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HIGIENE DO TRABALHO I UNIASSELVI-PÓS Autoria: Audennille Marinho de Almeida Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. AL447h Almeida, Audennille Marinho de Higiene do trabalho I. / Audennille Marinho de Almeida. – In- daial: UNIASSELVI, 2020. 144 p.; il. ISBN 978-85-7141-430-3 ISBN Digital 978-85-7141-431-0 1. Higiene do trabalho. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 363.110981 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR...............................................................................7 CAPÍTULO 2 VIBRAÇÕES E A INFLUÊNCIA DA COR E ILUMINAÇÃO NA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR ........................55 CAPÍTULO 3 CONFORTO TÉRMICO E VENTILAÇÃO INDUSTRIAL ..............101 APRESENTAÇÃO Estimado pós-graduando, seja bem-vindo à disciplina de Higiene do Trabalho I! Uma definição simples de higiene do trabalho é que ela é a ciência e a arte do reconhecimento, avaliação e controle dos riscos à saúde do trabalhador (SESI, 2007). Neste sentido, ao longo de toda a disciplina, você terá a oportunidade de aprender a avaliar os locais de trabalho, a diagnosticar se as atividades desenvolvidas pelos colaboradores são realizadas sob condições insalubres e/ou perigosas e, a partir de tais observações e estudos, propor medidas de controle para os riscos ambientais a que estejam expostos, sempre respeitando todos os âmbitos legais que reagem a segurança e saúde do trabalhador. É importante ressaltar que você, como Engenheiro de Segurança do Trabalho, tem algumas atribuições de acordo com a Resolução nº 325, de 27 novembro 1987 do CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Algumas delas são: CONSIDERANDO, ainda, que tal Parecer nº 19/87 é expresso em ressaltar que deve a Engenharia da Segurança do Trabalho voltar-se precipuamente para a proteção do trabalhador em todas as unidades laborais, no que se refere à questão de segurança, inclusive higiene do trabalho, sem interferência específica nas competências legais e técnicas estabelecidas para as diversas modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA, 1987, p. 1). Art. 1º - O exercício da especialização de Engenheiro de Segurança do Trabalho é permitido, exclusivamente: 2- Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia, proteção contra incêndio e saneamento; 4- Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos e indicar medidas de controle sobre grau de exposição e agentes agressivos de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como: poluentes atmosféricos, ruídos, calor radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as atividades, operações e locais insalubres e perigosos (CONFEA, 1987, p. 1). Logo, faz-se necessário e indispensável que você se dedique e estude todo o conteúdo deste livro, como também realize todas as atividades propostas na disciplina, de modo a tornar-se um expert nos assuntos apresentados. Desejamos a você bons estudos e sucesso em seu curso! Professora Audennille Marinho de Almeida CAPÍTULO 1 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • ênfase nas defi nições, propriedades, classifi cação e conceitos em geral na área da higiene do trabalho, de forma objetiva e contextualizada; • compreender a importância da higiene ocupacional para a segurança e saúde do trabalhador; • aprender os fundamentos e elementos-chave desta matéria para futuramente aplicar em sua vida profi ssional este conhecimento de forma efi ciente e sustentável; • reconhecer os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores; • aplicar as medidas de controle dos mesmos; • conhecer a Norma Regulamentadora – NR15, que versa sobre atividades e operações insalubres. 8 HiGiENE Do TrABALHo I 9 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A higiene do trabalho trata sobre a prevenção das doenças oriundas do trabalho de forma a se antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os agentes/riscos ambientais (SESI, 2007). De acordo com a Occupational Health and Safety Management Systems Quidelines for the Implementation (OHSAS) – 18001 (2007), pode-se entender risco como sendo a combinação da probabilidade da ocorrência de um acontecimento perigoso ou exposição(ões) e da severidade das lesões, ferimentos ou danos para a saúde, que pode ser causada pelo acontecimento ou pela(s) exposição(ões). Podemos considerar como agentes/riscos ambientais aqueles que estão presentes no ambiente de trabalho e que podem causar danos à saúde do trabalhador, podendo ser de natureza física, química ou biológica (SESI, 2007). O agente/risco ambiental físico nada mais é que uma forma de energia liberada por máquinas e equipamentos no ambiente de trabalho, dentre eles ruído, vibração, calor/frio, radiações ionizantes e não ionizantes e pressões anormais (SESI, 2007). Em especial, vamos estudar o ruído. O ruído é um dos riscos mais encontrados nos ambientes laborais, podendo causar danos irreversíveis aos trabalhadores. Para melhor entendimento dos tipos e de que forma podem ser analisados os níveis que um trabalhador pode se expor ao ruído, é extremamente importante conhecermos a Norma Regulamentadora - NR 15 e seu Anexo 1. As normas regulamentadoras, de maneira geral, foram criadas pelo Ministério do Trabalho para assegurar a saúde e segurança do trabalho nas empresas. A NR 15 trata sobre as atividades e operações insalubres presentes no ambiente laboral, sendo mais um instrumento utilizado para assegurar a saúde e segurança dos empregados e empregadores, tendo em vista que temos também a CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas. 2 INTRODUÇÃO À HIGIENE DO TRABALHO A segurança do trabalho sempre esteve presente na vida do homem desde os tempos primórdios, muito embora ele mesmo não tivesse o conhecimento exato sobre tais riscos a sua saúde e a sua vida. Deste modo, ela surge como 10 HiGiENE Do TrABALHo I forma de proteção e acompanha a evolução do homem em todos os momentos (BARSANO; BARBOSA, 2018). Há registros egípcios que mostram as relações entre o ambiente de trabalho e os riscos decorrentes dele, como também questões sobre insalubridade, periculosidade e penosidade das profi ssões (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Outro registro muito importante sobre relações de trabalho seguro nos tempos antigos é o Código de Hamurabi, o qual contempla questões de ordem penal, civil e algumas referentes ao direito do trabalho etc. Podemos destacar como fato importante no tocante à segurança do homem, a parte do Código em que o Imperador Hamurabi sentencia com pena de morte o arquiteto que construir uma casa que se desmorone e cause a mortede seus ocupantes (RODRIGUES, 1982). Neste sentido, em 1919 foi criada a Organização Internacional do Trabalho – OIT – sendo uma das agências do Sistema das Nações Unidas composta por representantes do governo, dos empregadores e dos empregados. Suas principais características são: defi nir e promover normas e princípios e direitos fundamentais no trabalho; criar maiores oportunidades de emprego e renda decentes para mulheres e homens; melhorar a cobertura e a efi cácia da proteção social para todos; e fortalecer o tripartismo e o diálogo social (OIT, 2019). Em 1950, o Brasil passou a ser parte integrante da OIT, seja na elaboração de programas e atividades voltadas ao interesse da Organização, seja na promoção do trabalho decente, que envolve temas como o combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfi co de pessoas, assim como a promoção do trabalho decente para jovens e migrantes e da igualdade de oportunidades e tratamento (OIT, 2019). Um dos focos da OIT no Brasil também é a promoção de igualdade trabalhista de grupos discriminados pela sociedade, por exemplo, LGBTs, sobretudo mulheres e homens transexuais e pessoas com defi ciência. Neste sentido, foi realizada em 2016 e 2017 uma série de Diálogos Nacionais sobre o Futuro do Trabalho em comemoração ao centenário desta que se dá agora em 2019. É muito importante que você conheça um pouco mais esta organização acessando na íntegra o site ofi cial da OIT no Brasil (OIT, 2019). Acesse: www.oit.org.br. 11 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 2.1 CONCEITO DE HIGIENE DO TRABALHO Existem diversos conceitos para a Higiene do Trabalho ou, simplesmente, Higiene Ocupacional. A Higiene do Trabalho ou Higiene Ocupacional, de acordo com a American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH – (2019), é a ciência e a arte do reconhecimento, da avaliação e do controle de fatores ou tensões ambientais originadas do/ou no local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e inefi ciência signifi cativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade. Outra defi nição ainda bem mais simples é que a Higiene do Trabalho visa à prevenção da doença ocupacional por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos agentes ambientais (SESI, 2007). Ainda de acordo com SESI (2007), a Higiene Ocupacional possui interação com outras áreas, como Medicina Ocupacional, área de Gestão Ambiental e Ergonomia. Para aprimorar seus conhecimentos sobre os aspectos abordados na higiene ocupacional, assim como conhecer algumas técnicas de avaliação de agentes ambientais leia, o seguinte livro: SESI. Técnicas de avaliação de agentes ambientais: Manual SESI. Brasília, 2007. 2.2 ASPECTOS PRIMORDIAIS DA HIGIENE DO TRABALHO Vamos entender um pouco sobre antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais, ou seja, o papel de cada uma destas etapas. 12 HiGiENE Do TrABALHo I • Antecipação Fase em que você deve desenvolver, com outras equipes, novos projetos ou modifi cações ou até mesmo ampliações de projetos, objetivando à detecção precoce de fatores de risco inerentes aos agentes ambientais e propondo medidas de projeto que possam atenuar, controlar ou até eliminar estes riscos. Uma boa forma de fazer valer a antecipação é desenvolver normas preventivas para compradores, projetistas, contratadores de serviços, no intuito de evitar exposições desnecessárias a agentes ambientais causadas pela má seleção de produtos, materiais e equipamentos (SESI, 2007). • Reconhecimento Etapa em que são conhecidos os agentes ambientais que possam causar algum tipo de dano à saúde dos trabalhadores. O sucesso desta fase vai depender muito do seu conhecimento sobre o processo produtivo, dos métodos de trabalho, do fluxo do processo, do arranjo físico das instalações, do número de trabalhadores expostos, dentre outros fatores relevantes. Lembrando que se você deixar de reconhecer um agente tóxico em qualquer processo, ele não será avaliado e nem controlado. Desta forma, é de suma importância realizar um levantamento detalhado de todos os aspectos acima citados, neste sentido, uma excelente medida é ir a campo, observando tudo e tendo o devido cuidado com os acidentes nesses locais (IFPR, 2013). O item 9.3.3 da NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, relata que riscos ambientais deverão conter os seguintes itens, quando aplicáveis: a) a sua identifi cação; b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; c) a identifi cação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; d) a identifi cação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identifi cados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes. 13 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 • Avaliação Nesta etapa é feita uma avaliação quantitativa (realizada através de medições com equipamentos, por exemplo, avaliação de ruído com a utilização de dosímetro) e/ou qualitativa (realizada através de observação do ambiente de trabalho para verifi car se há ou não a exposição de agentes que possam vir causar danos à saúde e segurança do trabalhador) dos agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos postos de trabalho. Através da avaliação, podemos detectar os contaminantes, fazer a coleta das amostras (quando cabível), realizar medições e análises das intensidades e das concentrações dos agentes, realizar cálculos e interpretações dos dados levantados no campo, comparando os resultados com os limites de exposição estabelecidos pelas normas vigentes (IFPR, 2013). • Controle Após reconhecer e avaliar os riscos ambientais no ambiente de trabalho, você irá propor medidas sobre as fontes e trajetória do agente de forma a atenuar ou eliminar os riscos presentes, por exemplo, a instalação de cabines acústicas; defi nir ações de controle no indivíduo, o que inclui a adoção de proteção individual (SESI, 2007). A NR9 apresenta em seu item 9.3.5 como devem ser consideradas as medidas de controle. Conheça melhor esta norma. Por que deve-se atuar primeiro na fonte e trajetória ao invés de disponibilizar logo o equipamento de proteção individual (EPI)? Refl ita! 14 HiGiENE Do TrABALHo I 2.3 ENTENDENDO LIMITE DE TOLERÂNCIA E NÍVEL DE AÇÃO Conforme o item 15.1.5 da NR15 – Atividades e Operações Insalubres, aprovada pela Portaria 3.214/78, Lei nº 6.514/77, entende-se por "Limite de Tolerância", para os fi ns desta norma, a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral. No Anexo 1 desta norma, encontramos os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente; Anexo 2, ruído de impacto; Anexo 3, para limites à exposição ao calor; Anexo 8, para vibração; Anexo 11, para agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho; Anexo 12, para limites de tolerância para poeiras minerais. Conheça na íntegra a NR15 e seus anexos através do site: www.trabalho.gov.br. Vale ressaltar que nem todos os agentes agressivos têm limite de tolerância. Na NR15 temos mais de 230 produtos químicos agressivos listados, enquanto na ACGIH americana/2016 temos mais de 750. Exemplo: Para um trabalhador que exerce suas atividades em jornada de trabalho de 8 horas diárias numa serralheria, o nível de ruídono setor de acabamento da serralheria é 95dB. Porém, de acordo com o Anexo 1 da NR15 – Atividades e Operações Insalubres, aprovada pela Portaria 3.214/78, Lei nº 6.514/77, o máximo permitido é 85dB numa jornada de 8 horas. Neste caso, o nível de exposição ultrapassa o Limite de Tolerância permitido, assim é imprescindível que o engenheiro ou técnico em segurança do trabalho adote medidas de controle para eliminar ou 15 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 reduzir o ruído para evitar as doenças ocupacionais causadas por este agente físico (BRASIL, 1978). Com relação ao “Nível de Ação”, encontramos no item 9.3.6.1 da NR9, que esta considera nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas, de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. Este recurso evita as doenças ocupacionais, auxiliando na prevenção e promovendo mais qualidade de vida para exercer as tarefas profi ssionais (BRASIL, 1978). Ainda de acordo com a NR 9 (BRASIL, 1978), no item 9.3.6.2 diz que deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem: a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1; b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR15, Anexo I, item 6. A NR9 defi ne também o nível de ação (NA) como sendo 50% do valor do limite de exposição ocupacional (LEO), ou seja, NA=0,5xLEO ou 50% da dose no caso de ruído. Isto é, para o caso de a exposição do trabalhador ser maior do que o “Nível de Ação”. Assim deve-se considerar o trabalhador como exposto e adotar as medidas de controle. Em suma, podemos entender que: se o nível de ação for excedido em um dia típico, existe uma probabilidade maior de 5% de que o limite de exposição será excedido em outros dias de trabalho (BRASIL, 1978). Enfi m, são estabelecidos limites de tolerância para alguns agentes ambientais, assim como um Nível de Ação. Os limites estabelecidos devem ser respeitados e tomadas as devidas medidas de controle para atenuar ou controlar tais riscos (BRASIL, 1978). 16 HiGiENE Do TrABALHo I Vamos revisar um pouco: Vimos neste subtópico que a higiene ocupacional é a ciência e a arte do reconhecimento, da avaliação e do controle de fatores que podem causar danos à saúde e segurança do trabalhador e que todas essas etapas estão entrelaçadas. Vimos também que existe uma diferença entre o limite de tolerância e o nível de ação, ou seja, que o nível de ação serve para que possamos tomar medidas preventivas, sejam elas coletivas, individuais ou administrativas, evitando que os limites de tolerância possam ser ultrapassados de acordo com a legislação vigente. 3 NR 15 – NORMA REGULAMENTADORA 15 As normas regulamentadoras (NR) foram criadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, com a fi nalidade de regulamentar o Capítulo V, Título II, da CLT, relativo à segurança e medicina do trabalho. Possuem extrema relevância para o profi ssional da área de segurança do trabalho devido ao fato de tratar sobre a prevenção de acidentes de trabalho nas mais diversas áreas (BARSANO; BARBOSA, 2018). A legislação vigente conta com 36 normas regulamentadoras que versam sobre diversos aspectos trabalhistas. No caso da NR15, trata das Atividades e Operações Insalubre. 3.1 CONCEITOS GERAIS SOBRE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE De acordo com a NR15, são consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem: • acima dos limites de tolerância previstos nos anexos nº 1, 2, 3, 5, 11 e 12; • nas atividades mencionadas nos anexos nº 6, 13 e 14; • que sejam comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos anexos nº 7, 8, 9 e 10. 17 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 A realização de trabalho em condições de insalubridade assegura ao trabalhador a percepção de adicional, sobre o salário mínimo da região, equivalente a: • 40% (quarenta por cento) para insalubridade de grau máximo; • 20% (vinte por cento) para insalubridade de grau médio; • 10% (dez por cento) para insalubridade de grau mínimo. No item 15.3, temos que em caso de incidência de mais de um fator de insalubridade será apenas considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo proibida a percepção cumulativa. Já no item 15.4, diz que a eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do pagamento do adicional respectivo. A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho dentro dos limites de tolerância, com a utilização de equipamento de proteção individual, prevista no item 15.4.1 da NR15. • Periculosidade Com a sanção da Lei nº 12.740, de 8 de dezembro de 2012, o artigo 193 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) passou a regular todos os tipos de periculosidade previstos na legislação trabalhista, para as atividades que implicam risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a infl amáveis, explosivos, energia elétrica ou roubos, ou outras espécies de violência física nas atividades profi ssionais de segurança pessoal ou patrimonial (CLT, 1943). Também devido à promulgação da Lei nº 12.740 foi revogada, expressamente, a Lei nº 7.369/1985 e, consequentemente, o Decreto n° 93.412/1986 que a regulamentava, passando a CLT a disciplinar a periculosidade diante do risco de energia elétrica (CLT, 1943). A nova redação do Art. 193 da CLT fi cou da seguinte forma: CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador: I - infl amáveis, explosivos ou energia elétrica; II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profi ssionais de segurança pessoal ou patrimonial. § 1º O trabalho em condições de periculosidade assegura 18 HiGiENE Do TrABALHo I ao empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratifi cações, prêmios ou participações nos lucros da empresa. § 2º O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura lhe seja devido. § 3º Serão descontados ou compensados do adicional outros da mesma natureza eventualmente já concedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo (CLT, 1943, s.p.). A regulamentação a que o artigo 193 da CLT se refere é aquela estabelecida pela Portaria nº 3214, de 8 de junho de 1978, e modifi cações posteriores, que estabeleceu as Normas Regulamentadoras – NR, nesse caso, a NR16 – Atividades e Operações Perigosas. 3.2 ENTENDENDO E ANALISANDO O ADICIONAL DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE • Graus de Insalubridade A NR15 defi ne os seguintes graus de insalubridade, conforme cada caso: QUADRO 1 – NR-15: GRAUS DE INSALUBRIDADE Anexo Atividades ou operações que exponham o trabalhador Percentual 1 Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos limites de tole- rância fi xados no Quadro constante do Anexo 1 e no item 6 do mesmo Anexo. 20% 3 Exposição ao calor com valores de IBUTG, superiores aos limites de tolerância fi xados nos Quadros 1 e 2. 20% 7 Radiações não ionizantes consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20% 9 Frio considerado insalubre em decorrênciade inspeção realizada no local de trabalho. 20% 10 Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 20% 11 Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fi xados no Quadro 1. 10%, 20% e 40% 12 Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores aos limites de tolerância fi xados neste Anexo. 40% 13 Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. 10%, 20% e 40% 14 Agentes biológicos. 20% e 40% FONTE: Brasil (1978, p. 82) 19 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 • Adicional de Periculosidade De acordo com a NR-16, item 16.2, o exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o salário, sem os acréscimos resultantes de gratifi cações, prêmios ou participação nos lucros da empresa (BRASIL, 1978). No item 16.2.1, temos que o empregado poderá optar pelo adicional de Insalubridade que porventura lhe seja devido. E no item 16.3, versa que é responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização da periculosidade, mediante laudo técnico elaborado por Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT (BRASIL, 1978). 3.3 INSALUBRIDADE (ANEXOS 1, 3, 7, 10, 11, 12 E 13) E PERICULOSIDADE (ANEXOS 1, 2 ,3 E 4) Anexo 1 – Exposição ao Ruído Contínuo ou Intermitente Conforme o Anexo 1 da NR15 – Atividades e Operações Insalubres, aprovada pela Portaria 3.214/78, Lei nº 6.514/77, os tempos de exposição ao ruído não devem exceder os limites de tolerância fi xados no quadro a seguir, além de não ser permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para indivíduos que não estejam adequadamente protegidos: 20 HiGiENE Do TrABALHo I QUADRO 2 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE – ANEXO 1 da NB15 Nível de Ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 30 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos FONTE: Brasil (1978, p. 1) De acordo com o Anexo 1 da NR15, os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em decibéis (dB), com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). Anexo 3 – Calor Os parâmetros que regulamentam o trabalho com exposição ao agente Calor encontram-se estabelecidos no Anexo 3 da NR15 – Atividades ou Operações Insalubres, a qual estabelece limites de tolerância para a intensidade do agente no ambiente de trabalho. O parâmetro a ser aferido é o IBUTG – Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo –defi nidos o IBUTG para ambientes internos e o IBUTG para ambientes externos com carga solar. 21 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 O IBUTG para ambientes internos sem carga solar é calculado a partir da medição de duas temperaturas: Tbn e Tg. IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg Para ambientes externos com carga solar, o IBUTG é calculado a partir de três medições: Tbs, Tbn e Tg. IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs Para a defi nição do Limite de Tolerância deverão ser levados em consideração: a existência de descanso durante a realização das atividades e o local de sua realização, sendo utilizados os seguintes quadros da NR15 do Anexo 3: QUADRO 3 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, EM REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE, COM PERÍODOS DE DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Regime de Trabalho Intermitente com Descan- so no Próprio Local de Trabalho (por hora) Tipo de Atividade Leve Moderada Pesada Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 minutos trabalho 15 minutos descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos trabalho 30 minutos descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos trabalho 45 minutos descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho sem a adoção de medidas adequadas de controle acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30 FONTE: Brasil (1978, p. 1) QUADRO 4 – LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, EM REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM PERÍODO DE DESCANSO EM OUTRO LOCAL (LOCAL DE DESCANSO) M (Kcal/h) Máximo IBUTG 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,0 450 25,5 500 25,0 FONTE: Brasil (1978, p. 2) 22 HiGiENE Do TrABALHo I QUADRO 5 – TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografi a). Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 125 150 150 TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 180 175 220 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). Trabalho fatigante. 440 550 FONTE: Brasil (1978, p. 2-3) Anexo 7 – Radiações Não Ionizantes NR15 – Atividades e Operações Insalubres 1. Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as micro-ondas, ultravioletas e laser. 2. As operações ou atividades que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 10 – Umidade NR15 – Atividades e Operações Insalubres 1. As atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde dos trabalhadores, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Anexo 11 – Exposição a agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por limite de tolerância e inspeção no local de trabalho A NR15 – Atividades e Operações Insalubres, através de seu Anexo nº 11, determina que “nas atividades ou operações nas quais os trabalhadores fi cam expostos a agentes químicos, a caracterização de insalubridade ocorrerá quando forem ultrapassados os limites de tolerância constantes do Quadro nº 1 deste Anexo” (BRASIL, 1978, s.p.) 23 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 Esta norma cita ainda que: A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em 10 (dez) amostragens, para cada ponto – ao nível respiratório do trabalhador. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no mínimo, 20 (vinte) minutos. O limite de tolerância será considerado excedido quando a média aritmética das concentrações ultrapassar os valores fi xados no Quadro n° 1 (BRASIL, 1978, s.p.). Para os agentes químicos que tenham "VALOR TETO" assinalado no Quadro n° 1 (Tabela de Limites de Tolerância), de acordo com o Anexo nº 11, “considerar- se-á excedido o limite de tolerância, quando qualquer uma das concentrações obtidas nas amostragens ultrapassar os valores fi xados no mesmo quadro”. QUADRO 6 – DEMONSTRAÇÃO DO QUADRO Nº 1 DO ANEXO Nº 11 DA NR15 FONTE: Brasil (1978, p. 2) Anexo 12 – Limites de Tolerância para Poeiras Minerais NR15 – Atividades e OperaçõesInsalubres MANGANÊS E SEUS COMPOSTOS O limite de tolerância para as operações com manganês e seus compostos referente à metalurgia de minerais de manganês, fabricação de compostos de manganês, fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais e cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de produtos químicos, tintas e fertilizantes, ou ainda outras operações com exposição a fumos de manganês ou de seus compostos é de até 1mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia. Sempre que os limites de tolerância forem ultrapassados, as atividades e operações com o manganês e seus compostos serão consideradas como insalubres no grau máximo. 24 HiGiENE Do TrABALHo I Anexo 13 – Exposição a agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por inspeção realizada no local de trabalho A NR15 – Atividades e Operações Insalubres, através de seu Anexo nº 13, apresenta a relação de atividades e operações envolvendo agentes químicos, consideradas insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho. É citado no referido anexo que não fazem parte dessa relação os agentes químicos mencionados nos anexos nº 11 e 12 da NR15. Como exemplo de agentes químicos enquadrados nesse anexo da NR15, citam-se: a) HIDROCARBONETOS E OUTROS COMPOSTOS DE CARBONO Insalubridade de grau máximo: • Destilação do alcatrão da hulha. • Destilação do petróleo. • Manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, óleos minerais, óleo queimado, parafi na ou outras substâncias cancerígenas afi ns. • Manipulação do negro de fumo. • Fabricação de fenóis, cresóis, naftóis, nitroderivados, aminoderivados, derivados halogenados e outras substâncias tóxicas derivadas de hidrocarbonetos cíclicos. • Pintura com pistola utilizando esmaltes, tintas, vernizes e solventes contendo hidrocarbonetos aromáticos. Insalubridade de grau médio: • Emprego de defensivos organoclorados: DDT (diclorodifeniltricloretano) DDD (diclorodifenildicloretano), metoxicloro (dimetoxidifeniltricloretano), BHC (hexacloreto de benzeno) e seus compostos e isômeros. • Emprego de defensivos derivados do ácido carbônico. • Emprego de aminoderivados de hidrocarbonetos aromáticos (homólogos da anilina). • Emprego de cresol, naftaleno e derivados tóxicos. • Emprego de isocianatos na formação de poliuretanas (lacas de desmoldagem, lacas de dupla composição, lacas protetoras de madeira e metais, adesivos especiais e outros produtos à base de poliisocianetos e poliuretanas). • Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos aromáticos como solventes ou em limpeza de peças. • Fabricação de artigos de borracha, de produtos para impermeabilização e de tecidos impermeáveis à base de hidrocarbonetos. 25 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 • Fabricação de linóleos, celuloides, lacas, tintas, esmaltes, vernizes, solventes, colas, artefatos de ebonite, guta-percha, chapéus de palha e outros à base de hidrocarbonetos. • Limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado sob pressão (nebulização). • Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em solvente contendo hidrocarbonetos aromáticos. b) OPERAÇÕES DIVERSAS Insalubridade de grau máximo: • Operações com cádmio e seus compostos, extração, tratamento, preparação de ligas, fabricação e emprego de seus compostos, solda com cádmio, utilização em fotografi a com luz ultravioleta, em fabricação de vidros, como antioxidante, em revestimentos metálicos e outros produtos. • Operações com manganês e seus compostos: extração, tratamento, trituração, transporte de minério; fabricação de compostos de manganês, fabricação de pilhas secas, fabricação de vidros especiais, indústria de cerâmica e ainda outras operações com exposição prolongada à poeira de pirolusita ou de outros compostos de manganês. • Operações com as seguintes substância: o Éter bis (cloro-metílico); o Benzopireno; o Berílio; o Cloreto de dimetil-carbamila; o 3,3' – dicloro-benzidina; o Dióxido de vinil ciclohexano; o Epicloridrina; o Hexametilfosforamida; o 4,4' - metileno bis (2-cloro anilina); o 4,4' - metileno dianilina; o Nitrosaminas; o Propano sultone; o Betapropiolactona; o Tálio; o Produção de trióxido de amônio ustulação de sulfeto de níquel. Insalubridade de grau médio: • Aplicação a pistola de tintas de alumínio. • Fabricação de pós de alumínio (trituração e moagem). • Fabricação de emetina e pulverização de ipeca. • Fabricação e manipulação de ácido oxálico, nítrico sulfúrico, bromídrico, fosfórico, pícrico. • Metalização a pistola. 26 HiGiENE Do TrABALHo I • Operações com o timbó. • Operações com bagaço de cana nas fases de grande exposição à poeira. • Operações de galvanoplastia: douração, prateação, niquelagem, cromagem, zincagem, cobreagem, anodização de alumínio. • Telegrafi a e radiotelegrafi a, manipulação em aparelhos do tipo Morse e recepção de sinais em fones. • Trabalhos com escórias de Thomás: remoção, trituração, moagem e acondicionamento. • Trabalho de retirada, raspagem a seco e queima de pinturas. • Trabalhos na extração de sal (salinas). • Fabricação e manuseio de álcalis cáusticos. • Trabalho em convés de navios. Insalubridade de grau mínimo: • Fabricação e transporte de cal e cimento nas fases de grande exposição a poeiras. • Trabalhos de carregamento, descarregamento ou remoção de enxofre ou sulfi tos em geral, em sacos ou a granel. Seguem comentários referentes aos Anexos da NR16, que regulamentam as atividades sob condições perigosas. Periculosidade para Trabalhos com Infl amáveis e Explosivos Entende-se por “Periculosidade”, para fi ns da NR16, aprovada pela Portaria MTb/SIT nº 3.214/78, a exposição, mesmo que de forma intermitente, relacionada com permanência em área de risco, conforme situação, consideradas as atividades e operações perigosas constantes no Anexo 1 e 2, desta norma regulamentadora, a saber: • Anexo 1 – Atividades e Operações Perigosas com Explosivos A redação do Anexo foi dada pela Portaria SSMT n° 2, de 2 de fevereiro de 1979, na qual são consideradas atividades ou operações perigosas as enumeradas no Quadro n° 1 do referido Anexo. Já as áreas de risco consideradas para cada situação são defi nidas nos quadros n° 2, 3 e 4 do referido Anexo. • Anexo 2 – Atividades e Operações Perigosas com Infl amáveis Segundo o Anexo, são consideradas atividades ou operações perigosas as enumeradas no Quadro n° 1 do referido Anexo. 27 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 Já as áreas de risco consideradas para cada situação são defi nidas nos quadros n° 2, 3 e 4 do referido Anexo. Anexo acrescentado pela Portaria nº 3.393/1987 – Atividades com radiações ionizantes ou substâncias radioativas Anexo incorporado à NR16 em 2003, adotado da Portaria GM nº 518/2003, no qual consta a relação das atividades e operações com radiações ionizantes ou substâncias radioativas que se enquadram como perigosas e suas respectivas áreas de risco. Anexo 3 – Exposição a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profi ssionais de segurança pessoal ou patrimonial Anexo incorporado à NR16 em 2013, adotado da Portaria MTPS nº 1.885/2013, no qual constam as defi nições quanto aos profi ssionais enquadrados na referida regulamentação e a descrição das atividades que expõem os empregados a roubos ou outras espécies de violência física. Anexo 4 – Periculosidade para trabalhos com eletricidade Conforme já citado, com a revogação da Lei nº 7.369/1985 e, consequentemente, do Decreto nº 93.412/1986, a CLT passou a disciplinar a periculosidade diante do risco de energia elétrica, induzindo a uma alteração da NR16, o que ocorreu em 16 de julho de 2014, através da Portaria MTPS nº 1078, com a inclusão do Anexo 4 da respectiva NR, referente à regulamentação do inciso I doArtigo 193 da CLT, que trata da exposição à energia elétrica. Dentre outros aspectos relacionados à concessão do adicional de periculosidade para trabalhadores expostos à energia elétrica, cita a NR16, no seu Anexo 4: NR16 – ANEXO 4: (Aprovado pela Portaria MTPS nº 1.078, de 16 de julho de 2014) ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM ENERGIA ELÉTRICA 1. Têm direito ao adicional de periculosidade os trabalhadores: a) que executam atividades ou operações em instalações ou equipamentos elétricos energizados em alta tensão; b) que realizam atividades ou operações com trabalho em proximidade, 28 HiGiENE Do TrABALHo I conforme estabelece a NR-10; c) que realizam atividades ou operações em instalações ou equipamentos elétricos energizados em baixa tensão no sistema elétrico de consumo – SEC, no caso de descumprimento do item 10.2.8 e seus subitens da NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; d) das empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do sistema elétrico de potência – SEP, bem como suas contratadas, em conformidade com as atividades e respectivas áreas de risco descritas no quadro I deste anexo. 2. Não é devido o pagamento do adicional nas seguintes situações: a) nas atividades ou operações no sistema elétrico de consumo em instalações ou equipamentos elétricos desenergizados e liberados para o trabalho, sem possibilidade de energização acidental, conforme estabelece a NR-10; b) nas atividades ou operações em instalações ou equipamentos elétricos alimentados por extra-baixa tensão; c) nas atividades ou operações elementares realizadas em baixa tensão, tais como o uso de equipamentos elétricos energizados e os procedimentos de ligar e desligar circuitos elétricos, desde que os materiais e equipamentos elétricos estejam em conformidade com as normas técnicas ofi ciais estabelecidas pelos órgãos competentes e, na ausência ou omissão destas, as normas internacionais cabíveis. 3. O trabalho intermitente é equiparado à exposição permanente para fi ns de pagamento integral do adicional de periculosidade nos meses em que houver exposição, excluída a exposição eventual, assim considerado o caso fortuito ou que não faça parte da rotina. 4. Das atividades no sistema elétrico de potência – SEP. 4.1 Para os efeitos deste anexo entende-se como atividades de construção, operação e manutenção de redes de linhas aéreas ou subterrâneas de alta e baixa tensão integrantes do SEP: a) Montagem, instalação, substituição, conservação, reparos, ensaios e testes de: verifi cação, inspeção, levantamento, supervisão e fi scalização; fusíveis, condutores, para-raios, postes, torres, chaves, mufl as, isoladores, transformadores, capacitores, medidores, reguladores de tensão, religadores, seccionalizadores, carrier (onda portadora via linhas de transmissão), cruzetas, relé e braço de iluminação pública, aparelho de medição gráfi ca, bases de concreto ou alvenaria de torres, postes e estrutura de sustentação de redes e 29 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 linhas aéreas e demais componentes das redes aéreas; b) Corte e poda de árvores; c) Ligações e cortes de consumidores; d) Manobras aéreas e subterrâneas de redes e linhas; e) Manobras em subestação; f) Testes de curto em linhas de transmissão; g) Manutenção de fontes de alimentação de sistemas de comunicação; h) Leitura em consumidores de alta tensão; i) Aferição em equipamentos de medição; j) Medidas de resistências, lançamento e instalação de cabo contrapeso; k) Medidas de campo eletromagnético, rádio, interferência e correntes induzidas; l) Testes elétricos em instalações de terceiros em faixas de linhas de transmissão (oleodutos, gasodutos etc.); m) Pintura de estruturas e equipamentos; n) Verifi cação, inspeção, inclusive aérea, fi scalização, levantamento de dados e supervisão de serviços técnicos; o) Montagem, instalação, substituição, manutenção e reparos de: barramentos, transformadores, disjuntores, chaves e seccionadoras, condensadores, chaves a óleo, transformadores para instrumentos, cabos subterrâneos e subaquáticos, painéis, circuitos elétricos, contatos, mufl as e isoladores e demais componentes de redes subterrâneas; p) Construção civil, instalação, substituição e limpeza de: valas, bancos de dutos, dutos, condutos, canaletas, galerias, túneis, caixas ou poços de inspeção, câmaras; q) Medição, verifi cação, ensaios, testes, inspeção, fi scalização, levantamento de dados e supervisões de serviços técnicos. 30 HiGiENE Do TrABALHo I ATIVIDADES ÁREA DE RISCO I. Atividades, constantes no item 4.1, de construção, operação e manutenção de redes de linhas aéreas ou subterrâneas de alta e baixa tensão integrantes do SEP, energizados ou desenergizados, mas com possibilidade de energização acidental ou por falha operacional. a) Estruturas, condutores e equipamen- tos de linhas aéreas de transmissão, subtransmissão e distribuição, incluin- do plataformas e cestos aéreos usados para execução dos trabalhos; b) Pátio e salas de operação de subes- tações; c) Cabines de distribuição; d) Estruturas, condutores e equipamen- tos de redes de tração elétrica, incluindo escadas, plataformas e cestos aéreos usados para execução dos trabalhos; e) Valas, bancos de dutos, canaletas, condutores, recintos internos de caixas, poços de inspeção, câmaras, galerias, túneis, estruturas terminais e aéreas de superfície correspondentes; f) Áreas submersas em rios, lagos e mares. II. Atividades, constantes no item 4.2, de construção, operação e manutenção nas usinas, unidades geradoras, subes- tações e cabinas de distribuição em ope- rações, integrantes do SEP, energizados ou desenergizados, mas com possibili- dade de energização acidental ou por falha operacional a) Pontos de medição e cabinas de dis- tribuição, inclusive de consumidores; b) Salas de controles, casa de máqui- nas, barragens de usinas e unidades geradoras; c) Pátios e salas de operações de su- bestações, inclusive consumidoras. III. Atividades de inspeção, testes, en- saios, calibração, medição e reparos em equipamentos e materiais elétricos, eletrônicos, eletromecânicos e de segu- rança individual e coletiva em sistemas elétricos de potência de alta e baixa ten- são. a) Áreas das ofi cinas e laboratórios de testes e manutenção elétrica, eletrônica e eletromecânica onde são executados testes, ensaios, calibração e reparos de equipamentos energizados ou passíveis de energização acidental; b) Sala de controle e casas de máquinas de usinas e unidades geradoras; c) Pátios e salas de operação de subes- tações, inclusive consumidoras; d) Salas de ensaios elétricos de alta ten- são; e) Sala de controle dos centros de ope- rações IV. Atividades de treinamento em equi- pamentos ou instalações integrantes do SEP, energizadas ou desenergizadas, mas com possibilidade de energização acidental ou por falha operacional. a) Todas as áreas descritas nos itens anteriores. QUADRO I FONTE: Brasil (1978, p.11-12) 31 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 Quanto à expressão “Sistemas Elétricos de Potência”, utilizada no citado Anexo da NR16, esta também é defi nida na NBR5460 – Sistemas Elétricos de Potência – Terminologia, a seguir: 3.613 Sistema Elétrico (de potência) 3.613.1 Em sentido amplo, é o conjunto de todas as instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. 3.613.2 Em sentido restrito, é um conjunto defi nido de linhas e subestações que assegura a transmissão e/ou a distribuição de energia elétrica, cujos limites são defi nidos por meio de critérios apropriados, tais como, localização geográfi ca, concessionário, tensão, etc. (ABNT, 2019, p. 44). 4 RISCOS AMBIENTAIS Antes de tudo, vamos ver a diferençaentre perigo e risco. De acordo com a Occupational Health and Safety Assessment Series – OHSAS 18.001 de 2007, PERIGO é defi nido como “Fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, dano ao meio ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes” e o RISCO é, segundo a mesma OHSAS 18.001 de 2007, defi nido como “Combinação da probabilidade de ocorrência e da(s) consequência(s) de um determinado evento perigoso” (OHSAS, 2007, p. 4). Simplifi cando, o perigo é um risco alto, que não é controlado, com ocorrência e nocividade da lesão alta ou fatal. Como exemplo, podemos citar uma pessoa dirigindo sem habilitação. Esta situação é considerada um perigo, pois há um risco inaceitável. Já o risco é a exposição ao perigo e pode ser avaliado tanto quantitativa quanto qualitativamente. 4.1 CONCEITOS GERAIS DOS RISCOS AMBIENTAIS O ambiente de trabalho, ao interagir com o trabalhador, pode infl uenciar direta ou indiretamente na saúde e segurança do colaborador, assim como nos resultados do seu trabalho. Ao longo desta interação, alguns fatores poderão não ser controlados e ultrapassarem, por exemplo, os níveis permitidos por lei da concentração de agentes nocivos a sua saúde ou os tornar mais susceptível a doenças do trabalho, podendo ser os acidentes de trabalho, doenças profi ssionais ou doenças do trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2018). 32 HiGiENE Do TrABALHo I Tais acometimentos ocasionados no ambiente de trabalho terão graus de comprometimento variados, uns com uma probabilidade maior de ocorrência, outros com gravidades maiores, mas de alguma forma sempre teremos a presença de agentes nocivos à saúde dos trabalhadores. Assim, nossa intenção é que você desenvolva um olhar técnico, observando os riscos presentes nas diversas situações que muito provavelmente uma pessoa que não tem conhecimento sobre segurança do trabalho, mas que até realiza aquela atividade, não consegue perceber os riscos ali presentes. E, desta forma, poderá oferecer o máximo de proteção e satisfação ao ambiente de trabalho, que por sua vez infl uenciará em aumento de produtividade, qualidade dos serviços, redução do índice de absenteísmo e diminuição das doenças e acidentes de trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2018). 4.2 CLASSIFICAÇÃO E RECONHECIMENTO DOS RISCOS AMBIENTAIS Os riscos no ambiente de trabalho são classifi cados em cinco tipos, de acordo com a Portaria nº 3.214, do Ministério do Trabalho do Brasil, de 1978, sendo eles: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidente ou mecânicos (BRASIL, 1978). De acordo com a NR9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, item 9.1.5, temos: Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Já nos itens 9.1.5.1, 9.1.5.2 e 9.1.5.3, temos: Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, 33 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (BRASIL, 1978, p. 1). Já de acordo com a NR17 – ERGONOMIA, os riscos ergonômicos: são considerados aqueles cuja relação do trabalho com o homem causam desconforto ao mesmo, podendo causar danos a sua saúde, tais como esforço físico intenso, postura inadequada, ritmos excessivos, monotonia e repetitividade e outros fatores que possam levar ao estresse físico e/ou psíquico. Com relação aos riscos de acidente (mecânicos), não há uma norma específi ca, a descrição estará em diversas normas, como exemplo na NR12, NR13, NR14, NR18 e NR23. Podemos considerar, como este tipo de risco, aqueles que envolvem operação com máquinas, equipamentos, ferramentas, dispositivos, produtos, instalações, proteções e outras situações de risco que possam contribuir para a ocorrência de acidentes durante a execução do trabalho devido ao uso, disposição ou construção incorreta. Os riscos são separados por grupos e cada um é representado por uma cor. Segue um quadro de representação dos riscos: QUADRO 7 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS AMBIENTAIS POR CORES FONTE: <https://www.google.com/search?q=tabela+de+riscos+ ocupacionais&tbm=isch&source=univ&sa=X&ved=2ahUKEwj0oOPZzb_ iAhVbLLkGHVFzDcgQsAR6BAgHEAE&biw=1366&bih=667#imgrc=L6rkxkH l2PZTfM:>. Acesso em: 10 ago. 2019. 34 HiGiENE Do TrABALHo I As cores também são determinadas pela portaria com a fi nalidade da fácil identifi cação destes riscos em uma representação gráfi ca chamada de Mapa de Riscos. FIGURA 1 – MAPA DE RISCOS FONTE: <https://www.google.com/search?q=mapa+de+riscos&source= lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiOmIz-zr_iAhXgILkGHWjDAj4Q_ AUIDigB&biw=1366&bih=667#imgrc=fxcF6Nha49VAcM:>. Acesso em: 10 ago. 2019. O reconhecimento dos riscos ambientais também está contemplado na NR9, mais especifi camente no item 9.3.3, em que temos que o reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: a) a sua identifi cação; b) a determinação e localização das possíveis fontes geradoras; c) a identifi cação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; d) a identifi cação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) a caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identifi cados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes. 35 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 4.3 TIPOS DE AVALIAÇÕES DOS RISCOS AMBIENTAIS Segundo a Norma Regulamentadora nº 15, a caracterização dos riscos ambientais é dada através de duas variáveis: concentração do agente e tempo de exposição. A Concentração de cada agente se dará com a avaliação, que pode ser quantitativa ou qualitativa (BRASIL, 1978). Com relação ao tempo de exposição, podemos monitorá-lo através de inspeção no ambiente onde são desenvolvidas as atividades dos trabalhadores, na forma de entrevistas com as pessoas envolvidas na tarefa, fazendo observações dos procedimentos e, em determinadas situações, realizar a contagem mesmo do tempo desprendido para realizar aquela ação. Desta forma, teremos como comparar através dos anexos da NR15 se os limites de tolerância para o agente a ser avaliado foi ultrapassado ou não, e caso excedido o limite, iremos tomar as medidas de controle necessárias (BRASIL, 1978). A análise de risco envolve diversas questões como: 1) fonte geradora do risco, suas consequências e a possibilidade de ocorrência; 2) ocorrendo a consequência do risco, quais fatores levaram ao fato; 3) relação entre as consequências e as suas ocorrências, levando em consideração as medidas existentes, sejam elas: processos, dispositivos ou práticas existentes, controles resultantes de tratamentos de risco anteriores; 4) APR – Análise Preliminar do Risco, visando listar os riscos envolvidos em determinada atividade. A análise do risco visa identifi caro perigo e estimar o risco. De modo geral, a análise de risco serve também para mensurar o grau do risco, de modo a poder tomar a melhor medida de controle em relação à situação de trabalho que foi analisada, e verifi car o quão este risco é tolerável ou não, ou seja, se está dentro do limite de tolerância estabelecido por lei. A partir de então, deverá ser feita a gestão do risco (ROMERO, 2004). Como mencionado, a avaliação do risco pode ser quantitativa ou qualitativa, dependerá do agente analisado e das circunstâncias. Normalmente, começamos com a análise qualitativa, em que faz-se uma inspeção sobre determinado local de trabalho, analisando as principais características do ambiente laboral, os agentes ambientais que podem estar presentes, as atividades desenvolvidas e os cargos 36 HiGiENE Do TrABALHo I existentes naquele local, desta forma podemos ter uma indicação do nível de risco e assim defi nir a melhor forma de análise de risco, ou seja, qual seria o tipo de análise aplicada (CARVALHO; MELO, 2013). Na análise quantitativa é realizada inspeção em local de trabalho, utilizando-se de equipamentos específi cos de medição para a quantifi cação dos agentes ambientais presentes naquele ambiente de trabalho. Todos os equipamentos de medição devem estar calibrados por empresas acreditadas pela INMETRO e pertencer à Rede Brasileira de Calibração (RBC), conforme determina a NBR 17.025/2005. 4.3 CONCEITOS GERIAS E OCORRÊNCIAS DO RUÍDO • Som Por defi nição, o som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos ouvidos (SESI, 2007). • Como se propaga o som O som é energia mecânica, energia que produz trabalho. Pode se propagar em meio sólido, líquido ou gasoso e em velocidades diferentes dependendo do meio, mas não se propaga no vácuo. O som se propaga mais rápido em meio sólido porque as partículas estão mais próximas (IFPR, 2013). • Qualidades fi siológicas do som As qualidades fi siológicas do som são divididas em intensidade, altura e timbre. A intensidade faz com que você diferencie um som forte de um fraco. Um bom exemplo ocorre no trânsito com as buzinas dos veículos, normalmente, o som que emitem é bem forte. A segunda qualidade, a altura, mostra quando o som é alto e quando é baixo. O som alto é agudo e de alta frequência, já o baixo é grave e de baixa frequência. Timbre nada mais é do que ouvir sons que vêm de fontes diferentes e saber diferenciá-los. Por exemplo, ouvir instrumentos musicais. Somos capazes de perceber o som vindo do piano e do violino, diferenciando um do outro mesmo que estejam na mesma altura e na mesma intensidade (IFPR, 2013). 37 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 • A frequência sonora Segundo o SESI (2007), frequência é o número de vezes que a oscilação se repete em uma unidade de tempo e é expressa na unidade Hertz. Um ciclo equivale a uma oscilação completa. Quando falamos em perda auditiva, falamos que o processo de perda da audição se inicia nas frequências mais altas, isto é, deixamos de ouvir inicialmente os sons mais agudos. Ruído, de acordo com Brevigliero, Possebon e Spinelli (2012), é o fenômeno físico vibratório que apresenta características indefi nidas de variação de pressão em função da frequência. Outra defi nição para ruído é que ele é um agente físico presente nos ambientes de trabalho, em diversos tipos de instalações ou atividades profi ssionais. Ele pode causar diversos danos à saúde do trabalhador, inclusive danos irreparáveis (SESI, 2007). Segundo o NIOSH – National Institute for Occupation Safety and Health (2019), agência federal americana de pesquisa em saúde e segurança ocupacional, há aproximadamente 30 milhões de trabalhadores expostos a ruído no mundo e, conforme estatística de acidentes e doenças do trabalho, o Ministério da Previdência Social demonstrou que a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR – é a 2ª maior ocorrência de danos à saúde notifi cados pelos empregadores, fi cando atrás apenas de patologias musculoesqueletais relacionadas ao trabalho. A Norma Regulamentadora nº 15, aprovada pela Portaria nº 3.214/78, estabelece que as empresas que submetem os trabalhadores a níveis de ruído elevados, sem a devida proteção adequada, devem fazer o pagamento de adicional de 20% incidente sobre o salário mínimo da região aos funcionários. Também a Instrução Normativa nº 11 de 03/06 da Previdência Social, que substituiu a IN 118, permite a aposentadoria precoce, dita “especial”, aos trabalhadores expostos a níveis de ruído elevados e esse fato obriga as empresas a pagarem um adicional sobre o FAP – Fator Acidentário de Prevenção – sobre o valor pago do SAT – Seguro de Acidente de Trabalho. • Os efeitos do ruído na saúde do homem Várias são as atividades desenvolvidas no ambiente de trabalho que podem causar problemas de audição nos colaboradores que muitas vezes não utilizam o protetor auricular, são elas: trabalho constante com serra circular, betoneira, furadeira e outros equipamentos industriais. Muitos destes indivíduos não fazem o uso dos protetores por falta de conhecimento, outros por simplesmente acharem incômodo. Porém, a surdez ocasionada por ruído é uma doença irreversível (IFPR, 2013). 38 HiGiENE Do TrABALHo I Existem outros efeitos causados pelo ruído além da surdez profi ssional (efeito auditivo) que provocam irritação, dores de cabeça, difi culdade de sono, zumbido no ouvido e outros (efeitos não auditivos) (IFPR, 2013). • Efeitos auditivos A surdez profi ssional e a surdez temporária são caracterizadas como efeitos auditivos. Temporária não quer dizer que a surdez seja reversível. Esse é um detalhe bastante importante. Os efeitos imediatos do ruído são leves, mas um dos mais graves, a surdez, aparece com o tempo e, ainda, pode trazer desequilíbrios psíquicos e doenças físicas degenerativas (SOUZA, 1992). Quando o indivíduo fi ca exposto por um longo período a altos níveis de ruído, acontece o que chamamos de fadiga auditiva, mas que após o descanso cessa essa fadiga, ou seja, ele se recupera. Neste caso, temos a surdez temporária (BREVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI, 2012). • Efeitos não auditivos São aqueles que afetam o indivíduo fi siológica e psicologicamente, como alteração do humor, doenças do coração, hipertensão. Todos estes são problemas causados pelo ruído excessivo e que podem, sem dúvida, afetar a vida do trabalhador não só momentaneamente (IFPR, 2013). • Ruído contínuo ou intermitente É aquele cuja variação de nível de intensidade sonora é muito pequena (<3 dB) em função do tempo. São exemplos: motor elétrico, ventiladores etc. Como foi visto anteriormente, de acordo com a NR15, limite de tolerância é a concentração ou intensidade máxima ou mínima relacionada à natureza e tempo de exposição ao agente. Esta mesma norma defi ne ruído contínuo ou intermitente como o ruído que não é de impacto (IFPR, 2013). A NHO01 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído da Fundacentro – defi ne como todo e qualquer ruído que não se classifi ca como impulsivo ou de impacto (IFPR, 2013). • Ruído de impacto Para ruído de impacto, a NR15 e a NHO 01 dizem que é aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, e intervalos 39 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 superiores a 1 (um) segundo. São exemplos: rebitadeiras, prensas, explosões etc. Seguem mais alguns conceitos importantes sobre o ruído de acordo com a NHO 01: a) Dose diária (D): dose referente à jornada diária de trabalho. b) Incremento de duplicação de dose (q): expresso em decibéis e quando adicionado a um determinado nível implica a duplicação da dose de exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido. c) Limite de exposição (LE):é o parâmetro de exposição ocupacional que mostra as condições sob as quais acredita-se que a maioria dos trabalhadores possa ser exposta repetidamente, sem que isso traga efeitos negativos a sua audição e a sua fala. d) Nível equivalente (Neq): nível médio baseado na equivalência de energia sonora. e) Nível de Exposição (NE): nível médio representativo da exposição ocupacional diária. 4.4 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA, GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM • Nível de Pressão Sonora – Decibel Como o ouvido humano pode detectar uma gama muito grande de pressão sonora, que vai de 20 μ Pa até 200 Pa (Pa = Pascal), seria totalmente inviável a construção de instrumentos para a medição da pressão sonora. Para contornar esse problema, utiliza-se uma escala logarítmica de relação de grandezas, o decibel (dB). O decibel não é uma unidade, mas uma relação adimensional defi nida pela seguinte equação: L = Sendo: L = nível de pressão sonora (dB); Po = pressão sonora de referência, por convenção, 20 μPa; P = Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa). 40 HiGiENE Do TrABALHo I • Grandezas e defi nições associadas ao som / ruído Amplitude (A) – é o valor máximo considerado a partir de um ponto de equilíbrio, atingido pela pressão sonora. A intensidade da pressão sonora é a determinante do “volume” que se ouve. Comprimento de Onda (ּג) – é a distância percorrida para que a oscilação repita a situação imediatamente anterior em amplitude e fase, ou seja, repita o ciclo. Período (T) – é o tempo gasto para se completar um ciclo de oscilação. Invertendo-se este parâmetro (1/T), se obtém a frequência (f). Frequência (f) – é o número de vezes que a oscilação é repetida numa unidade de tempo. É dada em Hertz (Hz) ou ciclos por segundos (CPS). As frequências baixas são representadas por sons graves, enquanto as frequências altas são representadas por sons agudos. Tom Puro – é o som que possui apenas uma frequência. Por exemplo: diapasão, gerador de áudio. Ruído – é um conjunto de tons não coordenados. As frequências componentes não guardam relação harmônica entre si. São sons “não gratos”, que nos causam incômodo, desconforto. Um espectro de ruído industrial pode conter praticamente todas as frequências audíveis (SESI, 2007). • Audibilidade / Sensação sonora O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequências (faixa audível), que vai de 16-20 Hz a 16-20 KHz. Fora dessa faixa, o ouvido humano é insensível ao som correspondente. E para certas faixas de frequência ele é mais ou menos sensível (SESI, 2007). • Aspectos Práticos o A cada 3 dB a mais ou a menos no nível signifi ca o dobro ou a metade da potência sonora. o Fontes mais de 10 dB abaixo de outras (num certo ponto de medição) são praticamente desprezíveis. o A fonte mais intensa é a que "manda" no ruído total em um certo ponto (SESI, 2007). Segundo o SESI (2007), os medidores de ruído dispõem de um computador para as velocidades de respostas, de acordo com o tipo de ruído a ser medido. A diferença entre tais posições está no tempo de integração do sinal, ou constante de tempo. o “slow” – resposta lenta – avaliação ocupacional de ruídos contínuos ou intermitentes, avaliação de fontes não estáveis; 41 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 o “fast” – resposta rápida – avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com ponderação dB (C)), calibração; o “impulse” – resposta de impulso – para avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com ponderação linear). 4.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO, PRÁTICAS E TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DE RUÍDO Os fatores de riscos ambientais são avaliados conforme as metodologias de cada tipo de riscos. Estas metodologias estão descritas nas NHO – Normas de Higiene Ocupacional, que você encontra no portal da Fundacentro (2019). Cada fator de risco tem uma regulamentação em que se estabelecem os limites de exposição e as obrigações dos trabalhadores e empregadores (através das NR), e uma normativa com o método a ser empregado na sua avaliação (através das NHO). Por exemplo, o ruído contínuo ou intermitente é regulamentado pelo anexo 01 da NR15, e sua metodologia de avaliação está determinada na NHO 01 – Procedimento técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído. Já no caso das poeiras minerais (agentes químicos), que fazem parte do conjunto de substâncias que compõem as partículas insolúveis, tem seus limites normatizados pelo Anexo 12 da NR15, e sua metodologia de avaliação no ambiente descrita na NHO 08. Estes dois fatores de riscos (ruído e poeiras) são avaliados quantitativamente, e consequentemente, a legislação estabelece os limites de exposição para proteção da saúde do trabalhador. Com isso, você deve entender dois importantes conceitos: o Nível de Ação (NR09) e o Limite de Tolerância – LT (NR15). Conheça na íntegra as Normas de Higiene Ocupacional – NHO – em: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene- ocupacional. 42 HiGiENE Do TrABALHo I QUADRO 8 – NORMAS DE HIGIENE OCUPACIONAL (NHO) NHO01 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Ruído NHO03 – Método de Ensaio – Análise Gravimétrica de Aerodispersoides Sólidos Coletados sobre Filtros e Membrana NHO04 – Método de Ensaio – Método de Coleta e a Análise de Fibras em Locais de Trabalho NHO05 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional aos Raios X nos Serviços de Radiologia NHO06 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor NHO07 – Calibração de Bombas de Amostragem Individual pelo Método da Bolha de Sabão NHO08 – Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho NHO09 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional à Vibração de Corpo Inteiro NHO10 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional à Vibração em Mãos e Braços NHO11 – Avaliação dos Níveis de Iluminamento em Ambientes Internos de Trabalho FONTE: A autora • Dose Dose é o parâmetro utilizado para caracterizar a exposição ocupacional ao ruído. Expresso em porcentagem, tem por referência o valor máximo da energia sonora diária admitida defi nida com base em parâmetros preestabelecidos (FUNDACENTRO, 2001). A exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos em diferentes níveis de pressão sonora. Para essas situações serão considerados os efeitos combinados, como está no Anexo 1 da NR15 (IFPR, 2013). C1/T1 + C2/T2 + C3/T3 .............Cn/Tn ≤ 1 Em que: Cn = tempo total de exposição a um nível específi co; Tn = duração total permitida a esse nível. Normalmente, usamos um dosímetro para esse tipo de medição. O resultado é muito mais preciso, não podendo ultrapassar 100%. Outro ponto a ser considerado refere-se ao incremento de duplicação da dose “q”. De acordo com a Fundacentro (2001), o incremento em decibéis, quando adicionado a um determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido. A Fundacentro (2001) utiliza q = 3 e a NR15 q = 5. 43 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 • Avaliando o ruído Dosimetria de Ruído Na verdade, nunca existirá somente três ou quatro situações acústicas, de forma que, com somente três ou quatro frações, será possível encontrar a dose. O que se observará é uma exposição a níveis de ruído que oscilam muito rapidamente, com difícil obtenção de dados relativos a tempos de exposição e níveis de ruído. Para obter uma dose representativa, torna-se necessário o uso de um dosímetro (SESI, 2007). Em suma, o dosímetro é um instrumento que será instalado em determinado indivíduo e fará o trabalho de obtenção da dose, acompanhando todas as situações de exposição experimentadas por ele, informando em seu display o valor da dose acumulado ao fi nal da jornada, bem como vários outrosparâmetros, tais como Nível Médio (Lavg), Nível Máximo etc. (SESI, 2007). Nível Médio (Lavg) É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. No caso dos limites de tolerância NR15, a fórmula simplifi cada de cálculo é: Lavg = 80+16,61 log (0,16 CD/TM) Sendo: TM = tempo de amostragem (horas decimais); CD = contagem da dose (porcentagem). 44 HiGiENE Do TrABALHo I FIGURA 2 – FLUXOGRAMA DOS RISCOS AMBIENTAIS COM IDENTIFICAÇÃO DOS QUE APRESENTAM LIMITES DE TOLERÂNCIA Observe que o LT pode ser um valor máximo ou mínimo a depender da natureza ou intensidade do agente. Por exemplo, para o ruído, a intensidade máxima de exposição é de 85 dB, para o tempo de exposição de 8h. Já em relação à presença de pessoas em ambientes com a presença de asfi xiantes simples, tem-se que controlar a concentração mínima de oxigênio de 18 ppm. Por isso o LT pode ser um valor máximo, a não ser ultrapassado, ou um valor mínimo, a ser respeitado! Os fatores de riscos que você deve fi car atento aos LT são aqueles indicados na NR15, item 15.1.1. Vá até lá e veja quais são. 45 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 Finalmente, você se pergunta: Devo proteger o trabalhador apenas quando ele estiver exposto em função do LT? A resposta é não! Lembre-se do NA. O Nível de Ação é exatamente o valor que dará margem de segurança para agir antes que o trabalhador seja exposto aos riscos ambientais. O valor do NA é defi nido na NR09, item 9.3.6.2, a saber: 9.3.6.2 Deverão ser objeto de controle sistemático as situações que apresentem exposição ocupacional acima dos níveis de ação, conforme indicado nas alíneas que seguem: a) para agentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacional considerados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1; b) para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critério estabelecido na NR-15, Anexo I, item 6 (BRASIL, 1978, p. 3). Para você entender melhor, vamos lá. O LT do ruído é de 85 dB para oito horas. A alínea “b” supracitada diz que o valor do NA é 0,50 (ou 50%) do LT. Como a curva que constitui a dose de ruído é do tipo logarítmica, o NA para o ruído é de 80 dB para a o período de exposição de 8 horas. Na prática, a avaliação funciona da seguinte maneira. Imagine que você foi contratado para indicar se um serralheiro e seu ajudante precisam utilizar protetor auricular, e em caso positivo, qual deve ser a atenuação do protetor em NRRsf (Nível de redução do ruído). Para isso, você deverá realizar a dosimetria do ruído na serralheria, atendendo às instruções da NHO08. A dosimetria no local de trabalho dará a você o resultado do Nível de Pressão Sonora no local em dB. NPS = Nível de Pressão Sonora no local em dB Ao aplicar a metodologia da NHO 08, você realizou os devidos cálculos e chegou à dose de ruído de 98 dB, para as 8 (oito) horas de trabalho da dupla na serralharia. Ou seja: NPS = 98 dB Como você já consultou o Anexo 1 da NR15, sabe que o LT para 8h é de 85 dB. 46 HiGiENE Do TrABALHo I LT = 85 dB Logo, se você calcular a diferença entre o Nível de Pressão Sonora no ambiente e o Limite de Tolerância, verifi cará que a exposição ao ruído no ambiente está acima do LT em 18 dB. 98 dB - 85 dB = 18 Assim, o serralheiro e seu ajudante estão expostos a 18 dB acima do limite de tolerância durante um dia de trabalho. • Equipamentos de medição de ruído Dependendo do tipo de medição que você precise fazer, há sempre um medidor de pressão sonora específi co. O dosímetro, por exemplo, é um medidor integrador de uso pessoal que fornece a dose da exposição ocupacional de ruído (FUNDACENTRO, 2001). Para essa avaliação utiliza-se a NHO 01 da Fundacentro, seguindo as recomendações descritas na norma. A norma da Fundacentro recomenda a ANSI SI.25-1991 ou as revisões posteriores. FIGURA 3 – DOSÍMETRO DE RUÍDO DIGITAL - SONUS-2 FONTE: <http://www.centralbrasilinstrumentos.com.br/seguranca-do-trabalho/ dosimetros/dosimetro-de-ruido-digital---sonus-2>. Acesso em: 10 ago. 2019. Outro equipamento de medição bastante usado é o medidor de pressão sonora, portado pelo avaliador. Para medição dos níveis de ruído contínuo e intermitente, deixamos o equipamento no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta, conhecido como slow. Se como resultado da medição você 47 CONHECENDO A HIGIENE DO TRABALHO E OS RISCOS AMBIENTAIS INERENTES À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR Capítulo 1 obtiver um valor intermediário, ou seja, entre dois valores, deverá adotar o valor da máxima exposição diária permissível, relativo ao nível imediatamente mais elevado. Da mesma forma para ruído de impacto, se for encontrado um nível de ruído intermediário, deve-se considerar a máxima exposição diária permissível relativa ao nível imediatamente mais elevado (IFPR, 2013). FIGURA 4 – MEDIDOR DE NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (DECIBELÍMETRO) FONTE: <https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1029072463-medidor-de- nivel-de-presso-sonora-decibelimetro-_JM>. Acesso em: 10 ago. 2019. 4.6 MEDIDAS DE CONTROLE • Hierarquia da implementação de proteções Essencialmente, você adotará a seguinte hierarquia para implementação das medidas de proteção na serralharia citada anteriormente: o na fonte geradora do agente/fator de risco; o na trajetória do agente/fator de risco; o no trabalhador. Seguindo esta sequência de raciocínio, quais seriam as ações a serem tomadas para limitar a exposição do serralheiro e seu ajudante ao NPS igual a 98 dB? Na FONTE: o ruído é gerado pela máquina de corte de chapas. Portanto, a primeira intervenção é verifi car as condições da máquina, se permite ser enclausurada para reduzir a projeção do ruído pelo ambiente. 48 HiGiENE Do TrABALHo I Na TRAJETÓRIA: ao avaliar o espaço onde está localizada a serralheria, você percebeu que ela está em uma sala, com apenas uma porta e sem janelas. Ao saber que o ruído se propaga pelo ambiente, e que ele pode ser dissipado com a abertura de janelas, essa seria uma das opções para intervenção na trajetória do ruído, para atenuação da dose no trabalhador. No TRABALHADOR: fornecer equipamento de proteção individual – EPI – e treiná-lo quanto à maneira adequada de uso, guarda e manutenção. Sempre que você se deparar com um ambiente onde não estejam implementados os equipamentos de proteção coletiva – EPCs – e os trabalhadores estejam expostos a riscos, até que as medidas coletivas sejam implementadas, e tenham sua efi cácia devidamente comprovada, a medida de proteção individual deverá ser mantida. • Atenuação do protetor auricular O Manual SESI (2007), item 5 do capítulo V, aborda os aspectos de controle: na fonte e na trajetória, e a atenuação dos protetores auriculares. Dê especial atenção à explicação sobre a atenuação do protetor auricular pelo método NRRsf. Apesar de existirem outros métodos, como o longo, será sufi ciente que você adote o método NRRsf na sua futura rotina de trabalho como TST (SOBRAL, 2018). O método NRRsf é simples e aceito para fi ns previdenciários, bem como os métodos longo, NRR e NRRa. Voltando ao nosso exemplo do serralheiro e do seu ajudante, você precisa agora indicar o protetor auricular adequado para exposição ao ruído durante a jornada de trabalho. Conhecido o NPS de 98 dB, e sabendo que a NR15 estabelece que para oito horas de trabalho eles podem estar expostos a 85 dB, você terá que indicar um protetor com NRRsf igual ou superior à diferença entre o NPS e o LT. Ou seja, um protetor com NRRsf igual ou maior que 18. Ao adquirir um protetor auricular, você encontrará na sua embalagem o número do NRRsf daquele protetor. Ao adquirir o abafador, você saberá qual é o fator de atenuação
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