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FACULDADE CATHEDRAL DE ENSINO SUPERIOR CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO LETÍCIA BORITZA GAMA DANO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ESTADO DE RORAIMA Boa Vista – RR 2020 LETÍCIA BORITZA GAMA DANO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ESTADO DE RORAIMA Monografia Apresentada à Faculdades Cathedral como requisito parcial para obtenção de grau De Bacharel Em Direito. _____________________________________ Prof. Mestre Orientador Ronilson Moura Cavalcante BOA VISTA – RR 2020 LETÍCIA BORITZA GAMA DANO AMBIENTAL E A RESPONSABILIDADE CIVIL NO ESTADO DE RORAIMA Monografia apresentada à Faculdade Cathedral de Boa Vista para fins de obtenção de Título em Bacharel em Direito. APROVADO EM: ____ de _____________ de 20 _____. COMISSÃO EXAMINADORA ________________________________________ Orientador Prof. Mestre Ronilson Moura Cavalcante ________________________________________ Prof. Examinador ________________________________________ Prof. Examinador Boa Vista – RR 2020 A força do direito deve superar o direito da força. Rui Barbosa https://www.pensador.com/autor/rui_barbosa/ AGRADECIMENTOS Inicialmente devo agradecer a Deus a permitiu que finalize este projeto, em meio tantas dificuldades no percurso. Aos meus pais Riudo (in memoriam), e Edineia que me proporcionaram realização deste sonho. Que já não é mais unicamente meu, mas sim um sonho nosso. Sem vocês nada disso seria possível. O seu amparo foi imprescindível. Seus princípios e virtudes construíram a pessoa que venho tornando-me. Esta conquista dedico a vocês. Dedico aos meus irmãos Marcos Vinicius e Carlos Rafael, o apoio durante esta jornada. Dedico também aos meus avós Florentina (in memoriam) e Ervino (in memoriam), que acreditaram no meu potencial. Ao meu tio Luiz Carlos obrigado por todo incentivo. Como também a minha tia Sandra, que abraçou este sonho juntamente comigo. Agradeço aos demais familiares e amigos que estiveram comigo durante esta trajetória. Ao meu Prof. Mestre Orientador Ronilson Moura Cavalcante por toda a paciência ao longo da elaboração de minha Monografia. RESUMO O presente estudo possuiu como norte examinar as questões ligadas a responsabilidade civil nas ações ou omissões cometidas contra meio ambiente, em especial, aquelas cometidas no estado de Roraima, tendo em vista a dificuldade doutrinária, de artigos forenses e até a falta de amparo que o meio ambiente vem enfrentando nas últimas décadas por omissões do poder público que poderia e deveria protege-lo. Diante disso, a análise bibliográfica, amparada por autores mais modernos, mas considerando principalmente os clássicos, procurou esclarecer acerca da responsabilidade civil, seus princípios basilares e aqueles que interagem diretamente com a proteção ambiental. Procurou-se, ainda, explorar os crimes cometidos no ambiente no âmbito da Lei 9.605/98. Assim, o presente estudo conseguiu abarcar não apenas os fundamentos da responsabilidade civil, mas também os conceitos da própria responsabilidade civil ambiental, os conceitos de dano, as excludentes, os tipos de crimes enquadrados e a atuação do Ministério Público. Todos esses abordados com o fito de explorar os campos do direito ambiental e demonstrar a importância da responsabilidade civil, seus princípios e atuação, na segurança desse importante direito assegurado no art. 225 de nossa Constituição Federal de 1988 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Além disso, o presente estudo buscou não apenas se basear na parte teórica acadêmica, como buscou trazer jurisprudências recentes que possam embasar quando se trata de reparação ambiental e quanto a teoria do risco-integral. Palavras-chave: Responsabilidade Civil Ambiental. Dano Ambiental. Teoria do Risco. Ação Civil Pública. ABSTRACT The present study aimed to examine issues related to civil liability in actions or omissions committed against the environment, in particular those committed in the state of Roraima, in view of the doctrinal difficulty, of forensic articles and even the lack of support that the environment has been facing in the last decades for omissions of the public power that could and should protect it. Therefore, the bibliographic analysis, supported by more modern authors, but considering mainly the classics, sought to clarify about civil liability, its basic principles and those that directly interact with environmental protection. We also sought to exploit crimes committed in the environment under Law 9.605 / 98. Thus, the present study managed to cover not only the foundations of civil liability, but also the concepts of environmental civil liability itself, the concepts of damage, exclusion, the types of crimes framed and the actions of the Public Ministry. All of these approached with the aim of exploring the fields of environmental law and demonstrating the importance of civil liability, its principles and performance, in the security of this important right guaranteed in art. 225 of our Federal Constitution of 1988 and the Universal Declaration of Human Rights of 1948. In addition, the present study sought not only to be based on the academic theoretical part, but also sought to bring recent jurisprudence that can be based when it comes to environmental repair and regarding integral-risk theory. Keywords: Environmental Civil Liability. Environmental Damage. Risk Theory. Public Civil Action. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 1. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE .............................................................................. 10 1.1 Dano Ambiental ............................................................................................................................. 11 1.2 A Origem Da Responsabilidade Civil E Seu Desenvolvimento ....................................................... 12 1.3 Teoria Da Responsabilidade Civil ................................................................................................... 14 1.4 Bases Principiológicas Da Responsabilidade Civil Ambiental ........................................................ 16 1.4.1 Princípio da Precaução .............................................................................................................. 16 1.4.2 Princípio do Poluidor-Pagador .................................................................................................. 16 1.4.3 Princípio do Usuário-Pagador .................................................................................................... 16 1.4.4 Princípio da Reparação Integral do Dano .................................................................................. 18 1.5 Responsabilidade civil ambiental .................................................................................................. 19 1.6 Excludentes de responsabilidade quanto dano ambiental ........................................................... 20 1.7 Análise do crime ambiental – lei nº 9.605/98 ............................................................................... 21 1.7.1 Dos Crimes contra a Fauna ........................................................................................................ 23 1.7.2 Dos Crimes contra a Flora .........................................................................................................23 1.7.3 Da Poluição e outros crimes ambientais ................................................................................... 23 1.7.4 Dos Crimes Contra o Ordenamento Urbano e Patrimônio Cultural .......................................... 24 1.7.5 Dos Crimes Contra a Administração Ambiental ........................................................................ 24 2. MINISTÉRIO PUBLICO E O MEIO AMBIENTE ....................................................... 25 2.1 Ação Civil Pública ........................................................................................................................... 27 2.2 Ação Popular ................................................................................................................................. 28 2.2.1 Mandado De Segurança Coletivo .............................................................................................. 31 2.2.2 Inquérito Civil ............................................................................................................................ 32 2.3 Termo De Ajustamento De Conduta ............................................................................................. 34 2.4 Da Tutela Penal .............................................................................................................................. 35 2.5 Da Tutela Administrativa ............................................................................................................... 36 3. FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS - FEMAHR ................................................................................................................................ 40 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 53 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 55 8 INTRODUÇÃO O presente estudo visa esclarecer os pontos primordiais acerca da responsabilidade civil por danos ambientais, em especial aqueles ocasionados no estado de Roraima. Sabe-se que o estado apresenta graves problemas de proteção ambiental e degradações extensas ocasionadas, principalmente, por atividade garimpeira, desmatamento e por devastações ligadas as atividades agrícolas. Diante disso, é fundamental conhecer o direito ambiental envolvido, bem como os crimes ambientais cometidos, bem como toda a rede envolvendo a investigação dos crimes até sua punibilidade. Assim, o problema que norteia o presente estudo e o justifica é analisar o que é a responsabilidade civil ambiental e suas implicações cíveis e penais acerca da proteção do meio ambiente no estado de Roraima? Essa é a questão principal e norteadora do presente estudo que será respondida ao longo dos capítulos e subcapítulos a seguir abordados. Diante disso, é fundamental para que o presente estudo consiga alcançar seu intento é possuir objetivos claros e diretos que serão demandados e esclarecidos ao longo deste trabalho. Assim, os objetivos do presente estudo será compreender os principais conceitos acerca do meio ambiente e os princípios que norteiam a responsabilidade civil com relação ao meio ambiente. Explorar os direitos intrínsecos e extrínsecos ligados a responsabilidade civil. Analisar os principais pontos da lei 9.605/98 que trata dos crimes ambientais e, ainda, compreender as funções e atuações do Ministério Público com relação ao meio ambiente. Para que se alcance os objetivos acima listados, a metodologia consistirá em uma variedade de parâmetros, utilizando métodos qualitativos e pesquisa bibliográfica, a partir da qual se viabiliza a realização da pesquisa científica de modo organizado, bem delimitado e criterioso. Isto é indispensável para que o trabalho seja considerado academicamente válido, gerando soluções para os problemas levantados, hipóteses confirmadas/refutadas e objetivos sólidos, pertinentes e que se adequem ao estado da questão em que o problema se insere. Diante disso, a pesquisa bibliográfica se fará com a busca em livros, leis e artigos que tratem acerca do meio ambienta, em especial pelos problemas vivenciados no estado de Roraima e, ainda, sobre a responsabilidade civil ambiental que envolve questões cíveis como no âmbito penal, dando uma abordagem mais ampla ao trabalho desenvolvido e abordando penalizações, abordagens, os crimes e as ações do Ministério Público afim de investigar e punir os infratores. 9 Assim, para que se alcance os objetivos acima listados, importa destacar os métodos a serem empregados para que se alcance esse fim. Para tal, o presente estudo se se utilizará do método bibliográfico, descritivo e de aplicação exploratória. Nesse sentido, Gil (2007) determina que: (...) este tipo específico de pesquisa possui como objetivo central o sentido de proporcionar ao investigador/pesquisador uma maior familiaridade para com o problema ou o objetivo geral do estudo, intencionado, necessariamente, torná-lo mais explícito ou auxiliar em meio ao processo de construção de novas hipóteses. (GIL 2007, p. 87) Nessa mesma linha, importa trazer a conceituação explanada por Gil (2007, p. 82), que analisa que esse tipo de estudo “comporta-se como o processo de busca, seguido de análise e descrição de um conjunto de conhecimentos consagrados na literatura científica que são retomados em meio à procura de respostas a uma pergunta específica”. Por fim, para a busca de um estudo capacitado e bem balizado, se utilizará como fontes bibliográficas farto material editorial, artigos científicos e demais publicações que se façam necessárias para a melhor compreensão do referido tem em estudo. 10 1. CONCEITO DE MEIO AMBIENTE É concebível conceituar meio ambiente como um conjunto de elementos físicos, biológicos e químicos. Podendo ser modificado, conforme as alterações em espaço de tempo. Sendo que equilíbrio do meio ambiente é que permite abrigar e reger diversas formas de vida. Para Gliessman1: "o ambiente de um organismo pode ser definido como a soma de todas as forças e fatores externo, tanto bióticos quanto abióticos, que afetam seu crescimento, sua estrutura e reprodução (...) o ambiente no qual o organismo ocorre precisa ser compreendido como um conjunto dinâmico, em constante mudança, de todos os fatores ambientais em interação ou seja, como um complexo ambiental". Já na visão de Tostes2: “meio ambiente é toda relação, é multiplicidade de relações. É relação entre coisas, como a que se verifica nas reações químicas e físico-químicas dos elementos presentes na Terra e entre esses elementos e as espécies vegetais e animais; é a relação de relação, como a que se dá nas manifestações do mundo inanimado com a do mundo animado (...) ...é especialmente, a relação entre os homens e os elementos naturais (o ar, a água, o solo, a flora e a fauna); entre homens e as relações que se dão entre as coisas; entre os homens e as relações de relações, pois é essa multiplicidade de relações que permite, abriga e rege a vida, em todas as suas formas. Os seres e as coisas, isoladas, não formariam meio ambiente, porque não se relacionariam”. Refletindo sobre as posturas adotadas por esses autores é possível diferenciar o significado dos termos meio ambiente de apenas ambiente. O conjunto dessas posturas assemelham-se e, de certa forma, complementam a visão de Meyer-Abich (1993), quando se refere ao que denomina "mundo conatural", ou seja, "cada espécie depende de determinado número de elementos específicos da natureza, que no seu conjunto são indispensáveis à sobrevivência de cada uma". Neste interim, Art3 entente como meio ambiente: “soma total das condições externas circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objetoexiste. O meio ambiente não é um termo exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro organismo” É disposto no ordenamento jurídico brasileiro, o Conceito de Meio ambiente para os fins jurídicos, na Lei Nº 6.938, DE 31 DE AGOSTO DE 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente: Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; 1 GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. 2 TOSTES, A. Sistema de legislação ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes/CECIP, 1994. 3 ART, W. H. Dicionário de ecologia e ciências ambientais. São Paulo: UNESP/Melhoramentos, 1998. Pg. 583 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.938-1981?OpenDocument 11 1.1 Dano Ambiental Dano está vinculado à atos lesivos cometidos por terceiros quanto ao bem jurídico de outrem. Segundo, José Rubens Morato Leite4: Dano é toda ofensa a bens ou interesses alheios protegidos pela ordem jurídica. O interesse, nesta concepção, representa a posição de uma pessoa, grupo ou coletividade em relação ao bem suscetível de satisfazer lhe uma necessidade. Bem deve ser entendido, em sentido amplo, como o meio de satisfação de uma necessidade. Pelo que se depreende desta definição, dano abrange qualquer diminuição ou alteração de bem destinado à satisfação de um interesse. Isso significa, como regra, que as reparações devem ser integrais, sem limitação quanto à sua indenização, compreendendo os danos patrimoniais e extrapatrimoniais. (...) Na verdade, dano é um elemento essencial à pretensão de uma indenização, pois sem este elemento não há como articular uma obrigação de reparar. (LEITE, 2012, p. 91). Quanto ao Dano Ambiental este vem a ser atos ou omissões humanas que altere de forma negativa o meio ambiente. Lesionando os recursos naturais, tangíveis e intangíveis. Desta forma, violando um Direito fundamental, eis que é previsto na Constituição Federal de 1988 um meio ambiente equilibrado e uma sadia qualidade de vida a todos. Neste viés, quanto aos danos ambientais este podem ser provenientes de atos de múltiplos agentes, e diferentes espaços de tempos. De forma concorrente ou simultâneas. Podendo causa danos, tanto no presente, quanto a gerações futuras. Havendo uma discrepância e mutabilidade quanto ao número de vítimas. Segundo Daniela Marques Carvalho há uma diferença ímpar quanto ao Dano Tradicional e o Dano Ambiental: Caráter Fluido e esquivo do Dano ambiental – geralmente o dano ambiental resulta de efeito cumulativo e sinergético, tendo natureza coletiva. Na maioria das vezes o prejuízo manifesta-se no futuro porque seus efeitos são lentos e progressivos. Muitos de seus efeitos negativos só são conhecidos posteriormente. Tem ainda a dificuldade de avaliar o prejuízo porque muitas vezes é imperceptível e acumulativo. Complexidade do nexo causal – algumas vezes a constatação do dano é distante temporal e espacialmente da origem causadora e da manifestação concreta do dano, o que dificulta a relação causa-efeito. Insta salientar, que o nexo de causalidade é quem vai designar a responsabilidade sob aquele que causou o dano. Desta forma, identificar este tornou-se uma condição indispensável para se levar adiantes quaisquer atos jurídicos correlacionados ao tema. 4 LEITE, José Rubens Morato. Dano Ambiental: do individual ao coletivo extrapatrimonial. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. 12 1.2 A Origem Da Responsabilidade Civil E Seu Desenvolvimento Direito Romano, a Responsabilidade Civil apoia-se sob a Teoria Clássica, tendo como pressuposto, o dano, a culpa do autor e o nexo de causalidade. Contudo, nos primórdios da humanidade o elemento culpa era totalmente desconsiderado. O ofendido revidava o dano de forma brutal, sem limitações. Neste tempo a sociedade era regida pela vingança privada, segundo Alvino Lima é a “forma primitiva, selvagem talvez, mas humana, da reação espontânea e natural contra o mal sofrido; solução comum a todos os povos nas suas origens, para a reparação do mal pelo mal”. A Vingança Primitiva, traz consigo a pena de Talião “olho por olho, dente por dente”. Posteriormente, com a existência de uma Autoridade Soberana, foi vedado à vítima realizar justiça pelas próprias mãos. Fazendo surgir a distinção entre pena e a reparação. Ocasionando a origem dos Delitos Públicos e Delitos Privados. Em que as penas econômicas dos delitos públicos seriam direcionadas aos cofres públicos, quanto as penas privadas o conteúdo econômico caberia à vítima. Dano ao Estado a função de punir, fazendo surgir o elemento da indenização. No direito francês foi estabelecido que sempre que houver culpa, deve ser reparado, ainda que seja superficial. Tal fala é proveniente do princípio aquiliano “in lege Aquilia et levissima culpa venit”, embora a culpa seja levíssima, este está obrigado a indenizar. Outrossim, separou a responsabilidade civil da responsabilidade penal. No direito francês existe à concepção da culpa em abstrato e distinguiu-se a culpa delitual e a culpa contratual, ambas foram inseridas no Código Napoleão. Desta forma a responsabilidade civil foi fundamentada pelo elemento culpa. Tal definição legal, expandiu-se mundialmente. Quanto ao direito português, é escasso o conhecimento sob sua origem. Sendo que a responsabilidade civil e criminal não se distinguia. Com ocorrência da invasão árabe, a reparação pecuniária tornou-se concomitante penas corporais. Durante as Ordenações do Reina não distinção entre reparação, penal e multa. Além disso, quanto ao Alvará de 1668, se era admitido em casos particulares o princípio da solidariedade nos paradigmas do direito romano. Ulteriormente, o direito português inovou trazendo em seu dispositivo Código Civil de 1966, algumas disposições quanto a Responsabilidade Civil. art. 483º - Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a 13 indenizar o lesado pelos danos resultantes da violação. Só existe obrigação de indenizar independentemente de culpa nos casos especificados na lei. Por fim, o direito brasileiro, com base nas determinações da Constituição do Império, o Código Criminal de 1830 converteu-se em um Código Civil e Criminal visando a justiça, equidade, reparação natural, a indenização, previu juros reparatório, a solidariedade, e ato de transmitir-se aos herdeiros o dever de indenizar determinados danos causados pelos de cujus. Foi adotado o princípio da independência da jurisdição civil e da criminal. E dado momento surgiu o Código Civil de 1916, em que este adotou a teoria subjetiva, em que se exigia a prova de culpa ou dolo do agente, para que este tenha o deve obrigacional de reparação. Contudo, atualmente a Teoria do Risco vem ganhando espaço no direito brasileiro. Em que aquele que de alguma forma assumir o risco de atividades consideradas perigosas, serão obrigados reparar os danos causados a terceiros provenientes desta atividade. Segundo Roberto Carlos Gonçalves5: “a responsabilidade é encarada sob o aspecto objetivo: o operário, vítima de acidente do trabalho, tem sempre direito à indenização, haja ou não culpa do patrão ou do acidentado. O patrão indeniza, não porque tenha culpa, mas porque é o dono da maquinaria ou dos instrumentos de trabalho que provocaram o infortúnio”. Desta forma, para que o agente se exaurir da responsabilidade, ele deve tomar todas as medidas necessária para evitar o dano. No direito moderno a Teoria da Responsabilidade Objetiva vem sendo preponderante, com mistoda teoria do Risco em conjunto Teoria do Dano Objetivo. Em que última requer-se o ressarcimento do dano independente de culpa. Sendo que o Código Civil de 20026, vêm perpetuando em seu dispositivo a responsabilidade baseada na culpa, conforme: art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 5 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume 4: Responsabilidade Civil. 12. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. 6 BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). In: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 27/11/2019 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art186 14 1.3 Teoria Da Responsabilidade Civil A Responsabilidade Civil é regulamentada pelo Direito Obrigacional, eis que através deste instituto ocorre a responsabilização de um ato ilícito, em que o autor deve reparar os danos causados. Em que seu patrimônio irá responder pelas obrigações existentes. As obrigações são provenientes da Vontade Humana (contratos, declarações unilaterais da vontade) e da Vontade do Estado (as Leis). O Código Civil dispõe quanto as regras gerais da responsabilidade nos art. 186°, 187° e 188°, e no art. 389 quanto as responsabilidades contratuais. Insta salientar, que quanto a responsabilização do dano, não é necessário que este seja um dano material, é possível a responsabilização das ofensas morais acometidas à vítima. Para Maria Helena Diniz7: Responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato por ela mesmo praticado, por pessoa por quem responda, por algo que a pertença ou de simples imposição legal. Já na visão de Pablo Stolze e Pamplona Filho8: Responsabilidade, para o Direito, nada mais é, portanto, que uma obrigação derivada – um dever jurídico sucessivo – de assumir as consequências jurídicas de um fato, consequências essas que podem variar (reparação dos danos e/ou punição pessoal do agente lesionante) de acordo com os interesses lesados. A Responsabilidade Civil é subdividida em: • Responsabilidade Objetiva, recai-se sobre o fato de que aquele que causa dano a vítima deve reparar, restituindo ou restaurando o bem, independente de culpa, sendo essencial expor o dano e o nexo de causal. A Responsabilidade Objetiva é justificada pela Teoria do Risco, segundo Carlos Roberto Gonçalves “Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros. E deve ser obrigada a repará-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa”. Devido ao fato de que atividade realizada iria se realizar com intuito de beneficiar o responsável, considerando-se um “risco criado”. • Responsabilidade Subjetiva, está se fundamenta na ideia de culpa, sob o ato ilícito, causando danos a outrem. 7 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, responsabilidade civil. 7vol. 21 ed. rev. e atual. de acordo com a Reforma do CPC. São Paulo: Saraiva, 2007. 8 GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil. Volume III. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 15 • Pré-Contratual, respalda-se sob promessas não cumpridas. É o momento em as partes da relação obrigacional realizam as propostas no que se refere a direitos e obrigações. De acordo com, Sílvio de Salvo Venosa, “Trata-se do que a doutrina costuma denominar dano de confiança, dentro do que se entende por interesse negativo”. • Responsabilidade Contratual, se dá quando o agente deixa de executar um contrato, de natureza unilateral (como o testamento, a procuração ou a promessa de recompensa) ou bilateral (Obrigação de Prestar Alimentos). Consequentemente este será compelido a indenizar perdas e danos. Com base no dispositivo Civil9: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. • Responsabilidade Extracontratual, não emana de uma relação contratual. Contudo, o agente descumpre algum dever legal. É compreensível como uma violação dos deveres gerais, abstendo-se de ação ou omissão, culpa ou dolo e nexo de causalidade quanto aos direitos reais. • Responsabilidade Pós-Contratual, a famigerada post pactum finitum, tem origem nos danos causados após a extinção contratual, independentemente do adimplemento da obrigação. Para Lopes, “A ocorrência da responsabilidade pós-contratual se dá quando há um descumprimento dos deveres acessórios, anexos dos deveres principais da relação contratual”. Desta forma, o Código Civil10 tem sido essencial para tal demanda. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 9 BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). In: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 27/11/2019 10 BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). In: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 27/11/2019 16 1.4 Bases Principiológicas da Responsabilidade Civil Ambiental 1.4.1 Princípio da Precaução O princípio da precaução tem origem grega, tem por definição o cuidado e estar ciente. Dispondo de ações antecipatórias, com intuito de proteger o ser humano e os demais ecossistemas. A Bergen Conference (1990), realizada no Estados Unidos entende o princípio da Precaução como “É melhor ser grosseiramente certo no tempo devido, tendo em mente as consequências de estar sendo errado do que ser completamente errado muito tarde”. Visando o Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, sob os artigos 10° e 11°, o Princípio da Precaução é reportado como, "A ausência de certeza científica devida à insuficiência das informações e dos conhecimentos científicos relevantes sobre a dimensão dos efeitos adversos potenciais de um organismo vivo modificado na conservação e no uso sustentável da diversidade biológica na Parte importadora, levando também em conta os riscos para a saúde humana, não impedirá esta Parte, a fim de evitar ou minimizar esses efeitos adversos potenciais, de tomar uma decisão, conforme o caso, sobre a importação do organismo vivo modificado". 1.4.2 Princípio do Poluidor-Pagador Quanto ao Princípio do Poluidor-Pagador, este é quando o indivíduo causa algum tipo de dano ao meio ambiente, compete a este arcar com reparação. Tendo o intuito de diminuir os danos causados. 1.4.3 Princípio do Usuário-Pagador Já o Princípio do Usuário-Pagador, tem origem pecuniária em que o usuário-pagador paga pelo uso dos recursos naturais. Ou seja, o Poder Público irá outorgar o uso de determinado recurso natural, visando uma contraprestação. Quanto ao tema, Paulo Affonso Leme Machado dispõe que “uso gratuito dos recursos naturais tem representado um enriquecimento ilegítimo do usuário, pois a comunidade que não usa do recurso ou que o utiliza em menor escalafica onerada” em relação a contraprestação de pessoas físicas ou jurídicas, visando o uso intenso de recursos naturais utilizados por estas. Eis que, o meio ambiente é um bem da coletividade, como já disposto na Constituição Federal de 1988. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, excepciona o princípio do Usuário-Pagador em seu âmago, in verbis: 17 Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: (...) II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: (...) IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; (...) VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.” Desta forma é possível verificar que a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente interliga seus princípios e quais os objetivos do princípio do usuário-pagador, sendo que o uso racional de recursos naturais e contribuição proporcional de sua importância para vigência de tal dispositivo. Para Fabiano Melo11, o Princípio do Usuário-Pagador: Trata-se de princípio complementar ao poluidor-pagador, a ponto de alguns doutrinadores estudá-los como um princípio único. O princípio do usuário pagador é decorrência da necessidade de valorização econômica dos recursos naturais, de quantificá-los economicamente, evitando o que se denomina “custo zero”, que é a ausência de cobrança pela sua utilização. O “custo zero” conduz à hiper exploração de um bem ambiental e, por consequência, a sua escassez. Como exemplo, ao não se valorar o custo pela utilização da água, inevitavelmente ocorrerão sua exploração e utilização de forma excessiva, com a diminuição da disponibilidade desse bem fundamental para a vida. Na visão de Marcelo Abelha Rodrigues12, o Princípio do Usuário-Pagador é: Assim, até aquele que não seja poluidor, mas simples usuário do bem ambiental deve pagar pelo “empréstimo” do componente ambiental que utilizou. Explicando melhor: se é verdade que os bem ambientais são de uso comum, porque pertence a toda a coletividade, é verdade também que aquele que se utiliza dos componentes ambientais de forma incomum deverá pagar a conta pelo uso invulgar, ainda que “devolva” o componente ambiental nas mesmas ou melhores condições do que quando tomou por “empréstimo”. Isso porque, pelo menos por algum momento, teria havido um cerceamento do uso normal do bem ambiental. Ou, em outras palavras, privilegiou-se para algum usuário o uso invulgar de um bem que a todos pertence. O Superior Tribunal Federal 13entende como: “Um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. O usuário-pagador não é uma punição, pois mesmo não existindo qualquer ilicitude no comportamento do pagador ele pode ser implementado. Assim, para tornar obrigatório o pagamento pelo uso do recurso ou 11 MELO, Fabiano. Manual de Direito Ambiental, Rio de Janeiro; Metodo, 2014. RODRIGUES, Marcelo Abelha. Direito Ambiental Esquematizado, 2ª ed. São Paulo; Saraiva,2015. 12 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: Parte Geral. 2. ed. rev, atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p. 225 13 Superior Tribunal Federal (ADI 3.378-6-DF, rel. Min. Carlos Britto, j. 9.4.2008, m.v.(Ementário 2.324-2) 18 pela poluição não há necessidade de ser provado que o usuário e o poluidor estão cometendo faltas ou infrações. O órgão que pretenda receber o pagamento deve provar o efetivo uso do recurso ambiental ou a sua poluição a existência de autorização administrativa para poluir, segundo as normas de emissão regularmente fixadas, não isenta o poluidor de pagar pela poluição por ele efetuada.” Desta forma é possível diferenciar os princípios do poluidor-pagador e do usuário- pagador, segundo Marcelo Abelha Rodrigues14: Sendo os bens ambientais de natureza difusa e sendo o seu titular a coletividade indeterminada, aquele que usa o bem em prejuízo dos demais titulares passa a ser devedor desse ‘empréstimo’, além de ser responsável pela sua eventual degradação. É nesse sentido e alcance que deve ser diferenciado do poluidor-pagador. A expressão é diversa porque se todo poluidor é um usuário (direto ou indireto) do bem ambiental, nem todo usuário é poluidor. O primeiro tutela a qualidade do bem ambiental e o segundo a sua quantidade. Na verdade, o usuário-pagador obriga a arcar com os custos do ‘empréstimo’ ambiental, aquele que beneficia do ambiente (econômica ou moralmente), mesmo que esse uso não cause qualquer degradação. Em havendo degradação, deve arcar também com a respectiva reparação. Nesta última hipótese, diz-se que o usuário foi poluidor.” 1.4.4 Princípio da Reparação Integral do Dano Quanto ao princípio da reparação integral abrange os danos causados de forma imediata, como também aqueles que provierem destes. Agredindo e causando efeitos ecológicos degradantes na biosfera, e que afete a qualidade do meio ambiente, afetando o meio ambiente de forma irreversível. Este princípio visa à compensação do dano causado. O Princípio da Reparação Integral do Dano, é materializado no Código Civil de 200215. Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Como também na Lei da Política Nacional do Meio Ambiente: Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: (...) § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. 14 RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: Parte Geral. 2. ed. rev, atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005, p. 225 15 BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). In: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 29/11/2019 19 1.5 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL A Responsabilidade Civil ambiental está amparada pela Teoria do Risco Concreto, em que será atribuído ao agente a obrigação de reparar ou indenizar os danos causados, independente da comprovação de culpa durante a conduta. Contudo deve se ater se a atuação foi comissiva ou omissiva, o dano e o nexo causal correspondente. Desta forma o Código Civil de 200216, estabelece: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Seguindo está linha de raciocínio Paulo de Bessa Antunes, expõe:Os Tribunais brasileiros têm tido uma compreensão extremamente restritiva do conceito de dano ambiental e, por consequência, do bem jurídico meio ambiente. Em geral, eles têm adotado uma postura que exige o dano real e não apenas o dano potencial. Parece-me que não tem sido aplicado e observado o princípio da cautela em matéria ambiental que, como se sabe, é um dos princípios do Direito Ambiental. Ou seja, a Teoria do Risco concreto está correlacionada com Responsabilidade Civil Objetiva, não satisfaz quanto aos riscos de danos abstratos. Eis que no mundo globalizado a uma crescente industrialização, e os riscos podem se passar de forma imperceptível e ocasionalmente irreversíveis. Neste interim, uma decisão liderada pelo Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, o Supremo Tribunal de Justiça 17(STJ) entende que em matérias referentes ao meio ambiente, se dará como cláusula geral o risco: O Código Civil de 2002 foi além dessa orientação, pois, embora mantendo a responsabilidade civil subjetiva, em seu art. 186, estatuiu, em seu parágrafo único do art. 927, a inovadora cláusula geral de risco, consagrando de forma ampla a responsabilidade objetiva. A teoria do risco como cláusula geral de responsabilidade civil restou consagrada no enunciado normativo do parágrafo único do art. 927 do Código Civil. Essa norma, a par de estatuir uma cláusula geral de responsabilidade civil, manteve os casos de responsabilidade objetiva pelo risco acolhidos por leis especiais já aludidos. Com base nos fatos aduzidos, o princípio da precaução em conjunto com Responsabilidade Civil, são fundamentais, pois expõem a obrigação de reparar os danos causados e o cumprimento das devidas medidas preventivas. Pois, quanto ao tema existe apenas probabilidade em relação a degradação ambiental. 16 BRASIL. Código Civil. Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Institui o Código Civil). In: Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 29/11/2019 17 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1373788/SP, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª Turma, DJe 20/05/2014 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm#art186 20 Tal problemática é reafirmada pela Constituição Federal no artigo 225º, em que todos titularidade de um meio ambiente sadio e ecologicamente equilibrado. Com base no fatos aduzidos, também é necessário ressaltar a importância do artigo 14°, § 1º da Lei Federal nº 6.938/81 (Lei de Política Nacional do Meio Ambiente), que incide sob a Responsabilidade Civil Ambiental em que o poluidor sofrerá sansões que independentemente de culpa irá indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e aos indivíduos afetados pela sua atuação. Haja vista, o STJ18 vem conferindo à efetividade da responsabilidade civil objetiva quanto a degradação ambiental em face do poluidor. STJ – DANO ECOLÓGICO. REPARAÇÃO. ROMPIMENTO DE DUTO. POLUIÇÃO AMBIENTAL. ARTIGO 14, § 1º, DA LEI N. 6.938/81. Cobrança das despesas feitas pela Companhia de Saneamento. Procedência. É o poluidor obrigado, independentemente de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. Tendo a Companhia de Saneamento, encarregada de zelar pelo meio ambiente e guardiã de um interesse difuso da comunidade, tomado as medidas necessárias para o combate à poluição ocasionada pelo rompimento do duto, deve ser ressarcida, como terceira, das despesas correspondentes” (REsp no 20.401/SP – 2ª T. – Rel. Min. Hélio Mosimann – j. 10.12.1993 – DJU 21.3.1994, p. 5.467). 1.6 EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE QUANTO DANO AMBIENTAL Para que o agente seja isento de culpa, ele deve ensejar sob uma ruptura do dano e a conduta, ou seja, não à nexo causal. Neste diapasão, venha ser excludente a culpa de forma exclusiva da vítima, em que esta causou o dano. Em casos fortuitos, é possível verificar a excludente de culpabilidade, que se deu por força da natureza. Quanto a força maior, o agente deve expor que dano ambiental causado se deu por fato externo, imprevisível, sendo superior a suas forças. Quanto aos fatos o STJ19, estabelece: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. NEXO DE CAUSALIDADE AFASTADO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. RECURSO ESPECIAL NÃO-CONHECIDO. 1. O Tribunal de origem, ainda que considerando a responsabilidade objetiva para os danos causados ao meio ambiente, afastou expressamente o nexo causal entre a ação do recorrido e os prejuízos causados ao meio ambiente. 2. Portanto, a eventual análise da pretensão recursal, especificamente quanto à responsabilidade do referido condomínio pelo dano ambiental causado na área litigiosa, com a conseqüente reversão do entendimento exposto pelo Tribunal de origem, exigiria o reexame de matéria fático-probatória, o 18 BRASIL. REsp no 20.401/SP – 2ª T. – Rel. Min. Hélio Mosimann – j. 10.12.1993 – DJU 21.3.1994, p. 5.467. 19 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 620872/ DF Primeira Turma. Relatora: Min. Denise Arruda. Brasília, DF, 12 dez. 2006. Diário da Justiça, Brasília, 01 fev. 2007 p. 395 21 que não é admitido em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. 3. Recurso especial não-conhecido. Na mesma vertente o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul 20delibera: REEXAME NECESSÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A demanda envolve a defesa do meio ambiente equilibrado e saudável aos munícipes, interesse difuso e de natureza fundamental. Presente a verossimilhança das alegações, cabe a inversão do ônus da prova, sendo, ademais, objetiva a responsabilidade do Município de Canguçu. Comprovado o nexo causal entre a conduta do réu e o dano ambiental consumado. Procedência na origem. Sentença confirmada em reexame necessário. 1.7 ANÁLISE DO CRIME AMBIENTAL – LEI Nº 9.605/98 No art. 2º da Lei nº 9.605/98 dispõe quanto aos agentes causadores de crimes ambientais, tecendo sobre a possibilidade tanto da pessoa jurídica quanto física na medida de sua culpabilidade, in verbis: Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. Deste modo a pessoa jurídica que violar um direito ambiental, embora não possa ser restringida de seu direito de liberdade, esta sofre as seguintes penalizações. Em que pese a aplicação de multas e/ou restritivas de direitos, sendo a suspenção parcial ou total das atividades, interdição temporária de estabelecimento, obra e a proibição de contratar com o Poder Público, como também a obtenção de subsídios, subvenções ou doações. Nesse tocante a legislação ambiental traz em seu âmago quais são estas penalizações: Art. 8º As penas restritivas de direito são: I - prestação de serviços à comunidade; II - interdição temporária de direitos; III - suspensão parcial ou total de atividades; IV - prestação pecuniária; V - recolhimento domiciliar. Quanto a aplicação da pena nos crimes contra o meio ambiente, a autoridade competente deve se atentar a gravidade do fato, os antecedentes do agente criminoso nos crimes que 20 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Reexame Necessário nº 70015766066, Quarta Câmara Cível. Relator: Jaime Piterman. Porto Alegre, RS, 25 out. 2006. Diário da Justiça, Porto Alegre, 20 nov. 2006. 22 incidiram nalegislação ambiental e situação econômica, em caso de multa, de acordo com legislação Lei nº 9.605/98. No tocante, quantos as penas restritivas de direitos, e podem substituir as privativas de liberdade. Quando ocorrer crime culposo ou a pena for inferior a quatro anos, como também a culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do transgressor. Nesse passo, tal ditame legal ainda enuncia sobre a possibilidade haver a sanção sob conduta criminosa nas vias administrativas, civil e penal, nos termos do art. 3º da Lei nº 9.605/98. Importa dizer que deve ser reconhecido a responsabilidade dos coautores ou partícipes do mesmo fato criminoso. Caso necessário deve incidir sob a desconsideração da pessoa jurídica para que haja o ressarcimento de prejuízos causados ao meio ambiente, respaldando no art. 4º da Lei nº 9.605/98 e art. 50º do Código Civil de 2002, nestes termos: Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. No art. 14º da Lei nº 9.605/98 é enunciado quanto a circunstâncias atenuantes na aplicação da pena nos crimes ambientais: Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena: I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente; II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação significativa da degradação ambiental causada; III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental. Ulteriormente, o art. 15 da legislação ambiental traz às circunstâncias que devem agravar a pena do agente infrator: Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - reincidência nos crimes de natureza ambiental; II - ter o agente cometido a infração: a) para obter vantagem pecuniária; b) coagindo outrem para a execução material da infração; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente; d) concorrendo para danos à propriedade alheia; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; g) em período de defeso à fauna; 23 h) em domingos ou feriados; i) à noite; j) em épocas de seca ou inundações; l) no interior do espaço territorial especialmente protegido; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais; n) mediante fraude ou abuso de confiança; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por incentivos fiscais; q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes; r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções. Haja vista os Crimes Ambientais elencados no ordenamento jurídico são classificados em cincos tipos diferentes, que devem ser analisados a seguir: 1.7.1 Dos Crimes contra a Fauna O tipo penal é disposto no art. 32º “Praticar ato abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”. Tendo inclusão sob o habitat natural dos animais, quando há a modificação, dano ou destruição sob este. O dispositivo ainda inclui sobre a inclusão de espécimes animal estrangeiras sem a devida autorização do ente competente, como sua morte devido a poluição. 1.7.2 Dos Crimes contra a Flora Este está correlacionado aos danos causados em detrimento da vegetação de Áreas de Preservação Permanente, mesmo em formação, em qualquer momento, ou nas Unidades de Conservação e a Mata Atlântica. 1.7.3 Da Poluição e outros crimes ambientais O art. 54 denota a seguinte conduta, “causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora”. No §1º, prevê a forma culposa do tipo culposo, e também a circunstância agravante §2º, por fim a disposição do § 3º, também aplicáveis àquele que: “Deixar de adotar, quando o assim 24 exigir a autoridade competente, medida de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível”. Por seguinte o art. 60, que tipifica atos eminentemente poluidoras, tais como construir, reformar, instalar, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais ou em desacordo com as normas e regulamentos pertinentes 1.7.4 Dos Crimes Contra o Ordenamento Urbano e Patrimônio Cultural Quanto aos Crimes Contra o Ordenamento Urbano e Patrimônio Cultural dedica-se as condutas que destroem inutilizam ou deterioram bens que possuem a proteção legal, administrativa ou judicial. Como também visa a proteção de solos não edificáveis e em seu entorno, tipificando a conduta de realizar construções nestes locais sem prévia autorização de uma autoridade competente. 1.7.5 Dos Crimes Contra a Administração Ambiental De outra banda, o legislador brasileiro remete ao título às condutas que praticadas pelos servidores públicos dos órgãos de licenciamento e fiscalização, in verbis: Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da multa. Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1o Se o crime é culposo: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 25 § 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa. 2. MINISTÉRIO PUBLICO E O MEIO AMBIENTE Neste diapasão, a Constituição Federal de 1988, estabeleceu em seu texto sobre a proteção, em que todos possuem o direito ao meio ambiente equilibrado e saudável é um bem de uso comum a todos. É utilizado a palavra “todos” no texto constitucional, trazendo a premissa da indivisibilidade do objeto, ou seja, não possível dividir o meio ambiente. Desta forma, pode se afirmar que o meio ambiente é um direito difuso, onde não possível qualificar o número depessoas que o possuem, e as relações entre estas. Sendo assim um interesse mais abrangente, que irá se exercer ao interesse geral ou público. Ademais, o art. 24º, VI, da Constituição Federal21, possibilita que os Estados e Municípios legislem de forma concorrentemente sobre a matéria ambiental, pois o Brasil possui uma diversidade inigualável. Sendo assim não seria possível regimentar todo o território federal por uma legislação específica. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; Deste modo, o Ministério Público tornou-se indispensável já que este possui uma independência funcional, em que o órgão é protetor da coletividade, sendo considerado o “Advogado do Povo”, tendo como objetivo certificar-se que da execução das leis e decisões judiciais, e resguardar o direito de pessoas tidas como incapazes. Zelando assim pela ordem jurídica e do regime democrático de direito. A Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, nº 8.625 de 1993, defini o Ministério Público uma instituição de função essencial no caráter jurisdicional, esclarece sobre a organização interna, autonomia e seus princípios institucionais. 21 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. > Acesso em: 27/04/2020 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 26 A Constituição Federal 22determina as funções institucionais do Ministério Público, in verbis: Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei. § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. § 5º A distribuição de processos no Ministério Público será imediata. Isto posto, o texto Magno propicia autonomia funcional e administrativa, em que o ingresso se dá através do concurso público e garantia que são equiparadas a Magistratura, sendo elas a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de vencimentos. É forçoso perceber que a Constituição Federal de 1988, trouxe a independência necessária para que os promotores de justiça possam exercer seu papel de representante do povo. Sendo que o Ministério Público deve promover os inquéritos cíveis e a ação pública para a proteção ambiental. Deste modo o Ministério Público pode tutelar o direito ao meio ambiente na via administrativa, civil e penal. 22 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. > Acesso em: 27/04/2020 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 27 2.1 Ação Civil Pública A Ação Civil Pública manifestou-se inicialmente através da Lei Complementar nº 40 de 1981 – Lei Orgânica do Ministério Público – instituiu através do art. 3º, III, a promoção da Ação Civil Pública. Noutro momento o dispositivo federal nº 7.347 de 1985 a regulamentação da Ação Civil Pública, em que este essencialmente busca defender os direitos difusos e individuais indisponíveis. A Ação Civil Pública tem por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, partindo da premissa que deve ser cessada as atividades danosas causadas ao meio ambiente, visando o art. 11º, Lei Federal nº 7.347/85. Dando a está um caráter protetivo, preventivo e reparatório. Conforme Allen Anderson Viana23, O instituto da Ação Civil Pública surgiu após o advento da Lei Complementar nº 40 de1981 - Lei Orgânica do Ministério Público - que elencou, no seu artigo 3º, inciso III, a promoção da Ação Civil Pública, dentre as funções da Instituição. Posteriormente, surgiu a Lei Federal n° 7.347 de 1985, com objetivo exclusivo de regulamentar a Ação Civil Pública, bem como a Constituição Federal de 1988 que definiu, taxativamente, este tipo de ação como atributo essencial à defesa dos interesses difusos e individuais indisponíveis. O objeto da Ação Civil Pública, de acordo com o artigo 3º da Lei nº 7.347/85, é o cumprimento de uma obrigação de fazer, de uma obrigação de não fazer ou, ainda, a condenação em dinheiro, podendo o juiz, determinar o cumprimento da obrigação, mediante a realização de uma atividade devida, bem como a cessação da atividade danosa e, se estas foram insuficientes, a cominação de multa diária (artigo 11, da Lei n° 7.347/85). Daí o caráter protetivo, preventivo e reparatório. Quanto aos fatos Paulo Affonso Leme Machado 24instrui, a ação civil pública tem como principais características: “1-Explicitamente visa proteger o meio ambiente, o consumidor e os bens e interesses de valor artístico, estético, histórico, paisagístico e turístico. Interesses difusos e coletivos, como os rotulou a Constituição Federal (art129, III). 2-A proteção desses interesses e bens far-se-á através de três vias: compromisso da obrigação de fazer, cumprimento da obrigação de não fazer e condenação em dinheiro. 3-A ação da Lei 7.347 abriu as portas do Poder Judiciário às associações que defendem os bens e interesses apontados no item 1. No plano da legitimação foi uma extraordinária transformação. 4-A ação civil pública consagrou um uma instituição- o Ministério Público- valorizando seu papel de autor em prol dos interesses difusos e coletivos. O Ministério Público saiu do exclusivismo das funções de atuar no campo criminal e da tarefa de fiscal da lei no terreno cível, fera passar a exercer o mister de magnitude social. 5-Inova, por fim, essa ação civil no sentido de criar um fundo em que os recursos não advêm do Poder Executivo,mas das condenações judiciais, visando a recomposição dos bens e interesses lesados. Não se trata nessa ação de ressarcir as vítimas pessoais 23 VIANA, Allen Anderson. A efetividade da responsabilização civil nas ações coletivas ambientais no âmbito da Circunscrição Judiciária Federal de Goiás. Disponível em: Acesso em: 23/04/2020 24 MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14. ed. São Paulo : Malheiros, 2006. 1094, p. 184. 28 da agressão ambiental, mas de recuperar ou tentar recompor os bens e interesses no seu aspecto supra-individual”. Nesta esteira, a Lei nº 7.347/85 legitima o Ministério Público, União, Estados, Municípios, as Autarquias, Empresas Públicas, Fundações Públicas, Fundações, Sociedades de Economia Mista e as associações que possuam intuito de proteção ambiental, para propor a Ação Civil Pública. Vale relembrar que na Ação Civil Pública o Ministério Público não pode dispor do direito tutelado, pois este não titular deste direito, mas sim um substituto processual da coletividade. É possível existir co-legitimados, caso o Ministério Público não proponha a Ação Civil Pública. E caso este venha ocorrer, o ministério pode agir como custo legis (fiscal da lei) no processo. E caso o titular da ação abandone ou desista, o Ministério Público deve ser incumbido da titularidade ativa da ação, com base no art. 5º, § 3, da Lei nº 7.347/85. Nesse sentido, afirma Mazzilli 25que: “admitir o caráter compulsório para que o Ministério Público assuma a ação, sempre e sempre, seria, na verdade, desvirtuar a autonomia e a liberdade que caracterizam o oficio de Ministério Público” (1991, p. 145). Caso ocorra sanção na sua modalidade monetária, esta indenização sob o dano deve ser revertido a um gerido pelo Conselho federal ou Estadual, tendo como participantes o Parquet e lideres comunitários, em que o recurso arrecadado deve ser destinados a meios que restaure os bens afetados, com fulcro no art. 13º, da Lei nº 7.347/85. 2.2 Ação Popular Para Diomar Ackel Filho 26(2001), a ação popular é uma forma de tutelar os direitos de fauna e flora, repreendendo atos lesivos quanto ao patrimônio público, ou seja, “qualquer violação dos direitos dos animais, tenha por supedâneo o meio ambiente poderá ser impugnado pela via popular”. 25 MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo – meio ambiente, consumidor e patrimônio cultural. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1991. p. 145. 26 ACKEL FILHO, Diomar. Direito dos animais. São Paulo: Themis Livraria e Editora, 2001. p. 124. 29 A Ação Popular, é regulamentada pela Lei Federal nº 4.717/65, tal dispositivo também é refletido na Constituição Federal de 1988, art. 5º, LXXII. Sendo considerada como um mecanismo de interesses meta individuais no território brasileiro. Ademais, no dispositivo Federal é colocando em questão quanto a legitimidade ativa nesta relação jurídica, Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. Outrossim, venha a ser sujeito ativo, aquele que ser brasileiro nato ou naturalizado, ser maior de 16 anos, e estar municiado com título eleitoral. Não possível a propositura de ação popular por meio de uma pessoa jurídica, como também aqueles que estiverem com os direitos políticos suspensos, estrangeiros ou apátridas. É possível formar-se o litisconsórcio facultativo nos termos da Lei nº 7.347/85: Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: (...) § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. (...) § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. Neste destarte, quanto a legitimidade passiva, com fulcro no art. 6º e 9º da Lei nº. 4717/65: Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo. § 1º Se não houver benefício direto do ato lesivo, ou se for ele indeterminado ou desconhecido, a ação será proposta somente contra as outras pessoas indicadas neste artigo. § 2º No caso de que trata o inciso II, item "b", do art. 4º, quando o valor real do bem for inferior ao da avaliação, citar-se-ão como réus, além das pessoas públicas ou privadas e entidades referidas no art. 1º, apenas os responsáveis pela avaliação inexata e os beneficiários da mesma. § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do https://jus.com.br/tudo/seguro 30 autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. § 4º O Ministério Público acompanhará a ação, cabendo-lhe apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem, sendo- lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a defesa do ato impugnado ou dos seus autores. § 5º É facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. Na legitimidade passiva da ação popular podem figurar neste polo pessoas físicas e jurídicas, caso estas tenham produzido ou se integrado durante a violação ambiental. Caso existe uma relação de litisconsórcio, será de natureza obrigatória. Não passível de substituição processual no que corresponde a parte do Ministério Público. O Ilustre Celso Antônio Pacheco Fiorillo 27assevera quanto o cabimento da Ação Popular no âmbito ambiental, Importante frisar que a ação popular presta-se à defesa de bens de natureza pública (patrimônio público) e difusa (meio ambiente), o que implica a adoção de procedimentos distintos. Com efeito, tratando-se da defesa do meio ambiente, o procedimento a ser adotado será o previsto na Lei da Ação Civil Pública e no Código de Defesa do Consumidor, constituindo, como sabemos, a base da jurisdição civil coletiva. Por outro lado, tratando-se da defesa de bem de natureza pública, o procedimento a ser utilizado será o previsto na Lei n.4717/65. A ação popular não tem por escopo único a só fiscalização da conduta dos atos da Administração. Isso porque, ao colocar o meio ambiente como um dos seus objetos transfere ao Poder Público o dever de preservá-lo e protegê-lo, por conta do dispositivo no art. 225, caput, da Constituição Federal.A palavra ato deve, pois, ter um conteúdo mais elástico, abarcando tanto o ato comissivo como o omissivo, porquanto é imposto ao Poder Público o dever de prevenção e proteção ao meio ambiente. A finalidade da ação popular trazida pelo art. 5º, LXXIII, da Constituição é anular o ato lesivo, portanto, desconstituir o já praticado. No entanto, se for um ato material propriamente dito, v.g., se uma empresa sem licença para funcionar desrespeitar a norma e poluir o ambiente, a pretensão da ação popular será extirpar o ato que está sendo praticado, de modo a prescrever a abstenção da prática. Dado os fatos aduzidos, é necessário ostentar o entendimento do Supremo Tribunal Federal, quanto a ação popular na esfera ambiental. Qualquer cidadão brasileiro pode, individualmente, propor ação popular contra atos administrativos que possam causar danos ao meio ambiente. Esse é o entendimento da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, que negou o recurso especial da Fazenda do Estado de São Paulo com o objetivo de sustar ação popular por falta de interesse de agir dos autores. A ação popular foi ajuizada por um cidadão contra o Estado de São Paulo. Ele queria que o Estado fosse condenado a deixar de lançar esgoto in natura ou com potencial poluente produzido pela Penitenciária Estadual de Presidente Bernardes no córrego Guarucaia. Também foi pedida indenização pelos 27 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. https://jus.com.br/tudo/adocao https://jus.com.br/tudo/fiscalizacao https://jus.com.br/tudo/atos-administrativos https://jus.com.br/tudo/atos-administrativos https://jus.com.br/tudo/direito-ambiental 31 danos causados aos recursos hídricos em benefício do Fundo Especial de Recuperação dos Interesses Difusos Lesados. O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a sentença que deu provimento à ação e admitiu o pagamento de indenização, sujeita à constatação pericial e com valor a ser apurado na execução. O recurso especial contra essa decisão chegou ao STJ por força de um agravo de instrumento. A Fazenda de São Paulo argumentou ser vedado ao cidadão, por meio de ação popular, tentar impedir a administração de fazer ou deixar de fazer algum ato. Alega também que houve cerceamento de defesa porque foi negado ao Estado o direito de produzir prova pericial. O relator do caso, ministro Castro Meira, destacou que o inciso LXXIII do artigo 5º da Constituição Federal é claro ao afirmar que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular tendente a anular ato lesivo ao patrimônio público e ao meio ambiente, entre outros. O que se exige é que o autor seja cidadão brasileiro, maior de 16 anos, no exercício de seus direitos cívicos e políticos. Por isso concluiu pela legitimidade da ação. Quanto ao cerceamento de defesa, o ministro Castro Meira considerou que as decisões anteriores não se basearam apenas em fotografias, como alegado pelo recorrente, mas também em estudo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – Cetesb. O relator esclareceu também que, segundo o firme entendimento do STJ, que a prova pericial tem a função de suprir a falta ou insuficiência de conhecimento técnico do magistrado. Caso entenda serem suficientes as provas apresentadas, o juiz pode dispensar a prova pericial, mesmo que ela tenha sido requerida pelas partes.Com essas considerações, a Segunda Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e negou-lhe provimento. 2.2.1 Mandado de Segurança Coletivo O Autor Arruda Alvim (2002)28, discorre sobre o Mandado de Segurança Coletivo, quanto não é amparado pelo habeas data e habeas corpus, “Pode-se dizer que, na realidade, entre nós constitui-se o Mandado de Segurança num desdobramento operativo e processual da figura do Habeas Corpus, criado que foi como instrumento especificamente destinado à proteção de assuntos não respeitantes ao direito penal”. Com fulcro, no art. 21 da Lei nº 12.016/2009 é possível impetrar um Mandato de Segurança Coletivo, in verbis: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo podem ser: I - Coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; II - Individuais homogêneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. 28 ARRUDA ALVIM, José Manoel de. Revogação de medida liminar em mandado de segurança. Revista de Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2002. 32 Ou seja, o Mandado de Segurança Coletivo Ambiental tenciona evitar danos ambientais, eis causados danos este não poderá voltar ao seu status original. Sendo que determinados danos são irreparáveis. A procedência deste pedido tem efeito erga omnes, estendendo-se a todos, pois o direito ao meio ambiente sadio e equilibrado é um direito de todos, já previsto no texto magno. Conforme o entendimento de Arruda Alvim 29(2002), “O comando mandamental, em nosso sentir, é significativo de que se agrega ao efeito da decisão uma ordem, categórica, para o destinatário desta, a esse mandamento submeter-se. De certa forma, se na execução, propriamente dita, praticam-se atos materiais substitutivos da vontade do executado, na mandamentalidade a realização do direito depende dessa vontade; ou talvez, mais comumente de vergar e submeter essa vontade. Nessa medida, ou, diante dessa contingência, é necessário quebrar essa vontade do destinatário do mandamento. Pretender-se que alguma coisa se cumpra ou que uma ordem seja obedecida, sem correspondente sanção, ou sem a correspondente possibilidade de sanção, é manifesta ingenuidade”. 2.2.2 Inquérito Civil O Inquérito Civil é utilizado como um mecanismo de investigação do Ministério Público, em que busca os elementos sob o dano ambiental, para ser justificada a propositura da ação civil pública, sendo regulado pela Lei nº 7347/85, art. 8º, §1º, Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. Édis Milaré 30 delimita: “O inquérito civil é um procedimento administrativo investigatório, de caráter inquisitivo, instaurado e presidido pelo Ministério Público; seu objetivo é, basicamente, a coleta de elementos de convicção para as atuações processuais ou extraprocessuais a seu cargo”. 29 ARRUDA ALVIM, José Manoel de. Revogação de medida liminar em mandado de segurança. Revista de Processo. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2002. 30 MILARÉ, Édis. Direito do Meio Ambiente, doutrina, jurisprudência. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 822. 33 Sendo regulada pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público nº 8.625/93. Assim percebe-se que o Inquérito Civil
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