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11/10/2020 Versão para impressão 1/11 Segurança do Trabalho Conceito legal O conceito legal sobre acidente de trabalho é citado na Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991. Os benefícios da Previdência Social, como o próprio nome diz, são considerados legalmente para que um acidente seja relacionado à atividade exercida por um trabalhador: Acidente do trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Conceitos e tipos de acidente de trabalho (CAT, NTEP e FAP) Um dos principais conceitos que o senso comum aborda ao tratar da segurança do trabalho é a prevenção dos acidentes de trabalho. Portanto, é de suma importância que tal conceito esteja claro para os futuros profissionais da área de saúde e segurança do trabalho. Outro fato interessante é que o acidente de trabalho é tratado sob diferentes pontos de vista nesse ramo de atividade, os quais são divididos basicamente em dois conceitos: legal e prevencionista. (#modal-constituicao) (#modal-codigo) 11/10/2020 Versão para impressão 2/11 Ao interpretar o conceito citado pela legislação, conclui-se que, para que um acidente de trabalho seja caracterizado, é necessário ocorrer algum tipo de lesão ou alguma consequência ligado diretamente à integridade física ou à saúde dos trabalhadores. Conceito prevencionista O conceito prevencionista, por sua vez, aborda a questão do acidente de forma mais ampla, no sentido de que, além de lesões ou prejuízos à saúde dos trabalhadores, outros fatores devem ser considerados: Acidente de trabalho é qualquer ocorrência não programada, inesperada ou não, que interfere ou interrompe a realização de uma determinada atividade, trazendo como consequência isolada ou simultânea a perda de tempo, danos materiais ou lesões. Quando um incidente ocorre, deve-se dar a devida atenção ao fato, pois, por mais que naquele momento não houvesse nenhum tipo de lesão aos trabalhadores, em um próximo, se a mesma falha for repetida, algo com proporções maiores pode vir a acontecer. Conceito legal x conceito prevencionista A principal divergência entre os dois conceitos está no fato de que, no conceito legal, é preciso ocorrer alguma lesão ou alguma perturbação à saúde do trabalhador. Já no conceito prevencionista, antes mesmo de ocorrerem lesões, a perda de tempo e de materiais também é levada em conta, pois houve uma falha no processo de trabalho. Ainda, se a perda for apenas material, é classificada como incidente, ou seja, um quase acidente. CAT 11/10/2020 Versão para impressão 3/11 Preencher a CAT não necessariamente concede aos trabalhadores acidentados pagamento de benefício por incapacidade. Algumas empresas, equivocadamente, apenas preenchem a CAT em situações em que o trabalhador acidentado é afastado. Segundo determinação da Previdência Social, os empregadores devem comunicar acidentes de trabalho ou de trajeto e a ocorrência de doenças ocupacionais com os funcionários por meio da CAT (comunicação de acidente de trabalho). Acidente de trabalho ou de trajeto é aquele ocorrido no exercício da atividade profissional a serviço da empresa ou no deslocamento entre residência e trabalho (e vice-versa) que provoque lesão corporal ou perturbação funcional e que cause a perda ou a redução (permanente ou temporária) da capacidade para o trabalho. Em último caso, pode causar a morte. As doenças ocupacionais são aquelas geradas em consequência do trabalho, podendo ser classificadas como doenças profissionais e doenças do trabalho. O período para preencher a comunicação é até o primeiro dia útil após o acidente ocorrido, e, quando há óbito, este deve ser comunicado imediatamente às autoridades competentes. Mesmo havendo a obrigatoriedade de as empresas realizarem a comunicação do acidente por meio da CAT, o não preenchimento desta não impede que seja caracterizada a relação entre a atividade executada e a comprovação por perícia médica, principalmente nos casos em que ocorrem afastamentos superiores a 15 dias. 11/10/2020 Versão para impressão 4/11 Contudo, todos os acidentes de trabalho devem ser comunicados, para fins de levantamentos estatísticos e estudos de aumento de casos de acidentes. As empresas sempre devem comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) os acidentes do trabalho. As comunicações podem ser feitas destas formas: A CAT inicial é utilizada para acidentes típicos ou de trajeto, doenças profissionais e óbitos. A CAT de reabertura será utilizada para casos de afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do trabalho. A CAT de comunicação de óbito: utilizada quando um óbito não ocorre imediatamente em virtude de um acidente de trabalho ou de uma doença ocupacional. Cabe ressaltar que, nessa situação, uma CAT inicial já foi aberta. Na CAT de reabertura, deverão constar as mesmas informações da época do acidente, exceto quanto ao afastamento, último dia trabalhado, atestado médico e data da emissão, que serão relativos à data da reabertura. Não será considerada CAT de reabertura a situação de simples assistência médica ou de afastamento com menos de 15 dias consecutivos. A CAT deve ser preenchida preferencialmente no portal da Previdência Social na Internet, por meio de um software específico, ou nas agências de atendimento do INSS. As CATs emitidas junto ao INSS devem ser fornecidas em quatro cópias: Primeira via ao INSS Segunda via ao segurado ou dependente 11/10/2020 Versão para impressão 5/11 Terceira via ao sindicato de classe do trabalhador Quarta via à empresa Ainda, é possível acessar o programa disponível no site do INSS. O sítio disponibiliza o modelo de formulário da CAT e os documentos e as informações necessários para emissão desta etc. NTEP Há algum tempo, um trabalhador que tivesse sofrido um acidente de trabalho ou adquirido uma doença ocupacional receberia benefícios específicos ou até mesmo estabilidade no emprego. Porém, para tanto, a CAT deveria ser emitida pela empresa, pois, caso contrário, o próprio trabalhador deveria comprovar que a lesão ou a doença adquirida teria relação com o trabalho por ele executado (nexo causal). Quando a empresa emitia a CAT, o INSS declarava o nexo técnico (NTP) afirmando que a doença tinha relação com o trabalho executado. Entretanto, se a CAT fosse emitida por outras partes diferentes das da empresa (sindicato ou o próprio trabalhador), o perito do INSS não levava tal fato em consideração e a doença não era vista como atrelada à atividade laboral. 11/10/2020 Versão para impressão 6/11 O significado de epidemiologia está ligado a estudos interdisciplinares de fatores que podem influenciar o aumento de doenças e a difusão delas em determinada população. O NTEP é aplicado para fixar o nexo causal das doenças ocupacionais, não estando ligado aos acidentes típicos. O NTEP pode ser representado pela seguinte fórmula: NTEP = NTP + EVIDÊNCIAS EPIDEMIOLÓGICAS A Previdência Social não deixava de conceder o benefício de auxílio-doença (quando o afastamento é necessário, mas não tem relação com o trabalho). Nessas situações, o trabalhador deveria tentar comprovar o nexo da sua doença com o seu trabalho e converter o benefício para auxílio-doença acidentário. Em 2006, entrou em vigor a Lei n.º 11.430, que trouxe alterações significativas quanto à comprovação de acidentes de trabalho e ao trabalho do acidentado. Criou-se então o NTEP. A forma de abordagem passou a ter um aspecto coletivo ao invés de individual. A partir daí, para caracterizar o nexo causal das doenças ocupacionais, passaram a ser levados em conta levantamentos epidemiológicos estatísticos. O NTEP é mais abrangente, pois considera primeiramente o NTP (diagnóstico individual) e o cruza com as ocorrências estatísticas dentro da classificação nacional de atividades econômicas(CNAE). Resumidamente, o NTEP identifica quais são as doenças e os acidentes que têm relação com o exercício de determinada atividade laboral de acordo com o INSS. Se estatisticamente existe relação entre a doença e o setor econômico, automaticamente o trabalhador tem direito ao benefício acidentário, diferentemente do que era praticado anos atrás, quando era pago apenas o benefício previdenciário normal. 11/10/2020 Versão para impressão 7/11 Nesses casos, a empresa precisa provar que não é responsável por causar dano ao trabalhador. Daí a importância de elaborar dados estatísticos e documentar programas de prevenção para uma possível justificativa da empresa de que não tem responsabilidade por aquela lesão. FAP O FAP (fator acidentário de prevenção) funciona com um multiplicador que visa a cobrar das empresas que apresentam maiores índices de doenças ocupacionais aposentadorias especiais e acidentes de trabalho. Essa cobrança serve como uma forma de custear os gastos públicos gerados com essas ocorrências, ou seja, quem não tem controle sobre a segurança paga alíquotas maiores. O FAP varia de 0,5 a 2,0 de acordo com o número de doenças ocupacionais e acidentes ocorridos e deve ser multiplicado sobre percentuais de 1%, 2% e 3% conforme o grau de risco de cada uma das empresas. Essa situação está diretamente ligada ao seguro de acidente de trabalho (SAT), o qual é uma contribuição compulsória das organizações ao INSS, sendo um direito fundamental dos trabalhadores. 11/10/2020 Versão para impressão 8/11 Para custear esse direito dos trabalhadores, as empresas que apresentam atividades com risco relativamente menor contribuem mensalmente com um valor equivalente a 1% das remunerações pagas aos seus trabalhadores. As empresas que apresentam atividades com grau de risco médio são obrigadas a efetuar o pagamento de 2% dos valores totais de remuneração dos seus funcionários, e as empresas com atividades com grau de risco grave contribuem com 3% dentro dos mesmos critérios das demais empresas. O FAP varia anualmente, e o seu cálculo é feito com base nos últimos dois anos, no histórico de acidentes e registros de acidentes junto à Previdência Social. Veja o quadro a seguir para entender como são classificados os percentuais das empresas com relação aos graus de risco: Grau de risco Tipo de risco Contribuição(%) Grau 1 Atividade preponderante cujo risco de acidente do trabalho seja considerado leve 1% Grau 2 Atividade preponderante cujo risco de acidente do trabalho seja considerado médio 2% Grau 3 Atividade preponderante cujo risco de acidente do trabalho seja considerado grave 3% Figura 1 – Quadro do grau de risco x percentual de contribuição Com relação ao funcionamento do NTEP e do FAP, a principal crítica parte do setor patronal e é a de que o diagnóstico de nexo de uma doença ocupacional se baseia apenas em estatísticas, não levando em conta, por exemplo, fatores individuais de predisposição ligados à genética das vítimas. Porém, a crítica não tem fundamento legal, até porque as legislações ligadas ao assunto definem que algumas doenças não são consideradas doenças do trabalho, tais como: 11/10/2020 Versão para impressão 9/11 Doenças degenerativas (provocam a degeneração do organismo envolvendo vasos sanguíneos, tecidos, ossos, visão, órgãos internos e cérebro. Por exemplo: diabetes, arteriosclerose, hipertensão, doenças cardíacas e da coluna vertebral, câncer, mal de Alzheimer, reumatismo etc.) Doenças inerentes a grupos etários (são comuns a determinada faixa de idade) Doenças que não produzem incapacidade laborativa (não produzem empecilhos para o trabalhador executar suas atividades) Doenças endêmicas (afetam simultaneamente um grande número de pessoas) Tipos de acidente de trabalho Os acidentes que ocorrem no exercício de um trabalho a serviço da empresa e que podem provocar lesões corporais ou perturbações funcionais, óbito, perda ou diminuição da capacidade para o exercício de uma atividade, seja permanente ou temporária, são considerados acidentes de trabalho. As seguintes situações são consideradas acidentes de trabalho: Doença profissional – É causada pelo exercício da atividade, de forma característica a determinada profissão, e consta na relação elaborada pela Previdência Social. Doença do trabalho – É uma consequência de um trabalho realizado em condições especiais e que tenha ligação direta com a relação elaborada pela Previdência Social. Há equiparação a acidentes de trabalho também nestes casos: 11/10/2020 Versão para impressão 10/11 Acidentes com relação ao trabalho que tenham contribuído diretamente para a morte, a perda ou a diminuição da capacidade laboral do trabalhador ou até mesmo gerado alguma lesão em que seja necessário auxílio médico para que o trabalhador se recupere Acidentes sofridos pelos trabalhadores em seus locais de trabalho como consequência de agressões, ofensa física intencional, imprudência, negligência ou imperícia, desabamentos, inundações, incêndios etc. Doenças causadas por contaminação acidental do trabalhador no exercício de sua função Acidentes sofridos fora do local de trabalho em situações como prestação de serviços para a empresa, viagens a serviço da empresa e deslocamento de trabalhador entre a residência e o local de trabalho deste, ou vice-versa (desde que não tenha havido alteração ou interrupção no percurso alheia ao trabalho) É fundamental compreender a diferença entre conceitos legal e prevencionista do acidente de trabalho, para que os técnicos em segurança do trabalho possam atuar preventivamente, realizando ações nos primeiros sinais de falha nos processos. Além disso, os técnicos em segurança do trabalho precisam compreender que o acidente de trabalho é algo que pode ir além do que somente acidentes instantâneos, podendo também ser causado por doenças ocupacionais, o que gera danos à saúde dos trabalhadores e prejuízo às empresas. 11/10/2020 Versão para impressão 11/11
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