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AÇÃO CIVIL PUBLICA - ASSOCIAÇÃO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CIVEL DA COMARCA DE CAICÓ - CEARÁ 
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, qualificada na forma do art. 319/CPC, , por seu advogado, constituído pela procuração anexa, com fundamento no art. 129, inciso III, 170, inciso VI, e 225 da Constituição Federal de 1988, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a presente:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR
Em face de GUARARAPES ADM LTDA com sede na Av. Antônio Ferreira Sobrinho, 1075 - Centro, CAICÓ- CE, 63000-000, qualificado na forma do art. 319/CPC, e MUNICÍPIO DE CAICÓ, qualificado na forma do art. 319/CPC, nos termos que seguem: 
I – DOS FATOS
A priori, Sr. Justino, em 01.12.2000, movido pelo amor que sente pela cidade, fundou a Associação dos moradores unidos de Caicó, uma entidade com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, a qual possui como objetivo a preservação do patrimônio histórico, cultural e do meio ambiente do município de Caicó. Diversos moradores imbuídos do mesmo intuito se juntaram ao Sr. Justino e passaram a compor a Associação, que atualmente conta com mais de 200 associados. Caicó uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do ponto de vista urbanístico, porém, possui algumas ruínas da época da colonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. 
O ponto turístico da cidade acabou se tornando “Colosseu” uma ruina atrativa da cidade, na qual é administrada por uma empresa privada, a GUARARAPES ADM LTDA. e virou um ponto turístico de intensa visitação no município. Ocorre que nos últimos meses, mas precisamente desde setembro de 2017, a empresa tem deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz.
A associação extremamente preocupada com o zelo, e o futuro da atração turística do município resolveu buscar uma solução para o problema. Devidamente instruído o advogado que este subscreve prontamente preparou um Ofício à Prefeitura Municipal de Caicó, com quem a empresa GUARARAPES ADM LTDA. possui o contrato de convênio, solicitando informações e providências. A Prefeitura, no dia 10/01/2018 informou que já havia diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou também quem em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém que o mesmo não havia sido cumprido. 
Não restando outro meio, na qual o problema possa ser resolvido e preocupado com o futuro do munícipio, vem através deste propor a presente ação para que possa ter resultados acerca do futuro das ruinas.
II - LEGITIMIDADE ATIVA 
A legitimidade ativa é notória, além disso, dentre os legitimados para propositura de ação civil pública ambiental, o defensoria publica é aquele que tem posição destacada. Isto ocorre não apenas pela sua atuação tradicional no processo civil, mas também é devido às atribuições específicas que lhe foram conferidas pela Lei 7.347/85.
III - LEGITIMIDADE PASSIVA 
Não há nenhuma condição especial para que alguém (seja pessoa física, seja pessoa jurídica, ou ente dotado de personalidade jurídica) se encontre na posição de legitimado passivo ad causam para as ações civis públicas, basta que essa pessoa realize ou ameace realizar uma conduta que cause lesão a quaisquer interesses transindividuais (meio ambiente, consumidor, patrimônio público, patrimônio cultural, etc3 ). 
Para mais, a legitimidade passiva do requerido decorre, inicialmente, da Constituição Federal: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.
E, ainda: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem como de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.
 (…) 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
O Município é responsável, em conjunto com o Estado e a União, pela saúde e proteção da vida e das pessoas, bem como a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo tais direitos e garantias fundamentais do cidadão. Tal é o que dispõe os artigos 6.º, 23, inc. II e VI, 196 e 225, da Constituição Federal. 
Pelo apresentado, a responsabilidade do município de CAICÓ/CE e sua posição processual, figurando no polo passivo da presente ação, é indubitável, nesse sentido:
 A legitimação passiva estende-se a todos os responsáveis pelas situações ou fatos ensejadores da ação, sejam pessoas físicas ou jurídicas, inclusive a Administração Pública, porque tanto esta como aquelas podem infringir normas de Direito material protetoras dos interesses vitais da comunidade, expondo-se ao controle judicial de suas condutas (…). 
Dessa forma, o requerido (Município), bem como a empresa GUARARAPERES, fazem parte da presente ação.
IV - FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
A Lei brasileira não define o conceito de dano ambiental, restringindo-se a delimitar as noções de degradação ambiental5 e poluição, cabendo à doutrina estabelecer um conceito ao dano ambiental que nas palavras de Milaré7 “é a lesão aos recursos naturais, com consequente degradação – alteração adversa ou in pejus – do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida”.
Verifica-se que o município de CAICÓ/MT, mesmo tendo notificado à reclamada, por meio do Oficio n°193128, por deixar de atender as exigências legais no prazo concedido, a mesma deixou de cumprir com o oficio verificando-se a omissão e retardamento inescusável.
Nos termos do artigo 70 da Lei Federal 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, ainda no artigo 80 do Decreto nº 6.514 de 22 de julho de 20118 dispõe:
Art. 80. Deixar de atender a exigências legais ou regulamentares quando devidamente notificado pela autoridade ambiental competente no prazo concedido, visando à regularização, correção ou adoção de medidas de controle para cessar a degradação ambiental: Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Ainda, no artigo 66 da mesma lei encontra-se: 
Art. 66. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar estabelecimentos, atividades, obras ou serviços utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, em desacordo com a licença obtida ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: (Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008). Multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais).
É de conhecimento da população que a parte que administra tal, meio atrativo do município ser responsável pelo devidos cuidados, e pelo devido zelo, podemos observar que a Reclamada nada esta fazendo pelo bem, podemos dizer mais precioso da cidade deixando à mercê as ruinas.
Vejamos de acordo com apelação cível;
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DANO AO MEIO AMBIENTE – INTERESSE DA UNIÃO – EXTINÇÃO POR ILEGIMIDADE ATIVA – IMPOSSIBILIDADE – DECLINAÇÃO DA COMPETÊNCIA – REMESSA DOS AUTOS À JUSTIÇA FEDERAL – LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO – MINISTÉRIOS PÚBLICO ESTADUAL E FEDERAL – POSSIBILIDADE – ART. 5.º, §5.º, DA LEI N.º 7347/85 – SENTENÇA ANULADA – APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA 1. Trata-se de ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual relativo ao pedido de reparação do dano ambiente constatado, como também pagamento de multa. 2. A sentença do juízo de piso considerou a ilegitimidade ativa do MinistérioPúblico estadual para atuar em relação ao dano ambiental em área de interesse de União. 3. O art. 5.º, §5.º, da lei n.º 7347/85 (lei de ação civil pública) estabelece a possibilidade de litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos em defesa dos direitos e interesses de que cuida a lei de ação civil pública, como o case de dano ao meio ambiente. 4. Havendo interesse da União nos autos é necessário que se reconheça a incompetência absoluta da Justiça Estadual, com a consequente remessa à Justiça Federal, e não a extinção do feito. 5. Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União. Súmula n.º 150 do STJ. 6. Sentença anulada. 7. Apelação conhecida e provida
V - DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 
Conforme dispõe;
art. 225, § 3º, da Constituição Federal: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados” .
 A presente ação visa efetivar a responsabilidade civil, a qual tem como principal objeto a reparação do dano. 
A responsabilidade civil, no âmbito ambiental, é objetiva, tendo como fundamento legal o art. 14, parágrafo 1º da Lei 6.938/81.
Incontroversa é a aplicabilidade da responsabilidade objetiva ao dano ambiental, a qual se funda no risco, prescindindo, por completo, da culpabilidade do agente, da aferição de licitude da atividade e da aplicação das causas de exclusão de responsabilidade, exigindo apenas a ocorrência do dano e a prova do nexo de causalidade. Lembrando que, nas palavras de Milaré10, “a ação é substituída pela assunção do risco em provocar o resultado”. 
Conclui-se que, na seara da responsabilidade civil objetiva, cabe aos poluidores/pagadores provar não sê-lo. 
Dessa forma, comprovado o dano e a ação pelo degradador, incólumes se encontram os fundamentos que autorizam a reparação dos danos materiais e imateriais caudados à coletividade, que abarca todos os indivíduos da humanidade das presentes e futuras gerações.
VI - PEDIDOS 
 Ante ao acima exposto e considerando que as agressões ao meio ambiente não podem restar impunes, requer: 
1. Que seja recebida a presente inicial em todos os seus termos;
 2. A devida intimação da Reclamada, GUARARAPES ADM LTDA para que no prazo de 10 (dez) dias, cumpra com o devido reparo nas ruinas, para que a mesma possa ser preservada, sob pena de multa diária de R$ 500,00 (quinhentos reais).
 3. A citação dos Reclamados, na pessoa dos seus representantes, para que, caso queira, conteste a presente actio, do contrário que lhe seja decretada a revelia e todos os efeitos dela decorrentes de acordo com o Código de Processo Civil; 
4. Condenação do Requerido aos ônus de sucumbência; 
5. Protesta provar o alegado por intermédio de todas as provas necessárias ao deslinde da causa, como a realização de oitiva de testemunhas, a serem arroladas no momento processual oportuno, bem como juntada posterior de documentos, inclusive perícias que forem eventualmente necessárias.
Atribui-se a presente causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais). 
Nestes, termos pede deferimento.
FORTALEZA/CE
OAB/CE 18.090

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