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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CÍVEL DA COMARCA DE VOLTA REDONDA/RJ. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, por seu representante legal, titular da Promotoria de Justiça Cumulativa da Comarca de ..............., no uso de suas atribuições legais, na qualidade de Curador do Patrimônio Público, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 129, III da CF/88 e na Legislação pertinente (Leis Federais 7.347/85; 8.625/93; 8.429/92; e Lei Complementar Estadual 19/94), ajuizar a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR com fundamento na Lei 7.347/85, em desfavor do MUNICÍPIO DE VOLTA REDONDA, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Rua......., nesta cidade, pelos fatos e fundamentos seguintes: I – BREVE RELATO DOS FATOS A prefeitura municipal de Volta Redonda, RJ, vem se utilizando de terrenos para depositar o lixo coletado no município. A área atingida é extensa e fica localizada entre o Rio Negro e o Rio Mucuripe, inclusive, sendo área de preservação permanente ou especialmente protegida. O município não possui qualquer licença dos órgãos competentes e despeja de forma irregular o lixo diário coletado na cidade, em contínuo desrespeito às regras de proteção à natureza, perfazendo o volume de aproximadamente 900 toneladas/dia. O lixo contém resíduos sólidos das mais diferentes procedências, inclusive industrial e hospitalar. O dano causado é extremamente severo, tendo em vista que o lixo altamente contaminante está se infiltrando no solo e sendo levado pelas chuvas e lençol freático diretamente para os dois rios que limitam o território degradado, causando a contaminação destes e a visível mortandade de peixes e outros animais – conforme imagens anexadas aos autos e laudos técnicos que apontam a causa das mortes. 2 – DAS LEGITIMIDADES No que diz respeito a legitimidade ativa, o artigo 5º, da Lei n.º 7.347/85, que disciplina a ação civil pública, tem um rol taxativo, vejamos: “Art. 5º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I. Ministério Público; II. Defensoria Pública; III. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV. Autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista; e V. Associação, que concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos um ano, nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.” De acordo com dispositivo acima disposto existem alguns requisitos a serem atingidos para tal propositura, e é garantido falar que o MINISTÉRIO PÚBLICO se enquadra no disposto no artigo 5º da Lei 7.347/85 e tem legitimidade ativa para propositura de ação civil pública. 3 – DO DIREITO Nos moldes do artigo 1º da Lei 7.347/85 (lei da ação civil pública) é cabível a ação civil pública para conter ou proteger os bens protegidos quais sejam: danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico e paisagístico, a qualquer interesse difuso ou coletivo, por infração econômica, à ordem, urbanística, à honra e à dignidade de grupos sociais, étnicos ou religiosos e ao patrimônio público e social. Para punir ou reprimir os danos morais ou materiais. Conforme documentos juntados à inicial, levando em consideração os direitos difusos violados, e em virtude ao dano ambiental causado, o qual até o momento tomou proporções incalculáveis, não resta outra maneira a não ser acionar a justiça para se garantir a responsabilização do município requerido. Em algumas ocasiões, para que alguns direitos sejam resguardados, como o meio ambiente ecologicamente equilibrado, a educação, a saúde, etc., é mais que necessário que seja observada a compatibilidade de leis ou atos normativos em relação ao texto constitucional, enquanto norma jurídica fundamental. O Direito do Ambiente recebeu contornos límpidos após as duas grandes guerras mundiais, momento a partir do qual o meio ambiente ecologicamente equilibrado passou a ser considerado um bem coletivo e digno de tutela estatal, por também ser um direito fundamental (MILARÉ, 2011). A visão que o homem passou a sentir em relação à natureza é de que dela fazia parte, e, portanto, o modelo até então existente, de que a natureza era um objeto a ser explorado, avançou para a de um bem de uso comum do povo. Em nosso país, com advento do Código Florestal em 1965, o Código de Mineracao em 1967 e, ainda, a Lei Nacional de Proteçâo a Fauna (Lei nº 6.453), em 1977, foram balizas importantes enquanto proteção jurídica material do ambiente. No entanto, faltavam instrumentos realmente eficazes para que essa proteção pretendesse de fato ser integral. Indo mais adiante, em termos de legislação material ambiental, a Lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, foi um marco para o avanço de mecanismos processuais de defesa do ambiente, uma vez que no § 1º do art. 14 passou a prever que “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Nesse diapasão, foi fundamental para que em 1985 essa ação de responsabilidade fosse denominada “ação civil pública”. Aqui, não tem o que se questionar a culpa, em razão da responsabilidade ser objetiva, conforme acima mencionado, os danos encontram-se incalculáveis tendo em vista que o lixo altamente contaminante, que foi depositado pelo município, está se infiltrando no solo e sendo levado pelas chuvas e lençol freático diretamente para os dois rios que limitam o território degradado, causando a contaminação destes e a visível mortandade de peixes e outros animais – conforme imagens anexadas aos autos e laudos técnicos que apontam a causa das mortes. Convenciona o artigo 225, § 1º, inciso VII, da Constituição Federal: "TODOS TEM DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO, BEM DE USO COMUM DO POVO E ESSENCIAL À SADIA QUALIDADE DE VIDA, IMPONDO-SE AO PODER PÚBLICO E À COLETIVIDADE O DEVER DE DEFENDÊ-LO E PRESERVÁ-LO PARA AS PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES". E dispõe o seu §§ 2º e 3º: "§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.” “§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.” Conforme incansavelmente demonstrado, o Município deve ser responsabilizado pela contaminação causada, pois no presente caso há o envolvimento de direitos difusos violados, em decorrência do dano ambiental ocasionado, razão pela qual mostra-se perfeitamente cabível o manejo da presente ação civil pública, como forma de se buscar a intervenção do Poder Judiciário para a preservação dos bens jurídicos tutelados pela Constituição e responsabilização do impetrado pelos danos causados. 4 – DO PEDIDO LIMINAR Diante dos fatos, por tudo que fora explanado, não restam dúvidas de que a concessão de tutela antecipada é medida extremamente necessária, como forma de evitar que a continuidade dos vários danos decorrentes da conduta do impetrado. É expressamente previsto na Lei nº. 7.347/85 que regula a matéria procedimental da ação civil pública, em seu 12º artigo há aproposição da medida liminar, ante a eventual necessidade de tutela instrumental ao objeto da tutela jurisdicional principal, de cunho cognitivo, garantido a efetividade e utilidade desta. A tutela de urgência prevista no artigo 305 do Código de Processo Civil de 2015 requer além das condições comuns da ação, condições específicas, ou seja, a presença da “fumus boni juris” e do “periculum in mora”. Na presente demanda, encontram-se perfeitamente presentes, a “fumaça do bom direito”, em razão do flagrante desrespeito às normas ambientais vigentes; e o “perigo da demora”, surge, no caso em questão, com a contínua contaminação do determinado território e com a sua degradação, a atividade do município impetrado ocasionou danos ambientais a região, sendo certo que a menos que se coíba por ordem judicial, venha ela antes do término da presente ação, a contaminar por completo irremediavelmente o referido patrimônio, com a prestação jurisdicional, que certamente advirá em favor da sociedade, restará inócua. Portanto, deve a medida liminar ser deferida para que o município impetrado paralise imediatamente qualquer atividade de depósito de lixo em definitivo. Além do mais, está manifestamente presente o risco de lesão grave de difícil reparação, tendo em vista a importância do bem jurídico ambiental e a situação peculiar de agravamento diário dos níveis de degradação ambiental. Caso não sejam imediatamente iniciadas as atividades de recuperação do ambiente degradado pelo réu, a situação tenderá a tomar proporções ainda mais profundas, e a reparação, a tornar-se menos efetiva, a gravidade dos fatos e a magnitude dos danos causados justificam, por si só, o deferimento da medida antecipatória. Pois, aguardar a ação do tempo, em um caso de dano ambiental em proporções nunca vista, é equivalente a legitimar tal ato e dificultar ainda mais a reparação do dano, o que poderia se equiparar a denegação de Justiça. 4 – DOS PEDIDOS Diante do exposto e fundamentado, o impetrante requer: I. A citação do impetrado, na pessoa de seu representante legal, para responder, sob pena de revelia, bem como para manifestarem sobre o pedido de liminar no prazo de 72 horas conforme artigo 2º da Lei nº.8.437/92 por contemplar no polo passivo pessoa de direito público interno; II. A concessão de medida liminar para que se suspendam imediatamente qualquer atividade de depósito de lixo em definitivo, bem como comecem prontamente as medidas de contenção do dano ambiental, sob pena de multa diária a ser arbitrada por Vossa Excelência; III. A determinação para que o impetrado apresente um plano de recuperação para a contenção da contaminação ambiental com máxima urgência, no prazo a ser fixado por Vossa Excelência, com detalhamento das ações a serem desenvolvidas com cronograma de execução; IV. E por fim, que seja julgado procedente, tornando definitiva a liminar concedida, nos termos do artigo 487, inciso I do CPC/2015 dessa forma condenar o município responsável direto pelo dano objetivo causado, a pagar indenização por danos coletivos causados, a ser arbitrado por Vossa Excelência conforme dispõe o artigo 3º da Lei 7.347/85; V. E a condenação do impetrado ao pagamento de custas e honorários advocatícios; VI. A concessão dos benefícios do artigo 18 da Lei nº 7.347/85; Protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, especialmente pelos documentos ora juntados, oitiva de testemunhas e outras mais que se fizerem necessárias, desde já requeridas. Dá se a causa de RS 500.000,00 (quinhentos mil reais) para meros efeitos fiscais. Nestes termos, Pede deferimento. Advogado: OAB/RJ
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