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A FAMÍLIA FRENTE A SITUAÇÃO DE DOENÇA CRÔNICA DE UM DE SEUS MEMBROS Dra Juliana Amaral Ms Neisa Fontes Profª Neisa Lourenço A família frente à doença de um de seus membros A família é considerada uma unidade primária de cuidado, pois ela é o espaço social onde seus membros interagem, trocam informações, apóiam-se mutuamente, buscam e mediam esforços, para amenizar e solucionar problemas. Extrema ajuda ao paciente doente Profª Neisa Lourenço As doenças crônicas compõem o conjunto de condições crônicas Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura. Profª Neisa Lourenço Profª Neisa Lourenço Principais doenças crônicas atualmente Aparelho cardiocirculatório Diabetes Câncer de mama, pulmão, próstata Obesidade Hipertensão arterial Insuficiência renal crônica Profª Neisa Lourenço 5 Determinantes sociais Diferenças sociais Diferenças/facilidades de acesso aos serviços Baixa escolaridade Desigualdade de acesso a informação Necessidade de redes integradas e regionalizadas para organização da atenção aos pacientes portadores de doenças crônicas = RAS – Rede de Atenção à Saúde. Profª Neisa Lourenço MACC Profª Neisa Lourenço Nível 1: Ações de promoção da saúde intersetoriais: campanhas de tabagismo, alimentação saudável, vida ativa. Nível 2: Populações extratificadas com fatores de risco, ligados ao estilo de vida – intervenções de prevenção da doença – foco individual ou grupal. Ex: avaliação de IMC, avaliação de fatores de risco, encaminhamento para serviço de acompanhamento nutricional, grupos para auxiliar a abandonar tabagismo. Pelo MS – Saúde na Escola e Academia da saúde Nível 3: Trabalhar com população com doenças crônicas já estabelecidas. Ainda de baixo e médio risco. Ações de autocuidado apoiado e atenção individualizada Nível 4: Atuar com população de alto e muito alto risco. Autocuidado apoiado + atenção especializada Nível 5: População com situações complexas = gestão de caso + tecnologias Profª Neisa Lourenço As doenças crônicas constituem problema de saúde de grande magnitude, correspondendo a 72% das causas de mortes. Hoje, são responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, serão responsáveis por 80% da carga de doença dos países em desenvolvimento. Atualmente, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser apenas de 20% (OMS, 2003). Profª Neisa Lourenço Fases da Doença Crônica Inicio Pode ser agudo ou gradual Curso Progressiva, constante ou reincidente/episódica Consequências Encurtamento da vida, morte súbita Incapacitação Prejuízo da cognição, sensação, movimento, perda de energia e desfiguração. Profª Neisa Lourenço Fases Temporais da Doença Crônica Crise Qualquer período sintomático antes do diagnóstico concreto Crônica Período de tempo entre o diagnóstico inicial o período de ajustamento e pode ser longa ou curta Terminal Inevitabilidade da morte se torna aparente Profª Neisa Lourenço Tarefas chave Fase de Crise Aprender a lidar com a dor, incapacitação ou outros sintomas relacionados à doença Aprender a lidar com o ambiente hospitalar e procedimentos terapêuticos Estabelecer e manter bom relacionamento com a equipe que presta cuidado Tarefas críticas: criar significado para a doença que maximize Profª Neisa Lourenço Tarefas chave Fase de Crise Tarefas críticas: criar significado para a doença que maximize a preservação de um sentimento de domínio e de competência Entristecer-se pela perda da identidade familiar pré-enfermidade Buscar uma posição de aceitação da mudança permanente (continuidade passado e futuro) Unir-se (reorganizar a crise) Desenvolver a flexibilidade no sistema perante a incerteza Profª Neisa Lourenço Tarefas chave Fase Crônica Predominam as questões de morte e de doença terminal Constância, progressão ou mudança episódica Organizações de mudanças permanentes Manter uma aparente vida normal na presença de uma doença “anormal” e incerteza aumentada Profª Neisa Lourenço Juliana Amaral (JA) - Tarefas chave Fase Terminal Luto e resolução de perda Retomada de vida “normal” após a perda Profª Neisa Lourenço MS – organização do processo de trabalho AÇÃO PRINCIPAL: Acolhimento Ouvir seus pedidos e assumindo uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas adequadas aos usuários. Requer exercitar uma escuta com responsabilização e resolutividade e, quando for o caso de orientar o usuário e a família para continuidade da assistência em outros serviços Requer o estabelecimento de articulações com esses serviços para garantir a eficácia desses encaminhamentos Profª Neisa Lourenço Atenção à família Não reduzir sujeitos à doenças – enfoque biomédico e de protocolos A atenção colaborativa e centrada na pessoa e na família, em substituição à atenção prescritiva e centrada na doença, transforma a relação entre os usuários e os profissionais de saúde, porque aqueles deixam de ser pacientes e se tornam os principais produtores sociais de sua saúde (OMS, 2003). Profª Neisa Lourenço FAMÍLIA DO PORTADOR DE DOENÇA CRÔNICA Para Elsen (2005), a família atua como um sistema de saúde para seus membros, a qual supervisiona o estado de saúde, toma decisões, acompanha e avalia a saúde e a doença de seus componentes. Nesse cenário, ela reafirma sua posição de unidade de cuidado para seus membros, permeando suas ações entre as orientações dos profissionais de saúde e o seu universo cultural e de interações com o ambiente. Profª Neisa Lourenço A atenção centrada na pessoa e na família baseia-se em dignidade e respeito; Compartilhamento de informações completas entre os envolvidos (usuário, família e profissionais); Participação e colaboração de todos nas decisões; Implementação e monitoramento sobre a atenção à saúde prestada Estratificação de risco Educação permanente do profissional, paciente e família Estímulo ao autocuidado Grupos terapêuticos Atendimento individualizado/ consulta de enfermagem Acompanhamento não presencial – Call Center/ gerenciamento de pacientes portadores de doenças crôncias Discussão de casos clínicos: multiprofissional Projeto Terapêutico Singular - PTS Profª Neisa Lourenço “O PTS objetiva a realização de uma revisão do diagnóstico, nova avaliação de riscos e uma redefinição das linhas de intervenção terapêutica, redefinindo tarefas e encargos dos vários profissionais envolvidos no cuidado e das pessoas” 19 Doença Crônica e Família Novos recursos de enfrentamento para adaptações às necessidades do membro doente Quebra do equilíbrio dinâmico familiar diante deste novo evento. Profª Neisa Lourenço Doença Crônica e Família Há basicamente 3 tipos de reações da família frente à situação de crise ocasionada pela doença e pelas limitações causadas: O sistema se mobiliza com o intuito de resgate de seu estado anterior Paralização frente a crise O sistema identifica a benefícios com a crise e se mobiliza para mantê-la. Profª Neisa Lourenço Doença Crônica e Família Curso constante x Instabilidade A expectativa de perda está presente e é clara para todos os membros→ mobilização Grau de incapacitação →stress da família Nível social da família: Baixa renda: recursos informais Camada média: recursos formais e mais isolada Profª Neisa Lourenço Doença Crônica e Família Momento da morte: precoce x esperada; momento do ciclo vital do doente Profª Neisa Lourenço Doença Aguda e Família Maior impacto: momentos iniciais da notícia Desespero ou inação A reorganização da família é a primeira grande forma de enfrentamento do estresse O familiar que mais assume o papel de cuidador pode ser um dos nortes para a escolha das estratégias de enfrentamento por parte de toda afamília. Profª Neisa Lourenço Doença Aguda e Família Hospitalização: ameaçadora e geradora de stress Famílias que toleram estados afetivos carregados utilizam recursos extremos e possuem flexibilidade para troca de papéis terão maior facilidade para lidarem com a doença aguda. Profª Neisa Lourenço Doença Aguda e Família Fatores de stress: Súbita e inesperada instalação da doença Incerteza sobre o prognóstico Medo que o paciente sinta dor, tenha uma inabilidade após o evento ou venha a morrer Falta de privacidade e individualidade Ambiente desconhecido e aterrorizante Separação física do paciente e distância de casa Profª Neisa Lourenço Doença Aguda e Família Estratégia de focalização: forma positiva, tentativa de entender e resolver a situação Estratégia de suporte social: busca de ajuda concreta nos problemas cotidianos, conselhos e informações Estratégia de conversão: mudanças são configuradas para favorecer o enfrentamento, mesmo que postura defensiva (religiosidade) Profª Neisa Lourenço Doença Aguda e Família Estratégia de controle: quando vivenciada pelo grupo familiar como um todo favorece o enfrentamento, porém, quando este controle se resume a apenas uma pessoa transforma-se em mais uma fonte de stress para a pessoa divisão de tarefas: dilui um pouco os momentos estressantes Profª Neisa Lourenço ALGUMAS FALAS DE FAMILIARES DE UM PACIENTE PORTADOR DE DOENÇA CARDIOVASCULAR ... a vida da gente fica bem transtornada né... não é a mesma coisa... A gente tenta é... é dividir mais né ...como que eu tenho o meu marido tomando conta do restaurante a gente trabalha junto, mais como ele tá lá com a cabeça tomando conta, então eu não fico tanto preocupada né. (Tulipa). ...medo de perder ele... é tão grande que... que a gente faz de tudo pra poder levar ele de volta né [choro] ...a gente sempre teve assim união entre a família né... aí depois da doença os cuidados foram maior, qualquer coisa a gente fica preocupado. (Tulipa). Não faz... Só quando precisa mesmo que ele... praticamente a gente assim tem que obrigar ele ir... [risos]... vamos, vamos porque a gente vai levar o senhor de qualquer jeito... querendo ou não tem que ir. (Tulipa). Profª Neisa Lourenço Referências para estudo Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013. 28 p. : il. Profª Neisa Lourenço