que os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são consideráveis, o risco físico ruído é um dos maiores focos de atenção dos higienistas e profissionais voltados para a segurança e saúde do trabalhador. Por isso, vamos entender melhor esse risco físico. 4.1 Conceitos Básicos Precisamos inicialmente para entender esse risco físico o conceito de som e do ruído. Por definição, o som é a sensação gerada no ouvido por uma flutuação de pressão que se propaga em um meio elástico. Já o ruído é um som indesejado. Esta diferenciação é subjetiva, sujeita a interpretações pessoais. Exemplo: uma música agradável para uns pode ser extremamente desagradável para outros. No caso do ruído produzido em ambientes de trabalho, a diferença entre as pessoas costuma ser o quanto o ruído incomoda. Representação gráfica de uma onda elástica longitudinal, mostra a flutuação da pressão sonora, em um determinado ponto, ao longo do tempo. Figura: Onda longitudinal. A representação não está relacionada com a direção do movimento das partículas. 4.1.1 Frequência do som O que define se a onda é ou não audível é a sua frequência, e a amplitude da flutuação de pressão que ela provoca. Unidades: Pressão: N/m2 QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 35 Figura: Frequência do som em decibéis O quanto maior a amplitude, mais forte ou alto é o som. Quanto maior a frequência, mais agudo é o som. O som grave tem baixa frequência. 4.1.2 Velocidade do som Vamos verificar a velocidade do som em diversos meios na temperatura ambiente. Material Material Ar 343 Água 1440 Tijolo 3650 Madeira de lei 5260 Aço 6100 4.1.3 Pressão Sonora Como os sons podem abarcar uma gama muito grande de variação de pressão sonora (faixa dinâmica), que vai de 20 µPa até 200 Pa (Pa = Pascal), seria pouco prática a construção de instrumentos para a indicação direta da pressão sonora. Quando a grandeza varia muito na faixa de valores usuais, usa-se um artifício. Para contornar este problema, utiliza-se uma escala logarítmica de relação de grandezas, o decibel (dB). O decibel não é uma unidade em si, e sim uma relação adimensional definida pela seguinte equação: Sendo: L = nível de pressão sonora (dB) Po = pressão sonora de referência, por convenção, 20 µPa P= Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa)Observação: Ao se utilizar o dB fala-se "nível de pressão sonora". Rigorosamente falando, dever-se- QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 36 . Isto não é realmente feito, pois a referência é universal no caso das avaliações de ruído. Outros "dB" - O uso do dB se estende a toda grandeza que varia muito, como potências elétricas e eletromagnéticas. Mesmo na acústica, há referências diferentes, por exemplo, no caso da audiometria. A seguir é apresentada uma ilustração comparativa entre situações práticas de ruído e os níveis em dB. Figura: Situações práticas de ruído e os níveis em dB. 4.2 Efeitos dos Ruídos no Ser Humano Os principais efeitos dos ruídos no corpo humano são: PAIR – Perda Auditiva induzida por ruído Impotência sexual Hipertensão Dor de cabeça Náuseas Sono Irritação constante Quando falamos em PAIR, também falamos de nona de lesão temporária e nonas de lesões permanentes: QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 37 Zona de lesão temporária - Toda a lesão temporária é cumulativa - Quem já sofreu lesão temporária, já tem predisposição para lesão definitiva Zona de lesões permanentes - Destruição total das células ciliadas do órgão de corti do ouvido interno - Perdas maiores em frequências altas - Dificuldades de comunicação 4.3 Audiometria Audiometria é o estudo metrológico da audição, que determina as possibilidades acústicas do ouvido de um indivíduo. É realizada dentro de uma cabine fechada, onde se avalia separadamente cada ouvido e o limiar de audição. Pode também avaliar o limiar da dor. O resultado de uma audiometria é expresso através de um audiograma como verificar na figura a seguir: Basicamente existem três tipos de auditiva, sendo esses: PAIR – perda auditiva induzida pelo ruído: também denominada disacusia, hipoacusia ou surdez ocupacional, é causada por exposição prolongada a níveis elevados de ruído. Trauma acústico: perda auditiva súbita, causada por exposição a níveis de ruído muito altos. Em geral, acompanha um zumbido. Podem ocorrer lesões no tímpano, hemorragia ou danos na cadeia ossicular. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 38 Mudança temporária no limiar auditivo (TTS): a audição retorna ao normal após o repouso acústico. Vamos entender melhor como o grau da deficiência auditiva pode variar em graus e níveis, conforme tabela a seguir: 4.3.1 Tipos de Ruídos Precisamos realizar algumas definições preliminares antes de tratarmos da avaliação da exposição ao ruído. Assim, vamos entender sobre os tipos de ruídos que podem ser: 1-Ruído contínuo estacionário: ruído com variações de nível desprezíveis durante o período de observação. 2- Ruído contínuo não estacionário: ruído cujo nível varia significativamente durante o período de observação. 3- Ruído intermitente: ruído cujo nível cai ao valor de fundo (ruído de fundo) várias vezes durante o período de observação, sendo o tempo em que permanece em valor constante acima do ambiente da ordem de segundos ou mais. 3- Ruído de impacto ou impulsivo: ruído que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a um segundo, a intervalos superiores a um segundo. 4.3.2 Ciclo de Trabalho Também precisamos entender sobre ciclo de trabalho antes de tratarmos da avaliação da exposição ao ruído. O Ciclo de trabalho ou ciclo de exposição é um conjunto de atividades desenvolvidas pelo trabalhador em uma sequência definida e que se repete de forma contínua no decorrer da jornada de trabalho. QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 39 Outro ponto é a situação acústica, que se refere a cada parte da jornada de trabalho, na qual as condições ambientais se mantêm constantes, de forma que os parâmetros a serem medidos possam ser considerados definidos. 4.4 Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído 4.4.1 Normas e Limites de exposição NR 15 Os aspectos legais para avaliar a exposição ocupacional aos ruídos estão embasados na Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho - NR 15, Anexo 1 e 2. De acordo com a legislação brasileira, através da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho - NR 15, Anexo 1, os Limites de Tolerância para exposição ao ruído contínuo ou intermitente são representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário de exposição, ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função dos níveis de ruído existentes. Estes níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta. A tabela 2.2 da NR 15 da supracitada Portaria é reproduzida a seguir: Tabela: NR 15 - Limites de Tolerância para Ruído contínuo ou intermitente Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 40 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 08 minutos 115 * 07 minutos * As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. NHO-01 O Decreto presidencial 4.882, de 18/11/03, assinado pelo presidente da República, que altera dispositivos do Regulamento da Previdência Social, em seu parágrafo 11, transforma em referência oficial as Normas de Higiene Ocupacional elaboradas e editadas pela Fundacentro, conforme poderemos observar a seguir: “§ 11 As avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO.” 4.4.2 Dose de Ruído Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados níveis de ruído. Porém, sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas quais o indivíduo é exposto a um único e perfeitamente constante nível de ruído durante a jornada. O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído variados. Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito da DOSE, resultando em uma ponderação para cada diferente situação acústica, de acordo com o tempo de exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada. Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira: QI FACULDADE E ESCOLA TÉCNICA CURSO TÉCNICO EM SEGURNAÇA DO TRABALHO H IG IE N E O C U P A C IO N A L Núcleo de Ensino – Cursos Técnicos Pág. 41 Onde: D = dose de ruído C= tempo real de exposição ao ruído com um determinado nível T= tempo máximo permitido para este nível Com o cálculo da dose, é possível determinar a exposição do indivíduo em toda a jornada de trabalho, de forma cumulativa. Se o valor da dose for menor ou igual à unidade (1), ou 100% a exposição é admissível. Se o valor da dose for maior que 1 ou 100%, a exposição ultrapassou o limite, não sendo admissível. Exposições inaceitáveis
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